Fala Favela 11

Edição 11 / Rio de Janeiro / Complexo do Alemão / Agosto 2020 / Distribuição Gratuita

INSTITUTO RAÍZES EM MOVIMENTO E IBASE LANÇAM PESQUISA PRODUZIDA NO COMPLEXO DO ALEMÃO

“DO ALTO DO MORRO” Poesia de Ruan Santos

foto: David Amen

por Alan Brum Pinheiro

somos mais que números Historicamente as favelas e seus moradores sempre foram vistos, nos mais diferentes aspectos, apenas como números pelo poder público. Número de pessoas removidas de suas casas, número de pessoas mortas e feridas, número de pessoas desabrigadas. Antes de sermos apenas números de pessoas, somos pessoas que sentem e percebem a vida. E como tal devemos exigir esse tratamento quando se pensa políticas públicas que impactam diretamente a vida nas favelas.

Somos mais que números, apesar dos números serem importantes. Não somos somente 500 famílias da favelinha da Skol desabrigadas há 10 anos, por exemplo. Somos 500 famílias, maioria comandadas por mulheres, sem creches para os filhos, com atrasos sistemáticos do aluguel social, expulsas de suas casas construídas com o próprio suor e sem apoio do poder público, mulheres que estão na linha de frente na luta de suas moradias desde então...Somos mais que números.

Na perspectiva de debater, discutir e propor políticas públicas que atentem para a pessoa moradora da favela - suas demandas, seus desejos, suas leituras sobre qualidade de vida e bem viver, além de sua sociabilidade e seus laços identitários tão característicos - que o Instituto Raízes em Movimento têm se desdobrado para a consolidação do CEPEDOCA - Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão, onde realizamos pesquisas e cuidamos da memória de onde vivemos.

Em 2014 o Instituto Raízes em Movimento, por meio do CEPEDOCA, começou o diálogo com o Ibase para desenvolvermos indicadores sociais no Complexo do Alemão que pudesse agregar aos números uma perspectiva mais qualitativa de escuta das percepções dos moradores sobre temas relevantes para a construção e também para o monitoramento das políticas públicas.

Foram anos de conversas até que obtivemos o apoio da IDRC - Canadá, que possibilitou a realização do projeto “Juventudes em Movimento” (2019 - 2020). Este projeto foi conduzido por 13 jovens pesquisadores moradores do Complexo do Alemão com suporte técnico do Raízes em Movimento e do Ibase. Feita na rua, becos e vielas, escutando mais de 2 mil moradores(as), debatendo dados oficiais com associações de moradores, escolas, organizações sociais e outras(os) jovens, essa pesquisa realizada ‘por e com’, e não somente ‘para’ moradores(as) agora está disponibilizada com os Indicadores de Cidadania do Complexo do Alemão - INCIDA CPX com dados oficiais (números), mas também com a percepção local sobre diversos temas como Direito à vida digna e Direito à alimentação.

Esperamos que esses indicadores sociais, sobretudo no atual contexto de pandemia da Covid19 e seus impactos sobre as favelas, possam contribuir com as organizações sociais na construção de projetos de intervenção direta e lutas de incidência política para a melhoria da qualidade de vida, mas que também possam servir aos gestores públicos - além de seus gabinetes fechados - uma leitura mais humana na hora de elaborar políticas públicas estruturantes para o Complexo do Alemão.

Somos mais que números.

faço parte dela

DO ALTO DO MORRO

Quando ando pelos becos apertados bem no interior da favela, esbarrando em postes, desviando de água ensaboada escorrendo pelas escadas longas ou batendo forte no chão quando cai do ralo lá do alto da laje, me percebo parte de um organismo vivo, a ser contemplado apenas por quem é tudo isso de verdade. Um lamento às violências. Não é fetiche (não pode ser), mas tudo o que somos vem dessa rotina dura e construtiva. Se risquei o chão da rua estreita pro sol nascer na manhã seguinte, mereço contar-te essas memórias de afeto com o lugar. Mais do que uma experiência de vida, é a própria vida pulsando em cada viela que se confundem à artérias sanguíneas que mantém um corpo vivo. É a favela que me transformou e me trouxe aqui. Portanto sou parte dela. Favela Viva!

DO ALTO DO MORRO, ISSO NÃO É VIAGEM

por David Amen

poesia de Ruan Santos

foto: Hector Santos

TALVEZ SEJA UM POUCO RUIM MANTER A REALIDADE COM A VISIBILIDADE, AQUI DA MINHA CIDADE QUE SÓ PASSA UNS TIRO AJO E AQUI NINGUEM AGE TRAJE BOLADO PRA SAIR, AQUELE ROLÉ DE NOITE PENTE RASGANDO A CAMISA, E O CORPO TODO DE TODO MAL ME LIVRE, EU SEI QUE EU NÃO TÔ MUITO LONGE MEUS MANO VAI SUBIR COMIGO, NÃO IMPORTA AONDE ...

AGORA VIROU ROTINA, UM PRETO SER DIFERENTE O VÍRUS NÃO É SÓ ESSE, QUE O JORNAL DA GLOBO MOSTRA ELES ACHAM QUE É O PRETO QUE DESCARREGA O PENTE VOU MOSTRAR DIFERENTE, IGUAL OS QUE FIZERAM HISTÓRIA OS CRIA NO TOPO, AS VEZES DE LUTO AS VEZES EU TO PUTO...QUASE SEMPRE UM CORPO CAÍDO, JOVEM OU ADULTO ISSO É O QUE REVOLTA, EU JÁ OUVI DE MUITOS POR ISSO QUE A MENTE PENSA, AI CÊ CAI PRO “OUTRO MUNDO “ EU VOU FAZER MEU MANO CANTAR, MEUS MANOS CANTAR ANTES SEGURANDO A CANETA DO QUE O AK EU SEI QUE É DIFICL, NÃO QUERER TROCAR, QUERER SE ARRISCAR MAIS EU JÁ CORRO PERIGO, É SÓ MAIS UM PRA CONSTAR

raízes em movimento e ibase lançam pesquisa produzida no cpx por Joice Cristh

Em novembro de 2018, o Instituto Raízes em Movimento iniciou o projeto “Juventudes em Movimento”, realizado em parceria com o Ibase. Este projeto desenvolveu uma pesquisa em todo o território do Conjunto de Favelas do Alemão, tendo como protagonistas 13 Jovens moradores de diferentes localidades desse conjunto de favelas, com objetivo de engajar esses jovens na luta por acesso aos Direitos cidadãos no Complexo do Alemão, bairro desde 1993.

Para o pesquisador e diretor do Raízes em Movimento, Alan Brum Pinheiro, “Todo esse trabalho foi um processo fomentador de maior engajamento político por parte dos jovens pesquisadores moradores do bairro do Complexo do Alemão”. Alan, que também é coordenador do CEPEDOCA (Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão), conclui dizendo que “essa pesquisa possibilita maior acesso aos dados sobre o território, sobretudo em relação às políticas públicas, aumentando a incidência política e a maior possibilidade na exigibilidade de direitos básicos pelos atores sociais locais”.

Durante esse processo realizamos uma pesquisa que percorreu as favelas Adeus, Alemão, Alvorada, Baiana, Fazendinha, Grota, Loteamento, Matinha, Mineiros, Nova Brasília, Palmeiras, Pedra do Sapo (Esperança) e Reservatório, realizando um total de 2 mil entrevistas com temas que tratavam sobre o acesso às condições básicas para a vida digna no Complexo do Alemão, com questões sobre direitos ambientais, direito à cidade, à educação, à vida segura, igualdade e diversidade, juventudes e tecnologia da informação.

Covid-19 agravaram esta situação. Nossos dados revelaram que em 2019 a situação do acesso à saúde no território de acordo com a percepção dos moradores já eram precárias, 77% dos entrevistados afirmavam que os serviços de atenção básica à saúde não atendiam a necessidade dos moradores, como mostra o gráfico abaixo:

Esta questão tem agravado ao longo de todo o processo histórico não só do Complexo do Alemão, como em favelas e periferias urbanas, Brasil a fora. Outro fator agravante neste período é o acesso a água.

A distribuição de água no território do Alemão é feita pelo Estado e gerida pelas Associações de Moradores distribuídas pelas 13 favelas que compõe o bairro, que realizam o serviço de distribuição através de manobras, não possuem estrutura para garantir o serviço a toda a população que padece com a precariedade do serviço.

O trabalho de coleta e qualificação dos dados ocorreu durante todo o ano de 2019 e primeiro trimestre de 2020, além das entrevistas com os moradores, foram mapeados algumas instituições e projetos sociais existentes na região.

Na qualificação desses datdos dialogamos com estudantes e professores das principais escolas públicas do território e realizamos rodas de diálogos em instituições do território e associação de moradores com a presença de ativistas locais e moradores, em sua maioria jovens.

Neste momento de Pandemia, não ter acesso adequado à água se torna um grande obstáculo na prevenção da disseminação do Covid-19, deixando as populações das favelas mais vulneráveis a contaminação. Nosso dados revelam que a percepção sobre as condições básicas de vida, entre as quais estão o fornecimento adequado de água, cerca de 71% dos moradores do Complexo do Alemão acreditam que as condições básicas não atendem suas necessidades.

No desenvolvimento deste estudo foi possível observar o quão vulnerável está a população do Complexo do Alemão em relação ao acesso a esses direitos, e o quanto situações como a que nos encontramos com a pandemia por

Outras questões importantes diante deste momento limite que estamos atravessando é o acesso a alimentação e ao emprego e renda, 83% dos entrevistados acreditam que existem pessoas que passam fome no Complexo do Alemão.

“

Me marcou ver jovens articulando e adquirindo conhecimentos dentro de um território que é muito discriminado.”

Em relação ao acesso ao emprego e renda situação já se encontrava alarmante devido às crises política e econômica que o Brasil enfrenta desde a última década, com alta taxa de desemprego e aumento dos trabalhos informais, aliás esse tipo de trabalho tem uma predominância em regiões faveladas e periféricas. Nossos dados mostram que 45% dos entrevistados no território vivem do trabalho autônomo. E cerca de 63% da população sobrevive com a renda de até um salário mínimo, e 24% desses entrevistados não têm renda. Dentro das ações realizadas pelo Instituto Raízes em Movimento de enfrentamento à pandemia, podemos verificar o quanto esses números se agravaram, pois entre os mais de 500 atendidos, apenas entre a região do Morro do Alemão e Pedra do Sapo, cerca de 72,4% está sem renda, e desses, 77,6% dependiam da renda do trabalho informal. Se ampliarmos esses dados para todo o Complexo do Alemão, esse número certamente será bem maior.

Os dados apresentados, são apenas alguns dos pontos reveladores da violação dos direitos básicos dentro desse território. Nosso trabalho também evidencia questões relacionadas à educação, gênero, juventudes e violência dentro do Complexo do Alemão, utilizando, também, dados estatísticos de órgãos públicos oficiais como o Censo Demográfico do IBGE, Censo Escolar, Datasus e Instituto de Segurança Pública (ISP/RJ).

A participação das(os) jovens nesse processo foi absolutamente importante. Abaixo um breve relato da Anna Clara Santos, uma das participantes do Juventudes em Movimento.

- A pesquisa foi uma experiência incrível, estávamos ansiosos para iniciá-la, eu me perguntava, “Como é fazer uma pesquisa?” , “Como é trabalhar com o público?”, “Será que vão nos dar atenção, nos escutar?”, “O que eles iriam achar das nossas perguntas?” Tudo isso não saía dos meus pensamentos.

Passamos por milhares de pessoas , jovens, adultos, senhores(as). Todos tinham muitas reclamações sobre a comunidade, sobre a falta dos seus direitos como cidadãos, porém as (os) entrevistadas(os) alegaram ter acesso à algum tipo de lazer e cultura. Me marcou ver jovens articulando e adquirindo conhecimentos dentro de um território que é muito discriminado.

ADEUS

por Sérgio Ortiz de Inhaúma

Assim como o venezuelano refugiado numa ilha estranha na Invenção de Morel de Adolfo Bioy Casares, que em toda tarde via uma mulher no rochedo contemplar o pôr do sol, mas que lhe era inacessível, tanto na fala, como em qualquer aproximação, e menos ainda nos sentimentos; Claudinho, vulgo Blau Blau, nunca mais pôde chegar perto de seu estimado vira-lata chamado Duque.

Morro do Adeus, final dos anos 60 / início dos 70, dona Laíde ouvia a Voz do Brasil pelo rádio, costume que seguia desde os tempos de Getúlio Vargas, que na época se chamava a Hora do Brasil. Ainda lembra quando o primeiro filho em cueiros carregado no colo enquanto subia o Adeus de trouxas de roupa equilibrada na cabeça e os aviões velocíssimos decepando os céus em zunidos, de tão velozes inventavam a manhã, e o rádio ao fundo de um barraco qualquer noticiava o suicídio de Getúlio. Seu filho pequeno morrera meses depois de leptospirose e cedo virou saudade. Alguns anos depois nascera Claudinho, vulgo Blau Blau.

Naquele dia de a Voz do Brasil, dona Laíde costurava uns remendos de um vestido que já o reutilizava pela quarta ou quinta vez e Blau Blau no pequeno quintal de cacarias, uns patos, meia dúzia de galinhas, e um chiqueirinho com uma leitoa, dois capados e uns leitõezinhos ainda bem dos miúdos. Blau Blau pela terceira vez tentara se aproximar de Duque, preso por um cipó numa pequena amendoeira. Tentou mais uma, duas, mais três vezes, mas o cachorro, que antes era bastante solícito, dócil e carinhoso, agora o estranhava e rosnava para ele. O bicho decerto estava empesteado de doença de raiva. O coração de Blau Blau que desanimava, chorava miúdo.

Nada a fazer.

Minutos depois passou a bandidagem em frente a porta de dona Laíde, descendo pelo um beco apertado.

Ao ouvi-los, Blau Blau teve uma ideia repentina e se aproximou deles.

– Aê, me empresta o revólver aê uns minutins.

– Vai matar é quem, moleque?

– Meu cachorro, que agora late e baba pro lado de mim e não me reconhece.

– Ah, tá, pode levar, só não demora.

Blau Blau pega o revólver, maneja com certa habilidade e com três pipocos mata o bicho, que nem gane, morre direto.

Dona laíde que toma um susto e o coração vem a boca. Vai até a janela e olha por uma fresta, amedrontada.

E vê seu menino de revólver na mão.

Dá meia volta, sai e se aproxima.

– O quê que se fez hein, Claudinho?!

– Matei o Duque!

– E porque diabo tu é fez um troço desses hein, menino, tá é doido?!

– Porque o Duque já não era mais o Duque.

Dentro do barraco, a Voz do Brasil esmaecia no chiado do rádio como toda a tarde da mulher almejada pelo venezuelano de Adolfo Bioy Casares.

Sérgio Ortiz de Inhaúma é Poeta e Flamenguista, morador do bairro de Inhaúma. Autor de Zona da Mata Eletrônica (Editora RBX, 2011), A Guerra de Plástico (Editora Oito e Meio, 2015), Dioilson (Editora CLAE, 2017), Jaína-máquina Divino (Editora CLAE, 2019), Yjá,Ygê (independente, 2020) e Valdêniagô (Editora Urutau, 2020)

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IMPACTOS DO NOVO CORONAVÍRUS por Cadu Sousa e Gizele Ribeiro NA MOBILIDADE Se antes deste estado de alerta, por causa da pandemia do Coronavírus (covid-19), os transportes públicos na cidade do Rio de Janeiro, ônibus, BRT (sistema Bus Rapid Transit), metrô e trens, já eram lotados na hora do “rush” - horário em que o tráfego das grandes cidades congestiona devido ao grande número de veículos que se deslocam na mesma direção - mesmo agora com tudo isso acontecendo não é diferente. Muitos trabalhadores, principalmente moradores de favelas, se quer puderam vivenciar o tão solicitado isolamento social por causa de seus trabalhos que não se adequam ao método home-office - quando o trabalho é realizado em casa - utilizado por uma camada social beneficiada. Neste cenário, surge um forte questionamento: os trabalhadores periféricos estão se locomovendo de forma segura durante a pandemia?

A prefeitura do Rio de Janeiro, com base nas recomendações do Ministério da Saúde, elaborou as Regras de Ouro - documento que instrui a população na prevenção do Coronavírus - sendo fundamental evitar aglomerações, manter a distância mínima de 2 metros entre pessoas, obrigatoriedade do uso de máscara, higienização das mãos frequentemente com álcool 70%, manter os ambientes arejados e limpos a cada três horas, divulgar em pontos estratégicos materiais informativos de prevenção à covid-19. Para os usuários dos transportes públicos, quase sempre não é algo possível de cumprir. A superlotação, diminuição da frota, irregularidade nos intervalos, veículos com janelas fixas ou travas emperradas são fatores que colocam a vida dos usuários em risco, todos os dias ao tentarem usufruir seu direito básico de ir e vir na cidade.

Segundo matéria divulgada pelo Observatório das Metrópoles, em abril deste ano, a cidade possui frota operacional determinada de 8158 ônibus e deveria operar com no mínimo 80% desses veículos, totalizando 6526 ônibus, mas no início da pandemia circulavam apenas 4500 ônibus por todas as regiões da cidade, ou seja, apenas 55% da frota de ônibus na cidade estava disponível. A falta de infraestrutura nos transportes já é um problema antigo na nossa cidade e durante este período agravou-se ainda mais.

Muitos passageiros relatam que com a extinção de linhas e/ou diminuição da circulação de ônibus, os intervalos que já eram grandes, pioraram. Cada vez mais cheios, os transportes tornaram-se uma fonte potencial de contágio do coronavírus. É importante lembrar que muitos passageiros do grupo de risco à doença ficam mais expostos devido a essa situação.

Numa das cidades mais caras do Brasil, onde a população, segundo dados compilados pela ONG Mobilidade Urbana Sustentável, gasta mais de 12% de sua renda com mobilidade, era de se esperar que houvesse o mínimo de atenção na qualidade dos serviços prestados pelas empresas de transportes públicos. A pandemia do coronavírus tem nos mostrado que é mais do que necessário, é urgente mudarmos este sistema no qual vivemos até hoje. arte colagem: Cadu Souza

#covid19nasfavelas

Wallace Bidu

JORNAL FALA FAVELA Projeto Gráfico: David Amen Ilustração: Wallace Bidu Colaboradores(as): Alan Brum, Gizele Ribeiro, Cadu Sousa, Hector Santos, Joice Cristh, Renato Tutsis, Ricardo de Moura e Thiago Matiolli Tiragem: 2000 exemplares Distribuição Gratuita

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