Abre Alas 17

Page 1

1


2


curadoria de (curated by) Pollyana Quintella, Deri Andrade e Maxwell Alexandre

Adriano Braga de Moraes Albarte Allan Weber Ana Hortides ANNA Antonio Tebyriçá Caio Rosa Carlos Monaretta Cipriano Complexo da Pedreira Paulo Vinicius Fava da Silva Florencia Caiazza Ian Schuler Jeff Mendes Josi Kika Diniz Mari Ra MARIA ANTONIA Mariana Honório Marina Woisky Mery Horta / Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. Patfudyda Paulo Jorge Gonçalves Priscila Rezende Renan Soares Sabrina Fidalgo Tainan Cabral Thadeu Dias Thiago Thomé Marques Zé Tepedino

1


Salve turma, Carnaval está chegando... que será que vai acontecer? Será que vamos cunhar uma chave para entregarmos aos reis/rainhas momos e memes das ruas? Será que será um carnaval invisível? Bares, metrôs, trens e ônibus estão cheios, a praia também. Quando o sol dá o ar de graça, é força e desejo, splash! Nosso carnaval está contido e desritmado com um vírus e os conservadores rondando por aí. Mas, o povo faz a alegria chegar! “Ô abre alas, que isso vai passar / Ô abre alas que isso vai passar / Eu sou da arte não posso negar /Votando quente a onda frias vai passar / lá lá lá lá lá, lá lá lá lá lá” Depois da suspensão do ano que passou, temos o prazer de voltar para anunciar, cantar, dançar e enfim, artear, com nosso Abre Alas tanto aqui Rio São Paulo, como acolá São Paulo Rio..... Viva!!!! Viva o Abre Alas, 17ª edição! Centenas de artistas já passaram por aí! Abre Alas é a nossa já tradicional abertura anual do programa de exposições, onde colocamos a alma e o coração Gentil numa encruzilhada. De alguma forma misteriosa em rito, cada Abre Alas é um sopro que ilumina o caminho do novo ano que chega. Esse ano vai ser ainda mais cheio de esperança. Agradecemos para essa edição o envio de centenas de portfólios que foram cuidados por uma trinca encantada de curadores: Pollyana Quintela, Deri Andrade e Maxwell Alexandre. Muito obrigade pela paciência e dedicação. Alegria pros artistas selecionades. Parabéns! Quem não entrou, ano que vem tem mais! Os fantasiados e os que fantasiam serão muito bem-vindes, convidamos a todes, com amor, a vir, ver, ouvir, sentir, viver o que o Abre Alas tem a dizer! “Ô abre alas, que isso vai passar / Ô abre alas que isso vai passar / Eu sou da arte não posso negar / Votando quente a onda frias vai passar / lá lá lá lá lá, lá lá lá lá lá”

beijos e abraços, A Gentil Carioca

2


Greetings people, Carnival is coming… what will happen? Will we cut a key to deliver to the carnival momos and memes, kings/queens of the streets? Will it be an invisible carnival? Bars, subways, trains and buses are full, so is the beach. When the sun appears by its good grace, it’s strength and desire, splash! Our Carnival is contained and out of rhythm with a virus and the conservatives are circling around. But the people are waiting for joy to come. “Ô abre alas, que isso vai passar / Ô abre alas que isso vai passar / Eu sou da arte não posso negar / Votando quente a onda frias vai passar / lá lá lá lá lá, lá lá lá lá lá” After the suspension of last year, we are pleased to be back and announce, sing, dance and finally make art with our Abre Alas both here in Rio São Paulo, as well as in São Paulo Rio..... Cheers!!!! Long live the 17th edition of Abre Alas! Hundreds of artists have already passed through! Abre Alas is our already traditional annual opening of the exhibition program, where we put our Gentil gentle soul and heart at the crossroads. In some mysterious way by rite, each Abre Alas is a breath that lights the way for the new year to come. This year will be even more full of hope. We are grateful for the submission of hundreds of portfolios that have been carefully looked at by an enchanted trio of curators: Pollyana Quintela, Deri Andrade and Maxwell Alexandre. Thank you so much for your patience and dedication. Joy for the selected artists. Congratulations! For those who were not selected, next year there will be more! Those in costume and those who fantasize will be very welcome, we invite you all with love to come and see, and listen, and feel, and live what Abre Alas 2022 has to say! “Ô abre alas, que isso vai passar / Ô abre alas que isso vai passar / Eu sou da arte não posso negar / Votando quente a onda frias vai passar / lá lá lá lá lá, lá lá lá lá lá”

kisses and hugs, A Gentil Carioca

3


ABRE ALAS 17 Abrir alas – pedir passagem para o desfile começar. Ou melhor, iniciar os

trabalhos, como dizem por aí. O já tradicional Abre Alas da A Gentil Carioca, espécie de rito dos inícios, aposta e pontapé de algo por vir, atravessou dezesseis edições ininterruptas fazendo da sua encruzilhada um ponto de transversalidades e pluralidades, ao agregar, não sem contradições, artistas, não artistas, passantes, ambulantes e demais seres viventes. Em meio ao fervo das celebrações, outros afetos, sobretudo os de artistas mais jovens, se diluíam na noite: o desejo de integrar o fantástico e colorido mundo das artes, a ansiedade e a expectativa de ser reconhecido, os conflitos entre pertencer e despertencer, topar e não topar acordos, negociar e definir termos e limites. Alguns nomes desconhecidos que expuseram ali hoje compõem algumas das maiores exposições de arte do país; outros, também desconhecidos, permanecem na sombra. O jogo é, a um só e outro tempo, de fácil e difícil previsibilidade. Mas 2020 operou um corte. A tal da pandemia veio pôr em crise as relações entre público e privado, casa e rua, dentro e fora, doméstico e estrangeiro, familiar e desconhecido, expondo as fraturas da frágil democracia que nos circunda. Não houve Abre-Alas no ano passado, nem carnaval. O que haveríamos de celebrar? Aliás, arte para quem, e sob que condições? Neste entremeio, apesar das crises todas, a produção artística no Brasil veio (e vem) atravessando um momento de mudança de paradigma. Múltiplos, vigorosos e sedentos por circulação e recepção, artistas de contextos não hegemônicos se afirmam com os dois pés no rolê, exigindo outros movimentos por parte do circuitão. Se essa é uma luta antiga, alimentada e pavimentada por gerações anteriores de incontornável importância, fato é que a segunda década do século XXI não deixa dúvidas de que a relação com a diferença não se resolverá enquanto mera representação de determinados temas e assuntos (lição fracassada da modernidade e seus ismos), mas enquanto produção de presença e vitalidade. Noutras palavras, os sujeitos importam. Para essa edição, ambos os sintomas foram sentidos por nós: de um lado, vivemos o dilema de gestar uma mostra em meio a um período de incertezas públicas e coletivas – afinal, não estamos propriamente nem na pandemia e nem na pós-pandemia, mas num limbo de difícil caracterização (daí, em que ponto o rito deste ano converge ou diverge dos anteriores?); de outro, a necessidade de reconhecer que nem tudo se resolve num processo de seleção: considerar a diversidade de marcadores geográficos, raciais, de gênero, que tanto constituem os enunciados do agora, passa por ponderar sobre as condições (sociais, financeiras etc) que determinam que alguém possa ou não se inscrever num processo seletivo de grande visibilidade. Isto é, para além do que chegou em nossas mãos, nos foi inevitável refletir sobre aquilo que também não chegou, e por quê. Postas as considerações, este Abre Alas apresenta trinta nomes de diversas partes do país (e fora dele), ocupando os dois espaços da A Gentil Carioca no Rio de Janeiro e em São Paulo, que exploram algumas das principais questões desses anos contraditórios. Entre pintura, objeto, fotografia, vídeo, instalação, performance, arte sonora e outras inventividades, esperamos juntos abrir passagem para este 2022 furioso de modernismos virados do avesso.

4

Deri Andrade, Maxwell Alexandre e Pollyana Quintella


ABRE ALAS 17 Abre Alas – asks for an open path for the parade to begin. Or rather, to start the proceedings,

as they say. The already traditional Abre Alas of A Gentil Carioca is a kind of rite of the beginnings, a bet and kickoff of something to come, it has undergone sixteen uninterrupted editions making its crossroads a point of transversalities and pluralities, by gathering, not without contradictions, artists, non-artists, passersby, street vendors and other living beings. Amidst the fervor of the celebrations, other affections, especially those of younger artists, were diluted in the night: the desire to integrate the fantastic and colorful world of the arts, the anxiety and expectation of being recognized, the conflicts between belonging and not belonging, agreeing and not agreeing, negotiating and defining terms and limits. Some unknown names that exhibited there once today participate in some of the largest art exhibitions in the country; others, also unknown, remain in the shadows. The game is, at the same time, easy and difficult to predict. But 2020 created a watershed. This pandemic has put the relationship between public and private, home and street, inside and outside, domestic and foreign, familiar and unknown, into crisis, exposing the fractures of the fragile democracy that surrounds us. There was no Abre Alas last year, nor a carnival. What would we celebrate? Indeed, art for whom, and under what conditions? In the meantime, despite all the crises, artistic production in Brazil has gone and is going through a paradigm shift. Multiple, vigorous and thirsty for circulation and reception, artists from non-hegemonic contexts assert themselves with both feet firmly on the ground, demanding other movements on the part of the art circuit. Even if this is an old struggle, fed and paved by previous generations of unavoidable importance, the fact is that the second decade of the 21st century leaves no doubt that the relationship with difference will not be resolved as a mere representation of certain themes and subjects (a failed lesson of modernity and its isms), but as a production of presence and vitality. In other words, subjects matter. For this edition, both symptoms were felt by us: on the one hand, we are experiencing the dilemma of creating an exhibition in the midst of a period of public and collective uncertainty – after all, we are not exactly in the pandemic or in the post-pandemic period, but in a limbo that is difficult to characterize (at what point does this year’s rite converge or diverge from the previous ones?); on the other hand, there is a need to recognize that not everything can be resolved in a selection process: considering the diversity of geographic, racial, and gender markers, which constitute so much of the statements of the now, involves considering the conditions (social, financial, etc.) that determine whether or not someone can apply for a highly visible selection process. That is, in addition to what was sent to us, it was inevitable for us to also reflect on what was not, and why. Given these considerations, this Abre Alas presents thirty names from many different parts of the country (and abroad), occupying both A Gentil Carioca’s spaces in Rio de Janeiro and in São Paulo, who explore some of the main issues of these contradictory years. Between painting, object, photography, video, installation, performance, sound art and other inventiveness, we hope together to open the paths to this furious 2022 of modernisms turned inside out.

Deri Andrade, Maxwell Alexandre e Pollyana Quintella

5


Adriano Braga de Moraes

Monocultura, 2021 / fotografias laminadas montadas sobre PVC, couro de gado marcado a ferro e fogo e ferros de marcação com cabos carbonizados (laminated photographs on PVC, cattle leather and branding irons with carbonized handles)/ dimensões variáveis (variable dimensions)

“Monocultura”, palavra que dá nome a essa proposição, aponta para um sentir-pensar a arte como algo dentro de uma estrutura social, ecológica e nunca alheia. Trazer palavras, nesse sentido, está relacionado a um processo de tentar dizer do irrepresentável e do indizível, possibilitar que essas palavras aqui elegidas possam ganhar novas significações a partir também de novos arranjos, muito mais do que uma experiência no âmbito do meramente teórico, ainda que também o seja. Nesse processo de imaginar curas para uma paisagem que sangra, resolvi colocar palavras e ao mesmo tempo desmontá-las, quebrá-las em pedaços. Monocultura é uma dessas, a que se refere ao sistema de exploração do solo com especialização em um só produto, como definida no dicionário, mas também é unicultura, e regime político de subjetivação de um. Assim como o regime de plantation cartografa na carne, e não só, em nossas geografias e no inventar o fora.

6

Adriano Braga de Moraes (Goiânia, 1991) é artista bixa dissidente, professor e pesquisador, formado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e atualmente integra o Grupo de Pesquisa: Núcleo de Práticas Artísticas Autobiográficas (NuPAA/UFG/CNPq), no qual está comprometido com desejo de catalisar pelo sensível outros mecanismos perceptivos, intervenções no imaginário em processo ficcional e autof(r)iccional, engajado numa práxis insubmissa autobiogeográfica, indisciplinada e multidisciplinar de atravessamento e quebra dos mapas de significantes, nada insignificantes da modernidade. Enquanto professor e pesquisador bixa, investiga metodologias indisciplinadas e se propõe numa linguagem híbrida de investigação de questões subjetivas num processo diretamente ligado ao corpo-território em seus processos de significações estético-políticas.

“Monoculture”, the word that gives its name to this proposition, points to a feeling-thinking of art as something within a social, ecological and never a distant structure. To bring words, in this sense, is related to a process of trying to say the unrepresentable and the unspeakable, to make it possible for these words chosen here to gain new meanings from new arrangements, much more than a merely theoretical experience, even if it is one. In this process of imagining cures for a landscape that bleeds, I decided to use words and at the same time dismantle them, break them into pieces. Monoculture is one of these, the one that refers to the system of exploitation of the soil with specialization in a single product, as it is defined in the dictionary, but it is also uniculture, and a political regime of the subjectivation of one. Just as the plantation regime cartographs the flesh, and not only, in our geographies and invention of the outside.

De suas histórias e raízes versam narrativas sobre a povoação do sudeste goiano e sul do Mato Grosso do Sul, lugar de históricas invasões. Seu trabalho adentra o mato, num processo de religação com a vida, fazendo ver paisagens, corporificando moradas nessas árvores que escondem em suas raízes florestas profundas, ainda que diariamente devastadas e enlutadas nessa nossa monocultura simbólica de ferida moderna-colonial ainda aberta. Adriano Braga de Moraes (Goiânia, 1991) is a queer dissident artist, teacher and researcher, graduate in Visual Arts at the Federal University of Goiás (UFG) and currently integrates the NUPAA (Research Group: Núcleo de Práticas Artísticas Autobiográficas, NuPAA/UFG/CNPq), in which he is committed to the desire to catalyze, through the sensitive, other perceptual mechanisms, interventions in the imaginary in fictional and

autof(r)iccional processes, engage in an insubmissive autobiogeographic, undisciplined and multidisciplinary praxis of crossing and breaking the maps of signifiers, nothing insignificant of modernity. As a queer teacher and researcher he investigates undisciplined methodologies and proposes a hybrid language of investigation of subjective issues in a process directly linked to the body-territory in its processes of aesthetic-political significations. From his stories and roots, he tells narratives about the settlement of the south-east of Goiás and the south of Mato Grosso do Sul, a place of historical invasions. His work enters the bush, in a process of reconnection with life, making us see landscapes, embodying dwellings in these trees that hide deep forests in their roots, even if they are devastated daily and mourned in our symbolic monoculture of modern-colonial wounds that are still open.


Albarte

Maykon e Gustavo André no ping pong, 2020 / Série A gota (Drop Series) / tinta óleo (oil paint) / 44cm x 31cm (12 1/4 x 17 3/8 in)

A ironia de um policial bateboleiro, 2021 / Série Onde tudo acontece (Where everything happens Series) / tinta óleo (oil paint) / 74cm x 80cm (29 1/8 x 31 1/2 in)

Maykon e Gustavo André no ping pong é uma das obras que compõem a série A gota, que retrata duas regiões da zona Norte do Rio de Janeiro, Favela do Triângulo em Deodoro e Favela do Muquiço, em Guadalupe, que sofrem com enchentes com frequência de ano em ano. Essa série fala sobre o descaso do governo em relação às zonas esquecidas e marginalizadas pelo mesmo. Retratando de forma real e sincera essas pessoas, A gota é sobre devastação, mas é também sobre fortalecimento, união e comprometimento com os nossos, e mostra que é possível fazer o mais improvável a partir da união.

Bate-bola é uma manifestação artística marginal, talvez uma das mais importantes e acessíveis, uma cultura muito forte e muito importante dentro das favelas e subúrbios do Rio de Janeiro. Quando eu era criança e fazia parte desse universo, não conseguia entender como um policial fazia parte daquilo tão agressivo, tão fora da lei e injusto, como se a polícia fosse feita para “servir e proteger”, mas hoje eu sei o porquê.

Maykon and Gustavo André playing ping pong is one of the works that make up the series A gota, which portrays two regions of the North Zone of Rio de Janeiro, favela do triângulo in Deodoro and favela do Muquiço, in Guadalupe, which suffer from frequent flooding from year to year. This series is about the neglect of the government in relation to forgotten and marginalized areas. Portraying these people in a real and sincere way, A gota is about devastation, but it is also about empowerment, unity and commitment to our own, showing that it is possible to make the most improbable from unity.

Bate-bola is a marginal artistic manifestation, perhaps one of the most important and accessible, a very strong and very important culture within the favelas and suburbs of Rio de Janeiro. When I was a child and part of this universe, I couldn’t understand why a policeman could be part of something so aggressive, so outlawed and unfair, as if the police were made to “serve and protect”, but today I know why.

Albarte, Complexo do chapadão, ZN/RJ, Brasil. Multiartista autodidata, estudante do curso de Pintura na EBA/UFRJ, traz em suas produções a exploração de tensões sociais, debate sobre aceitação, fortalecimento e identificação de corpos pretos. Albarte, Complexo do Chapadão, ZN/RJ, Brazil. Self-taught multi-artist, student of Painting at EBA/UFRJ, brings in his productions the exploration of social tensions, a debate on acceptance, empowerment and identification of black bodies.

7


Allan Weber

Muita luta, 2021 / Minha luta sobre cordão banhado a ouro 18k e pedras (My struggle over 18k gold plated cord and stones) / 37 x 12 cm (14 5/8 x 4 3/4 in)

8

Muita luta é um cordão da série traficando arte onde procuro representar toda uma classe social de baixa renda que com muita luta, suor e tempo consegue obter suas conquistas, mesmo não tendo acessos e oportunidades. Uma jóia no corpo de um trabalhador automaticamente pode fazê-lo ser julgado como traficante ou alguém que pratica algo ilícito, mas é também um objeto muito usado dentro das comunidades, contando histórias, homenagens e façanhas…

Allan Weber, nascido no Rio de Janeiro (1992). Artista visual autodidata. No seu trabalho cria narrativas através de suas vivências cotidianas dentro da comunidade onde mora ou do seu trabalho como entregador de lanches. São fotografias, objetos e ações que questionam e tensionam sua relação com elementos de uma classe social marginalizada e discriminada por conta da sua cultura e do seu comportamento.

Muita luta (A lot of struggle) is a string from the series trafficking art where I try to represent a whole low income social class that with a lot of struggle, sweat and time can achieve their goals, even without access and opportunities. Jewelry on the body of a worker can automatically make him be judged as a drug dealer or someone who has done something illegal, but it is also an object often used within the communities, telling stories, making tributes and celebrating achievements...

Allan Weber, born in Rio de Janeiro (1992). Self-taught visual artist. In his work he creates narratives through his daily experiences within the community where he lives or in his work as a delivery boy. They are photographs, objects and actions that question and address his relationship with elements of a social class marginalized and discriminated against because of its culture and behavior.


Ana Hortides Caquinhos, Vermelhão e Cimento queimado são alguns dos trabalhos que compõem a série Casa 15, que comecei a desenvolver a partir de 2020, quando voltei a olhar para a casa em que nasci e fui criada em Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A série parte do repertório da casa (como a maioria dos meus trabalhos), por meio dos seus materiais, e, se deslocando ideologicamente para a construção de esculturas, objetos, pinturas e ações (vídeos), que ampliam sua carga conceitual e simbólica. A minha poética se dá em torno das questões políticas e sociais que envolvem a casa e o íntimo, a partir do ponto de vista de quem viveu no subúrbio carioca, problematizando de forma material e conceitual o que chamo de uma potência política do doméstico.

Caquinhos, Vermelhão and Cimento queimado (Shards, Vermilion and Burnished concrete) are some of the works that make up the series Casa 15, which I started to develop from 2020, when I looked again at the house where I was born and raised in Vila Valqueire, the West Zone of Rio de Janeiro. The series starts from the house’s repertoire (like most of my works), through its materials, and, ideologically moving to the construction of sculptures, objects, paintings and actions (videos), which amplify its conceptual and symbolic charge. My poetics is based on political and social issues that involve the home and the intimate, from the point of view of someone who lived in the outskirts of Rio de Janeiro, problematizing in a material and conceptual way what I call the political potency of the domestic.

h Caquinhos, 2021 / Série Casa 15 (Home 15 Series) / concreto e cerâmica (concrete and ceramics) / 145 x 10 x 10 cm (57 1/8 x 4 x 4 in) k Cimento queimado, 2021 / série Casa 15 (Home 15 Series) / cimento, pigmento e resina acrílica sobre tela (cement, pigment and resin acrylic on canvas) / 70 x 50 cm (27 1/2 x 19 3/4 in)

Ana Hortides, Rio de Janeiro, 1989. Artista visual e pesquisadora. Doutoranda em Artes pela UERJ, mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela UFF, Niterói, RJ (2016), na qual se graduou em Produção Cultural (2012). Seu trabalho integra as coleções do Museu de Arte do Rio, do Museu de Arte de Britânia, em Goiás, e do Acervo Rotativo, em São Paulo. Artista indicada ao Prêmio PIPA 2021, premiada no 36º Salão de Artes de Jacarezinho, PR (2021) e bolsista do Programa Formação e Deformação da EAV Parque Lage (2021). Dentre as exposições que participou, se destacam: REBU, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro (2021-2022); Casa Carioca, Museu de Arte do Rio (2020-2021); Ao Ar, Livre, Projeto de Arte Pública no Brasil, Chile e México (2020-2021).

Ana Hortides, Rio de Janeiro, 1989. Visual artist and researcher. PhD student in Arts at UERJ, Master in Contemporary Studies of Arts at UFF (2016), in which she graduated in Cultural Production (2012). Her work is part of the collections of the Museu de Arte do Rio, the Museu de Arte de Britânia, in Goiás and of the Acervo Rotativo, in São Paulo. Artist nominated for the PIPA Prize 2021, awarded at the 36th Arts Salon of Jacarezinho, PR (2021) and scholarship holder of the Formação e Deformação (Training and Deformation Program) at EAV Parque Lage (2021). Among the exhibitions she has participated in, the following stand out: REBU, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro (20212022); Casa Carioca, Museu de Arte do Rio (2020-2021); Ao Ar, Livre, Public Art projects in Brazil, Chile and Mexico (2020-2021).

9


ANNA

Explosão Cadelinha, 2019 / andador para cachorro, tecido com impressão do rosto editado da artista, tecido com impressão de pelos de cachorro, poliuretano, tinta acrílica, fibra siliconada (dog walker, fabric with artist’s edited face print, fabric with dog hair print, polyurethane, acrylic paint, silicone fiber) / 115 x 65 x 60 cm (45 1/4 x 25 5/8 x 23 5/8 in)

10

ANNA mistura diversas técnicas e processos manuais em seu trabalho, passando por diversas linguagens como: escultura, fotografia, pintura, colagem e desenho, estabelecendo relações entre corpo-imagem-consumo de formas diversas e bagunçadas. Nos trabalhos, fragmentos de imagens e objetos unem-se formando representações de seres antropomórficos que se organizam em pedaços estranhos-familiares, construídos por associações, cruzamentos e conflitos de sentidos e matérias. Seus desenhos mais recentes são formados pela confusão de elementos, incluindo: corpos fragmentados, objetos, fluxos de formas repetitivas. Faixas de movimento que se atropelam e entrelaçam-se em

alta saturação de cores. Quanto às suas esculturas, são como gambiarras feitas com diversos materiais como, poliuretano, palitos de churrasco, cola quente, cimento, arame, tinta, plástico, materiais descartados, etc. Desses amontoamentos surgem verdadeiras COISAS. ANNA mixes several techniques and manual processes in her work, going through several languages such as: sculpture, photography, painting, collage and drawing, establishing relations between body-image-consumption in different and messy ways. In her works, fragments of images and objects unite to form representations of anthropomorphic beings that organize themselves in strangefamiliar pieces, constructed by associations, intersections

and conflicts of meanings and materials. Her most recent drawings are formed by the confusion of elements, including: fragmented bodies, objects, flows of repetitive forms. Bands of movement that run over and intertwine in high color saturation. As for her sculptures, they are like gambiarras made with various materials such as polyurethane, barbecue sticks, hot glue, cement, wire, paint, plastic, discarded materials, etc. From these piles, true THINGS emerge.

ANNA nasceu em Catanduva, São Paulo, em 1993. Artista multidisciplinar, vive e trabalha em São Paulo. ANNA was born in Catanduva, São Paulo, in 1993. A multidisciplinary artist who lives and works in São Paulo.


Antonio Tebyriçá Tenho explorado tensões de valor do suporte a partir da pintura. Do lixo ao luxo, do linho ao entulho. Desta forma, assimilo a dinâmica de minha vivência: morador Copacabana, mas entusiasta do skate e da cultura de rua. Convívio entre contrastes sociais. Subvertendo a nobreza do óleo e do linho, e equilibrando estes valores em suportes de origens desprovidas, como olhos de gato, sola de sapatos, isqueiros e outros achados ou acúmulos pessoais, gerando questionamentos sobre o lugar de pertencimento. São trabalhos que falam principalmente de pintura e de como ela se expande no espaço tridimensionalmente. Chamo este grupo de “Whisky com Guaravita”, pois quando mais novo, ao sair com amigos, eu enchia uma garrafa com whisky do meu pai e comprava na rua o mais barato para misturar que era um Guaravita. Uma mistura que possui contrastes de valor assim como as pinturas. Eles têm cores similares e a mistura fica muito melhor do que você deve imaginar (possivelmente perigoso beber muito). I have been exploring the tensions of the value of mediums through painting. From rubbish to luxury, from linen to rubble. In this way, I assimilate the dynamics of my experience: a resident of Copacabana, but an enthusiast of skateboarding and street culture. I live between social contrasts. Subverting the nobility of oil and linen, and balancing these values in mediums of deprived origins, such as cat’s eyes, shoe soles, lighters and other personal finds or accumulations, generating questions about the place of belonging. These are works that speak mainly of painting and how it expands in three-dimensional space. I call this group “Whisky with Guaravita”, because when I was younger, when going out with friends, I would fill a bottle with my father’s whisky and buy the cheapest mixer on the street, which was a Guaravita. A mixture that has a contrast of value just like the paintings. They have similar colors and the mix is much better than you might imagine (possibly dangerous to drink too much).

sem título (untitled), 2020 / Série Whisky com Guaravita (Whisky with Guaravita Series) / acrílica e óleo sobre linho (oil and acrylic on linen) / 130 x 180 cm (51 1/8 x 70 7/8 in)

Antonio Tebyriçá nasceu no Rio de Janeiro em 1991. Estudou Design na PUC-RJ e cursou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage). Suas pinturas que dão vontade de “comer com os olhos”, nascem entre contrastes cromáticos e matéricos que dominam o espaço tridimensional sobre suportes variados: desde telas, achados da rua, até maços de cigarros. Antonio Tebyriçá was born in Rio de Janeiro in 1991. He studied design at PUC-RJ and attended the Escola de Artes Visuais do Parque Lage. His paintings, which make you want to “eat them with your eyes”, are born between chromatic and material contrasts, which dominate the three-dimensional space on various mediums: from canvas, objects found in the street, to cigarette packets.

11 sem título (untitled), 2021 / Série Whisky com Guaravita (Whisky with Guaravita Series) / óleo e trucks sobre linho (oil and trucks on linen) / 5 x 25 x 7 cm (2 x 9 7/8 x 2 3/4 in)


Caio Rosa

Série Visões de Luvemba (Luvemba Visions Series), 2021 / ampliação manual e impressão C-Print. (manual enlargement and C-Print.) / 83 x 53 cm cada (32 5/8 x 20 7/8 in each)

Visões do Luvemba* busca construir pontes entre a cultura Bate-bola nascida nos subúrbios do Rio de Janeiro e as culturas tradicionais africanas preservadas. A ideia central é utilizar como base de investigação o elemento mãe das fantasias: a máscara, com ênfase nas simbologias da diáspora africana. Partindo dessa cultura tradicional dos subúrbios cariocas, onde foi nascido e criado, os Bate-bolas nascem na década de 1930 nos bairros da zona norte e oeste do Rio de Janeiro, com grande influência das Folias de Reis do Brasil e outras tradições de máscaras de matriz africana como Likumbi Lya Mize do nordeste da África, por exemplo, evoluindo com grande liberdade e, de certa forma marginalizados do carnaval “oficial” carioca, que se caracteriza pelos desfiles de blocos de foliões comuns pelas zonas central e sul da cidade. Visões do Luvemba* seeks to build bridges between the Bate-bola culture born in the suburbs of Rio de Janeiro and the preserved traditional African cultures. The central idea is to use the mother element of the costumes as a research base: the mask, with emphasis on the symbologies of the African diaspora. Starting from this traditional culture in the suburbs of Rio de Janeiro, where he was born and raised, the Bate-bolas were born in the 1930s in the northern and western neighborhoods of Rio de Janeiro, with great influence of the Folias de Reis of Brazil and other traditions of masks of African origin such as Likumbi Lya Mize of northeastern Africa, for example, evolving with great freedom and somehow marginalized from the “official” carnival of Rio de Janeiro, which is characterized by the carnival street parties common in the central and southern zones of the city.

12

Consultoria de Pesquisa/ Research Consulting:: Spirito Santo, Luciano Guimarães, Turma Animação Original de Jacarepaguá e/ and Equipe Bruno Magia. Dançarinos/ Dancers: Jefferson Bruno e/ and Antonica Wasauluarr.

Caio Rosa, artista visual e pesquisador, vive no Rio de Janeiro. Com passagem pelo Departamento de História da Puc-Rio, sua pesquisa tem como característica o estudo do corpo e da cultura e suas pontes possíveis entre a África e a Diáspora contemporânea. Em sua trajetória, teve seu trabalho publicado em revistas como Nataal, Terrible Magazine, Elle Brasil; recentemente foi convidado pela Aperture Foundation para compor a exposição coletiva The New Black Vanguard, curada por Antwaun Sargent, no Festival Rencontre D’Arles na França. Atualmente é residente na Rádio NTS (Londres) com o programa mensal Rio Doce. Caio Rosa, visual artist and researcher, lives in Rio de Janeiro. He studied at the History Department of Puc-Rio, and his research focuses on the study of the body and culture and its possible bridges between Africa and the contemporary Diaspora. His work has been published in magazines such as Nataal, Terrible Magazine, Elle Brasil; he was recently invited by Aperture Foundation to be part of the group exhibition The New Black Vanguard curated by Antwaun Sargent, at the Rencontre D’Arles Festival in France. He is currently resident at NTS Radio (London) with the monthly show Rio Doce.


Carlos Monaretta Na série Treco, troço e coisa, trabalhei com o estranhamento que existe nas formas não objetivas. Para isso, utilizei cadeiras entrelaçadas por oito metros de tecido, onde o mesmo foi passado por várias partes da estrutura de madeira, dando organicidade a formas que eram até então fixas. Acredito que a expressão do objeto está na relação da estrutura da cadeira e do tecido que se estende em seu corpo. A utilidade do objeto o aprisionava em sua existência. O gesto de criação deu vida a ele, inutilidade. Agora que ele não precisa mais ser, ele pode ser alguma coisa, um troço, um treco. O trabalho fala sobre o meu interesse em deslocar os objetos de suas utilidades e significâncias, levando para estado de ‘’coisa’’, comumente chamado de arte. Me interessa a perda da referência do que era e a tomada de algo que é novo, não objetivo, sem funcionalidade. In the series Treco, troço e coisa, I worked with the strangeness that exists in non-objective forms, for that I used chairs intertwined by eight meters of fabric, where the same was passed through various parts of the wooden structure, giving organicity to forms that were fixed until then. I believe that the expression of the object is in the relationship between the structure of the chair and the fabric that extends over its body. The utility of the object imprisoned it in its existence. The gesture of creation gave life to it, uselessness. Now that it no longer needs to be something, it can be anything, a thing, a whatsit. The work speaks about my interest in dislocating objects from their utilities and significance, taking them to the state of a “thing”, commonly called art. I am interested in the loss of reference of what it was and the taking of something that is new, not objective, without functionality.

Treco, 2021 / Série Treco, troço e coisa (Thing, whatsit and stuff Series) / cadeira de descanso e tecido colorido (lounge chair and colorful fabric) / 125 x 170 x 52 cm (49 1/4 x 66 7/8 x 20 1/2 in)

Carlos Monaretta nasceu em 1995 na cidade de Guarulhos, SP. Vive e trabalha na cidade de Goiânia, GO. É licenciado em artes visuais pela FAV-UFG. Desde 2016, participa de exposições em instituições públicas e privadas, destas destacam-se: Abre Alas 17, na Galeria A Gentil Carioca (2022), Salão Ver-ão, no Espaço Cultural Oásis, Novas Aquisições, Coleção Aldir Blanc Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis, GO (2021), 2° Bienal das artes do SESC-DF, em Brasília, DF (2018). Participou das residências artísticas: Projeto Volante, Edifício da Calle San Lazaro, Havana, Cuba (2021), Projeto Trampolim, Museu de Arte de Goiânia, Goiás. Atualmente têm investigado diferentes frentes de pesquisa: processos de existência, resistência e trabalho são investigados a partir da proposição de deslocamentos e inversões dos modos de ver a cidade, uso e ocupação do espaço urbano, analisando tais relações através do trabalho realizado por vendedores ambulantes. A perda de referência do que era e a tomada de algo que é novo, não objetivo, sem funcionalidade, o leva a criar gambiarras e esculturas. Carlos Monaretta was born in 1995 in the city of Guarulhos-SP. He lives and works in the city of Goiânia-GO. He has a degree in visual arts from FAV-UFG. Since 2016 he has participated in exhibitions in public and private institutions, notably: Abre Alas 17, Galeria A Gentil Carioca’’ (2022), Salão Ver-ão in Espaço Cultural Oásis, Novas Aquisições, Aldir Blanc Collection, Galeria Antônio Sibasolly’, in Anápolis-GO (2021), 2° Bienal das artes do SESC-DF, in Brasília-DF (2018). Participated in the artistic residencies: Projeto Volante, Calle San Lazaro building, Havana, Cuba (2021), Projeto Trampolim, Museu de Arte de Goiânia, in Goiás. He is currently investigating different research fronts: the processes of existence, resistance and work are investigated from the proposition of displacements and inversions of the ways of seeing the city, using and occupying urban space, analyzing such relationships through the work performed by street vendors. The loss of reference of what was and the taking of something that is new, not objective, without functionality has led him to create gambiarras and sculptures.

13


Cipriano Macumba Pictórica surgiu como uma provocação e uma ressignificação da palavra macumba. Palavra esta que foi durante anos, e ainda é, designação genérica e pejorativa dos cultos afrobrasileiros e dos seus rituais em consequência do preconceito e do racismo presente na nossa sociedade. O projeto é uma comunicação com a ancestralidade, e nesse caso, uma ancestralidade negra. Todos têm uma memória vida a se reportar. Uma memória que não só potencializa a formação de pessoa, mas também a manifestação do ente vivente no espaço e no tempo. Há uma apropriação da palavra como elemento pictórico. Não qualquer palavra, mas a palavra cantada no terreiro de Umbanda. Assim o trabalho plástico é uma escrita en-cantada, aquela que não passa pela experiência da morte (SIMAS e RUFINO, 2018). Uma carta para o invisível. Macumba Pictórica emerged as a provocation and a resignification of the ritual word macumba. This word was for years, and still is, a generic and pejorative designation of Afro-Brazilian religions and their rituals as a consequence of the prejudice and racism present in our society. The project is a communication with ancestry, in this case black ancestry. Everyone has a living memory to report. A memory that not only empowers as a personal education, but also the manifestation of the living being in space and time. There is an appropriation of the word as a pictorial element. Not just any word, but the word sung in the Umbanda center. Thus the work is an en-chanted writing, the one that does not go through the experience of death (SIMAS and RUFINO, 2018). A letter to the invisible.

Não me deixa à toa!, 2020 / Série Macumba Pictórica (Pictorial Macumba Series) / técnica mista sobre tecido (mixed media on fabric) / 216 x 114 cm (85 1/8 x 44 7/8 in)

Artista petropolitano (1981, RJ), referenciado na Umbanda, Rubem Valentim e Glenn Ligon. Utiliza elementos gramaticais e cultos afro-brasileiros para nomear seus trabalhos artísticos. Sua poética é uma mistura de arte afrodescendente e gestualística do pensamento ubuntu. 14

Petropolitano artist (1981, RJ), referenced in Umbanda, Rubem Valentim and Glenn Ligon. Uses grammatical elements and Afro-Brazilian ceremonies to name his artistic works. His poetics is a mixture of Afro-Brazilian art and gestural Ubuntu philosophy.


Complexo da Pedreira Paulo Vinicius

3º Ato, 2021 / papel fotográfico em moldura (photo paper in frame) / 60 x 90 cm (23 5/8 x 35 3/8 in)

O Terror da estética. Abrindo uma nova era na organização da guerra pelo Poder Paralelo. O prometido coletivo já iniciou. The Terror of Aesthetics. Opening a new era in the organization of the war for the Parallel Power. The promised collective has already begun. Por onde olho vejo mais do mesmo, parece terem feito a mesma escola. Mas paz, deve ser porque eu cheguei da rua agora. Quem é não fica se mostrando. Pouco papo. Original. Everywhere I look I see more of the same, they seem to have done the same school. But peace, it must be because I arrived from the street now. Those who are don’t show off. Not much chatter. Original.

15


Fava da Silva

Cachorros #1, 2021 / Série Simbiose (Symbiosis Series) / óleo sobre tela (oil on canvas) / 50 x 50 cm (19 3/4 x 19 3/4 in)

Cachorros #3, 2021 / Série Simbiose (Symbiosis Series) / óleo sobre tela (oil on canvas) / 50 x 50 cm (19 3/4 x 19 3/4 in)

Seu trabalho explora imagens que povoam suas memórias e imaginários relacionados à sua infância, passando pelo contexto social e político brasileiro e sua trajetória enquanto mulher e artista. Nas pinturas da série Simbiose, Fava parte de cenas do cotidiano, nas quais a figura humana e os animais de estimação encontram-se em estado de grande interação. Um trabalho que faz referência às relações de afeto e dependência emocional iniciado no retorno da artista ao Brasil em junho de 2021. A paleta de cores predominante frias fazem alusão ao sentimento de melancolia em contraponto a manchas de cores quentes. Her work explores images that populate her memories and imagination related to her childhood, the Brazilian social and political context and her trajectory as a woman and artist. In the paintings of the Symbiosis Series, Fava starts from everyday scenes, in which the human figure and pets are interacting. A work that makes reference to the relationships of affection and emotional dependence that started when the artist returned to Brazil in June 2021. The palette of predominantly cold colors alludes to the feeling of melancholy in counterpoint to patches of warm colors. Fava da Silva, carioca da Favela da Maré, nasceu em 1977. Vive em Cabo Frio, Rio de Janeiro. Estudou na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, na School of Visual Arts, Nova Iorque, frequentou o ateliê de pintura da artista Leonora Weissmann, além do bacharelado e mestrado na área de cinema. Viveu em Madrid, Nova Iorque e Buenos Aires.

16

Fava da Silva, carioca from the Favela da Maré, born in 1977. Lives in Cabo Frio, Rio de Janeiro. She studied Arts at EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, at the School of Visual Arts, New York, attended the painting studio of the artist Leonora Weissmann, and has a Bachelors and Masters degree in Cinema. She has lived in Madrid, New York and Buenos Aires.


FOTO ROBERT HARTE

Florencia Caiazza

Sem título (untitled), 2021 / Vídeo (Video) / 1:54 min

Meu trabalho surge como reação a um contexto que geralmente se materializa entre escultura e instalação. Não realizo esculturas ou peças autônomas, mas famílias de obras que funcionam em conjunto. Na relação com o material, a repetição aparece como forma de aprender e compreender o meu trabalho gradualmente. Desde que a minha filha nasceu, comecei a investigar as ideias de tato e contato. Observá-la em seus primeiros meses conhecendo o mundo pelo tato, me levou a trabalhar em peças como este vídeo, e além disso, me conscientizou sobre a necessidade de contato que temos como seres humanos. Fiz este trabalho com a colaboração da Escola de Artes Visuais REA (San Isidro, Buenos Aires), onde estudei há muitos anos atrás. My work arises as a reaction to a context that usually materializes between sculpture and installation. I do not make sculptures or autonomous pieces, but families of works that work together. In the relationship with the material, repetition appears as a way of gradually learning and understanding my work. Ever since my daughter was born, I started to investigate the ideas of tact and contact. Watching her in her first months getting to know the world by touch, led me to work on pieces like this video, and in addition, made me aware of the need for contact that we have as human beings. I did this work in collaboration with the REA Visual Arts School (San Isidro, Buenos Aires), where I studied many years ago.

Florencia Caiazza (Buenos Aires, 1982). Estudou Artes Visuais na REA e Programa para Artistas na UTDT, em Buenos Aires, Argentina. Realizou mostras individuais e coletivas e participou de residências, projetos e concursos na Argentina e no exterior. Florencia Caiazza (b. Buenos Aires,1982). Studied Visual Arts at REA and was part of the Artists Program at UTDT, in Buenos Aires, Argentina. She has shown her work in solo and group exhibitions, and participated in residencies, projects and contests in Argentina and abroad.

17


Ian Schuler

A Noite dos Lanches, 2020 / vídeo (video) / 9’

Adeus às Coisas, 2019 / vídeo (video) / 16’57’’

Esses curtas-metragens em vídeo procuram a interseção entre cinema e natureza-morta, mercadoria e animismo, a dança cósmica das coisas e o inconsciente dos hambúrgueres de lanchonete. Imagina-se um mundo depois do fim do capitalismo, quando os seus objetos se tornaram artefatos arqueológicos e, suas histórias, ficções. Despedida antecipada de uma cultura material que ainda não se perdeu, mas não pode sobreviver como a mesma.

18

These short video films research the intercession between cinema and still life, merchandise and animism, the cosmic dance of things and the unconscious of hamburgers in a cafeteria. Imagine a world after the end of capitalism, when its objects have become archeological artifacts and, its stories, fictions. An early farewell to a material culture that has not yet been lost, but cannot survive as the same.

Ian Schuler nasceu no Rio de Janeiro, em 1988. Cineasta, videasta, doutorando em Artes Visuais pela UERJ e mestre em Comunicação pela UFRJ. Realizou os curtas A Noite dos Lanches (2020), Adeus às Coisas (2019) e Cópia Própria (2017). Desde 2012 faz trabalhos em vídeo. Ian Schuler born in Rio de Janeiro in 1988. Filmmaker, videographer, doctoral student in Visual Arts at UERJ, he has a Masters in Communication from UFRJ. Directed the short films A Noite dos Lanches (The Night of the Snacks, 2020), Adeus às Coisas (Farewell to Things, 2019) and Cópia Própria (Own Copy, 2017). Since 2012 he has been making video works.


Jeff Mendes

Nacos de Carne (Chunks of Meat Series), 2021 / técnica mista - óleo sobre painel, espuma expansiva PU e pasta acrílica (mixed media - oil on panel, expansive PU foam and acrylic paste) / dimensões variadas (varied dimensions)

Em sua pesquisa, Jeff Mendes explora os aspectos “invisíveis” das incontáveis formas de violência. Seu interesse está no estudo dos signos, processos e histórias que reverberam continuamente na sociedade contemporânea. As obras trazem à discussão as tarjas pixeladas (desfoques), signos utilizados como forma de proteção da identidade de indivíduos. Nelas, o artista utiliza a linha de pensamento do filósofo camaronês Achille Mbembe, que diz: “Através do estado de exceção, a relação de inimizade tornou-se a base normativa do direito de matar. Em tais instâncias, o poder se refere e apela à exceção, à emergência e a uma noção ficcional do inimigo”. Serão esses os inimigos ficcionais? In his research, Jeff Mendes explores the “invisible” aspects of the countless forms of violence. His interest is based on the study of signs, processes, stories that continuously reverberate in contemporary society. The works bring to discussion the pixelated borders (blurring), signs used as a form of protecting the identity of individuals. In them, the artist uses the line of thought of the Cameroonian philosopher Achille Mbembe, who says: “Through the state of exception, the relationship of enmity has become the normative basis of the right to kill. In such instances, power refers and appeals to the exception, to the emergence and a fictional notion of the enemy”. Are these the fictional enemies?

Jeff Mendes nasceu em São Paulo, em 1975. Autodidata, desenvolve suas produções com base em pesquisa sobre os processos “invisíveis” da violência e como eles se integram, de forma direta ou indireta, na sociedade contemporânea. Jeff Mendes was born in São Paulo in 1975. Self-taught, Jeff Mendes develops his productions based on research on the “invisible” processes of violence and how they integrate themselves, directly or indirectly, in contemporary society.

19


Josi

Série Decantações, fervuras e temperamentos (Decantations, boiling and temperaments Series), 2020 - 2021/ água de feijão preto sobre papel (black bean water on paper) / dimensões variadas (varied dimensions)

A série Decantações, fervuras e temperamentos faz parte de minha pesquisa em pintura chamada “Quarar reverso”, na qual venho trançando saberes e memórias que me atravessam nas caminhadas da vida. Faço minhas tintas a partir de processos naturais, como a água de feijão preto e a terra, e vou com elas quarando figuras em caldos de fervura e decantação, entrelaçando camadas que pisam tanto no quintal das memórias quanto na cozinha cotidiana. The series “Decantações, fervuras e temperamentos” is part of my research in painting called “Quarar reverso (Reverse Bleaching)”, in which I have been interlacing knowledge and memories that cross me in the journeys of life. I make my paints from natural processes, such as black beans, water and earth, and with them I bleach figures in boiling and decanting broths, interlacing layers that tread on the backyard of memories as much as in the everyday kitchen. 20

Josi é artista visual nascida no Vale do Jequitinhonha, em 1983, com infância na cidade de Carbonita. Vive em Belo Horizonte, é formada em Letras pela UFMG e graduanda no Bacharelado em Artes Plásticas na Escola Guignard - UEMG. Suas pesquisas têm passado pelas tintas naturais, desenho, cerâmica e animação. Josi is a visual artist born in Vale do Jequitinhonha, in 1983, with a childhood spent in the town of Carbonita. She lives in Belo Horizonte, graduated in Literature at UFMG and is a student of Fine Arts at Escola Guignard - UEMG. Her research has passed through natural inks, drawing, ceramics and animation.


Kika Diniz

Série odeioestrogonofe (Ihatestrogonoff Series), 2021 / acrílica sobre tela (acrylic on canvas) / 15 x 10 cm cada (5 7/8 x 4 in each)

Os trabalhos da série odeioestrogonofe (perfil que uso no Tiktok) são feitos a partir de imagens retiradas deste aplicativo, uma rede social de vídeos. Todos os vídeos chegam a partir de algoritmos que personalizam o conteúdo de acordo com as preferências de cada usuário. Vendo estes vídeos, faço capturas da tela e trabalho a partir das imagens geradas. As telas de pequeno formato são preparadas previamente com gesso preto e laca brilhante. O resultado é uma superfície preta impermeável e reflexiva, fazendo alusão ao “black mirror” (espelho preto) das telas quando estão desligadas. Os títulos se referem aos vídeos dos quais as imagens foram retiradas e fazem parte dos trabalhos. The works in the series odeioestrogonofe (the profile I use on Tiktok) are made from images taken from this social network for videos app. All the videos come from algorithms that personalize the content according to the preferences of each user. Watching these videos, I take screenshots and work from the images generated. The small format canvases are prepared in advance with black plaster and glossy lacquer. The result is a waterproof and reflective black surface, alluding to the “black mirror” of screens when they are switched off. The titles refer to the videos from which the images were taken and are part of the works.

Kika Diniz nasceu no Rio de Janeiro, em 1990. Começou a estudar Artes Visuais na EAV Parque Lage em 2013. Em 2020 concluiu o mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes da UFF. Kika Diniz was born in Rio de Janeiro, in 1990. She began studying visual arts at EAV Parque Lage in 2013. In 2020 she completed her Master’s degree in Contemporary Studies of the Arts at UFF .

21


Mari Ra Sua pesquisa transita entre a captura de imagens que nos cercam no cotidiano e o imaginário mítico e brasileiro de formas transfiguradas num sintetismo visual. Os trabalhos operam com a ambiguidade, o detalhe e o mistério, jogando com o mostrar e esconder. Her research flows between the capture of images that surround us in everyday life and imaginary mythical and Brazilian forms transfigured into a visual synthesis. The works operate with ambiguity, detail and mystery, playing with showing and hiding.

Calor e Retenção, 2021 / óleo sobre tela (oil on canvas) / 40 x 50 cm cada (15 3/4 x 19 3/4 in each)

22

Mari Ra é artista visual e educadora. Nasceu na zona metropolitana de São Paulo, em 1996. É mestranda pelo PPGAV/ UFBA com graduação em Artes Visuais pela UNESP. Em 2021, participou do 46° SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo, no MARP; do 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais, em Ubatuba; e da exposição Nomes da coisa, na Galeria Cañizares, em Salvador.

Mari Ra is a visual artist and educator. Born in the metropolitan area of São Paulo, in 1996, she is currently a master’s student at PPGAV/ UFBA with a degree in Visual Arts from UNESP. She participated, in 2021, in the 46th SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo, at MARP; the 17th Ubatuba Salon of Visual Arts, in Ubatuba; and in the exhibition Nomes da coisa, at Galeria Cañizares, in Salvador.


MARIA ANTONIA Equivoca-se quem pensa que a Terra vai acabar é uma pintura-desdobramento da série CarneeCorpo, pensada para explorar a ideia de futuro da Carne, onde as sobras de uma sociedade extrativista dialogam com a Natureza que resiste. A pintura, antes janela, torna-se palco e espaço. É cenário de sedução para a experiência do interator. Quem apontar o celular para a pintura, descobrirá elementos virtuais escondidos, acessíveis por meio de Realidade Aumentada. Os elementos trazem à tona a percepção do que é silenciado e descortinam um mundo paralelo, virtual. Equivoca-se quem pensa que a Terra vai acabar é um portal que responde quando solicitada. A pintura, enquanto estrutura-sistema, responde. A expansão do espaço ocorre na interação do participante.

Equivoca-se quem pensa que a Terra vai acabar, is a painting that unfolds from the series CarneeCorpo, designed to explore the idea of the future of Flesh, where the leftovers of an extractivist society dialogue with a Resisting Nature. The painting, once a window, becomes a stage and space. It is a scenario of seduction for the interactor’s experience. Whoever points the mobile phone to the painting will discover hidden virtual elements, accessible through Augmented Reality. The elements bring to surface the perception of what is silenced and unveil a parallel, virtual world. Equivoca-se quem pensa que a Terra vai acabar is a portal that responds when requested. Painting, as a structure-system, responds. The expansion of space occurs in the interaction of the participant.

Equivoca-se quem pensa que a Terra vai acabar, 2020-2021 / Série CarneeCorpo (Flesh&Body Series) / óleo e bastão oleoso sobre tela (oil and oily stick on canvas) / 230 x 170 cm (90 1/2 x 66 7/8 in)

MARIA ANTONIA, 1992, procura expandir a relação Observador-Pintura. Corpo, natureza, mulher e íntimo são motivos que atravessam suas obras e, com eles, investiga materialidades da mídia. Em continuidade desde 2014, sua pesquisa CarneeCorpo experimenta hoje a interação com novas tecnologias.

MARIA ANTONIA, 1992, seeks to expand the Observer-Painting relationship. Body, nature, woman and intimacy are motifs that run through her works and, with them, she investigates media materialities. Underway since 2014, her research CarneeCorpo experiments today with the interaction with new technologies.

23


Mariana Honório TODO LO QUE NO DIGO DE MI e Autorretrato com grampos são trabalhos que discorrem sobre a autoimagem da artista em diferentes fases da vida. Quantos anos levam para uma mulher negra viver plenamente dentro de sua pele? Quantos anos mais para se libertar do que presumem sobre seu corpo? Logo na infância, a tomada de consciência sobre seu próprio corpo acontece de forma violenta. A imagem que o outro constrói ressoa mais rápido do que a própria narrativa que ainda é vulnerável. A colagem e a pintura dialogam sobre o processo de digerir o que se viveu e ainda vive. O dito e o não dito. Não mais se deixando acorrentar, mas virando a narrativa do avesso para finalmente tomar as rédeas da própria história.

TODO LO QUE NO DIGO DE MI, 2021 / foto 3X4 e caneta esferográfica sobre papel (3x4 photo and ballpoint pen on paper) / 21 x 15 cm (8 1/4 x 5 7/8 in)

TODO LO QUE NO DIGO DE MI and Self-portrait with hair clips are works that discuss the artist’s self-image at different stages of life. How many years does it take for a black woman to live fully within her skin? How many more to free herself from what is assumed about her body? Already in childhood, becoming aware of one’s own body happens in a violent way. The image that the other constructs resonates faster than the narrative itself, which is still vulnerable. Collage and painting dialogue about the process of digesting what one has lived and still lives. The said and the unsaid. No longer allowing oneself to be chained, but turning the narrative inside out to finally take the reins of one’s own story.

Autorretrato com grampos, 2021 / tinta óleo sobre painel (oil paint on panel) / 24 x 15 cm (9 1/2 x 5 7/8 in)

Mariana Honório é uma artista multidisciplinar e autodidata, nascida em 1999. Formada em Ciências Sociais pela UFF, vive em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, sua cidade natal. 24

Mariana Honório is a multidisciplinary and self-taught artist, born in 1999. She graduated in Social Sciences at UFF and lives in Angra dos Reis, Rio de Janeiro, her hometown.


Marina Woisky

Animais no Jardim, 2021 / instalação de três peças de tecido com impressão, costura e enchimento em gesso (installation of three pieces of printed cloth, sewing and plaster filling) / 166 x 226 x 259 cm (65 3/8 x 89 x 102 in)

Animais no Jardim é uma instalação de três partes, dois cavalos fixados em paredes adjacentes, espelhados um em relação ao outro e uma coluna com um animal em cima, localizada entre os objetos de parede. Essa obra é o desdobramento de uma pesquisa sobre a transição entre mídias, tendo como base a reprodução de imagens e sua transformação em corpos animalescos que estão no limiar da bi e da tridimensionalidade. Durante o processo, a imagem de uma escultura, por exemplo, é fragmentada e transferida para o tecido, que é usado como molde para essa almofada com o formato da imagem. Depois de costurada, ela é preenchida com gesso. Assim, ganha contorno de objeto por adquirir volume, mas por ser pouco corpóreo, aproxima-se de uma casca. Animals in the Garden is an installation of three parts, two horses fixed on adjacent walls, mirrored one in relation to the other and a column with an animal on top, located between the objects on the wall. This work is an unfolding of research on the transition between media, based on the reproduction of images and their transformation into animal-like bodies that are on the threshold of bi- and tridimensionality. During the process, the image of a sculpture, for example, is fragmented and transferred to fabric, which is used as a pattern for this image-shaped cushion. After being sewn, it is filled with plaster. Thus, it gains the outline of an object by acquiring volume, but because it is not very corporeal, it is close to a shell.

Marina Woisky é artista e pesquisadora, formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Vive e trabalha em São Paulo. Em 2020, participou do 48o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, em Santo André, e do 45o Salão de Arte de Ribeirão Preto, no MARP. Marina Woisky is an artist and researcher, bachelor in Visual Arts from the Institute of Arts at Unesp. She lives and works in São Paulo. In 2020, she participated in the 48th Luiz Sacilotto Contemporary Art Salon in Santo André, and the 45th Art Salon of Ribeirão Preto, in MARP.

25


Mery Horta / Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda.

Show Abre Alas, 2022 / performance e instalação contendo: tríptico de fotografias impressas em papel Canson Rag Photografique 310g com tinta pigmentada; Quadro branco em cortiça com mosaico de fotografias instantâneas fixadas; 2 cavaletes com letreiro em giz; 1 câmera polaroid com flash embutido (performance and installation containing: triptych of photographs printed on Canson Rag Photografique 310g paper with pigment ink; Whiteboard in cork with mosaic of fixed instant photographs; 2 easels with chalk sign; 1 Polaroid camera with built-in flash) / tríptico: (1) 86 x 60 cm, (2) 10 x 15 cm cada; quadro mosaico 60 x 40 cm; cavaletes 60 x 100 cm cada; câmera 54x86 mm (triptych: (1) 33 7/8 x 23 5/8 in, (2) 4 x 5 7/8 in each; mosaic frame 23 5/8 x 15 3/4 in; easels 23 5/8 x 39 3/8 in each; camera 54x86 mm

Show Abre Alas consiste em um trabalho composto por uma instalação com 5 itens (2 placas, 1 câmera polaroid, 1 tríptico de fotografias e 1 quadro mosaico de fotografias) e uma performance que surge do encontro da artista/passista Mery Horta com a dupla de artistas Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. O trabalho toma partido da ideia estereotipada intelectualmente de objetificação do corpo feminino que difere dos saberes populares, principalmente em relação à “mulata show” de escola de samba; e da relação com o que é considerada obra de arte, como o modo de ser preservada e guardada por seguranças em um museu ou galeria.

26

Show Abre Alas consists of a work composed by an installation with 5 items (2 plaques, 1 polaroid camera, 1 triptych of photographs and 1 mosaic of photographs) and a performance that arises from the meeting of the artist/dancer Mery Horta with the artist duo Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. The work is based on the intellectual stereotyped idea of the objectification of the female body that differs from popular knowledge, especially in relation to the “mulata show” of a samba school; and the relationship with what is considered a work of art, and the way it is preserved and guarded by security guards in a museum or gallery.

Mery Horta é uma mulher, negra, de origem periférica, artista e pesquisadora das áreas relacionadas às artes visuais, dança e performance. Passista da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Doutoranda e Mestre em Artes Visuais pelo PPGAV EBA UFRJ. Bacharel em Dança pela UFRJ. Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. é uma série de propostas performáticas realizadas em instituições de arte por artistas trajados com uniformes de segurança. Mery Horta is a black woman of peripheral origin, an artist and researcher in the related areas of visual arts, dance and performance. She is a dancer at the samba school Mocidade Independente de Padre Miguel. She is a Doctoral student and Master in Visual Arts at the PPGAV EBA UFRJ with a BA in Dance from UFRJ. Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. is a series of performance proposals performed in art institutions by the artists themselves dressed in security uniforms.


Patfudyda faça de mim uma gata que sempre questiona traça rotas que convocam outras temporalidades para imaginar ações armadilhadas e maliciosas, um corpo em preparação para o bote que, sedimentado na iminência, conjura gestos prontos a se desdobrar em ataques. Com apostas que simulam, blefam e esquivam-se, projeto poses que questionam o tempo e as violências encarnadas, articulando estratégias para trair as palavras e sobrepor significados. “faça de mim uma gata que sempre questiona” traces routes that convoke other temporalities to imagine trapped and malicious actions, a body in preparation for the raid that, sedimented in eminence, conjures gestures ready to unfold in attacks. With bets that simulate, bluff and dodge, I project poses that question time and embody violence, articulating strategies to betray words and superimpose meanings.

Artista da dança, coreógrafa, performer e artista visual. Formada pela Escola Livre de Artes da Maré (ELÃ) e Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Através de práticas indisciplinares, suas criações provocam acidentes em entre as linguagens na dança, teatro, performance e artes visuais. Dance artist, choreographer, performer, visual artist. Graduated from Escola Livre de Artes da Maré (ELÃ) and Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Through indisciplinary practices, her creations provoke accidents between the languages of dance, theater, performance and visual arts.

faça de mim uma gata que sempre questiona, 2021 / vídeo performance (video performance) / 8’44’’

27


Paulo Jorge Gonçalves

osPRIMOS, 2016 / Série Meninos (Boys Series) / fotografia (photography) / 30 x 45 cm (11 3/4 x 17 3/4 in)

Valor de mercado, 2021 / Série Meninos (Boys Series) / linha (bordado) voile sobre tecido (thread (embroidery) voile on fabric) / 38 x 58 x 3 cm (15 x 22 7/8 x 1 1/8 in)

Fraternal, 2016 / Série Meninos (Boys Series) / fotografia (photography) / 30 x 45 cm (11 3/4 x 17 3/4 in)

Aliança, 2021 / Série Meninos (Boys Series) / linha (bordado) voile sobre tecido (thread (embroidery) voile on fabric) / 43 x 47 x 3 cm (16 7/8 x 18 1/2 x 1 1/8 in)

Artista visual que caminha pelas periferias, pelos espaços esquecidos ou ocultos, como por exemplo os prostíbulos masculinos, recolhendo material (fotográfico, texto, vídeo) em um ato performático de negociação e acordo, para incorporar e construir seu trabalho de múltiplas linguagens. “Não é sobre paus, bundas e corpos. É necessário mostrar quem são estes grupos sociais marginalizados por meio de representação imagética. Ocupar o silêncio e o esquecimento. Criar possibilidades de outras narrativas e histórias serem vistas.”

28

A visual artist who walks through the peripheries, the forgotten or hidden spaces such as male brothels, collecting material (photographic, text, video) in a performative act of negotiation and agreement, to incorporate and build his work in multiple languages. “It’s not about dicks, asses and bodies. It’s about showing who these marginalized social groups are through imagetic representation. To occupy the silence and the oblivion. To create possibilities of other narratives and stories to be seen.”

Paulo Jorge Gonçalves é artista visual e usa como meios a fotografia, a pintura e instalações, investindo na temática do corpo. Formado em pedagogia, arte-educação e arteterapia, dedica sua vida à arte e ao ensino, principalmente com crianças, despertando neles a primeira fase da criatividade e o pensar fora de padrões. Participou em mostras internacionais na Argentina, República Tcheca e Rússia, assim como em diversos estados do Brasil, destacando as regiões do Nordeste e Sudeste. Atualmente trabalha também com curadoria de projetos e realizações de mostras de arte. Paulo aborda os estreitos limites Queer entre sensualidade, erotismo e pornografia em temas como a prostituição masculina, a violência, o preconceito e o machismo padrão. Através de seu trabalho, revela um submundo político e minoritário. Paulo Jorge Gonçalves is a visual artist using photography, painting and installations as media, investigating the body. Trained in pedagogy, art education and art therapy, he dedicates his life to art and teaching, especially with children, awakening in them the first phase of creativity and thinking outside of the norm. He has participated in international exhibitions in Argentina, the Czech Republic and Russia, as well as in several states in Brazil, in particular in the regions of the Northeast and Southeast. Currently, he also works with the curatorship of art projects and exhibitions. Paulo addresses the narrow Queer boundaries between sensuality, eroticism and pornography in issues such as male prostitution, violence, prejudice and standard chauvinism. Revealing a political and minority underworld through his work.


Priscila Rezende

Vem... pra ser infeliz, 2017 / perfomance (perfomance) / 30/40 min

Em Vem... pra ser infeliz o corpo negro feminino é exposto de forma extrema à reprodução da representação estereotipada de sua imagem. Este corpo que é lembrado anualmente de forma hipersseuxalizada como símbolo do Carnaval, explora e expõe em palavras a valorização contraditória e deturpada desse corpo nesta performance. Ao som de enredos de escolas de sambas tradicionais do carnaval do Rio de Janeiro, a artista samba ininterruptamente até a exaustão. In Vem... pra ser infeliz the black female body is exposed in an extreme way to the reproduction of the stereotypical representation of its image. This body that is remembered annually in a hypersexualized way as a symbol of Carnival, explores and exposes in words the contradictory and distorted valuation of this body in this performance. To the sound of traditional samba school themes from Rio de Janeiro’s carnival, the artist dances samba uninterruptedly until exhaustion.

Partindo de suas próprias experiências, a artista expõe de modo visceral os percalços aos quais o indivíduo negro e as mulheres são submetidos em nossa sociedade, confrontando o público através de um diálogo direto e claro, sem possibilidades para evasivas. Based on her own experiences, the artist viscerally exposes the hardships to which the black individual and women are submitted in our society, confronting the public through a direct and clear dialogue, without possibilities for evasion.

29


Renan Soares

Série Farsa (Farce Series), 2021 / madeira, pelúcia e roldanas (wood, plush and pulleys) / dimensões variadas (varied dimensions)

Em tempos de carnificina, os abutres disputam entre si enquanto deglutem a carne dos mortos. Miramos o indício de um corpo estirado no chão que, por um deslize, agora é silhueta, uma sombra que vela e revela um acontecimento. Em outra instância, camuflados por sombras, alguns espectros mimetizam uma aparição animalesca, provocam o estranhamento, o susto e ao mesmo tempo a curiosidade: desejamos tocá-los, mas desacreditamos do que se apresenta. Querem nos enganar e se passar pelo que não são. Lembramos apenas que a “história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.”

30

In times of carnage, vultures squabble among themselves while swallowing the flesh of the dead. We look at the evidence of a body lying on the ground, which, due to a slip, is now a silhouette, a shadow that watches and reveals an event. In another instance, camouflaged by shadows, some specters mimic an animal-like apparition, they provoke strangeness, fright and at the same time curiosity: we want to touch them, but we don´t believe in what is presented. They only want to deceive us and pretend to be what they are not. We remember that “history repeats itself, the first time as tragedy and the second as a farce”.

Renan Soares, 1995. Vive e trabalha em Pelotas, RS. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas. Coordena o Ateliê e Espaço Expositivo Corredor 14, desde 2018. Sua pesquisa investiga visualidades e micropolíticas a partir da ideia de sombra, sobre o que ela é vela, revela ou manifesta. Renan Soares, 1995. Lives and works in Pelotas/RS. Master’s student in the Graduate Program in Visual Arts at the Federal University of Pelotas. He coordinates the Ateliê e Espaço Expositivo Corredor 14, since 2018. His research investigates visualities and micropolitics from the idea of shadow, about what it veils, reveals or manifests.


Sabrina Fidalgo Voyage, Voyage… nasce nos meses de isolamento social durante a primeira onda da pandemia global do coronavírus, em 2020. Sabrina Fidalgo iniciou um processo investigativo que consistia em examinar os objetos de sua própria casa, objetos esses outrora irrelevantes, que, todavia, se converteram em dispositivos simbólicosafetivos das impermanências oscilantes surgidas através da primeira grande distopia do século XXI. Atrelado a isso, o banzo de viagem advindo do confinamento obrigatório, encontrou em captações de áudios perdidos de viagens anteriores pelo mundo o perfeito anacronismo e poliformia para a materialização da obra. Da mesma maneira, a imagem da paisagem de uma gélida Suíça - último suspiro exterior - dialoga com os ruídos do cotidiano pandêmico do apartamento cujo tempo endógeno se encapsula em linguagem hibridizada, assim como as representações materiais que configuram os demais dispositivos em uma única egrégora desse Zeitgeist.

Voyage, Voyage…, 2022 / vídeo instalação (video installation) / dimensões variáveis (variable dimensions)

Sabrina Fidalgo, vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Berlim. Artista visual, diretora e roteirista, estudou Teoria do Teatro na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e cinema na Hochschule für Fernsehen und Film - HFF (Alemanha) e na Universidade de Córdoba, na Espanha. Em 2020 foi aluna de Marcos Bonisson no curso Introdução à Videoarte, na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro. Atualmente pesquisa sobre revisões narrativas no campo da estética e da linguagem sobre o carnaval carioca em uma trilogia cinematográfica iniciada com os multi-premiados Rainha (2016) e Alfazema (2019). Em 2018, foi eleita pela revista BUSTLE como uma das cineastas mais promissoras do mundo. Assina uma coluna sobre crítica de arte, cultura e comportamento na Vogue Brasil.

Voyage, Voyage... was born in the months of social isolation during the first wave of the global pandemic of the coronavirus, in 2020. Sabrina Fidalgo started an investigative process that consisted in examining the objects of her own house, objects that were once irrelevant, but that became symbolic-affective devices of the oscillating impermanence that emerged through the first great dystopia of the 21st century. Linked to this, the nostalgia of travel arising from obligatory confinement found in lost audio files of previous trips around the world is the perfect anachronism and polymorphism for the materialization of the work. In the same way, the image of the landscape of a cold Switzerland - the last breath outside Brazil - dialogues with the everyday pandemic noises of the apartment whose endogenous time is encapsulated in hybridized language, as well as the material representations that configure the other devices into a single egregor of this Zeitgeist.

Sabrina Fidalgo lives and works between Rio de Janeiro and Berlin. Visual artist, director and screenwriter, she studied Theater Theory at the Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) and cinema at the Hochschule für Fernsehen und Film - HFF (Germany) and in Universidad de Córdoba, in Spain. In 2020 she was a student of Marcos Bonisson in the course “Introduction to Video Art” at EAV Parque Lage, Rio de Janeiro. Currently she is researching narrative revisions in the field of aesthetics and language about Rio’s carnival in a film trilogy initiated with the multi award-winning Rainha (2016) and Alfazema (2019). In 2018 she was elected by BUSTLE magazine as one of the most promising filmmakers in the world. She writes a column on art criticism, culture and behavior in Vogue Brazil.

31


Tainan Cabral Dubismo é a síntese do que é a arte para mim. Assim como um dub nasce a partir de uma música, uma obra também nasce do processo de remixagem da imagem real para algo idealizado, transmutando a realidade com efeitos visuais. Dubism is the synthesis of what art is for me. Just as a dub is born from a song, a work is born in the process of remixing the real image into something idealized. Transmuting reality with visual effects.

Dubismo, 2021 / tinta acrílica sobre lona, corda de nylon, plantas, garrafas PET, desinfetante, porta sanfonada e pneu (acrylic on canvas, disinfectant bottles, spray-painted folding door and tire) / 300 x 200 x 120 cm (118 1/8 x 78 3/4 x 39 3/8 in)

32

Nascido em 1990 em Senador Camará, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro onde ainda vive e trabalha, Tainan Cabral tem na cultura popular do subúrbio a sua fonte de inspiração. Em sua prática artística, explora diferentes técnicas e materiais, experimentando com as cores e com as formas orgânicas que encontra na rua e na arquitetura da periferia. Esse percurso empírico se materializa em desenhos, pinturas, objetos escultóricos e intervenções urbanas que apontam para uma realidade onírica e mágica, na qual reina não só o vigor óptico, mas também o silêncio e o acalanto, em meio ao caos civil das aglomerações e dos conflitos cotidianos.

Born in 1990 in Senador Camará, a neighborhood in the West Zone of Rio de Janeiro where he still lives and works, Tainan Cabral draws his inspiration from the popular culture of the outskirts of Rio de Janeiro. In his artistic practice, he explores different techniques and materials, experimenting with the colors and organic forms he finds on the streets and in the architecture of the periphery. This empirical path is materialized in drawings, paintings, sculptural objects and urban interventions that point to a dreamlike and magical reality, in which not only optical force reigns, but also silence and calm, in the middle of the civil chaos of agglomerations and the daily conflicts.


Thadeu Dias

Sem Rumo, 2022 / Série Terra Gentílica (Gentile Earth Series) / acrílica sobre tela (acrylic on canvas) / D50 x 65 cm (19 3/4 x 25 5/8 in)

Ardil, 2021 / Série Terra Gentílica (Gentile Earth Series) / acrílica sobre tela (acrylic on canvas) / 40 x 30 cm (15 3/4 x 11 3/4 in)

Sem Rumo e Ardil fazem recorte de Terra Gentílica, pesquisa que mira a reedição do primeiro encontro com um instante ou um objeto, prezando pelo gesto de desconhecer como lugar de sentido. Um momento ordinário, um brinquedo abandonado, uma paisagem em relance numa travessia: signos inesperados que estruturam gentilidades e territórios por criar, revelando nessas obras um corpo no mundo e a latência escondida entre a memória e a fabulação. Cruzamento de pesquisas em pastel seco, O Corpo Coletivo e não tenho pressa apresentam fragmentos, de corpo e de paisagem, resultantes de um procedimento de insistência: imbricar escrita poética, registros de si e do outro e imagens permeadas pelas simbologias de sonhos em uma única pele. Sem Rumo e Ardil are part of Terra Gentílica, research that aims at the reedition of the first encounter with an instant or an object, prizing the gesture of not knowing as a place of meaning. An ordinary moment, an abandoned toy, the landscape at a glance during a crossing: unexpected signs that structure gentleness and territories to be created, revealing in these works a body in the world and the latency hidden between memory and fabrication. An intersection of research in dry pastel, O Corpo Coletivo and não tenho pressa present fragments, of body and landscape, resulting from a procedure of insistence: interwoven poetic writing, records of the self and the other and images permeated by the symbologies of dreams on a single skin.

O Corpo Coletivo, 2021 / pastel seco sobre papel (dry pastel on paper) / 32 x 24 cm (12 5/8 x 9 1/2 in)

não tenho pressa, 2021 / pastel seco sobre papel (dry pastel on paper) / 29 x 21 cm (11 3/8 x 8 1/4 in)

Thadeu Dias é artista visual e escritor. Nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1989. Entrelaça paisagem, corpo, memória e sonho, trabalhando poeticamente a noção de geoafetividade. Em 2019, publicou Périplo. Atualmente, participa da 21a Unifor Plástica - Corpo Ancestral e da Cataploft, exposição do curso Imersões Poéticas (2021.1) da Escola Sem Sítio, onde também é aluno do curso Poéticas em Processo. Thadeu Dias is a visual artist and writer. He was born in Fortaleza, Ceará, in 1989. He interweaves landscape, body, memory and dream, poetically working on the notion of geoafetivity. In 2019, he published Périplo. Currently, he is participating in the 21st Unifor Plástica - Corpo Ancestral, and in the Cataploft, an exhibition of the course Poetic Immersions (2021.1) of the Escola Sem Sítio, where he also studies Poetics in Process.

33


Thiago Thomé Marques

Ol’ running cup o’ blood, 2021 / óleo sobre tela (oil paint on canvas) / 60 x 40 cm (23 5/8 x 15 3/4 in)

Friendship I, 2021 / óleo sobre tela (oil paint on canvas) / 80 x 60 cm (31 1/2 x 23 5/8 in)

As pinturas Friendship I e Ol’ running cup o’blood fazem parte de uma coleção de experimentações unindo desenho e pintura a óleo, dois caminhos que tem explorado ao longo dos anos, separadamente e em conjunto. Do ponto de vista temático, há também uma sobreposição entre uma certa melancolia e um estilo próprio de humor. A princípio, as formas e a paleta cromática chamam mais atenção para o segundo, mas um olhar mais atento encontra afetos conflituosos, visão crítica e alguma angústia alegre.

34

The paintings Friendship I and Ol’ running cup o’blood are part of a collection of experimentation with drawing and oil painting, two paths he has explored over the years, separately and together. From a thematic point of view, there is also an overlap between melancholy and his own style of humor. At first, the shapes and the chromatic palette draw more attention to the second. But a closer look finds conflicting affections, critical vision and some joyful anguish.

Thiago Thomé Marques nasceu em 1979. Vive e trabalha em São Paulo. Estudou Artes na California College of the Arts e na Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Fez também formação em psicanálise no Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP). Thiago Thomé Marques was born in 1979. He currently lives and works in São Paulo. He studied art at the California College of the Arts and Faculdade de Belas Artes de São Paulo. He also took courses in psychoanalysis at the Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP)


Zé Tepedino Na série “vários verões” objetos de praia são destituídos de sua função original para criar funções poéticas. Desmembrados e re-arranjados, agora pensados através de cor, forma e composição, é proposta uma nova possibilidade. Ampliando nossa percepção sobre coisas com as quais esbarramos diariamente. In the series “several summers” beach objects are stripped of their original function to create poetic functions. Dismembered and re-arranged, now thought of through colour, form and composition, a new possibility is proposed. Broadening our perception of things we bump into on a daily basis.

Zé Tepedino (1990), vive e trabalha no Rio de Janeiro. Em 2016, se formou em Comunicação Visual na PUC-Rio. Durante esta formação, se aproximou das Artes Visuais através de aulas com Cadu Felix que lhe apresentou caminhos para formalizar muitas das suas inquietações. Em 2017, seu interesse por desenho o leva ao curso Procedência e Propriedade, ministrado por Charles Watson e um ano após é batizado pela igreja do Reino da Arte. Para além da prática de ateliê, tem, cada vez mais, voltado o olhar para a cidade, criando trabalhos e ampliado questões e escalas de sua poética que flerta com o neoconcretismo, a arte povera e a conceitual. Seu processo lida com uma observação cuidadosa de seu entorno, e assim elege materiais, cores, espaços, situações em sua maioria banais. Através de um pensamento que se organiza compondo, recombina esses diversos itens por meio de operações simples que criam novos arranjos, nos apresentando a coisas que conhecemos bem demais. Independente da mídia, entende seu trabalho como desenho, seja na paisagem com grandes instalações ou em monotipias em papel. Para isso, faz uso de diferentes técnicas como costura, pintura e escultura, buscando formalizar ideias que sempre contam com o processo como co-autor. O artista aproxima diferentes tempos e tradições, propondo um novo olhar sobre o mundo que nos cerca. Zé Tepedino (1990), lives and works in Rio de Janeiro. In 2016, he graduated in Visual Communication at PUC-Rio. During his training he approached the Visual Arts through classes with Cadu Felix that presented him with ways to formalize many of his concerns. In 2017, his interest in drawing led him to the course Procedência e Propriedade (Origin and Property), taught by Charles Watson and a year later he was baptized by the Igreja do Reino da Arte. Beyond his studio practice, he has been increasingly turning his gaze to the city, creating works amplifying the questions and scale of his poetics that flirt with neoconcretism, povera and conceptual art. His process deals with a careful observation of his surroundings, and so he chooses materials, colors, spaces, situations that are mostly banal. Through a thought that organizes itself by composing, he recombines these diverse items, through simple operations that create new arrangements, presenting us with things we know too well. Independent of the media, he always understands his work as drawing, whether in the landscape with large installations or in monotypes on paper. For this he makes use of different techniques, such as sewing, painting and sculpture, seeking to formalize ideas that always count on the process as a co-author. The artist brings together different times and traditions, proposing a new look at the world that surrounds us.

Avesso, 2020 / lonas de barraca de praia e costura (beach tents and sewing) / 220 x 350 cm (86 5/8 x 137 3/4 in)

35


A GENTIL CARIOCA

Sócios (Partners)

Ernesto Neto, Laura Lima, Márcio Botner e Elsa Ravazzolo Botner Direção (Directors)

Elsa Ravazzolo Botner e Márcio Botner Administrador financeiro (Administration and finance department)

Alberto Evaristo Bernabé Coordenadora de produção (Production coordinator)

Rosa Melo Produção e logística (Production and logistics)

Larissa Amorim Giulia Ferrão Vendas (Sales)

Ton Martins Conteúdo (Content)

Luma Lorenzon Coordenação de design (Design coordinator)

Liliane Kemper Design

Gabriel Junqueira Arquivo (Archive)

Eduarda Neiva Montagem e acervo (Assembly and archive)

Victor Lorenzetto e Fagner França Manutenção (Maintenance)

Victor França Assistente de administração e finanças (administration and financial assistant)

Vinícius Amorim Tavares Estagiário de administração e finanças (Internship administration and financial)

Ronaldo Pedro da Silva Serviços gerais (General services)

Zezé (Maria José Venâncio Sales)

CATÁLOGO ABRE ALAS (CATALOGUE) edição e design gráfico (edition and graphic design)

Liliane Kemper tradução e revisão (translation and proofreading)

Thais Medeiros fotos (photos)

Felipe Berndt (p. 6, 11, 22, 28, 32) Pedro Agilson (p. 8, 10, 12, 14, 15, 16, 24, 26, 33) 36

Robert Harte (p. 17)


Publicado pela A Gentil Carioca por ocasião da exposição Abre Alas 17, realizada em São Paulo entre 12/02/2022 e 19/03/2022, e no Rio de Janeiro entre 19/02/2022 e 09/04/2022, nas sedes da galeria A Gentil Carioca, com curadoria de Pollyana Quintella, Deri Andrade e Maxwell Alexandre. Published by A Gentil Carioca on the occasion of the exhibition Abre Alas 17, from 02/12/2022 to 03/19/2022 in São Paulo, and from 02/19/2022 to 04/09/2022 in Rio de Janeiro, at the A Gentil Carioca spaces, curated by Pollyana Quintella, Deri Andrade e Maxwell Alexandre.

37


38


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.