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Revista LITTERA N4 - Entrevista PAULO LINS

Entrevista especial

PAULO LINS

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Quando a literatura entrou em sua vida?

Quando era criança os mais velhos contavam histórias na calçada de noite na rua, meus pais, meus avós, os vizinhos! Contavam histórias e foi aí que me apaixonei por história, por literatura. Era bem criança não tinha televisão, computador, não tinha internet, não tinha nada disso e ouvia histórias dos mais velhos, que contavam para a gente.

Como você vê a importância da literatura e arte em geral na vida das pessoas?

A arte é para desenvolvimento humano, é para você se conhecer e conhecer o outro, a arte é a verdade humana, não necessariamente! Fernando Pessoa dizia se não sei se poesia ou filosofia, e a filosofia é a verdade, verdade humana, verdade daquelas coisas que vão ficar e vai ser verdade hoje, foi verdade a duzentos anos atrás, e vai ser verdade daqui a quinhentos anos, a liberdade absoluta de cada ser humano, A poesia.. a arte é para controlar seus sentimentos, para você se colocar no lugar do outro, é para você se enxergar na sociedade, que, mesmo em todas diferenças, você é igual a outro ser humano!a outro ser humano!

Você acredita que é possível toda população ter acesso à literatura? O que pode ser feito para que exista esse acesso?

É... também, se fizesse isso, o mundo seria bem melhor, não só literatura, mas também ensino, do modo geral, o estudo do modo geral, ser dado para tudo mundo, é tudo que nós temos: uma visão socialista das coisas, é que todo mundo tenha acesso à escola, ao ensino de boa qualidade, que todas as crianças tenham o direito e possam ter direito e possam ter (direito) ao ensino escolar formal

Como foi ver sua vivência real sendo conhecida, primeiramente, em seu livro , Cidade de Deus, e depois nas telas?

Foi uma realização, é muito difícil você publicar, é muito difícil você fazer um filme, um filme é uma coisa difícil de realizar. É muito caro, envolve muita gente, então foi uma realização muito confortável, muito boa, que aconteceu comigo. Foi um resultado de um esforço muito grande!

Depois de 25 anos de Cidade de Deus, como é a sua leitura da visão da população em relação a sua obra?

Na verdade minha intenção quando escrevi Cidade de Deus era diminuir a violência, Na verdade eu não ia escrever um romance, eu não ia fazer uma obra de arte, eu ia fazer um trabalho de antropologia. Como não tinha muita experiência na linguagem antropológica, eu escrevi em romance, que era mais fácil para mim, mas eu escrevi Cidade de Deus para diminuir a violência! Que as autoridades tivessem o acesso (ao texto)... e diminuir a violência!

Qual a importância, nos dias de hoje, abordar o tema da vida na periferia em seus roteiros?

É justamente o mesmo intuito, a arte como funcionando como missão, o que a gente quer é diminuir a pobreza, ter que todos tem que ter acessos os bens matérias necessários para que você viva confortavelmente, o processo de quem faz este trabalho é isto, ser o melhor trabalho ou ganhar prêmios, é você pegar a sociedade e combater a desigualdade sociais!

Com um mundo atual com tantos preconceitos, qual a importância da representatividade em obras literárias atuais?

Quem lê, a pessoa que tem um hábito de leitura, vai ter uma consciência política bem mais apurada, Isso é fato! A nossa grande preocupação é que a literatura chegue a mais pessoas, não só como entretenimento, mas como uma questão política, para a pessoa ter consciência de si mesmo e da sociedade ao seu redor!

Você acredita que a literatura deveria estar nas escolas, crianças lendo de acordo com sua faixa etária; os jovens, no ensino médio; criar um incentivo maior dentro das escolas? A mãe e o pai não leem, dificilmente o filho vai ler?

Eu concordo com você, deve ter mais livro, mais debate, mais seminários sobre literatura nas escolas, presença de escritores; os escritores deveriam ir aos colégios, o governo financiar isto, o estado financiar a ida de escritores para conversar com as crianças para terem mais consciência crítica!

Como é feito o trabalho do escritor para a produção de uma nova obra?

Você tem que acostumar com esta ideia, geralmente pode demorar muito tempo, pode ser às vezes de uma hora para outra, você não tem controle sobre isso, uma coisa que pode demorar anos, pode ser de uma hora para outra, muito relativo!

Quais as mídias você ainda pretende atingir com seus roteiros e livros?

Tudo que for literatura, for meio de comunicação, audiolivro, livro escrito, televisão, cinema, internet, vou usar tudo para mostrar o meu trabalho; o que eu puder usar, eu vou usar!

Existe algum tema que você ainda gostaria de abordar em seus trabalhos?

Não! Não tem tema especifico, o que aparecer e o que for importante no momento, isso vai muito da época que a gente está vivendo ou alguma coisa que aconteça na minha vida, talvez, pegue isso para escrever!

O mercado editorial me parece hoje muito mais fechado, se facilitou muito para escrever com a informática, muita gente escrevendo e poucas editoras querendo publicar algo novo! Que incentivo você daria ao novo escritor?

Que nunca desista! Sempre foi difícil! Nunca foi fácil publicar um livro! Se a pessoa gostar mesmo de escrever, ela nunca pode desistir! Na verdade os escritores nunca desistem, eles vão continuar, eles não vão desistir, os escritores não vão desistir! Então eu não tenho conselho nenhum, porque quem gosta de literatura nunca vai desistir!

Roteiro da entrevista: Gabriela Paiva Nogueira e Pedro Paiva

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