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Rúgbi: o esporte que conquistou o coração de um médico Atleta do São José Rugby, Lucas Duque foi capitão da seleção brasileira durante as Olimpíadas do Rio

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ocê já imaginou ver um médico atuando como capitão da seleção brasileira de rúgbi no maior evento esportivo do mundo? Pois saiba que isso aconteceu com Lucas Rodrigues Duque, um fã de esportes que tem a Medicina e o rúgbi como suas paixões. Natural de São José dos Campos, Duque iniciou a carreira como atleta no clube da cidade, o São José Rugby – no qual joga até hoje –, e chegou ao comando do time masculino nacional nos Jogos Olímpicos Rio 2016 justamente no ano em que o esporte voltou a ser disputado como modalidade olímpica.

O primeiro contato com o rúgbi aconteceu aos 14 anos de idade, por

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pura curiosidade, segundo o médico.

“Meu irmão mais velho foi convidado a treinar por um amigo da escola. Em minha casa, sempre foi assim: tudo que um irmão fazia, o outro tinha que fazer também. Então eu fui lá conhecer e estou há 15 anos inserido no esporte”, conta. A aptidão para a prática esportiva, aliás, parece ser uma característica marcante na família Duque. Assim como Lucas, seus dois irmãos – um médico e o outro engenheiro – também são adeptos do rúgbi. “No campo temos valores como a irmandade, a união e o companheirismo, então acredito que tem tudo a ver jogar com os irmãos. É um privilégio a mais jogar com eles, é realmente gratificante”, afirma.

“Um dos benefícios é a questão da saúde, já que, por ser atleta, tenho que me cuidar, fazer dieta. Jogar é bom, também, para tirar o estresse do dia a dia” Lucas Rodrigues Duque

leandro Monteiro

Aos poucos, o potencial dos irmãos com a bola oval ganhou o reconhecimento dos técnicos. A atividade, que teve início sem muita pretensão por parte de Lucas, começou, então, a ganhar contornos maiores na vida do trio. “Tivemos a chance de participar de torneios de grande porte, como pan-americanos e o circuito mundial da modalidade, e, com isso, passamos a ter mais incentivos. A partir daí o esporte tomou uma proporção tão grande que eu não tive mais como me desvencilhar dele”, relata.

Um fato curioso na carreira esportiva de Duque foi o apelido que ganhou de um técnico e pelo qual é conhecido até hoje: Tanque. A justificativa foi o fato de ser gordinho somado à agilidade para correr a ponto de ninguém conseguir pará-lo. “Meu técnico dizia que eu parecia um tanquinho de guerra. Depois evoluiu para ‘Tanque’ e o apelido passou a me acompanhar”, lembra. A forma física sofreu transformações, bem como a vida do médico como um todo. Entre os principais benefícios notados após a adesão ao esporte, Tanque destaca a disciplina, a força de vontade e o respeito.

“Ainda tem a questão da saúde, já que, por ser atleta, tenho que me cuidar, fazer dieta. Jogar é bom, também, para tirar o estresse do dia a dia”, acrescenta.

Com o rúgbi, o médico desenvolveu habilidades, acumulou experiência, viajou pelos cinco continentes e certamente ouviu, ao longo da carreira como atleta, diversos comentários sobre supostas características violentas da prática. Refutando totalmente esse conceito, Duque esclarece que o esporte exige contato físico forte e que os atletas são preparados para esses impactos por meio de treinamentos adequados, que vão desde musculação à corrida, por exemplo. Além disso, as regras do jogo são rígidas e penalizam severamente qualquer jogada de caráter maldoso.

Participação nas Olimpíadas Em um país onde o rúgbi não é tão difundido como outros esportes, a seleção masculina brasileira se desenvolveu até chegar aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Quando questionado sobre o momento especial, Tanque explica que a preparação da equipe começou há quase dois anos e exigiu trabalho duro dos atletas, que contaram com o auxílio de uma comissão técnica estrangeira: “Trabalhamos com um técnico e um preparador físico da Argentina,

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Volta às Olimpíadas Após 92 anos longe das Olimpíadas, o rúgbi voltou a ser disputado nos Jogos do Rio. O esporte havia marcado presença nas edições de Paris (1900 e 1924), Londres (1908) e Antuérpia (1920), tendo como campeões a França, Austrália e os Estados Unidos (duas vezes). Dessa vez, porém, as disputas aconteceram na versão para sete jogadores, com tempo de jogo reduzido e partidas mais velozes.

Fonte: Rúgbi. Site Brasil 2016 [Internet]. Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/olimpiadas/ modalidades/rugbi>

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Rugby 15 x Sevens • O Rugby Union é a variação mais praticada do esporte pelo mundo. Nele, existem duas principais modalidades: a tradicional versão para 15 jogadores (rugby 15) e o formato com sete de cada lado (rugby de 7 ou sevens); • Ambas possuem as mesmas regras, com pequenas alterações. No rugby 15, a partida tem dois tempos com 40 minutos cada, enquanto que, no sevens, são dois tempos de 7 minutos, com a partida final composta por dois tempos de dez minutos, podendo haver acréscimos; • Faltas graves são punidas com cartão amarelo, podendo levar o jogador a ficar fora da partida por dez minutos no rugby 15, e dois minutos no sevens. O segundo cartão amarelo ou falta gravíssima levam o jogador à expulsão; • O objetivo é sempre levar a bola até a linha de gol do campo adversário.

Fonte: Guia para iniciantes. Portal do Rugby [Internet]. Disponível em: <www.portaldorugby. com.br/entenda-o-rugby/guia-para-iniciantes> Leandro Monteiro

que é uma potência no rúgbi, e isso nos exigiu muito empenho, sobretudo na parte física”.

Apesar de a seleção não ter alcançado vitória alguma e terminado a competição em último lugar, o médico-atleta acredita que o evento foi uma chance para mostrar ao mundo que o rúgbi brasileiro está no caminho certo, evoluindo cada vez mais. “Acredito que temos um grande futuro no país. É um esporte que tem a cara do Brasil, no qual temos que ser guerreiros. Caímos várias vezes, mas nos levantamos e corremos atrás daquele objetivo. Além disso, é um esporte democrático, que aceita todos os tipos de pessoas. É questão de tempo para sermos uma potência”, sustenta.

O compromisso com o esporte, e especialmente com as Olimpíadas, adiou os planos de especialização de Duque. Segundo o médico, não foi possível conciliar as rotinas e, por isso, optou por trabalhar com Medicina do Trabalho, cuja prática é um pouco mais tranquila e flexível. Apesar da paixão pelo rúgbi, Tanque ressalta que jamais pensou em abandonar a Medicina. Para o futuro na área, o plano é especializarse em Ortopedia e seguir ajudando os companheiros de campo na parte médica. Mas, antes disso, vislumbra uma classificação para a Copa do Mundo de Rugby – principal competição da modalidade –, a participação no próximo Pan-Americano (2019) e a conquista do título brasileiro, ainda esse ano, pelo São José. g