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Quadrilhas Juninas
De origem francesa, era a dança da mais alta elite social, abria os bailes da corte em qualquer país europeu no século XIX. Também foi preferida no Brasil pela sociedade palaciana. Já no final do reinado de D. Pedro II, desceu as escadarias do palácio, perdeu seus ares aristocráticos e refugiou-se no sertão. Os participantes de hoje a consideram uma dança brejeira de origem caipira. No Nordeste, a quadrilha é uma dança típica da época de festas juninas. Há um animador que vai anunciando frases, a maioria em francês, e ditando os momentos da dança. Os dançarinos (casais) vestidos com roupas típicas da cultura caipira (camisas e vestidos xadrezes, chapéu de palha) seguem fazendo uma coreografia especial. A dança é bem animada com muitos movimentos e coreografias. Os termos em francês foram sendo adaptados ao linguajar nordestino, como por exemplo: Alavantú (en avant tous)- todos os casais vão à frente. Anarriê (en arrière) - casais vão para trás. Changê (changer/changez) - trocar/troquem o par. Cumprimento 'vis-à-vis', ou seja, frente a frente. Otrefoá (autre fois) - repete o passo anterior.
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Quadrilha Junina na escola Foto: Dulce Maria.
Vicente Balbino, nascido em 1902, até os anos 70 foi o animador de quadrilha junina mais requisitado de Petrolândia. Organizava, ensaiava e promovia as quadrilhas do clube, para adultos e nas escolas com as crianças, quando convidado. Não havia obrigatoriedade de vestimenta padronizada, cada um escolhia seu par com antecedência, ensaiava bastante e participava com sua melhor fantasia. Cada ensaio já era uma festa. O encontro, os flertes, o riso, a dança iam gerando um clima de animação culminada no dia da apresentação.
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Esse tipo de quadrilha ainda é bastante apreciada em Petrolândia. Seja dançada de improviso, nas festas de São João nos clubes ou nas escolas, onde as professoras continuam a organizar apresentação por turmas. No São João da Paróquia, desde 2003, se mantém a tradição da quermesse com barracas de comes e bebes, montadas em frente à Matriz e apresentações de quadrilha de crianças das escolas, dos grupos jovens e da terceira idade.

São João da Paróquia 2017/Foto: Assis Ramalho.
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"Padre" e "Noiva" do Grupo Reviver -São João da Paróquia de 2010/Foto: Assis Ramalho.
Mas as quadrilhas se modernizaram. Ganharam compasso mais acelerado, novas coreografias e, semelhante às escolas de samba, passaram a participar de campeonatos regionais, com premiação em dinheiro. Apresentam-se em figurino luxuoso e enredos criativos bem elaborados que vão muito além do simples casamento matuto, muitos são verdadeiras aulas de história e cultura. A Junina Brilho Matuto, de Petrolândia, representa muito bem essa nova modalidade de quadrilha.
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Quadrilha Junina Brilho Matuto no 16º São João da Paróquia 2019/Foto: Blog Assis Ramalho.
Formada por um grupo de jovens, em sua maioria da Igreja católica, fez sua primeira apresentação em 2013, no São João da Paróquia, com muito brilho, fazendo jus ao nome. O objetivo era envolver os jovens em atividades culturais, independente do credo religioso professado. Hoje o coletivo participa de competições no Estado e é convidado a se apresentar na região. As peças do figurino são confeccionadas, em geral, pelo próprio participante com a ajuda de patrocinadores ou de recursos adquiridos em atividades promovidas pelo grupo, como rifas e vendas de lanche durante o ano.
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