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Banda de Pífano
Tem como instrumento principal a flauta confeccionada com vara de taboca. Uma adaptação das flautas indígenas às flautas populares europeias trazidas pelos portugueses, passando a conter o mesmo número de furos daquelas usadas nas bandas militares da Europa. À flauta é mais tarde acrescentada a percussão da tradição africana e a banda passa a ser formada pelos seguintes instrumentos: pífanos e zabumba, embrião das bandas de forró. Na festa do Padroeiro, em Petrolândia, a Banda de Pífano tradicionalmente se apresenta todas as noites, nas novenas. Antes, porém, tocam sentados em um banco na frente da igreja, recepcionando o povo que vem chegando. No final da novena, ao som dos dois pífanos, uma zabumba e uma caixa, o quarteto, em dupla, dá entrada na igreja e faz respeitosas evoluções ritmadas em frente ao altar, sob os aplausos da assembleia. A banda é presença certa também na festa de Nossa Senhora da Saúde, em Tacaratu. Descendente do povo Pankararu, José Barros dos Santos, Zé do Pife, como é conhecido, nasceu e criou-se na Aldeia Saco dos Barros. Seu pai tocava pífano e embora tenha morrido cedo, quando Zé era
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ainda menino, acredita ter herdado dele o gosto pela música. Um primo acabou sendo seu mestre. Toda tardezinha quando o primo treinava a batida na zabumba de couro de cabra na frente da casa, ele e outros iam chegando e se aproximando. Foi se interessando, perguntando, experimentando e aprendendo. Aos dezessete anos, já era chamado aqui e acolá para acompanhar outro primo nas “tocadas” das novenas. Sua primeira experiência foi na Festa de Santo Antônio no Brejo dos Padres. Depois que o primo faleceu juntou-se de vez ao grupo e passou a tocar em praticamente todas as novenas da região em torno de Petrolândia. Terminada as nove noites de uma e já seguia para outra. No início fazia o som com uma gaita de madeira de fabricação caseira. Depois substituiu a gaita pela flauta, que ele mesmo confecciona em PVC, com sete furos, três de um lado, três do outro e um em cima de soprar. Passou a fabricar tanto a gaita como a flauta para vender por onde anda. Subsistindo da roça quando tem chuva, Zé do Pife sonha em um dia poder viver exclusivamente da sua arte, tocando nos pés dos santos nas igrejas enquanto for vivo, assim ele diz.
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