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Presidente
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Gerente Educacional
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Gerente de Criação de Projetos
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Gestores Editoriais
Marcos Tardin
Deglaucy Jorge Teixeira
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Gerente de Audiovisual
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Gerente Técnico
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Coordenadora de Projetos e Relacionamento
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Coordenadora de Operações
Juliana Oliveira
Analista de Contas
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Analista de Licitações
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Gerente Pedagógica
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Coordenadora de Cursos
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Secretária Escolar
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Desenvolvedora Front-End
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Assistentes Educacionais
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Gerente de Marketing e Design
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Designers
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Kamilla Damasceno
Analista de Mídias Sociais
Beatriz Araújo Girão
Analista SALES OPS
Aldenir da Silva Ferreira Carvalho
Concepção e Coordenação Geral
Valéria Xavier
Coordenação de Conteúdo
Daiany França Saldanha
Ilustração
Carlus Campos
Edição de Arte
Andrea Araujo
Designer
Mariana Araujo

Analista de Operações
Alexandra Carvalho
Analista de Projetos
Elizabete Dantas

S162d
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
2025-5388
Saldanha, Daiany Mayara de França Desenvolvimento de programas esportivos para meninas e mulheres [recurso eletrônico] / Daiany Mayara de França Saldanha; ilustrado por Carlus Campos. – 2. ed. - Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2025. ePUB.
ISBN: 978-65-5383-200-8 (ePUB)
1. Esporte. 2. Educação. 3. Meninas. 4. Mulheres. 5. Inclusão. I. Campos, Carlus. II. Título.
CDD 796
CDU 796
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
Índice para catálogo sistemático:
1. Esporte 796
2. Esporte 796



Este fascículo introduz os conceitos fundamentais que orientam a criação de programas esportivos para meninas e mulheres. Para além da simples abertura de vagas em atividades físicas e esportivas, é preciso compreender as desigualdades históricas que estruturam o acesso ao esporte e reconhecer que a inclusão verdadeira exige equidade, salvaguarda e desenho universal. A partir desses princípios, discutiremos o que significa garantir acesso e permanência real, analisando exemplos concretos, como o caso do Meninas em Campo, que integra esporte, educação e cidadania em uma proposta metodológica reconhecida nacional e internacionalmente.
Ao final deste fascículo, espera-se que a leitora e o leitor sejam capazes de:
5 Diferenciar os conceitos de desigualdade, igualdade, equidade e desenho universal, aplicando-os ao contexto esportivo.
5 Compreender o que caracteriza um programa metodológico e como ele se distingue de projetos ou ações pontuais.
5 Reconhecer as barreiras materiais, culturais e institucionais que afetam a participação de meninas e mulheres no esporte.
5 Refletir sobre como princípios de equidade e inclusão podem ser incorporados desde o planejamento inicial de programas.
5 Valorizar experiências práticas, como o Meninas em Campo, que demonstram na realidade como o esporte pode ser espaço de cidadania, proteção e transformação social.



Para compreender como desenvolver programas esportivos voltados a meninas e mulheres, é necessário partir de alguns princípios que orientam qualquer proposta séria de inclusão. Esses princípios nos ajudam a responder a uma questão básica: o que significa garantir acesso e permanência real ao esporte em contextos marcados por desigualdades históricas e estruturais?
A imagem a seguir ilustra quatro abordagens distintas: desigualdade, igualdade, equidade e desenho universal. Ela mostra que não basta oferecer a mesma coisa a todas as pessoas (igualdade); é preciso reconhecer diferen-
ças e oferecer apoios diferenciados (equidade). Mais do que isso, é possível conceber estruturas que já nasçam inclusivas (desenho universal), evitando a necessidade de correções posteriores.
desigualdade

equidade
igualdade desenho universal

5 Desigualdade: quando partimos de pontos de origem muito diferentes e não existe nenhum esforço de compensação. No esporte, isso se manifesta na ausência de infraestrutura em territórios periféricos, na falta de material esportivo adequado ou mesmo em ambientes hostis às meninas.
5 Igualdade: quando oferecemos a mesma coisa para todas as pessoas, mas ignoramos que as condições de partida são desiguais. Por exemplo, abrir uma turma de futebol e anunciar que “qualquer pessoa pode se inscrever” não garante que meninas participarão – muitas vezes a cultura local, o transporte, a segurança ou a divisão de tarefas em casa são barreiras invisíveis.
5 Equidade: quando reconhecemos as diferenças e oferecemos recursos ajustados a cada realidade. No esporte, isso pode significar flexibilizar horários, garantir dignidade menstrual, incluir profissionais mulheres como técnicas e monitoras ou criar protocolos de salvaguarda.
5 Desenho Universal: quando os espaços, serviços e metodologias já são concebidos desde o início para incluir a diversidade. Aqui, a barreira não precisa ser compensada depois: ela é eliminada no projeto inicial. É o caso de infraestrutura acessível, regulamentos que já preveem a participação de meninas, campanhas que usam linguagem inclusiva e equipes que, por padrão, consideram a pluralidade de trajetórias.
No campo esportivo, esses princípios ajudam a perceber que não basta abrir uma turma de qualquer modalidade para meninas: é necessário garantir espaços seguros, referências positivas, condições materiais e culturais para permanência, além de metodologias que acolham a diversidade. O Meninas em Campo é um exemplo disso, ao combinar esporte, educação e cidadania em um currículo integrado e contar com uma equipe multiprofissional, majoritariamente feminina. Mais do que treinamento técnico, o programa oferece proteção e acolhimento.
Quer conhecer de perto a proposta metodológica do Meninas em Campo?
Acesse o site oficial e descubra histórias, conteúdos e materiais produzidos pelo projeto:
www.meninasemcampo.org.br
Neste fascículo, o termo programa é entendido como o “guarda-chuva” que organiza diferentes frentes que caminham na mesma direção ao longo do tempo. Ele abrange:
5 projetos temporários (como oficinas, festivais ou competições);
5 serviços permanentes (escolinhas, treinos regulares);
5 ações de fortalecimento familiar e comunitário;
5 protocolos de salvaguarda e acolhimento;
5 estratégias de comunicação;
5 formação e cuidado com a equipe;
5 manutenção de espaços e articulação com a rede local.
Chamamos também de programa metodológico, porque não se trata apenas de eventos pontuais, mas de um arranjo que reúne princípios, rotinas e práticas para que o esporte com meninas e mulheres funcione no cotidiano. Isso significa prever desde o básico – acolhimento e cuidado, dignidade menstrual, negociação de horários
mais seguros – até decisões mais complexas, como orçamento e monitoramento integrado.
Ao organizar essas rotinas dentro do programa, elas deixam de ser tratadas como complementares e passam a compor o núcleo da gestão. Essa lógica se conecta diretamente ao desenho universal já apresentado no início da seção: não é preciso esperar que barreiras apareçam para depois remediá-las, porque o próprio desenho do programa já antecipa a diversidade de trajetórias e reduz obstáculos desde o princípio
Essa compreensão também dialoga com a literatura de gestão de projetos, trazendo consistência técnica ao campo social. O guia Program DPro diferencia três níveis:
5 Projetos: intervenções temporárias com objetivos específicos;
5 Programas: grupos de projetos e atividades coordenados para gerar um impacto maior que a soma das partes;
5 Portfólio: nível estratégico, que prioriza programas e projetos conforme a visão da instituição.
No campo social e esportivo, esses termos muitas vezes são usados de forma intercambiável, o que gera ruídos. Ao explicitar definições, fortalecemos a governança e tornamos a comunicação mais clara entre equipes, conselhos e financiadores, um passo essencial para consolidar programas metodológicos sólidos e sustentáveis.
A visão de oferta esportiva de um programa não pode se limitar a abrir vagas pontuais ou atender apenas uma fase da vida. O esporte precisa ser pensado como parte de uma trajetória contínua, acompanhando meninas e mulheres em diferentes etapas da vida, desde a infância até a maturidade. Essa perspectiva é conhecida como desenvolvimento esportivo de longo prazo, e se apoia na ideia de que cada fase exige estímulos, metodologias e apoios específicos.
Na infância, experiências diversificadas de movimentos como: jogos, brincadeiras, danças e esportes variados. Constroem a base para uma relação positiva e duradoura com o corpo. Na adolescência, quando barreiras culturais e sociais costumam afastar meninas do esporte, programas consistentes precisam oferecer acolhimento, dignidade menstrual, referências femininas e metodologias acolhedoras que garantam permanência.
Na juventude e na vida adulta, o esporte pode assumir diferentes sentidos: lazer, saúde, formação de carreira, participação comunitária. Já na maturidade e na velhice, o desafio é garantir que mulheres continuem encontrando espaços de prática acessíveis e significativos, superando a ideia de que envelhecer significa afastar-se do movimento. Compreender o esporte como direito ao longo da vida ajuda a estruturar programas esportivos que não apenas iniciam meninas em uma modalidade, mas também criam condições para que continuem praticando, transformando-o em parte de sua identidade, saúde e cidadania.

Fonte: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional – Movimento é vida: atividades físicas e esportivas para todas as pessoas: 2017. Brasília: PNUD, 2017. p. 27.




A entrada e a permanência de meninas e mulheres no esporte são atravessadas por barreiras múltiplas. Elas podem ser materiais (falta de uniforme, transporte, infraestrutura), culturais (estereótipos de gênero, ausência de apoio familiar, naturalização da violência), ou institucionais (regulamentos que desconsideram especificidades, ausência de protocolos de salvaguarda, pouca representatividade feminina nas equipes).
Essas barreiras raramente aparecem de forma isolada: elas se cruzam, formando obstáculos que afastam muitas meninas do esporte ainda na infância. Reconhecê-las é o primeiro passo para transformá-las.
Exemplo prático: em comunidades periféricas, mesmo quando há quadra disponível, o horário de treino pode coincidir com tarefas domésticas atribuídas às meninas, ou a falta de iluminação e transporte seguro pode inviabilizar o deslocamento. Isso mostra como gênero, classe e território se entrelaçam para restringir o acesso.

Para compreender melhor essas barreiras, podemos recorrer ao conceito de determinantes sociais da saúde, amplamente utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo SUS. Esse marco mostra que desigualdades não nascem apenas de escolhas individuais, mas são resultado de fatores estruturais que moldam condições de vida, oportunidades e acesso a direitos.
Aplicando esse olhar ao esporte, identificamos três níveis interligados:
Determinantes sociais da participação no esporte
NívelDeterminantesExemplos no esporte Impacto sobre meninas e mulheres
Estruturais
Classe social, gênero, raça, políticas públicas, cultura e valores sociais
Ausência de políticas esportivas inclusivas; estereótipos de que “futebol não é para mulheres”; racismo estrutural que invisibiliza meninas negras e indígenas; concentração de investimentos no Sudeste
Desestímulo à participação; falta de recursos e reconhecimento; barreiras simbólicas e institucionais que afastam meninas desde cedo
Intermediários
Individuais e familiares
Condições de moradia e trabalho, renda, educação, transporte, segurança pública
Quadras sem iluminação, falta de transporte seguro, evasão escolar, insegurança alimentar, sobrecarga de tarefas domésticas
Dificuldade de acesso aos treinos, abandono precoce, limitação do tempo livre para esporte
Apoio familiar e comunitário, autoestima, fatores psicossociais e biológicos
Pais que não permitem a participação, vergonha do corpo, ausência de acolhimento da menarca, pouca representatividade feminina no entorno
Baixa adesão, queda de confiança, maior vulnerabilidade à exclusão social
Fonte: Elaboração própria a partir de Solar & Irwin (2010), Organização Mundial da Saúde.
Ao reconhecer esses determinantes, fica mais evidente que ampliar a participação esportiva não se limita a oferecer turmas ou abrir vagas. É preciso enfrentar desigualdades de forma estrutural e integrada, articulando políticas públicas, estratégias comunitárias e metodologias pedagógicas que reduzam barreiras e criem condições reais para a permanência das meninas no esporte.


Reconhecer as barreiras é apenas o primeiro passo. O desafio central dos programas esportivos para meninas e mulheres é transformar esse diagnóstico em estratégias consistentes de superação. Capazes de enfrentar desigualdades estruturais e, ao mesmo tempo, fortalecer trajetórias individuais e coletivas.
Essas estratégias podem ser organizadas em quatro dimensões complementares: espaços seguros e inclusivos, metodologias pedagógicas críticas, estruturas de apoio integradas e fortalecimento comunitário.
A construção de espaços seguros vai além da infraestrutura física: envolve protocolos, cultura organizacional e referências humanas. Programas bem-sucedidos costumam adotar medidas como:
5 Protocolos de salvaguarda explícitos e acessíveis: com canais de denúncia confiáveis e resposta ágil.
5 Presença de mulheres em posições de liderança e monitoria: fortalecendo a representatividade e oferecendo referências positivas.
5 Ambientes protegidos e acolhedores: onde as meninas se sintam respeitadas em sua diversidade, livres de assédio, discriminação ou violência.
5 Formação continuada da equipe: para que saibam prevenir e enfrentar situações de risco com responsabilidade e sensibilidade.
5 Construção coletiva de regras de convivência: com participação ativa das meninas, fortalecendo pertencimento e corresponsabilidade.
5 Acessibilidade física e comunicacional: garantindo que meninas com deficiência também encontrem espaços de prática esportiva plenamente inclusivos.

Neste vídeo, a Plan Brasil apresenta como a organização desenvolveu e aplica sua política de salvaguarda, mostrando mecanismos práticos para proteger crianças, adolescentes e jovens em todos os seus projetos. Aborda temas como canais de denúncia, responsabilização, educação dos colaboradores e a importância de cultura organizacional preventiva.
Trechos importantes para assistir:
5 O que é uma política de salvaguarda e por que ela vai além de regras formais.
5 Exemplos de procedimentos internos (como capacitação de equipe, protocolos de resposta a incidentes).
5 A participação da comunidade, das famílias e das crianças no monitoramento dessas políticas.
Por que isso importa para projetos esportivos com meninas:
5 Demonstra práticas concretas de prevenção de abusos, assédio e discriminação.
5 Serve como modelo de como estruturar protocolos de segurança no esporte.
5 Ajuda a construir confiança das famílias, das meninas e da comunidade, mostrando que o programa leva a proteção a sério.
Como usar no programa:
5 Assistir junto com a equipe técnica para alinhar visão comum de salvaguarda.
5 Extrair elementos que façam sentido no seu território e adaptá-los: quem serão os responsáveis, como funcionará o canal de denúncia, como será a formação da equipe.
5 Incorporar em documento público do programa, como manual de boas práticas ou no regimento interno.
Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=S_



A permanência das meninas no esporte depende não apenas da oferta, mas da forma como a prática é conduzida. Metodologias pedagógicas críticas e inclusivas reconhecem que o esporte é também espaço de formação cidadã e transformação social. Entre os principais elementos estão:
5 Escuta ativa: processos que acolhem dúvidas, desejos e experiências das meninas, transformando o treino em espaço de diálogo.
5 Cocriação: construção coletiva de regras, atividades e até formatos de festivais ou competições, o que reforça pertencimento e autonomia.
5 Integração com o currículo escolar e comunitário: cria vínculos com o território, aproxima famílias e educadores e reforça o sentido do esporte como parte da educação integral.
5 Desconstrução de estereótipos de gênero: evidencia que o esporte não tem fronteiras fixas e pode ser espaço de liberdade, criatividade e transformação social.
5 Avaliação formativa ressignificada: em vez de apenas medir desempenho esportivo, valoriza o envolvimento, a cooperação e o desenvolvimento pessoal e coletivo.
Desenvolvido pela Empodera, o jogo A Copa é Delas convida meninas, jovens e educadores a refletirem, de forma lúdica, sobre gênero, esporte e empoderamento. Por meio de perguntas e desafios, promove debates sobre desigualdades e estimula soluções coletivas.
Acesse o jogo aqui: https://empodera.org.br/material/ jogo-de-tabuleiro-a-copa-e-delas/

Programas não se sustentam por muito tempo no improviso: precisam criar estruturas sólidas que fortaleçam o cotidiano das meninas e deem respostas às desigualdades que atravessam suas vidas. Essas estruturas não são “extras”, mas parte do núcleo do programa, pois garantem acesso real e continuidade. Entre as principais estão:
5 Dignidade menstrual: distribuição de absorventes, oferta de insumos básicos e rodas de conversa sobre saúde. O cuidado com a menstruação reduz evasão nesse período, rompe tabus e afirma que os corpos das meninas devem ser respeitados.
5 Negociação de horários: definição de treinos em momentos mais seguros para deslocamento e compatíveis com responsabilidades familiares. Essa prática reconhece a divisão desigual de tarefas e cria condições mais justas de participação.
5 Comunicação constante com famílias: rodas de conversa, encontros comunitários e canais digitais que aproximam responsáveis do processo, fortalecendo a confiança e diminuindo resistências culturais.
5 Apoio psicossocial: acompanhamento individual ou em grupo para lidar com situações de violência, discriminação, sobrecarga emocional ou insegurança.
Esse apoio amplia a rede de proteção e cria condições para que as meninas permaneçam no esporte.
5 Transporte seguro: garantir deslocamento de ida e volta, sobretudo em áreas com pouca infraestrutura
ou alto índice de violência. Pode envolver parceria com prefeituras, transporte escolar ou apoio comunitário.
5 Alimentação adequada: muitas meninas chegam aos treinos sem ter se alimentado; oferecer lanches saudáveis ou articular com programas de segurança alimentar ajuda na saúde e no rendimento esportivo.
5 Apoio educacional: reforço escolar, acompanhamento da frequência e diálogo constante com professores evitam que a prática esportiva seja vista como um obstáculo ao desempenho acadêmico.
5 Atenção à saúde integral: articulação com postos de saúde para vacinação, atendimento ginecológico e suporte psicológico, reconhecendo o corpo das meninas em sua totalidade.
Você sabia que pessoas que menstrua podem receber absorventes gratuitos pelo SUS?
Em 2023, no Dia Internacional da Mulher, o Governo Federal criou o Programa Dignidade Menstrual (Decreto nº 11.432/2023). A iniciativa garante distribuição gratuita de absorventes higiênicos para estudantes de baixa renda, pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema. O objetivo é combater a pobreza menstrual, que afasta meninas e mulheres da escola, do trabalho e do esporte.
Assista ao vídeo explicativo: https://www.youtube. com/watch?v=PnyChzR4j6k
Nenhum programa se sustenta sozinho. A conexão com a comunidade é o que garante legitimidade, adesão e continuidade. O fortalecimento comunitário assume diferentes formas, mas, em projetos esportivos, sua efetividade depende de estarem profundamente ligados ao território e às realidades locais.
5 Parcerias com escolas e serviços públicos: integrar o esporte às políticas de educação, saúde e assistência amplia o alcance das ações, cria fluxos de encaminhamento e reforça a importância do programa como parte do sistema de garantia de direitos.
5 Trabalho em rede com organizações da sociedade civil: compartilhar metodologias, participar de campanhas conjuntas e trocar recursos gera aprendizados e legitimação. O programa deixa de ser uma ação isolada e passa a compor uma frente coletiva em defesa do direito ao esporte.
5 Eventos comunitários e festivais: não se tratam apenas de celebrações, mas de momentos de visibilidade e pertencimento. Ao colocar meninas e mulheres no centro da cena, os festivais ajudam a desconstruir estereótipos, mobilizar famílias e atrair novas parcerias.
5 Envolvimento das famílias: criar canais para que mães, pais e responsáveis acompanhem e participem das decisões aumenta a confiança e reduz resistências culturais. Conselhos consultivos comunitários ou rodas de diálogo são boas estratégias.
5 Protagonismo juvenil: permitir que adolescentes mais velhas ou ex-participantes assumam papéis de monitoria, liderança de atividades ou apoio em eventos reforça a continuidade geracional e cria modelos positivos para as mais novas.
5 Articulação política local: participar de conselhos municipais e fóruns de políticas públicas fortalece a voz do programa e ajuda a inserir as demandas das meninas na agenda pública, ampliando impacto para além do território imediato.
Comunidade que fortalece lideranças do esporte com foco em gestão, equidade e captação de recursos. Promove capacitações, intercâmbios e redes de troca para pessoas que querem impactar suas comunidades por meio do esporte.
Conheça o Líderes Esportivos: https://lideresesportivos.com.br/


O Meninas em Campo (MeC) nasceu em São Paulo (SP), em 2016, diante do desconforto com a ausência de meninas nos campos de futebol, mesmo em territórios onde o esporte faz parte do cotidiano. Criado como iniciativa comunitária e apoiado pelo Colégio Santa Cruz e pela Congregação de Santa Cruz, o projeto se consolidou no Centro de Treinamento Santa Cruz, no bairro Butantã, e desde então vem transformando a vida de meninas entre 9 e 17 anos, ao articular esporte, educação e cidadania.
Em 2025, o MeC alcançou reconhecimento internacional ao se tornar a única organização da sociedade civil brasileira signatária do movimento Football for the Goals da ONU, conectando sua prática local à agenda global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Esse marco reforça o papel do MeC como pioneiro em integrar práticas esportivas inclusivas a compromissos de impacto social e sustentabilidade.

condições e recursos principais ações resultados esperados impacto
Espaço esportivo seguro e exclusivo para meninas.
Infraestrutura física e materiais adequados á prática esportiva.
Espaços de escuta, diálogo e tomada de decisão compartilhada com as meninas.
Metodologia estruturada, validada e em constante apromoramento.
Equipe interdisciplinar com maioria de mulheres, atuaçao qualificada e participação em processos contínuos de formação e coaprendizagem.
Treinos gratuitos, regulares e progressivos conforme idade, maturação e nível esportivo (Iniciação, Aprendizagem, Treinamento + Escola de Goleiras).
Currículo integrado que articula dimensões físicas, emocionais e sociais no processo formativo, aliado atendimento psicológico e assistência socia às meninas e suas famílias.
Oficina e rodas sobre saúde, cidadania, gênero, carreira e direitos.
Projeto Família em Jogo, com ações para promover o vínculo entre meninas, famílias e o projeto.
Mais meninas com acesso contínuo e seguro ao futebol.
Meninas confiantes em suas habilidades e engajadas com o futebol como espaço de expressão, pertencimento e ralização.
Meninas como protagonistas do projeto e de suas trajetórias.
Fortalecimentos dos vínculos familiares e comunitários, com maior envolvimento das famílias no processo formativo das meninas.
Promoção da equidade e da justiça de gênero, com a ampliação do acesso e da permanência de meninas no esporte.
Afirmaçãode um ambiente esportivo inclusivo, seguro e comprometido com o desenvolvimento integral das meninas.
Ampliação das possibilidades de vida e de escolhas para meninas, a partir da prática esportiva como direito e território de potência.

condições e recursos principais ações resultados esperados impacto
Compromisso institucional com a formação continuada de mulheres profissionais do esporte.
Programa “Academia MEC”- formação de mulheres treinadoras e gestoras, dentro e fora do projeto.
Mais mulheres com oportunidades profissionais e atuação em cargos de liderança entro e fora do MEC.
Mulheres com suas competências e redes de apoio ampliadas.
Reconhecimento das mulheres na liderança como parte estratégica do desenvolvimento esportivo.
Ampliação de representatividade de mulheres no esporte, em múltiplos níveis e funções.
Estruturas esportivas mais diversas, inclusivas e orientadas por justiça de gênero.
Transformação dos modelos de liderança no campo esportivo, com protagonismo e voz ativa das mulheres.


condições e recursos principais ações resultados esperados impacto
Compromisso com atuação conectada a redes, parcerias e movimentos por equidade de gênero no esporte.
Reconhecimento da importância da incidência pública e da produção de conhecimento como formas de ampliar impacto.
Estabelecimentos de parcerias estratéicas com instituições acadêmias, organizações da sociedade civil e iniciativas esportivas, em níveis local, nacional e internacional.
Participação ativa em eventos esportivos, prêmios, conferências e redes temáticas.
Conexão com políticas públicas e espaços de advocacy pela equidade de gênero no esporte.
Disseminação de boas práticas, metodologias e conteúdos formativos para ampliar o alcance e a legitimidade do projeto.
Projeto de reconhecimento como referência na inclusão de meninas e mulheres no esporte, com foco em participação ativa e protagonismo na liderança.
Fortalecimento de alianças duradouras que ampliam oportunidades para meninas e mulheres no esporte.
Incidência qualificada sobre políticas públicas e agendas sociais.
Ampliação da atuação territorial, com mais comunidades e instituições engajadas.
Mais setores, territórios e lideranças mobilizados para garantir que meninas não fiquem fora do jogo.
Cultura esportiva fortalecida por uma rede de colaboração, equidade e transformação social.
Uma Teoria da Mudança (TdM) é uma ferramenta de planejamento e avaliação que ajuda a explicar como e por que uma intervenção – como um programa social, educativo ou esportivo – deve gerar os resultados e impactos esperados
O MeC não se define apenas como um projeto de futebol, mas como um programa metodológico: um arranjo que articula currículo, equipe e práticas cotidianas em torno de uma proposta pedagógica de longo prazo. Essa escolha permite que cada ação – dos treinos à comunicação com as famílias – se insira em uma engrenagem mais ampla, coerente e sustentável.
Sua base está em três eixos transversais que perpassam todo o trabalho:
5 Saúde da menina e da mulher: promove práticas de autocuidado e de respeito ao corpo, à saúde física, emocional e psicológica, incluindo direitos sexuais e reprodutivos.
5 Mundo do trabalho e carreira: amplia horizontes, conectando a vivência esportiva a reflexões sobre futuro profissional, interesses e metas individuais.
5 Gênero e interseccionalidade: enfrenta desigualdades ao reconhecer que raça, classe, território e sexualidade atravessam a experiência esportiva das meninas, demandando respostas pedagógicas críticas e inclusivas.
Esses eixos não aparecem como temas isolados, mas são integrados ao currículo, que abrange desde a iniciação esportiva (Sub-11 e Sub-13) até etapas de aprendizagem e treinamento (Sub-15 e Sub-17). A matriz curricular garante progressão, continuidade e acompanhamento individualizado, articulando dimensões esportivas, físicas, psicológicas e sociais.

Fonte: Meninas em Campo. Caderno Metodológico. São Paulo: Meninas em Campo, 2025.
Outro traço distintivo é a composição das equipes interdisciplinares, formadas majoritariamente por mulheres. Essa escolha assegura referências positivas e fortalece um ambiente de aprendizagem democrática, rompendo com modelos autoritários e hierárquicos ainda comuns no esporte.
A metodologia também se expressa em protocolos de salvaguarda, na formação continuada da equipe e em práticas pedagógicas que unem futebol e temas sociais, como igualdade de gênero e diversidade. O resultado é um currículo vivo, que conecta teoria e prática, e que foi sistematizado em parceria com a Universidade de Bristol para garantir rigor e replicabilidade sem perder a dimensão local.
Ao longo deste fascículo, destacamos como programas esportivos para meninas e mulheres precisam ir além da quadra, articulando cuidado, proteção e protagonismo com a prática esportiva. No Meninas em Campo, essa visão se traduz em ações cotidianas que garantem permanência, segurança e vínculos comunitários. Não se trata apenas de treinar, mas de construir um ambiente integral em que cada detalhe faz parte da metodologia. Essas estratégias podem ser resumidas no quadro a seguir:
EstratégiaComo se realiza no cotidianoImpacto nas meninas
Espaços seguros e acolhedores
Dignidade menstrual
Negociação de horários e segurança
Comunicação com famílias e rede local
Eventos comunitários e festivais
Quadras iluminadas, regras de convivência, acompanhamento próximo e protocolos de proteção
Distribuição de absorventes e rodas de conversa sobre saúde menstrual
Treinos ajustados à rotina familiar e em horários com maior segurança para deslocamento
Reuniões, rodas de conversa e articulação com escolas e serviços públicos
Ex.: Copa Elas em Campo, que mobiliza parceiras e dá visibilidade às meninas
Aumenta confiança, reduz riscos e favorece permanência
Evita faltas em treinos/ competições e quebra tabus
Reduz abandono por sobrecarga doméstica ou insegurança
Amplia apoio comunitário e fortalece vínculos
Celebra conquistas, gera pertencimento e engaja a comunidade

A sustentabilidade do Meninas em Campo está diretamente ligada à forma como sua gestão é organizada. O programa adota comitês temáticos de planejamento estratégico, pedagógico, comunicação, captação, operação e infraestrutura que asseguram clareza de papéis, descentralização de decisões e fortalecimento da governança. Essa organização permite que cada frente avance com autonomia, mas sempre alinhada ao propósito central.
No financiamento, o MeC combina recursos provenientes de leis de incentivo com parcerias privadas estratégicas, diversificando fontes e garantindo maior estabilidade financeira. A realização de auditorias internas e externas reforça a transparência e legitima o programa perante investidores sociais, poder público e comunidade. Adicionalmente, o MeC dialoga com padrões internacionais de gestão de projetos, como os estabelecidos no Program DPro. Estruturando seu portfólio de atividades em torno de metas de longo prazo, o programa amplia a consistência e a capacidade de replicação de suas práticas, sem abrir mão do caráter comunitário.

Os impactos do Meninas em Campo vão além do esporte. A experiência acumulada mostra que programas estruturados em torno de equidade e interseccionalidade podem transformar a vida das meninas em múltiplas dimensões:
5 Desempenho esportivo: avanços técnicos, táticos e físicos demonstram que, quando têm acesso a treinos de qualidade, as meninas alcançam alto rendimento.
5 Autoestima e autoconfiança: o reconhecimento de conquistas fortalece a percepção de capacidade e rompe barreiras simbólicas que historicamente afastaram meninas do esporte.
5 Protagonismo feminino: ao ocupar espaços de decisão nos treinos, nos eventos e na comunidade, as participantes exercem liderança e aprendem a reivindicar direitos.
5 Transformações comunitárias: famílias e comunidades passam a ressignificar suas percepções sobre gênero e esporte, reconhecendo o futebol como espaço legítimo de cidadania e igualdade.
Esses aprendizados demonstram que o esporte, quando conduzido com intencionalidade pedagógica e compromisso com a equidade, é uma poderosa plataforma de desenvolvimento humano e social.
O modelo do MeC inspira outras organizações ao mostrar que programas esportivos para meninas e mulheres podem, e devem, ultrapassar os limites do treinamento técnico. Ao articular metodologia pedagógica, gestão sólida e enraizamento comunitário, o projeto evidencia que é possível enfrentar estereótipos, criar ambientes seguros e transformar o futebol em um espaço de cidadania e igualdade.
Essa experiência aponta caminhos para que outros territórios adaptem práticas às suas especificidades locais, sem abrir mão da clareza de princípios, da centralidade na proteção das meninas e do compromisso radical com a equidade. Em outras palavras, o legado do MeC não é apenas local: ele projeta horizontes de transformação mais ampla para o esporte e para a sociedade.



Esse manifesto, produzido pelo Meninas em Campo, reúne depoimentos e reflexões sobre o papel do esporte como veículo de inclusão, equidade e transformação social. Ele amplifica vozes de meninas, educadoras e lideranças que lutam por um esporte justo e acessível, desafiando estereótipos e reivindicando direitos.
Como usar:
5 Exibir em roda de conversa ou oficina com meninas, equipe técnica ou famílias.
5 Provocar perguntas como: “Quais dessas vozes são parecidas com as da minha comunidade?” ou “Que estereótipos esse vídeo nos desafia?”
5 Usar o manifesto como ponto de partida para construir um compromisso coletivo de mudança nos espaços esportivos.
Assista ao manifesto: https://www.youtube.com/watch?v=x-t7T-KbxhU


O desenvolvimento de programas esportivos para meninas e mulheres é, ao mesmo tempo, uma urgência e uma oportunidade. Urgência, porque ainda convivemos com barreiras históricas que afastam meninas do esporte desde cedo. Oportunidade, porque experiências como o Meninas em Campo mostram que, quando as portas se abrem e a permanência é garantida, o impacto se espalha para além da quadra, transformando famílias, comunidades e futuros.
Este fascículo reuniu conceitos, ferramentas e exemplos que podem orientar organizações a criarem ou fortalecerem suas iniciativas. O essencial, porém, é lembrar que não existe modelo único: cada território, cada grupo de meninas, cada rede local vai exigir adaptações criativas e escolhas pedagógicas próprias. O que não pode faltar são princípios claros de equidade, salvaguarda e compromisso com o protagonismo feminino. Que este material sirva como ponto de partida para novas práticas, colaborações e sonhos coletivos. Afinal, o jogo pela igualdade está em curso, e cada organização pode ser parte dessa transformação.


EMPODERA. Jogo de Tabuleiro: A Copa é Delas. São Paulo, 2025. Disponível em: https://empodera.org.br/material/jogo-de-tabuleiro-a-copa-e-delas/. Acesso em: 17 set. 2025.
ESTETUS SAÚDE. Dignidade menstrual: quem tem acesso ao programa? YouTube, [s. l.], [s. d.]. 1 vídeo (6 min 34 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PnyChzR4j6k. Acesso em: 17 set. 2025.
LÍDERES ESPORTIVOS. Plataforma de fortalecimento de lideranças. [S. l.], 2023. Disponível em: https://lideresesportivos.com.br/. Acesso em: 17 set. 2025.
MENINAS EM CAMPO. Caderno metodológico. São Paulo: Meninas em Campo, 2025.
MENINAS EM CAMPO. Manifesto: Por todas nós em campo. São Paulo, 2025. 1 vídeo (1 min 25 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x-t7T-KbxhU. Acesso em: 17 set. 2025.
PLAN INTERNATIONAL BRASIL. Política de Salvaguarda –Ambientes Seguros. [S. l.], 2022. 1 vídeo (3 min 45 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=S_qgIeFlEhU. Acesso em: 17 set. 2025.
PM4NGOs. Guia Program DPro: Gestão de Programas para o Setor de Desenvolvimento. Tradução para o português, v. 1.6. 2016. Disponível em: https://pm4ngos.org/pt-br/metodologias-e-guias/program-dpro/. Acesso em: 17 set. 2025.
PROF. ANTONIO GOMES. Desenho Universal para Aprendizagem. YouTube, [s. l.], [s. d.]. 1 vídeo (3 min 15 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EELZzteh8aQ. Acesso em: 17 set. 2025.
MENTO. Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional – Movimento é vida: atividades físicas e esportivas para todas as pessoas: 2017. Brasília: PNUD, 2017. Disponível em: https://www.undp.org/pt/brazil/publications/movimento-e-vida-atividades-fisicas-e-esportivas-para-todas-pessoas-relatorio-nacional-de-desenvolvimento-humano-do-brasil-2017. Acesso em: 17 set. 2025.
SALDANHA, Daiany França. Gestão e captação de recursos para projetos de futebol feminino. Brasília: Ministério do Esporte; Fortaleza: IFCE, 2024.
SALDANHA, Daiany França (coord.). Esporte Delas: empoderamento, inclusão e permanência de meninas e mulheres no esporte. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2023.
SOLAR, Orielle; IRWIN, Alec. A conceptual framework for action on the social determinants of health. Geneva: World Health Organization, 2010. Disponível em: https://iris.who. int/handle/10665/44489. Acesso em: 17 set. 2025.


Daiany França Saldanha
Doutoranda e mestra em Mudança
Social e Participação Política pela
EACH/USP. Fundadora do Líderes Esportivos e diretora da Mais Impacto, fellow do Global Sports Mentoring Program, líder do Comitê de Esporte do Grupo Mulheres do Brasil e embaixadora do Meninas em Campo, única organização da sociedade civil brasileira integrante do movimento Football for the Goals, da ONU. É também mentora de captação de recursos do Capacitação e Transformação, maior programa de democratização da Lei Federal de Incentivo ao Esporte no país. Fundou e presidiu por nove anos instituto reconhecido como “Best Organisation for Empowering Women Through Sport 2023”.

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