Plantar floresta, pra quê?

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a plantação de mogno-africano

e seus desafios

No Brasil, os plantios comerciais de mogno-africano são todos do gênero Khaya. Hoje, o gênero Khaya possui 8 espécies, mas, no Brasil, plantamos apenas 4 delas e temos 5 espécies desse gênero. As primeiras sementes de mogno-africano chegaram ao Brasil em 1976. Foram dadas de presente ao professor Ítalo Falesi, que as plantou na sede da Embrapa no estado do Pará. O professor recebeu essas sementes como sendo de Khaya ivorensis, mas, com o tempo, a CVRD – Vale do Rio Doce importou sementes de Khaya ivorensis, que foram plantadas na Reserva Natural da Vale do Rio Doce em Linhares, no estado do Espírito Santo, e, à medida que essas árvores foram crescendo, o mestre Gilberto Terra, que, na época trabalhava nessa reserva, percebeu que o mogno Khaya ivorensis que estava plantado na Reserva da Vale era completamente diferente do mogno Khaya ivorensis plantado na Embrapa em Belém, no estado do Pará. Esse foi um imbróglio que durou cerca de 5 a 6 anos, até o dia em que a ABPMA – Associação Brasileira dos Produtores de Mogno-africano trouxe o maior especialista em Khaya no mundo, que é o Dr. Bouka Dipelet Ulrich Gaël, para que essas árvores fossem classificadas botanicamente in loco e, assim, fosse identificado o nome real das duas espécies diferentes do gênero Khaya. O Gaël é natural da República do Congo, foi graduado na Universidade de Montppelier na França, que, recentemente, reclassificou, de forma científica e incontestável, todas as espécies do gênero Khaya.

As primeiras sementes de mogno-africano chegaram ao Brasil em 1976. Foram dadas de presente ao professor Ítalo Falesi, que as plantou na sede da Embrapa no estado do Pará. "

Milton Dino Frank Junior

Diretor da Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano

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Devido a essa visita, hoje sabemos que as árvores que estão na Embrapa-PA são de Khaya grandifoliola e que as árvores que estão na Reserva da Vale são Khaya ivorensis. A Khaya grandifoliola ocorre em florestas semidecíduas, especialmente em tipos mais secos e em savanas, mas, nesse último caso, geralmente ao longo de cursos de água, em áreas com precipitação anual de 1200-1800 mm e uma estação seca de 3 a 5 meses. Ocorre até 1400 m de altitude. Às vezes, pode ser encontrada em partes rochosas e montanhosas de florestas semidecíduas úmidas. No Sudão e em Uganda, ocorre na floresta de várzea, particularmente na floresta de galeria. Prefere solos úmidos, mas bem drenados, e é comum localmente, em solos aluviais em vales. A Khaya senegalensis ocorre na floresta da savana, geralmente em locais úmidos e ao longo de cursos de água, em áreas com 650 a 1300 mm de precipitação anual e uma estação seca de 4-7 meses. Ocorre até 1500 m de altitude. Às vezes, é encontrada na floresta ripária. Prefere solos aluviais profundos e bem drenados


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