A convergência entre tecnologia e automação

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BIOENERGÉTICA: cana, milho, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade, CBio, biohidrogênio e SAF

ano 22 • número 85 • Divisão C • Ago-Out 2025

BIOENERGÉTICA: cana, milho, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade, CBio, biohidrogênio e SAF ano 22 • número 85 • Divisão C • Ago-Out 2025

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Rogério Mian

Mário Campos Bioenergia-Siamig

Inês Janegitz

Cannavale

Calichman

Tirso Meirelles

Glaucia Lopes

José Cristóvão

Capa e Índice: Mailson Pignata

Maurício

Guilherme Belon
Alan Oliveira
Venturelli
Kelly Dardis Platform Science

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Nozela
Dário Sodré
Douglas Rocha AGCO
Marcos Grigoleto KPMG

Ensaio Especial

A conturbada relação Brasil e Estados Unidos e os reflexos para o setor de bioenergia

No último mês de janeiro, o presidente Donald Trump assumiu seu segundo mandato à frente da maior economia e uma das maiores democracias do mundo. Como prometido em sua campanha eleitoral, ele anunciou uma mudança radical na política comercial americana e elevou o nível de risco na economia mundial. Em abril, o governo americano anunciou o aumento das tarifas de importação para diversos países, dentre eles o Brasil, que ficou com a menor tarifa, cerca de 10%. Após um período de ansiedade e de certa apreensão, governo e setor privado se viram bem-posicionados frente aos nossos concorrentes.

Em julho, o presidente Trump anunciou a adoção, a partir de 1º de agosto, de uma nova tarifa extra de 50% sobre todas as importações originadas do Brasil. A medida caiu como uma bomba sobre o setor econômico brasileiro, pois os Estados Unidos são o segundo parceiro do Brasil com um fluxo de comércio internacional de mais de US$ 80 bilhões por ano, apresentando, inclusive, superávits consecutivos nos últimos anos. A carta enviada ao Brasil apresentava poucas diferenças das mais de duas dezenas enviadas a outros países no mesmo período. Além de citar as questões envolvendo o processo judicial do ex-presidente Bolsonaro, a carta também citava os processos judiciais relativos às plataformas de mídias sociais, de total interesse das chamadas big techs americanas.

O Brasil possui uma cesta extensa de produtos exportados aos Estados Unidos que vai de mel, produzido por produtores do Piauí, aos tecnológicos aviões da Embraer, produzidos em São Paulo. Dentre as commodities exportadas, destacam-se o café, o suco de laranja, a carne bovina, além do açúcar e do etanol.

O Brasil não é o único alvo. Muitos outros países passaram ou estão passando pelo mesmo processo frente à nova política de comércio exterior americana. "

Mário Campos Filho

Presidente da Bioenergia Brasil e da Siamig Bioenegia

A carta de Trump anunciava, igualmente, o início de uma investigação pelo Departamento de Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR na sigla em inglês) da seção 301, baseada na lei de comércio americana de 1974. Uma semana após o anúncio de Trump, o Brasil conhecia os seis tópicos da investigação da seção 301, onde o etanol mereceu destaque, juntamente com um capítulo relacionado ao desmatamento.

Apesar de apresentar superávit comercial com o Brasil relativo à balança comercial geral, a balança comercial no setor do agro apresenta um superávit brasileiro de cerca de US$ 9 bilhões. De acordo com o documento divulgado, que pode servir de embasamento técnico para a imposição da tarifa prometida, o Brasil, em especial o setor de pecuária e produção de soja, seria beneficiado por explorar extensas áreas desmatadas que, segundo eles, prejudicaria os pecuaristas e agricultores americanos.

Brasil e Estados Unidos são grandes players globais do agronegócio com grandes mercados internos e concorrem em diversas áreas por comércios ao redor do mundo. No setor de etanol não é diferente, onde os dois países juntos possuem 80% da produção mundial desse biocombustível. Os americanos, maiores produtores do mundo, produzem mais de 60 bilhões de litros, enquanto o Brasil alcançou, na última safra, expressivos 37 bilhões de litros. Com uso prioritariamente carburante, o Brasil já substitui mais de 45% da gasolina, enquanto nos Estados Unidos, o nível de substituição ainda se encontra próximo de 10%, apesar das inciativas de implementação do E15 e do E85. Já há alguns anos, os americanos, em função do pouco crescimento do seu mercado interno, apresentam excedentes exportáveis expressivos. Atualmente, os Estados Unidos precisam exportar cerca de 7,2 bilhões de litros e veem o Brasil como um cliente potencial para receber esse produto. Brasil e Estados Unidos têm um longo histórico no etanol, com a apresentação de grandes fluxos comerciais entre os dois países, principalmente depois de 2010.

Contudo, após um grande surto de importação em 2017 e 2018, o Brasil chegou a importar mais de 1,5 bilhões de litros anuais e decidiu elevar a alíquota do etanol.

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Depois de alguns períodos com cota volumétrica sem tarifa e um curto período em 2022 com alíquota zero, a atual taxa estabelece um imposto de importação de 18% para entrada de etanol no Brasil.

Enquanto isso, os Estados Unidos, que passaram mais de 30 anos com forte proteção ao mercado interno de etanol, resolveram em 2012 eliminar uma tarifa adicional de US$ 0,54 por galão, mantendo a alíquota de 2,5%, majorada em abril para 12,5%. Confirmada a alíquota adicional de 50% a partir de 1º de agosto, o imposto de importação americano inviabilizaria qualquer exportação brasileira para aquele país.

No mercado de biocombustível mundial, o debate de emissões é muito importante. Independentemente da fonte da matéria-prima e do processo produtivo, na essência, qualquer etanol apresenta algum nível de redução de emissões quando comparado à gasolina. Mas, quando se compara o etanol produzido no Brasil com o etanol produzido nos Estados Unidos, independentemente da metodologia, o etanol brasileiro apresenta sempre menor pegada de carbono, o que colocaria o Brasil em vantagem competitiva. Ocorre que o mercado mundial de etanol está sendo dominado pelos americanos, que estão "baixando a régua" das necessidades de reduções de emissões dos programas nacionais de carbono no setor de transporte, e têm usado do momento atual da sua nova política comercial para fechar grandes acordos pelo mundo.

Foi assim no Reino Unido, onde conseguiram isenção total para a exportação de etanol, e no Vietnã, onde conseguiram reduzir a tarifa de 10% para 5%. Mais recentemente, os Estados Unidos anunciaram acordos com o Japão e com a Indonésia, incluindo etanol e o DDG (do inglês Dried Distillers Grains), na cesta de produtos com algum tipo de benefício. O desejo americano não é diferente no Brasil. Há anos eles apresentam o pleito ao governo brasileiro. Uma abertura do mercado brasileiro ao etanol americano poderia representar uma importação acima de 1,2 bilhão de litros por ano, podendo chegar a 1,5 bilhão. Pelo histórico da entrada de etanol no Brasil, estima-se que o maior volume ocorria nos portos do Nordeste, o que poderia causar sérios problemas ao ;

Ensaio Especial

setor produtivo da região, pois um volume desse tamanho representaria cerca de 40% do consumo total de etanol da região. Se, há alguns anos, o impacto seria grande, atualmente estima-se um impacto ainda maior.

A geografia da produção de etanol tem apresentado grandes mudanças, principalmente com o crescimento no Brasil da produção de etanol de milho. Essa produção já elevou o Centro-Oeste brasileiro à liderança na produção de etanol no País. Recentemente, essa expansão chegou ao Nordeste e já chegará à região Sul em breve.

A entrada do produto americano representaria uma forte pressão sobre a queda de preços em um ano com tendência de valores menos remuneradores, impactados pela redução dos preços de petróleo e da gasolina. O mercado brasileiro está bem abastecido com a produção doméstica sem a necessidade de excedentes externos.

Assim, é importante a manutenção da alíquota de 18% como forma de proteção do mercado brasileiro contra surtos de importações de etanol americano, como o ocorrido em 2017 e 2018.

No debate sobre o comércio exterior envolvendo o setor de bioenergia e açúcar, não se pode olhar o etanol de forma isolada, sendo também necessário observar o mercado de açúcar, produtos complementares no sistema cana, ainda dominante no Brasil. Nesse quesito, Brasil e Estados Unidos têm grandes diferenças.

Os brasileiros são os maiores produtores e exportadores do produto do mundo, enquanto os americanos apresentam produção relevante, mas insuficiente para a demanda doméstica, dependendo anualmente de importações.

O Brasil exportou, nos últimos anos, mais de 30 milhões de toneladas de açúcar de cana e possui forte capacidade competitiva nesse mercado.

Os americanos, que produzem açúcar de cana e de beterraba, têm forte proteção do mercado interno, impondo uma alta tarifa de importação, acima de US$ 350 por tonelada, com um sistema de cotas preferenciais que ditam a dinâmica dessa importação. Em geral, a população americana e a indústria daquele país pagam mais que o dobro do

preço que o mercado mundial negocia, uma forma de proteção à falta de competitividade da produção local.

Assim, como os americanos têm interesse no mercado brasileiro de etanol, o Brasil tem muito interesse no mercado americano de açúcar. Os Estados Unidos importam, anualmente, mais de 3 milhões de toneladas de açúcar, e o Brasil participa de forma tímida desse mercado.

Por exemplo, na cota preferencial que totaliza 1,3 milhão de toneladas anuais, o Brasil participa com apenas 155 mil toneladas, muito pouco para a dimensão brasileira no mercado mundial do produto. Por lei brasileira, essa cota é direcionada às usinas produtoras do Nordeste/Norte do País, a mesma região que seria a mais prejudicada pela entrada de etanol no País.

O Brasil também participava de outra cota, esta mundial e direcionada aos açúcares especiais, especificamente o açúcar orgânico. Com um total médio de 210 mil toneladas anuais, o Brasil conseguia performar cerca de 50% do total dessa cota, contudo em julho os americanos anunciaram o fim dela. Com a imposição da tarifa extra de 50%, o Brasil será muito provavelmente excluído desse mercado.

É um momento muito delicado e de grandes incertezas, principalmente por envolver negociações altamente dependentes de acordos entre governos, que não pensam o mundo da mesma forma. O Brasil não é o único alvo. Muitos outros países passaram ou estão passando pelo mesmo processo frente à nova política de comércio exterior americana.

A negociação, caso exista, exigirá muita articulação, e a complexidade do exemplo do setor de bioenergia e açúcar só demonstra a dificuldade de se chegar a um bom acordo para os dois lados.

Contudo, Brasil e Estados Unidos, como potências da bioenergia, em especial dos biocombustíveis, têm uma grande agenda comum pelo mundo na área da transição energética, não só defendendo novos mandatos de etanol na gasolina, mas sobretudo inserindo o etanol nas rotas de descarbonização e produção de combustíveis para a aviação e navegação marítima. n

Novas fronteiras, novos desafios e um legado a ser cumprido

Falar sobre os desafios do setor bioenergético brasileiro é, também, falar sobre os rumos do Brasil e do planeta. Afinal, poucos setores têm tanto potencial para contribuir com uma transição energética segura, eficiente e de baixo carbono quanto o nosso. Mas, para que essa contribuição se amplifique e se torne cada vez mais estratégica, é fundamental encarar de frente os obstáculos e as oportunidades que ainda se colocam no caminho da bioenergia nacional.

Na UDOP – União Nacional da Bioenergia, temos clareza de que esses desafios não devem nos paralisar, mas sim nos mobilizar. Nosso compromisso, como entidade representativa, é estar na linha de frente. Protagonizar. Influenciar políticas públicas, formar profissionais, articular o setor com os centros de pesquisa, com o governo e com a sociedade.

Foi com esse espírito que lançamos recentemente nossa nova marca, moderna, mas sem perder a essência do que nos trouxe até aqui: o ser humano por trás de um setor que movimenta bilhões, que gera milhões de empregos e que, fundamentalmente, fala de vida — daquilo que é BIO, da bioenergia, ou a energia da vida. Nossa nova identidade visual reflete aquilo que consideramos essencial para a manutenção de um legado herdado ao longo das quatro décadas de nossa existência como entidade: a união, a capacitação, a transição energética e a energia que nos move...

E é dessa energia que todos os desafios da bioenergia se derivam.

Estamos diante de uma nova era que exige novas competências. A digitalização, a gestão de dados, a inovação aberta e a bioeconomia demandam profissionais preparados, com visão sistêmica e capacidade de atuar em contextos cada vez mais interdependentes. Este é um compromisso que assumimos com firmeza em nossa entidade: ser ponte entre o conhecimento e a prática.

Conectando esses pontos, estamos fortalecendo e abrindo novas fronteiras de atuação, trazendo soluções em que o ser humano e a capacitação profissional se tornam peças indissociáveis no processo de transição que vivemos.

Alterações tributárias e a ausência de um plano nacional consistente de transição energética criam incertezas que desestimulam investimentos e comprometem o planejamento de médio e longo prazo."

Executivo da UDOP –União Nacional da Bioenergia

Conscientes de que o setor bioenergético brasileiro tem vocação, competência e estrutura para liderar a transição energética segura do País, temos trabalhado intensamente na UDOP para criar um ambiente mais favorável à inovação, ao investimento e à sustentabilidade. Nosso papel, como ente representativo, é o de fortalecer essa travessia. Queremos ser a entidade que antecipa tendências, que promove o diálogo, que investe na formação e que impulsiona o setor a ocupar o espaço estratégico que lhe é devido na matriz energética do futuro. Mas, para alcançarmos esse estágio, é necessário enfrentar alguns desafios urgentes. Dentre eles, destaca-se a insegurança regulatória e política, com a falta de previsibilidade nas políticas públicas e o descompasso entre o discurso da transição energética e a efetiva priorização do setor nos planos estratégicos nacionais.

Não somos uma entidade política, mas acreditamos que não é possível viver à margem desses temas. Por isso, a UDOP está irmanada com a Bioenergia Brasil — entidade que representa hoje cerca de 60% das usinas de cana-de-açúcar e 100% das usinas de etanol de milho do Brasil — e com outras importantes entidades coirmãs, como a UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, que desenvolvem trabalhos sólidos e eficazes para o enfrentamento desses desafios.

Alterações tributárias e a ausência de um plano nacional consistente de transição energética criam incertezas que desestimulam investimentos e comprometem o planejamento de médio e longo prazo. Faltam diretrizes claras que assegurem à bioenergia o protagonismo que ela já exerce na prática, mas que ainda não é plenamente reconhecido em termos institucionais. Nesse ponto, estamos atentos e sempre presentes, de forma ativa, nos principais fóruns e eventos que envolvem nosso setor.

Esse contexto regulatório desfavorável está diretamente ligado a um segundo ponto: a competitividade econômica frente aos combustíveis fósseis. Hoje, o etanol, por exemplo, enfrenta uma carga tributária consideravelmente maior que a da gasolina. Além disso, políticas de controle de preços, mesmo que justificadas por conjunturas econômicas, muitas vezes reduzem artificialmente o valor dos combustíveis fósseis, gerando uma concorrência desleal com os biocombustíveis. Esse é outro pleito urgente do setor, e que precisa ser corrigido.

O trabalho diário de evidenciar as externalidades positivas de toda a nossa cadeia é uma frente constante no dia a dia da equipe UDOP.

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Por meio de nosso portal de notícias, da web TV UDOP, das redes sociais e de nossos eventos que reúnem milhares de pessoas , temos intensificado uma comunicação proativa, que evidencia todos os benefícios diretos e indiretos que o setor oferece.

Expandir o percentual de carros flex abastecidos com etanol é, por exemplo, um grande desafio para o setor e que temos buscado abordar em nossos eventos e nas participações de nossos executivos e diretores.

Com uma frota de veículos leves mais concentrada nas regiões Sudeste e Sul, o desafio maior agora é ampliarmos o uso do etanol nas demais regiões deste País continental.

No campo técnico, outro desafio relevante é a renovação e modernização dos canaviais. A produtividade agrícola média do setor ainda está aquém do potencial, especialmente nas regiões onde os custos de renovação são mais altos e o acesso à tecnologia é mais limitado. Melhorar a eficiência dos canaviais exige inovação, acesso ao crédito e assistência técnica, e a UDOP está atenta e atuante nessas frentes.

Por meio de parcerias com institutos de pesquisa, universidades, entidades e, agora, com empresas de expertise reconhecida, queremos ampliar nosso trabalho de fomento a tecnologias e sistemas de gestão que contribuam decisivamente para o aumento da produtividade.

Com dois novos serviços, queremos difundir de forma técnica e sistemática as boas práticas e as inovações em diferentes campos. Com o UDOPLab, ferramenta que permitirá uma imersão em temas técnicos altamente aplicáveis ao dia a dia das usinas, buscamos contribuir para a melhoria dos processos e incentivar o intercâmbio entre nossas mais de 80 associadas, localizadas em 11 estados brasileiros e, também, na Argentina.

Por meio desses eventos, queremos reconhecer os avanços, mas também deixar evidente que muitos produtores ainda enfrentam dificuldades para investir em automação, inteligência artificial, biotecnologia e uso de dados no campo e na indústria. Além da escassez de mão de obra qualificada para operar essas novas tecnologias.

Reconhecendo que os desafios e as fronteiras a serem desbravadas são múltiplos, aqui na UDOP queremos ser o elo de conexão de um setor estratégico e altamente capaz de gerar resultados e impactos positivos, de forma perene, para toda a sociedade.

Não podemos desperdiçar essa oportunidade. Seguiremos firmes nesse propósito. n

Macrovisão científica do sistema bioenergético

O futuro depende da convergência entre tecnologia e talento humano

A cadeia bioenergética brasileira atravessa um momento decisivo e transformador. O mundo enfrenta desafios complexos: a urgência da segurança energética, a necessidade de descarbonizar a matriz energética e a pressão para mitigar os impactos ambientais.

Nesse cenário, a bioenergia surge como vetor estratégico da nova economia verde, capaz de gerar desenvolvimento sustentável e impulsionar a competitividade do Brasil no mercado global. No entanto, para que essa promessa se concretize, é preciso ir além da simples adoção de tecnologias avançadas: é necessário estabelecer uma convergência efetiva entre inovação tecnológica e inteligência humana.

A cadeia bioenergética vive uma revolução tecnológica profunda nos últimos anos. Sistemas inteligentes, sensores de alta precisão, softwares de controle e máquinas automatizadas com monitoramento remoto tornaram-se ferramentas indispensáveis nas operações agrícolas e industriais. Esses avanços ampliam a capacidade de controlar processos, aumentar a produtividade e garantir a sustentabilidade. Porém, embora a tecnologia evolua a passos largos, ela não opera isoladamente. A integração entre dados, decisões e pessoas é essencial para transformar informação em resultados concretos. Essa é a grande revolução que se apresenta: o alinhamento entre o que as máquinas entregam e o que os profissionais interpretam e aplicam.

Essa dualidade entre técnica e comportamento reflete uma realidade maior: a transformação digital não elimina o fator humano, mas o potencializa. "

Essa integração traz uma nova e urgente demanda por talentos qualificados e preparados para lidar com a crescente complexidade tecnológica das usinas. O domínio das hard skills, como automação, controle de processos, engenharia de dados, gestão de projetos e inteligência artificial, torna-se condição imprescindível para a excelência técnica na cadeia bioenergética. No entanto, não se pode negligenciar as soft skills, que frequentemente determinam o sucesso ou o fracasso das estratégias implementadas. Adaptabilidade, pensamento crítico, colaboração, criatividade e capacidade de inovação são habilidades fundamentais para que os profissionais atuem como elo entre máquinas, algoritmos e decisões estratégicas. Sem elas, o avanço tecnológico perde eficiência e impacto. Essa dualidade entre técnica e comportamento reflete uma realidade maior: a transformação digital não elimina o fator humano, mas o potencializa. Em um mundo em rápida mudança, o talento humano cria sentido e aplica o conhecimento tecnológico, conectando-o com propósito e visão estratégica. As organizações que desenvolverem essa combinação

serão líderes do futuro, capazes de transformar desafios em oportunidades reais. Na UDOPUnião Nacional da Bioenergia, acompanhamos essa evolução com atenção e compromisso. Somos uma entidade nacional dedicada à capacitação profissional e à promoção da inovação tecnológica no setor. Sabemos que antecipar tendências e fomentar a formação contínua são responsabilidades estratégicas para garantir o desenvolvimento sustentável da cadeia bioenergética. Por isso, nossas ações visam construir soluções práticas, alinhadas às demandas reais das associadas e capazes de promover impactos efetivos. Foi com esse propósito que a Diretoria e os Conselhos da UDOP criaram a Diretoria Técnica, estruturada para concentrar esforços nessas frentes e ampliar nossa atuação na transferência de conhecimento.

Nos últimos anos, ampliamos significativamente nosso portfólio de iniciativas para atender ao novo perfil técnico e gerencial do setor. Em julho de 2025, realizamos o 18º Congresso Nacional da Bioenergia, o maior congresso técnico de bioenergia do mundo, que reuniu mais de 1,8 mil profissionais de diversas regiões do País e do exterior. O evento abordou avanços em 12 áreas estratégicas, entre elas agronomia, indústria, logística, tecnologia da informação, meio ambiente, comunicação e gestão. Essa diversidade de temas reforça a complexidade e a riqueza da cadeia bioenergética e demonstra o compromisso da UDOP em disseminar conhecimento de excelência para fortalecer todo o ecossistema.

O calendário de 2025 também reserva, para dezembro, o Seminário UDOP de Inovações, espaço essencial para apresentação e debate de soluções tecnológicas e estratégias inovadoras aplicadas ao setor. O seminário será uma imersão técnica, colaborativa e inspiradora, conectando especialistas, lideranças, universidades, centros de pesquisa e fornecedores. O foco estará nos temas que moldarão o futuro, impulsionando a competitividade brasileira no mercado global.

Além dos eventos tradicionais, uma das iniciativas que mais nos orgulha é o UDOPLab, modelo pioneiro de capacitação aplicada, criado para enfrentar desafios reais das usinas. O UDOPLab funciona como um “laboratório em campo”, onde teoria e prática se unem para gerar resultados concretos e imediatos. A proposta permite que profissionais experimentem, desenvolvam soluções customizadas e aprimorem suas habilidades técnicas em ambientes reais.

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A curadoria da UDOP e a participação ativa dos especialistas garantem que o conhecimento gerado tenha aderência direta à realidade operacional das usinas.

Outra inovação importante é a plataforma Vendor+, que hoje reúne mais de 3,5 mil fornecedores de produtos, serviços e soluções para a cadeia bioenergética. Essa ferramenta conecta, de forma ágil e inteligente, quem oferece tecnologia e inovação a quem demanda esses recursos, promovendo sinergia, competitividade e eficiência. A plataforma será uma das maiores bases especializadas do setor, facilitando o acesso a fornecedores de produtos e serviços de todos os portes.

Paralelamente, mantemos os Comitês Técnicos de Gestão, espaços permanentes de diálogo e troca de experiências entre profissionais das associadas da UDOP. Nessas reuniões, são compartilhados indicadores, práticas de gestão, soluções inovadoras e desafios comuns. Esse ambiente de cooperação fortalece a governança e amplia a capacidade do setor para responder com agilidade às transformações do mercado.

Olhando para o futuro, fica claro que a cadeia bioenergética brasileira está em expansão e demanda talentos cada vez mais capacitados, qualificados e conectados aos avanços científicos e tecnológicos globais. A automação e a digitalização, por mais sofisticadas que sejam, não superarão gargalos sem pessoas preparadas para interpretar dados, tomar decisões embasadas e adaptar processos com inteligência e visão sistêmica. O futuro depende, portanto, da união entre máquinas e mentes.

Na UDOP, acreditamos que a excelência técnica não se constrói apenas com acesso à informação, mas, principalmente, por meio da curadoria do conhecimento, da experiência prática e do diálogo constante entre os atores da cadeia bioenergética. Investimos em estratégias que formem não só operadores, mas líderes técnicos preparados para pensar criticamente, agir estrategicamente e conduzir a inovação no setor.

A convergência entre produção e tecnologia deixou de ser uma tendência para se tornar a base de um novo paradigma produtivo, no qual conhecimento, inovação e propósito caminham juntos rumo a um futuro sustentável e competitivo. É com esse olhar técnico, científico e humano que a UDOP seguirá contribuindo para o fortalecimento da cadeia bioenergética brasileira e para sua consolidação como protagonista global da transição energética. n

O descompasso entre as políticas públicas de sucesso e as restrições ao mercado global

Falar sobre biocombustível no Brasil não é novidade. Potencializado pela crise do petróleo na década de 1970, o Proálcool iniciou uma importante transformação cultural e econômica do País rumo à descarbonização da matriz energética e ao fomento do uso de combustíveis renováveis nos transportes terrestres, criando uma indústria robusta e estratégica para o agronegócio nacional. Apesar disso, não é exagero dizer que os últimos dois anos talvez tenham sido os mais importantes na rota de consolidação do Brasil como o case de maior sucesso no mundo. Pelo menos no aspecto regulatório. E é isso que queremos e precisamos mostrar: a força da nossa bioeconomia e o protagonismo brasileiro na transição energética global.

Em uma época de latente divergência entre os Poderes Executivo e Legislativo federais, a agenda dos biocombustíveis parece ter sido um importante ponto de convergência, em que a aprovação sequencial de marcos regulatórios transformadores colocou o Brasil em outro patamar. Isso demonstra a nossa capacidade em criar consensos em torno de pautas estratégicas e de longo prazo. Mesmo que isso não seja tão usual quanto gostaríamos. A publicação de leis como a Lei do Combustível do Futuro, o Paten, o Mover, dentre outras, trouxe diretrizes e mecanismos que visam promover soluções e incentivos para toda a cadeia de produção e utilização de biocombustíveis, beneficiando diretamente o produtor rural, a indústria sucroenergética e a sociedade como um todo.

A implementação de mandatos para incentivar a demanda, a previsão de programas específicos para produção de hidrogênio, SAF

É claro que a matemática não é tão simples. Acordos pautados em agendas que extrapolam a promoção comercial precisam ser considerados. "

(Sustainable Aviation Fuel) e CCS (Carbon Capture and Storage), além da criação de mecanismos alternativos de financiamento de projetos de tecnologia limpa com a utilização de créditos fiscais e incentivos à produção de automóveis sustentáveis movidos a combustíveis de baixo carbono, são exemplos dos tópicos abordados por tais regulações.

Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), somente o incremento de 3% do etanol na mistura da gasolina, previsto pela Lei do Combustível do Futuro, gerará uma demanda de mais de 1,4 bilhão de litros de etanol. Uma estatística rápida para ilustrar o potencial transformador de políticas públicas bem estruturadas.

Como brasileiro, reconhecer essas conquistas é fundamental mas ser reconhecido por outros países é transformador. Nos últimos meses, tive a oportunidade de acompanhar algumas agendas e eventos internacionais em que o case brasileiro foi apresentado e referenciado. Ficou evidente que o Brasil está na vanguarda da estruturação de políticas públicas que fomentam o uso de biocombustíveis como solução simples, sustentável, disponível e efetiva para a descarbonização. E estamos em um momento de ganhar mais força.

Já testemunhamos a tendência de um consenso global em que a eletrificação e o hidrogênio não serão as únicas respostas para a descarbonização do planeta. Obviamente, essas soluções ainda são bastante defendidas por países que não terão condições (nem espaço) para a produção em escala de carbono biogênico de fontes sustentáveis, mas está cada vez mais evidente que não existe bala de prata.

A palavra-chave é diversidade. Diversidade de tecnologias e de rotas de produção. Diversidade no reconhecimento dos potenciais regionais e de fontes de matérias-primas. E, nisso, o Brasil pode sair na frente.

Contudo, a jornada é longa e sinuosa. Além de todos os desafios domésticos, que envolvem a regulamentação dos marcos regulatórios e a criação de um ambiente de negócios mais favorável e atrativo a investidores (mas que não será o foco deste artigo), o potencial brasileiro de se consolidar como líder da transição energética e provedor de matérias-primas e tecnologias sustentáveis para descarbonização do planeta esbarra em uma série de obstáculos quando falamos de acesso ao mercado internacional.

Não é de hoje que barreiras não tarifárias impõem duras limitações à nossa exportação de biocombustíveis. Mesmo que às vezes pareça injusto, desconstruir a narrativa da produção agrícola causadora de desmatamento de biomas sensíveis é parte constante da nossa missão internacional. De forma geral, a discussão sobre segurança energética global e a proliferação de iniciativas regulatórias internacionais com foco na descarbonização têm ocupado boa parte da agenda institucional das empresas do setor.

Revisões de políticas da EPA (Environmental Protection Agency) e do IRA (Inflation Reduction Act) nos EUA, a discussão de normas europeias em andamento no Parlamento Europeu e o debate aquecido em infindáveis fóruns e iniciativas empresariais, políticas e técnicas mundo afora têm mantido nosso alerta ligado e provocado o Brasil a se estruturar internamente, reforçando a necessidade de maior alinhamento setorial e uma robusta comunicação com as instituições de governo que representam o País globalmente. Este é um esforço contínuo que demanda a união de todo o agronegócio e suas representações.

E não adianta só falarmos. Temos de investir em pesquisa e em tecnologias de mensuração da sustentabilidade dos nossos sistemas produtivos. Precisamos provar que a pegada de carbono da produção de nossos biocombustíveis é diferenciada. Precisamos agregar os aspectos socioeconômicos (geração de emprego, incremento

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de renda etc.) do setor à equação. Precisamos nos apoiar em instituições e organismos reconhecidos internacionalmente que nos auxiliem a atestar tudo isso.

Esse é um caminho fundamental, por exemplo, para avançarmos nas discussões dentro da ICAO (International Civil Aviation Organization) e da IMO (International Maritime Organization). Atualmente, essas instituições estão pautando duas das mais importantes discussões sobre descarbonização global, envolvendo os setores de aviação civil e transporte marítimo.

A batalha travada nos fóruns técnicos é inglória, e o suporte de dados técnicos sólidos e concretos é imperativo para a construção de narrativas mais favoráveis. Quando olhamos para as barreiras tarifárias (e colocando o cenário atual da relação com os EUA em outro capítulo), não há dúvida das enormes oportunidades de aprofundarmos em acordos bilaterais com potenciais mercados consumidores. Nos últimos meses, realizamos uma série de agendas com embaixadas e adidos agrícolas de países da África e da Ásia e pudemos dimensionar um pouco mais o tamanho do mercado que o Brasil perde por termos um etanol que sofre tarifas de até 30% na importação por outros países.

Enquanto nosso maior concorrente (EUA) goza de um domínio de mercado pautado por tarifas reduzidas (ou até zeradas) em diversas regiões, o etanol brasileiro não consegue alcançar alguns mercados mesmo tendo atributos ambientais mais favoráveis e atingindo um preço mais competitivo quando o carbono é contabilizado. É claro que a matemática não é tão simples. Acordos pautados em agendas que extrapolam a promoção comercial — e a evidente diferenciação de incentivos nas cadeias produtivas dos dois países — precisam ser considerados. Mas, sem dúvida, o setor merece um olhar mais criterioso e atuante em relação a esse cenário.

A lição de casa é extensa, mas possível. Se, por um lado, o Brasil tem-se tornado referência na formulação de políticas públicas que incentivam o uso de biocombustíveis, por outro, enfrentamos forte resistência no acesso a mercados e no reconhecimento de nossos atributos ambientais. Vivemos um movimento crescente que reforça a importância de buscarmos internamente uma agenda convergente entre os diferentes segmentos e tecnologias. Independentemente da matéria-prima, o Brasil precisa encontrar seu discurso único, que coloque o termo “biocombustíveis brasileiros” em primeiro lugar e expresse a sustentabilidade dos sistemas produtivos como uma característica nacional. n

Da beterraba à cana-de-açúcar: a raiz de uma nova bioeconomia

Comecei a minha trajetória na indústria de beterraba sacarina na Holanda, onde atuei entre 1978 e 1991. Esse setor moldou minha visão sobre inovação, produtividade e sustentabilidade — valores que hoje guiam meu trabalho à frente da MultiCropsPlus e da SBW do Brasil — empresas de pesquisa, desenvolvimento e produção de mudas através de ferramentas da biotecnologia vegetal.

O que mais me inspira é a forma como a beterraba sacarina se reinventou: sua produtividade dobrou e seus subprodutos ganharam novos destinos — de hambúrgueres vegetais a insumos cosméticos — dentro de um modelo circular e altamente tecnológico.

É com essa inspiração que a frente das empresas SBW do Brasil (desde 2006) e a MultiCropsPlus (desde 2014), abracei o desafio de elevar o setor sucroenergético por meio de tecnologias de multiplicação vegetal a partir da seleção e clonagem de plantas elites em laboratório, associadas a automação. A base dessa transformação está na qualidade das mudas: saudáveis, rastreáveis e geneticamente consistentes. Elas são o alicerce de lavouras mais produtivas e resilientes.

Para isso, estruturamos três modelos operacionais distintos, voltados às diferentes realidades das empresas produtoras:

• Modelo 1 – Mudas e operações de plantio: As mudas são entregues aclimatadas, prontas para o campo e acompanhadas por máquinas de plantio automatizadas, capazes de cobrir 4 hectares por dia —desenvolvimento avançado de novo equipamento que alcançará até 10 hectares/dia. Essa solução garante eficiência logística em larga escala.

Alewijn Broere em uma das salas TIB da

Alewijn Broere em uma das salas TIB da MultiCropsPlus

• Modelo 2 – Explantes em garrafas PET (sistema TIB): Voltado a empresas que preferem realizar a aclimatação internamente. Entregamos nossos explantes de meristema produzidos no sistema TIB em garrafas PET de 5 litros, contendo entre 700 e 1000 explantes, prontos para serem aclimatados no viveiro do cliente. Esse modelo permite maior controle do processo, com significativa redução de custos logísticos e de produção.

• Modelo 3 – Sistema MCP LabOnSite:

Para empresas que desejam internalizar completamente ou parte da produção in vitro , oferecemos transferência completa da tecnologia, instalação do laboratório nas dependências da empresa, capacitação técnica, e assistência contínua. O cliente realiza as etapas finais do processo no laboratório e, sequencialmente, também a aclimatação e o plantio das mudas, com autonomia e controle total. Nesse modelo, a muda, já aclimatada e pronta para o plantio, tem um custo aproximado de R$ 0,60 por unidade, garantindo no mínimo 15% de aumento na produtividade ao longo dos ciclos de cultivo.

Essa tríade de modelos garante flexibilidade, adaptação regional e acesso à biotecnologia de ponta — nossas empresas oferecem estes modelos não apenas para cana-de-açúcar, mas também para cultivos bioenergéticos como agave, bambu, eucalipto e palmeiras nativas como macaúba e bocaiúva.

A automação e a robotização são pilares cruciais nesta jornada. Sistemas automatizados elevam a consistência industrial da produção in vitro, reduzem falhas humanas e expandem a capacidade produtiva.

Em tempos de mudanças climáticas, restrições ambientais e crescente demanda por produtos sustentáveis, esse salto tecnológico é mais que necessário — é estratégico.

O impacto é profundo: quanto antes deixarmos para trás o uso de material vegetativo imprevisível, suscetível a doenças e perda de vigor, poderemos colher os resultados da implementação de campos limpos, sadios e altamente produtivos. Lavouras uniformes, maior rendimento e menor necessidade de insumos químicos tornam-se realidade.

Plantio Automatizado dos explantes

Plantio Automatizado dos explantes

No fim das contas, a transformação começa na raiz. Minha missão é oferecer ao agricultor brasileiro o protagonismo tecnológico que merece, aliando ciência, sustentabilidade e competitividade. Se quisermos manter o cultivo de cana-de-açúcar atrativa para produtores e indústrias no futuro, precisamos investir, por um lado, em maior produtividade por hectare e, por outro, em mais valor agregado ao produto final, com a expansão e diversificação da sua utilização. Trata-se de uma missão conjunta, em benefício da agricultura brasileira.

Mudas aclimatadas prontas para o plantio

Mudas aclimatadas prontas para o plantio

Aclimatação

Aclimatação própria de explantes

Plantio automatizado a campo

E30, tributação e RenovaBio: O que muda para o mercado de etanol?

Em meio aos debates sobre sustentabilidade, segurança energética e competitividade, o biocombustível se fortalece como vetor central da transição energética no País. Esse cenário, impulsionado por políticas públicas voltadas para expansão da participação do renovável na matriz energética brasileira, a partir da valoração e reconhecimento das suas externalidades positivas, expressas no RenovaBio, Combustível do Futuro e no Mover, trará ao setor de etanol brasileiro um ciclo virtuoso. Apenas em 2025, houve importantes avanços tais como: sanção da reforma tributária, aumento no teor de mistura do etanol na gasolina, e atualizações nas normativas do RenovaBio que visam corrigir distorções e consolidar os instrumentos de descarbonização.

A aprovação da reforma tributária inaugura um novo capítulo para o setor de biocombustíveis. Pela primeira vez, o etanol hidratado passa a contar com um tratamento fiscal claramente distinto, conforme previsto na Emenda Constitucional nº 123/2022, que garante diferencial de carga tributária em relação ao seu concorrente fóssil. A regulamentação trazida pela Lei Complementar nº 214/2025 estabelece aplicação de alíquotas uniformes em todo território nacional, em R$/litro, tanto para o ICMS, no âmbito estadual, como o PIS/Cofins, no federal, incidentes sobre o etanol.

Com a multa de até R$ 500 milhões, a inclusão do nome da distribuidora que estiver em descumprimento com as suas obrigações ambientais em lista da ANP e a suspensão da atividade de comercialização de combustível tornam o ambiente regulatório mais robusto e justo. "

No regime em vigor, parcela expressiva do diferencial de competitividade do biocombustível entre os estados é dado pela aplicação de alíquotas distintas de ICMS em cada Estado. Na medida em que a alíquota única se consolide, esse diferencial vai ser definido apenas pelos custos de logística do produto, estabelecendo uma atratividade econômica mais homogênea para o etanol hidratado entre os estados da federação. O recolhimento de ICMS sobre o etanol hidratado deverá ser de 30% a 40% da alíquota aplicada à gasolina C, assegurando sua competitividade nas bombas e ampliando seu alcance geográfico em regiões onde historicamente sua penetração sempre foi limitada.

Essa condição a ser observada a partir de 2029, ano de início de vigência das novas regras, marcará uma nova transformação no mercado brasileiro de etanol. A ampliação do consumo ao longo das duas últimas décadas concentrada, expressivamente, na região do Centro-Sul, agora, por outro lado, vive uma

nova realidade com o crescimento da produção de etanol de milho em regiões com características edafoclimáticas diferentes daquelas onde ocorre o cultivo de cana. A complementariedade trazida pela produção a partir de uma nova cultura contribuirá para a interiorização da produção, com um vasto potencial de disseminação do produto para essas novas fronteiras de consumo.

Do lado do tributo federal, a Lei trouxe de imediato a concentração do recolhimento no elo de produção, prática que permite a simplificação do controle e da fiscalização, mitigando práticas de sonegação e concorrência desleal que prejudicavam o mercado de comercialização de combustíveis. A racionalização do sistema tributário favorece um ambiente de negócios mais transparente e previsível, estimulando investimentos e promovendo maior integração entre os elos da cadeia produtiva do etanol.

Além do avanço no campo tributário, outras medidas estruturantes vêm sendo adotadas com o objetivo de ampliar o papel do etanol na matriz de transportes brasileira. Entre elas, destaca-se o aumento do teor de mistura obrigatória do etanol anidro na gasolina, de 27% para 30%, representando uma clara sinalização do País em direção a uma economia de baixo carbono.

Essa mudança, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e implementada a partir de 1º de agosto de 2025, é resultado de estudos que comprovaram a viabilidade técnica e ambiental. Em termos de mercado, estima-se um incremento anual da ordem de 1,5 bilhão de litros na demanda do renovável.

Contudo, o verdadeiro benefício da elevação da mistura está nos aspectos intangíveis atrelados ao maior consumo do renovável, como os impactos positivos para a saúde pública, meio ambiente, eficiência veicular e econômico.

A elevação do teor de etanol na gasolina reduz em 2,2% as emissões de carbono por unidade de energia da gasolina C, contribuindo para a meta brasileira de descarbonização do setor de transportes.

Essa redução propicia a queda de até 2 milhões de toneladas de CO₂eq ao ano nas emissões da frota nacional de veículos leves, sem comprometer a performance veicular. Pelo contrário, a nova especificação da gasolina C, que contará com maior octanagem (RON), aumenta a eficiência térmica dos motores a combustão permitindo ganhos no rendimento veicular e maior economia por quilômetro rodado.

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E com relação a este último ponto, a presença do etanol anidro possui um efeito deflator sobre o preço de bomba da gasolina C, gerando reflexos positivos no custo de abastecimento para a população. Ou seja, mesmos aqueles que não abastecem com etanol hidratado, usufruem de economia no abastecimento. Nos últimos três anos, a adição do etanol anidro à gasolina trouxe economia acumulada que supera a casa dos R$ 8 bilhões, assumindo que qualquer outro aditivo utilizado tivesse ao menos o mesmo custo do fóssil. Essa política reforça a importância do etanol como instrumento de descarbonização de baixo custo e posiciona o Brasil na vanguarda das políticas de redução de emissão da matriz de transporte.

E é por meio do fortalecimento institucional de programas estruturantes, como o RenovaBio, que se assegura a sustentabilidade dessa trajetória no longo prazo. Nesse sentido, o primeiro semestre, trouxe atualizações regulatórias relevantes à Política Nacional de Biocombustíveis, principal instrumento de fomento à descarbonização da matriz de transportes brasileira. Após anos de amadurecimento, as novas regras trazidas pela Lei nº 15.082/2024 e pelo Decreto nº 12.437/2025 fortalecem o sistema ao garantir o cumprimento das metas de aquisição de Créditos de Descarbonização (CBios) pelas distribuidoras de combustíveis.

As falhas de mercado criadas pela inadimplência vêm afetando a formação de preço dos CBios e gerando incertezas para todos os agentes econômicos. Agora, com o aumento da multa para até R$ 500 milhões e adoção de sanções mais efetivas, como a inclusão do nome da distribuidora que estiver em descumprimento com as suas obrigações ambientais em lista pública disponível no site da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a consequente imediata suspensão da atividade de comercialização de combustíveis, o ambiente regulatório se torna mais robusto e justo. A transparência da política aumenta, e os agentes que cumprem suas obrigações deixam de ser penalizados por práticas desleais de seus concorrentes.

Com fundamentos cada vez mais sólidos e um ambiente regulatório mais estável, o etanol brasileiro consolida-se como um vetor estratégico da transição energética, unindo eficiência econômica, segurança energética e compromisso ambiental, além de fortalecer a posição do Brasil como referência global em bioenergia de baixo carbono, combinando inovação, sustentabilidade e competitividade. n

Mercado global de açúcar: curto prazo: médio/longoconfortável; prazos: frágil

Durante boa parte do primeiro semestre de 2025, o açúcar bruto esteve “preso” em um range de preços entre US$ 17.50 e 20.50 C/lb, configurando um mercado sem direcional claro: a ausência de grande otimismo concorria com a falta de grandes preocupações com relação à oferta, e a demanda dava indícios de arrefecimento.

No período, movimentos de alta nos preços foram limitados por anúncio de cota de exportações de açúcar da Índia, trade war , percepção de demanda fraca, início melhor que o esperado da safra brasileira, entre outros. Por outro lado, nos momentos de baixa, os preços encontraram suporte em

preocupações com o tamanho da safra e da exportação indianas e reação por parte da demanda em principais países importadores.

A partir de maio, uma combinação de monções acima da média histórica na Ásia, diminuição do pessimismo ao redor da safra brasileira e redução do preço da gasolina no mercado doméstico por parte da Petrobras levaram o mercado a quebrar o range observado até então, com preços tendendo para baixo.

Tensões políticas ao redor do mundo, principalmente com relação às tarifas (vigentes e a serem implementadas) impostas pelos Estados Unidos a vários países, além de conflitos armados, todavia não solucionados, aumentaram a insegurança de investidores e a incerteza com relação à economia global e à demanda de maneira geral, ao mesmo tempo em que trouxeram mais volatilidade para o mercado.

Destacamos que, no momento, não há produtores capazes de substituir o Brasil e abastecer o mundo com açúcar no caso de uma quebra relevante da safra brasileira ou de uma virada de mix para etanol. "

Rodrigo Rota Bermejo

Gerente Sênior de Açúcar e Etanol na Expana Markets

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DE CANA DO CENTRO-SUL DO BRASIL (TON/HECTARE)

agricultural productivity in South-central Brazil (tons/hectare)

OFERTA-DEMANDA

Resta entender se o mercado encontrou um novo range entre US$ 16.00 e 18.00 C/lb ou se há motivos para que o ciclo de baixa seja prolongado. Sob a ótica dos fundamentos, o mundo parece bem abastecido, ao menos no curto-prazo. Observemos os principais produtores: No Brasil, há um consenso de retração na moagem de cana-de-açúcar na safra 2025-26 do Centro-Sul, em comparação com a safra 2024-25. No entanto, o cenário parece não ser tão alarmante quanto inicialmente projetado pela maioria do mercado.

A cana de início de safra teve seu desenvolvimento comprometido pela seca extrema ocorrida entre maio e setembro de 2024, somada à ocorrência recorde de incêndios em canaviais no período.

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A perspectiva para o canavial de meio e fim de safra, por sua vez, é mais positiva. Apesar de sofrerem com baixa umidade no solo durante os primeiros meses de desenvolvimento, tais canaviais receberam chuvas acima da média entre novembro e fevereiro. Além disso, após um mês de março com chuvas abaixo da média, o volume acumulado entre abril e junho possibilitou que os canaviais adentrassem o período mais seco do ano com alguma umidade no solo. Portanto, estimamos que a produtividade da cana-de-açúcar, de agosto em diante, seja superior à observada um ano atrás.

Somando-se a isso a perspectiva de aumento na área disponível para colheita, estimamos uma moagem ao redor de 605 M MT de cana na safra 2025-26.

A produção de açúcar está estimada em torno de 40 M MT, suportada por um mix de produção bastante açucareiro, mas abaixo do limite conhecido como “max açúcar” a partir do último trimestre do ano, uma vez que os preços projetados para o etanol apresentam-se competitivos com o açúcar, sobretudo nos estados mais distantes dos portos, o que deve levar ao “desvio” de parte do ATR (Açúcar Total Recuperável) para produção do biocombustível.

Vale ressaltar que este cenário é extremamente dinâmico e suscetível à variação de preços do açúcar, ao câmbio e à oferta total de ATR. Um intervalo de produção de açúcar entre 39.0 e 41.0 M MT parece razoável no momento.

Na Ásia, as monções têm trazido bons volumes de água para o solo e para os reservatórios pelo segundo ano consecutivo.

A combinação de aumento na área plantada e maior produtividade deve levar a safras de recuperação na Índia e Tailândia. Na Índia, espera-se que a produção aumente 6 M MT ano a ano, ficando próxima a 32 M MT (descontando a sacarose direcionada à fabricação de etanol) no ciclo 2025-26.

CS Brazil TCH

Na Tailândia, espera-se uma produção ao redor de 11.5 M MT, aumento de mais de 1 M MT com relação à safra passada. Apesar da estagnação na produção no México e América Central e da redução na produção da União Europeia com relação à safra anterior, devido à diminuição na área cultivada com beterraba em resposta ao baixo retorno financeiro observado por produtores locais, projetamos um aumento na produção de açúcar global na safra 2025-26 que está por iniciar (base outubro-setembro).

A recuperação na produção é importante e necessária, visto que o mundo vem consumindo seus estoques – 5 entre as 6 últimas safras apresentaram déficit na relação produção-consumo global. Estimamos um déficit ao redor de 4 M MT raw value na safra global 2024-25, sucedido por um superávit da ordem de 2 M MT raw value na safra 2025-26.

Os níveis de estoques atuais encontram-se nos mínimos em quase duas décadas quando considerada a relação estoque/consumo. Tal situação não parece representar grande preocupação no curto prazo, uma vez que os principais países importadores têm-se acostumado a tolerar níveis baixos de inventários (evitando o alto custo atual de “carrego”) e consumidores e refinarias têm cada vez mais adotado o padrão de consumo “da mão para a boca”.

No entanto, os níveis gerais de estoques estão longe de configurar um cenário confortável, e problemas na oferta podem ter impactos significativos.

Os trade flows globais, balanceados nos últimos anos às custas da diminuição dos estoques, apresentam-se superavitários no curto-prazo, com alta influência do Brasil, que costuma “inundar” o mundo com açúcar no terceiro trimestre do ano.

Pesa também no cenário atual o desempenho das usinas no Centro-Sul, que vêm batendo recordes de mix açúcar quinzena após quinzena. Estimamos que haja um superávit acumulado de até 0,5 M MT de açúcar até o final de 2025, aumentando para 1,5 a 2,0 M MT até o final da safra global 2025-26 (setembro de 2026). Apesar do atual superávit nas projeções, o cenário de médio/longo prazo pode ser mais desafiador e requer cautela por sua fragilidade.

Destacamos a influência das exportações indianas. Nosso cenário base leva em conta 2 M MT de açúcar doméstico sendo exportadas pelo país asiático na próxima safra. Caso não haja autorização para exportações por parte do governo ou os preços internacionais não sejam atrativos o suficiente para incentivar exportações, o superávit estimado para o trade flow global pode ser eliminado.

Ainda, caso o Brasil diminua o mix açúcar no final da safra 2025-26 (nossa projeção atual indica um mix de 50.5% para a safra) ou apresente um mix alcooleiro no início da safra 2026-27, o superávit global também será diretamente impactado.

Para a safra local 2026-27 (abril-março), há ainda um longo caminho a ser percorrido com relação à contratação e precificação do açúcar a ser produzido, tornando mudanças de mix facilmente implementáveis.

Analisando a conjuntura atual, observa-se que o mundo está bem abastecido com açúcar. No entanto, o cenário requer cautela e atenção aos detalhes. Mesmo com o Brasil voltando seu mix para o açúcar, ao mesmo tempo em que Índia e Tailândia devem colher safras grandes (o que usualmente não ocorre concomitantemente), não vemos recuperação significativa nos estoques.

A demanda global parece estagnada no momento, com tendência de redução em algumas regiões. Ao mesmo tempo, ainda há diversos países na África e Ásia com consumo per capita abaixo da média global e alta demanda calórica, sem esquecer do aumento populacional, ainda que em ritmo fraco. Soa precipitado assumir uma tendência de queda no consumo global.

Destacamos que, no momento, não há produtores capazes de substituir o Brasil e abastecer o mundo com açúcar no caso de uma quebra relevante da safra brasileira ou de uma virada de mix para etanol.

Os preços atuais, ao redor de US$ 16.00 –18.00 C/lb para o açúcar bruto, não incentivam investimentos em capacidade adicional e/ou expansão de área no Brasil, muito menos nos demais países produtores, onde o custo de produção ultrapassa os US$ 20.00 C/lb. O cenário de médio e longo prazo é extremamente frágil. n

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Tecnologia e humanidade

O agro do futuro se constrói com inovação e laços fortes

O setor agropecuário brasileiro está entre os mais dinâmicos do mundo, e parte significativa desse protagonismo se deve aos avanços tecnológicos que transformaram profundamente a forma de produzir, gerir e comercializar. De máquinas autônomas a sensores de precisão, passando por inteligência artificial e biotecnologia, o campo brasileiro incorporou ciência de ponta ao cotidiano. Essa revolução silenciosa, mas profunda, permitiu ampliar a produtividade, garantir mais sustentabilidade e colocar o Brasil como potência agroexportadora. No entanto, por trás de toda inovação, há sempre pessoas. E é fundamental lembrar que, mesmo diante de um cenário altamente tecnificado, as relações interpessoais continuam sendo o esteio do progresso. O futuro do agro passa, sim, por tecnologias disruptivas, mas também pela capacidade humana de cooperar, dialogar e construir redes de confiança. São as decisões, os valores e os propósitos dos indivíduos que guiam as máquinas, orientam os algoritmos e dão sentido à inovação.

Essa dualidade entre tecnologia e relações humanas tem raízes no próprio início da história do agronegócio no Brasil. Os pioneiros do campo – produtores visionários que desbravaram o cerrado, transformaram solos marginais em áreas produtivas e criaram modelos de gestão inovadores – o fizeram com base em coragem, trabalho coletivo e uma intensa troca de saberes. Muitos sem acesso à educação formal ou tecnologia avançada, mas com espírito empreendedor e profundo senso de comunidade.

Esses desbravadores não apenas abriram fronteiras agrícolas, mas também fincaram as bases de uma cultura de cooperação que ainda hoje sustenta cadeias produtivas inteiras. Criaram cooperativas, fundaram associações e estimularam o desenvolvimento regional. Hoje, seus nomes são lembrados não apenas pelas fazendas que construíram, mas pelo impacto social que deixaram nos territórios onde atuaram. Em tempos de algoritmos e drones, suas trajetórias continuam sendo referência.

Nomes como do presidente emérito da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), dr. Fábio de Salles Meirelles; o médico Celso Garcia Cid, um dos primeiros a investir no melhoramento genético do rebanho bovino no estado; Luiz de Queiroz, um dos nomes mais importantes da educação agrícola no Brasil, entre muitos

A tecnologia, por mais sofisticada que seja, não substitui o valor da presença. A escuta ativa, o aperto de mão, a visita à propriedade vizinha –esses gestos constroem laços que nenhuma plataforma digital é capaz de replicar. "

Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo - Faesp

outros, transformaram o campo paulista e nacional. As bases do setor agropecuário foram solidamente lançadas por esses homens que acreditaram que numa terra abençoada, como a brasileira, o milagre da multiplicação de alimentos poderia ser realidade. Hoje, graças a essa visão de futuro, representamos 10% da produção mundial de alimentos, garantindo a segurança alimentar para brasileiros e grande parte do mundo.

Com a chegada das novas gerações ao campo, esse legado ganha novos contornos. Os filhos e netos dos pioneiros trazem formação técnica, fluência digital e espírito globalizado. Mas, ao mesmo tempo, muitos carregam consigo a consciência de que produzir alimentos é mais do que aplicar técnicas – é também um ato social, um compromisso com a comunidade e com o meio ambiente. Por isso, tantas startups rurais e agtechs têm como premissa não só melhorar indicadores econômicos, mas também gerar impactos humanos positivos.

A convivência intergeracional nas propriedades é outro ponto relevante. O diálogo entre os mais experientes, guardiões do conhecimento prático, e os mais jovens, conectados às tendências digitais, é uma fonte rica de aprendizado mútuo.

Em muitas fazendas, os avós ainda decidem sobre o plantio, enquanto os netos monitoram os índices climáticos por aplicativos. Isso é um diferencial competitivo do agro brasileiro e um exemplo de que o progresso não precisa romper com o passado – pode, ao contrário, dialogar com ele.

As redes de relacionamento também são fundamentais na disseminação das inovações tecnológicas. Plataformas digitais, grupos de WhatsApp, comunidades de produtores e eventos técnicos têm promovido uma verdadeira inteligência coletiva no campo. Mas, além do conteúdo técnico, esses espaços servem como ambiente de troca de experiências, conselhos e apoio emocional. Em um setor exposto a riscos climáticos, regulatórios e de mercado, o apoio de uma rede confiável é um ativo valioso.

Outro ponto essencial é o papel das mulheres no agro. Elas, que sempre estiveram presentes na lida, muitas vezes invisibilizadas, hoje ocupam com cada vez mais protagonismo posições de liderança, seja na gestão das propriedades, seja na pesquisa ou no empreendedorismo rural.

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E trazem consigo uma abordagem mais sensível, voltada para o cuidado, para o diálogo e para a escuta – valores que fortalecem as relações humanas dentro das cadeias produtivas. O futuro do agro será mais diverso e humano, graças à presença ativa das mulheres.

É preciso reconhecer também o papel das escolas técnicas, universidades, centros de excelência e de extensão rural, que, além de levarem conhecimento técnico ao campo, criam pontes entre produtores, pesquisadores e agentes públicos. Esses espaços não apenas transmitem saberes, mas fomentam relações de confiança e comprometimento com o desenvolvimento regional. A construção do conhecimento agropecuário sempre foi, e continuará sendo, um processo coletivo.

A tecnologia, por mais sofisticada que seja, não substitui o valor da presença. A escuta ativa, o aperto de mão, a visita à propriedade vizinha para ver uma nova prática em ação – esses gestos constroem laços que nenhuma plataforma digital é capaz de replicar. No agro, a palavra ainda tem peso. E a confiança, uma vez conquistada, vale mais do que qualquer investimento.

A inteligência artificial pode prever safras e recomendar adubação precisa, mas não substitui a sensibilidade do produtor que olha para o céu, sente o cheiro da terra molhada e toma decisões com base em intuições construídas ao longo de anos. Essa sabedoria prática, muitas vezes transmitida oralmente entre gerações, é um patrimônio que deve ser valorizado e preservado.

Portanto, ao celebrarmos os avanços tecnológicos que colocam o Brasil na vanguarda do agronegócio mundial, devemos também celebrar os vínculos humanos que mantêm esse setor vivo, resiliente e capaz de se reinventar. O futuro será, inevitavelmente, mais digital. Mas continuará sendo construído por pessoas – e é nelas que reside a força verdadeira do agro.

Assim, o desafio que se impõe para os próximos anos é equilibrar o investimento em inovação com o cultivo das relações humanas. Valorizar os pioneiros, fortalecer as redes locais e preservar a cultura de cooperação são atitudes tão estratégicas quanto adquirir o maquinário mais moderno. Porque, no fim das contas, são as pessoas que constroem o agro – e é com elas que o futuro começa a ser semeado. n

Mix açucareiro e produção de alta performance

Ano após ano, os ciclos de mercado se repetem: ora o foco está no mix açucareiro, ora no etanol, ora na bioenergia. No entanto, independentemente do cenário, a produção de açúcar segue como um dos pilares mais relevantes da eficiência industrial. Não basta apenas produzir mais é essencial produzir melhor.

A busca pela excelência começa no tratamento de caldo. Um processo bem conduzido reduz inversões de sacarose, acidez e degradações que afetam não só o açúcar, mas todo o balanço fabril, chegando até mesmo a fermentação. Quando há elevação das perdas indeterminadas, é hora de acender o sinal de alerta: algo pode estar errado nos processos-chave.

A evaporação em múltiplo efeito, por exemplo, merece atenção redobrada. Níveis operacionais mal estruturados ou controlados, recirculações ineficientes, controle de vácuo instável e falhas em degasagens podem comprometer a estabilidade e aumentam as perdas invisíveis degradações que de certa forma destroem o ART (Açúcar Total Recuperável) em processamento.

Aqui, o uso de dados brix, pH, purezas, temperatura, vácuo deve ser constante e sistematizado. Ferramentas de controle avançado e algoritmos de estabilização são mais acessíveis para auxiliar.

Alta performance não é fruto de sorte ou torcida — é consequência de método, disciplina, acompanhamento em campo e interpretação de dados.

O uso crescente de cromatografia nos laboratórios tem permitido mensurar com mais precisão a inversão ou destruição de sacarose, refletindo diretamente no mix final entre açúcar e etanol. Aliás, quando se fala em eficiência de fábrica, o parâmetro “SJM” (ou recuperação de fábrica) não deve ser analisado isoladamente. É possível atingir bons números de SJM mesmo com degradações ocorridas (“queima de açúcar”) e, portanto, não se pode deixar de avaliar também a produção em sacas/tonelada de cana e outros parâmetros que tangenciam a saúde dos processos envolvidos.

Avaliar a pureza do mel final, a acidez ao longo dos processos, quedas de pureza das massas A, B e C, brix das massas méis, magma etc. e, também, as purezas “Nutsch” dos licores-mãe possibilita uma avaliação mais coerente, justa e complementar da esgotabilidade e condução dos cozimentos.

No centro de partida da performance açucareira está a semente. A produção de núcleos bem padronizados, com baixo coeficiente de variação (CV) e tamanho médio (AM) adequado, é o ponto zero da cristalização. A maturação da semente promove normalização, aumentando o AM e reduzindo o CV, tornando o processo mais previsível e eficiente. Por isso mesmo, os equipamentos de preparo (moinhos de esferas ou ainda vibratórios) e os cuidados no procedimento de preparo e analíticos são críticos e merecem especial atenção.

A real quantidade de semente necessária aos processos de cristalização do açúcar é bastante particular a cada configuração de fábrica, pois dependente do tamanho desejado do açúcar final, do AM da semente (analisado com métodos laboratoriais modernos e atualmente acessíveis) e da dinâmica e volumes dos tachos de cozimento — autores como Hugot e Honig já referenciavam esses pontos há tempos.

A padronização da pureza na semeadura (o famoso “pé de cozimento”) também é crítica. Misturas bem calculadas entre méis e xaropes, feitas por meio da Cruz de Cobenze, garantem cristalizações mais estáveis e previsíveis. Automatizar esta prática é altamente possível. E aqui entram os planos de cozimento: sem uma estruturação eficiente das etapas subsequentes, cristalizações eficazes

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e boas sementes não bastam. As curvas de concentração nos cozimentos são também fundamentais para otimizar tempos, ciclos e esgotabilidade na produção de açúcar, de forma automática.

Durante os cozimentos, a diluição dos méis é mais que uma prática recomendada ela reduz viscosidade e favorece o crescimento dos cristais. Há atualmente diferentes configurações e instrumentação disponível para realização das diluições de mel com boa precisão e assertividade, garantindo a insaturação necessária para bom desempenho dessa etapa.

A cristalização em si é o coração ou o “início” da fábrica. Cada microcristal da semente deveria ser transformado em cristal de açúcar final (daí a importância e cuidados na produção da semente de açúcar). Operar dentro das faixas recomendadas de saturação da sacarose no processo (Zona Metaestável), investir em boas técnicas consolidadas, automação, lógicas ou receitas de controle bem estruturadas e instrumentação de qualidade é um divisor de águas, e o melhor: e possível e não incomum!

Após cristalizar, vem a etapa decisiva: a centrifugação. Se mal-conduzida, ela pode comprometer todo o esforço anterior. Açúcar quase pronto pode derreter e ser reprocessado (com custos e perdas extra) desviando em parte para o etanol. Por isso, cuidar dos equipamentos, tempos, rotações e purgas dos méis é indispensável.

Realizar bem a produção de açúcar passa por dominar variáveis complexas, mas não necessariamente inacessíveis. Hoje, com o apoio de sistemas automáticos, análises laboratoriais precisas e rápidas e equipes treinadas e bem direcionadas, é possível transformar técnicas em resultados. Alta performance não é fruto de sorte ou torcida é consequência de método, disciplina, acompanhamento em campo e interpretação de dados.

Ao aplicar as práticas descritas com consistência, não apenas se pode maximizar a recuperação de açúcar e minimizar perdas, mas ganhar flexibilidade para operar de forma mais estratégica seja em momentos de pico do mix açucareiro, seja quando o mercado aponta para o etanol. Eficiência, afinal, é um verdadeiro diferencial competitivo. n

Biotecnologiaeficiênciaimpulsionafermentativa e inovação nas biorrefinarias

O setor sucroenergético brasileiro vive um momento de virada. Mais do que apenas produzir açúcar e etanol, o novo paradigma da indústria está na capacidade de extrair valor total da biomassa. Nesse contexto, a biotecnologia se consolida como uma ferramenta estratégica para transformar usinas em centros integrados de produção de energia, alimentos, combustíveis e insumos sustentáveis.

A chave para essa evolução está na biodiversidade microbiana e na aplicação de técnicas biotecnológicas voltadas para a melhoria contínua da fermentação alcoólica e para a criação de novas rotas de conversão da biomassa. Trata-se de um movimento que une ciência, tecnologia e sustentabilidade industrial — um tripé essencial para o futuro das usinas brasileiras.

Henrique Berbert de Amorim Neto e Fernando Henrique C.Giometti Presidente e Sócio-Especialista de aplicação, respectivamente, ambos da Fermentec Biotecnologia

Os bancos de microrganismos com ampla biodiversidade, reconhecido como um dos três maiores do mundo em leveduras Saccharomyces industriais, como o da Fermentec, desempenham um papel essencial. Com um acervo que inclui também mais de 850 bactérias isoladas de processos industriais, esse banco não apenas impulsiona a performance das fermentações atuais, como também serve de base científica para o desenvolvimento de novos processos biotecnológicos, incluindo a produção de bioplásticos, proteínas e outros bioprodutos de valor agregado.

Biotecnologia aplicada: soluções para gargalos reais

Os desafios industriais atuais exigem soluções concretas, e a biotecnologia vem oferecendo respostas claras. Estabilidade em altas temperaturas: A seleção de leveduras personalizadas termotolerantes, capazes de operar em temperaturas superiores a 34 °C, representa um marco para usinas que enfrentam calor elevado durante a safra. Resultados de campo

O futuro das biorrefinarias está intrinsecamente ligado à capacidade de inovar com base na biodiversidade microbiana e na ciência aplicada. "

Colaboração: Mário Lúcio Lopes, Osmar Parazzi Junior, Rudimar Cherubin, Alexandre Godoy, Guilherme Marengo e Henrique Amorim.

apontam alta viabilidade celular (>88%) e domínio completo do processo fermentativo, mesmo sob condições adversas.

Inibição de contaminações bacterianas: A descoberta da ação inibitória do ácido succínico combinado ao teor alcoólico abriu caminho para o uso de leveduras com capacidade antimicrobiana natural. Essas cepas reduzem a necessidade de antibióticos e combatem contaminações, mantendo a fermentação saudável e produtiva.

Engenharia genética contra leveduras contaminantes: O uso de edição gênica para tornar leveduras resistentes a inibidores vegetais naturais tem demonstrado eficácia contra microrganismos contaminantes, como leveduras selvagens espumantes ou floculantes. A aplicação do extrato vegetal age seletivamente sobre os contaminantes, mantendo a cepa industrial ativa e dominante. Novas matérias-primas: um desafio biotecnológico

A diversificação das matérias-primas para a produção de etanol 1G impõe novas exigências biológicas. A biotecnologia viabiliza o uso eficiente de substratos complexos, abrindo novas fronteiras para a matriz energética brasileira.

Melaços com potencial inexplorado: Tanto o melaço de soja, rico em oligossacarídeos não fermentáveis por leveduras comuns, quanto o melaço cítrico, que contém inibidores como o limoneno, estão sendo viabilizados por cepas adaptadas com enzimas específicas. Com isso, matérias antes consideradas desafiadoras se tornam alternativas estratégicas de produção.

Etanol de milho com reciclo de levedura: O aproveitamento do milho através da tecnologia Starchcane possibilita a fermentação com reciclo de leveduras, reduzindo o tempo de processo de entre 60–70 horas para entre 8–25 horas, além de aumentar o rendimento alcoólico e diminuir o consumo de nutrientes. O uso de leveduras adaptadas à maltose e maltotriose é essencial para manter a performance

Biorrefinarias: inovação além do etanol - A verdadeira revolução no setor está na criação de novos produtos a partir de resíduos — uma mudança que redefine o papel das usinas e expande seu impacto econômico e ambiental.

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Proteína e etanol 2G do bagaço: O projeto Cellev, atualmente em TRL 4 (protótipo em ambientes de laboratório), propõe uma valorização integrada do bagaço de cana, transformando pentoses em proteína de alto valor biológico e hexoses em etanol 2G, sem o uso de organismos transgênicos.

Com 1 tonelada de bagaço, é possível obter até 62 kg de levedura seca com 50% de proteína e 110 litros de etanol, tornando a biomassa uma fonte dupla de valor.

Bioplásticos a partir de ácido lático: A produção de ácido L-láctico por cepas de Lactobacillus isoladas em fermentações industriais permite a síntese de PLA (poliácido lático), um bioplástico biodegradável.

Avaliado em condições simuladas que se aproximam ao ambiente real (TRL 5), esse material tem potencial para substituir plásticos convencionais, com um processo fermentativo baseado em microrganismos nativos e alto rendimento por quilo de açúcar.

Biodiesel da vinhaça: Por meio de leveduras oleaginosas, o projeto Óleolev transforma compostos da vinhaça em óleo, biodiesel, antiespumantes e proteína celular, ao mesmo tempo que reduz em até 80% a DBO do efluente.

Previsto para demonstração em ambiente operacional real ainda na safra 2025 (TRL 7), a extração do óleo fermentativo representa um uso inovador e sustentável de um subproduto abundante no setor.

Uma nova era baseada em ciência e biodiversidade

O futuro das biorrefinarias está intrinsecamente ligado à capacidade de inovar com base na biodiversidade microbiana e na ciência aplicada. O Brasil, por sua riqueza em biomassa e tradição em fermentações industriais, possui todas as condições para liderar esse movimento.

A transição de uma usina que apenas mói cana para uma que extrai valor integral da biomassa exige não apenas investimento, mas sobretudo visão tecnológica e estratégica. Nesse processo, a biotecnologia é mais do que uma ferramenta: é o catalisador de uma nova matriz industrial, mais eficiente, diversa e sustentável. n

Inovação no uso de bioinsumos para nutrição de plantas

De acordo com a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, inovação pode ser definida como um produto ou processo novo ou aprimorado (ou uma combinação dos dois) que difere significativamente dos produtos ou processos anteriores da empresa e que tenha sido introduzido no mercado ou colocado em uso pela empresa. No caso dos insumos biológicos, ou bioinsumos, vivemos nos últimos anos uma tendência cada vez maior de adoção nos sistemas de produção agropecuários, visando o aumento da eficiência dos sistemas produtivos em termos econômicos e ambientais.

Essa expansão do uso de insumos biológicos no Brasil é evidenciada por um aumento expressivo do registro no Mistério da Agricultura e Pecuária de indústrias de insumos biológicos, de 16 em 2011 para mais de 170 em 2025, um mercado estimado em cerca de R$ 17 bilhões para 2030, de acordo com especialistas.

No Brasil, até o início dos anos 2010, os bioinsumos para nutrição de plantas eram baseados, quase exclusivamente, nos rizóbios para a fixação biológica de nitrogênio em leguminosas, principalmente a soja. Atualmente, a soja ainda é a líder em inoculantes registrados no MAPA, com cerca de 75% do mercado, mas outras culturas vêm tendo à sua disposição esses insumos, como o milho (16%), cana-de-açúcar (4%), seguidos por trigo e pastagens, com cerca de 1% de mercado cada.

Destaca-se que a inoculação da soja com Bradyrhizobium spp., o caso mais bem sucedido mundialmente de aplicação de microrganismos na agricultura, permite produzir sem a necessidade de fertilizantes nitrogenados, o que gerou para o País uma economia de cerca de US$ 25 bilhões e emissões evitadas de mais de 230 milhões de toneladas de CO2-equivalentes na safra 2023/2024. A experiência dos agricultores brasileiros com essa tecnologia facilita a adoção de outras tecnologias biológicas para a nutrição de plantas, não apenas para a soja, mas também para outras culturas.

A Embrapa Soja foi inovadora em pesquisas com outros microrganismos que permitiram expandir o uso de tecnologias biológicas para a nutrição de plantas, além dos rizóbios em leguminosas. No início dos anos 2000, pesquisas em parceria com a Universidade Federal do Paraná disponibilizaram às indústrias estirpes de Azospirillum brasilense (Ab-V5 e Ab-V6), bactérias conhecidas pela capacidade de promoção de crescimento de plantas, sendo lançados em 2009, por duas empresas privadas, os primeiros inoculantes comerciais para milho, arroz e trigo. Posteriormente, a tecnologia foi expandida para a coinoculação da soja em 2014, inoculação de pastagens via sementes em 2017, inoculação de pastagens via sementes e foliar em 2021, e a redução de 25% da adubação nitrogenada de cobertura do milho pela inoculação com Azospirillum em 2022.

A inoculação da soja com Bradyrhizobium spp. gerou uma economia de cerca de US$ 25 bilhões na safra 2023/2024"

Pesquisadores da Embrapa Soja

Tanto na soja, quanto em outras culturas, o Azospirillum estimula o desenvolvimento das raízes, o que resulta em mais nodulação na soja e no aumento da eficiência de uso de nutrientes nas gramíneas pela maior eficiência das raízes em explorar o solo. A inoculação de A. brasilense em pastagens com Brachiaria brizantha e B. ruziziensis promove aumentos médios de 13% nos teores de N e 10% de K. Quando coinoculado com Pseudomonas fluorescens (CNPSo 2719), houve também aumento de 30% nos teores foliares de P. Esses benefícios promoveram aumento médio de produção de biomassa aérea de 22% pela forrageira.

Outras tecnologias biológicas para a nutrição de plantas também vêm ganhando destaque, como os bacilos mobilizadores de fosfato, Bacillus subtilis (CNPMS B2084) e Priestia megaterium (B119), isoladas e testadas inicialmente para milho pela Embrapa Milho e Sorgo em 2019, com ganho médio de cerca de 700 kg/ha. Atualmente, esses inoculantes estão em expansão de registro para várias outras culturas e têm sido uma importante estratégia para o aumento da eficiência de uso de fertilizantes fosfatados.

De acordo com o aplicativo “Bioinsumos”, do MAPA, atualmente existem sete inoculantes registrados para a cana-de-açúcar. Ainda há um grande potencial para que novos inoculantes sejam desenvolvidos e registrados para essa cultura, não apenas à base de bactérias, mas também de fungos, como os fungos micorrízicos arbusculares (FMA). Quanto aos microrganismos relacionados à nutrição nitrogenada da cana, existe uma grande interação com o genótipo da planta.

Pesquisas realizadas pela Embrapa Agrobiologia indicam que a FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio) endofítica pode suprir quase 50% da demanda de N pela planta nos genótipos mais responsivos. A cana pode ser colonizada por vários gêneros de bactérias capazes de fixar N biologicamente, em diferentes tecidos. Respostas positivas como o aumento de TCH (Toneladas de Cana por Hectare) e ATR (Açúcar Total Recuperável) têm sido observadas pela inoculação com Nitrospirillum amazonense, o primeiro inoculante desenvolvido para a cultura. Respostas positivas também têm sido observadas pela inoculação de A. brasilense e insumos à base de FMA e outros fungos promotores

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de crescimento de plantas, como Trichoderma asperellum. A adoção dessas tecnologias contribui para sistemas de produção mais resilientes, não apenas frente a questões climáticas, mas também econômicas e ambientais.

Mesmo com os avanços e novas tecnologias, ainda há muitas oportunidades para inovar no campo dos bioinsumos com os mais variados mecanismos de promoção de crescimento de plantas. Não apenas a FBN ou aumento da eficiência de uso do N, mas também mobilização de fosfatos, solubilização de fontes de potássio de baixa solubilidade, biocontrole e tolerância à seca são mecanismos que poderão ser combinados em bioinsumos multifuncionais.

A mudança de um sistema de produção até recentemente baseado, quase exclusivamente, em insumos químicos para um uso cada vez maior de bioinsumos requer mudanças na estratégia de uso dessas novidades, com cuidados que podem fazer a diferença na eficiência. A maior parte dos bioinsumos é baseada em organismos vivos e precisam continuar vivos para desempenhar a função esperada. Cuidados durante a produção, transporte, armazenamento e aplicação precisam ser considerados.

Quanto à produção, a pureza, concentração e identidade das estirpes no produto são essenciais, o que requer um rígido controle de qualidade. A legislação brasileira para inoculantes é bastante clara quanto a esses aspectos e define requisitos mínimos de qualidade. Entretanto, a produção on farm traz preocupações quanto a esses aspectos, pois, em raros casos, existe controle de qualidade microbiológica, o que pode resultar em produtos de baixa qualidade, sem a presença o microrganismo alvo, e presença de contaminantes potencialmente patogênicos.

Temperaturas elevadas são particularmente críticas nas etapas de transporte e armazenamento. Já a aplicação, além da temperatura, leva a preocupações com misturas, seja entre produtos biológicos e químicos, seja mesmo entre biológicos, que nem sempre são compatíveis e exigem testes prévios. Finalmente, o manejo do solo que favoreça o aumento do teor de matéria orgânica é importante para criar um ambiente microbiologicamente favorável, de modo a favorecer o estabelecimento e a ação dos insumos biológicos. n

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Como repensar o manejo para evitar os colapsos produtivos

Diante de um clima com criticidade aumentada, a construção de lavouras resilientes começa sob o solo. Não é mais sobre previsão do tempo. É sobre preparo técnico profundo, decisões corajosas e lavouras que possam resistir à próxima crise climática. O setor sucroenergético nacional enfrenta o maior reposicionamento técnico de sua história.

Hoje, não basta plantar. É preciso fundar lavouras tecnicamente blindadas, desde a base físico-química do solo até o dossel fisiológico das plantas.

Esta nova era demanda um conceito central: fundar para suportar, manejar para performar. O que antes era secundário, como canteirização localizada, agora são diferenciais competitivos.

A pergunta real é: a sua lavoura está preparada para suportar tudo isso? E a realidade observada? A produtividade não decola?

Observem os dados médios da produtividade do Centro-Sul nos últimos seis anos. Não avançou. Isso mostra que há enormes oportunidades de ganhos de produtividade com consequente avanço da sustentabilidade do negócio sucroenergético nacional, independentemente do clima.

Este artigo organiza os manejos mais eficazes já testados, que oferecem sustentação agronômica real frente aos novos desafios climáticos da cana-de-açúcar.

Acionistas alheios a essa nova realidade, focado em custo por hectare e não por unidade produzida, vão sofrer se não mudarem os paradigmas. "

Preparo profundo: O Alicerce da Alta Produtividade. Estudos recentes comprovam que a compactação do solo está entre os maiores limitantes físicos à produtividade da cana.

A canteirização localizada entre 50 e 70 cm de largura por 60 cm de profundidade, aliada à destruição mecânica da velha soqueira, é uma importante ferramenta.

Diferenciais do preparo profundo com canteirização:

• Descompactação eficaz sem inversão completa;

• Mobilização parcial e em faixas;

• Eliminação de torrões e bolsões de ar;

• Uniformização da sulcação e da cobrição;

• Faixa de 0,8 x 0,6 m altamente favorável ao enraizamento;

• Incorporação de nutrientes corretivos de solo a 60 cm;

• Redução de falhas por problemas físicos na cobrição; etc.

Dados alarmantes confirmam essa urgência. A cana plantada com preparo convencional e superficial, sem incorporação dos nutrientes da correção de solo, apresenta queda de produtividade que pode ultrapassar 27% em anos

de déficit hídrico severo. Mais de 40% do sistema radicular da cana se desenvolve abaixo dos 40 cm. Ignorar isso é ignorar a base que sustenta a planta frente à seca, ao calor e às pragas. A “fundação da lavoura” é mais do que uma etapa operacional. É o momento decisivo em que se define o sucesso dos próximos seis ou mais cortes.

Barreiras químicas e corretivos: A redefinição da química do solo. A aplicação de calcário (cálcio e magnésio), gesso e fosfatos reativos com incorporação profunda altera profundamente a dinâmica do alumínio e manganês tóxicos às raízes, eleva a CTC e melhora a saturação por bases. A ação combinada com fósforo, enxofre e potássio cria uma plataforma química favorável para o estabelecimento de raízes profundas. Soratto & Crusciol, em 2008, destacaram que a eficácia do calcário está diretamente associada à sua incorporação e reação com umidade no perfil profundo. Essa base permite a prática de agricultura regenerativa, pois restaura a fertilidade funcional do solo.

O Fósforo invisível: Racionalidade econômica no macro nutriente mais caro. A eficiência agronômica do fósforo no Brasil é imensamente baixa. Estima-se que apenas 5% a 10% do total aplicado é absorvido pela planta.

Ponto crítico: incorporar fósforo entre 50 e 60 cm, no preparo do solo aumenta a longevidade de sua disponibilidade e reduz perdas por fixação superficial.

Micronutrientes e Magnésio: Arquitetos da Rizogênese. A deficiência de Mg2+ compromete diretamente a relação raiz/parte aérea, limitando o sistema radicular em volume e profundidade. Sua incorporação no perfil do solo, junto de enxofre elementar e outros macros e micronutrientes estratégicos, contribui para a ativação enzimática e a formação de tecidos condutores eficientes.

Microbiologia de precisão: A nova onda de evolução da agricultura: A fábrica de raízes invisíveis. A integração de tecnologias biológicas durante a cobrição, como Trichoderma, Azospirillum, inoculantes multifuncionais, micorrizas e bioestimulantes e outra soluções do mercado, tem gerado ganhos consistentes de enraizamento e redução da demanda hídrica da planta.

Impactos observados:

Redução do estresse oxidativo; aumento de pelos absorventes; estímulo à nodulação funcional (em solos apropriados); maior eficiência na absorção de fósforo e zinco via micorrizas.

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Essas tecnologias não apenas ativam o sistema radicular, mas também reduzem o consumo hídrico e aumentam a eficiência da adubação. Porém, nada disso resolve se o preparo não foi profundo, e fósforo, cálcio, magnésio, enxofre e outros nutrientes não forem alocados em sub superfície.

Esquema genérico de um sistema radicular ideal *Landell, at al Cobrição inteligente: Quando a mecanização serve à biologia. Compactação sobre a gema, má distribuição de solo e torrões interferem no microambiente da brotação.

Mudas Sadias: O começo invisível da alta performance. A qualidade das mudas é o primeiro fator determinante para o sucesso de uma lavoura de cana-de-açúcar. Não adianta investir em preparo profundo, nutrição tecnificada e manejo biológico avançado sem o ponto de partida, se as mudas não estão adequadas.

Sistema integrado de metas: Planejar com ambientes e visão 360° na gestão agrícola, não com intuição. Ao cruzar zonas climáticas regionais, pelos históricos de fatores climáticos, com ambientes de produção, é possível ajustar metas realistas de TCH, evitar frustrações e redirecionar investimentos.

Plantar a estratégia para colher a resiliência das grandes lavouras. A agricultura do improviso se tornou inviável. A única variável que ainda está sob controle pleno do produtor é a Fundação da Lavoura, utilizando-se canteirizador, proporcionando descompactação (80 x 60 cm) e incorporação profunda dos macros e micronutrientes.

Conclusões:

A nova era da cana-de-açúcar exige gestão mais estratégica. Acionistas alheios a essa nova realidade, juntamente com o corpo diretivo focado em custo por hectare e não por unidade produzida, vão sofrer se não mudarem os paradigmas. A pergunta: Se você não controla o clima, por que ainda negligencia o único momento em que pode controlar o ambiente da sua lavoura? A resposta está no preparo. E o preparo começa agora, na Fundação da Lavoura. n

Biodigestão anaeróbia combinada entre biomassa sólida e líquida

A biodigestão anaeróbia é um processo biológico utilizado para o tratamento e valorização de resíduos orgânicos, promovendo a decomposição da matéria orgânica na ausência de oxigênio, com geração de biogás — uma mistura rica em metano — e digestato estabilizado, com potencial uso agrícola. Embora tradicionalmente aplicada a efluentes líquidos, a tecnologia tem evoluído para incluir também resíduos sólidos, como bagaço e palha de cana, torta de filtro oriundo da produção de açúcar e etanol, esterco, restos de alimentos, resíduos agroindustriais e power crops, exigindo estratégias específicas de manejo e pré-tratamento.

A codigestão de resíduos sólidos e líquidos oferece vantagens como o balanceamento da relação C/N, aumento da eficiência do processo e maior produção de metano, mas também impõe desafios operacionais relacionados à mistura, ao bombeamento e à estabilidade microbiológica do sistema. Este artigo aborda os fundamentos, tecnologias e parâmetros de desempenho envolvidos na biodigestão anaeróbia integrada, com foco na produção de biometano a partir da combinação de resíduos sólidos e líquidos.

O Brasil possui um potencial estimado de produção de 46 bilhões de metros cúbicos normais de biogás por ano, proveniente majoritariamente da indústria sucroenergética (51%), da agroindústria (43%) e do tratamento de efluentes (6%). Esse volume expressivo de biogás pode substituir uma ampla gama de fontes energéticas e insumos industriais, como gás natural (100%), diesel (70%), energia elétrica (40%), GLP (4,5x), SAF (10x), metanol (106x) e até matérias-primas químicas como a amônia (3x) utilizada na produção de fertilizantes. Dessa forma, o biogás se apresenta como uma alternativa estratégica para a diversificação da matriz energética nacional, contribuindo significativamente para a descarbonização de setores-chave da economia. ;

O Brasil possui um potencial estimado de produção de 46 bilhões de metros cúbicos normais de biogás por ano, proveniente majoritariamente da indústria sucroenergética. "

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Biomassa e suas alternativas

Dentro deste contexto, a indústria bioenergética se destaca como protagonista, respondendo por mais da metade do volume estimado nacional. Esse setor, amplamente disseminado pelo território brasileiro, especialmente nas regiões Centro-Sul e Nordeste, gera grandes quantidades de resíduos orgânicos líquidos e sólidos, como a vinhaça, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, que possuem alto potencial energético quando destinados à biodigestão anaeróbia. Além dos resíduos gerados pela operação destes na indústria, é comum que as usinas adquiram outros resíduos para adubação orgânica do canavial, tais como estercos, que também podem ser utilizados para a geração de biogás juntamente com demais resíduos. A estrutura já consolidada da cadeia produtiva da cana, aliada à disponibilidade contínua de substratos e à infraestrutura agroindustrial existente, torna a indústria sucroenergética um pilar estratégico para a expansão da produção de biometano em escala comercial no país. Estudos realizados mostram que a combinação da biodigestão dos resíduos orgânicos de uma usina para a geração de biometano terá um impacto significante na redução da pegada de carbono, dos atuais 25 gCO2/MJ para 2,9 gCO2/MJ, tornando esta indústria em uma das mais eficientes do mundo na redução de geração de CO2.

Além da grande vantagem na pegada de carbono que a biodigestão combinada traz quando comparada com a biodigestão de vinhaça somente, existem outras vantagens tão importantes quanto, pois aumentam muito o retorno sobre o investimento: produção durante os 12 meses do ano devido ao fato de ser possível estoque dos resíduos sólidos, aumento significativo na escala de produção, geração de composto orgânico para o canavial em quantidades muito maiores que somente a torta de filtro, retomada muito rápida da produção nominal após volta de paradas da usina. Estas vantagens da utilização de sólidos e líquidos trazem um capex específico menor, valor agregado maior aos contratos de venda devido a não haver sazonalidade de fornecimento. O digestato resultante da codigestão também apresenta maior valor agronômico, enriquecido com matéria orgânica, nutrientes assimiláveis, microrganismos e enzimas que contribuem para a fertilidade do solo e o controle biológico de pragas. Essa estratégia não apenas eleva a produtividade de biogás, mas também consolida uma abordagem circular e sustentável de gestão de resíduos agroindustriais.

A codigestão de sólidos e líquidos é amplamente usada na Europa há vários anos, mas no Brasil são poucas empresas que a utilizam em grande escala devido à complexidade que os resíduos do sucro trazem ao projeto.

Nesse contexto, os reatores do tipo CSTR (Continuous Stirred Tank Reactor) destacam-se como a tecnologia mais adequada para a digestão conjunta de resíduos sólidos e líquidos da indústria sucroenergética. Seu sistema de agitação contínua promove a homogeneização dos substratos e assegura maior estabilidade do processo, mesmo com elevadas cargas orgânicas e teores de sólidos totais acima de 10%.

A operação em regime contínuo com controle preciso de parâmetros como temperatura, pH, tempo de retenção hidráulica e taxa de alimentação permite desempenho superior em comparação a tecnologias como reatores UASB ou lagoas cobertas. Além disso, os CSTRs demandam menor diluição e apresentam maior flexibilidade para processar substratos submetidos a pré-tratamentos físico-químicos, tal como bagaço de cana. Com isso, oferecem uma solução robusta, eficiente e escalável para projetos de biometano em larga escala.

A ilustração mostra a produção de biometano de um caso real de uma usina utilizando codigestão de resíduos em reatores CSTRs.

É notável o aumento de produção e a redução significativa da parcela sazonal da produção adicionando resíduos sólidos ao processo, principalmente o bagaço.

O uso do bagaço na produção de biometano e outros combustíveis avançados tem-se mostrado

uma alternativa altamente eficiente quando comparada com o uso para geração de energia elétrica e etanol 2G. Mesmo sendo um material lignocelulósico, a influência da lignina na eficiência de geração pode ser solucionada utilizando-se processo de pré-tratamento com baixo custo operacional.

A biodigestão anaeróbia combinada de biomassa sólida e líquida surge como uma das alternativas mais eficientes e sustentáveis para a geração de biometano em larga escala no Brasil, especialmente no setor sucroenergético. Os benefícios observados demonstram o grande potencial técnico, econômico e ambiental dessa abordagem.

No entanto, o sucesso de empreendimentos desta natureza está fortemente condicionado à escolha da tecnologia adequada, ao correto dimensionamento dos sistemas e, principalmente, à experiência técnica aplicada em cenários com elevada complexidade operacional. Reatores CSTR, por exemplo, apresentam claras vantagens no processamento de substratos sólidos, mas exigem dimensionamento e conhecimento técnico especializado para operarem de forma eficiente e estável ao longo do tempo. Além disso, aplicações que envolvem biomassa lignocelulósica, como o bagaço de cana, requerem domínio em pré-tratamentos, manejo de mistura e controle biológico. n

A importância do bronze para o setor sucroenergético

Soluções da Termomecanica impulsionam a eficiência nas operações do setor

O Brasil ocupa posição relevante no cenário internacional do setor bioenergético, figurando como o segundo maior produtor de biocombustíveis, conforme dados da Agência Internacional de Energia (AIE). As projeções indicam que, até 2028, aproximadamente 40% da expansão global da oferta de biocombustíveis será atribuída à produção brasileira.

A Termomecanica, com sólida atuação no fornecimento de ligas de Cobre, tem construído ao longo do tempo um portfólio voltado a atender às exigências específicas do setor, com ênfase na durabilidade, resistência mecânica e estabilidade térmica dos materiais aplicados em equipamentos essenciais da cadeia produtiva.

A trajetória de inovação da empresa é marcada, principalmente, pelo desenvolvimento da liga TM 23, concebida após um rigoroso processo de formulação liderado por Salvador Arena. O resultado obtido, após diversas variações experimentais, consolidou-se como uma solução amplamente reconhecida pelas usinas que atuam no processamento de cana-de-açúcar e milho, tornando-se referência para componentes que operam sob pressão, carga constante e exposição à abrasividade.

Soluções aplicadas à lógica de continuidade operacional

As usinas sucroenergéticas, especialmente durante o período de safra, operam em regime contínuo, com margens restritas para interrupções. A aplicação do bronze, nesse contexto, não se dá por tradição, mas por critérios mensuráveis. Trata-se de uma liga metálica que oferece resposta eficiente em ambientes corrosivos, apresenta baixa taxa de dilatação térmica e mantém suas propriedades físicas mesmo sob cargas cíclicas elevadas.

Sustentabilidade e gestão do ciclo de vida dos materiais

O uso de ligas metálicas com vida útil prolongada tem efeitos diretos sobre a sustentabilidade operacional do setor, com práticas industriais baseadas em princípios de economia circular e gestão ambiental, e o modelo de produção, combinado à rastreabilidade dos insumos e à eficiência energética das instalações, conferem à empresa um diferencial em relação ao ciclo de vida de seus produtos.

Certificada pelas normas ISO 50001 e ISO 14001, a companhia estrutura sua atuação por meio de um Sistema Integrado de Gestão que permite a análise de desempenho dos processos produtivos sob critérios técnicos, ambientais e energéticos.

Expansão da matriz bioenergética e exigências associadas

O setor sucroenergético brasileiro vem ampliando sua base de matérias-primas. A produção de etanol a partir do milho e do trigo, somada à tradicional cana-de-açúcar, tem motivado investimentos em plantas adaptadas a novas condições de clima, solo e logística de suprimentos.

As soluções em bronze desenvolvidas, respondem a esse desafio com eficiência comprovada. O conhecimento acumulado ao longo de décadas em aplicações industriais permite que a empresa atue de forma consultiva junto às usinas, orientando a escolha de materiais de acordo com o perfil de operação de cada planta.

Participação na Fenasucro & Agrocana 2025

Entre os dias 12 e 15 de agosto, a Termomecanica participará da Fenasucro & Agrocana 2025, em Sertãozinho (SP), evento que reúne os principais agentes da cadeia bioenergética da América Latina. Durante a feira, a empresa apresentará suas soluções técnicas para o setor, com destaque para a exibição de capas de bronze TM 23 em escala real, direcionadas ao processamento de cana-de-açúcar.

A presença da companhia no evento também contemplará a atuação do seu Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensaios (CPDE), laboratório acreditado pela Cgcre/INMETRO, especializado em análises químicas, elétricas, mecânicas e microestruturais de metais. A participação reforça seu posicionamento como agente da transformação energética brasileira, promovendo soluções que conciliam confiabilidade operacional, uso racional de recursos e adequação às exigências regulatórias de sustentabilidade.

Como preparar sua empresa para um mundo impulsionado por IA

A Inteligência Artificial (IA) já não é uma promessa distante ela está presente nas decisões estratégicas, nas rotinas operacionais e, principalmente, na forma como as empresas se posicionam diante do futuro. Vivemos um momento de convergência: entre tecnologia e automação, entre pessoas e dados, entre planejamento e adaptação. Mas vale lembrar: IA é ferramenta, é meio e não o destino. Sua real potência está em como é aplicada para gerar valor, acelerar resultados e fortalecer a cultura organizacional. E é isso que diferencia empresas visionárias daquelas que apenas acompanham o movimento.

A corrida pela IA

O fascínio pelo tema é compreensível. Mas o que se observa, na prática, é que muitas empresas estão mais preocupadas em “criar IAs” do que em se perguntar se estão, de fato, preparadas para isso. A maioria, se tivesse hoje um orçamento robusto para investir em IA, teria apenas ideias mas não projetos concretos, viáveis, estruturados. A ansiedade por adotar IA antes de preparar a base leva a desperdício de recursos, frustração com resultados e até riscos reputacionais. Por isso, o verdadeiro diferencial está na maturidade com que o tema é tratado e isso começa com um olhar honesto para dentro de casa.

Vivemos um momento de convergência: entre tecnologia e automação, entre pessoas e dados, entre planejamento e adaptação. Mas vale lembrar: IA é ferramenta, é meio e não o destino. "

Preparar uma organização para operar em um mundo impulsionado por IA exige muito mais do que adquirir softwares inteligentes. É necessário repensar estruturas, processos e comportamentos. Muitas empresas ainda operam com sistemas legados, silos departamentais e decisões baseadas em intuição. O primeiro passo é o diagnóstico realista: quais dados existem? Como são tratados? A cultura atual favorece inovação e aprendizado? Empresas preparadas são ágeis e conscientes. São aquelas que entendem o impacto da IA, mas também reconhecem que sua adoção exige consistência e propósito.

Mais do que adotar tecnologia, é preciso mudar o modelo mental. Algumas transições são cruciais: Hierarquia >>> Modelos Adaptativos; Controle >>> Cultura de Experimentação;

Opiniões

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Decisão Intuitiva >>> Decisão baseada em Dados; Atividades Humanas >>> Automação Estratégica.

Infraestrutura, segurança e ética: a base da jornada Nenhuma iniciativa de IA se sustenta sem uma base sólida de tecnologia. A infraestrutura precisa ser escalável, segura e integrada. Cloud computing, conectividade robusta, segurança cibernética e arquitetura orientada a dados são pilares obrigatórios. Mas não basta infraestrutura. É necessário pensar também em segurança, ética, compliance e governança de dados. IA mal utilizada pode reforçar vieses, comprometer privacidade ou expor a organização a riscos legais.

Ter diretrizes claras, comitês de governança e critérios de validação ética é tão importante quanto o modelo técnico. Mais do que isso, estamos vivendo a união entre TI (Tecnologia da Informação) e TO (Tecnologia Operacional). Essa convergência entre sistemas de gestão e dispositivos de chão de fábrica sensores, máquinas, CLPs — permite decisões automatizadas, baseadas em dados em tempo real. É aqui que a IA encontra a automação e transforma produção em inteligência de negócio.

IA é também aliada no uso racional de recursos, no controle de emissões e na gestão preditiva de ativos. Automatizar, neste contexto, não é apenas acelerar — é também tornar o negócio mais responsável.

Pessoas no centro da transformação

Nenhuma tecnologia substitui o papel da liderança, da criatividade humana e do propósito organizacional. O sucesso da jornada depende da capacidade das empresas de formar profissionais adaptáveis, éticos e preparados para atuar ao lado da IA. O investimento em letramento tecnológico — para líderes, técnicos e operacionais — é essencial. Mais do que entender como usar a IA, é preciso compreender seu impacto, seus limites e sua governança.

Na era da IA, liderar é integrar pessoas, tecnologia e propósito. Essa integração é o novo diferencial competitivo. Integração entre pessoas, propósito e tecnologia é o diferencial. O futuro não será liderado por quem tem mais tecnologia, mas por quem melhor souber integrá-la à estratégia, à cultura e à realidade do seu negócio. n Imagem gerada por Inteligência Artificial pelo Google Gemini

dados industriais

Transformando dados fragmentados em vantagem competitiva

No setor sucroenergético brasileiro, a transformação digital está redefinindo o futuro da produção. Usinas geram volumes massivos de dados a partir de sensores IoT, sistemas de automação, laboratórios de controle de qualidade (LIMS) e até planilhas manuais. Contudo, esses dados, frequentemente fragmentados em sistemas desconexos, representam um desafio crítico: como convertê-los em insights que aumentem eficiência, reduzam custos e promovam sustentabilidade? A resposta está em sistemas que integram a linguagem matemática — a base da interação entre especialistas e processos industriais — com ferramentas intuitivas. Essas soluções permitem que gestores, engenheiros e operadores tomem decisões rápidas e estratégicas, conectando o chão de fábrica aos objetivos corporativos.

Dados: o combustível da bioenergia

A expressão “dados são o novo petróleo” reflete o potencial da Indústria 4.0, mas exige refinamento e contexto para gerar valor real. Em usinas de etanol, informações de processos como moagem, fermentação, destilação e cogeração

de energia estão dispersas em silos, dificultando análises em tempo real. Estima-se que, em 2025, 84% das organizações industriais ainda enfrentem desafios para integrar dados de múltiplas fontes, o que limita a agilidade operacional. Onde margens são estreitas e a sustentabilidade é um diferencial, a integração de dados é essencial para a competitividade.

Algumas das principais empresas do setor já demonstram o poder da gestão de dados. Em determinados parques industriais, são utilizadas tecnologias avançadas para otimizar a produção de etanol e bioeletricidade, o que implica na redução de emissões em até 80% em comparação com combustíveis fósseis. A integração permite monitorar variáveis críticas, como a eficiência em tempo real, maximizando o rendimento e minimizando perdas. Alguns sistemas modernos oferecem plataformas que unificam dados de sensores, automação e de laboratório, com acesso remoto e consultas otimizadas, permitindo que gestores acompanhem indicadores-chave e operadores ajustem processos rapidamente.

A linguagem matemática: a voz do processo industrial

A interação entre engenheiros, especialistas de processo e operadores com as máquinas e processos industriais é mediada pela linguagem matemática. Modelos estatísticos, equações diferenciais e algoritmos descrevem o comportamento de processos como a fermentação ou a cogeração de energia. Montgomery e Runger (2019) destacam que técnicas como regressão linear, análise de variância e histogramas são

Onde margens são estreitas e a sustentabilidade é um diferencial, a integração de dados é essencial para a competitividade. "

fundamentais para identificar padrões e prever anomalias. Por exemplo, em uma usina de etanol, a análise de correlação entre pH, temperatura e concentração de açúcar pode revelar a causa de uma queda no rendimento da fermentação, permitindo ajustes que evitam perdas de milhares de reais por hora.

A potência matemática, no entanto, precisa ser acessível. Operadores que enfrentam uma anomalia no processo não podem perder tempo filtrando dados irrelevantes ou decifrando interfaces complexas. Provost e Fawcett (2013) enfatizam que ferramentas eficazes combinam análises avançadas — como modelagem preditiva, análises de frequência e visualizações como XY plots — com usabilidade. Soluções de Analytics em tempo real já permitem que engenheiros se concentrem na causa do problema, não na operação do software. Isso significa responder perguntas como “por que a produção caiu?” ou “qual a origem dessa variação?” em minutos, reduzindo o tempo de inatividade e otimizando recursos. Onde a agilidade é crítica, a intuitividade das ferramentas é tão importante quanto sua robustez analítica.

Do caos à clareza: a realidade da análise de dados

O ciclo teórico de análise de dados — coleta, visualização, análise e diagnóstico — sugere uma linearidade que raramente se aplica na prática. Na realidade, engenheiros e especialistas frequentemente revisitam hipóteses, exploram cenários e refinem estratégias em um processo dinâmico e interativo. Esse fluxo mental reflete a curiosidade humana e a urgência de resultados em um setor onde cada minuto de parada custa caro. Sistemas eficazes devem acompanhar essa realidade.

Em uma usina de etanol, por exemplo, a análise em tempo real pode detectar uma falha iminente em uma bomba de alimentação, permitindo manutenção preventiva que evita paradas de produção. Algumas empresas utilizam tecnologias de monitoramento online para otimizar a produção de etanol de segunda geração (E2G), demonstrando como a análise de dados pode impulsionar a inovação e a sustentabilidade. Essas ferramentas reduzem o tempo de resposta, aumentam a acurácia das decisões e integram a operação à estratégia corporativa. Bioenergia: transformação através de dados

A análise de dados tem impactos diretos na eficiência, qualidade e sustentabilidade. Um estudo da Embrapa (2022) mostrou que usinas que adotaram manutenção preditiva reduziram

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perdas de produção em até 12% ao antecipar falhas em equipamentos como caldeiras e destiladores. Já a Unica (2023) aponta que o ajuste de variáveis como temperatura e nutrientes na fermentação, com base em modelos matemáticos, pode aumentar o rendimento do etanol em até 5%. Esses ganhos se traduzem em maior produtividade, menor consumo de recursos e redução de emissões.

Ao escolher uma ferramenta de análise de dados que trabalhe de forma online, é fundamental que este sistema ofereça ferramentas que integrem dados de processos industriais, permitindo análises preditivas que otimizam tanto a manutenção quanto a operação. Isso pode significar a previsão de desgaste em uma turbina de cogeração, evitando paradas não programadas que custam milhões. Além disso, a análise de dados fortalece o alinhamento às metas de sustentabilidade, e sistemas integrados transformam dados operacionais em métricas de emissões, alinhando-se às diretrizes do GHG Protocol (Protocolo de Gases do Efeito Estufa).

Para gestores, a análise de dados oferece visibilidade estratégica. Dashboards interativos, como os fornecidos por algumas soluções avançadas de análise de dados, permitem monitorar indicadores como eficiência energética, custo por litro de etanol ou por quilo de açúcar, e emissões de carbono. Enquanto isso, operadores utilizam alertas em tempo real para corrigir desvios imediatamente. Essa sinergia entre tecnologia e estratégia fortalece a competitividade em um mercado global exigente, onde a sustentabilidade é um diferencial.

Conclusão: dados como diferencial estratégico

Transformar dados fragmentados em vantagem competitiva requer uma abordagem que combine tecnologia, matemática e usabilidade. No setor sucroenergético, ferramentas que integram múltiplas fontes de dados, utilizam linguagem matemática como base e oferecem interfaces intuitivas são essenciais para otimizar processos e alcançar metas de sustentabilidade. Esses sistemas empoderam gestores a tomar decisões baseadas em evidências, engenheiros a antecipar falhas e operadores a resolver problemas rapidamente. Como dizia o estatístico William Edwards Deming, “sem dados, você é apenas mais uma pessoa com uma opinião”. No setor sucroenergético, as usinas que transformam dados em ações reais estão, sem dúvida, redefinindo o futuro, prontas para liderar com eficiência e sustentabilidade. n

Laboratórios da Priner:

aliados na prevenção de falhas em parafusos industriais

No setor sucroenergético, paradas não planejadas em moendas, caldeiras e grandes equipamentos podem gerar prejuízos significativos. Entre as causas silenciosas e recorrentes estão os parafusos industriais, componentes simples, mas essenciais para a segurança e continuidade operacional.

Nos laboratórios da Priner, são frequentes os casos de fratura em parafusos provocadas por torque inadequado ou uso de materiais fora da especificação. Mesmo quando o torquímetro indica um valor aparentemente correto, fatores como atrito excessivo, imperfeições de rosca ou desalinhamentos podem comprometer a tensão real aplicada, favorecendo o surgimento de trincas que evoluem até a ruptura.

Outro cenário comum envolve o uso de parafusos com resistência inferior à exigida pelo projeto, resultando em deformações e falhas prematuras.

Isso pode ocorrer por erros na especificação técnica, falhas de aquisição, ausência de rastreabilidade ou falta de controle de qualidade.

Combinando engenharia de materiais e infraestrutura laboratorial avançada, a Priner realiza investigações completas por meio de ensaios mecânicos, metalográficos e químicos. Avaliamos propriedades mecânicas, estrutura metalúrgica e composição dos materiais para identificar causas de falhas e prevenir reincidências.

Também aplicamos a metodologia Fitnessfor-Service (FFS), com base nas normas internacionais API 579 e BS 7910, para avaliar a integridade de componentes danificados em operação e apoiar decisões sobre continuidade, reparo ou substituição.

Em ambientes industriais com altas cargas e pressões, não há espaço para falhas evitáveis. Investir em inspeção, testes e prevenção é uma decisão estratégica, e a Priner está pronta para apoiar sua usina na jornada por mais segurança, desempenho e confiabilidade.

MARCAS DE CATRACA ESTRICÇÃO (DEFORMAÇÃO PLÁSTICA)
PARAFUSO FRATURADO

Convergência entre Tecnologias da Operação e Tecnologia da Informação

Indústria 4.0 e a revolução na cadeia sucroenergética:

A Indústria 4.0 representa a convergência entre tecnologias físicas e digitais com o objetivo de criar ambientes produtivos autônomos, inteligentes e integrados. No setor sucroenergético, a adoção desses princípios torna-se essencial para enfrentar desafios de eficiência, disponibilidade e segurança. A digitalização das usinas é um passo fundamental para alcançar essa nova realidade, pois permite a coleta, o tratamento e a utilização estratégica de dados para a tomada de decisões em tempo real, de forma assistida e autônoma.

O desafio da convergência TO-TI: a base para a digitalização:

A Tecnologia da Informação (TI) tem como foco a gestão de dados, informação e segurança digital, enquanto a Tecnologia da Operação (TO) atua diretamente no controle, automação e execução de processos industriais. Apesar de suas funções distintas, a convergência entre essas duas áreas é um passo inicial crucial na jornada de transformação digital.

Essa união permite o fluxo contínuo de dados da planta até os sistemas corporativos, possibilitando a criação de ambientes inteligentes e integrados. O maior desafio, entretanto, está na superação das barreiras culturais, tecnológicas e de governança.

Construção do roadmap de transformação digital: Metodologia VDMA

A ferramenta VDMA Toolbox oferece uma metodologia estruturada para mapear o estágio atual da usina e projetar sua evolução digital. O processo é baseado na análise de três dimensões fundamentais:

• Pessoas: capacitação, cultura e liderança digital;

• Processos: eficiência operacional, padronização e controle;

• Tecnologias: infraestrutura, conectividade, sensores e IA.

A análise ocorre nas principais seções da usina: moenda, fábrica de açúcar, produção de etanol e cogeração. Os dados levantados são tratados quantitativa (maturidade de 1 a 5) e qualitativamente (descrição do uso, criticidade e potencial). Essa abordagem permite responder à pergunta "onde estamos e para onde vamos?", guiando a elaboração de um roadmap estratégico.

Fichas de oportunidades e projetos de transformação

Com base nos diagnósticos setoriais, são geradas fichas de oportunidades que detalham gaps, soluções tecnológicas, setores impactados, tipo de tecnologia (sensor,

A convergência entre TO e TI é o primeiro passo para criar uma base de dados consistente, confiável e segura, capaz de alimentar sistemas analíticos e mecanismos de decisão inteligentes.

Venturelli

e Digitalização Industrial e Coordenador do Instituto SENAI de Tecnologia

conectividade, automação, IA), benefícios esperados e dificuldade de implementação. Posteriormente, essas fichas se transformam em projetos priorizados com base em critérios objetivos: impacto, investimento, prazo, complexidade e valor agregado.

As iniciativas se agrupam em três ondas de transformação:

• 1ª onda: infraestrutura, conectividade, digitalização;

• 2ª onda: tecnologias habilitadoras como IoT, Edge, Cloud;

• 3ª onda: IA, análise preditiva, decisão assistida.

Tecnologias habilitadoras e sistemas de decisão inteligente

A partir da infraestrutura digital criada, torna-se viável a implantação de tecnologias habilitadoras:

• IoT Industrial e Sensores Analíticos

• Edge Computing e Cloud Híbrida

• Data Lake e Plataformas de Analytics

• KPIs Inteligentes, Dashboards Interativos, Mineração de Dados

• Modelos de IA para previsão, anomalias e prescrições operacionais

Essas tecnologias redefinem a supervisão industrial, saindo da reatividade para uma gestão preditiva, padronizada e orientada a modelos de decisão baseados em dados.

Cibersegurança e governança: Pilar crítico da convergência TO-TI

A integração de redes industriais com sistemas de TI amplia significativamente a superfície

IDENTIFICAÇÃO DOS GAPS

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de ataque cibernético. As prioridades também se diferenciam: enquanto TI prioriza confidencialidade, TO prioriza a integridade e a disponibilidade do processo. Portanto, é essencial implementar:

• Estruturas de defesa em profundidade (IEC 62443);

• Políticas de acesso, gestão de ativos e responsáveis por dados;

• Governança compartilhada e times unificados TO-TI;

• Treinamento das equipes operacionais sobre riscos digitais.

Sem esse alicerce de segurança, não há transformação digital sustentável.

Conclusão: Um plano estratégico para o futuro da operação digital

Transformar digitalmente uma usina não significa adotar tecnologias isoladas, mas construir um plano coordenado, baseado em diagnóstico, metas claras e valor operacional. A convergência entre TO e TI é o primeiro passo para criar uma base de dados consistente, confiável e segura, capaz de alimentar sistemas analíticos e mecanismos de decisão inteligentes.

Somente com esse alinhamento a indústria sucroenergética avançará rumo a uma operação digital, que seja assistida por dados e permita operações autônomas por Inteligência Artificial.

As usinas do futuro serão definidas não apenas pela eficiência de seus equipamentos, mas pela inteligência com que utilizam suas informações. n

Como a Inteligência Artificial e a automação redefinem a segurança e eficiência no transporte agrícola

Em um setor cada vez mais desafiador e competitivo como o agronegócio, a eficiência logística e a segurança no transporte de cargas são fatores determinantes para a sustentabilidade e a rentabilidade das operações. O transporte agrícola, especialmente em áreas remotas, enfrenta obstáculos complexos que exigem soluções tecnológicas robustas. Neste contexto, a convergência entre inteligência artificial (IA) e automação tem-se mostrado um divisor de águas, promovendo uma verdadeira transformação na forma como frotas são gerenciadas, rotas são planejadas e riscos são mitigados. Otimização de rotas inteligentes: decisões preditivas que geram valor

No coração da revolução tecnológica no transporte agrícola está o uso de algoritmos de IA para otimizar rotas com precisão inédita.

Mais do que simplesmente traçar caminhos, as plataformas modernas analisam dados meteorológicos, condições das estradas rurais, tráfego em tempo real, características da carga transportada e até mesmo o perfil de condução do motorista. Isso permite definir a rota mais eficiente e segura para cada operação, reduzindo não só o tempo de deslocamento, mas também o consumo de combustível e as emissões de CO₂.

Essa automação inteligente torna-se especialmente relevante em regiões onde as estradas podem mudar drasticamente conforme o clima ou o tipo de cultivo transportado. Ao evitar vias com risco de alagamento, excesso de poeira ou tráfego de máquinas agrícolas, a tecnologia garante previsibilidade operacional, algo crítico em janelas apertadas de colheita e distribuição.

Gestão de frota em tempo real: visibilidade como ativo estratégico

A integração de dados de telemetria, geolocalização e sensores embarcados em uma única plataforma transforma o monitoramento de frotas em uma gestão ativa e preditiva. Não se trata apenas de saber onde os veículos estão, mas de entender como estão sendo conduzidos, qual seu desempenho mecânico e se há comportamentos que possam indicar risco.

Não se trata apenas de saber onde os veículos estão, mas de entender como estão sendo conduzidos, qual seu desempenho mecânico e se há comportamentos que possam indicar risco. "

Com essas informações, gestores de frota conseguem intervir antes que falhas ocorram, reduzindo paradas não programadas, otimizando manutenções e aumentando a segurança nas estradas. Essa visibilidade também possibilita a tomada de decisões baseadas em dados concretos, eliminando suposições e tornando a gestão logística mais assertiva.

O cenário dos tombamentos no agronegócio: uma urgência silenciosa

Um dos grandes desafios do transporte agrícola é o risco de tombamentos de veículos. Trata-se de eventos que vão além do prejuízo material: envolvem perdas significativas de carga, danos aos veículos, riscos de lesões a motoristas e impactos ambientais, especialmente em áreas sensíveis.

Entre os principais fatores que contribuem para esses acidentes estão os terrenos irregulares, excesso de velocidade, má distribuição de carga e falha humana. Em regiões com grande movimentação de cana-de-açúcar, grãos ou fertilizantes, esses tombamentos representam não apenas riscos operacionais, mas também elevados custos econômicos e reputacionais. Tecnologia como aliada na prevenção de tombamentos

A inteligência artificial tem desempenhado um papel fundamental na prevenção de acidentes por tombamento. Sistemas de telemetria avançada analisam, em tempo real, dados como velocidade, aceleração e frenagem. Esses dados alimentam algoritmos que identificam padrões de risco e geram alertas instantâneos. Além disso, o uso de IA permite a criação de treinamentos personalizados, baseados nos hábitos de condução de cada profissional. O resultado é uma abordagem mais empática e eficiente de correção de comportamentos inseguros, que respeita as particularidades do condutor e promove a cultura de segurança. O mapeamento de rotas com análise de risco

A automação vai além da análise comportamental. Plataformas modernas também realizam mapeamentos detalhados das rotas mais utilizadas, cruzando dados históricos de acidentes, inclinações do terreno, tipo de solo e incidência de intempéries. Isso permite gerar mapas de calor com trechos considerados críticos, como curvas acentuadas, aclives ou descidas íngremes, e oferecer alternativas mais seguras — ou alertas específicos durante a condução.

Esse tipo de mapeamento tem sido especialmente útil para operações agrícolas em áreas

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com pouca infraestrutura, onde a combinação entre volume de carga e precariedade das estradas aumenta os riscos.

Desafios e oportunidades: da conectividade à capacitação

Apesar dos avanços, a adoção dessas tecnologias ainda enfrenta barreiras importantes. O custo inicial de implementação, embora em queda, pode ser um entrave para empresas de menor porte. A conectividade em áreas remotas também representa um desafio técnico, especialmente para o envio de dados em tempo real.

Outro ponto crítico é a capacitação da mão de obra. A tecnologia, por si só, não resolve problemas: ela potencializa boas práticas e exige uma gestão preparada para interpretar dados e promover mudanças. Nesse sentido, programas de treinamento contínuo e envolvimento das equipes operacionais são indispensáveis para garantir o retorno sobre o investimento.

Ainda assim, as oportunidades superam amplamente os desafios. Empresas que adotam essas soluções experimentam reduções expressivas em custos com combustível, manutenção e sinistros, além de ganhos consideráveis em produtividade, reputação e sustentabilidade ambiental.

Resultados e perspectivas: um caminho sem volta para o futuro do agronegócio

A adoção de tecnologias baseadas em IA e automação no transporte agrícola não é mais uma aposta, é uma necessidade estratégica. À medida que os dados se tornam o novo combustível do agronegócio, empresas que investem em inovação passam a operar com maior segurança, previsibilidade e eficiência.

Os tombamentos diminuem, os motoristas se tornam mais conscientes, as operações ganham fluidez e o meio ambiente agradece. Com a integração de dados, a inteligência aplicada às decisões cotidianas e o foco contínuo em segurança, o setor se fortalece não apenas economicamente, mas também como um agente de responsabilidade social e ambiental.

O agro conectado já é realidade

A convergência entre tecnologia e automação está redefinindo o transporte agrícola. A inteligência artificial, combinada com uma gestão orientada por dados, representa um salto qualitativo na forma como lidamos com os riscos, otimizamos recursos e garantimos a segurança nas estradas do campo. É tempo de transformar conhecimento em ação e colocar a inovação para trabalhar a favor de um agronegócio mais eficiente, seguro e sustentável. n

Da coleta inteligente de dados à confiabilidade

A jornada da transformação da Manutenção

Industrial baseada em dados e inteligência artificial ganhou novos contornos nos últimos anos. O setor deixou de ser um mero centro de custos reativo para se tornar um dos motores estratégicos de produtividade e competitividade. Hoje, a coleta inteligente de dados e o uso de tecnologias avançadas são determinantes para alcançar novos patamares de confiabilidade, disponibilidade e eficiência operacional.

Historicamente, a manutenção industrial avançou por diferentes paradigmas:

Manutenção preventiva: focada em ações programadas para evitar falhas, mas que muitas vezes resultavam em desperdício de recursos ao substituir peças ainda em condições de uso;

Manutenção condicional e autônoma: tecnologias e procedimentos começaram a permitir ações baseadas em condições reais do equipamento, reduzindo o excesso de manutenção;

Manutenção preditiva: com a leitura sistemática de dados e análise de tendências, tornou-se viável prever falhas antes que ocorressem, minimizando paradas inesperadas e custo operacional;

Monitoramento inteligente e IA: a etapa mais recente e revolucionária é marcada pela automação de coleta de dados, aplicação de algoritmos de Inteligência Artificial e uso de sensores inteligentes conectados por IoT (internet das coisas), promovendo decisões preditivas e prescritivas.

A estratégia da manutenção industrial, impulsionada por coleta de dados inteligente, Internet das Coisas e Inteligência Artificial, não é mais promessa — é realidade. "

Evolução estratégica da manutenção

No centro desta revolução, estão sensores de vibração, temperatura e outros indicadores críticos, que geram milhares de dados em tempo real que são essenciais para uma manutenção verdadeiramente estratégica.

O grande fator impulsionador da confiabilidade e do desempenho da manutenção industrial não é fruto do acaso, mas sim de uma sinergia bem estruturada entre aspectos operacionais e tecnológicos. Nesse novo contexto, alguns pilares se destacam:

Monitoramento remoto: sensores conectados rastreiam o desempenho dos ativos continuamente, identificando falhas iminentes e viabilizando respostas rápidas;

Automação e IA: plataformas que analisam grandes volumes de dados para gerar insights de manutenção, priorizando intervenções críticas e otimizando recursos;

Qualidade dos componentes: equipamentos com peças de maior durabilidade reduzem o ciclo correto-preventivo, impactando positivamente a confiabilidade;

Redundância de sistemas críticos: estruturas projetadas para garantir que falhas não interrompam processos essenciais.

No mundo agroindustrial, onde a produção não pode parar, cada decisão de manutenção tem impacto financeiro direto e profundo, seja na produção de açúcar e etanol, seja na exportação de energia. Os desafios atuais vão muito além do diagnóstico das falhas, uma vez que todo o avanço tecnológico trouxe consigo desafios inéditos como:

Gestão do volume de dados: não basta apenas coletar dados. O real diferencial está em transformá-los em informações acionáveis, com dashboards e insights claros;

Integração de sistemas: plataformas de manutenção precisam conversar com sistemas ERPs como o SAP, automatizando desde a identificação da falha até a emissão da ordem de serviço, otimizando tempo e reduzindo falhas humanas;

Capacitação humana: o papel do analista de manutenção migrou do ferramental tradicional para um profissional capaz de interpretar sinais de IA, validar diagnósticos e atuar estrategicamente.

Nas operações do grupo Atvos, a digitalização da manutenção já colhe frutos reais e mensuráveis.

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Manutenção industrial

Inteligência Artificial

e a redução

do

MTTR: eficiência técnica aplicada à manutenção industrial

A agroindústria contemporânea enfrenta um cenário de crescente complexidade operacional, associado a pressões econômicas significativas. Oscilações no preço de commodities, elevação de juros e instabilidade global intensificam a necessidade de ganhos em produtividade e controle rigoroso de custos. Nesse contexto, a manutenção industrial e automotiva emerge como um vetor estratégico, onde a integração de tecnologia e inteligência técnica se consolida como pilar fundamental da competitividade.

Estratégia Triangular e Eficiência Operacional: A chamada Estratégia da Produtividade Triangular — ancorada em três frentes: investimento tecnológico, eficiência de processos e desenvolvimento de capital humano — tem-se destacado como modelo eficaz de en-

frentamento das adversidades econômicas. A adoção de tecnologias aplicadas à manutenção industrial, especialmente em setores intensivos em ativos como o sucroenergético, revela impactos expressivos sobre a confiabilidade operacional e a redução de custos não planejados.

Segundo benchmarks do setor, usinas com alto grau de digitalização e excelência em gestão técnica apresentam custos de manutenção equivalentes a 8% do custo total de produção. Em contrapartida, operações com baixa maturidade tecnológica chegam a comprometer até 24% de seus custos com atividades de manutenção corretiva. A diferença reflete a maturidade da gestão de ativos e o impacto de decisões baseadas em dados, sistemas preditivos e respostas técnicas orientadas por inteligência artificial.

MTTR e MTBF como Indicadores de Confiabilidade: Dois indicadores estruturam a análise da confiabilidade operacional: o MTTR (Mean Time to Repair), que expressa o tempo médio necessário para reparar uma falha, e o MTBF (Mean Time Between Failures), que quantifica o intervalo médio entre falhas sucessivas. No setor agroindustrial, particularmente em máquinas sob regime severo de uso

Estimativas conservadoras apontam uma economia de R$ 1,2 milhão por safra, apenas considerando as perdas evitadas com redução de downtime em uma usina processando cerca de dois milhões de toneladas.

— como colhedoras hidráulicas em operação 24/7 —, a média de mercado aponta MTBF de aproximadamente 20 horas e MTTR superior a 2h30. Reduzir o tempo de reparo para menos de 108 minutos se torna objetivo-chave para a sustentação da produtividade durante a safra. Um aspecto técnico frequentemente negligenciado é a decomposição do MTTR por fase: apenas 10% do tempo é, em média, consumido na detecção da falha. Em contraste, o diagnóstico e o planejamento da intervenção podem consumir até 40% do tempo total. Esse dado reforça a tese de que acelerar a etapa de troubleshooting representa a maior alavanca de melhoria contínua da manutenção industrial.

Turnover Técnico e Erosão do Conhecimento: A crescente rotatividade de profissionais técnicos e a aposentadoria de especialistas experientes têm gerado um vácuo de conhecimento nas operações industriais. Técnicos recém-contratados levam, em média, seis meses para atingir autonomia plena. Durante esse período, o MTTR tende a se elevar, e os riscos operacionais aumentam significativamente. A perda de memória operacional não documentada compromete não apenas a eficiência, mas a capacidade de resposta a falhas críticas — cenário que se agrava na ausência de mecanismos sistemáticos de transferência de conhecimento técnico.

Inteligência Artificial Aplicada à Manutenção: Diante desse panorama, o uso de Inteligência Artificial (IA) aplicada à manutenção industrial tem-se consolidado como solução estratégica. Ferramentas especializadas já disponíveis permitem reduzir drasticamente o tempo de diagnóstico e resposta técnica. Tais soluções vão além dos modelos de linguagem natural genéricos disponíveis no mercado (LLMs) ao incorporar arquiteturas específicas baseadas em sistemas multiagentes inteligentes. Os LLMs tradicionais, embora eficazes em contextos generalistas, apresentam limitações estruturais quando aplicados ao ambiente industrial. Sua incapacidade de processar dados operacionais, interagir com múltiplas fontes técnicas específicas e evitar inferências imprecisas — com risco de “alucinações” — compromete a confiabilidade exigida no chão de fábrica. Em contraste, os sistemas multiagentes oferecem uma abordagem distribuída, na qual diferentes agentes especializados (diagnóstico, soluções, segurança,

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acesso a histórico de falhas) colaboram para entregar uma resposta técnica contextualizada, precisa e segura.

Além disso, as mais atualizadas plataformas são capazes de integrar dados históricos da operação, registros de manutenção, diagramas técnicos e informações de interações à medida que acontecem, fornecendo respostas automatizadas e orientações de procedimento em segundos — fator decisivo em ambientes onde o tempo de inatividade custa milhões.

Resultados e Impacto Financeiro: Em aplicação prática no setor sucroenergético, o uso de IA especializada na manutenção de colhedoras hidráulicas resultou em 80% de ganho na velocidade de diagnóstico, além de 95% de redução no tempo de busca por informações técnicas durante o troubleshooting.

A consequência direta foi a redução significativa do MTTR e o aumento da disponibilidade operacional. Estimativas conservadoras apontam uma economia de R$ 1,2 milhão por safra, apenas considerando as perdas evitadas com redução de downtime em uma usina processando cerca de dois milhões de toneladas.

O retorno sobre o investimento (ROI) dessas soluções ocorre, frequentemente, em menos de 30 dias, quando comparado ao custo evitado de paradas não planejadas e intervenções incorretas. A padronização do conhecimento técnico, o aumento da rastreabilidade e a mitigação da dependência de especialistas são ganhos adicionais que contribuem para a resiliência da operação.

Conclusão: A redução do MTTR não é mais apenas uma meta de eficiência, mas um imperativo estratégico diante das exigências de produtividade, segurança e competitividade no setor agroindustrial. A combinação entre capital humano qualificado, processos robustos e tecnologias emergentes constitui o novo paradigma da manutenção moderna.

Nesse contexto, a Inteligência Artificial especializada, estruturada em sistemas multiagentes e integrados ao ecossistema operacional, representa uma ruptura positiva. Ao superar as limitações das ferramentas genéricas, tais soluções entregam não apenas diagnósticos rápidos, mas decisões técnicas orientadas por contexto, garantindo confiabilidade, continuidade e otimização de recursos em ambientes críticos. A era da manutenção inteligente já é uma realidade — e sua adoção define os líderes industriais da próxima década. n

O uso da IA na manutenção automotiva agrícola

Imagine um cenário em que o seu equipamento, motorizado ou não, "avisa" antes mesmo de apresentar um defeito grave. E mais, ele aponta o que está errado e sugere qual a melhor forma para repará-lo. Isto já é realidade que se consolida com o avanço da Inteligência Artificial (IA) na Manutenção Automotiva Agrícola.

A Manutenção Automotiva Agrícola passa por uma transformação sem precedentes. Sistemas que antes dependiam exclusivamente da habilidade humana para identificar falhas e realizar reparos agora contam com algoritmos inteligentes, sensores embarcados e plataformas digitais para antecipar problemas, reduzir custos e aumentar a confiabilidade dos equipamentos.

Matriz de tecnologia para os próximos cinco anos: De acordo com a Matriz Mundial de Tecnologia, traçada pela PMM Inovation Group, a evolução da tecnologia caminha numa velocidade exponencial, enquanto muitas empresas ainda estão numa velocidade logarítmica e dentro dos conceitos. A revolução para os próximos três anos será a Inteligência Artificial, o 5G, Blockchain, Hologramas, Robótica, Drone e dados em DNA, sendo disparadamente em maior intensidade a evolução da IA.

Diagnóstico preditivo com IA. O que é? O diagnóstico preditivo utiliza IA para coletar, analisar e interpretar dados em tempo real. Através de sensores espalhados pelos sistemas, subsistemas e componentes do equipamento, monitorando temperatura, vibração, rotação, pressão e outros parâmetros, é possível prever falhas com base em padrões históricos e comportamentos anômalos.

A Manutenção Automotiva

Agrícola agora conta com algoritmos inteligentes, sensores embarcados e plataformas digitais para antecipar problemas, reduzir custos e aumentar a confiabilidade dos equipamentos. "

Sistemas de machine learning, por exemplo, aprendem continuamente com os dados capturados e melhoram sua capacidade de diagnóstico, antecipando problemas antes que eles comprometam o desempenho do equipamento. Resultado: uma manutenção mais eficiente, com menos paradas não planejadas e maior vida útil dos componentes e, por consequência, do ativo.

Aplicações práticas da IA na manutenção automotiva: A aplicação da IA na manutenção automotiva vai muito além do simples diagnóstico de falhas. Abaixo, destacamos algumas inovações que já estão em uso:

• Análise de óleo em tempo real: sistemas inteligentes conseguem identificar a degradação do óleo e sugerem o momento ideal para troca, evitando desgaste prematuro do motor.

• Monitoramento preditivo de componentes críticos: algoritmos avaliam padrões de uso e desgaste destes componentes, recomendando manutenções preventivas antes que ocorra a falha.

• Detecção automática de ruídos: softwares treinados com milhares de sons conseguem identificar, com alta precisão, se um barulho no motor, suspensão ou transmissão indica uma falha iminente.

• Assistentes virtuais de manutenção (AVM): chatbots e aplicativos baseados em IA orientam o mantenedor ou o próprio operador sobre as falhas, códigos de erro e até orientam a solução do problema por eles descritos.

Benefícios para a gestão de ativo: Para a gestão de ativo como um todo, a IA representa um salto no gerenciamento e operacionalização da manutenção. Com o acesso a dados detalhados sobre o estado de cada sistema, subsistema e componente, é possível:

• Reduzir o tempo de diagnóstico, diminuindo assim o tempo médio de reparo (MTTR);

• Evitar a troca desnecessária de peças, metodologia baseada na teoria da tentativa e erro;

• Melhorar a previsão de demanda por peças e serviços, auxiliando o Departamento de Supply Chain na gestão de estoque;

• Planejar manutenções com menos impacto na operação, tomando o controle do lucro cessante.

Além disso, sistemas integrados entre equipamentos, oficinas e fornecedores permitem um ecossistema mais ágil, colaborativo e transparente.

Intelligent Pro IA: Inteligência Artificial aplicada ao diagnóstico de falhas em colhedoras de cana. A operação de colhedoras de cana-de-açúcar representa um dos pontos mais críticos e onerosos da mecanização agrícola na cultura da cana-de-açúcar. As paradas não planejadas geram custos elevados, perda de produtividade e impacto direto no CTT (corte, transbordo e transporte). Diante desse cenário, as empresas especializadas do setor reúnem conhecimento e experiências para formarem parcerias para o desenvolvimento de ferramentas que incorporem Inteligência Artificial para viabilizar a análise de falhas e o diagnóstico técnico em colhedoras. Atualmente, há no mercado sucroenergético mais de 5.000 colhedoras de cana operando em todo Brasil, com custos ao redor de R$ 500.000,00 de manutenção absoluta por ano, com um RAV (indicador de renovação do ativo) na ordem de 24 a 29% e esses custos são de alta representatividade na formação dos custos do TCO (custo total de propriedade).

Impacto direto no MTTR e MTBF: Com a aplicação de ferramentas de diagnóstico (Troubleshooter), o tempo médio de reparo (MTTR - Mean Time to Repair) é significativamente reduzido, uma vez que o diagnóstico deixa de ser uma investigação empírica e passa a ser orientado por dados e padrões aprendidos pela Inteligência Artificial.

Por outro lado, o tempo médio entre falhas (MTBF - Mean Time Between Failures) também tende a aumentar, já que o sistema permite

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antecipar falhas potenciais, ajudando a equipe técnica a atuar antes que o problema se agrave. Tecnologia e eficiência: As ferramentas de IA estão sendo criadas nestra área com um objetivo claro: reduzir o tempo de diagnóstico e aumentar a assertividade na identificação das causas raiz dos problemas. Utilizando algoritmos de aprendizado de máquina alimentados por históricos de falhas, parâmetros operacionais, sensores e análises de dados em tempo real, o sistema é capaz de sugerir, com precisão, os possíveis motivos das falhas apresentadas, com isso, reduzindo o tempo de reparo da máquina e contribuindo para melhor ROI (retorno do investimento), já que uma colhedora de cana tem um custo total operacional (TCO) na faixa de R$ 700,00/hora entre custos fixos e variáveis. Afinal, quaisquer ganhos que melhorem sua disponibilidade operacional e o OEE (índice de eficiência geral dos equipamentos) trazem ganhos substanciais para amortização do investimento da tecnologia nos ativos em menor tempo.

Desafios e o futuro da manutenção com IA: Apesar das vantagens, a adoção da IA na manutenção automotiva ainda enfrenta alguns desafios e obstáculos. A padronização de sistemas, a interoperabilidade entre fabricantes e modelos de equipamentos e o custo de implementação desta ferramenta preditiva são as barreiras mais comuns.

Outro ponto importante é a qualificação dos profissionais nas pontas operativas de manutenção e operação. A nova geração de mecânicos precisa ser capaz de interpretar relatórios técnicos, compreender algoritmos básicos de IA e utilizar softwares de diagnóstico avançados que a cada ano são mais intensivos a tecnologia embarcada nos equipamentos. Nesse sentido, o investimento em capacitação é essencial para o sucesso desta ferramenta de diagnóstico preditivo.

Mas o futuro é promissor. Com a conectividade dos equipamentos nas tecnologias de IoT (Internet das Coisas) e Big Data, o uso de IA na manutenção tende a se tornar cada vez mais comum e acessível, otimizando os processos, aumentando a eficiência, reduzindo os custos e prevenindo falhas em equipamentos. Através da tecnologia de machine learning, quanto mais dados de entrada inserirmos nos programas para IA, mais rápidas e mais assertivas se tornam suas respostas em relação aos projetos utilizando essa tecnologia.

Além disso, com a evolução da Inteligência Artificial generativa, as expectativas são que as tecnologias de IA não somente diagnostiquem, mas também sejam capazes de sugerir correções em tempo real para reparação das falhas e panes nos sistemas. n

Adequação trator x implementos

Como extrair o máximo nas diferentes operações

Na hora de lastrar o trator, algumas observações são necessárias, assim evitando inadequações nas distribuições de pesos que, além de desequilibrar a relação peso x potência, venham comprometer a capacidade trativa do trator, aumentar o consumo de combustível, elevar os desgastes dos pneus, incrementar índices maiores de quebras nos componentes mecânicos e das transmissões além de compactações do solo.

O setor de mecanização agrícola tem gerado uma revolução na forma de produzir, empregando ferramentas mais funcionais utilizadas desde o preparo do solo, desenvolvimento da

cultura e colheita, equipamentos estes dotados de alta tecnologia e especificidades, que beneficiam e auxiliam o produtor rural, tanto em desempenho quanto em redução de custos.

Com a modernização da agricultura, a adequação entre trator, implemento e as condições da área de trabalho deixou de ser uma recomendação técnica para se tornar um pilar estratégico. O equilíbrio entre peso, potência, rodado e implemento garante maior rendimento, menor consumo de combustível por hectare, melhor qualidade nas operações e mais segurança para o operador. Além disso, contribui para a preservação dos equipamentos e para a sustentabilidade da produção.

Um dos principais investimentos dos agricultores atualmente são máquinas de grande porte e de alto valor agregado. No entanto, estes equipamentos devem desempenhar um trabalho eficiente e com a melhor relação custo-benefício possível, sem que haja desperdício de recursos neste sentido.

Para garantir que a operação seja eficiente é preciso considerar a potência e o peso do trator em relação ao implemento acoplado, bem como as condições do solo onde será realizada a atividade. Um mesmo conjunto trator-implemento pode exigir ajustes diferentes dependendo do tipo de solo (arenoso, argiloso, seco ou úmido), o que torna essencial conhecer as características da área.

é essencial que o produtor avalie todos elementos antes de iniciar uma operação, considerando os principais fatores que influenciam e impactam na eficiência operacional dos equipamentos. "

Além disso, com a grande variedade de modelos de máquinas disponíveis, o produtor tem hoje mais opções para montar o conjunto ideal para suas necessidades específicas. Quando o trator utilizado tem potência superior à necessária para o implemento, há um desperdício: o motor é subutilizado, o consumo de combustível aumenta e os custos operacionais se elevam. Por outro lado, se a potência for insuficiente ou houver alterações técnicas significativas nos implementos, aumentando os pesos pré-estabelecidos, o trator pode não conseguir tracionar o implemento corretamente, o que prejudica a operação e pode até inviabilizá-la, comprometendo o planejamento operacional, gerando atrasos e prejuízos na lavoura.

Além da potência, outros fatores como a distribuição de peso, o tipo de rodado, a calibragem dos pneus e até o uso de lastros líquidos ou metálicos influenciam diretamente na tração e no desempenho do conjunto. Implementos com largura de trabalho maior, maior número de hastes ou discos ou que exigem maior profundidade de atuação também demandam mais força de tração. Por isso, é essencial que o produtor avalie cuidadosamente todos esses elementos antes de iniciar a operação, considerando os principais fatores que influenciam e impactam na eficiência operacional dos equipamentos, são eles:

1. Coleta de informações, identificações e registro dos dados: Marca e modelo do trator; Potência; Implemento a ser utilizado (acoplamento na barra de tração ou 3º ponto); Identificar o peso do trator sem os lastros (peso de embarque); Identificar o peso máximo permitido; Informações dos pneus dianteiro e traseiro (marca, medidas, construção/lonas, calibração, lastro líquido possível); Pesos sólidos (dianteiros e traseiros).

2. Identificação da relação do peso x potência (kg/cv): Identificação do peso e da relação peso x potência (50 a 60 kgf/cv) imprime versatilidade ao trator, entretanto as operações realizadas nas propriedades agrícolas e que demandam grande esforço de tração determinam uma alta dependência de lastro. Transformação do peso necessário em capacidade de tração. O peso do trator deverá ser sua potência multiplicada por 50 se for uma operação leve, 55 se for uma operação média, e 60 se for uma operação pesada.

3. Distribuíção dos pesos (metálico e líquido): De acordo com a relação peso x potência, é necessário identificar o peso total recomendado para a atividade determinando o tipo e a quantidade de lastros nos eixos dianteiros e traseiros.

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Não utilize mais lastro que o necessário e distribua os lastros conforme se altera o uso do trator; considere que os pneus radiais e diagonais utilizam os mesmos procedimentos de lastreamento. 4. Pressão dos pneus - Lb/Pol²: De acordo com o peso do trator é necessário verificar por meio da tabela o índice de carga e o peso sobre cada um dos eixos dianteiro e traseiro e ajustar a calibragem (pressão em Lb/Pol²).

A pressão dos pneus também afeta a tração. Deve-se obedecer ao limite de peso estipulado pelo fabricante e regularmente conferir a calibração.

Também é importante verificar visualmente as características dos pneus. Considere que os pneus radiais trazem características diferentes em sua construção de carcaça, como: standard (pressão indicada), IF (menos 20% da pressão indicada) ou VF (menos 40% da pressão indicada), ou seja, os pneus radiais, mesmo com construção standard, são construídos com estruturas para maximizar a produtividade e diminuir os custos operacionais nas mais diversas operações.

As construções IF – maior flexão e VF – flexão muito elevada são pneus robustos com grande capacidade de tratividade, excelente autolimpeza, resistência, durabilidade e baixo índice de compactação e utilizada em ciclos de cargas em movimento que também incluem picos de peso.

De acordo com o peso do trator, é necessário verificar por meio da tabela o índice de carga e o peso sobre cada um dos eixos dianteiro e traseiro e ajustar a calibragem (pressão em Lb/Pol²). Deve-se obedecer ao limite de peso estipulado pelo fabricante e regularmente conferir a calibração. (Vide na página seguinte a Tabela do índice de carga e o peso sobre cada um dos eixos dianteiro e traseiro)

5. Verificação do avanço do eixo dianteiro: Em tratores com Tração Dianteira Auxiliar (TDA), o avanço cinemático é um item que deve ser ajustado adequadamente. A escolha e inflação adequadas dos pneus e lastragem (distribuição de pesos metálicos/líquidos) são itens que devem ser observados para evitar perda na eficiência na tração, o que influencia diretamente no consumo de combustível, no desgaste precoce dos ;

Lastragem Leve Média Pesada Kg/cv 50 55 60
Índices da relação peso x potência

Adequação

rodados, na perda de potência na barra de tração e na elevação da patinagem. A antecipação do eixo dianteiro deve estar entre 1% e 5%. O avanço ocorre com o intuito de corrigir a diferença de diâmetro entre as rodas dianteira e traseira do trator.

6. Verificação do índice de patinagem: Para obter o melhor aproveitamento da capacidade de tração de um trator, é preciso observar o tipo e a condição do solo, as dimensões e elementos de tração, o tipo de pneu e a distribuição de carga. Com isso, estabelecer o equilíbrio operacional do trator, ajustando os índices de patinagem de acordo com o implemento/ equipamento acoplado, considerando as indicações na tabela abaixo.

Índices de patinagens por tipo e condições do solo trabalhado

Firme/Resto de cultura

Resolvido/Trabalhado

Solto/Arenoso

Com Pneu Radial

Com Pneu Diagonal

Além das adequações dos seis fatores acima relacionados, a regulagem dos implementos agrícolas, como quantidade de hastes nos subsoladores e profundidade trabalhada, quantidade de discos e diâmetros das grades, quantidade de aivecas nos arados, construção e capacidade cúbica dos transbordos de cana/vinhaça localizada, dentre outros, fazem com que as máquinas tenham diferentes performances no campo. Exemplo de um trator de 224 cavalos mecânico na operação de transbordo que, após retirada e alocação de pesos, ajuste nas calibragens dos pneus de acordo com os pesos por roda e conferência do avanço do eixo dianteiro (TDA), obteve-se importante resultado, conforme segue:

• Consumo de diesel antes dos ajustes: 9,44 l/h.

• Consumo de diesel após os ajustes: 8,78 l/h.

• Economia: 0,66 l/h. (16h trabalhadas/dia)

• Conclusão: 0,66 l/h x 16h/d = 10,56 l/maq. x 70 tratores/transbordos = 739,1 l/dia

• 739,1 l/dia x 220 dias/safra = economia de 162.602 l/safra (apenas nesta operação).

Analisando os resultados apresentados, multiplicando pelo valor atual do óleo diesel, o resultado é mais que um trator de 250 cavalos no final da safra, só com a pequena diferença alcançada.

A adoção de tecnologias embarcadas, como piloto automático, controle de seções e taxa variável, também exige uma avaliação criteriosa da compatibilidade entre trator e implemento, uma vez que essas ferramentas só entregam maior eficiência quando integradas corretamente. Portanto, extrair o máximo desempenho das máquinas agrícolas passa, necessariamente, pela escolha consciente e técnica do conjunto trator-implemento, da participação de todos os integrantes envolvidos nas operações, por treinamentos/formação sobre ajustes e pelos melhores procedimentos operacionais. Isso traz resultados bastante significativos nos mais diversos processos operacionais da empresa. Essa prática, cada vez mais comum entre produtores que buscam excelência, permite operações mais econômicas, eficientes e ambientalmente responsáveis, atendendo às demandas da agricultura atual e contribuindo para o sucesso no campo. n

TABELA O ÍNDICE DE CARGA E O PESO SOBRE CADA UM DOS EIXOS DIANTEIRO E TRASEIRO

Reforma tributária no Brasil

Os desafios para os setores de tecnologia e compras

A reforma tributária é um tema central nas discussões sobre o futuro econômico do Brasil. A complexidade do sistema atual, com múltiplos tributos e diferentes regras entre estados e municípios, tem gerado a necessidade de uma reestruturação que simplifique e torne mais eficiente a arrecadação de impostos. A Lei Complementar 214, de 2025, que trata do tema, busca abordar esses desafios e promover uma estrutura mais racional e eficiente. No entanto, para os setores de tecnologia e compras, a implementação do novo modelo trará desafios significativos que precisam ser analisados cuidadosamente.

Vale lembrar que a reforma tributária no Brasil terá início em 2026, com a implementação do nosso IVA Dual (IBS – Imposto sobre Bens e Serviços + CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços), em uma substituição dos nossos atuais impostos e contribuições sobre o consumo municipais (ISSQN), estaduais (ICMS) e federais (IPI, PIS e Cofins).

Portanto, já no próximo ano, teremos o início do período de testes do IBS e CBS, com alíquotas de 0,1% e 0,9%, respectivamente, que somadas montam em 1%, que serão compensáveis com os débitos de PIS e COFINS em 2026 ou com outros tributos federais. Já em 2027, será feita a cobrança efetiva do IBS e CBS com a extinção do PIS e da Cofins, do IOF seguros, a redução a zero do IPI (exceto na Zona Franca de Manaus) e a instituição do IS (Imposto Seletivo).

O setor de tecnologia enfrenta obstáculos específicos no contexto da reforma tributária. A transição para um novo sistema de tributação poderá criar incertezas e exigirá adaptações significativas. "

Marcos Grigoleto Sócio da Área de Impostos da KPMG

Durante o período de 2029 a 2032, ocorrerá a transição do ICMS e ISS para o IBS, ficando somente para o ano de 2033 a vigência integral do novo modelo (IBS+CBS) e a extinção dos antigos tributos.

O setor de tecnologia, caracterizado pela rápida evolução e constante inovação, enfrenta obstáculos específicos no contexto da reforma tributária. A transição para um novo sistema de tributação poderá criar incertezas e exigirá adaptações significativas, tais como:

Adaptação às novas regras: empresas de tecnologia terão de revisar os processos de faturamento e contabilidade para alinhar-se às novas normas tributárias estabelecidas pela Lei Complementar 214, de 2025. Isso pode incluir a reconfiguração de sistemas de gestão financeira, treinamento de equipes e ajustes nos contratos com clientes e fornecedores.

Impacto nos custos: a mudança na estrutura de impostos poderá alterar os custos operacionais das empresas, sendo que o IBS e a CBS irão resultar em novas alíquotas que impactarão o preço final dos produtos e serviços. Empresas precisarão avaliar como essas mudanças afetarão a competitividade no mercado, devendo ainda observar os impactos fiscais e efeitos no fluxo de caixa durante a aquisição de bens e serviços para o negócio.

Compliance e auditoria: com a nova estrutura tributária, haverá a necessidade de garantir a conformidade com as regras e realizar auditorias internas para evitar questionamentos fiscais e eventuais penalidades. Isso exigirá investimentos adicionais em sistemas de compliance e consultoria especializada.

Já o setor de compras, crucial para a operação eficiente das empresas, também enfrentará desafios significativos com a implementação da reforma tributária. A simplificação dos tributos pode trazer benefícios, mas a transição exigirá um planejamento cuidadoso, entre eles, os seguintes:

Revisão de contratos: empresas de compras terão que rever e, possivelmente, renegociar acordos feitos com fornecedores para refletir as novas regras tributárias da Lei Complementar 214, de 2025. Isso inclui ajustar cláusulas de preço e condições de pagamento conforme as novas alíquotas de impostos.

Gestão de fluxo de caixa: a substituição tributária e outras práticas de antecipação de impostos poderão ser alteradas. Empresas precisarão ajustar as estratégias de gestão de fluxo de caixa implementadas para garantir que os recursos estejam disponíveis no momento necessário, evitando impactos negativos na operação.

Logística e cadeia de suprimentos: a reforma poderá simplificar a tributação, mas também pode exigir mudanças nos processos logísticos e na cadeia de suprimentos. Empresas precisarão reavaliar as rotas de distribuição e armazenagem utilizadas para otimizar custos e compliance tributário.

Treinamento e capacitação: as equipes de compras precisarão ser treinadas para entender e aplicar as novas regras tributárias. Isso inclui a capacitação em novos sistemas de gestão fiscal e no entendimento das implicações legais da reforma.

A implementação da reforma tributária não deve ser vista como uma responsabilidade ex-

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clusiva das áreas contábil e fiscal. Pelo contrário, é fundamental que todos os setores das empresas participem ativamente do processo de transição. A colaboração entre departamentos, como tecnologia, compras, logística, financeiro, jurídico e recursos humanos, é essencial para uma adaptação eficaz e minimizar impactos negativos.

Para enfrentar esses desafios, empresas dos setores de tecnologia e compras devem adotar uma abordagem proativa na preparação para a reforma tributária. Algumas ações recomendadas incluem o seguinte:

1. Análise de impacto: realizar uma avaliação detalhada dos impactos da reforma tributária na operação da empresa, identificando áreas críticas que exigirão ajustes.

2. Consultoria especializada: contratar consultoria especializada em tributação para auxiliar na transição e garantir a conformidade com as novas regras estabelecidas pela Lei Complementar 214, de 2025.

3. Investimento em tecnologia: atualizar sistemas de gestão financeira e de compliance para facilitar a adaptação às novas normas tributárias.

4. Comunicação interna: manter um diálogo claro e constante com as equipes internas para garantir que todos estejam alinhados e preparados para as mudanças.

A Reforma Tributária já mudou a regra do jogo, podemos destacar como pontos positivos a promessa de simplificar o sistema de impostos e potencialmente estimular o crescimento econômico no Brasil. No entanto, a implementação do novo modelo trará desafios significativos para todas as áreas das empresas e, principalmente, para os setores de tecnologia e compras. A adaptação às novas regras, a revisão de processos e contratos e a capacitação das equipes são passos cruciais para garantir uma transição suave e eficiente. Com planejamento e preparação adequados e participação da organização como um todo, será possível não apenas superar esses desafios, mas também aproveitar as oportunidades que a reforma tributária pode oferecer.

E como diz o velho ditado: “Quem chega primeiro bebe água limpa.” Por isso, vale a pena se antecipar, aproveitar as oportunidades, reavaliar os processos e sistemas e não deixar para depois o que pode ser feito agora. No fim das contas, estar um passo à frente faz toda a diferença. n

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Divisão Sucroenergética: • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Julio Maria M. Borges • Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Martinho Seiiti Ono • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Pedro Robério de Melo Nogueira • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Tadeu Luiz Colucci de Andrade

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