Nanotecnologia, biotecnologia e biorrefinaria
A expectativa é que toda essa produção seja destinada à fabricação de fios, que futuramente serão transformados em tecidos.
Os chamados óleos de árvores, obtidos durante o processo de polpação da madeira de pinus, também são muito interessantes, pois apresentam aplicações de alto valor em diversos setores industriais. Destacam-se as indústrias de tintas e revestimentos, adesivos e colas, lubrificantes industriais, sabões e detergentes, borracha, proteção de madeira, flotação de minérios, entre outras.
Esses óleos são ricos em fitoesteróis, produtos reconhecidos por seus benefícios à saúde, utilizados em formulações alimentícias e cosméticas. Além disso, podem ser aplicados no agronegócio como ativadores de plantas, promovendo o desenvolvimento vegetal, aumentando a absorção de nutrientes do solo e fortalecendo a resistência das plantas a secas, pragas e doenças.
Até o momento, abordamos apenas os principais componentes da madeira acessados por meio de processos industriais já disponíveis na indústria brasileira de polpação. No entanto, imagine as inúmeras outras possibilidades que podem surgir a partir de diferentes segmentos das indústrias de base florestal —
como as fábricas de chapas reconstituídas de madeira, serrarias de diversos portes, a construção civil baseada em madeira, a produção de pellets para geração de energia, além de tecnologias como gaseificação, pirólise rápida, entre outras.
Dois exemplos finais ilustram ainda mais o potencial da biorrefinaria florestal. A casca de pinus, atualmente utilizada principalmente como combustível para geração de energia, pode ser aproveitada em uma biorrefinaria para a extração de tanino, lignina e polpa de celulose.
Já na indústria de extração de óleos essenciais das folhas de eucalipto, o único resíduo gerado é a água utilizada para arrastar os óleos por evaporação. Essa água, no entanto, contém diversos açúcares e compostos fenólicos que podem ser separados e transformados em produtos de alto valor agregado. Esse processo, desenvolvido pela Embrapa Florestas, foi reconhecido e premiado internacionalmente.
Portanto, a transição para uma economia circular lucrativa e sustentável pode ser viabilizada por meio dos conceitos de biorrefinaria, e o setor de base florestal tem potencial para ser pioneiro nesse movimento no Brasil.