Plantar floresta, pra quê?

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cientistas

engenharia do futuro: convergência de visões deve formar o profissional que a sociedade precisa

O mundo precisa de árvores! Não de espécies exóticas, melhoradas geneticamente, que são altamente produtivas e garantem o abastecimento sustentável de uma cadeia industrial. Nem de espécies nativas da Mata Atlântica que compõem o habitat para fauna, sob risco de extinção. O mundo precisa de todas as árvores, de todos os tipos, não importa se exóticas, nativas, se crescem mais rápido ou devagar, se possuem madeira nobre ou não, se estão em talhão de produção, na área urbana ou em uma mata ciliar. Todas as árvores são importantes para o planeta, e a sociedade não quer escolher entre uma ou outra, ela precisa de todas! Neste momento, é fundamental integrar as visões sobre a importância das árvores (e das florestas) para o mundo. Somente o engenheiro florestal pode fazer isso. A engenharia florestal foi concebida na Alemanha, no início do século XIX, sob a visão utilitária da floresta para o homem, principalmente visando à produção de madeira e a seu processamento, para obtenção de bens e produtos que estão na vida cotidiana de todas as pessoas.

Sob esse propósito, nesses 200 anos, um pouco mais da metade deles foram dedicados ao desenvolvimento tecnológico da exploração, produção ou processamento dos produtos oriundos da floresta. No Brasil, por exemplo, o final do século XX foi marcado por grande avanço tecnológico na área da silvicultura, envolvendo desde a tecnologia de sementes e mudas até processos de digestão da celulose e reengenharia de novos bioprodutos. Todo esse desenvolvimento da engenharia propriamente dita foi acompanhado, principalmente, nos últimos 50 anos, de grande evolução na sustentabilidade dos processos produtivos, desde a redução de impactos diretos das operações no campo, aumento de eficiência em todos os níveis, atendimento de diferentes regulações de mercado ou governamentais, até o ponto de a silvicultura industrial no Brasil se tornar um exemplo de investimento em ESG para a indústria e o setor agrícola. Por outro lado, ainda existem desafios a serem vencidos na adoção dos avanços socioambientais e das tecnologias já existentes em pequenas propriedades, tanto na área de silvicultura como na exploração de florestas nativas tropicais.

o mundo precisa de mais árvores e de quem saiba manejá-las, e não há mais espaço para visões estreitas no mundo moderno "

Silvio Frosini de Barros Ferraz Professor de Manejo de Bacias Hidrográficas da Esalq-USP


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