O etanol, a bioeletricidade e a mitigação das mudanças climáticas - OpAA22

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ensaio especial

Opiniões

internacionalização e

risco político Internationalization and political risk

" Cooperação é um belo conceito, mas deve ser arquitetada de forma a elevar os ônus de eventuais rupturas contratuais. A política externa pode e deve tratar o investidor como um parceiro na projeção da influência internacional do país. " Renato Lunardi de Amorim Sócio da Carnegie Hill Global Advisors Partner of Carnegie Hill Global Advisors

A constituição de um mercado global de biocombustíveis exigirá expansão da produção de cana-de-açúcar e outras matérias-primas, bem como da capacidade de processamento e estocagem, além das fronteiras do Brasil. Embora o país reúna condições físicas únicas para preservar sua liderança produtiva a longo prazo, esse movimento será necessário ao aumento e estabilização da oferta internacional. Nesse contexto, é plausível que ocorra a internacionalização em grande escala de produtores brasileiros de biocombustíveis nos próximos anos. Essa possibilidade povoa o discurso governamental junto a países em desenvolvimento e começa a fazer parte das considerações estratégicas de empresas e grupos de investidores. Investimentos internacionais na escala necessária para a consolidação do mercado global de biocombustíveis exigem atenção a variáveis ainda pouco presentes nos processos de planejamento estratégico de empresas brasileiras ou de outros países emergentes com baixa tradição em negócios transnacionais, agrupadas sob o rótulo de risco político. Trata-se de riscos de difícil quantificação, resultantes da interação entre fatores políticos, sociais, culturais e econômicos, cujas materializações mais extremas são rupturas contratuais e mudanças abruptas nos custos de transação. Quando o termo “globalização” se popularizou na década passada, grande parte da literatura a respeito o abordava, do ponto de vista de fluxos de capitais, como movimentos de expansão e complementação produtiva iniciados em países desenvolvidos. Daí decorre, em parte, a surpresa recente com a ascensão das “multinacionais emergentes”. Na prática, estas são semelhantes a suas congêneres mais tradicionais em gestão e objetivos, embora tendam a ter um maior apetite por riscos. Mas uma diferença importante marca os países onde têm suas sedes.

Creating a global market for biofuel will require expanding sugarcane production and that of other raw materials, as well as the processing and storage capacity, to beyond the borders of Brazil. Although the country has unique physical conditions to preserve its production leadership in the long-term, this movement will be necessary to stabilize international supply. In this context, it is plausible that the internationalization of Brazilian biofuel producers will occur on a large scale in coming years. This possibility stands out in the government’s discourse vis-à-vis developing countries and begins to be a part of the strategic considerations of investor companies and groups. International investments on the scale required to consolidate the global market for biofuel require attention to the variables still seldom present in the strategic planning processes of companies in Brazil and in other emerging countries that lack the experience of dealing transnationally, combined under the political risk label. This is about risks that are difficult to quantify, that result from the interaction of political, social, cultural and economic factors, whose extreme materializations are contractual breaches and sudden changes in transaction costs. When the term “globalization” became popular in the last decade, a large part of the literature on the subject referred to it, from the point of view of capital flows, as expansion and production complementation movements initiated in developed countries. Hence, to a certain extent, the recent surprise that results from the ascension of “emerging multinationals”. In practice, they are similar to their corporate akin in terms of management and objectives, albeit they tend to be more willing to take on risk.

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