8 minute read

Holger Brauer

potencial para reduzir a emissão dos etanol e bioeletricidade: GEEs

Ethanol and Bioelectricity: potential to reduce GHG

As mudanças climáticas e suas consequências repre- sentam uma grande ameaça para a humanidade. É preciso agir com urgência. Felizmente, hoje em dia, não se ques- tiona mais o fato de que a emissão de dióxido de carbono tem um impacto significativo no clima e é uma causa do aquecimento global. Mas mesmo os mais novos modelos de cálculo não podem prever com certeza as consequên- cias reais que tal problema vai trazer para todos.

Por essa razão, o mundo inteiro está se mobilizando para limitar e reduzir a emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

Países como os Estados Unidos ou a China, que an- tigamente se mostraram mais preocupados com o cres- cimento da economia do que com as consequências de suas atividades econômicas sobre o meio ambiente, estão reavaliando essa posição e aplicando mudanças em suas políticas ambientais.

O Brasil, como um país que já tem uma ampla expe- riência e muitas referências para uso de energias reno- váveis, tem tudo para assumir uma posição de liderança nesse novo cenário. O etanol e as energias produzidas à base de biomassa são fatos no Brasil, mas não chegaram perto do potencial com que eles poderiam contribuir para a matriz energética no Brasil e no mundo.

Após a introdução do carro flex, o etanol se estabeleceu no Brasil como alternativa real para a gasolina. Infelizmente, ainda existem muita resistência e barreiras fora do país para o uso do nosso combustível verde. As exportações, em vez de crescerem, caíram ao longo do ano. Apesar de todos os trabalhos dos representantes da indústria brasileira de açúcar e etanol, o etanol brasileiro ainda está sendo visto de forma negativa.

Climate change and its consequences represent a great danger for humanity. It is necessary to act quickly. Fortunately, nowadays one no longer questions the fact that the emission of carbon dioxide has a significant impact on the climate and that it is one of the causes of global warming.

However, even the most recent calculation models cannot safely predict the actual consequences that this problem will have for all of us. For that reason, the whole world is mobilizing to limit and reduce greenhouse gas emissions.

Countries such as the United States or China, that in the past were more concerned about the growth of the economy than with the consequences of their economic activities for the environment, are reassessing this position and making changes to their environmental policies.

Brazil, as a country that already has a broad experience and many references concerning the use of renewable energy, has what it takes to be in a leading position in this new scenario. Ethanol and the energy produced based on biomass are a reality in Brazil, but have not even come close to the potential they could contribute to the energy matrix of Brazil and the world.

With the introduction of “flex” cars, ethanol in Brazil became a true alternative to gasoline. Unfortunately, there are still many barriers outside the country for the use of our “green” fuel.

Exports, rather than grow, decreased during the year. Notwithstanding all the efforts made by representatives of the Brazilian sugar and ethanol industry, the country’s ethanol still has a negative image.

" Etanol não virou uma commodity ainda. A demanda global precisa crescer, assim como o desenvolvimento da produção do etanol em outros países, especialmente na América Latina e na África, onde existem condições climáticas favoráveis para a plantação de cana. "

Holger Brauer Diretor da Divisão de Turbinas a Vapor da Siemens Director of the Steam Turbines Division at Siemens

60

Existem os preconceitos quanto ao seu modo de produção; alguns ainda creem que, ao aumentar a plantação de cana, estamos cortando a floresta amazônica, entre outros mitos difundidos. Precisamos de um amplo trabalho de comunicação para mostrarmos no exterior que a realidade brasileira é outra.

Medidas como a demarcação das áreas permitidas para plantação de cana e auditorias dos produtores de etanol por entidades independentes, aptas a verificar e certificar a produção do nosso etanol como sendo baseada em processos e critérios sustentáveis, sem impacto negativo para o meio ambiente, são exemplos de medidas bem-sucedidas nesse caminho e nos ajudam a eliminar esse preconceito.

Etanol não virou uma commodity ainda. A demanda global precisa crescer, assim como é importante o desenvolvimento da produção do etanol em outros países, especialmente nos países vizinhos na América Latina e na África, onde também existem condições climáticas favoráveis para a plantação de cana. Baseado nas experiências do Brasil, pode se desenvolver o etanol como alternativa para a gasolina, gerando empregos e renda para pessoas na área rural.

Em paralelo ao etanol, estamos aumentando a geração de energia elétrica baseada em biomassa e, em especial, bagaço de cana-de-açúcar. Houve uma mudança muito grande no conceito das usinas de açúcar e etanol, antigamente projetadas para serem autossuficientes, mas sem a perspectiva de exportar a energia excedente.

O bagaço, um resíduo do processo de fabricação que precisava ser queimado de qualquer forma, virou combustível com valor para a termelétrica. Uma usina nova está sendo projetada, hoje, com uma geração própria na faixa entre 50 e 100 MW, usando equipamentos de alta eficiência, como caldeiras e turbinas de alta pressão, entre outros, que permitem a venda de, aproximadamente, 50% da energia gerada para a rede.

Aplicando esse mesmo padrão de eficiência energética para as usinas mais antigas, poderíamos aumentar muito o potencial de geração nas usinas, mesmo sem investir em novas plantas - greenfield.

Após a entrada de muitos recursos nesse segmento, nos anos 2007 e 2008, o investimento teve uma retraída, e, com isso, o processo de modernização das usinas foi interrompido. Um problema é a falta de capital para investimentos, em função da crise financeira e um processo de consolidação na indústria. Mas, fora isso, ainda faltam condições claras para investidores. Investimentos que foram considerados viáveis em 2007 hoje têm muitos problemas para serem aprovados. Acrescente-se a isso o fato de que, nos últimos leilões, a energia baseada em biomassa não teve muito sucesso.

Investimentos em termelétricas a biomassa (bagaço, madeira, capim elefante, etc.) têm um valor específico (R$/kW), relativamente alto se comparado com termelétricas a gás ou carvão, mas compensam esse fato com a redução da emissão de dióxido de carbono.

Porém, é preciso que seja estabelecido um valor mínimo para a venda do MWh acima dos valores obtidos com combustíveis fósseis ou outras medidas regulatórias. É necessário um incentivo, que deveria ser condicionado a indicadores como eficiência da planta, gerando, assim, um estímulo para realizar o potencial de geração tecnicamente viável. Sem medidas para estimular o investimento em geração de energia à base de biomassa, nós não vamos ver um crescimento estável dessa energia limpa e sustentável.

There are biases concerning the way how it is produced; some people even believe that by expanding sugarcane plantations, we are destroying the Amazon forest, among other myths that are circulated. We need to develop broad communication efforts to show the world that Brazilian reality is quite different.

Initiatives such as the demarcation of areas approved for planting sugarcane and audits of ethanol producers performed by independent entities, qualified to check and certify the production of our ethanol as being based on sustainable processes and criteria, without any negative impact on the environment, are examples of well-succeeded measures on this path, and help us do away with the bias.

Ethanol has not yet become a commodity. The global demand must grow, just like it is important that the production of ethanol in other countries develops, especially in neighboring countries in Latin America and in Africa, where there are also favorable climate conditions for planting sugarcane. Based on the experience of Brazil, one can develop ethanol as an alternative to gasoline, generating jobs and income for people in rural areas.

In parallel to ethanol, we are increasing the generation of electric power based on biomass and, in particular, on sugarcane bagasse. There has been a major change in the concept of sugar and ethanol mills, which in the past were designed to be self-sufficient, when there was no perspective of exporting surplus energy.

Bagasse, a residue of the production process that one way or the other had to be incinerated, became a valuable fuel for thermoelectric plants. Nowadays, new mills are being designed for self-generation, in the range between 50 and 100 MW, using highly efficient equipment, such as high-pressure boilers and turbines, among others, that allow for the sale of approximately 50% of the energy generated to the network.

Applying this same standard of energy efficiency to older mills, one could increase the generation poten- tial quite considerably, even not investing in new green field mills.

Following the influx of many funds into this seg- ment, in 2007 and 2008, investment receded and thus the modernization process of the mills was interrupted. One problem is the lack of capital for investment, due to the financial crisis and a consolidation process in the industry. Apart from that, what is still lacking are clear conditions for investors. Investments viewed as viable in 2007, now have difficulty in getting approved. In addition, there is the fact that in the most recently held auctions, energy from biomass did not fare well.

Investments in thermoelectric plants that run on biomass (bagasse, wood, elephant grass, etc) have a relatively high specific value (R$/kW), in comparison with thermoelectric plants that run on gas or coal, but offset this fact with the reduction in carbon dioxide emissions.

However, one must establish a minimum amount to sell MWh at amounts higher than those obtained with fossil fuel, or other regulatory measures. An incentive is needed, which should be conditioned to a plant’s efficiency parameters, thereby generating a stimulus to achieve the technically feasible generation potential. Without such incentives for investment in energy generation based on biomass, one will not see stable growth of this clean and sustainable energy.