Um programa chamado RenovaBio - OpAA54

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especialistas

os desafios do renovabio

No momento em que o mundo está iniciando uma nova onda de preservação ambiental, a fim de melhorar a qualidade de vida no planeta, e países desenvolvidos, como a França, anunciando para daqui a dois anos medidas restritivas a veículos movidos a combustíveis fósseis, há, para o Brasil, uma nova oportunidade de tornar-se o País com um dos melhores programas mitigadores de gases de efeito estufa do mundo. A chave para atingir a meta estabelecida para o Brasil em 2015 pelo acordo de Paris de, até 2030, atingir o índice de 18% no consumo de combustíveis sustentáveis, passa obrigatoriamente pelo etanol e o biodiesel. No caso do etanol, temos, atualmente, um mercado complicado com frequentes altas e baixas dos preços em função da pouca estabilidade na oferta do produto e pela predatória ação dos players no mercado. O etanol, desde a desregulamentação da comercialização na década de 90, tem demonstrado extrema vulnerabilidade a ações predatórias por parte do mercado e, em um passado muito recente, foi vítima de uma desastrosa política de combate à inflação patrocinada pelo governo petista, pois foi submetido a um brutal congelamento “branco” de preços por mais de cinco anos. Na verdade, tentaram quebrar o setor e quase conseguiram. O setor sucroenergético está pagando caro até hoje, pois os preços continuam oscilando, passando a maior parte do tempo com valores abaixo de seu preço de custo, agravando a situação crítica das empresas produtoras de etanol.

Se for adotado como está na proposta, o RenovaBio poderá ser a salvação do setor sucroenergético, mas, antes disso, terá de superar muitos desafios. "

Dib Nunes Jr.

Presidente do Grupo Idea

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Está muito claro que o setor precisa de uma política estabilizadora para dar sustentação e estimular esse importante setor que emprega, de forma direta, mais de 600 mil pessoas e sustenta outro tanto igual a esse, de empregos indiretos, “segurando as pontas” de 1,2 milhões de empregos de brasileiros. Agora, pela primeira vez, o setor e o País têm a oportunidade de ter uma regulamentação que traga estabilidade, promova a expansão do consumo, que gere novos investimentos e novos empregos, além, é claro, de contribuir decisivamente para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Foi pensando nisso que órgãos competentes como o CNPE – Conselho Nacional de Política Energética, e os representantes do setor, formularam uma política nacional de combustíveis de longo prazo, o RenovaBio. Se aprovado e regulamentado, deverá ajudar a estabilizar a sofrida indústria desse combustível limpo e renovável e trazer grande segurança ao abastecimento do mercado. Certamente, ao ajustar o setor, muita coisa boa pode acontecer, a começar pelo crescimento sustentável da produção de cana-de-açúcar que não cresce há seis anos. Vai também estimular o desenvolvimento tecnológico agroindustrial, e, principalmente, contribuir para que a ANP – Agencia Nacional de Petróleo, seja, de fato, um agente regulador do mercado, deixando de lado as pequenas ações como o obrigatório cadastramento de produtores, passando a ter regras à altura de sua principal finalidade, que é de agência reguladora. Entretanto, o RenovaBio corre alguns sérios riscos que podem colocar tudo a perder. O primeiro e mais preocupante de todos, como tudo o que se tenta controlar no País, seja através de decretos-lei ou por normas regulatórias, ;


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