O Mensalista - Junho a Setembro 2018

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Junho-Setembro 2018 | E. 16 | Diretora: Inês Monteiro Redação: Diogo Amaral, Diogo Silva, Eliana Pinto, João Coutinho, Paula Moreira, Pedro Salazar, Rafael Martins Designer Editorial: Válter Santos

ANÁLISE POLÍTICA:

A impunidade dos mercados em detrimento do direito à habitação p21

JS Summer Camp 2018 VII edição do acampamento da Federação Distrital do Porto da JS (p4e5)

ATIVIDADES:

FEDERAÇÃO:

ENTREVISTA:

“A habitação é de todos?” explorou os riscos de despejos e a dificuldade de encontrar habitação p7

“Sei quem sou. Autodeterminação já!” Foi o mote que a JS levou à marcha do Porto p6

O percurso da militante e a sua opinião sobre a Juventude e o Partido Socialista p22a24

Habitação foi o tema do debate no Porto

A Luta pela Igualdade e pela Liberdade

Cristiana Fernandes reflete a sua militância


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Equipa Inês Monteiro

Rafael G. Martins

Diretora | Penafiel

Jornalista | Paços de Ferreira

Diogo Amaral

Diogo Silva

Editor | Trofa

Analista | Vila Nova de Gaia

Paula Moreira

Pedro M. Salazar

Editora | Baião

Analista | Póvoa de Varzim

Eliana Pinto

Gonçalo O. Salazar

Jornalista | Amarante

Cronista | Matosinhos

João Coutinho

Válter Santos

Jornalista | Valongo

Designer Editorial | Maia


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Editorial

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ssistimos a um crescimento acentuado, e preocupante, da extrema-direita na Europa e no resto do Mundo. Mesmo que poucos partidos com esta orientação política tenham vencido as eleições nos seus países, muitos conseguiram ser o segundo ou terceiro partido mais votado. É um dado adquirido que o panorama político europeu se tem modificado, e são vários os motivos que terão contribuído para a subida da extrema-direita, como por exemplo a crise migratória e financeira que assolou a Europa nos últimos anos. A implantação ideológica destes movimentos provoca uma oposição às políticas de imigração da União Europeia e um grave conflito social, propício à disseminação da xenofobia, do nacionalismo e do neofascismo. Concomitantemente com a Europa, o fenómeno Donald Trump nos EUA e o de Jair Bolsonaro no Brasil, são dois dos maiores desafios à estabilidade mundial. As suas campanhas eleitorais partiram de uma base semelhante: a passagem de uma mensagem contra o sistema estabelecido, contra os partidos, e, com isso, conseguiram uma votação expressiva de uma sociedade desacreditada nos valores democráticos. Ainda, a ascensão das redes sociais e de novas formas de consumo de informação, permitiu a difusão de ideias e das tão faladas «fake news», que

O medo mudanos de forma silenciosa. A ignorância, a desinformação e a acomodação roubam a lucidez e a real perceção do Mundo. de outra forma seriam bloqueadas pelos canais de comunicação tradicionais. Desde a Segunda Guerra Mundial que não se registava um avanço tão grande dos ideais de extrema-direita. O medo muda-nos de forma silenciosa. A ignorância, a desinformação e a acomodação roubam a lucidez e a real perceção do Mundo. A História está a repetir-se, é assustador como não aprendemos nada com ela. Citando Saramago, “as coisas que parecem ter passado são as que nunca acabam de passar”. | INÊS MONTEIRO


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VII Summer Camp 2018

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os dias 27, 28 e 29 de julho, na união de freguesias de Arcos e Rio Mau, no concelho de Vila do Conde, decorreu a VII edição do JS Summer Camp juntando cerca de uma centena de jovens. Este acampamento anual tem como principal objetivo fomentar, entre os jovens da Federação Distrital do Porto da Juventude Socialista, os laços de camaradagem e espírito de grupo desenvolvendo, simultaneamente, capacidades políticas de uma forma informal. A sessão de abertura oficial do acampamento contou com a presença do Presidente da Federação do Partido Socialista do Porto, Manuel Pizarro e do Secretário da União de Freguesias de Arcos e Rio Mau, Franclim Costa. Após a sessão de abertura aconteceu o momento político orientado pelo Secretário Federativo para a Organização, Hugo Carvalho Gonçalves. Divididos em dois grupos – o governo e a oposição - os jovens socialistas tiveram de argumentar a favor e contra sobre o tema “regulamentação da prostituição”. Os restantes jovens presentes pertenciam às bancadas e tinham a possibilidade, em alturas predefinidas, de interpelar os membros do governo ou os membros da oposição, promovendo o debate e discussão de ideias. O final da tarde de sábado ficou marcado por uma atividade de cariz desportivo - um trail pelas imediações do acampamento, com o mote “carta a um jovem político”. Os jovens socialistas organizaram-se

em grupos e percorreram cinco etapas distintas onde, em todas elas, tiveram

de superar desafios e de colocar à prova o espírito de equipa e de camaradagem.


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13ª Marcha do Orgulho LGBT+ do Porto

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Federação Distrital do Porto da Juventude Socialista marcou presença na 13ª Marcha do Orgulho LGBT+ do Porto, em conjunto com outras associações e grupos de intervenção que defendem os direitos lésbicos, gay, bissexuais, trans e intersexo. Determinados em reafirmar a luta pelos direitos da comunidade LGBT, os jovens socialistas carregaram uma faixa com a mensagem «Sei quem sou. Autodeterminação já!», pretendendo destacar não só o caminho que há a percorrer para garantir iguais direitos entre todos e a não-discriminação de pessoas transexuais, mas também tentando sensibilizar a sociedade para a necessidade de atribuir integralmente, a autodeterminação da identidade de género a todas as pessoas, emancipando-as da decisão médica.


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Atividades Concelhias da JS JS PORTO

Debate: “A habitação é de todos?” ​ o passado dia 4 de maio, a concelhia do N Porto da Juventude Socialista promoveu um debate sobre o tema da Habitação, Ateneu Comercial do Porto, e moderado intitulado “A habitação é de todos?”, que pelo Presidente da concelhia do Porto, contou com a presença do Ministro do Á lvaro Vaz, abordou muitas questões Ambiente, engenheiro Matos Fernandes, preocupantes nesta matéria, nomeadado geógrafo Rio Fernandes e do Presi- mente o risco de despejos na cidade e dente da Federação Distrital do Porto a dificuldade em encontrar habitação d a Juventude Socialista, Eduardo Bar- a preços acessíveis, tendo os oradores r oco de Melo. O debate, realizado no convidados frisado, entre outros aspetos,

a importância do investimento em h abitação pública. Foi o culminar de uma aprofundada discussão interna na concelhia, o que permitirá, agora, apresentar pontos de vista mais concretos no que às soluções para este problema diz respeito. A JS demonstrou, desta forma, a sua preocupação com este tema.

JS AMARANTE

JS Forma-te: “Como fazer um bom discurso?” No passado dia 5 de maio, a Juventude S ocialista de Amarante lançou uma n ova rúbrica, o “JS Forma-te”. Esta n ova rubrica representa uma série d e formações políticas, conduzida por pessoas de referência na política. P ara a primeira edição do JS Forma-te, a Juventude Socialista de Amarante convidou o camarada Marco Ferreira, q ue deu uma breve formação aos

v ários militantes presentes sobre a construção de um bom discurso. Nesta formação foi salientada a importância de um bom discurso, da comunicação n ão-verbal, da argumentação, assim como da preparação do discurso. Para finalizar, o militante Marco Ferreira partilhou umas dicas com os militantes

presentes, para que estes possam estar mais bem preparados para as intervenções futuras. O “JS Forma-te” tem como objetivo a partilha de histórias e experiências por pessoas de referência na política, aumentando os seus conhecimento e capacidades, promovendo os jovens para uma política ativa.


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JS TROFA

Academia Socialista I No rescaldo das comemorações do Dia do Trabalhador, a Juventude Socialista da Trofa dinamizou a Academia Socialista - As relações Laborais, Princípios e Disciplina Fundamental. Uma atividade de formação política que contou com a presença do camarada Luís Cameirão, advogado e especialista em Direito do Trabalho, e do camarada Amadeu Dias, coordenador da Tendência Sindical Jovem Socialista, que nos falaram

do Direito do Trabalho e das estruturas sindicais em Portugal. Desde a entrada dos jovens no mercado de trabalho, a representação sindical nas estruturas de trabalho, a necessidade dessa mesma representação, assim como os direitos e deveres básicos dos trabalhadores e da

entidade patronal foram vários os temas abordados nesta ação de formação da JS Trofa. Um debate que ganha cada vez mais destaque na sociedade civil e que a Juventude Socialista da Trofa quer acompanhar e permitir aos Jovens uma formação na área.

tal como manda a tradição da romaria à Senhora da Serra. Por fim, os participantes tiveram a oportunidade de assistir ao singular momento em que

o sol nasce na Serra do Marão, presenteando todos com uma paisagem de inigualável beleza.

JS BAIÃO

Caminhada ao Marão No passado dia 7 de julho, cerca de 50 pessoas participaram na caminhada noturna: “Nascer do Sol”, organizada pela Juventude Socialista de Baião. Esta iniciativa teve o seu início pelas 23h do dia 7 de Julho, tendo a caminhada começado no Alto dos Padrões e terminado na Serra do Marão, junto à capela da Senhora da Serra. Após a chegada, decorreu um momento de convívio entre todos os participantes que permitiu petiscar e recuperar energias,


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JS PENAFIEL

A importância dos Sindicatos No seguimento das várias academias socialistas com que a Juventude Socialista de Penafiel tem brindado os seus militantes, realizou-se, no passado dia 19 de maio, mais uma sobre o tema “Papel dos sindicatos na luta pelos direitos dos trabalhadores e os desafios laborais dos nossos tempos”, tendo como orador o secretário executivo da UGT (União Geral de Trabalhadores), Bruno Teixeira. Bruno Teixeira, numa conversa informal, esclareceu a

forma como os sindicatos funcionam, a importância destes na proteção dos direitos dos trabalhadores, dando-lhes voz ativa, e abordou também a importância dos trabalhadores estarem sindicalizados. O secretário executivo da UGT frisou que é necessário que os trabalhadores percebem que os sindicatos são uma forma

poderosa de dar voz às suas dificuldades para que estas sejam sanadas. Mais uma iniciativa da Juventude Socialista de Penafiel a destacar-se pela formação disponibilizada aos seus militantes, para que estes sejam jovens mais informados sobre as problemáticas diárias e que lhes seja possível discutir sobre os mesmos.

No passado dia 1 de junho, a Juventude Socialista de Paredes voltou ao terreno, desta vez na Freguesia de Sobrosa. Estas de José Carlos Barbosa, Presidente do visitas vêm dar seguimento ao roteiro PS/Paredes, foi-nos possível recolher associativo pelo concelho de Paredes, testemunhos do Grupo de Teatro de iniciado já no ano de 2017, tendo como Sobrosa e perceber qual a importância, objetivo o facto de estarmos em con- ao nível cultural e social, da sua intertacto com as forças vivas das nossas venção e também auscultar as suas freguesias, de forma a que seja possível propostas para a fomentação desta conhecer as suas realidades e perceber atividade cultural no concelho. Já nos quais as suas necessidades e anseios. Agrupamento de Escuteiros, ficamos a Nesta visita, que contou com a presença perceber quais as principais atividades

que estes desempenham e o tipo de intervenção que prestam à população. Importa salientar a nossa satisfação pelo facto de nos chegar a informação de que, com a colaboração da Câmara Municipal de Paredes, irá ser realizado um acampamento concelhio com todos os agrupamentos, proposta apresentada no Fórum da Juventude, que se realizou no passado dia 24 de fevereiro.

JS PAREDES

Visita a várias Associações


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JS PÓVOA DE VARZIM

Roteiro da Habitação Decorreu, no passado dia 2 de junho, o Roteiro da Habitação, organizado pela JS Póvoa de Varzim. Partindo do centro histórico, que é a Praça do Almada, mais de 40 jovens percorreram as ruas da cidade, acompanhados do especialista Carlos Maria de Sousa, que abordou casos emblemáticos do ordenamento do concelho. A única forma de, verdadeiramente, aproximar a política dos cidadãos é os partidos e as juventudes saírem à rua, pelo que assinalamos a capacidade dos jovens socialistas responderem à chamada e marcarem a diferença. No final deste percurso, as mais de quatro dezenas de pessoas deslocaram-se à sede de concelhia do Partido Socialista para debater propostas de futuro, no âmbito das políticas públicas de habitação, que entendemos como sendo um pilar para que os jovens possam sair de casa dos seus pais e ter o inicio de vida emancipada. A geração mais qualificada de sempre não deve ser condenada, pela inflação do mercado, a permanecer dependente até depois dos 30 anos. Na Póvoa de Varzim esta realidade é agravada pela incapacidade do Município em responder aos novos desafios, voltando-se para velhas manobras eleitoralistas. Temos consciência que cabe à Juventude

Socialista ser a voz de defesa dos jovens poveiros, afirmando-nos como um espaço de debate livre e consciente de

temas que fazem diferença no seu quotidiano – a sua casa, o seu emprego, uma vida digna.


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JS TROFA

Academia Socialista II No passado sábado, dia 16 do mês de junho, a Juventude Socialista da Trofa voltou a realizar uma atividade de formação aberta a todos os militantes: Academia Socialista - A Comunicação na e os seus militantes saibam comunicar e, Dimensão Política e Profissional. Cada por isso, a Juventude Socialista da Trofa vez mais a forma como comunicamos, não podia deixar de tocar neste ponto e como passamos uma mensagem, ideia promover mais uma iniciativa de formaou opinião ganha relevância na dimen- ção, de capacitação dos seus militantes. são política e também profissionalmente. Através da visão prática do camarada É necessário que as estruturas políticas e, Deputado à Assembleia da República,

João Torres, completada pela visão académica do camarada Custodio Oliveira foi possível aprender e melhorar a capacidade de comunicação. A presença de camaradas de várias concelhias demonstrou a pertinência e entusiasmo pelo tema.

JS PÓVOA DE VARZIM

Futmaio A JS da Póvoa de Varzim realizou, no passado domingo dia 13 de maio, um jogo de futebol que juntou as concelhias da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, em Argivai, freguesia do concelho poveiro. Vendo no desporto uma oportunidade de aprofundar laços de amizade e camaradagem, o ambiente foi de diversão e convívio. De seguida, este estendeu-se a uma outra freguesia, Beiriz, para uma reunião descentralizada, marcada pela discussão sobre educação, que trouxe jovens novos

ao nosso espaço de conversa, aumentando a esfera de ação da JS fora do centro do concelho. Durante o resto do mês de Maio destacamos, ainda, o artigo de opinião, lançado na nossa página do Facebook, que marcou a agenda local relativa a um tema que temos vindo a trabalhar, o da habitação. Realçamos, também, a

participação de três militantes da JS como delegados ao congresso nacional do Partido Socialista, em Leiria. Concluímos o mês de Maio com o lançamento da discussão de um Plano Municipal da Juventude, no CMJ, proposta que será publicamente apresentada e debatida durante as próximas semanas.


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JS VALONGO

Sessão de Esclarecimento No passado dia 13 de julho, pelas 21:30, na Junta de Freguesia de Valongo, a Juventude Socialista de Valongo organizou uma sessão de esclarecimento sobre o “Regulamento Geral da Protecção dos Dados… Os novos desafios da privacidade”. Como orador convidado esteve Hugo Carvalho Gonçalves, licenciado em Direito pela Universidade do Porto. Actualmente, exerce funções de advogado, é deputado à Assembleia Municipal da Póvoa do Varzim e Secretário Federativo para a Organização da JS Distrital do Porto. A Juventude Socialista de Valongo decidiu criar o evento “JS Explica” de forma a informar e esclarecer qualquer cidadão sobre os mais diversos temas da actualidade. Sempre que necessário, faremos uma sessão de esclarecimento sobre um assunto que, de um modo geral, suscite diversas dúvidas na comunidade. Deste modo, e uma vez que o Regulamento Geral Protecção Dados (RGPD) entrou em vigor há pouco mais de um mês, tendo sido, de várias formas, falado, questionado e apontado como sendo falível em alguns contextos, decidimos trazer este tema para debate. O Presidente da Juventude Socialista de Valongo, Pedro Marques Pimenta, refere: “Foi uma sessão muito elucidativa. A

sessão decorreu de uma forma dinâmica e com bastante interação com o público, o que permitiu que as pessoas presentes pudessem participar de uma forma descontraída. Por ser um assunto sensível e

que desperta imensas dúvidas na sociedade, colocaram-se várias questões sobre o assunto, o que dinamizou ainda mais a discussão.”


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JS TROFA

Um festival que não é para todos No passado dia 19 de julho, iniciou-se mais uma edição do BeLive. No entanto, os problemas das anteriores edições mantêm-se: a falta de um sistema de transporte para os jovens de todas as freguesias. A Juventude Socialista questionou o Presidente da Câmara Municipal e não obteve resposta. Esta falta de resposta é representativo daquilo que querem impor no BeLive: um Festival cheio, mas não com os jovens Trofenses.

Não há sistema de transportes para os jovens Trofenses, no entanto foram desenvolidas parcerias com a CP para que os jovens de outros concelhos e distritos possam usufruir do BeLive, pago pelos Trofenses! Estas são as diferenças de oportunidades que não queremos para os nossos jovens! A JS Trofa acredita que é possível uma solução para a falta de transporte. Neste sentido, a JS Trofa apresentou um conjunto de medidas que podem ser adotadas e, através de cartazes, difundio-as pela cidade. De modo semelhante, partilhou ainda o descontentamento pela proibição de participação das Associações Juvenis Trofenses no BeLive.

JS TROFA

Visita ao Canil A Juventude Socialista da Trofa, visitou, no passado dia 10 de Setembro, o Canil Municipal do Concelho da Trofa. A reunião com a Vereação do Executivo Municipal, assim como a visita às instalações do Canil Municipal, tiveram como base a necessidade de conhecer as instalações, funcionários e o funcionamento do Canil Municipal, no momento em que se encontra em vigor o DL, aprovado em 2016, que proíbe o abate de animais nos canis municipais. A JS regista com

agrado as campanhas de adopção e sensibilização dinamizadas pela Câmara Municipal da Trofa e colaboradores do Canil Municipal. No entanto acreditamos que é possível melhorar as próprias condições do canil municipal, atraindo mais visitas e possíveis adopções. A Juventude Socialista da Trofa acredita que uma reformulação das celas disponíveis assim como a construção de celas no espaço comum, aproveitando assim o

espaço aberto presente no Canil, iria dar mais condições aos animais, aumentar a sua capacidade, assim como promover uma melhoria nas condições e forma de trabalho dos funcionários afectos ao Canil Municipal. Acreditamos que a visita ao Canil Municipal, demonstra a necessidade de melhoria, apesar da preparação e das condições apresentadas nas instalações.


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JS PÓVOA DE VARZIM

Mês de Agosto Os eventos de Verão da JS Póvoa de Varzim decorreram ao longo do mês de agosto, arrancando com um torneio de futebol no dia 3, onde mais de 50 jovens disputaram o troféu de campeão e vários outros prémios, tornados possível pelo apoio de inúmeras empresas poveiras que a nós se juntaram neste momento lúdico e desportivo. No dia 18 realizou-se um lanche-convívio na freguesia de Argivai, onde os jovens socialistas se uniram

a eleitos e direção do Partido Socialista local, num momento de confraternização e camaradagem com jogos, música e muito debate. Desta tarde saiu uma proposta da JS, sob forma de carta aberta enviada ao Presidente da Junta de Freguesia, que apelava à colocação de pontos de separação de lixo no parque de merendas Mil Passos e terminou com uma aula de de Argivai, dando um sinal de vitalidade Zumba conduzida pela Débora Almeida, da estrutura que, mesmo num momento uma tarde que animou a esplanada de informal de convívio, é capaz de estar praia do Carvalhido, numa parceria próatenta e produzir propostas que transfor- xima com os comerciantes que aí operam mem o concelho. Partimos depois para o todo o ano, muitas vezes sem qualquer JS Mexe, no dia 31 de Agosto, numa festa apoio do Município, para dinamizar o de verão que contou com um concerto potencial daquele espaço. Um mês de de Pop-Acústico da banda Thunder Rose, Agosto de energia e dinamismo, de juvenuma atuação da Academia de Dança tude e proximidade.

JS PENAFIEL

Formalização de Núcleo No passado dia 3 de agosto, na antiga junta de freguesia de Portela, deu-se a tomada de posse do núcleo da JS das Termas de S. Vicente. Este núcleo será presidido por João Soares, filho da terra a qual o núcleo pertence. Com grande sentido entusiasta, ambicioso e sentido de responsabilidade política, João Soares pretende aproximar a política das pessoas e, com isso, levar as pessoas para a política, realizando desta forma uma política de proximidade. Na formalização

deste núcleo estiveram presentes, e dirigiram palavras de grande apoio ao novo coordenador deste núcleo: Nuno Araújo, presidente da Comissão Política do PS de Penafiel, Eduardo Barroco de Melo, Presidente da JS da Federação do Porto e ainda, Tiago Josué Ferreira, Presidente da JS de Penafiel. Mais um grande passo para o concelho de Penafiel que comprova que os jovens penafidelenses estão atentos e encaram com preocupação a vida e

o destino político do concelho ao qual pertencem.


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JS PENAFIEL

Obras para o Canil Municipal A JS visitou, no passado sábado dia 7 de setembro, o Centro de Recolha Oficial – Centro Veterinário Municipal, vulgo Canil Municipal de Penafiel. Esta visita foi motivada pela curiosidade da JS averiguar a forma como o município se preparou, ao longo dos últimos dois anos, para o fim dos abates nos canis municipais, numa lei que, embora aprovada em 2016, prepara-se para entrar em vigor apenas nos próximos dias. Não obstante de todas as

JS BAIÃO

Divulgação da Estrutura A JS de Baião promoveu, no passado dia 23 de agosto, uma iniciativa de divulgação desta estrutura partidária. Esta atividade decorreu durante a tarde do referido dia, num espaço inserido na feira franca e no qual foi possível esclarecer os jovens sobre as atividades desenvolvidas pela JS, o seu modo de ação e a sua importância na defesa dos interesses dos mais jovens. Durante esta atividade, foi também possível a inscrição de alguns jovens como militantes da Juventude Socialista.

campanhas de sensibilização e incentivos à adoção organizadas pelo Município, que devem ser enaltecidas, a JS preocupa-se pelo facto das infraestruturas do Canil Municipal permanecerem iguais ao que eram antes da promulgação da lei, em 2016. É do entendimento da JS que o número de celas disponíveis é demasiado baixo para garantir condições condignas aos animais e, pese embora todo o profissionalismo, esforço e dedicação dos funcionários do CRO-CVM, é indigna a presente situação de se constatar vários animais em celas que são idealmente individuais, bem como a falta de celas em zonas amplas e claramente desaproveitadas. A JS Penafiel pede urgência ao

Município no arranque das obras no canil (e futuro gatil) e que, entretanto, garanta mais camas e mantas para que os cães à guarda do CRO-CVM possam estar melhor acomodados enquanto aguardam adoção.


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JS BAIÃO

Roteiro No passado dia 15 de setembro, o roteiro “Conhecer para intervir: a tua voz na tua freguesia!”, decorreu na União de Freguesias de Loivos da Ribeira e Tresouras. A Juventude Socialista de Baião reuniu com o executivo desta União de Freguesias e com o movimento associativo local, nomeadamente, a Associação Cultural, Social e Recreativa de Loivos da Ribeira. Esta reunião proporcionou um intenso debate entre os participantes, em que

questões relacionadas com a saúde, educação e estado social foram discutidas. Este momento constituiu também uma oportunidade para que o movimento

associativo e o poder local expusessem algumas das suas preocupações relativas ao bem-estar e futuro do seu território.

desfrutaram desta atividade. Ao longo do dia de sábado, realizaram-se vários jogos, onde o espírito de fair-play e solidariedade foi praticado. Após esta iniciativa, o

Núcleo da Trofa e a Juventude Socialista da Trofa mostrou satisfação com a adesão dos jovens e agradeceu a participação de todos nesta causa nobre.

JS TROFA

II Torneio Basquetebol No passado dia 29 de setembro, o Núcleo da Trofa juntamente com a concelhia da Juventude Socialista, protagonizaram a segunda edição do Torneio de Basquetebol no Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro. Este evento teve como principais objetivos angariar alimentos para a Cruz Vermelha da Trofa. Após o torneio foram recolhidos cerca de 35 quilos de bens alimentares que reverterão para famílias carenciadas. A iniciativa contou com a presença de 40 jovens, que


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JS PÓVOA DE VARZIM

Cultura e Economia Na senda das diversas atividades de cariz lúdico e recreativo que a JS Póvoa de Varzim levou a cabo durante o mês de Agosto, o mês de Setembro iniciaria com uma atividade conclusiva para o Programa de Verão 2018, o Póvoa Criativa, um encontro cultural com momentos de poesia, dança, música erudita e ligeira, teatro e ilustração, que contou com a presença de cerca de 80 jovens ao longo da tarde. A JS Póvoa de Varzim teve oportunidade de afirmar que “Uma cidade criativa é uma cidade onde as pessoas têm espaço para pensar, imaginar e se expressar. Uma Póvoa Criativa diz aos jovens que a JS acredita no seu talento, por isso têm na Póvoa de Varzim sempre a sua oportunidade, sem pedir nada em troca”, uma mensagem política de relevo num concelho onde as associações e a cultura se sentem, frequentemente, capturadas. Apenas cinco dias depois deste evento, a JS receberia, na Póvoa de Varzim o Doutor Francisco Louçã, para debater connosco o tema “Dívida Pública: verdades e mitos”, numa sala cheia da Cooperativa A Filantrópica, onde o destaque vai para a quantidade de jovens presentes, sem dúvida em maioria, bem como a qualidade das suas intervenções, no período de intervenção do público.

Esta é a juventude em que confiamos para conduzir o futuro do concelho, esta é “Uma Juventude Capaz” de quebrar o monopólio de pensamento estabelecido. Com o orgulho e o sentimento de missão cumprida, após dois meses de intensidade e atividade sem precedentes, a JS regressa ao trabalho para preparar mais e melhor em prol da juventude poveira, tendo já visto a sua proposta de criação de um Plano Municipal da Juventude avançar para discussão no Conselho Municipal da Juventude. Cada vez fica mais difícil negar o papel dos jovens socialistas na sociedade poveira, o nosso caminho continua.


18 | Junho-Setembro 2018

DISCUSSÃO

A Voz dos Militantes

MARCO DE CANAVESES

VALONGO

BAIÃO

Luís Carlos Vieira

Mercês Oliveira

Joel Pinto

23 anos | Estudante

25 anos | Estudante

27 anos | Engenheiro

A Cambridge Analytica provou que o Facebook tem falta de controlo sobre os dados dos utilizadores e que muitos desses dados são utilizados com fins políticos. Consideras ser um “atentado à democracia”?

O progresso tecnológico e com ele a ascensão das tecnologias da informação trazem novos desafios à democracia. O atual “Big Brother” digital que inconscientemente aderimos permite ao Facebook e outros recolher e tratar dados associados à nossa atividade online, como informações associadas ao nosso estado de espírito emocional, opiniões pessoais e coletivas, preferências enquanto consumidores e preocupações sociais e individuais são de uso extremamente valioso para estas entidades que com elas estimam tendências que podem ser utilizadas para fins políticos com o objetivo de manipular a opinião pública sobre determinada matéria ou então ajustar a narrativa política a essa mesma tendência e com isso enviesar um resultado eleitoral.

Sim, é certamente um atentado à demo- A multiplicação e emancipação cracia. Estou convicta que a maioria dos das redes sociais proporcionou um utilizadores não está consciente de toda aumento do volume de informação a rede de informação que está por trás partilhada. A complexidade deste de tudo o que fazemos online. A nossa fenómeno encontra-se no facto que, liberdade está, constantemente, a ser se considerando que obtendo mais colocada em causa, seja em questões informação e informação não conpolíticas, ou noutras áreas. No ime- trolada significa mais democracia, diato, é necessário que os utilizadores ficamos sujeitos a receber informase tornem mais informados e críticos ção boa ou má, verdadeira ou falsa, em relação ao que se passa no mundo transmitida com boas intenções, pode virtual. também ser transmitida com o propósito de adulterar a realidade e de tirar proveito dela. Quanto a falta de controlo sobre os dados dos utilizadores por parte do Facebook e a utilização destes de forma abusiva considero um acto de violação aos direitos pessoais e por isso deverá ser severamente punida judicialmente.


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Um ano após da tragédia de Pedrógão Grande, o MAI garantiu que a cobertura da rede alcança 80% das estações SIRESP, de maneira a evitar novas falhas. Achas que esta medida terá efeito significativo?

Todas a medidas que visem assegurar uma vigilância e prevenção permanente são fundamentais para assegurar uma resposta mais eficaz dos meios de socorro. Apesar de louvar esta medida por parte do Governo, continuo a defender que esta tragédia que assombrou Portugal se deve ao culminar de problemas estruturais de ordenamento florestal e da desertificação do território alocado ao interior do nosso país, não descurando as condições climatéricas fora do comum no nosso território. O drama dos incêndios deve-se a anos de políticas erradas ou insuficientes.

Sim, quero crer que sim, pelo menos no que diz respeito a uma acção imediata e combativa. Mas é apenas um pequeno item de uma grande lista de coisas a fazer, umas a curto prazo, outras a médio e longa prazo. O ambiente e as florestas foram temáticas esquecidas e desvalorizadas durante largos anos, mas estamos sempre a tempo de fazer diferente, e fazer melhor.

Um ano após as tragédias, a memória ainda é bem próxima e admito que ainda me sinto angustiado com tudo o que aconteceu. Tecnicamente, não me sinto preparado para tecer comentários sobre a rede SIRESP, mas acredito que com este Governo, os erros do passado não serão cometidos no futuro e por isso certamente todas as medidas tomadas trarão o efeito pretendido. Acrescento ainda que gostaria que surgissem incrementos na formação cívica, sensibilizando a população da forma a atuar em confronto com catástrofes ou como agir perante estas.

Numa altura em que obter uma licenciatura não assume tanta preponderância no mercado de trabalho, concordas que deve haver uma formação contínua e especializada ao longo de toda a carreira profissional?

Algumas profissões de hoje e a maioria Sim, estou perfeitamente de acordo. das profissões do futuro, principal- Um profissional informado e actuamente associadas à Era digital, robótica lizado será sempre um melhor e tecnologias da informação exigem, profissional. Penso que é uma forma quer por razões de ajustamento e atua- de muitos trabalhadores saírem da lização técnica fruto do permanente “zona de conforto”, traduzindo-se em desenvolvimento tecnológico, quer resultados mais positivos. por motivações associadas à tendência de flexibilização do mercado de trabalho e de se exigir um maior leque de competências ao fator trabalho, tornam insuficientes os diplomas académicos que outrora, eram condição necessária e suficiente para satisfazer as necessidades do mercado de trabalho vigente e garantir um posto de trabalho estável e duradouro.

Vivemos numa era digital e global, as novas tecnologias desenvolvem-se e multiplicam-se diariamente e competências antes valorizadas correm o risco de ficar obsoletas. Eu vejo a obtenção de uma licenciatura como uma formação inicial que tem de ser desenvolvida e actualizada ao longo da carreira. Portanto, concordo com a aprendizagem ao longo da vida, pois tem como objetivo atualizar e melhorar conhecimentos e aptidões em qualquer momento. É necessário procurar soluções para que o acesso a esta educação, formação e actualização seja igualitário de forma a que não represente mais um contributo para um aumento das condições de desigualdade e exclusão social.


20 | Junho-Setembro 2018

Top do Mês A CAMINHO DO ZERO

#BEATPLASTICPOLUTION

Caso seja aprovado a proposta de lei nº 156/XIII, que configura o Orçamento de Estado para 2019, garante-se o cumprimento do artigo 74º da Constituição da República Portuguesa, que garante a gratuitidade do ensino obrigatório na rede pública, com a atribuição dos manuais escolares até ao 12º ano e ressalvando a reutilização dos mesmos para consequentes anos.

Baixar 200€ ao valor máximo das propinas, a partir do próximo ano, é uma conquista histórica! É uma proposta da JS que tem décadas de existência. É o resultado de uma luta incansável e que terá efeito no Orçamento do Estado para 2019. Um passo enorme para o acesso ao ensino superior gratuito, a que todos e todas têm direito. Mas o caminho para a propina zero ainda é longo!

Na União Europeia são produzidas cerca de 25 milhões de toneladas de resíduos plásticos e apenas 30% são reciclados. No sentido de preservar o ambiente e a saúde humana, o Governo Português proibiu garrafas, sacos e louça de plástico na Administração Pública e, poucos dias depois, o Parlamento Europeu aprovou a proibição da comercialização de produtos de plástico como cotonetes, agitadores de bebidas, entre outros.

“DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA”

REJEIÇÃO EUROPEIA GALVANIZA NACIONALIS-

SOMENTE A CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO

“FAKE NEWS” – EDIÇÃO PORTUGUESA

“Deus, Pátria e Família” são os três pila- TAS ITALIANOS A recente partilha da fotografia do res duma sociedade conservadora e O anúncio inédito, levado a cabo por momento da detenção dos suspeitos patriarcal, defendidos por um tipo de Valdis Dombrovskis, como represen- evadidos Diap, e consequentes publicaregime que se apoderou do nosso país tante da Comissão Europeia, de rejeição ções, na rede social Facebook, geraram há relativamente pouco tempo e que, do Orçamento de Estado de Itália para uma discussão entre diferentes repreagora, está presente no Brasil. Bolso- 2019 levou aos partidos que se coligaram, sentantes de instituições estatais e fez naro é o candidato de extrema-direita nas últimas eleições italianas, sobre uma soar, novamente, o alarme da agenda à presidência deste país. Uma ameaça ideologia anti-europeísta, a reforçar o ideológica de extrema-direita que a grande parte da população que se uso do seu argumentário contra a perda parece estar a infiltrar-se nas forças de encontra em perigo caso ele vença, da soberania nacional para instituições seguranças nacionais. tudo por ele defender “a moral e os externas. bons costumes”.

Down do Mês


Junho-Setembro 2018 | 21

Alegre casinha “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”. O artigo 65º da Constituição assim refere, conferindo à habitação digna a categorização de direito fundamental para supressão de uma necessidade essencial.

A habitação é muito mais que uma questão de necessidade do indivíduo A construção, reabilitação, compra, arrendamento, a subsidiação e o financiamento têm um papel económico altamente relevante e são instrumentos de promoção da igualdade social ou, nos tempos atuais, mecanismos que estão a prejudicar uma justa redistribuição da riqueza. O dado é factual: a maioria dos jovens portugueses não consegue arrendar casa ao nível de preços atual. E muitas famílias da classe média portuguesa estão a ser empurradas para as periferias das cidades por força da pressão imobiliária e a reboque da “Lei Cristas”. A direita, após trazer a precariedade ao mercado de trabalho, trouxe também a precariedade ao mercado da habitação. O que

está em causa é uma complexa teia que envolve inquilinos, empresas imobiliárias, indústria do turismo, investidores estrangeiros, especuladores internacionais. O mercado já não se regula entre arrendatários e inquilinos que pretendem uma casa para habitar. O mercado mercantilizou a habitação, tornando-a num ativo volátil, “despessoalizado“, um depósito do grande capital que, num tempo de juros baixos, pretende rentabilizar o seu dinheiro com património. Um conjunto de forças de pressão está a obrigar a massivas movimentações sociais, a transfigurações das nossas cidades e a adiamentos. Vidas de famílias e de jovens que se adiam, porque as forças desiguais estão capturar o direito de uma habitação digna. A isto se soma a fragilização dos estados. As crises da dívida pública, a obsessão pelo défice, e o programa europeu de liberalização dos mercados conduziram a um estado, por um lado, com menores mecanismos financeiros e legais de atuação e, por outro, ávido de investimento externo para equilíbrio imediato das contas públicas. Assim nasceram os “vistos gold” de Paulo Portas que, como o tempo tem vindo a demonstrar, são essencialmente mecanismos desiguais de acesso à nacionalidade e sujeitos às mais perniciosas formas de atuação. Esta tempestade perfeita conduz ao cenário atual: jovens e famílias estão a ser afastados dezenas de quilómetros dos seus locais de trabalho, para que

| FOTO: PEDRO CORREIA/GLOBAL IMAGENS

investidores estrangeiros depositem o seu dinheiro em casas vazias nos centros das cidades. Além do drama e injustiça sociais, conduz-se a um problema de ordenamento das nossas principais cidades. O governo, através da “Nova Geração de Políticas de Habitação” e o grupo parlamentar do PS – lei de bases da habitação - têm-se dedicado a esta matéria. É categórico que a habitação necessita de uma urgente intervenção do estado que estanque o ímpeto de precariedade habitacional que se gerou. Mas o desafio é enorme enquanto não se assumir, internamente e no contexto europeu, uma posição fortemente intervencionista. Investimento público no parque habitacional, regulação dos preços das rendas e limites ao uso do parque habitacional para fins que não da habitação própria. Não é aceitável a continuação da impunidade dos mercados em detrimento do direito à habitação. E não há balança comercial, atração de investimento externo ou défice zero que justifiquem o adiamento de tantas vidas. Até porque os benefícios presentes serão, na verdade, enormes dificuldades futuras que devemos, desde já, evitar. | MARCO FERREIRA


22 | Junho-Setembro 2018

ENTREVISTA DO MÊS:

Cristiana Fernandes OM: Ao longo da tua militância na JS, quais foram os cargos e/ou funções que exigiram mais de ti? CF: Ao longo dos trezes anos de militância na JS, a responsabilidade foi aumentando e, portanto, também foi crescente a exigência dos cargos e funções que fui (e ainda vou) desempenhando. Saliento o último mandato no secretariado da concelhia da Póvoa de Varzim (até Dezembro de 2017), coincidente com o secretariado federativo da JS e inerência à comissão política concelhia do PS, um período de grande consolidação da estrutura, fundamental para o período de expansão que hoje assistimos orgulhosamente. Não posso também deixar de referir outro Organizadora do Congresso foi uma período, de 2013 a 2017, em que integrei experiência incrível, que exigiu muito o grupo do PS na Assembleia Municipal de mim, mas não só, todos os elementos da Póvoa de Varzim, pela experiência da COC e da concelhia de Matosinhos adquirida, por todo o trabalho de pre- foram incansáveis. Tenho um orgulho paração dos temas que decidimos levar enorme do dia que proporcionamos a debate e pelo desafio de ser oposição e que espero que tenha sido especial num concelho que apenas conhece para quem dele desfrutou - para nós uma governação de direita. Se até 2017 foi! O congresso federativo é também me encontrava na posição de primeira um ponto de viragem no meu percurso suplente, após as últimas eleições na JS e também por isso foi especial. autárquicas passei a integrar efetiva- A partir de então, deixei funções exemente a bancada do Partido Socialista, cutivas e integro “apenas” a Comissão a trabalhar para uma oposição cons- Nacional, estou numa espécie de destrutiva e que se mostra preparada aos pedida a conta-gotas. Gosto disso! olhos dos poveiros. Com duração mais OM: Como vês o retrocesso eleitoral de curta, mas de grande intensidade, não quase todos os nossos partidos irmãos posso esquecer a organização do último na Europa? Qual é o desafio mais intricongresso federativo a 9 de Dezembro gante que o Socialismo Democrático de 2017. Ser presidente da Comissão enfrenta, no século XXI?


Junho-Setembro 2018 | 23

A infiltração dos ideiais neoliberais na matriz (...), a cedência às políticas de austeridade, a captura do estado pelos mercados levaram aos resultados que vamos observando (...) CF: O retrocesso dos partidos socialistas europeus é algo que nos deve preocupar. A infiltração dos ideiais neoliberais na matriz dos partidos socialistas, a cedência às políticas de austeridade, a captura do estado pelos mercados levaram aos resultados que vamos observando, sobretudo porque afastaram a política das pessoas. E é para as pessoas que fazemos política. Quando não as colocamos no centro da nossa ação, temos o descrédito nas instituições. E assim surgem os discursos mais perigosos. Com uma mensagem simples, a extrema-direita galga terreno

na Europa e no mundo. As eleições europeias trarão certamente uma nova geometria política. Até lá, os partidos socialistas europeus não precisam de se reinventar, precisam acima de tudo de não esquecer. Não esquecer a sua matriz social democrata, não esquecer os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e não esquecer os princípios fundacionais do projeto europeu. Não há paz sem um Estado Social forte. E penso que este é o maior desafio da social-democracia do nosso tempo. O Estado promotor da igualdade, protetor dos direitos e deveres dos cidadãos, assente numa lógica de solidariedade, motor de desenvolvimento e defensor do valor do trabalho. OM: Se tivesses de nomear algumas figuras do PS que influenciaram a tua militância, quais seriam e porquê? CF: Temos na história do PS figuras que muito nos honram e inspiram. Desde logo Mário Soares - figura maior da nossa história e do país - o seu brilhantismo, a sua coragem, a sua vida dedicada à luta ao fascismo e à causa pública, que exemplo, como lhe estamos gratos. Depois, mais do que as pessoas, posso destacar algumas características: a elegância, firmeza e serenidade de Almeida Santos, a persistência de António Arnaut na defesa do SNS e a retidão de Jorge Sampaio e António Guterres, por exemplo. Na atualidade, a visão e habilidade de António Costa, a sua capacidade de construir

esta “geringonça que funciona”, a assertividade de Pedro Nuno Santos, o modo como defende a social democracia e o papel de um Estado Social para todos e todas, a combatividade e frontalidade de Ana Gomes e a resistência de Isabel Moreira, a sua preparação em matérias de direitos e garantias, o seu papel na luta pelas causas LGBTx. Mas a minha militância na Juventude Socialista e no Partido Socialista é profundamente influenciada por aqueles com quem, lado a lado, vou fazendo política. Foi com os militantes da Juventude Socialista que comecei a querer saber mais, a estar mais atenta, não só aos problemas do meu concelho, aos problemas dos poveiros e poveiras, mas também à realidade do distrito e do país. Sinto que convivi e convivo regularmente com excelentes quadros da nossa estrutura. As atividades que desenvolvem, as causas que abraçam, as propostas que apresentam, a forma como juntam tantas vezes as suas vozes às voz dos que mais necessitam são verdadeiramente inspiradoras. OM: Consideras preponderante o papel da JS no seio do Partido Socialista, ou julgas ser possível alargar, ainda mais, esta influência? CF: A história conta-nos como pode a JS ser relevante no seio do Partido Socialista, mas não só, como podemos ser relevantes para o país. Pensemos no fim serviço militar obrigatório, na interrupção voluntária da gravidez, no


24 | Junho-Setembro 2018

Vejo na Federação do Porto da Juventude Socialista, uma estrutura que se renova a cada dia, em progressão constante, nesse caminho pelo “Futuro à Esquerda” que a guia casamento por pessoas do mesmo sexo, entre outras causas pelas quais nos batemos. Se hoje temos um governo do PS a concretizar a descida do valor da propina máxima, tal o devemos à Juventude Socialista. Se hoje o Partido Socialista discute a limitação da disparidade salarial, a regulamentação da prostituição e a liberalização das drogas leves, fá-lo porque a JS colocou estes temas em cima da mesa. Claro que podemos e devemos querer sempre mais. Para isso, será fundamental alargar a participação jovem nos lugares de decisão. Se analisarmos a média de idades na Assembleia da República, o Partido Socialista é o grupo parlamentar mais envelhecido. O futuro passa por aqui, com um aumento da representatividade jovem conseguiríamos aumentar a nossa influência. Porque não um pacto intergeracional com o PS de forma a aumentar a participação de jovens em órgãos eleitos?

Foi com os militantes da Juventude Socialista que comecei a querer saber mais, a estar mais atenta (...)

OM: Por fim, e ao olhares para a trazemos à discussão diversos temas e estrutura da JS no distrito do Porto, reagimos prontamente a diversas situacomo vês o seu progresso, desde que ções, como nas subvenções vitalícias, entraste até ao momento atual? no posicionamento da TAP em relação CF: Ingressei na Juventude Socialista ao Porto, ou no acórdão relativo a uma antes do tempo da democratização violação numa discoteca em Vila Nova da internet e do uso das redes sociais de Gaia. Aumentamos a nossa particicomo ferramenta de comunicação, pação na Marcha do Orgulho do Porto, logo a minha percepção estará natural- criamos documentos como o Manifesto mente desfasada da realidade. Grande Autárquico, fazemos diversos roteiros parte da minha militância foi também que incluem as mais diversas temátidedicada à atividade concelhia, durante cas, da saúde à economia, da educação algum tempo entendi a atividade fede- à habitação. Vejo na Federação do Porto rativa como algo longínquo, quase da Juventude Socialista, uma estrutura inacessível, e como estava enganada. que se renova a cada dia, em progressão Mas posso falar orgulhosamente dos constante, nesse caminho pelo “Futuro últimos anos, em que observamos à Esquerda” que a guia. uma constante evolução. Melhoramos | JOÃO COUTINHO a nossa organização e comunicação,



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