O Mensalista - Março 2018

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Março 2018 | Edição 14 | Diretora: Inês Monteiro Redação: Diogo Amaral, Diogo Silva, Eliana Pinto, João Coutinho, Paula Moreira, Pedro Salazar, Rafael Martins Designer Editorial: Válter Santos

ANÁLISE POLÍTICA:

O bluff da meritocracia e a desigualdade entre nações e entre cidadãos p15

Dia Internacional da Mulher NES FPCEUP assinala este dia com debate temático p6

FEDERAÇÃO:

OPINIÃO:

ENTREVISTA:

Momento de formação e reflexão para os novos dirigentes concelhios do país p4/5

Todos os dados e uma retrospetiva das informações partilhadas pela JS p11

Candidato à Câmara Municipal da Trofa e atual vereador do PS em entrevista p17a19

II Encontro de Concelhias em Castelo de Vide

Como é hoje celebrar o Dia da Mulher?

Amadeu Dias recorda o seu percurso


2 | Março 2018

Equipa Inês Monteiro

Rafael G. Martins

Diretora | Penafiel

Jornalista | Paços de Ferreira

Diogo Amaral

Diogo Silva

Editor | Trofa

Analista | Vila Nova de Gaia

Paula Moreira

Pedro M. Salazar

Editora | Baião

Analista | Póvoa de Varzim

Eliana Pinto

Gonçalo O. Salazar

Jornalista | Amarante

Cronista | Matosinhos

João Coutinho

Válter Santos

Jornalista | Valongo

Designer Editorial | Maia


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Editorial

A

8 de março, assinalou-se o Dia Internacional da Mulher. Apesar de se comemorar esta data há mais de 40 anos, considero que vivemos um período crucial para reivindicar com maior assertividade os direitos das mulheres. As desigualdades históricas e estruturais, que permitiram que a opressão e a discriminação ganhassem forma, estão, nos dias de hoje a ser denunciadas como nunca. Desde a América, à Ásia, passando pela Europa, seja nas redes sociais, em Hollywood, em fábricas ou nas ruas, as mulheres estão a lutar por uma verdadeira mudança onde há tolerância zero para ataques sexuais, assédio e todo o tipos de discriminações. Felizmente, são já notórias algumas vitórias. Há mais raparigas a frequentar as escolas, mais mulheres com empregos remunerados e cargos superiores no setor privado, na política e em organizações internacionais. No entanto, os números ainda estão longe daqueles que pretendemos para vivermos numa sociedade verdadeiramente desprovida de sexismo. Subsistem ainda práticas como a mutilação genital feminina, e o casamento infantil, mas que passaram a ser proibidas em muitos países, o que revela uma evolução neste campo. No entanto, existem ainda sérios obstáculos para ultrapassar que estão na base da discriminação e da exploração: a diferença salarial global entre mulheres e homens, o trabalho não remunerado

O alcance da total igualdade de género constitui, para mim, no mundo atual, o maior desafio em matéria de direitos humanos que não é reconhecido e ainda o acesso a cargos superiores. Acredito que podemos acelerar este processo de combate às desigualdades se houver vontade política, se existirem mudanças culturais e de mentalidade, e se as mulheres removerem as barreiras que ainda subsistem dentro delas. O alcance da total igualdade de género constitui, para mim, no mundo atual, o maior desafio em matéria de direitos humanos. Termino citando Simone de Beauvoir, ilustre escritora francesa e acérrima defensora dos direitos das mulheres: “Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.” | INÊS MONTEIRO


4 | Março 2018

Encontro de Concelhias em Castelo de Vide

N

o fim-de-semana de 10 e 11 de fevereiro a Juventude Socialista realizou o seu II Encontro de Concelhias, em Castelo de Vide. Esta iniciativa, onde a Federação do Porto da JS marcou, como habitualmente, forte presença, foi marcada pelos diversos painéis, de diferentes temas, apresentados e dinamizados por vários dirigentes da Juventude Socialista. Houve espaço para debate, reflexão e aprendizagem com alguns dos nossos melhores quadros. O Encontro de Concelhias foi dirigido, preferencialmente, a presidentes de concelhia e membros dos secretariados concelhios da JS e teve como principal objetivo formar, e preparar os novos dirigentes que tomaram posse no último ato eleitoral de Novembro de 2017 sobre a dinâmica interna da estrutura, desde a sua gestão ao seu funcionamento, bem como sobre os princípios ideológicos fundamentais da Juventude Socialista. O II Encontro de Concelhias teve o seu início no sábado, dia 10 de fevereiro, com um painel sobre a organização interna da JS, nomeadamente acerca do funcionamento da sede nacional, os estatutos e regulamentos, e a comunicação e imagem da JS. Neste painel, Amadeu Dias, na qualidade de secretário nacional, explicou o funcionamento e as estratégias de comunicação da Juventude Socialista. No segundo painel, houve espaço para o debate de algumas prioridades políticas como a

coesão territorial, o trabalho, as políti- JS - Assembleia da República, a articucas de juventude e a educação e ensino lação com o Partido Socialista - com o superior - contando com a intervenção contributo de Hugo Carvalho, recémdo secretário nacional Hugo Carvalho -eleito Presidente de Concelhia do Gonçalves -, a regulamentação da pros- PS Amarante – e, no último painel foi tituição e a legalização das drogas leves. dedicado ao poder local, com a interSob o mote “JS em ação”, no terceiro venção do Coordenador Nacional da painel foram abordadas temáticas como ANJAS e contando com o testemunho as relações internacionais, a articulação de Amadeu Dias (candidato do PS, nas

Amadeu Dias, Secretário Nacional, no painel sobre a organização interna e comunicação da JS


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Esta iniciativa foi marcada pelos diversos painéis de diferentes temas apresentados por vários dirigentes da Juventude Socialista.

Os militantes da Federação do Porto Hugo Carvalho Gonçalves, Filipa Magalhães e Hugo Carvalho intervieram no Encontro de Concelhias

últimas eleições autárquicas, à Câmara Municipal da Trofa). Após o jantar, o programa recomeçou com a tertúlia «A militância na Juventude Socialista», um momento informal que contou com a presença de dois ex-dirigentes de referência da JS, João Pina e Marco Ferreira. Para terminar um longo dia de trabalhos, decorreu o painel das dinâmicas de grupo, onde os participantes foram convidados a refletir e a discutir sobre problemas que encontram na sua atividade política diária, debatendo possíveis respostas,

O Encontro de Concelhias teve como principal objetivo formar, e preparar os novos dirigentes que tomaram posse no último ato eleitorial

soluções e novas formas de ação política. O domingo, dia 11 de fevereiro, ficou reservado para uma apresentação temática sobre a nova versão da plataforma interna da Juventude Socialista, o JS Hub 2.0, e para a sessão de encerramento do encontro que contou com a presença de Ana Catarina Mendes, Secretária-geral Adjunta do Partido Socialista, Ivan Gonçalves, Secretário-geral da JS e Eduardo Alves, Presidente da Federação de Portalegre da Juventude Socialista. | INÊS MONTEIRO


6 | Março 2018

Atividades Concelhias da JS NES FPCEUP

Dia Internacional da Mulher O Dia Internacional da Mulher foi assinalado pelo Núcleo de Estudantes Socialistas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (NES FPCEUP) na sua primeira iniciativa deste mandato. Organizou-se, neste sentido, um debate em torno da “(Des)igualdade de Género na Sociedade e no Mercado de Trabalho”, que teve lugar na FPCEUP. Contou com a presença de Teresa Fernandes (Presidente do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas do Porto), Amadeu Dias (Coordenador Nacional da Tendência Sindical Jovem Socialista), Vilma Martelo (Associada da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta - e Ativista pelos Direitos das Mulheres) e Frederica Armada (Membro da UMAR, Ativista Política e Feminista). O tema afigura-se pertinente, uma vez que a desigualdade de género se repercute nas várias esferas da sociedade, principalmente a laboral, na qual o sexo feminino é mais afetado, em termos salariais e no acesso a cargos superiores. Na política, o cenário mantém-se, estando em menor número. Com este mote, o debate refletiu a situação passada e atual do país, assim como as perspetivas futuras.


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JS TROFA

JS Trofa À Conversa com No passado dia 16 de fevereiro, a política voltou ao debate público pela mão da Juventude Socialista da Trofa, nas instalações do Clube Slotcar da região, tendo como mote um debate sobre a Discriminação, Desigualdade e Violência Jovem. Contou com a participação da Deputada à Assembleia da República e Ex-Secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, e da Presidente da UMAR – União Mulheres Alternativa e Resposta

e Docente na Faculdade de Psicologia Violência Jovem no namoro, no combate e de Ciências da Educação da Univer- às desigualdades salariais assim como sidade do Porto, Maria José Magalhães. na discriminação de género e de opções. O percurso político, cívico e académico Permitindo, ainda, segundo o líder da das duas oradoras afigurou-se perti- JS Trofa, Bruno Soares, “ uma discussão nente para o tema, permitindo um pública em locais acessíveis, com figuexcelente conteúdo político na luta por ras de relevo nacional a nível político e uma maior igualdade. Por conseguinte, académico devem ser uma das soluções desencadeou-se um debate participa- que as Juventudes Partidárias têm de tivo, plural e esclarecedor acerca da apresentar aos jovens do seu concelho.”

JS AMARANTE

JS Alerta e JS Explica No passado mês de fevereiro foram lançadas duas novas rubricas pela Juventude Socialista de Amarante: o JS Alerta e o JS Explica, tal como já havia sido anunciado pelo atual presidente da estrutura, Rui Vilares. O JS Alerta, lançado a 6 de Fevereiro, é uma rubrica quinzenal que pretende chamar atenção da sociedade para situações onde é urgente mudar, onde é possível potenciar toda a massa critica que existe no concelho e fazer mais e melhor. O JS

Explica, lançado a 15 de Fevereiro, é uma rubrica mensal que pretende, através de um vídeo, com aproximadamente 1 minuto, transmitir informações úteis sobre um determinado tema atual e relevante. Posto isto, embora sejam dois projetos recentes, podemos afirmar que estas duas iniciativas já alcançaram o pretendido: qualificação e visibilidade para a nossa estrutura.


8 | Março 2018

JS PÓVOA DE VARZIM

Fórum: Pensar a Póvoa A JS Póvoa de Varzim organizou, durante a tarde do dia 17 de fevereiro, o primeiro Fórum “Pensar a Póvoa”, com lugar na Casa da Juventude. Contou com a presença de mais de 30 jovens poveiros, tendo sido adotado um formato adequado à participação de quem nunca teve intervenção política, visando aproximar os mais jovens dos espaços de debate e colocando-os em contacto

direto com a Juventude Socialista para que as suas ideias sejam ouvidas com a transparência e proximidade que caracterizam a estrutura. Foram constituídas três mesas de discussão: Educação e Emprego; Saúde e Ambiente e Associativismo e Cultura, moderadas por Hugo Gonçalves, Cristiana Fernandes e Manuel Vieira, respetivamente. Os

participantes tiveram ainda oportunidade de expressarem as ideias finais perante o grupo, momento que foi marcado pelo elevado nível apresentado, relevando que “não existe desmotivação dos jovens para a política”, no entanto os participantes afirmam que a política presente na região não os mobiliza.

Baião e o executivo da Junta de Freguesia, num momento enriquecedor para todos os participantes. Este roteiro decorrerá até ao final do ano, em que serão percorrer todas as freguesias

do concelho de Baião, com o intuito de conhecer melhor as necessidades e a realidade do território e dos seus habitantes.

JS BAIÃO

Conhecer para intervir No passado dia 17 de fevereiro, a Juventude Socialista de Baião iniciou na freguesia de Viariz (Baião) o roteiro: “Conhecer para intervir: a tua voz na tua freguesia!”. Para tal, contou com a participação do executivo da Junta de Freguesia de Viariz, promovendo a discussão em torno de três matérias fundamentais na sociedade: Educação, Saúde e Estado Social. A 10 de março, o roteiro prosseguiu na Freguesia de Loivos do Monte, proporcionando o debate entre os vários militantes da JS


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JS VILA NOVA DE GAIA

Biblioteca em época de exames No passado dia 26 de fevereiro, foi aprovado por unanimidade na Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, em sessão ordinária, uma proposta de recomendação apresentada pelo Partido Socialista, que contou com o contributo

da Juventude Socialista. A proposta prevê um horário diferenciado e alargado para a Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia nas épocas de exame da Universidade do Porto, sendo que a abrangência deste horário é ainda maior dada a coincidência de datas entre os exames do segundo semestre do ensino superior e a época de exames do ensino básico e secundário. O alargamento recomendado permitirá o encerramento da Biblioteca às 21:30 em dias da semana, o que corresponderá

a um aumento de duas horas diárias nestes dias, e o encerramento às 19:30 aos sábados, que corresponderá a um aumento significativo dado que a biblioteca encerra, atualmente, às 13:00 horas. Esta medida resulta da necessidade premente de existir um horário de maior extensão que possa assegurar, em época de exames, o acesso aos recursos da Biblioteca Municipal e que permita que os jovens desenvolvam o seu estudo autónomo de uma forma mais profícua.

JS MATOSINHOS

JS MATOSINHOS

Reunião com Associação de Pais

1ª Edição: Passaa-Palavra

No dia 7 de fevereiro a Juventude Socialista de Matosinhos, através do núcleo de Matosinhos e Leça da Palmeira reuniu com a Associação de Pais da Escola Secundária da Boa Nova, no sentido de melhor entender as condições em que a Escola opera, sendo esta uma das escolas cuja requalificação foi congelada pelo anterior governo. Os dados recolhidos permitiram à JS Matosinhos iniciar diligências, junto da Câmara Municipal, percebendo qual o papel que a estrutura pode desempenhar para acelerar a requalificação da Escola Secundária da Boa Nova e da Escola Secundária Abel Salazar, acautelando

No passado dia 9 de março, a Juventude Socialista de Matosinhos realizou a primeira Edição do Passa-a-Palavra do presente mandato. Nesta atividade, simulou-se um debate parlamentar cujo tema era a Europa, em que os militantes debateram temas como a Cooperação Militar Europeia, o Orçamento da União Europeia e a Federalização. Este debate surge no sentido de consolidar a formação obtida no ‘Europa: Desafio de Gerações’, procurando estimular um debate salutar sobre o destino da União Europeia, mas contribuindo também para a formação dos militantes, quer do ponto de vista do conhecimento, quer no da comunicação ao público.

no terreno as preocupações dos jovens Matosinhenses.


10 | Março 2018

JS VILA DO CONDE

Fórum: A tua ideia conta No passado dia 17 de fevereiro realizou-se na sede da JS o Fórum ‘A tua ideia conta’, e contou com a participação do Doutor Abel Maia, Presidente do PS Vila

do Conde, do camarada Eduardo Barroco de Melo, Presidente da Federação da JS Porto, e do Anser Coelho, Presidente da JS Vila do Conde. De igual modo, estiveram presentes dezenas de jovens Vilacondenses e dirigentes da JS. O painel temático esteve envolto da participação dos jovens na vida política, o papel da JS e a sua intervenção no concelho nas mais diversas matérias. Por

JS GONDOMAR

1º Torneio de Fifa 18 A sede do Partido Socialista de Baguim do Monte acolheu, no passado dia 4 de março, a etapa inicial do 1º Torneio de FIFA 18 realizado pela Juventude Socialista de Gondomar. Com o intuito de aproximar os jovens do concelho e com casa cheia, esta atividade permitiu unir os mais novos por um hobbie em comum. A Juventude Socialista de Gondomar parabeniza todos os participantes desta etapa, agradecendo a sua colaboração e enorme compreensão, para com a duração do torneio. Congratulando com maior destaque os três primeiros classificados: César Cardoso, Renato Ribeiro e Pedro Nunes, um dos mais recentes membros da Juventude Socialista. Por outro lado, damos também os parabéns e as boas-vindas

aos restantes jogadores, inscritos neste dia, na nossa estrutura. A próxima etapa será marcada o mais rápido possível, e todos os participantes, com exceção do grande vencedor, já apurado para a finalíssima, podem voltar a inscrever-se.

conseguinte, os valores, identidade e missão da Juventude Socialista estiveram abertos amplamente a discussão e debate por parte por participantes. Estes contribuíram, ainda, com ideias que foram materializadas numa agenda que o secretariado da JS passará a aprofundar e integrar no seu Plano de Atividades para o presente ano de 2018.


Março 2018 | 11

OPINIÃO

Como é hoje celebrar o Dia da Mulher?

T

odos os anos se comemora o Dia da Mulher, mas, por detrás dessa celebração, existe uma história que remonta aos Estados Unidos, no início do século XX – época em surgiu a ideia de criar o Dia da Mulher no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito ao voto. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres propôs-se a celebração anual das mulheres trabalhadoras – uma luta bastante conturbada– e só em 1975 foi oficializado pela ONU o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Um dia que deveria ser lembrado pelas conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres – independentes de divisões nacionais, étnicas, culturais, económicas ou políticas – é hoje celebrado de uma forma cor-de-rosa e aproveitado para fins comerciais. A ilusão pode manter-se por um dia, mas é importante alertar para os restantes 364! Comemorar este dia é, acima de tudo, assumir que a desigualdade de género existe e continua a afetar-nos nos diversos setores da vida quotidiana. Falo-vos, por exemplo, da desigualdade laboral, ao nível salarial e no acesso a cargos de nível hierárquico superior, sem critério plausível que o justifique. Quando analisada a “População residente com 15 e mais anos de idade por nível de escolaridade completo mais elevado: total e por sexo”, verifica-se que 61,7% das Mulheres têm formação

Comemorar este dia é, acima de tudo, assumir que a desigualdade de género existe de ensino superior, um valor estatisticamente significativo comparativamente ao sexo masculino. No entanto, continuam a ser o contingente populacional mais vulvenárel ao risco de pobreza assim como continuam a apresesentar taxas de desemprego superiores (51, 6% segundos dados recentes do PORDATA). Com a agravante de que as mulheres, para além do seu trabalho, ainda têm de desempenhar tarefas domésticas – o trabalho “não remunerado” – que não é equitativamente partilhado pelos seus companheiros. Contra factos não há argumentos e, neste sentido, é crucial uma aposta em políticas públicas

que permitam uma conciliação da vida profissional e da vida familiar, e um efetivo apoio às famílias com a educação dos filhos. No fundo, lutar para que homens e mulheres tenham o mesmo nível de independência e autonomia. O principal desafio no futuro é incentivar as famílias a desenvolverem estratégias para a promoção e igualdade de género. Isto porque o seio familiar é um contexto de socialização por excelência, assim como é através dele que ocorre a transmissão geracional de estereótipos reguladores de comportamento, suscetíveis de afetar projetos de vida, percursos individuais e relacionamentos interpessoais. Pensem na vossa mãe, irmã ou esposa e reflitam se é justo que o sexo, característica meramente biológica, deverá continuar a ser critério para discriminar e atentar contra a dignidade humana! | PAULA MOREIRA


12 | Março 2018

DISCUSSÃO

A Voz dos Militantes

TROFA

PENAFIEL

LOUSADA

Filipa Ferreira

Ana Mendes

Ana Regadas

26 anos | Empresária

23 anos | Enfermeira

25 anos | Estudante

Neste mês, um surto de sarampo levou a uma procura mais acentuada da vacinação. Sendo grande parte dos infetados profissionais de saúde, consideras possível obrigar alguém a vacinar-se?

Vejo a vacinação como o voto: um direito, e não um dever | ANA MENDES

S

im. Sendo a vacinação uma forma de prevenção de doenças é importante fazer perceber à população a importância da mesma. Quando a falta dessa vacina põe em causa a saúde pública e perante o panorama actual parece-me oportuno que a vacina do sarampo esteja incluída no plano de vacinação obrigatória.

N

ão. Como profissional de saúde, vejo a vacinação como o voto: um direito, e não um dever. A população em geral não está consciencializada relativamente aos malefícios da não adesão à vacinação, e isso sim, deve ser esclarecido.

N

ão, pois não é possível a obrigatoriedade da vacinação, uma vez qu a liberdade de escolha de cada um é o foco central para a convivência, devendo apenas apelar a consciencialização exatamente para o mesmo fator, a convivência, a comunidade.


Março 2018 | 13

Num mundo predominantemente conectado pelas redes sociais e uma vez que 97% dos jovens tem acesso à internet no telemóvel, é importante para os Pais impor restrições na utilização das mesmas?

Explicar aos jovens os prós e contras da utilização das redes sociais | FILIPA FERREIRA

S

im. Mas mais importante que restringir os jovens, é explicar-lhes os prós e contras da utilização das redes sociais - seja no que acedem, seja na quantidade de tempo em que o fazem. Pois além, de publicações de lazer também acedem a conteúdos de notícias e leituras benéficas. E acredito para sustentar uma restrição, também temos de apresentar alternativas aos jovens.

N

ão. Os jovens devem ser livres de explorar o meio exterior o meio interior (virtual, neste caso), e criar a sua opinião sobre o mundo com base nessa exploração. Claro, deve existir uma abordagem relativamente ao uso do mundo virtual, se necessário, mas não restringindo a sua utilização.

S

im, a imposição dos valores e da educação devem ser a principal preocupação dos progenitores, o alerta e a comunicação entre estes e os seus filhos é a chave para jovens menos dependentes e mais abertos e conscientes, da possível utilização, mas não constantemente.

Atualmente é pertinente celebrar o Dia da Mulher, tendo presente o seu contexto de origem e sabendo que continuam a persistir desigualdades salariais e de acesso a cargos de chefia, tendo como critério o género?

É preciso sensibilizar para a origem deste dia | ANA REGADAS

S

im. A questão de desigualdades persistem em existir e não podemos continuar a deixar que o facto de “ser mulher” seja um entrave na vida profissional de quem quer que seja. É uma luta não só das mulheres, mas da comunidade.

S

im. Infelizmente. E existem lugares no mundo onde os maiores problemas da mulher não são o cargo ou o salário, mas sim desigualdades que ultrapassam os direitos humanos.

S

im. É necessário celebrar, mas é preciso muito mais que um simples jantar, ou saída de mulheres, é preciso sensibilizar para a origem deste dia. É preciso destacar os direitos da mulher, e mostrar que temos tanto valor como os homens, mas também parte de nós mulheres mostrarmos uma voz ativa, e sermos nós próprias solidárias umas com as outras.


14 | Março 2018

Top do Mês

6 MESES DEPOIS

A realização da cimeira de áreas metroESTADO DA UNIÃO VISTO POR PORTUGAL politanas de Lisboa e do Porto teve No passado dia 14 do mês de março, como objetivo debater a descentralizaAntónio Costa apresentou a sua visão ção de competências políticas para as para a UE no Parlamento Europeu. autarquias e entidades intermunicipais, Reconheceu a importância de criar assim como questões relacionadas com um conjunto de valores europeus, a mobilidade e os transportes e a educasem nunca deixar perder a identi- ção. Debateu-se a questão do Poder Local, dade de cada um dos Estados-membro. já implementado em vários países euroDeclarou as alterações climáticas, o ter- peus, como um fator importante para a rorismo, as migrações, a globalização gestão dos serviços públicos, nomeadae a nova dinâmica digital como tópicos mente na área da saúde e do património essenciais. Enalteceu o Pilar Social e a habitacional do Estado, e que terá um criação do Orçamento europeu como impacto positivo na vida das comunidaduas ferramentas de importância vital des, uma vez que as mesmas poderão ter para o futuro da UE. a sua participação democrática reforçada.

Passaram seis meses desde os incêndios que se alastraram pelo país. No debate quinzenal, o Primeiro-ministro garantiu que a legislação sobre a limpeza das propriedades privadas (de 2006) iria passar a ser obrigatória. As operações de limpeza, portanto, serão financiadas através de duas linhas de crédito: 40 milhões de euros para os proprietários privados e 50 milhões para as autarquias que substituírem os proprietários. No caso de as propriedades privadas ficarem sem dono, as câmaras tomarão posse administrativa dos terrenos de forma a impedir que sejam abandonados. É necessário proteger aquilo que é fonte de rendimento e de emprego da população.

TEMPOS QUE RELEMBRAM A GUERRA FRIA

UM RELATÓRIO QUE PEDE MUDANÇA

RAJOY EM SILÊNCIO

Após a discórdia no conflito da Síria e do posicionamento relativamente à situação norte-coreana, este início de março trouxe a notícia do ataque, por envenenamento, de Sergei Skripal, ex-espião russo, exilado na Inglaterra. Existindo indícios do possível envolvimento do governo russo na morte do ex-espião, os EUA, acompanhando vários países europeus, expulsaram vários diplomatas russos. A Rússia reagiu prontamente e determinou a expulsão de diplomatas norte-americanos.

Foi publicado, este mês, o relatório sobre os incêndios de junho nas regiões como Pedrogão Grande, produzido pela Comissão Técnica Independente, criada na Assembleia da República. Cumprindo o seu desígnio, este apresenta vários apontamentos relativamente ao estado frágil da capacidade nacional na prevenção do fogo florestal, declarando existir uma má coordenação no combate aos incêndios. No entanto, o relatório dá maior destaque ao incorreto ordenamento de território e ao estado de abandono das regiões afetadas, indicando-as como as principais causas dos eventos analisados.

A democracia em Espanha tem sido posta em causa. O abuso de força por parte da polícia espanhola durante manifestações pacíficas a favor da independência da Catalunha resultou em 52 pessoas feridas em Barcelona. O Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas prosseguiu com o registo da queixa de Puidgemont que acusou o Estado espanhol de atentar contra os seus direitos políticos. Espanha enviou, entretanto, um mandado de extradição à Alemanha depois de Puidgemont ter sido detido pelas autoridades germânicas, tendo já este passado a sua terceira noite sob detenção. Depois de tudo isto, fica a pergunta: porquê o silêncio de Rajoy?

DEMOCRACIA E O PODER LOCAL

Down do Mês


Março 2018 | 15

O bluff da Meritocracia Quando 1% dos cidadãos do mundo tem uma riqueza acumulada equivalente a 99%, podemos ter certeza disto: algo está muito errado. Quando 82% de toda a riqueza criada no último ano foi para esses 1%, enquanto os 50% mais pobres não tiveram nenhum aumento, ficamos com outra certeza: o caminho está errado. É inegável que a globalização conduziu a uma alteração dos fluxos económicos mundiais. A desigualdade entre nações é menor, em parte explicada pela abertura do comércio internacional aos países emergentes que têm apresentado índices de crescimento assinaláveis nas últimas décadas, enquanto o velho ocidente enfrenta uma estagnação prolongada marcada por crises sistémicas. Esse crescimento nos países emergentes tem devolvido novas classes médias, nomeadamente na China e na Índia, mas, ao mesmo tempo, é nessas nações que surge uma nova classe de mega-bilionários - no Vietname a pessoa mais rica do país ganha num dia o que a pessoa mais pobre ganha em 10 anos. A desigualdade que a Europa abarca desde da década de 80 é uma realidade que se vai implementando nas novas economias, e ambas trazem um mesmo resultado: são uma barreira ao crescimento económico. E esta é uma dupla marca do capitalismo desregulado das últimas décadas: por um lado o crescimento económico tem conduzido à concentração de riqueza, e por outro,

Por um lado o crescimento económico tem conduzido à concentração de riqueza, e por outro, a desigualdade é, em si mesma, uma barreira ao crescimento económico

entre nações é algo diferente da desigualdade entre cidadãos em cada nação. É essa desigualdade, injusta, que produz os atritos sociais, que condena cidadãos à indulgência, que continua a crescer. E temos o direito de ser exigentes. Globalmente os cidadãos têm acesso a melhores condições de vida, fruto da evolução tecnológica, mas ficando sempre abaixo do patamar da subsistência, são sempre os primeiros a sofrer com as crises, a verem vedado o acesso a novas oportunidades de valorização. A estes níveis, não há desigualdade boa, nem meritocracia ou trickle down que valha. Isto não tem de ser assim, nem foi sempre assim. A economia pós-guerra, fortemente impulsionada por mecanismo de influência do estado a desigualdade é, em si mesma, uma na economia, ficou marcada por barreira ao crescimento económico. A crescimento económico, redução de diferença é que EUA, Europa, países pobreza e distribuição de riqueza. A emergentes estão em estágios diferen- partir da década de 80, a liberalização tes deste caminho. Mas a desigualdade e a redução do papel do estado foram


16 | Março 2018

Um terço dos bilionários do mundo têm a sua fortuna adquirida por herança conduzindo a menores crescimentos transformou-se. Passou de modelos e a concentração da riqueza. Este é assentes na indústria, na produção e um padrão que não podemos ignorar no trabalho, para modelos financeie a que a direita teima em reafirmar. ros, muitas vezes especulativos. Hoje a Quanto mais se aproxima o abismo da grande maioria das fortunas estão reladesigualdade, mais a direita insiste que cionadas com heranças, monopólios ou se dê passos em frente. Direita, elitis- relações clientelares com os governos. tas, monopolistas, capitalistas têm o Um terço dos bilionários do mundo têm especial talento em atribuir designa- a sua fortuna adquirida por herança. Ao ções simpáticas a processos nefastos de mesmo tempo que o fator “produção” empobrecimento da sociedade. Merito- perde força, a desigualdade replica-se. A cracia e trickle down são conceitos de riqueza extrema é um buraco negro que algo que nunca se provou funcionar. A engole tudo, deixando apenas pobreza “economia do gotejamento”, dos muitos extrema em seu redor. Se o estado nada ricos que deixam transbordar do seu fizer este buraco irá sempre crescer. A oceano algumas gotas para os mais “meritocracia” é um bluff, que esconde pobres é a metáfora perfeita de uma uma péssima mão que temos em jogo. gota que nunca mais chega ou, chegando, é a primeira a evaporar. E tudo volta ao oceano da riqueza acumulada. Mais cedo ou mais tarde, tudo volta ao oceano. A direita portuguesa apregoou uma “saída limpa” que foi conseguida através de níveis de pobreza assustadoramente altos. Portugal tornou-se um dos países mais desiguais entre as economias avançadas e a desigualdade económica é, provavelmente, o maior drama nacional. Salários baixos, assimetrias regionais, desemprego, fracas qualificações, serviços públicos mais frágeis. Tudo são causas de uma desigualdade crónica, perene e que deve ser combatida em nome do progresso social, económico e, fundamentalmente, em nome de um país mais justo. O modelo económico do capitalismo

A “meritocracia” é um bluff, que esconde uma péssima mão que temos em jogo [...] É urgente estancar a sangria de rendimento do trabalho para o capital e só os estados podem fazer isso.

Para combater a pobreza extrema, temos de combater a riqueza extrema. Com o crescimento actual, seriam preciso séculos para que o “bolo” chegasse a todos e o planeta não tem recursos suficientes para isso. É urgente estancar a sangria de rendimento do trabalho para o capital e só os estados podem fazer isso. A economia não precisa de manter a estrutura que tem actualmente. Os actores político podem influenciar uma economia que coloque em primeiro lugar trabalhadores e sindicatos e não os mega-capitalistas, super-acionistas e donos de fortunas. Tudo parte de conceber, à partida, em Portugal e com os parceiros europeus, políticas igualitárias usando a tributação e os gastos públicos para promover equidade e redistribuição. Sempre que, num ambiente desigual como o que vivemos, o estado celebra défices de 1%, ou défices primários positivos, é porque não está a ser feito o que ainda não foi feito. E não temos tempo a perder. | MARCO FERREIRA


Março 2018 | 17

ENTREVISTA DO MÊS:

Amadeu Dias Muito daquilo que sou e defendo [...] deve-se em grande medida às aprendizagens adquiridas no meu percurso na Juventude Socialista OM: Quais foram os principais moti- nas suas revindicações. Acredito que vos que te levaram a ingressar na JS? todos temos um papel a desempenhar AD: Sou militante da Juventude Socia- na sociedade. Ser associado e pertencer listadesde os 15 anos. Nasci e cresci aos órgãos de diferentes associações no seio de uma família cujos valores foi a forma que encontrei para dar o de esquerda estão bem presentes. A meu contributo. Na Juventude Sociaesmagadora maioria dos meus fami- lista encontrei uma escola de vida e de liares é militante do PS. Esse foi o valores que me ajudaram a evoluir nos primeiro motivo que me levou a ingres- últimos anos. Muito daquilo que sou sar na Juventude Socialista, o contexto e e defendo no meu quotidiano deve-se ambiente familiar. Mas é evidente que em grande medida às aprendizagens não pertenço à Juventude Socialista adquiridas no meu percurso na Juvensomente devido aos laços familiares. tude Socialista. A vontade intrínseca de Desde pequeno que gosto de partilhar participar ativamente para transformar as minhas opiniões, e debater os temas o mundo foi o principal motivo que que se encontrem na esfera de discus- me levou a ingressar na JS e posteriorsão. Gosto de me envolver, contribuindo mente a dedicar tanto a esta estrutura. com a minha participação cívica. Aos OM: O que é a TSJS e de que modo 17 anos fui Presidente da Associação poderá ser útil na defesa dos Jovens de Estudantes da Escola Secundária Socialistas? da Trofa, disponibilizando-me durante AD: Numa primeira perspetiva é imporum ano para ser a voz dos estudantes tante ter em conta que a TSJS é uma

estrutura autónoma da JS. Estrutura essa que, ao contrário de todas as outras, não elege outros órgãos ou dirigentes além do seu Presidente, o que dificulta, em larga medida, o desenvolvimento da sua atividade. A TSJS tem como objetivo principal sensibilizar os jovens socialistas para a necessidade e importância de se sindicalizarem. Informações relacionadas com a defesa dos direitos do trabalhador, perceber onde procurar apoio jurídico num eventual litígio com a entidade patronal e facultar informação sobre a atividade sindical, entre outras coisas, são ferramentas que a TSJS tem ao dispor dos jovens socialistas, garantindo uma primeira resposta e orientação face às suas dúvidas. A TSJS levará a cabo nos próximos meses um roteiro que percorrerá todos os distritos e regiões autónomas de Portugal de modo a difundir a sua atividade.


18 | Março 2018

A maior referência é a minha tia, Joana Lima. Uma mulher aguerrida, corajosa e valente, que não receia qualquer combate [...] Dela retenho o melhor Tertúlias, debates, reuniões e visitas, dizer que não. Não podia simplesmente serão os modelos pelos quais cada rejeitar uma daquelas oportunidades Federação poderá optar. A TSJS assume que nós reivindicamos durante anos. o compromisso, até final deste man- Hoje, sensivelmente 10 meses após ter dato, de dotar os jovens socialistas de aceitado o convite e 6 meses após as argumentário político sobre a impor- eleições autárquicas, estou certo de ter tância dos sindicatos e das questões tomado uma das melhores decisões da inerentes às suas funções. Um jovem minha vida. Encabeçar a candidatura trabalhador necessita, mais do que do PS à Câmara Municipal da Trofa, o nunca, de toda a informação útil para concelho onde cresci, de onde parto integrar o mercado de trabalho e, pos- e onde regresso sempre que saio para teriormente conhecer os direitos que uma qualquer iniciativa política, ainda lhe conferem a respetiva segurança no como militante da Juventude Socialista, posto de trabalho. é uma marca que recordarei ao longo OM: Nas últimas eleições autárquicas do meu percurso. Há vários patamares foste candidato do Partido Socialista de participação política, vários níveis à câmara municipal da Trofa. Apesar e órgãos onde podemos ser eleitos, de não teres sido eleito, mesmo tendo mas nada se compara com a possirealizado uma excelente campanha, bilidade de defender a nossa terra, a consideras que a tua candidatura nossa cultura e a nossa gente. Foi o poderá servir de inspiração aos res- início de uma longa caminhada, onde tantes jovens socialistas? pudemos provar, através de uma camAD: Sem dúvida. Considero que a honra panha exemplar de contacto diário, e o privilégio que tive em ser o esco- de proximidade, onde fizemos dos lhido pelo PS para candidato à Câmara escassos recursos financeiros uma Municipal da Trofa deve servir de oportunidade para que as pessoas motivação e inspiração para a nossa sobressaíssem, que o bilhete de identigeração. Há vários anos que reivindi- dade não é requisito para escolher um camos por mais oportunidades junto líder.Aos 29 anos sinto-me um priviledo PS. A nossa geração, reconhecida giado por ter tido esta oportunidade. como a geração mais bem qualificada, OM: Quais são as tuas principais investiu muito nos últimos anos, na referências? sua formação académica, profissional AD: Como qualquer socialista há figue política. Apesar da juventude, de ter ras que são incontornáveis e que nos sido surpreendido pelo convite, das difi- habituamos a ter como referências. culdades que antevia para o combate As minhas serão provavelmente as que me estavam a convocar, não podia mesmas de muitos outros. Afinal qual

o socialista que não tem Mário Soares, o pai da liberdade, Almeida Santos, o príncipe da democracia, ou Jorge Sampaio como suas principais referências? Foi nos valores, no percurso, e nas ações destas três grandes figuras do Partido Socialista que construí a minha militância, e é no exemplo deles que me inspiro diariamente para defender os legados políticos que nos deixaram. Mas há uma referência que se sobrepõe a qualquer um destes históricos. A maior referência é a minha tia, Joana Lima. Uma mulher aguerrida, corajosa e valente, que não receia qualquer combate. Uma grande mulher


Março 2018 | 19

A JS é muito mais do que apenas uma estrutura jovem politica [...] É uma escola de valores

que ousou enfrentar o poder instalado há muitos anos no concelho da Trofa, e fez história em 2009 quando venceu, para o PS, pela primeira vez a Câmara Municipal da Trofa. Cresci e aprendi a admirar a sua postura e todos os sacrifícios pessoais que fez para alcançar os seus objetivos. Dela retenho o melhor. A proximidade às pessoas, a genuinidade com que faz politica e defende o concelho da Trofa, os Trofenses e o PS. Cada vez que faz uma intervenção sobre a Trofa, é fácil perceber que estamos perante palavras apaixonadas e verdadeiras. Será sempre a minha maior referência, por tudo aquilo que nos une.

OM: Com tantos anos de militância qual é, para ti, a mais-valia de um jovem se aliar à Juventude Socialista? Na verdade, quando penso neste longo percurso que levo desde que milito na Juventude Socialista são muitas as histórias e memórias que jamais esquecerei. Tal como já referi anteriormente, a JS é muito mais do que apenas uma estrutura jovem politica. É uma escola de valores onde são muitas as aprendizagens que adquirimos e fazem de nós cidadãos melhor preparados para enfrentar os novos desafios. Eu integrei esta estrutura partidária e não outra por me rever nos ideais do PS. Mas acredito que todos os jovens devem contribuir com a sua participação cívica. Seja nas escolas, através das associações de estudantes, nas associações recreativas, culturais ou desportivas, o mais importante é a disponibilidade para dar um pouco de si para melhorar a realidade da comunidade em que se inserem. Eu acredito que todos os jovens devem contribuir politicamente. Devem num primeiro momento participar, independentemente da estrutura jovem partidária em que militem. Esse deve ser o primeiro passo. Mas é evidente que é totalmente diferente ser militante da JS ou de qualquer outra estrutura. Os nossos ideais e a história, pelas conquistas que a JS conseguiu até hoje alcançar falam por si. Fomos sempre os mais capazes, aqueles que ousaram erguer e defender as bandeiras mais

polémicas, mesmo que para isso o caminho fosse trilhado mais distante do PS, porque para a JS os jovens e os seus direitos estiveram sempre, e continuam a estar, no topo das prioridades. E quem sentir verdadeiramente a JS, vai constatar que muitas vezes vai passar mais horas a preparar iniciativas, a participar em sessões políticas e debates, do que propriamente a passar o seu tempo com a família e os amigos. E quando percebermos que aceitamos inconscientemente o facto de deixar o conforto das nossas casas numa noite de Inverno rigoroso, ou abdicamos de um dia de calor na praia com os amigos para nos dedicarmos a uma qualquer causa da JS, aí nós vamos perceber e sentir o verdadeiro compromisso que devemos ter com a JS. Estou a caminho dos 30 anos, terminarei em Dezembro no Congresso Nacional grande parte da minha participação política na JS. Aos 31, terminarei definitivamente uma longa caminhada. Nessa altura, terei passado mais de metade da minha vida na Juventude Socialista, terão sido 16 dos meus 31 anos a defender os ideais da JS e a lutar com camaradas e amigos de todo o país por um futuro melhor. Este simples exemplo de longevidade na militância deve levar-nos a pensar se queremos ser apenas mais um, ou contribuir decisivamente para melhorar o nosso futuro. | JOÃO COUTINHO


20 | Março 2018

Faz lá um estágiozinho Greves no setor privado. O que há de errado nesta frase? Os perigosos e preguiçosos radicais de esquerda que acham normal parar de trabalhar só porque se quer reivindicar mais direitos. Para mim adotava-se o sistema americano e trabalhava-se à base de gorjetas. Já imaginaram os milhões que não se faziam nesta coisa da Ryanair? Nos aviões os preços são inflacionados para aí 5 vezes o valor normal, imaginem o que não se fazia de uma gorjeta de 20 cêntimos. Vozes de burro não chegam aos céus e deve ser por isso que agora os assistentes de bordo fazem greve cá em baixo. Isto é gente que não sabe o que é a vida! Estudassem! Trabalhar sem receber tem algum mal? Eu por exemplo enriqueci muito a trabalhar 3 anos na empresa do meu pai. Tudo bem que mantive a mesada de 3500€ e era o único estagiário que ia trabalhar de BMW mas as pessoas também não são todas iguais. Na verdade o importante no meio disto tudo é ter consciência de classe e trabalhar. Salazar



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