Revista OH! Edição 06 JUL-DEZ 2019

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ANO III | N.º 6 | JUL-DEZ 2019

Revista da Família Hospitaleira no Brasil

SAÚDE&HOSPITALIDADE

CRIANÇAS E ADOLESCENTES:

Tantas coisas para dizer...

BULLYNG O que é e o que pode causar

BRINCAR Sua importância no crescimento infantil

UNIDADE INFANTO-JUVENIL Inaugurada na Casa de Saúde São João de Deus

Entrevista com DRA. SONIA FRIEDRICH Diretora Clínica da CSSJD



EDITORIAL

Ir. Augusto V. Gonçalves, OH Superior da Ordem Hospitaleira no Brasil

Alguém escreveu que “há dois presentes que devemos dar às nossas crianças: raízes e asas”. Concordo inteiramente. Raízes que prendam ao real e asas que impulsionem para a utopia sã; raízes que falem de família, de lugares, de corporeidade, de terra... e asas que digam futuro, construção, espírito, céu! E atrevo-me a aconselhar um terceiro presente: tempo. Demos tempo às crianças! Às nossas e às dos outros! E construiremos uma humanidade melhor, uma humanidade mais parecida com aquela que Deus sonhou! De adolescência e de infância todos nós, que hoje conduzimos o mundo, sabemos falar alguma coisa. Afinal, já todos por lá andamos, todos viemos de lá, mais ou menos empoderados, mais ou menos machucados. Nossa equipe editorial elegeu para esta edição temas da Infância e Adolescência. Tantas coisas para dizer! Sobre elas, certamente, mas muito mais sobre nós em relação a elas. Sobre nós pessoas, sobre nós pais ou mães, sobre nós educadores, sobre nós governantes, nós sociedade, nós escolas, nós igrejas... Etapas do desenvolvimento infantil, importância do brincar, encontro entre gerações são matérias que quero chamar aqui de clima nutritivo, em relação ao nosso tema geral. Sob o nome de clima tóxico trazemos para o leitor temas como o bulling, os dramas das crianças refugiadas, a alienação parental e o pronunciamento do Papa sobre a proteção de

menores. Temas que devem mobilizar a sociedade como o Estatuto da Criança e do Adolescente, a vacinação e a atenção à vocação dos menores, completam a parte temática. A Dra. Sonia Friedrich é a entrevistada da edição e a Dra. Márcia Varricchio e sua equipe dissertam cientificamente sobre a romã, fruto tão significativo para a Família Hospitaleira. Rubricas institucionais completam a edição. A terminar, deixo um convite: se o leitor valoriza muito a Ordem Hospitaleira de São João de Deus e valoriza muito também as crianças e adolescentes, então tem um filme para você assistir e recomendar: está no YouTube e se chama “Johnny Rathon”. Você vai se emocionar, talvez se divertir e, sobretudo, torcer para que nunca acabe no mundo a entrega da Família Hospitaleira às crianças e adolescentes em reabilitação! E se ainda lhe faltarem razões para valorizar as crianças, pergunte a Jesus por que ele agradece ao Pai por este ter revelado aos pequeninos verdades importantes que escondeu aos sábios (cf. Mt 11,25). E tenha bem presente que “nada ensina mais uma criança do que ter pais dispostos a aprender”!

DIRETOR Ir. Augusto Vieira Gonçalves

SAÚDE&HOSPITALIDADE

ANO III | N.º 6 | JUL-DEZ 2019

Administração: Estrada Turística do Jaraguá, 2365 Vl. Jaraguá - 05161-000 - São Paulo - SP Fone: 11 3903-7857

CONSELHO EDITORIAL Vanessa C M Cavalcante Ivani Vera Cruz Juliana Vieira da Silva Leila Maiworm Luiz Antonio de Moura SECRETARIA Tânia Maria G. Silva

ARTE E DIAGRAMAÇÃO Ana Paula Francotti

IMPRESSÃO Gráfica Tribuna de Petrópolis Tiragem: 4.500 exemplares

AHAS - Associação Hospitaleira de Assistência Social CNPJ: 33.796.681/0001-03 FONE: +55(11) 390737857 www.saojoaodedeus.org.br revista@saojoaodedeus.org.br

HOSPITALIDADE | QUALIDADE | RESPEITO | RESPONSABILIDADE | ESPIRITUALIDADE


SUMÁRIO

AS CRIANÇAS REFUGIADAS

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Fases do Desenvolvimento Infantil

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ENCONTRO ENTRE GERAÇÕES LAR SJD

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Vacinação na Infância

ALIENAÇÃO PARENTAL

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A influência do brincar no desenvolvimento infantil

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ENTREVISTA Dra. Sonia Friedrich

Decoberta da vocação na infância

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CASA DE SAÚDE Inaugurada Unidade Infanto-Juvenil

O que é Bullying e o que ele pode causar

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Idoso vira criança?

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MAGISTÉRIO Papa Francisco sobre a proteção de menores

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Relato de uma utente da Unidade InfantoJuvenil da Casa de Saúde SJD

HISTÓRIA DA ROMÃ NO PLANETA

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CASA DA HOSPITALIDADE Acolhendo o garoto Malé

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MOSAICO DA FAMÍLIA HOSPITALEIRA Notícias

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Chegou o Irmão Esteban, da Colômbia!


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Luana de Oliveira Sanábio

Psicóloga / Logoterapeuta no Lar São João de Deus

FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Alguns autores observaram e deixaram obras acerca do desenvolvimento infantil como Sigmund Freud, Erick Erikson e Jean Piaget. Para melhor foco neste pequeno estudo voltemos nossos olhos para alguns aspectos descritos por Erick Erikson (1902 – 1994) e outros que com olhar clínico podemos observar. No primeiro ano de vida a criança é extremamente dependente da mãe através da amamentação e do afeto materno que lhe traz a segurança necessária. É a fase em que começa a se descobrir e também o mundo a sua volta. Do primeiro até o segundo ano de vida a criança começa a desenvolver de forma mais visível a autonomia para caminhar, se alimentar e falar. Nessa fase a criança necessita de muito estímulo para que se desenvolva bem. É importante que aprenda a se expressar e perceba seus pequenos progressos. Neste sentido é de fundamental importância o auxílio dos pais e pessoas próximas. É necessário perceber que cada criança tem seu tempo, não é incomum que uma família chegue ao consultório do pediatra ou do psicólogo angustiada porque não está percebendo progressos na fala da criança, por exemplo. É preciso entender o processo da criança, estar próximo e auxiliá-la com tranqüilidade. A partir dos três anos até aproximadamente cinco os pequenos demonstram com mais clareza iniciativas para algumas atividades desejando imitar o mundo adulto. Neste período os filhos costumam criar o hábito de repetir atitudes dos pais, que devem estar atentos ao que dizem em comparação com o que fazem diante das crianças. A partir dos seis anos a criança permanece criando e construindo novas habilidades, inclusive sociais. Nessa fase é fundamental aprender a lidar com a frustração. É importante que

possamos reforçar os comportamentos positivos das crianças sem deixar de orientá-los ou puni-los, de forma adequada, quando agem mal, sem usar palavras ofensivas ou menosprezar suas capacidades. A partir dos 11 anos, já entrando na pré-adolescência, chega a necessidade de se sentir parte de algum grupo, já se preocupando mais com a aparência. É uma fase de muitas mudanças hormonais e sociais, portanto é mais complexa e exigiria um aprofundamento maior. Algumas dicas para auxiliar um bom desenvolvimento infantil: • Observe características pessoais das crianças, cada pessoa é única; • Estimule sua mente com brincadeiras, jogos infantis, ensine a falar corretamente; • Ensine a criança entender e expressar seus sentimentos; • Elogie seu filho, auxiliando-o a enxergar suas qualidades e boas atitudes; • Corrija, mostrando porque devemos fazer o correto; • Estimule o convívio com outras crianças; • Acompanhe o que seu filho assiste; • Controle o tempo que ele fica diante da TV, celular ou tablet; • Acompanhe sempre a vida escolar tanto na convivência com colegas e professores como no processo de aprendizagem. Por fim, se algo lhe angustia em relação ao desenvolvimento de seu filho ou de alguma criança próxima, leia sobre o assunto, troque experiência e, se achar necessário, procure ajuda profissional. O mais importante é que os primeiros anos sejam muito bem vividos, pois eles refletirão por toda a vida. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 05


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Gleisse Malta dos Santos

Pedagoga e Coordenadora do Grupo Oficina de Educação Infantil - S Paulo

INFLUÊNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL Com grande expectativa aguardava julho chegar... era um mês muito especial muito esperado.

de ser uma importante ferramenta de preservação e cuidado da saúde mental.

Férias... e para ficar ainda mais especial eu sempre ia para a casa de familiares em um bairro simples da zona oeste de são Paulo.

Convido todos a visitar sua criança interior, identificar seus passatempos e brincadeiras preferidas, vivenciando assim uma experiência única daquelas que nos conectam conosco e com os outros.

Durante este período, vivenciava tardes inteiras de muita diversão e aprendizados. Com coisas tão simples como um pedaço de giz, algumas pedrinhas ou até mesmo uma casca de banana e a brincadeira estava pronta para começar ficava o dia todo entregue ao mundo da diversão. Ficávamos imersos no universo da brincadeira. Hoje já adulta, ainda posso ouvir a voz da minha querida tia nos chamando, sempre preocupada com a alimentação e eu apenas pensava: “calma tia minha alma esta suprida”. Tínhamos o essencial para uma criança, o brincar. Hoje estas recordações, impulsionam na vida adulta. Afinal, quantas “pedrinhas” aparecem no nosso caminho e precisamos de habilidades emocionais para ultrapassá-las. Para os adultos, isso não é menos importante, pois além de tantas preocupações do dia a dia, passar um tempo com os amigos é fundamental para a renovação das energias, além 06 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Atualmente é inegável a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Parte intrínseca e essencial da criança, ao observá-las, percebemos o seu desejo e interesse no mundo, e em tudo ao seu redor. Através do brincar, a criança aprende, experimenta o mun-


do, possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação, organiza emoções, além de desenvolver também a aprendizagem da linguagem e a habilidade motora. Tem ainda a oportunidade de simular situações e conflitos da sua vida familiar e social, o que lhe permite a expressão das suas emoções e medos. O brincar desempenha um papel igualmente importante na socialização da criança, gera resiliência, onde a mesma aprende a lidar com as frustrações, se adaptar e superar as dificuldades que possam ser encontradas numa brincadeira. Para crianças de 0 a 3 anos, a brincadeira é a principal forma de comunicação e expressão de sentimentos, que impulsiona e gera movimento. Aproximando a linguagem, o brincar para a criança é como o trabalho para o adulto, ela emprega força de vontade e significado. É um impulso tão forte e saudável, que é como se fosse o seu trabalho. O adulto que teve oportunidade de brincar bastante, geralmente adquire a habilidade de trabalhar com a mesma alegria da criança que brinca.

zado através da prática sobre a lei da gravidade, que lhe dará noções úteis para mais tarde andar de forma independente. Importante destacar que os benefícios do brincar vão muito além da saúde emocional, perpassando ainda e de forma muito significativa pela saúde física. Ao brincar a criança pratica atividade física, se diverte e previne doenças como obesidade e sedentarismo. Ao correr, cair, levantar e correr novamente, aprende seus limites e possibilidades. As experiências lúdicas com o próprio corpo são necessárias para o desenvolvimento motor trazendo noções de espaço e equilíbrio, fundamentais para a vida adulta. De acordo com Winnicott (1975) “a brincadeira é universal e é própria da saúde: o brincar facilita o crescer, logo a saúde”. Diante disso, proporcione as suas crianças tempo e espaço para o brincar, garantindo assim uma infância saudável e feliz.

Através do brincar, potencializamos as interações humanas. O adulto pode e deve participar na brincadeira, uma vez que o seu envolvimento não só estreita os laços afetivos com a criança como também aumenta o seu nível de interesse e motivação. Através da brincadeira a criança compreende o mundo, treina suas habilidades sociais, e desenvolve sua própria identidade. O brincar sadio é livre e motivado pelo o desejo de conhecer e experimentar. É através dele que acontece o desenvolvimento físico, motor, e o desenvolvimento psíquico. O próprio corpo e o espaço proporcionam as vivencias lúdicas que a criança busca espontaneamente na primeira infância. O bebe no berço brinca com as mãos os pés e a própria voz balbuciando. Ao lançar objetos, esta passando pelo aprendi-

Referências bibliográficas CFREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003. MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 4. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. STIRBULOV, SANDRA - LAVIANO, ROSEMEIRE. A Arte de educar em família Os desafios de ser pai e mãe nos dias de hoje. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Editora Wak - Rio de Janeiro, 2007, 3ª edição. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 07


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Caroline Messias

Licenciada em Ciências Biológicas Professora e Coordenadora de Ensino na Ed. Fundamental II e Médio

O QUE É BULLYING E O QUE ELE PODE CAUSAR Distúrbios de saúde e emocionais podem crescer duas vezes mais se as crianças sofrem com o bullying. O que é praticar bullying? Bullying pode ser definido como “intimidar, constranger, ofender, castigar, submeter, ridicularizar ou expor alguém, entre pares, o sofrimento físico ou moral, de forma reiterada”. Este assédio pode ser contra crianças, adolescentes ou grupo de indivíduos, valendo-se o autor ou autores de “pretensa situação de superioridade”. A intimidação pode ser de forma direta ou indireta – quando o autor mobiliza terceiros para o obter o sucesso pretendido. No livro “Mentes perigosas nas escolas - Bullying” pela Editora Objetiva, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva divide o bullying em cinco categorias: verbal (insulto, ofensa, xingamento, gozações, apelidos pejorativos), físico e material (bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, destruir pertences das vítimas ou atirar objetos nas vítimas), psicológico e moral (irritar, humilhar, ridicularizar, ignorar, isolar, discriminar, ameaçar, difamar ou aterrorizar), sexual (abusar, violentar, assediar ou insinuar) e virtual (calúnia, agressão verbal, difamação e gozação na internet). 08 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Bullying é crime? Sim! Desde 2013, o bullying e o cyberbullying (aquele que se dá por meio de meios tecnológicos, como as redes sociais) foram incluídos no Código Penal Brasileiro e passaram a ser considerado um crime de intimidação


vexatória. A pena prevista é detenção de um a três anos e multa. Se o crime ocorrer em ambiente escolar, a pena pode ser aumentada em 50%. Quais os prejuízos causados pelo bullying? O bullying pode causar tristeza, agressão, isolamento e queda do rendimento escolar, além de traumas psicológicos mais graves. Em casos mais extremos o estado emocional da vítima se torna tão afetado, desencadeando situações trágicas, como o suicídio. O bullying tem idade para ocorrer? O bullying geralmente é mais frequente com crianças na faixa dos 12 anos de idade, fase caracterizada pelas mudanças perceptíveis no corpo devido à puberdade e separação de “panelinhas” dentro de sala de aula, local onde o bullying pode ocorrer com mais frequência, seguido do pátio do recreio e outras imediações da escola (chegada e saída de alunos). Diante disso, os pais e a escola devem estar atentos ao comportamento das crianças e jovens e manter-se sempre abertos os canais de comunicação com eles. No início, os casos de bullying começam com a intenção de ser uma brincadeira e devido ao caráter insistente e repetitivo dos atos, pode ser considerado coação por parte dos chamados “valentões”. Os jovens que sofrem o bullying não contam nem para a escola e nem para família, mas passam a mudar seu comportamento, diz a professora Caroline Messias. Além

é uma verdadeira lição de vida sobre respeito e amor ao próximo. Na trama, Auggie é uma criança que nasceu com uma síndrome genética rara que o deixou com inúmeras deformidades faciais, fazendo com que ele passasse por diversas cirurgias e complicações médicas ao longo de seus poucos anos de vida. Sem saída, Auggie foi educado em casa pela sua mãe. Ao completar 10 anos de idade, sua mãe o matricula para o 5° ano de uma escola em Nova Iorque e podemos ver Auggie sofrendo várias agressões por parte de outros alunos desta escola, devido ao fato de ter um rosto muito diferente dos demais. Auggie não se dará por vencido e pretende mostrar que é um menino igual a todos os outros, independente de sua aparência. Vale a sugestão de conferir a história na íntegra, temos certeza que você se encantará. “Uma das coisas importantes da não violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la”. (Martin Luther King)

disso, a professora expõe que o bullying em ambiente escolar é praticado até por professores. Diante disso, vale destacar, que os professores e funcionários das escolas são fundamentais para que o bullying não ganhe proporções mais graves. Sempre que o professor presenciar uma ação que poderia ser caracterizada como bullying vinda de um aluno para o outro, deve-se ser feita uma intervenção e a prática de conscientização e reflexão dos prejuízos causados por este crime. “Todos os dias é um ótimo dia para falar sobre bullying com os nossos jovens. A meta de todas as escolas, é que os casos de bullying sejam minimizados a zero”, diz a professora. Sugestão de obra sobre o bullying: Em 2017, o livro “Extraordinário” de R.J. Palacio pela editora Intrinseca, ganhou notoriedade mundial devido à adaptação para o cinema. A história e as mensagens sutis e humanas de August Pullman OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 09


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA

ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A Lei nº 8.069, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criada em 13 de julho de 1990 e melhorada pela Lei n°13.257, de 2016. Ela dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Tornou-se bastante famosa no mundo inteiro, pela amplitude de seus preceitos e pela forma como protege nossas crianças. Antecedentes do ECA Na década de 70, surgiu o Código de Menores, uma lei de proteção aos menores - ao menos em teoria. De acordo com seu primeiro artigo, ele dispunha sobre assistência, proteção e vigilância a menores de até 18 anos em situação irregular. Fruto de uma época autoritária, visto que estávamos em plena Ditadura Militar, não demonstrava preocupação em compreender e atender à criança e ao adolescente. De acordo com o entendimento da época, o “menor em situação irregular é aquele que se encontrava abandonado materialmente, vítima de maus tratos, em perigo moral, desassistido juridicamente, com desvio de conduta ou o autor da infração penal”. Vê-se que não há diferenciação entre o menor infrator e o menor em situação de abuso, o que uniformiza o afastamento deles da sociedade. Em outras palavras, o Código de Menores objetivava apenas a punição dos menores infratores. Qual é a importância do ECA? A Constituição Federal – Constituição Cidadã - estabeleceu a família, a sociedade e o Estado como responsáveis pela formação e estruturação dos indivíduos, conforme dispõe o artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

É o reconhecimento das crianças e dos adolescentes como sujeitos de direitos protegidos pela lei. A importância do ECA deriva exatamente disso: reafirmar a proteção de pessoas que vivem em períodos de intenso desenvolvimento psicológico, físico, moral e social. Portanto, veio para colocar a Constituição em prática. Essa prática dá-se pelo Estado, por meio da promoção de programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitindo-se também a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas. O que o garante o Estatuto da Criança e Adolescente? O ECA é o documento que traz a Doutrina da Proteção Integral dos Direitos da Criança, que coloca a criança e o adolescente como sujeitos de direito com proteção e garantias específicas, como dito anteriormente. Para que isso seja alcançado, estruturou-se em dois princípios fundamentais: 1. Princípio do Interesse do Menor: todas as decisões que di10 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

zem respeito ao menor devem levar em conta seu interesse superior. Ao Estado, cabe garantir que a criança ou o adolescente tenham os cuidados adequados quando pais ou responsáveis não são capazes de realizá-los; 2. Princípio da Prioridade Absoluta: contido na norma constitucional (artigo 227), ele estabelece que os direitos das crianças e dos adolescentes devem ser tutelados com absoluta prioridade. Considerando esses princípios, o ECA tenta garantir aos menores os direitos fundamentais que todo sujeito possui: vida, saúde, liberdade, respeito, dignidade, convivência familiar e comunitária, educação, cultura, esporte, lazer, profissionalização e proteção no trabalho. Enfim, tudo para que possam exercer a cidadania plena. Quem zela pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente? Conforme dispõe o artigo 131 do ECA, o Conselho Tutelar é o órgão que possui o dever de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Para que isso seja possível, são funções dos conselheiros, dentre outras: • Atender as crianças e adolescentes cujos direitos foram ameaçados ou violados, bem como os menores que praticaram ato infracional; • Atender e aconselhar os pais ou responsável (encaminhar para serviços de apoio à família, cursos de orientação, tratamentos psicológicos); • Promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. O que diz o ECA sobre o trabalho infantil? O ECA segue o disposto na Constituição de 1988, que proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. É também proibido o trabalho realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social, além daquele realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola. Portanto, a regra é a proibição do trabalho infantil. Ela tem sido afastada em alguns casos por autorização judicial, principalmente quando a ocupação é indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos. ChildFund Brasil

https://www.childfundbrasil.org.br/blog/eca-estatuto-da-criancae-adolescente/ em 03/07/2019


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Juliana Araújo Pereira Gomes Enfermeira no Lar São João de Deus

VACINAÇÃO NA INFÂNCIA: Prevenir é melhor que remediar Com o passar dos anos e com os avanços nas pesquisas que buscam prevenir e até erradicar doenças impacitantes e até mortais, a vacina se tornou um instrumento seguro e eficaz na prevenção de algumas doenças graves. Isto porque a vacina estimula o organismo a produzir defesa contra os principais agentes (vírus e bactérias) que provocam doenças. A vacinação é tão eficaz que protege o organismo que a recebeu e toda a comunidade, protegendo outras pessoas que ainda não estão imunizadas. Erradica doenças que já devastaram comunidades inteiras e reduz drasticamente outras. Quando a pessoa recebe uma vacina, seu organismo detecta sua substância e a partir daí produz uma defesa, conhecida por anticorpos. Esses anticorpos permanecem no organismo e evitam que a doença ocorra no futuro. Funciona assim: caso o organismo entre em contato novamente com o vírus ou bactéria causadora de determinada doença após a vacinação, o sistema de defesa será acionado e os anticorpos que possuem memória gerada através do primeiro contato por meio da vacina, combaterão a doença impossibilitando que ela desenvolva. Isso se chama imunidade. Desde o primeiro dia de vida, as crianças recebem vacinas preventivas e são consideradas o principal público alvo que devem ser imunizados, garantindo segurança para uma vida toda. Vale lembrar que cada faixa etária tem sua importância na vacinação. A aplicação das vacinas é determinada pelo calendário vacinal, instituído pelo MS (Ministério da Saúde) que estabelece uma sequência cronológica de vacinas, que devem ser administradas respeitando a faixa etária e região de cada individuo. Além do calendário vacinal que deve ser seguido por todos, ainda existem campanhas, também instituídas pelo MS, que devem ser aderidas independente do cartão vacinal estar em dia ou não. O Ministério da Saúde coordena a vacinação em todo o Brasil, além de ser o responsável pela produção ou compra e distribuição das vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações para os vinte e sete estados do país. Descobertas há anos, as vacinas podem ser administradas por via oral, as famosas gotinhas e por via intramuscular. Algumas são divididas em doses com intervalos pré-determinados para reaplicação e instituído períodos para reforçar a proteção por toda vida. Outras são exclusivas da infância e não são reaplicadas na fase adulta.

Segue o calendário vacinal proposto pelo Ministério da Saúde:

Para manter os pequenos com a vacinação em dia e protegidos basta procurar a atenção primária de sua região. Lá estão profissionais capacitados para lhe atender e tirar todas suas dúvidas, além de possuir as vacinas que constam no calendário de vacinação. Fiquem ligados, é melhor prevenir do que remediar. Referências: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/orientacoes-sobre-vacinacao

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SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Luiz Antonio de Moura

Pensador espiritualista, um caminhante e um cultor do silêncio

AS CRIANÇAS REFUGIADAS:

SOFRIMENTO NO PRESENTE, TRAUMAS NO FUTURO Não é tarefa fácil falar sobre o drama dos outros, principalmente, quando estamos no conforto das nossas residências que, por mais humildes que possam ser, abrigam nossa gente, nossos filhos, nossos pertences e, mais que tudo, nossa identidade. Eis o drama dos refugiados! Homens, mulheres, crianças, idosos e doentes que, pelas mais diversas razões – normalmente em decorrência de guerras e/ou ditaduras sanguinárias – deixam sua pátria, seu lar, suas coisas, seus entes queridos, e partem rumo ao desconhecido que, muitas vezes, é a própria morte. Para escrever sobre tal situação e sobre tais seres humanos, é preciso encarná-los na própria pele. É preciso olhar para dentro de si, e enxergar a figura pobre e sofrida daquele que, de uma hora para outra, deve deixar tudo para trás, inclusive, a própria identidade, e sair pelo mundo como andarilho, sem rumo e sem direção, e pior: sendo enxotado de lugar em lugar, como indesejável. Mas, sair pelo mundo sem rumo e sem direção, pode parecer, à primeira vista, uma aventura de gente rica que, não tendo nada melhor para fazer, decide experimentar o frescor dos ventos nômades. Não é assim, quando estamos tratando de gente pobre, de raça e de religião perseguidas e rejeitadas em seus países de origem. Não é assim, quando nossa lente se volta na direção de pessoas esquálidas e desnutridas que, vítimas de carniceiros de um lado, e de exploradores de 12 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

outro, são lançadas em barcos hiper-super-lotados, em uma excursão suicida, ou no meio da aridez dos desertos, em direção a uma terra prometida não se sabe por quem, cujo preço são a fome, a doença e, por fim, a morte, própria e dos entes queridos. São centenas, milhares e milhões de seres humanos que, atualmente, cruzam mares, montanhas e desertos, com seus pouquíssimos pertences, seus muitos filhos e seus incontáveis medos. A ACNUR – Agência da ONU para Refugiados – Brasil conta que: “as mães refugiadas têm em comum uma força que nos impressiona e inspira. Apesar de terem fugido com medo e assustadas, elas encontraram dentro de si coragem para proteger seus filhos. Elas cruzaram rios com seus filhos no colo sem

Uma mãe rohingya atravessa um rio com seu filho no colo em busca de segurança em Bangladesh. © ACNUR / Roger Arnold


saber nadar, caminharam por quilômetros sem saber aonde iam chegar, algumas abriram mão de suas vidas para priorizar a de seus filhos. Não importa de onde elas sejam, as mães refugiadas têm em comum uma força que nos impressiona e inspira. Apesar de terem fugido com medo e assustadas, elas encontraram dentro de si coragem para proteger seus filhos.”

“Milhões de sírios cruzaram fronteiras para escapar das bombas e balas que devastaram suas casas. A grande maioria dos refugiados sírios nos países vizinhos vive em áreas urbanas e cerca de 8% em campos de refugiados. A Turquia possui o maior número de refugiados sírios registrados e atualmente abriga 3,3 milhões de pessoas”2

Se impressiona o sofrimento de tantas e tantas mães, não se pode esquecer o de inúmeros pais e, também, o das próprias crianças que, muitas, sem saberem o que, de fato, está acontecendo, seguem no colo, nas costas, nos ombros ou em meio às trouxas de roupas, cobertores e toalhas velhas. Uma pergunta, no entanto, invade nossos corações: o que será destas crianças quando, no futuro, olharem para a aurora de suas vidas? Não há dúvida de que estas crianças trazem no olhar, o medo, a insegurança, a dúvida e o assombro. Tudo isso, em relação a um mundo que, para elas, é cruel e desumano, porque rejeita as pessoas como se fossem lixo apodrecido, enxotando-as para os fundos do quintal do planeta, como se quisessem que alguém recolhesse e reciclasse em grandes máquinas este lixo humano, absolutamente inútil, inválido e imprestável. Elas não compreendem! Elas não conseguem alcançar a dimensão que separa uma raça de humanos de outras raças, quando percebem que todos, fisicamente, são absolutamente iguais, têm idênticos sonhos e necessidades, inclusive, as fisiológicas. É difícil explicar para uma criança, a razão do sofrimento imposto a elas e aos seus conterrâneos. É difícil, porque muitos de nós, também, não conseguimos compreender os porquês.

Basta olhar para estas crianças, para ler o coração e a alma de milhares delas, de todas as raças, etnias e religiões. Pensem nestas crianças refugiadas da Síria. São crianças que, com o olhar de decepção, desânimo e de medo, falam por todas as outras crianças do mundo que, não tendo culpa de nada, pagam um altíssimo preço, por quererem, apenas, o que todos nós queremos: uma vida digna, com uma lar, com uma família e com o alimento necessário. Só isso. Será pedir demais? Em meio a este caos humanitário, felizes as crianças que ainda têm uma mãe, para cuidar delas, abraçá-las e confortá-las.

Por mais chocante que possa ser, fica a última imagem de uma pobre criança que, ao lado pai, perde a vida por conta de tantas e tantas ameaças, de onde a fuga parecer o único caminho viável, apesar do risco total.

Sarah com a bebê Mimi no colo. © ACNUR / Oli Cohen

Dados divulgados pela ACNUR, em 19 de abril de 2018, revelam que, só na Síria “Mais de 5,6 milhões de pessoas foram forçadas a fugir da Síria desde 2011. Elas buscaram segurança no Líbano, Turquia, Jordânia e em outros países. Milhões mais são deslocados internos e, à medida que a guerra continua, a esperança se dissipa”1 A mesma fonte revela 13,1 milhões de sírios precisam de assistência e que outros 6,6 milhões foram obrigados a se deslocarem internamente, além de 2,98 milhões que estão em áreas sitiadas pelas forças em confronto, ou em áreas de difícil acesso a todo e qualquer forma de socorro.

“Inocentes, que pagam o preço pelos nossos erros”

Fontes: 1 https://www.acnur.org/portugues/siria/ (visitado em 13 de maio de 2019) 2 IDEM OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 13


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Paula Sabatter

Agente de Pastoral, Humanização e Voluntariado no Lar São João de Deus

ENCONTRO ENTRE GERAÇÕES Um Colégio e um Lar em interação Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas neste ano de 2019 foi registrado um número de 705 milhões de pessoas acima de 65 anos, contra 680 milhões entre 0 e 4 anos no mundo. Este estudo aponta para a possibilidade de um crescimento maior e generalizado de pessoas idosas, tornando evidente que, em 2050, para cada duas pessoas com mais de 65 anos, haverá apenas uma entre 0 e 4. Mas e quanto à união entre ambas as idades? Algo que tem

se tornado cada vez mais raro é a intergeração, na qual há uma convivência entre jovens e idosos. Mas não cessou de existir. O Lar São João de Deus, localizado em Petrópolis – RJ, é um exemplo da intergeração. A instituição promove periodicamente este “encontro de gerações”. Através dele, crianças de diversas escolas e idades têm a oportunidade de passar uma parte de um dia com idosos, proporcionando a realização de jogos, além de um convívio social que se tornou escasso atualmente. O mais recente destes colégios a visitar o Lar foi o Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro, onde há uma parceria antiga, cujo objetivo é a inclusão social. Antes de iniciarem a visita, os celulares dos jovens são desligados, a fim de evitar distrações. Então, explicações são dadas e dúvidas (de como agir com os idosos, que podem apresentar doenças, como o Alzheimer, por exemplo) retiradas. É notável a existência de olhares misturados com medo do que encontrarão e curiosidade para saber o que encontrarão ali. Após entrarem, é possível perceber uma certa timidez vinda de ambos os lados. Um medo de conversar, dar um abraço,

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um copo d’água se torna bem nítido. Mas com o passar do tempo, uma grande distribuição ocorre e as crianças se unem aos idosos, tratando-os como se fossem conhecidos há anos. Sedentos de curiosidade de conhecer cada vez mais. A fim de facilitar a união, o Lar propõe brincadeiras para ambas as idades participarem. Uma delas é o bingo. Então, todo o desenvolvimento da brincadeira até o vencedor fica nas mãos dos idosos e das crianças, que levam os prêmios do jogo. “Durante os jogos, é ainda mais fácil de ser percebida a integração entre eles”, relata a agente de Pastoral e Humanização do Lar, responsável por programar e realizar tais programas com os idosos. Depois dos jogos, com um vínculo mais forte, as crianças se sentem mais livres para fazer perguntas, e os idosos mais abertos a respondê-las. Incríveis histórias são contatadas, Pouco antes da despedida, são promovidas pequenas conversas com os jovens acerca do que foi visto, aprendido e extraído por eles. É nítida a existência de uma euforia a fim de relatar tudo o que foi passado naquele local. “É uma experiência nova e diferente do nosso dia a dia ter contato com idosos em processo de esquecimento”, diz uma aluna. Após a saída dos jovens, há uma sensação de alegria que permeia todos os idosos. Da mesma forma que eles se tornam assunto para as crianças, elas também o são para eles. É perceptível uma felicidade, tanto por contar suas histórias, divulgar suas sabedorias, sua vivência e experiência, quanto por ver aqueles olhares curiosos, cheios de brilho que reluz, dos pequeninos.

onde há olhares admirados e ansiosos para saber mais. Percebe-se, incrivelmente, um esquecimento dos aparelhos eletrônicos por parte dos jovens, que se mostram cada vez mais interessados naquela realidade vivenciada.

Num âmbito geral, esta união entre as gerações se torna cada vez mais útil. Não só por conta da escassez atual, mas também por que é uma troca de conhecimento, que enriquece o jovem. As experiências de uma vida inteira difundidas ali. Claramente os jovens que ali estiveram levarão este dia em seus corações. Lembrarão o quão importante é a relação com o idoso. O quanto podem aprender apenas estando ali naquele momento, ouvindo-os. As lições que podem levar para suas vidas são imensas.

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SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Alberto Silva Filho

DESCOBERTA DA VOCAÇÃO NA INFÂNCIA

Pesquisador das Ciências Cognitivas, especializado em Educação Integral, e escritor de contos

Jon Talber

Pedagogo, Antropólogo e autor especializado em Educação Integral e Consciencial

O Papel da escola e dos pais Não existe autorrealização sem a descoberta da Vocação! Depois de descoberta, qual a melhor forma de potencializar uma vocação? Descobrir quais são os traços comportamentais falhos, assim como ter consciência dos fortes, são condições imprescindíveis. A eliminação ou ajuste das falhas qualifica a cognição, e nesse caso, estar consciente dos traços fortes reduz dramaticamente o tempo dessa reciclagem. Corrigidas as falhas ou carências pessoais, o caminho para a potencialização da vocação ocorrerá com mais naturalidade, mas nunca sem esforço. O esforço pessoal é uma condição inegociável, e sem ele, além da vocação não resistir às forças contrárias prescritas pela mesologia, jamais ganhará qualidade. Qual a diferença entre a criatividade tradicional e aquela que aflora a partir da vocação? No modo tradicional, os problemas corriqueiros ou mais complexos são tratados segundo protocolos ou gabaritos já homologados pelo sistema com respostas prontas, emendas ou costuras mal feitas, ultrapassadas, onde a erradicação de problemas nunca foi uma prioridade. E cada intervenção mais se assemelha a aplicações de curativos já contaminados, que além de não erradicar a doença, ainda agravam o estado de saúde do paciente. No modo criativo, aquele motivado pela vocação, os problemas são eliminados definitivamente da pauta do portador. No entanto, não são raros os casos onde a mesma resposta criativa aplicada a um problema pessoal acaba por beneficiar toda uma comunidade ou nação. Lembre-se, nesse caso, não se trata mais de um remendo, e sim uma solução; um ato cirúrgico, definitivo, radical. Qual deveria ser o papel da escola na descoberta da nossa vocação? A descoberta da vocação deveria ser uma disciplina curricular como outra qualquer; talvez a mais importante dentro da proposta pedagógica tradicional. Imagine que nossa realização profissional ou pessoal dependa dessa descoberta. Por que não se investe seriamente nesse processo 16 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

cognitivo é um verdadeiro mistério. Talvez porque instituições e educadores, em sua maioria, não exercem seu magistério por vocação, logo, conhecem muito pouco, ou nada, sobre o assunto. No entanto, a escola deveria ser o ambiente ideal para a investigação desse importante atributo ou talento pessoal. Afinal de contas, voluntariamente ou não, todos os dias, lá estarão os alunos à disposição dos docentes, uma vez que a sala de aula teoricamente seria o local apropriado para o estudo e exploração dos processos idiossincrásicos e cognitivos; mas sabemos que não é. Qual o papel dos pais na descoberta ou potencialização de nossa vocação? Pela lógica, deveriam ser os maiores incentivadores, se tivessem olhos para mais alguém além de si mesmos. E além de não saberem do que se trata, estão atarefados demais com assuntos pessoais, e estudar a predisposição inata dos filhos é um item que não faz parte sequer das suas prioridades secundárias. Por isso, quando sabem do que se trata, sempre terceirizam a tarefa, ou a entregam ao acaso. Mas, caso tivessem interesse, poderiam começar estudando por que as crianças têm preferências por algumas atividades e rejeitam outras. A descoberta da vocação é um exercício diário de motivação, quando reforçamos os interesses autênticos dos nossos filhos com esclarecimentos, suporte, e acima de tudo incentivo material e psicológico. E ao invés de repreender a criança nos casos onde ela se opõe à aceitação de nossos gostos e predileções, reforçaríamos sua autoestima e autodidatismo, deixando-a livre para criar vínculos mais consistentes com suas próprias inclinações. Mas sempre acompanhando tudo de perto para evitar os excessos, desvios, acidentes de percurso, ou a indesejável infiltração de hábitos patológicos vindos de fora. Adaptação do site https://www.sitededicas.com.br/ autoconhecimento-fatos-sobre-vocacao2.htm#


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA

IDOSO VIRA CRIANÇA?

Jequitiba - Residência Assistida, Vitória - ES https://jequitibaresidencia.com.br/mitos-e-verdadessobre-o-envelhecimento/

Mitos e verdades sobre o envelhecimento Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou mais de 40 anos em 11 décadas. A noticia é boa mas traz uma série de necessidades como aprender a lidar melhor com os idosos, oferecer a eles serviços de qualidade, adequar o sistema previdenciário etc. Surgem duvidas que a equipe multidisciplinar da Jequitiba - Residência Assistida, formada pela enfermeira especializada em terapia intensiva para adulto Larissa de Oliveira e pelo psicólogo Gustavo Souza, esclarece. O trabalho ocupa um espaço importante na vida dos idosos? Verdade! O trabalho nunca deixa de representar um fator de engajamento social, uma realização em si mesmo, fonte de reconhecimento e criatividade. Ele estrutura o espaço, o tempo e as relações, de acordo com Gustavo Souza. Ao se admitir a importância que tem o trabalho na vida de uma pessoa, é possível compreender o que pode representar a perda desse papel em certos momentos da vida como no da aposentadoria. Os idosos ainda estão em fase de aprendizagem? Verdade! As limitações comuns da idade não afetam a capacidade de aprender; a principal mudança ocorre na fixação do conteúdo novo. Segundo a enfermeira Larissa de Oliveira os idosos precisam apenas aumentar a concentração para que a informação seja fixada. Contudo, aqueles que já apresentam algum quadro de demência podem ter mais dificuldades de memorização diante dessa situação. A sugestão do psicólogo Gustavo Souza é ter paciência e não gerar conflitos que atrapalham ainda mais a parte cognitiva do idoso. Quando ficamos velhos ficamos mais esquecidos? Mito! O cérebro dos idosos são apenas mais lentos que os dos jovens, isso porque, segundo a enfermeira Larissa de Oliveira, o órgão pode ser comparado a um computador que, quando está repleto de dados, demora mais tempo para processar suas informações. Essa lentidão não está associada a um declínio do processo cognitivo que revela perda de memória, falta de atenção e dificuldades relacionadas ao raciocínio lógico. Para evitar que os esquecimentos estejam presentes na rotina, constantemente invista em atividades prazerosas. Aprender a tocar um instrumento musical, fazer atividades que estimulam o convívio social ou até aprender uma nova língua, podem ser ótimos estímulos. Todo idoso volta a ser criança? Mito! Segundo o psicólogo Gustavo Souza, infantilizar e tratar com carinho são coisas diferentes. Apesar de alguns comportamentos do idoso lembrarem os de uma criança, o idoso não vira criança novamente. Além disso, a infantilização é considerada por muitos até uma violência emocional. A pele do idoso precisa de atenção redobrada? Verdade! Com o envelhecimento a pele do idoso fica mais

fina, com menos elasticidade, e torna-se ressecada, precipitando coceiras e descamações. Para se hidratar, de dentro para fora, a enfermeira Larissa de Oliveira recomenda a ingestão de água de coco, gelatina, chás e sucos, além de frutas ricas em líquidos como o abacaxi e a melancia. Já para cuidar da pele externamente, sugere-se o uso de protetor solar e cremes receitados por um dermatologista que ajudam a hidratar e manter a pele sadia, contribuindo também para uma sensação de bem estar.

A perda da memória é normal e não precisa ser tratada? Mito! A idade não é mais desculpa para esquecer as coisas. Problemas de memória em idosos, ao contrario do que se pensou por muito tempo, não são uma parte normal do envelhecimento e não devem ser subestimados por familiares e cuidadores; isso porque, segundo o psicólogo Gustavo Souza, esses podem ser os primeiros sinais das demências, muito comuns na faixa etária após os 65 anos. Grosso modo, as demências se desenvolvem quando partes do cérebro, que são responsáveis por aprendizado, memória ou linguagem, são afetadas por alguma doença, como alzheimer multienfartes cerebrais, degeneração e morte das células cerebrais, entre outras. O paladar muda na velhice? Verdade! Na velhice a percepção geral do gosto decai por causa da diminuição do número de células sensíveis das papilas gustativas, localizadas na língua e que são responsáveis pelo paladar. Por isso, segundo a enfermeira Larissa de Oliveira, alguns idosos perdem o interesse pela comida ou acrescentam mais sal ou açúcar aos alimentos, para sentirem mais o gosto. Uma alternativa é incluir temperos naturais aos pratos, como a cebola, o pimentão, o alho e o orégano, que realçam o sabor das refeições e fazem com que essa hora se torne mais atrativa. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 17


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA

Jerusa dos Santos

Voluntária Social - Coord. do Cons. Anti-drogas Municipal e Conselheira Tutelar

Pamela Marcondes

Psicóloga e Cood. Técnica na CSSJDeus

ALIENAÇÃO PARENTAL Um abuso moral contra a criança! Falta de respeito, ausência de bom senso, consequências irreversiveis, desrrespeito psicológico, estimulo a falsas memórias e falsas verdades. Mas afinal, do que de fato estamos falando quando falamos de Alienação Parental? Conforme o art. 2º da Lei nº 12.318/2010, considere-se alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”, e seus incisos apresentam alguns exemplos de condutas que podem caracterizar o ato, como realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade, impedir o pai/mãe não-guardião(ã) de obter informações médicas ou escolares dos filhos, criar obstáculos à convivência da criança com o pai/mãe não-guardião(ã) e familiares deste(a), apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar sua convivência com a criança ou adolescente, ou mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. 18 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

O 3° artigo da lei, compara e resume a alienação parental, como um abuso moral contra a criança, que por vez como vitima, acaba por se afastar do convívio familiar, por psicologicamente acabar sendo afetado e muitas vezes acaba por não se sentir parte integrante de seu meio familiar. Vale ressaltar que mesmo depois de mais de um ano de aprovação da Lei nº 11.698/08 (Guarda Compartilhada), ainda existem pais/mães contrários à aplicação da Guarda Compartilhada aos seus casos concretos, e lançam mão dos recursos da Alienação Parental de manipular emocionalmente seus filhos menores para que passem a odiar o outro pai/mãe, com argumentos inverídicos mas suficientemente graves e convincentes para mobilizar as autoridades para impedir as visitas (e até, suspender o poder familiar, anterior “pátrio poder”),


com acusações de agressão física ou molestação sexual, procedentes ou não. Além de ser um entrave à aplicabilidade da Guarda Compartilhada, será uma manobra sórdida para afastar o outro pai/mãe do convívio, objetivando a destruição definitiva dos vínculos parentais – causando graves prejuízos psíquicos aos filhos e a desmoralização do pai/mãe acusado e excluído.

o pai, amigos, que manipulam o pai/mãe contra o outro para envolver o(s) filho(s) menor(es) na rejeição ao outro pai/mãe.

De forma mais ampla, a Alienação Parental apresenta uma gravidade ampla e incalculável, justamente por ser considerada uma patologia psíquica que acomete o genitor, onde o mesmo deseja destruir o vínculo da criança com o outro, e a manipula afetivamente para atender motivos pessoais. Quando a própria criança incorpora o discurso do(a) alienador(a) e passa, ela mesma, a contribuir com as campanhas de vilificação do pai/mãe-alvo, instaura-se a Síndrome de Alienação Parental (SAP).

- Esquizo-paranoide: faz uma divisão rígida das pessoas em “boas” (a favor dela) e “más” (contra ela), e sente-se perseguida, injustiçada, indefesa;

O(a) alienador(a) age desta forma sórdida devido ao seu perfil psicológico: - Papel de “vítima” perante os outros (profissionais, amigos, Judiciário);

- Psicopata: não sente culpa ou remorso; não tem a mínima consideração pelo sofrimento alheio - nem dos filhos -, e não respeita leis, sentenças, regras.

A Alienação Parental deriva de um sentimento neurótico de dificuldade de individuação, de ver o filho como um indivíduo diferente de si, e ocorrem mecanismos para manter uma simbiose sufocante entre mãe e filho, como a superproteção, dominação, dependência e opressão sobre a criança. A mãe, ou genitor acometida (o) pela AP não consegue viver sem a criança, nem admite a possibilidade de que a criança deseje manter contatos com outras pessoas que não com ela (e). Para isso, utiliza-se de manipulações emocionais, sintomas físicos, isolamento da criança com outras pessoas, com o intuito de incutir-lhe insegurança, ansiedade, angústia e culpa. Por fim, pode chegar a influenciar e induzir a criança a reproduzir relatos de eventos de supostas agressões físicas/ sexuais atribuídas ao outro genitor, com o objetivo único (da mãe ou genitor, é claro!) de afastar a outra parte, do contato com a criança. Na maioria das vezes, tais relatos não têm veracidade, dadas certas inconsistências ou contradições nas explanações, ou ambivalência de sentimentos, ou mesmo comprovação (por exemplo, resultado negativo em exame médico); mas se tornam argumentos fortes o suficiente para requerer das autoridades judiciais a interrupção das visitas e/ ou a destituição do poder familiar do “suposto” agressor (o outro genitor). Geralmente a SAP eclode após a separação, quando há disputa de guarda, regulamentação de visitas, em que o pai/ mãe-alvo reivindica aumento de convívio com os filhos. Mas, pode surgir também durante a convivência marital, através de atitudes e palavras de um dos pais para desqualificar e desautorizar o outro na frente dos filhos.

DADOS IMPORTANTES Quem é o alienador? Na maioria das vezes, dado o elevado índice de guardas de menores concedidas às mães (cerca de 95 a 98% no Brasil, segundo dados do IBGE), o alienador é a mãe, por ser a detentora da guarda monoparental, tem mais tempo para ficar com a criança, está movida pela raiva e ressentimentos pelo fim do relacionamento conjugal, e mistura sentimentos. Mas, o alienador pode ser também: avós, familiares, padrasto/madrasta,

Os casais utilizam-se dos recursos judiciais para atacarem um ao outro, pois não se sentem capazes de lidar com os conflitos diários da convivência íntima nem de interrompê-los, preferindo mantê-los à distância através do Judiciário, processos judiciais e advogados (o denominado “luto patológico”, uma elaboração inadequada do luto, que o torna prolongado e doentio, um tipo de distúrbio que não pode ser resolvido apenas por meras mudanças no procedimento legal, e sim mediante intervenções terapêuticas). Essa é uma utilização inadequada das leis e do sistema judiciário, porque a função original destas últimas é estabelecer regras de convivência e de procedimentos, e proteger os cidadãos, mas se tornam um instrumento de manutenção de vínculos neuróticos – assim, o casal estaria servindo-se do sistema jurídico para não modificar as leis internas (patológicas), apesar da separação. Pode-se considerar que esses conflitos neuróticos que permeiam o inconsciente comum do casal (e que podem influenciar também na maneira como ocorre a separação), sirOH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 19


vam de modelo também aos filhos, através da manutenção dos pactos de lealdades destes com seus pais (e/ou com um deles), e desencadeiem dificuldades de relacionamento com o(a) pai(mãe) até que este(a) seja excluído(a) da relação. Com a alienação, a criança aprende a: - mentir compulsivamente; - manipular as pessoas e as situações; - manipular as informações conforme as conveniências do(a) alienador(a), que a criança incorpora como suas (“falso self”); - exprimir emoções falsas; - acusar levianamente os outros; - não lidar adequadamente com as diferenças e as frustrações = INTOLERÂNCIA; - mudar seus sentimentos em relação ao pai/mãe-alvo: de ambivalência amor-ódio à aversão total; - ter dificuldades de identificação social e sexual com pessoas do mesmo sexo do pai/mãe-alvo; - exprimir reações psicossomáticas semelhantes às de uma criança verdadeiramente abusada. A gravidade deste ato, não destrói apenas uma família, mas sim a vida de um ser em formação que se desenvolve em um ambiente de mentiras e vulnerável, que irá afetar sua estrutura psíquica e emocional para o resto da vida. Devemos pensar em saúde mental, mas também devemos ressaltar a responsabilidade emocional que como pessoas, pais e familiares, temos e devemos ter com o próximo.

Fontes: TJ-SP: <http://www.tj.sp.gov.br>. Acesso em 15 jun. 2019. BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (DOU de 27/08/2010). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil/legislacao>. Acesso em 15 jun. 2019. Revista de psiquiatria clínica da USP – <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol33/n4/204.html em 17/06/2019.> LAPLANCHE, J. Reparação e retribuição penais: uma perspectiva psicanalítica. In: LAPLANCHE, J. (org.) Teoria da sedução generalizada e outros ensaios. Porto Alegre: Artes Médicas, p. 60-71, 1988. MOTTA, M.A.P. A Síndrome de Alienação Parental. Identificação. Sua manifestação no Direito de Família. Intervenções possíveis. In: APASE (org.) Síndrome de Alienação Parental e a tirania do guardião. Porto Alegre: Equilíbrio, p. 87, 2007 Direito de Família e Psicanálise – rumo a uma nova epistemologia. Rio de Janeiro: Imago, p.229-251, 2003..

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*Jerusa dos Santos é Voluntária Social, Coordenadora do Conselho AntiDrogas Municipal e Conselheira Tutelar. 20 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

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MAGISTÉRIO

ESCUTAR A IGREJA FAZ BEM!

Papa Francisco, encerrando cimeira no Vaticano sobre a proteção de menores (FEV.°2019) O nosso trabalho levou-nos a reconhecer, uma vez mais, que a gravidade do flagelo dos abusos sexuais contra menores é um fenômeno historicamente difuso, infelizmente, em todas as culturas e sociedades. Mas, apenas em tempos relativamente recentes, se tornou objeto de estudos sistemáticos, graças à mudança de sensibilidade da opinião pública sobre um problema considerado tabu no passado, ou seja, todos sabiam da sua existência, mas ninguém falava nele. (...) Todavia, ainda hoje, as estatísticas disponíveis sobre os abusos sexuais contra menores, compiladas por várias organizações e organismos nacionais e internacionais (Oms, Unicef, Interpol, Europol e outros), não apresentam a verdadeira extensão do fenômeno, muitas vezes subestimado, principalmente porque muitos casos de abusos sexuais de menores não são denunciados, sobretudo os numerosíssimos abusos cometidos no interior da família. (...) Seria importante referir os dados gerais – na minha opinião, sempre parciais – a nível global e sucessivamente a nível da Europa, da Ásia, das Américas, da África e da Oceânia, para ter um quadro da gravidade e profundidade deste flagelo nas nossas sociedades. (...) A primeira verdade que resulta dos dados disponíveis é esta: quem comete os abusos, ou seja, as violências (físicas, sexuais ou emotivas) são sobretudo os pais, os parentes, os maridos de esposas-meninas, os treinadores e os educadores. (...) Palco de violências não é apenas o ambiente doméstico, mas também o do bairro, da escola, do desporto e, infelizmente, também o ambiente eclesial. (...) Outro flagelo é o turismo sexual: anualmente, segundo os dados 2017 da Organização Mundial de Turismo, três milhões de pessoas no mundo viajam para ter relações sexuais com um menor. (...) Estamos, pois, diante dum problema universal e transversal que, infelizmente, existe em quase toda a parte. Devemos ser claros: a universalidade de tal flagelo, ao mesmo tempo que confirma a sua gravidade nas nossas sociedades, não diminui a sua monstruosidade dentro da Igreja. A desumanidade do fenômeno, a nível mundial, torna-se ainda mais grave e escandalosa na Igreja, porque está em contraste com a sua autoridade moral e a sua credibilidade ética. O consagrado, escolhido por Deus para guiar as almas à salvação, deixa-se subjugar pela sua fragilidade humana ou pela sua doença, tornando-se assim um instrumento de satanás. (...) atualmente cresceu na Igreja a consciência do dever que tem de procurar não só conter os gravíssimos abusos com medi-

das disciplinares e processos civis e canônicos, mas também enfrentar decididamente o fenômeno dentro e fora da Igreja. Sente-se chamada a combater este mal que atinge o centro da sua missão: anunciar o Evangelho aos pequeninos e protegê-los dos lobos vorazes. (...) É difícil, porém, compreender o fenômeno dos abusos sexuais contra os menores sem a consideração do poder, pois aqueles são sempre a consequência do abuso de poder. (...) que está presente também nas outras formas de abusos de que são vítimas quase 85 milhões de crianças, no esquecimento geral: as crianças-soldado, os menores prostituídos, as crianças desnutridas, as crianças raptadas e frequentemente vítimas do monstruoso comércio de órgãos humanos, ou então transformadas em escravos, as crianças vítimas das guerras, as crianças refugiadas, as crianças abortadas, etc. (...) Assim, o objetivo da Igreja será ouvir, tutelar, proteger e tratar os menores abusados, explorados e esquecidos, onde quer que estejam. Para alcançar este objetivo, a Igreja deve elevarse acima de todas as polêmicas ideológicas e as políticas jornalísticas que frequentemente instrumentalizam, por vários interesses, os próprios dramas vividos pelos pequeninos. Por isso, chegou a hora de colaborarmos, juntos, para erradicar tal brutalidade do corpo da nossa humanidade, adotando todas as medidas necessárias já em vigor a nível internacional e a nível eclesial. Chegou a hora de encontrar o justo equilíbrio de todos os valores em jogo e dar diretrizes uniformes para a Igreja, evitando os dois extremos: nem judicialismo, provocado pelo sentimento de culpa face aos erros passados e pela pressão do mundo midiático, nem autodefesa que não enfrenta as causas e as consequências destes graves delitos.(...) Permito-me um sentido agradecimento a todos os sacerdotes e consagrados que servem o Senhor com total fidelidade e se sentem desonrados e desacreditados pelos vergonhosos comportamentos dalguns dos seus congêneres. Todos – Igreja, consagrados, Povo de Deus e até o próprio Deus – carregamos as consequências das suas infidelidades. (...) E obrigado também aos fiéis que conhecem bem os seus bons pastores e continuam a rezar por eles e a apoiá-los. (...) O melhor resultado e a resolução mais eficaz que podemos oferecer às vítimas, ao Povo da Santa Mãe Igreja e ao mundo inteiro são o compromisso em prol duma conversão pessoal e coletiva, a humildade de aprender, escutar, assistir e proteger os mais vulneráveis. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 21


ENTREVISTA

DRA. SONIA FRIEDRICH:

Conduzida por Ivani Cruz, Vanessa Cavalcante e Ir. Augusto Gonçalves

”A psiquiatria no Brasil ainda é muito teórica e pouco prática, em termos de atendimento populacional... Sempre me empolguei pela Hospitalidade.” Nascida em Rio Claro - SP e estudando quase sempre em escolas públicas, a Dra. Sonia Friedrich se graduou em Medicina, em Botucatu - SP, e se doutorou na USP, sentindo, por isso, uma dívida com os brasileiros, que paga mantendo sempre algum vínculo profissional público. Na infância e adolescência percorreu os itinerários da Igreja Católica, chegando a ser catequista e voluntária. Foi até convidada para freira, mas virou médica! Em 1996, como psiquiatra, chegou à Casa de Saúde SJD, onde trabalhou por 10 anos, chegando a ser Diretora Clínica. Muito bem acolhida pelos irmãos. Tornou-se uma hospitaleira. No ensino universitário foi monitora, perceptora e professora, na USP, na Santa Casa de São Paulo e na UNIP e UMC. Nas duas últimas ainda leciona psicopatologia e psiquiatria, respectivamente. Conheceu o Brasil dando palestras e assumiu vários cargos na ABENEPI (Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil). Em abril de 2019 reassumiu o cargo de Diretora Clínica da Casa de Saúde SJD. Por isso nossa revista quis ouvi-la. Obrigado, Dra. Sonia! OH! - Depois de tantos anos, qual é o sentimento, no retorno à Casa de Saúde SJD?

gista. A psiquiatria foi a minha escolha em 1972. Fiz o concurso para Residência Médica.

Dra. Sonia - O sentimento de voltar à Casa de Saúde é muito bom. Já não estão todos os antigos conhecidos, mas há profissionais com bom desempenho e pessoas agradáveis. Esta Casa tem uma importância para mim até porque a vi sendo construída aos poucos e desenvolvendo-se ao longo destes 23 anos. Sempre me empolguei pela Hospitalidade.

OH! - Considerando sua vasta experiência profissional, como você vê a evolução do tratamento psiquiátrico no Brasil?

OH! – O que significa a Psiquiatria em sua vida? Dra. S - A psiquiatria só a conheci no quinto ano da Faculdade de Medicina. Fiquei muito impressionada com os pacientes, seus sofrimentos e suas histórias. Eu estava sendo treinada para ser uma anátomo-patolo-

Dra. S - O tratamento psiquiátrico no Brasil seguiu os passos dos outros países visto que os grandes laboratórios onde se fazem as pesquisas estão fora daqui. Por outro lado a proposta teórica da Reforma Psiquiátrica Brasileira foi bem aceita fora daqui. Essa Proposta é boa e muito rica, mas a sua efetivação está sendo lenta e às vezes toma uma conotação política que dificulta o trabalho. Além disto é uma Reforma, é uma proposta cara e isto também leva a sua lentidão. Nem todos os municípios têm recursos para uma reforma tão ampla. Os equipamentos deveriam dar uma cobertura ampla, mas eles ainda são em número reduzido para uma população tão grande. CAPS I, CAPS II, III agora IV, CAPS AD em vários níveis, Unidade de Acolhimento, Enfermarias em hospitais gerais, Residência Terapêutica, Residência Inclusiva,etc. OH! - Enfrentar desafios é algo necessário no ambiente de trabalho e nas instituições. Como a Doutora vê a Unidade Infanto-Juvenil da CSSJD?

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Dra. S - A Unidade Infanto-Juvenil é uma necessidade pois temos falta de leitos para os casos agudos nesta faixa etária. É difícil conseguir uma vaga via CROSS. No entanto a unidade deve ser masculina ou feminina. Além que toda internação deve ser por tempo mais curto possível. OH! - Qual é a sua visão sobre as novas diretrizes da política pública em Saúde Mental? Dra. S - Parece que não desmerece a internação psiquiátrica, quando necessária. Propõe o uso de equipamentos ambulatoriais, mas parece que há uma tendência a valorizar as Comunidades Terapêuticas. Ainda é cedo para opinarmos sobre as propostas do governo que é recente. Temos que aguardar como as ideias serão colocadas na prática. OH! - Psiquiatria no Brasil: por aonde vamos? Dra. S - A psiquiatria no Brasil ainda é muito teórica e pouco prática, em termos de atendimento populacional. A tendência é atendimentos a níveis ambulatoriais mas há limitações da implantação, do custo para o paciente/familiar, que às vezes deixa de trabalhar para acompanhar o paciente, as distâncias da casa/equipamento, o tipo de quadro com pouca volição e negativismo para frequentar o equipamento, etc. OH! - Quais as potencialidades e perspectivas para a Casa de Saúde? Dra. S - A Ordem Hospitaleira, através da Casa de Saúde, tem boa potencialidade em termos de atendimento a agudos internados, atendimento ambulatorial, pode ter Residência Terapêutica, pode ter Residência Inclusiva, pode gerenciar CAPS, ter Comunidade Terapêutica, pode ter parceiros para estágios de ensinos acadêmicos, unidade para idosos. OH! - Sabemos que conhece a figura de S João de Deus e os valores da Ordem Hospitaleira, considera a Casa alinhada com eles?

de clínica, pois sempre o ensino é na forma de estágio prático. Não sei qual seria mais importante pois estão integradas. OH! - O que representa a CSSJD no meio psiquiátrico na cidade de São Paulo? Dra. S - Ainda a Casa de Saúde não marcou uma presença marcante na cidade. OH! - Para terminar, convidamos a Dra. Sonia a reagir a cada uma das nossas palavras ou expressões, também com uma palavra ou frase. Carreira? - Desenvolvimento pessoal. Lecionar? - Prazer Família? - Hospitaleira Futuro? - Inovação Jair Bolsonaro? - Esperança para muitos Paciente Psiquiátrico? - Motivação Eletroconvulsoterapia? - Forma de tratamento

Dra. S - Ainda temos que trabalhar para que a figura de São João de Deus e os valores da OH sejam mais presentes.

Espiritualidade? - Acreditar

OH! - Como a Doutora distribui seu tempo entre a clínica e o ensino universitário? Qual é o mais realizador?

Irmãos de São João de Deus? - Legado

Dra. S - A atividade acadêmica que faço depende da ativida-

Esperança? - Misericórdia Uma palavra? - Amor fraterno.

VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO Voluntário! SÃOSeja JOÃOum DE DEUS VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS Qual é o seu forte? VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO temDE tempo? coração? SÃOVocê JOÃO DEUSE VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS Venha conosco fazer humano VOLUNTARIADO SÃOmais JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO terapêutico o ambiente das SÃOe JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS Obras de São João de Deus! VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO www.saojoaodedeus.org.br 11 3903-7857 SÃO JOÃO DE DEUS VOLUNTARIADO SÃO JOÃO DE DEUS


INSTITUCIONAL Vanessa Cavalcante

Diretora da Casa de Saúde SJD

Ivani Cruz

Coordenadora de Pastoral e Humanização

UNIDADE INFANTO-JUVENIL

INAUGURADA NA CASA DE SAÚDE SÃO JOÃO DE DEUS A psiquiatria infanto-juvenil trabalha com diagnóstico e tratamento dos transtornos emocionais e comportamentais que afetam crianças, adolescentes e suas famílias. Apesar de não serem tão comuns, alguns transtornos mentais surgem no período da infância e da adolescência, etapas importantíssimas que moldam as pessoas para a vida adulta. É o período de formação de personalidade e de grandes mudanças corporais significativas. É comum verificarmos alterações comportamentais bruscas nessa fase da vida. A maioria delas estão dentro da normalidade, mas, quando essas alterações comportamentais, emocionais ou de desenvolvimento passam causar sofrimento e prejuízo na vida desses indivíduos, pode ser o momento de buscar a ajuda de um especialista. É essencial procurar tratamento especializado para auxiliar os menores e os familiares a enfrentarem os sintomas desde cedo sem prejudicar o aprendizado, o seu bem-estar, o seu

desenvolvimento pessoal e a vida social. A CSSJD, pensando no bem estar dos mesmos, inaugurou a unidade São Rafael, voltada exclusivamente para crianças e adolescentes e ampliou seu núcleo de atendimento infantojuvenil, planejando um ambiente especialmente dedicado a eles, com consultórios equipados especificamente para essa modalidade de atendimento e com uma equipe técnica altamente qualificada, formada por especialistas de diversos segmentos da Saúde Mental. O objetivo central é oferecer um tratamento completo e integrado que proporcione qualidade de vida ao paciente atendido. O tratamento oferecido pela CSSJD é centrado nas estratégias terapêuticas e atividades lúdicas e conta com uma equipe multidisciplinar composta por: Médicos psiquiatras especializados em atendimentos para crianças e adolescentes; Terapeutas Ocupacionais; Musicoterapeutas; Psicólogos; Assistentes Sociais; Farmacêuticos; Enfermeiros; Nutricionistas; Educador Físico; Recreacionistas; Oficineiras, etc.


A Casa de Saúde hoje é referência no atendimento psiquiátrico infanto-juvenil, atuando no tratamento de doenças como: • Transtornos abrangentes do comportamento (Autismo,Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger e Espectro autista); • Ansiedade Infantil; • Automutilação; • Depressão na Adolescência; • Dispraxia; • Distúrbio de Aprendizagem; • Esquizofrenia Infantil; • Estresse Infantil; • Suicídio na Adolescência; • Síndrome Pré-menstrual; • Transtorno Alimentar: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtorno de Compulsão; • Uso de álcool, tabaco e substâncias psicoativas • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Para realizar o tratamento contamos com um amplo leque de serviços e de alta qualidade, buscando sempre a excelência: • Médico Psiquiatra 24h; • Enfermagem 24h; • Internação; • Pronto atendimento 24h; • Suporte e orientação à família; • Atividades Recreativas assistidas; • Atividades externas acompanhadas e autorizadas pela equipe; • Oficinas de Artes; • Academia de ginástica; • Atendimento Espiritual. A nova unidade utiliza toda a estrutura da Casa de Saúde: • Quartos amplos; • Academia, • Ateliê de Terapia Ocupacional; • Sala de Informática; • Espaço para atividades lúdicas e terapêuticas; • Espaço Convivência; • Biblioteca; • Capela; • Auditório; • Campo de futebol, quadras poliesportivas e jardins; • Serviço de remoção 24h, com ambulância própria especializado, para facilitar que as famílias encaminhem os pacientes ao hospital de forma segura, eficiente e discreta, quando houver resistência ao tratamento.

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RELATOS

“Eu era totalmente cheia de problemas, ainda sou, mas consigo lidar com eles bem melhor do que antes.. Os Psicólogos são incríveis.. os Psiquiatras também, sabemos que podemos desabafar com eles em qualquer momento” Depoimento de uma utente da Unidade Infanto-Juvenil da Casa de Saúde SJD Tenho 15 anos e estou em tratamento na Casa de Saúde. Sou estudante e moro em São Paulo, com minha mãe e minha irmã mais nova. Não consigo lembrar o dia que cheguei, mas vim para este hospital por tentativa de suicídio. Me sentia horrível, angustiada e sem esperança. Quando eu cheguei minha mãe não pôde ficar comigo todos os dias, contudo os enfermeiros, os assistentes de enfermagem e os médicos me receberam de braços abertos e me ajudaram muito com as minhas crises. Não só eu, mas todos os pacientes são acolhidos e muito bem tratados. Os psicólogos são incríveis, é graças àquela que me atende que estou viva e não tenho mais vontade de me matar. Os psiquiatras também, todos sabemos que poderemos sempre desabafar com eles, a qualquer momento. Me sinto bem melhor desde que cheguei. Eu era totalmente cheia de problemas, ainda sou, mas consigo lidar com eles bem melhor do que antes. A equipe do hospital ajuda a todos, vi uma menina entrar totalmente morta por dentro e sair daqui feliz, saltitando e infelizmente chorando por ter de deixar os amigos que fez aqui dentro. Ela saiu daqui uma nova pessoa. Eu espero melhorar cada dia mais, ter alta e me sentir tão viva quanto ela. Gosto de pintar e de escrever e, desde que estou aqui, sinto que a minha inspiração artística aumentou, aonde eu consigo expressar meus sentimentos. Deixo com vocês um quadro e um poema. L.B. 26 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Pintura e poema de L.B.


ACOLHER

ACOLHENDO O GAROTO MALÉ Chamemos-lhe Malé, para manter o anonimato. O Malé tem 11 anos e é o mais novo de cinco irmãos. Estes não o deixam andar na rua sozinho, “porque têm receio que ele vire bandido”, mas sua mãe é mais tolerante e encomenda-lhe alguns recados, quando os irmãos não estão em casa. Às vezes passa na Casa da Hospitalidade para ver a Dona Zefa, coordenadora dos Voluntários de São João de Deus, que chama de avó, e, no mínimo, ganha um bombom ou um trocado para gelinho, e um beijo. E às vezes uma peça de roupa, do brechó. Um dia destes visitamos sua mãe, adoentada, convidamo-lo a falar da sua vida e ele topou. E olhem que seus 11 aninhos já têm história para contar!... A mãe, que conta com sua ajuda nas tarefas domésticas, estava junto, aprovou e ajudou a confirmar alguns detalhes. O Malé nasceu na cidade vizinha, aos dois anos entrou na creche e antes dos quatro se mudou para Aparecida do Taboado, cidade de origem dos seus pais. Mas chegou muito ferido, como sua mãe e irmãos, depois de assistirem seu progenitor, frio, pendurado numa corda. “É verdade que o pai falava que um dia iria viajar, mas ninguém imaginava que sua viagem fosse suicida”! O garoto tinha três ou quatro aninhos, mas nos conta que se lembra bem dele, de o acompanhar recolhendo papelão, ferro velho e latinha, para reciclagem, com um cavalo puxando a carroça, construída e decorada pelo pai, que era um artista para essas e outras coisas, inclusive musicais e evangélicas. Neste ponto da narrativa fizemos silêncio, que ele precisava e nós também! Depois tomamos água e o Malé, sempre tímido, mas despachado, foi contando que aos 7 anos iniciou o ensino fundamental, mas aos 9 pediu para mudar de escola “porque a professora bateu sua cabeça contra a parede”, dele e de mais alguns colegas. Mudou para melhor e é bom em futebol, basquete, português, matemática, história e LPT – Leitura e Produção de Texto. Como não enxerga bem, “pede aos professores para ficar na frente”. Aguarda consulta de oftalmologia, no

Por Ir. Augusto Gonçalves

SUS, mas nem a mãe sabe quando será agendada. Até aos 9 anos “apanhava da irmã, que batia muito”. Mas foi no Conselho Tutelar com a mãe e conseguiu medida protetiva. Perguntado pelos amigos e como se diverte, disse que os amigos são os vizinhos e que também faz amizade com gente de idade. Joga videogame e esconde-esconde e ganhou uma tartaruga, para quem fez um cercadinho. Tem uma bicicleta, mas não funciona, porque precisou de emprestar a sua câmara de ar ao irmão, de 26 anos, para ir nas empresas entregar currículos, tentando arrumar emprego. A outro irmão emprestou seus sapatos, para poder viajar, por isso está de chinelos. O garoto declarou também que conhece Deus, que sua mãe é sobretudo católica, embora não vá no templo, e que na sua casa há três Bíblias, mas ele não as lê, ao contrário do pai, que era evangélico e pregava nas igrejas onde fosse chamado. Reza quando vai dormir e na escola também. Quanto ao futuro, Malé gostaria de ser policial ou fotógrafo, mas também quer fazer uma faculdade e há de ter um carro e uma casa. Sinceramente, fomos surpreendidos por este quase adolescente, que habitualmente economiza nas palavras e esbanja na paciência para ser atendido pela “avó”. E sonhamos surpreendê-lo também, com o primeiro óculos da sua vida, mas sem sucesso: com aprovação sua e da mãe, acompanhamos o Malé ao oculista da cidade, mas este não estava habilitado a aferir suas necessidades oftalmológicas e médico especialista particular só teria na próxima semana. No dia seguinte, no brechó da Casa da Hospitalidade, escolhemos os melhores ténis e fomos entregá-los na sua mão, em sua casa. Malé experimentou e pulou de contente! À mãe prometemos acompanhá-la na agilização da consulta oftalmológica do menino. E lhe entregamos uma cesta de alimentos básicos, para o caso de ali, onde encontramos o Cristo doente, poder habitar também o Cristo mal alimentado. Aparecida do Taboado, 12/05/2019 ir.augusto@saojoaodedeus.org.br OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 27


INSTITUCIONAL Marcia C.B.N. Varricchio1, Maitê Dutra Danza Cidade de Andrade Pinto1; Caroline Valéria da Silva Machado1,2; Denise Nagamatsu3, Josiane Bentes3, Alexandre dos Santos Pyrrho3, Morgana T. L. Castelo Branco3.

Afiliações: 1 FMPFase / 2 Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM) / 3 UFRJ

HISTÓRIA DA ROMÃ NO PLANETA

INTRODUÇÃO Da família Punicaceae, Punica granatum L., a romã, tem sua árvore também é conhecida como romeira, romeira-da-granada, melagrane, witch grass (inglês), romeira, romeira-dagranada, romãzeira, romanzeira, grenadier e chiendent (francês), mangrano e granado (espanhol), zakuro (japonês). A romã compõe-se de uma baga globosa, infrutescência de sabor doce ligeiramente ácido. A parte comestível da fruta apresenta em sua composição compostos fenólicos como: antocianinas, quercetina, ácidos fenólicos e taninos (punicalagina). Também alcalóides. A romã possui diversas propriedades terapêuticas cientificamente comprovadas, com atuações como: adstringente, antidiarréica, antidisentérica, antiinflamatória, anti-séptica, antitérmica, antivirótica, diurética, eupéptica, mineralizante, tônico, vermífuga. Os anti-oxidantes estimulam a ereção, desobstruem vasos sanguíneos, modulam respostas anti-inflamatórias (SANTOS et al., 2019). A conservação de sementes para artesanato e finanças das comunidades étnicas, é de fundamental importância. Machado (2019), de etnia Tukano – Alto Amazonas, obteve resultados preliminares que sugeriram uma melhor conservação das sementes tratadas com diferentes preparos de extratos de romã (OLIVEIRA et al., 2019). Estudantes universitários (alguns com origens étnicas) vêm desenvolvendo pesquisas Etno e Farmacobotânica em biotecnologia vegetal visando bioprodutos a partir a romã para o etnodesenvolvimento.

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RELAÇÕES HISTÓRICAS E SIMBÓLICAS DA ROMÃ COM A TERRA Há 10.000 anos começou o processo de domesticação de plantas e animais pelo homem, cujas espécies produzidas aqui eram distintas das do “velho mundo”. Apenas após o descobrimento das Américas é que essas plantas se disseminaram por todos os continentes. Da África teriam vindo


bucha, café, dendê, jiló, maxixe, pimenta malagueta, quiabo, romã e sorgo. Quanto à agricultura, aí também a romã, pratos destinados ao rei, em oferendas aos deuses e em sepulturas (SANTOS, 2014). A romã é originária do Oriente Médio, portanto, e seu nome é derivado de rimmon e rumman, dos vocabulários semita e árabe, respectivamente. Na língua portuguesa, a fruta ‘romã’ foi nomeada por outro caminho; um caminho de origem egípcia e semítica na raiz “mnr”. Desta forma, ‘romã’ é algo como rimmôn em hebraico e rummân em árabe. Já o adjetivo “granatum” refere-se aos muitos ‘grãos’ que o fruto dessa planta apresenta. Inclusive, é desta denominação latina da espécie que veio a palavra ‘granada’, presente ainda hoje no nome da fruta em várias línguas além do espanhol: grenadier (francês), pomegranate (inglês); melagrana | melograno (italiano); Granatapfel (alemão). O nome “Punica” vem dos fenícios, que viveram na área do atual Líbano e cultivaram esta planta, difundindo-a pelo Mediterrâneo na antiguidade (SANTOS, 2014). Na Roma antiga, a romã segurada por Juno era símbolo do casamento, e a árvore de flores vermelhas e perfumadas vinculava-se à própria ideia do amor e do matrimônio que gerava filhos. Por isso as noivas levavam grinaldas trançadas com essas flores. Ela é rodeada por muitos simbolismos: os textos bíblicos e os povos gregos a consideravam como símbolo do amor e da fertilidade, consagrando sua árvore à deusa Afrodite. Da mesma forma é citada para os povos ciganos (VARRICCHIO, 2019). Para os judeus, a romã é um símbolo religioso, incluído no ritual do ano novo (MTMAMN, 2018). Digno de nota, na mitologia iraniana, o fruto desejado da árvore sagrada do conhecimento e saber não é a maçã mas, sim, é a romã. Em muitas culturas, nas cerimônias e nos cultos, a romã era considerada símbolo de ordem, riqueza e fecundidade. Uma antiga crença popular ainda resiste, sendo acreditado que se colocar três sementes de romã na carteira o “dinheiro nunca há de lhe faltar” (MTMAMN, 2018). São João de Deus (João Cidade, nome de batismo), em sua via mística, foi surpreendido pela visão da romã com a cruz, que virou símbolo da Ordem Hospitaleira (“Granada será a

tua Cruz” – CASTRO, 1980). Meditando sobre isto, identificamos a fertilidade daquele ser humano que através da caridade cristã se fez alimento e tirou a fome, se deu como abrigo em sua sombra, o colo para o abraço, as mãos para o cuidado dos doentes e enfermos. Cristã e poeticamente, tornou-se a própria romã em todos os seus significados, através do seu cumprimento de uma vida em unidade, para além de si mesmo (ultrapassando-se), (e sim!), por intermédio do serviço abnegado e amoroso ao próximo à margem da sociedade, aquele sob estado de extrema vulnerabilidade. O cristianismo veio ampliar o leque de significados simbólicos dessa fruta, que frequentemente apareceu na companhia de Maria e do Menino Jesus: se aparece nas mãos do Menino, que parece brincar com a fruta, simboliza sua ressurreição; se é fruto de uma árvore sob a qual a Virgem se abriga, conota sua castidade, ambos descritos em registros de História da Arte. Por tudo exposto no estudo científico introdutório da Punica granatum (Romã), a Etno e Farmacobotânica está estreitamente relacionada à Saúde Espiritual dos povos e à sua compreensão da natureza, concorrendo, também assim, para a promoção da saúde, do respeito, à cultura de paz, à sustentabilidade, ao etnodesenvolvimento, e à Ecoteologia. Referências bibliográficas CASTRO, F. de. História da Vida e Obras de São João de Deus. Co-Edição de Editorial Franciscana – Braga & Hospital Infantil de São João de Deus – Montemor-O-Novo. 1980. Revisado em 1999. 179p. MEDICINAS TRADICIONAIS / MEDICINAS ALTERNATIVAS / MEDICINAS NATURAIS / TnC. 25.09.18 https://as-medicinas-alternativas.blogs.sapo.pt/ Fontes: Medicina Natural e Plantamed OLIVEIRA, L. L. DE; MACHADO, C. V. DA S.; MUSMANNO, P.; PINTO, M.D.D.C. DE A.; VARRICCHIO, M.T.; VARRICCHIO, M.C.B.N. FARMACOBOTÂNICA E PESQUISA BIOTECNOLÓGICA PARA SUSTENTABILIDADE: Sensibilização, Impressão, Questão, Solução, Produção. E-book. 1a Edição. Petrópolis/RJ: Edição do Autor. 978-85-923119-8-8. Maio, 2019. 20f. SANTOS, SHIRLEY. Meio Ambiente. Gestão na Hospitalidade. 2014. http:// gestaonahospitalidade.blogspot.com/ Último acesso em 25/02/19. SANTOS E. H. de B.; BATISTA, F. P. R.; PEREIRA, L. M.; CAMPOS, L. M. A.; Mayara da Silva CASTRO (5); Luciana Cavalcanti de AZEVÊDO (6) COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS FRUTOS DA ROMÃ (Punica granatum L.) http://www. almanaquedocampo.com.br/imagens/files/Rom%C3%A3.pdf Último acesso maio 2019. VARRICCHIO, M.C.B.N. Diversidade Cultural e Romã (Punica granatum). E-book. 1a Edição. RIO DE JANEIRO: Edição do Autor. ISBN 978-85-923119-7-1. Maio, 2019. 20f. Disponível em https://sites.google.com/view/lipat/sapb-livros. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 29


UNIFICAÇÃO DA ORDEM NA AMÉRICA LATINA JÁ TEM DATA Continua em marcha o processo de unificação da Ordem na Região América Latina, para formar uma única Província. Foi agendada para 20 a 24 de julho de 2020 a Assembleia Regional, durante a qual o Superior Geral da Ordem constituirá a nova Província e nomeará o respectivo Superior Provincial e 06 Conselheiros. Tal Assembleia será presidida pelo Superior Geral e se realizará na cidade de Lima, Peru, onde se estabelecerá a Cúria Provincial desta futura Província, enorme e geograficamente dispersa, com cerca de 125 Irmãos, 20 Comunidades e 30 Obras assistenciais. A Comissão Regional delegada pela Cúria Geral para a Unificação, continua a reunir-se bimestralmente com os Superiores Provinciais e Delegados do México e Brasil, para ir trabalhando em várias frentes, visando a unificação, como a formativa, financeira, assistencial, de recursos humanos, pastoral, comunicação e informática. Os avanços fazem concreta a decisão de fortalecer a presença da Ordem em cada um dos lugares do continente, além de revitalizar a vida comunitária e a missão dos Irmãos Hospitaleiros na Región. Na primeira semana de novembro de 2019 haverá um encontro geral de Irmãos, em São Paulo, para avaliar as Comunidades da Região e potenciar a vida fraterna.

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IRMÃS DE SÃO JOÃO DE DEUS

Provavelmente o leitor nunca ouviu falar das IRMÃS DA CARIDADE DE SÃO JOÃO DE DEUS, mas elas estão aí, crescendo e promovendo o carisma da Hospitalidade, como (e às vezes com) os Irmãos de São João de Deus, inclusive emitindo voto de Hospitalidade, para além dos de castidade, pobreza e obediência. Surgiram no sul da Índia, em Kattappana, estado de Kerala, quando os Irmãos alemães, que ali estabeFundador, Ir. Fortunatus, OH leceram a Ordem Hospitaleira, promoviam as vocações para Religioso Irmão e algumas moças começaram também a responder ao apelo. Nosso repórter encontrou um grupo delas, visitando o Santuário de Fátima, em Portugal, cumprindo uma recomendação do seu fundador, o Ir. FortunatusThanhauser, o mesmo Sup Geral, Ir. Mercy Thomas que levou a Ordem Hospitaleira para a Índia. Por elas ficou sabendo que a sua Congregação foi aprovada oficialmente em 08/09/1977 e que já conta com um total de 87 professas. A maioria vive na Índia, mas 19 delas vivem no exterior. Elas se consagraram ao “apostolado da compaixão e socorro aos doentes, negligenciados, tristes e oprimidos”, colaborando, às vezes nas Obras da Ordem Hospitaleira. Mantêm comunidades na Índia, Alemanha, Áustria, EsGrupo de Irmãs em visita a Fátima, Portugal - Jun/2019 panha e Itália. A atual Superiora Geral é a Irmã Mercy Thomas. Noutra oportunidade falaremos das Irmãs Missionárias de São João de Deus, de Belém (PA). a


POSTULANTADO RECEBE 4 JOVENS Em 19 de junho de 2019 foram admitidos quatro Postulantes, no Postulantado Latino-Americano unificado de Lujan, Argentina. Três são colombianos e um brasileiro (o Anezio, do Ceará).

5 COLABORADORES/AS e 1 IRMÃO NUM SIMPÓSIO DE HUMANIZAÇÃO E ESPIRITUALIDADE Foram cinco os Colaboradores e um Irmão da Ordem Hospitaleira que foram participar no “Simpósio de Humanização e Espiritualidade na Saúde”, promovido pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP), entre eles os dois capelães que servem a Ordem, respectivamente em Itaipava e em São Paulo. Durante três dias, por sinal de clima frio, de 15 a 18 de julho/2019, no auditório principal do Hospital de São Paulo, três membros da Pastoral, Humanização e Voluntariado (PHV) do Lar São João de Deus e dois do PHV da Casa de Saúde São João de Deus se juntaram a outros 450 profissionais de saúde e congêneres, para assistirem cerca de 20 palestras, com temas como Prevenção do Suicídio, Tanatologia a Morte e o Morrer, o Poder da Mente, Ética - Reflexões e Apontamentos do Ambiente Hospitalar, Transtorno e Estresse Pós-Traumático, Cuidar e Ser Cuidado no Ambiente Hospitalar.

PROVÍNCIA DE PORTUGAL-BRASILTIMOR PUBLICA SUA HISTÓRIA Os Superiores da Ordem em Portugal decidiram publicar mais um livro sobre a atividade dos Irmãos de São João de Deus e seus Colaboradores, desde 1580 até à atualidade, em Portugal e países de expressão portuguesa onde a Ordem marcou presença. Chama-se “Ordem Hospitaleira de S. João de Deus em Portugal desde 1580. Caridade e Assistência” e pretende ser um “guia formativo para Irmãos e Colaboradores em início de percurso Hospitaleiro”. Na sua ficha técnica são referidos seus 9 autores e a coordenação foi da Dra. Carmina Montezuma, do Museu São João de Deus em Telhal - Portugal.

PE. CASIMIRO, CIDADÃO HONORÁRIO Em 25 de junho, a Câmara Municipal de Divinópolis atribuiu ao Pe. Casimiro da Silva Ferreira da Costa, da Ordem Hospitaleira, o título de Cidadão Honorário de Divinópolis - MG, homenagem proposta pelo Vereador Adair Otaviano. O Pe. Casimiro chegou ao Brasil em 1976 e a Divinopólis em 1983, ficando ate 1989 como capelão do Hospital São João de Deus (e Diretor de 1986 a 1989). Em 2004 regressou a Divinópolis assumindo até hoje a capelania do agora chamado Complexo de Saúde São João de Deus. Ao receber a homenagem, declarou: “Se fosse algo para mim, talvez não aceitasse, mas sendo para a Igreja e para o serviço dos doentes, devo aceitar com alegria.”

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SHOW DE PRÊMIOS EM ITAIPAVA

COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO LAR SÃO JOÃO DE DEUS Dentre os diversos eventos que ocorrem no Lar São João de Deus, em Itaipava, Petrópolis, podemos nos memorar de um em específico que foi magnífico: A Coroação de Nossa Senhora das Graças, realizado no dia 29 de maio. Uma vez que maio é o mês de Maria, o Lar recebeu algumas crianças para encenarem tal evento. A beleza delas, como anjos e como a própria Nossa Senhora, foi algo inigualável. Belas músicas deram início e ainda mais beleza ao evento num todo. Todos ali presentes, principalmente nossos hóspedes, ficaram extremamente emocionados com toda a encenação. Com a imagem de Maria próxima à vidraça, com as crianças que representavam anjos ao redor, recebemos a encenação de mais duas Nossas Senhoras (do Carmo e de Guadalupe), que, por fim, elevaram e coroaram a imagem cercada por anjos. Aquele “pequeno” espetáculo que não durou mais de 45 minutos conteve uma sutileza e beleza ímpares.

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O Lar São João de Deus, em Itaipava, realizou no dia 9 de junho de 2019 seu 25º Show de Prêmios. Como de costume, realizado semestralmente, o Show de Prêmios possui uma abordagem especial, cuja finalidade principal é a união das pessoas que moram nas proximidades da Paróquia de São José de Itaipava, além de envolver várias outras partes da cidade de Petrópolis, RJ. Unindo diversão, integração e a comunhão geral das pessoas, o 25º Show de Prêmios obteve uma média de 1.000 pessoas. Algumas, presentes com o intuito de adquirir os prêmios oferecidos, e várias outras com a única intenção de participar e se alegrar neste ambiente diferenciado do dia-a-dia de cada um. Tivemos a ilustre presença dos irmãos Jair e Adriano, que, junto da Irmã Ana, da diretora do Lar, Leila, além do Pe. Guilherme e alguns colaboradores, contribuíram para o bom funcionamento de todo o evento. De um modo geral, todos se uniram, tornando o evento um dia agradável para todos. Outro show de Prêmios virá em 08 de dezembro e esperamos alcançar a mesma atmosfera existente no dia 9. O Lar São João de Deus é muito grato por este maravilhoso evento.


FESTA JUNINA NA CASA DE SAÚDE SÃO JOÃO DE DEUS A Casa de Saúde SJD viveu um dia de festa no dia 29 de junho, dia de São Pedro – a Festa Junina 2019, armada na frente da recepção, com ambiente engalanado e convidativo. Mais de 300 pessoas visitaram e desfrutaram do “ARRAIÁ”, atraídas pela solidariedade, pelo desejo de partilhar e pelas muitas barracas de comidas típicas, algumas de brinquedos, outras de produtos diversos e até uma barraca vocacional, a maioria atendidas por classes profissionais da instituição. Pacientes, Irmãos, Colaboradores, familiares, vizinhos e amigos ali se encontraram, numa tarde ensolarada, onde as diferenças sociais e profissionais claramente se esbatiam. Fiquemos com as fotos, que valem mais que as palavras:

CASA DA HOSPITALIDADE CONTINUA SUA MISSÃO HOSPITALEIRA, EM APARECIDA DO TABOADO-MS Em Aparecida do Taboado, na Casa da Hospitalidade, os Voluntários de São João de Deus continuam a concretizar a missão hospitaleira, “pela vida a vida toda”, Diariamente, são anotadas as principais intervenções realizadas na Casa ou “em saída”, por busca ativa, nos domicílios dos usuários, permanentes ou ocasionais. No ano findo de 2018 ficaram registrados 1.800 atendimentos, o que, na prática, deve corresponder a mais de 2.500 intervenções realizadas: refeições servidas, cestas de alimentos entregues, visitas com oração, formações, entregas de roupas, oferta de passagens de ônibus, acompanhamentos em diligências pessoais, visitas a doentes, entregas de cobertores, comparticipações de remédios, sessões de escuta pessoal, disponibilizações de fraldas, cuidados de higiene pessoal, visitas de avaliação de necessidades, encaminhamentos de móveis ou equipamentos usados, pagamentos emergenciais de água, luz ou gás, empréstimos de cadeiras de rodas ou de banho, etc. etc. Em 31 de agosto/2019 decorre o 13° Encontro de Cuidadores de Idosos e Doentes em Casa: 40 Cuidadores reais ou potenciais partilhando suas experiências, com apoio de três profissionais de saúde oferecendo seus saberes. Repasses mensais da Prefeitura e de cerca de 90 Benfeitores mais alguma renda do bazar beneficente dos segundos sábados, asseguram a sustentabilidade da Casa, que (ainda) não tem nenhum funcionário. Ali “quanto mais se recebe, mais se distribui”, assegura Dona Zefa, a Coordenadora dos Voluntários e da Casa da Hospitalidade São João de Deus.

OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 33


VOCACIONAL

Chegou o Irmão Juan Esteban, da Colômbia! NO FUTURO, CADA VEZ MAIS SERÁ ASSIM: IRMÂOS BRASILEIROS EM MISSÃO DE HOSPITALIDADE EM OUTROS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA E IRMÃOS DE OUTROS PAÍSES EM MISSÃO NO BRASIL. EM JUNHO DE 2019, JÁ FALANDO PORTUGUÊS, CHEGOU O IR. JUAN ESTEBAN, PARA INTEGRAR A COMUNIDADE OH DE SÃO PAULO. Meu nome é Juan Esteban Jimenez Giraldo, tenho 30 anos e nasci em Santa Rosa de Osos, Dep.° de Antioquía, na Colômbia. Quero compartilhar um pouco sobre minha experiência no seguimento de Jesus, desde que bati às portas da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, com desejo de entregar minha vida ao serviço do próximo, com predileção pelos que têm alguma pobreza ou que sofrem problemas de saúde. A Ordem Hospitaleira me abriu as portas no ano 2012, quando o frei Dairon Meneses me recebeu para iniciar um discernimento vocacional, para aprofundar nos planos que Deus queria de mim. Aos 23 anos ingressei no Aspirantado, no Hospital San Rafael, em Pasto, no sul da Colômbia. Por 5 meses, com os Irmãos da Comunidade, me dediquei a descobrir Jesus em meu cotidiano, mas em especial nos doentes. No dia 2 de fevereiro de 2014 comecei o Postulantado, na mesma casa, continuando a me aprofundar no carisma da Hospitalidade, ao estilo de São João de Deus, com muito trabalho e com estudo das Sagradas Escrituras e prática da Leccio Divina. Um ano depois fui admitido ao Noviciado, em Bogotá, com outros noviços provindos de vários países. Aí vivi uma experiência de oração profunda, de apostolado e de aprofundamento no conhecimento da Ordem: sua História, Constituições, Estatutos, Espiritualidade, etc. Durante essa etapa da formação, que durou dois anos, viajei para o Chile, para uma experiência de 3 meses, com os Irmãos da Comunidade de Viña del Mar, que, com uma centena de Colaboradores, atendem o Sanatório Marítimo, dedicado especialmente a crianças e adolescentes portadores de deficiência profunda. Foi mais uma experiência forte, que me ajudou a crescer como pessoa e como membro da Ordem Hospitaleira. No final do Noviciado me chegou uma das melhores notícias: o Frei Juan Carlos, Provincial de então, me anunciou que eu

seria admitido como membro da Ordem, tendo agendado para 2 de fevereiro de 2017 a minha primeira profissão dos votos de castidade, obediência, pobreza e hospitalidade. A festa da Profissão foi um dos dias mais felizes da minha vida! Seguiu-se a etapa do Escolasticado, que começou com três semanas de férias, junto da família, agora já como Irmão professo, vestindo o hábito. Continuando em Bogotá, por um ano, me dediquei ao apostolado hospitaleiro e logo ingressei na universidade, onde me preparo como teólogo. No segundo ano mudei para a cidade de Quito, no Equador, onde a Ordem abriu o Escolasticado latinoamericano, no Albergue são João de Deus. Nesta casa, nosso apostolado era com moradores de rua, com imigrantes e com avós que não têm acompanhamento familiar. Concluídos dois anos de Escolasticado, era tempo de ser destinado a uma comunidade da Ordem na América Latina, onde pudesse continuar a formação e realizar a missão para a qual me consagrei. O Conselho Regional decidiu pela Comunidade de São Paulo, no Brasil e eu fique muito contente com a notícia, até porque já vinha estudando português, por gosto pessoal. Me encontro no Brasil desde 02 de junho de 2019. Espero que minha presença nesta comunidade e na Casa da Saúde seja muito fecunda para todas as pessoas com quem conviverei. Quero aprender o máximo da cultura brasileira e ao mesmo tempo contribuir e retribuir por tudo que a Ordem me tem dado. A vida é um caminhar que cada dia nós vamos traçando e hoje posso dizer que o caminho já percorrido na Ordem tem sido de momentos alegres e de momentos difíceis que têm me ajudado a crescer como pessoa e como religioso. É um projeto de vida que me permite ser feliz no seguimento a Jesus Cristo, no compartilhar do dia-a-dia com meus Irmãos de comunidade, no serviço aos doentes e no trabalho de ombro a ombro com nossos Colaboradores e Voluntários. Oxalá que a Ordem Hospitaleira, no futuro, siga se esforçando por fornecer uma Hospitalidade com qualidade, onde humanizar a saúde seja uma de nossas maiores prioridades!


LUZEIROS

“Para que a autonomia da criança seja construída é extremamente necessário que suas experiências sejam atreladas aos conteúdos, pois educar para autonomia exige respeito à realidade dos alunos”

Paulo Freire 1921-1997


CONHEÇA E AJUDE A ORDEM HOSPITALEIRA NO BRASIL E NO MUNDO

Lar São João de Deus Petrópolis, RJ

Estrada União Indústria, 12.192 Itaipava 25750-226 Petrópolis - RJ

Casa de Saúde São João de Deus

São Paulo, SP

Estr. Turística do Jaraguá, 2365 Vila Jaraguá 05161-000 São Paulo - SP

Casa da Hospitalidade

Aparecida do Taboado, MS

Rua Duque de Caxias, 3001 Jd. Pioneiros 79570-000 Aparecida do Taboado - MS

Comunidade dos Irmãos

Divinópolis, MG

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Ordem Hospitaleira de São João de Deus

Tel: 351-217213300 hospitaleiros@isjd.pt www.isjd.pt

Ordine Ospedaliero di San Giovanni di Dio

Tel: 39-06-6604981

www.ohsjd.org


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