Revista OH! Edição 02 JUL-DEZ 2017

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ANO I | N.º 2 | JUL-DEZ 2017

Revista da Família Hospitaleira no Brasil

SAÚDE&HOSPITALIDADE

DEPRESSÃO A dor temida e mais esperada do século

COMO MORRER Reflexões de um Geriatra

HOMOSSEXUALIDADE E se for alguém dentro da sua família?

Grande entrevista com Pe. JÚLIO LANCELOTTI Voz do povo da rua



EDITORIAL

Ir. Augusto Vieira Gonçalves, OH Superior da Ordem Hospitaleira no Brasil

Onde você estava em 1947? Talvez, como eu, ainda no mundo dos possíveis! Nesse ano Gandhi conseguia a independência da Índia, a ONU decidia a criação do estado de Israel e os Estados Unidos lançavam o Plano Marshall para recuperar a Europa destruída pela Guerra; em Inglaterra nasciam Elton John e David Bowe, em Portugal o maratonista Carlos Lopes e no Brasil Rita Lee e Dilma Rousseff; o Brasil suspendia o Partido Comunista, cortava relações com a Rússia e realizava as primeiras eleições diretas para governadores, deputados, prefeitos e vereadores; em São Paulo era inaugurado o MASP e em Uruguaiana-RS a ponte rodo-ferroviária de ligação à Argentina. Pois esse foi o ano em que a Ordem Hospitaleira chegou ao Brasil para se estabelecer (no Rio e Janeiro), após três tentativas nas décadas anteriores e séculos depois de ter criado e operado vários hospitais no Nordeste, até à sua extinção, já no século XIX. Nesta edição da revista, já deu para perceber, o lugar de honra vai para essa história de 70 anos de Hospitalidade ininterrupta, materializada por uma centena de Irmãos, brasileiros e portugueses, sobretudo nos estados do Rio, Minas, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Irmãos e Colaboradores, cada um ao seu jeito, mas todos “unidos para promover e servir a vida!" As 10 páginas da seção “Saúde & Qualidade de Vida” ficaram ao cuidado de 5 profissionais da Casa de Saúde e do Lar São João de Deus, que nos brindam com seus saberes “de

SAÚDE&HOSPITALIDADE ANO I | N.º 2 | JUL-DEZ 2017

experiência feitos”: psicóloga, médico geriatra, nutricionista, terapeuta ocupacional, educadora física e professora de Tai Chi Chuan. A nova seção “Entrevista” estréia com o profético e ativista social Pe. Júlio Lancelotti, vigário arquidiocesano para o Povo da Rua, em São Paulo. Nas colunas de “Opinião” Paulo Coelho nos oferece mais um texto inédito e Luiz Antonio de Moura discorre sobre o desafio de acolher um/a homossexual que se revele dentro da nossa família. No “Mosaico” e demais páginas institucionais o leitor se aprofunda sobre temas, vivências e projetos hospitaleiros e joandeínos e se atualiza nas notícias da Família Hospitaleira de São João de Deus. Voltando ao tema da capa, dou graças ao bom Deus pelo passado de 70 anos que foi possível concretizarmos e peço coragem para tecermos o presente que nos desafia. Quanto ao futuro, programado com menos vínculos a Portugal e mais aos outros 10 países OH da América Latina, espero inspiração e ousadia para o construirmos com esperança. Mas, como ensina Paulo Freire, “esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”. A propósito, deixo aqui, em duas palavras, a previsão do tempo para o futuro: não para!

DIRETOR: Ir. Augusto Vieira Gonçalves

ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Ana Paula Francotti

CONSELHO EDITORIAL: Ir. Raimundo Ferraz Vanessa C M Cavalcante Felipe Pimenta da Cunha Ivani Vera Cruz Manoel Pessoa M Junior

IMPRESSÃO:

SECRETARIA: Áurea Cruz

AHAS - Associação Hospitaleira de Assistência social CNPJ: 33.796.681/0001-03 FONE: +55(11) 390737857 Tiragem: 5.000 exemplares

www.saojoaodedeus.org.br contato@saojoaodedeus.org.br

HOSPITALIDADE | QUALIDADE | RESPEITO | RESPONSABILIDADE | ESPIRITUALIDADE


Aonde você quer chegar? à fama do Neymar? à riqueza do Bill Gates? ao estilo da Madre Teresa? à ousadia do Papa Francisco?

Fique atento, Deus quer fazer história com você! Os Irmãos de São João de Deus vivem em comunidade e consagram a Deus suas vidas, para o servir nos pobres e nos doentes. Sua paixão é o Cristo, seu foco é o Reino, sua meta é a santidade.

(11) 39037857 vocacional@saojoaodedeus.org.br

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SUMÁRIO

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DEPRESSÃO: a dor temida e mais esperada do século

O papel da alimentação na diversidade cultural e no envelhecimento

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Contribuição da Terapia Ocupacional em Oficinas Contribuições do Educador Físico no hospital psiquiátrico Praticando Tai Chi Chuan para a terceira idade A homossexualidade dentro de casa: um desafio para qualquer família

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Refletindo sobre a morte em geriatria

70 anos da Ordem Hospitaleira no Brasil

PAULO COELHO Terceira virtude cardinal: Amor CASA DE SAÚDE S. JOÃO DE DEUS Revitalizando sempre! "Recobrei a alegria de viver" Relato de um interno no dia da alta CRÔNICA Acolhendo a Fertiliana SÃO JOÃO DE DEUS Resposta de Hospitalidade MOSAICO DA FAMÍLIA HOSPITALEIRA Notícias COMO SE FORMA UM IRMÃO Depoimento de um noviço ACONTECEU | ACONTECERÁ Eventos da Ordem Hospitaleira UM FILME, UM LIVRO, UM SITE Sugestões da nossa Equipe

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Entrevista com Pe. Júlio Lancelotti, a voz do povo da rua

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Semana da Humanização 2017 nas Obras de São João de Deus

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SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Pamela Marcondes

Psicóloga Clinica na Casa de Saúde São João de Deus

DEPRESSÃO

A DOR TEMIDA E MAIS ESPERADA DO SÉCULO!

"Uma carreira de sucesso, 41 anos, 6 filhos e uma esposa. Quando o vazio não é preenchido, ele sufoca." Anônimo sobre Chester Bennington Linkin Park

Na minha infância e adolescência eu costumava ouvir, na conversa dos meus pais e tios, como sua juventude havia sido regada a bailes e músicas boas e como algumas perdas faziam falta. Um ídolo morreu de overdose, o outro morreu em um acidente de carro, dentre outros. Como aquilo marcou uma época! Eu, no momento, pensava com sinceridade que não queria que isso acontecesse com meus ídolos. Queria minha adolescência regada de vida e boas influências, até que chegasse o dia em que, por um acaso do destino, meus ídolos viessem a falecer naturalmente. Eu me acostumei a ouvir os mortos eternizados em suas letras fortes. Soube 06 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

admirar Cobain e Nirvana, Cazuza e Barão Vermelho, Renato Russo e Legião Urbana, mas soube construir influências novas também. Ao longo dos últimos 10 anos nos deparamos com perdas e com uma dor avassaladora que, silenciosamente, foi se tornando, como muitos gostam de chamar, "O mal do século!" E o que a depressão tem a ver com o que escrevi acima? Simplesmente tudo. Nos últimos anos ela tem sido a causa de grande parte das mortes noticiadas entre músicos e artistas conhecidos no mundo todo.


Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão afeta 4,4% da população mundial e 5,8% dos brasileiros, sendo o Brasil o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%). De forma mais clara, cerca de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença. Somos o país com maior prevalência de depressão na América Latina e o segundo nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 5,9 de depressivos. Ao decorrer de nossas vidas, temos a capacidade humana de armazenar experiências físicas e mentais. Neste caminho existencial, partimos algumas vezes do senso comum do que se trata de uma tristeza profunda realmente ou o que pode a ser depressão. Ao decorrer deste processo não vemos a empatia ser trabalhada, o que acaba por se tornar uma

“Às vezes eu me cortava, queria sangrar, sim, mas nunca muito fundo, não muito forte, não suficiente pra morrer, mas suficiente forte para esquecer a dor que é viver. “ R.S.

Agora pense, leitor, pare um pouco e reflita se alguma vez sentiu a dor do outro. Quanta vez buscou ser empático com o que o outro passa? Chega a ser dolorido, levando em consideração que agimos de forma impulsiva e camuflada de ação racional, que não nos damos conta que nossas palavra e atitude atingem significativamente a vida do outro.

“Quando vejo outras pessoas realizando os sonhos que sonhei para mim é como se eu morresse aos poucos, dói, dói muito...” P.B.

das principais barreiras no tratamento e compreensão da comorbidade em si, uma vez que sentimentos comuns ao ser humano se confundem com o diagnóstico real. Meu objetivo é fazer você, leitor, sentir e exercitar como seria não ter forças para ser você em sua vida. Como é não querer levantar da cama, como é se sentir apenas existindo e não vivendo. Gostaria de trazer um pouco de dor a quem está lendo estas palavras. Desejo, além da simples leitura de um texto, que exercitemos, ou melhor, despertemos nossa empatia. Uma vez um paciente me disse, "Olhe o céu, o céu está aberto, o sol está quente, não aconteceu nada de ruim, mas meu coração diz o contrário, não sei explicar e não importa o que eu vejo nem todos veem, mas não importa, mas o que eu sinto, apenas eu sinto. É preciso sentir pra entender."

Trazer para o mundo esta questão não apenas ajuda na compreensão desta doença, como acaba por dar voz a tantos sofrimentos existenciais, que hoje são taxados como “frescura” e “preguiça”.


Depressão é uma ferida que existe, que dói e que não escolhe gênero, raça e religião. Ela se arrasta sobre você silenciosamente. No início você luta contra coisas pequenas, mas normalmente escolhe ignorá-las. É como uma dor de cabeça que você insiste em dizer que é temporária e que vai passar, que é só mais um dia ruim. Mas não é! Para tudo, ou quase tudo, existe solução, mas e para esta dor? É um sentimento que ninguém consegue entender, quantificar, colocar em palavras, nem mesmo você, mas se sente. Então tentamos guardála, camuflá-la, escondê-la, colocar tudo debaixo do tapete. Dói lidar com esta dor, corrói a alma e deixa o corpo incapaz de reagir.

“Para esquecer meus sentimentos, machuco meu corpo, na esperança de que a dor me faça esquece-los.” A.M.

As pessoas diagnosticadas com depressão costumam colocar uma máscara social para continuar a viver em meio às pessoas. É isso que a sociedade está acostumada a esperar do outro. Viver com depressão não é estar o tempo todo em um quarto escuro, sem comer, sem ver gente, só chorando, e sim é como andar pela vida dentro deste quarto, deixando os demônios às vezes adormecidos, enquanto se sorri ao próximo. Através dessa reflexão, é de extrema importância pensar em nossas atitudes como pessoas, pensarmos no outro assim como gostaríamos que pensassem em nós, e fossemos sim, responsáveis pelo que, de alguma forma, atingimos no outro, seja com palavras ou gestos, de amor ou não. Somos responsáveis por vidas e por manter uma qualidade de vida psíquica e física saudável, nossa e do outro. Façamos então nosso papel, de zelar, cuidar e acolher a dor do outro. Cabe a nós hoje, um papel paliativo de reconstrução de vida e de trabalhar a morte de uma dor existencial avassaladora. Cabe a nós o papel de cuidadores de uma processo de perda existencial, com o objetivo de restaurar a auto confiança e dignidade psíquica.


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Elenice Maria Gonçalves Araújo Nutricionista no Lar São João de Deus

O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO

NA DIVERSIDADE CULTURAL E NO ENVELHECIMENTO A alimentação e a nutrição são consideradas requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. Pensar em alimentação é algo complexo, pois envolve aspectos biológicos, psicológicos e socais. Diferentemente dos demais seres vivos, as pessoas buscam ao se alimentar, não só suprir suas necessidades orgânicas de nutrientes, mas necessitam de alimentos tangíveis, com cor, textura, aroma e sabor. Por isso, respeitar a diversidade cultural, os hábitos alimentares, assim como as tradições alimentares é importante, pois a comida é expressão da história de um povo, tradutora de comunidades e famílias, civilizações e grupos étnicos. Assim, uma alimentação saudável deve ser entendida enquanto um direito humano que compreende um padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos de acordo com as fases do curso da vida. Além disso, deve ser baseada em práticas alimentares assumindo os significados socioculturais dos alimentos como fundamento básico conceitual. A alimentação, sob a perspectiva do coletivo, tornase adequada quando compreende aspectos relativos a percepção dos sujeitos sobre os modos de vida adequados, ou seja, quando se identifica com as expectativas dos diferentes grupos sociais, que compõe a sociedade. Para isso as dimensões de variedade, quantidade, qualidade e harmonia precisam associar-se aos padrões culturais, regionais, antropológicos e sociais das populações. A nutrição está diretamente ligada à longevidade e ao envelhecimento, e o estado nutricional é o reflexo dos hábitos alimentares consolidados no passado e pode ser influenciado por diversos efeitos de longo prazo, que podem resultar na incidência das doenças crônicas não transmissíveis – DCNT, como as doenças cardiovasculares, aterosclerose, câncer, obesidade, diabetes mellitus e hipertensão, entre outras.

Por outro lado, sabemos que devido aos aspectos biológicos, psicológicos e socais a mudança no comportamento alimentar não é fácil, pois exige disciplina e paciência para se obter resultados. Mas as mudanças são necessárias, principalmente com relação à alimentação adequada e à adoção de hábitos de vida saudáveis, pois esses fatores têm forte influência para chegar à velhice com saúde. Por isso, é importante planejar condutas que contribuam para qualidade de vida de acordo com as necessidades de cada idoso. Nenhum alimento deve ser excluído da alimentação de uma pessoa idosa saudável, já que todos exercem funções diferenciadas no organismo, deve-se verificar as quantidades consumidas, a qualidade e a variedade. Aliada à alimentação equilibrada, a atividade física regular é importante, como caminhadas e atividades aquáticas específicas para terceira idade, assim como a ingestão de líquidos para evitar a desidratação. Quando necessário, fazer a suplementação de Cálcio, Vitamina D e Vitamina B12, nutrientes comumente deficitários em idosos, também é recomendado. Portanto, independente do tipo de determinante do comportamento alimentar (social, psicológico, cultural ou fisiológico), a estratégia de intervenção deve ser direcionada a implementação de práticas alimentares saudáveis no intuito de melhorar o estado nutricional destes indivíduos, bem como seu estado geral de saúde.


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Dr. João Pereira de Sousa

Médico Geriatra, Diretor Técnico do Lar São João de Deus

REFLETINDO SOBRE A MORTE EM GERIATRIA No presente artigo encontramos quatro casos clínicos verídicos (com nomes fictícios) para refletirmos a respeito do papel do médico, da equipe de enfermagem, dos cuidadores, e de toda a equipe multidisciplinar voltada ao atendimento geriátrico – gerontológico, bem como da família na assistência ao idoso no final da vida. Nossa cultura é de “diagnosticar – tratar – curar e dar alta”, mas frente a uma doença terminal devemos avaliar o que é melhor: levá-lo para o hospital onde será internado possivelmente em uma Unidade de Tratamento Intensivo, portanto sujeito a morrer sozinho longe dos seus familiares, ou prestar-lhe cuidados médicos e de enfermagem no sentido aliviar sintomas (náuseas e vômitos, falta de ar, dor e outros) e buscando seu bem-estar físico, psíquico, social e espiritual? Nossos esforços devem estar focados no doente e não na doença. Devemos abrir nossos corações para acolher, escutar e estar com o/a idoso/a, estando ao seu lado e também com sua família. Albert R. Jonsen em seu livro "Who should live - Who should die – Who should decide" nos chama a atenção afirmando “Cuidado, pois não somos deuses, estamos a serviço de Deus e, portanto, não devemos nos omitir deixando de refletir sobre estas questões”. A Equipe de Bioética se propõe tratar dessas situações conflitantes, mas nenhum dos outros profissionais que lidam com idosos e idosas devem se esquivar de participar e muito menos seus familiares. Todos, em conjunto, devem participar 10 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

refletindo sobre o que é melhor para o doente: equipe médica, família e, se possível, o próprio doente, se estiver gozando de autonomia para compreender sua situação. ALBERTO - Era um solteirão convicto, muito admirado em sua cidade, sempre ajudando a quem precisasse. Quando foi acometido pela Doença de Alzheimer, seus familiares contrataram os melhores cuidadores profissionais. Por ser um homem de muitas posses, sempre teve todos os melhores cuidados que o dinheiro podia comprar: os melhores médicos, os melhores hospitais e remédios. Já se encontrando em fase final de doença, começou a apresentar pneumonias de repetição. Até que na última pneumonia, mais grave, teve dificuldades respiratórias e foi levado para a UTI. Lá foi intubado e conectado a um respirador artificial mecânico. Como a oxigenação cerebral foi precária, devido à pneumonia, Alberto entrou em coma profundo. Ficou nesta situação por várias semanas, vindo a falecer devido a infecção generalizada, causada também por feridas profundas nas nádegas e nas costas. Sozinho. JOSÉ - Quando diagnosticado com Alzheimer, toda a família ficou muito abalada, pois era bom pai e marido carinhoso. Apesar da esposa assumir todo o cuidado, os filhos a ajudaram muito, fazendo com que o fardo não fosse mais pesado ainda. Um dia o médico de José tocou no assunto do possível fim que estava se aproximando, por ocasião de um internamento por infecção renal severa. José encontrava-se em fase avançada de demência, mal conhecendo a esposa e filhos, gritando muito durante a noite. A conversa do médico girou em torno das possibilidades da decisão, caso ele piorasse muito e corresse risco de morte, de o paciente ir para a UTI ou


suporte de uma neta médica. A equipe multidisciplinar, não. No início, os filhos ficaram até chocados com a franqueza atuante na instituição, juntamente com o parecer da família do médico, mas com muita conversa, acabaram entendendo pressionaram sobremaneira o médico que a paciente acabou a colocação do mesmo. Foram consultar também a opinião sendo transferida, tendo sido internada numa UTI, onde veio da mãe e por fim decidiram que não o levariam para a UTI. a óbito 30 horas após. Pensaram na vontade do pai de ficar ao lado de todos, nos momentos derradeiros. E assim aconteceu. José foi para a casa, Não existe protocolo, consenso e, muito menos, qualquer já melhor da infecção no rim, porém não demorou a piorar, tipo de conduta pré-fixada (casuística), mas com certeza pois sua resistência estava muito baixa e a infecção voltou devemos sempre considerar mais forte ainda. Retornou ao hospital, apresentando piora Nossos esforços devem estar focados no que a ação de cuidar, segundo Leo Pessini, se baseia numa da infecção, que se alastrou doente e não na doença... estando ao reflexão multidisciplinar. Para por todo organismo. Por fim, os doentes (no nosso caso, seu lado e também com sua família. José entrou em coma. Como idosos e idosas) que, segundo a família e o médico já haviam a ciência, encontram-se sem condições terapêuticas de cura, combinado, José não foi levado para a UTI. Ele recebeu todos devemos procurar promover o seu bem-estar físico, cuidando os cuidados paliativos no quarto em que ficara internado, da dor e do sofrimento, o seu bem-estar mental, ajudandocom a esposa todo o tempo de mãos dadas a ele. Finalmente, os a enfrentar suas angústias, medos e inseguranças, bem quando a sua respiração cessou e sentindo que tinha falecido, como o seu bem-estar social, suprindo suas necessidades o filho mais velho chamou a enfermeira, relatando o ocorrido. socioeconômicas e as relacionais relacionada à ternura e aos Também telefonou para o médico, dizendo-lhe que o pai afetos, por fim, seu bem-estar espiritual, apoiando-os nos descansara. Em família. valores de fé e esperança. CARLOS - Casado, 92 anos, exercendo até então uma Nesse sentido, acredito sim, que a consciência de cada um atividade laborativa (media o nível do Rio Piabanha todos os deve ditar o que aconselhar, pois é através dela que Deus dias). Com relato de mal-estar recebeu atendimento médico, manifesta sua vontade. o qual diagnosticou pneumonia comunitária, iniciandose a antibióticoterapia. No segundo dia de tratamento, o doente piorou do quadro respiratório. Novamente o médico Referencias Bibliograficas foi chamado de urgência quando constatou (no domicilio) - Tratado de Geriatria e Gerontologia – Elizabete Viana de Freitas e col que o doente estava em franca insuficiência respiratória. Capítulo 15 - Editora Guanabara Koogan - segunda edição – 2006. Imediatamente foi transferido para um serviço de pronto - Introduão Geral à Bioética – Guy Durand – Edições Loyola – 2007. atendimento (que não distava mais que um km de sua - www.cuidardeidosos.com.br – em agosto de 2009. residência) onde evoluiu com parada cardiorrespiratória que - Nota: Exemplos I II apresentados por Marcio Bor em um trabalho foi revertida. Intubado e recebendo oxigenação através de divulgado na internet (site acima Exemplos III e IV casos do próprio instrumentos manuais, foi transferido para uma UTI. Após autor deste artigo. uma semana no hospital recebeu alta e no início de 2010, dois anos após, sem qualquer seqüela, comemora 70 anos de casamento. FÁTIMA - 86 anos, hóspede de uma instituição que recebe idosos para longa permanência, frágil mas lúcida, sem qualquer doença de base, certa manhã durante o café parou de se alimentar e não respondia mais aos estímulos. Foi levada ao quarto e atendida imediatamente pelo médico presente na instituição. Segundo relato médico, a paciente se encontrava agônica com Glasgow 3; o próprio ligou para a família explicando que o quadro era irreversível e para saber como deveria proceder. A família considerou melhor transferi-la para um hospital, onde teria o


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Juliana Vieira

Terapeuta Ocupacional na Casa de Saúde São João de Deus

CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM OFICINAS

GERAÇÃO DE RENDA E ECONOMIA SOLIDÁRIA

No campo da saúde mental, a utilização do trabalho como forma de tratamento surgiu em 1773 com o Tratamento Moral proposto por Phillipe Pinel, considerado o pai da psiquiatria na França. Nele não se objetivava o cuidado ou o aspecto produtivo, muito pelo contrário, se objetivava comportamentos condicionados através da realização de trabalhos alienantes e sem sentido. Este foi o único recurso utilizado como tratamento da “loucura” até meados de 1950. A partir do fortalecimento do movimento de desinstitucionalização, começou-se a pensar em outras formas de tratamento, que fossem mais humanas e eficientes. No Brasil, as instituições asilares que utilizavam o Tratamento Moral, passaram a ter questionadas suas formas de intervenção. Com as desconstruções do modelo manicomial tem se aprimorado, e as intervenções terapêuticas são pensadas cada vez mais na singularidade do indivíduo, na construção da identidade a partir de suas produções através do trabalho. 12 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

A utilização do trabalho como recurso terapêutico vem sendo cada vez mais discutida, pois está fundamentada nos princípios da reabilitação psicossocial, sendo um potente instrumento de emancipação e conquista de autonomia para os sujeitos, além de ampliar as redes sociais e o poder de contratualidade. Os profissionais passam a questionar as práticas assistenciais e o papel ambíguo que o trabalho vinha ocupando dentro das instituições, oscilando entre a função terapêutica e a função de controle social, apenas condicionando comportamentos. A partir de 1980, os Terapeutas Ocupacionais buscaram aprimorar suas atuações dentro destes espaços e legitimar cada vez mais o processo de reabilitação psicossocial por meio da realização do trabalho, desenvolvendo potencialidades e habilidades, produzindo indivíduos muito mais autônomos. Somente após 1990 surgiram as primeiras iniciativas de geração de trabalho e renda no Brasil para usuários dos serviços de saúde mental. Este número vem aumentando a cada dia.


A PRÁTICA DA TERAPIA OCUPACIONAL EM INICIATIVAS DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA O Terapeuta Ocupacional é o profissional que trabalha com o fazer, com a ação humana. Ele compreende o indivíduo saudável como um ser ativo e produtivo, em harmonia com a sua singularidade e com um todo, devendo contribuir para que o cuidado seja pensado de forma global e não fragmentada. E esse indivíduo seja pensado não apenas nas suas produções concretas, mas também nas relações que influem diretamente na sua saúde e qualidade de vida. Quando pensamos no sujeito de forma ampla, respeitando todos os aspectos da singularidade precisamos avaliar qual a importância do trabalho na vida desta pessoa e qual papel social este trabalho vai ocupar, para então utilizá-lo da melhor maneira possível. O profissional trabalha desenvolvendo e estimulando habilidades e potencialidades para, através disso, consolidar sua atuação e inserção nos serviços de geração de renda, com intervenções mais eficientes, priorizando o cuidado com foco na promoção de saúde, cidadania e participação social, por meio do fazer significativo. Alguns aspectos que podem ser desenvolvidos e estimulados pelo Terapeuta Ocupacional durante o processo de trabalho: organização, planejamento, sequência, orientação no tempo e espaço, entre outros.

ECONOMIA SOLIDÁRIA PARA A ORGANIZAÇÃO DAS OFICINAS DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA Economia solidaria e saúde mental estão diretamente ligadas pelos princípios da reabilitação psicossocial através da geração de renda.

A economia solidária é uma maneira alternativa de geração de trabalho e renda que integra quem produz, vende, compra e quem troca, de forma democrática, pois tem sua característica na autogestão, potencializando aplicação das trocas sociais e aumento do poder de contratualidade e autonomia. A economia solidária constitui-se como ferramenta fundamental de inserção dos usuários dos serviços de saúde mental no mercado de trabalho. Sendo a forma mais humana e democrática de organizar as oficinas de geração de renda, permitindo desenvolver nos trabalhadores aspectos como iniciativa e empoderamento. Diante disso, podemos observar que o trabalho tem um caráter terapêutico muito eficiente quando utilizado de forma correta, além de ocupar diferentes papeis e graus de importância na vida de cada sujeito, que são estabelecidos a partir de suas vivencias e contexto social. Fatores como satisfação e reconhecimento são fundamentais para fazer com que ele se sinta valorizado. O viés terapêutico e o contexto de tratamento acabam tornando-se secundários. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 13


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA

CONTRIBUIÇÕES DO EDUCADOR FÍSICO NO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO

Simone Ana da Costa

Educadora Física na Casa de Saúde São João de Deus

mental, o que ocasiona algum tipo de sobrecarga na família ou na sociedade que faz parte do convívio social da pessoa com transtorno. Mesmo em instituições que se utilizam de tratamentos tradicionais e de internação, há várias possibilidades de intervenção por parte de um profissional da Educação Física, pois mesmo neste tipo de tratamento, ficam evidentes práticas inerentes ao corpo humano em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo (Mello, 1989). A própria internação pressupõe necessidade de práticas corporais, devido ao indivíduo estar em convívio com outras pessoas que apresentam características ou transtornos semelhantes. O desafio do educador físico, portanto, é de prezar pelos valores corporais dos movimentos individuais, contribuindo assim para o desenvolvimento motor e para evidenciar a singularidade de cada indivíduo e suas possibilidades com o corpo. A atuação do Profissional de Educação Física, na Casa de Saúde São João de Deus, desenvolve-se através do acolhimento, construção do vínculo, para estimular a adesão ao Projeto Terapêutico Singular (PTS) junto à equipe multiprofissional. Durante a internação são realizados atendimentos em grupos e individuais. Os grupos têm como objetivo promover a inclusão social e desenvolver as capacidades e habilidades motoras, para melhorar as capacidades cardiovascular, cardiorrespiratória, desenvolver atividades lúdicas, melhorar a auto-estima e a socialização. O atendimento individual se aplica de forma a valorizar as diferenças. Visando às potencialidades e não às limitações desses indivíduos, ela colabora para a maximização do potencial individual, encoraja a auto-superação e proporciona o ganho de autonomia funcional.

Frequentemente os hospitais psiquiátricos trabalham com equipes multiprofissionais no atendimento ao paciente, inclusive o profissional de Educação Física. Este, de acordo com a Resolução 218-97 do Conselho Nacional de Saúde, teve o reconhecimento da sua profissão para integrar as equipes multiprofissionais e interdisciplinares, possibilitando intervenção no âmbito da saúde. Na sociedade contemporânea proferem sobre a importância da prática de exercícios físicos para a manutenção da saúde física e dos aspectos psicológicos e sociais do indivíduo. O exercício físico é um estímulo atrativo que proporciona o bem-estar físico, mental e emocional, bem como uma melhora na qualidade de vida e aumento da expectativa de vida. Segundo Gonçalves (2009), no contexto atual da saúde mental, no Brasil, calcula-se que atualmente há mais de 30 milhões de pessoas que sofrem de algum transtorno 14 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Os conteúdos da Educação Física são utilizados como instrumentos capazes de explorar todas as possibilidades de movimento do indivíduo: força, flexibilidade, coordenação, equilíbrio, percepção espaço-temporal, concentração, capacidade de interação social. A prática esportiva é utilizada para promover benefícios nas suas capacidades funcionais, atuando como prevenção contra os males do sedentarismo, e para abordar diferentes situações do cotidiano, por exemplo, as regras, contribuindo para melhorias no comportamento social, e na vida em sociedade. O profissional de Educação Física muito tem a contribuir nas esferas da saúde mental, pois as atividades que cabem a este desempenhar tendem a proporcionar melhorias na qualidade de vida, beneficiando o público atendido, e também a estimular a continuidade no pós-alta da prática da atividade física para a manutenção e prevenção de sua saúde.


SAÚDE & QUALIDADE DE VIDA Sandra Nunes

PRATICANDO TAI CHI CHUAN PARA A TERCEIRA IDADE O Tai Chi Chuan tem origem chinesa. Seus exercícios são muito usados por seus efeitos terapêuticos. São exercícios de alongamentos, auto-massagens e relaxamento baseados na natureza e observação de animais. São exercícios de baixo e médio impacto que buscam respeitar os limites corporais. É uma prática milenar de prevenção e cura. Entre seus benefícios estão a melhora da circulação sanguínea, do aparelho respiratório, do sistema glandular e o fortalecimento dos ossos e articulações. Trabalha postura, flexibilidade, concentração, memorização e coordenação motora. Restabelece o equilíbrio psíquico e orgânico. Desde 2007, como professora de Tai Chi Chuan, colaboramos regularmente com o Lar São João de Deus, ministrando aulas e aplicando estes exercícios aos seus idosos residentes. O grupo é bastante ativo, gostam muito das aulas, que além da saúde física, promovem uma harmonização e maior vitalidade. Com a inauguração do Centro de Atividades Irmão Fernandes, em outubro de 2016, foi possível extender nosso serviço a público externo. Assim, passamos a ministrar aulas abertas também para o público de fora do Lar, pessoas que vêm à instituição em busca de saúde e qualidade de vida. Realizamos um trabalho em grupo que tem uma excelente resposta. Existe uma harmonização e os praticantes são muito envolvidos. Tem gente que vem de longe, tipo Quitandinha ou Secretário dentre outras localidades distantes, mas não deixam de participar. Através dessa interação surge essa alegria, essa harmonização e motivação para começar bem o dia.

Professora de Tai Chi Chuan no Lar São João de Deus

O QUE É TAI CHI CHUAN? É a arte marcial chinesa que visa o equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito, especialmente usado no ocidente pelos seus efeitos terapêuticos.

QUAL A METODOLOGIA? Auto-massagens, meditação, exercícios respiratórios (chi kung), alongamento e relaxamento.

QUE BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE? • Melhora a circulação sanguínea; • Aparelho respiratório e sistema glandular; • Fortalecimento dos ossos e articulações; • Postura e flexibilidade; • Tônus muscular; • Alívio de tensões, stress; • Aumento da resistência física; • Melhora da coordenação motora; • Consciência corporal; • Aumento da concentração; • Oxigenação do sangue, aumento do metabolismo; • Revigoramento da vitalidade; • Restabelecimento do equilíbrio, controle das emoções e clareza de pensamento; • Aumento da percepção, criatividade e autoconfiança.

Praticantes de Tai Chi Chuan no Lar São João de Deus - Itaipava - Petrópolis - RJ - OUT/2017 OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 15


OPINIÃO

Luiz Antonio de Moura

Caminhante, pensador espiritualista e cultor do silêncio

A HOMOSSEXUALIDADE DENTRO DE CASA: UM DESAFIO PARA QUALQUER FAMÍLIA

O fenômeno da homossexualidade é quase tão antigo quanto a existência humana sobre a terra. Tanto, que ainda no tempo de Moisés, mais ou menos lá pelo século XIII a.C., foi transmitido aos seres humanos de então o preceito de que um homem não deveria se aproximar ou dormir com outro homem como se fosse mulher, “porque isto é abominável aos olhos do Senhor” (Lv 18, 22). Portanto, a homossexualidade é por demais conhecida, embora não totalmente assimilada, pelos seres humanos de todos os tempos. Não pretendemos, no entanto, discutir os aspectos religiosos, morais ou mesmo sociais que envolvem a homossexualidade, mas, apenas, e tão somente, o modo como a questão é enfrentada no ambiente familiar. Antes de maior avanço, quero esclarecer que a razão deste texto é um documentário que assisti em um canal aberto de TV, recentemente, no qual o entrevistador (jornalista) ouvia o depoimento de pais, mães e irmãos de pessoas que, em dado momento de suas vidas, decidiram se declarar homossexuais, assumindo a verdadeira identidade espiritual em descompasso com o corpo. O comportamento dos pais e das mães ouvidos, inclusive, o de um pai famoso e ídolo do boxe brasileiro, guarda muita semelhança entre si: todos contaram que, no primeiro momento, sentiram raiva de si mesmos, vergonha da situação e, um ou outro confessou ter agido com bastante agressividade, não contra o filho, mas, contra o parceiro escolhido pelo filho. Um pai, inclusive, narrou ter se apoderado de uma faca e circulado pelas imediações da casa do namorado do filho, pensando em cometer o homicídio que, agora, dá graças a Deus por não ter feito nada do que andara planejando. 16 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Todas as mães ouvidas admitiram mais ou menos o mesmo comportamento: sensação de culpa na criação do filho, raiva de si mesmas e vergonha sendo que, uma delas, admitiu, ao lado do filho, ter pensado seriamente e atentar contra a própria vida, atravessando desesperada e descontroladamente uma rodovia bastante movimentada de São Paulo (a Rodovia dos Bandeirantes) agora, também, agradecendo aos céus por ter conseguido, de alguma forma, manter-se sob controle. Outra mãe, mulher simples e humilde, afrodescendente, enquanto falava com o repórter, deixava escorrer algumas poucas lágrimas, que afirmava serem de amor pelo filho sem deixar, porém, de reconhecer a gigantesca dificuldade enfrentada no início de tudo. Não tive tempo para assistir a todo o documentário, mas, pelo que pude ver, consegui colocar-me na situação daqueles pais e senti o desafio que eles enfrentaram, até poderem abraçar aqueles filhos queridos e declararem amor profundo por eles. Uma mãe falou uma coisa que me impressionou muito, disse ela: “quando a gente vê acontecer na família dos outros, é uma coisa. A gente dá palpite, critica o preconceito, fala de amor e tudo mais. Mas, quando acontece dentro da nossa casa é que vemos o quão difícil é a situação. Não é fácil não. A gente acaba vencendo, mas, é muito difícil no primeiro momento.” Pensei em quantas situações idênticas são vividas, dia-a-dia, na vida de diversas famílias. Famílias cristãs; religiosas ou não; abertas ou fechadas; preconceituosas ou sem preconceitos, pelo menos no discurso. Enfim, pensei no quanto deve ser difícil para um pai, para uma mãe, para um irmão ou irmã, deparar-se com uma realidade muito diferente daquela imaginada para e por todos os componentes daquele grupo familiar.


Conforme falado por aquela mãe, quando o problema é no quintal alheio tudo é fácil e simples, porém, quando acontece nos nossos domínios a coisa muda de figura. É sempre assim, quando ocorre um assalto, uma doença, uma demissão, um desemprego, uma separação conjugal, uma prisão ou uma morte na casa do outro, temos as mais belas palavras de consolo, às vezes, de críticas e, ponto final. Aquela situação sai rapidamente do cenário da nossa vida. No entanto, quando ocorre conosco, dentro da nossa casa, aí o bicho pega, porque, então, somos chamados a provar na prática tudo o que, no discurso fácil, filosófico e poético sabemos expressar, olhando para a vida e a realidade alheias. No caso da homossexualidade, parece ser verdade que nenhum pai ou mãe olha para aquele bebê recém-nascido e diz: “ah, quero tanto que ele seja homossexual, será a alegria da minha vida”. Acredito que nenhum pai ou mãe jamais tenha se manifestado desta forma. Pelo contrário, olha-se para aquele menino ou para aquela menina e, imediatamente, grandes e belos sonhos nascem no jardim do nosso coração. Desta forma quando, mais tarde ele ou ela anunciam a condição de vida que, como seres humanos, decidiram assumir por teremse encontrado a partir do grande labirinto da vida, os pais e demais familiares passam pela necessidade de um ajuste brusco em suas concepções, seus conceitos e pré-conceitos e esse processo, por óbvio, não ocorre da noite para o dia. Ele, além de ser bastante duro e de difícil assimilação, é dependente de muitos fatores: psicológico, religioso, social, sentimental, emocional e, fundamentalmente, do amor. Amor próprio, para não culparem-se a si próprios; amor paternal e/ou maternal para com aquele novo ser que está sendo revelado naquele núcleo familiar, em substituição àquele membro que, até então, era visto, querido e aceito como uma pessoa heterossexual, masculino ou feminino. Amor familiar, para buscar as bases sólidas da família, na compreensão de que aquele(a) que agora está revelando sua condição homossexual, é parte integrante do grupo familiar e que, portanto, não pode, de forma alguma, ser lançado porta afora, ficando sujeito e exposto a todo tipo de agressão, física,

moral, social, psicológica e até mesmo sexual, com sério risco de perda da própria vida. Portanto, devemos estar sempre atentos para a possibilidade de termos de enfrentar este desafio familiar, difícil, sim, mas não impossível de ser vencido. E, é sempre bom termos presente que, a qualquer tempo e em qualquer circunstância, podemos e devemos contar com o auxílio divino, nunca devendo ser esquecido que Deus está sempre pronto para vir em nosso socorro, nas mais diversas situações e que, diante de qualquer desafio, Ele nos une, nos fortalece e nos dá coragem para o encontro com o outro, procurando compreendê-lo, aceitá-lo, integrá-lo, incluí-lo e caminhar com ele, por onde quer que ele decida ir. Se você, por acaso, está vivendo este desafio, saiba, em primeiro lugar, que não é castigo. É desafio mesmo! Em segundo lugar, saiba que poderá vencer este, da mesma forma que já venceu outros tantos ao longo da vida. E, por último, acredite que Deus está do seu lado, do lado da sua família e do lado daquele que, agora, assume sua condição sexual com liberdade, com determinação, mas, também, com medo, com insegurança, sem coragem e, em muitos casos, sem força alguma contando, apenas, com você. Se você falhar nesta hora, ele sofrerá muito mais. E, não se esqueça: Deus pode até abominar certos atos praticados pela humanidade, no entanto, está sempre pronto para caminhar ao lado do ser humano, seja em que circunstância for, afinal, Ele é o verdadeiro Pai que, com o infinito amor, carinho e misericórdia, age como a melhor de todas as mães, jamais abandonando sua criação. Criação pela qual doou a própria vida, na pessoa de Jesus Cristo, o Verbo encarnado. Reflita sobre este texto, tenha fé e prossiga na sua caminhada, assim como eu estou prosseguindo com a minha, pois, também sou pai e, como tal, sujeito aos mesmos desafios. Seja feliz, e boa sorte!

Leandrinha Du Arte, transexual de Passos-MG, palestrando na Semana da Humanização da CSSJD. Empoderada e empoderadora, ela percorre o país testemunhando sua condição e dignidade. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 17


CAPA

70 ANOS DA ORDEM HOSPITALEIRA NO BRASIL A Ordem Hospitaleira de São João de Deus opera no Brasil, sem interrupção, há 70 anos, trazida pelos Irmãos portugueses. Em 1947, no Rio, a Ordem se encarregou da administração da “Casa do Padre”, ficando por 13 anos. Em 1955, também no Rio de Janeiro, inaugurou a Clínica Cirúrgica de São João de Deus, onde a operou durante 26 anos; Em 1968, na cidade de Divinópolis - MG foi inaugurado o Hospital São João de Deus, que a Ordem administrou por 49 anos e onde continua a assegurar o serviço religioso. Em 1970 inaugurou o Lar São João de Deus, em Itaipava, onde atende 75 idosos internos e serve outros tantos externos. Em 1990 inaugurou a Casa de Saúde São João de Deus, em São Paulo, para doentes mentais e dependentes químicos. Em 2007 chegou a Aparecida do Taboado-MS, instalando a Casa da Hospitalidade, projeto de “hospitalidade generalista” dirigida a pessoas e famílias carentes. Atualmente, a Delegação Brasileira tem duas Obras com Comunidade, uma Comunidade sem Obra e uma Obra (não canônica) sem comunidade. Quanto ao futuro... menos Portugal e mais América Latina!

1947-1960: A “CASA DO PADRE”, RIO DE JANEIRO-RJ A restauração aconteceu, finalmente! Foi em 10 de Janeiro de 1947 que uma Comunidade de quatro Irmãos, liderada pelo Ir. Manuel Maria Gonçalves, viajou de Lisboa para se fixar na cidade do Rio de Janeiro e ali iniciar missão hospitaleira joandeína. Tinham sido convidados pelo Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara, para administrar a “Casa do Padre” sob a invocação de S. João Baptista Maria Vianney, que era, inicialmente, para sacerdotes inválidos. A 26 de maio iniciaram a sua missão, precisamente na Av. Conde de Bonfim, n° 850, no bairro da Tijuca, endereço hoje preenchido com enormes edifícios habitacionais. O estabelecimento tinha inicialmente 10 camas e evoluiu para hospedaria de sacerdotes e religiosos, maioria provindos de longe, que aí pernoitavam durante a sua estadia na cidade. Esta presença da Ordem durou apenas 13 anos. Por

ANTES DE 1947... Desde o século XVII há notícias de Irmãos de São João de Deus aportando ao Brasil, primeiramente servindo como agentes de saúde, em expedições militares (integrando Irmãos portugueses e espanhóis) e depois em instalações hospitalares fixas, às vezes de pouca duração. Temos notícia de Hospitais OH em Salvador-BA (1624), Paraíba (1632), Recife-PE (1689), Rio de Janeiro (1752) e Cachoeira-BA (1754). Em Salvador sabemos que foram martirizados Irmãos numa perseguição religiosa dos holandeses (1636). Entretanto a Ordem foi extinta em inícios do séc. XIX. Em 1908, em 1930 e em 1937 surgiram oportunidades de a Ordem voltar ao Brasil e houve diligências para tal, mas nenhuma se concretizou: a primeira era em Pelotas-RS (onde os Irmãos administrariam um hospital) e a segunda em Porto Alegre-RS. Aprovado o Estatuto da Ordem, como Associação Civil, hoje AHAS 1947

1952

Chegada de 3 irmãos, ao Rio de Janeiro, assumindo a gestão da “Casa do Padre” 18 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

1953

Inaugurada Clínica Cirúrgica SJD, no Rio de Janeiro 1955

Criada a Delegação Brasileira. Delegado: Ir. António Morgado

Em Divinópolis, pacto com o Sr. Geraldo Corrêa para criação do Hospital SJD 1960

1961

Retirada dos Irmãos da “Casa do Padre”

1962

Inaugurada Escola de Enfermagem SJD, em Divinópolis 1966

Lançada a 1ª Pedra da Construção do Hospital SJD, em Divinópolis

Inaugurado Hospital São João de Deus, em Divinópolis 1967

1968

Professam primeiros 3 Irmãos brasileiros no Noviciado, em Divinópolis


razões administrativas e dificuldades decorrentes da não propriedade da obra, os Irmãos acabaram por retirar-se da “Casa do Padre” a 03 de julho de 1960, passando a integrar a Comunidade da Clínica Cirúrgica, nova fundação, no Rio.

1952-1981: CLÍNICA CIRÚRGICA DE SÃO JOÃO DE DEUS, NO RIO DE JANEIRO - RJ Destinada a cirurgia geral, a Clínica Cirúrgica S. João de Deus situavase no bairro de Santa Teresa, na Rua Almirante Alexandrino, n°2696. A aprovação canónica foi em Janeiro de 1952 e a inauguração a 24 de outubro de 1955, contando com a presença do Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara. Considerada na época uma das melhores clínicas da região, a clínica tinha 35 leitos. No ano 1978, por exemplo, sabemos que foram cirurgiados 421 doentes. Os Irmãos residentes eram 07, em média. Inicialmente sua residência era precária, tendo depois melhorado e incorporado um oratório. Dificuldades de acesso, desgaste dos Irmãos, com jornadas de trabalho intermináveis e dificuldades laborais e relacionais entre Colaboradores e Irmãos, que IRMÃOS DELEGADOS PROVINCIAIS provocou excessivas 1953: António Marques Moragado desistências da Ordem, 1956: António Marques Moragado contribuíram para 1959: Joaquim Pelicano Pinheiro fazer a clínica evoiluir 1962: Diamantino Ferreira temporariamente 1965: José Joaquim Fernandes para casa de repouso, 1974: Manuel Vargas Canês voltando depois à 1977: Joaquim Vaz Correa atividade cirúrgica. 1983: José Gonçalves Rosa Porém, no início da 1986: Júlio Faria dos Reis década de oitenta 2001: Manuel Vargas Canês estava madura a ideia 2002: Augusto Vieira Gonçalves de a Ordem se retirar. 2007: José Raimundo E. da Costa A Clínica foi vendida à 2014: Augusto Vieira Gonçalves sociedade de médicos Chegada do Pe. Casimiro Costa ao Brasil, em Itaipava (1ª Vez) 1970

1976

Inaugurado o Lar São João de Deus, em Itaipava, Petrópolis

Ir. José Lopes, Psicólogo e Pintor é assassinado em Divinópolis 1981

Venda da Clínica Cirúrgica SJD, no Rio de Janeiro

1982

SAMOC em 30 de dezembro de 1981, deixando alívio para alguns e saudades para muitos. Nas suas instalações ainda hoje funciona atividade clínica. Em 15 de fevereiro de 1952, com sede nesta Casa, foi aprovado o Estatuto Social da Ordem Hospitaleira de SJD, enquanto associação civil beneficente, que perdura até hoje, tendo sofrido várias reformas. A clínica foi também a primeira sede da Delegação Brasileira da Ordem, constituída em 1953, circunscrição canônica dependente da Província Portuguesa. Como primeiro Delegado Provincial foi nomeado o Ir. António Marques Morgado.

1963 - HOSPITAL DE SÃO JOÃO DE DEUS, EM DIVINÓPOLIS - MG Na década de sessenta, o benemérito Sr. Geraldo Corrêa, homem de negócios, da vizinha cidade de Itapecerica, queria construir um hospital em Divinópolis para atendimento da região centro-oeste do estado de Minas Gerais e procurava quem lhe garantisse adequada administração. Por acaso ou por milagre, os Irmãos Diamantino Ferreira (da Comunidade do Rio de Janeiro) e o Ir. José Joaquim Fernandes (Provincial) foram encaminhados até lá pelo Pe. Lelis Lara, natural da cidade, quando se encontraram, numa viagem que os Irmãos faziam, precisamente procurando a cidade certa para fundarem uma nova Obra hospitaleira no Brasil. O encontro entre o Sr. Geraldo Corrêa e os dois Irmãos foi bem sucedido e logo a Ordem se comprometeu a comprar um terreno e a promover o projeto arquitetónico para o desejado hospital, cuja construção seria responsabilidade total do benemérito. Em 10 de fevereiro de 1962 a Província Portuguesa adquiriu o tereno e, nesse mesmo ano, foi instituída a Fundação Geraldo Corrêa, mantenedora do futuro hospital e administrada por um Conselho Curador constituído por Irmãos da Ordem. Enquanto ele vivesse algumas decisões contariam com a prévia aprovação do Sr. Geraldo Corrêa. As diligências seguintes desta parceria foram, por parte da Ordem, conduzidas pelo Ir. Diamantino Ferreira, que viria a ser o primeiro Superior da Comunidade dos Irmãos e Diretor do Hospital São João de Deus. Ficou até 1971 e regressou para Diretor em 1989, administrando até falecer, em 01/11/2004. O anteprojeto previa 300 leitos, incluindo quartos individuais, e os usuários acolhidos seriam de todos os extratos sociais. Inaugurada a Casa de Saúde São João de Deus, em São Paulo

1986

Instalado o Noviciado na Casa de São Paulo

1990

Profissão religiosa do Ir. Jair José da Silva Corrêa (RJ) 1992

Chegada do Ir. Adriano Barbosa ao Brasil (SP), ficando até hoje

1993

2001

ACCCOM inaugura Hospital do Câncer e o disponibiliza para o HSJD, em Divinópolis OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 19


A 27 de julho de 1963, deu-se a ereção canónica da Comunidade, que se fixou numa pequena parcela do terreno, em instalações precárias, donde acompanhou a construção do Hospital e começou a servir a população carente. Em 08 de março de 1966 era inaugurada a Escola de Enfermagem SJD, para preparar profissionais para o futuro hospital. O Hospital São João de Deus foi inaugurado em 1.° de junho de 1968, embora já tivesse alguns serviços funcionando. Três décadas depois se inauguraram novas unidades hospitalares: Nefrologia (1990), Oncologia (1996), UTI adulto

com 21 leitos, UTI Neonatal (1999). Também em 1999. A Oncologia ganhou novas dimensões, quando a ACCCOM– Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste Mineiro, em 2001, inaugurou o Hospital do Câncer, que construiu (em terreno cedido pela Ordem, mediante contrato de comodato por 25 anos) e disponibilizou para o São João de Deus instalar o serviço de Oncologia. Em 1992 nasceu o Voluntariado organizado, e em 2005 se criou o serviço PHV Pastoral, Humanização e Voluntariado. Em 2009 um projeto audacioso prévia a construção progressiva do "Novo Hospital São João de Deus", com dois edifícios assistenciais de 10 pisos e mais um, administrativo, de 5 pisos. Para bem e para mal se construíram os primeiros 5 pisos de um dos blocos assistenciais, inaugurados parcialmente em 2012. Para bem porque o hospital passou a dispor de algumas instalações diferenciadas; e para mal porque o Hospital sofre até hoje com desequilíbrios financeiros decorrentes desse avultado e pouco planejado investimento de cerca de R$ 25 milhões. Desequilíbrios financeiros graves levaram á intervenção do Ministério Público na instituição, em 11 de setembro de 2013, continuada em 11 de agosto de 2016, com nova configuração, situação que se mantém até hoje. Em 11 de abril de 2017 a Ordem, por sua iniciativa e aprovação estatutária do Ministério Público, desistiu da administração da Fundação Geraldo Corrêa/Hospital São João de Deus, tomando posse um novo Profissão Religiosa do Ir. José Gonçalves Lisboa (GO) 2001

2001

Profissão Religiosa do Ir. João Pereira dos Santos (MG) 2002

2003

Noviciado muda para Chegada do Ir. Augusto Lima (Peru), comum para Vieira ao Brasil (SP), América. Volta em 2009 ficando até hoje 20 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Conselho Curador, constituído por 08 membros indicados por outras tantas entidades sociais, associativas divinopolitanas, incluída a diocese. O Plano de Saúde “São João de Deus Saúde”, nascido dentro da Instituição, sofreu também desiquilíbrios e entrou em liquidação em 07 de fevereiro de 2017. Nos inícios da sua presença em Divinópolis, a Ordem fundou um Centro de Formação de Irmãos. A 15 de agosto de 1964 foi inaugurado o Postulantado e, um IRMÃOS FALECIDOS NO BRASIL ano mais tarde, o 1985: José Gonçalves Lucas (atropelado) Novicado. No dia 2 de fevereiro de 1967, 1987: Crisógono Gonçalves Nogueira fizeram a Profissão 1990: José Rodrigues Lopes (assassinado) Simples os primeiros 1994: António Augusto Júlio três Irmãos brasileiros. 1996: Joaquim Daniel Pires Nesta cidade estão 2004: Diamantino Ferreira sepultados oito dos 2012: Ângelo Augusto de Braga nove Irmãos que já 2012: José Ivanildo Santos Carneiro 2015: José J. Fernandes (em Itaipava) faleceram no Brasil.

1969 - LAR SÃO JOÃO DE DEUS, EM ITAIPAVA, PETRÓPOLIS-RJ (veja fotos nas págs. 34 e 40) A Diocese de Petrópolis, através do seu primeiro bispo, Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, promovia a diocese em três frentes: fé (construindo a torre da catedral), cultura (instalando a Universidade Católica) e assistência (construindo um lar para idosos em Itaipava). Coube à Ordem, através de negociaçãoes do interesse de ambas as partes, receber em doação o lar (03/06/1966), acabar a sua construção e pôlo em funcionamento. Em 05 de março de 1969 foi erecta a Comunidade dos Irmãos e em 08 de março de 1970 se inaugurou o Lar São João de Deus. Nasceu com capacidade para 60 leitos. Porém, a sua lotação manteve-se nos 50% por muitos anos. Hoje opera com 75 leitos e virou “residência assistida para idosos”, referência na região serrana. Na história do Lar, foi relevantes o Ir. José J. Fernandes, ali servindo desde a inauguração até à sua morte, em 2015, com 101 anos de idade. Em 2016, graças ao casal de benfeitores Siqueira Castro, o Lar construiu um belo Centro de Atividades para atividades físicas, culturais e lúdicas que disponibiliza gratuitamente para seus hóspedes e também para idosos externos. No ano de 1969 recebeu o Postulantado e o Noviciado, transferidos de Divinópolis, ficando o Noviciado vacante a partir de 1973.

Início das Semanas da Humanização, conjuntas para os Centros da Ordem 2003

2005

Início dos PHVs nas Casas e Jornadas Hospa interCasas, p/ Irmãos e Colab.

Fundada a Casa da Hospitalidade, em Aparecida do Taboado

2007

2007

Primeiro Delegado Provincial brasileiro: Ir. José Raimundo

Profissão Religiosa do Ir. João Paulo Oliveira Nunes (SP) 2009

Profissão Religiosa do Ir. Cosme dos Santos (SE)

2011


1987 – CASA DE SAÚDE SÃO JOÃO DE DEUS, EM SÃO PAULO-SP (veja fotos na pág. 26) Em 1982 começaram os contatos com o Arcebispo de São Paulo, Cardeal D. Paulo Evaristo Arns. Em 13 de janeiro de 1983 a Ordem comprou o terreno, no bairro Pirituba, para instalar a Casa de Saúde São João de Deus, para 160 leitos de Psiquiatria e Saúde Mental. Em 06 de junho de 1987 foi ereta a Comunidade, liderada pelo Ir. Júlio Faria, como as obras da construção, que se prolongaram por uma década. Mas o primeiro doente foi recebido logo em 14 de fevereiro de 1990, embora o início oficial da atividade assistencial acontecesse no mês seguinte, em 08 de março de 1990. Na atualidade, o centro atende, em regime de internação, cerca de 180 pacientes com transtornos mentais ou decorrentes do uso problemático de drogas, encaminhados pelo SUS , convênios ou família.

AÇÕES COMUNS A TODAS AS CASAS Resumida a história de cada uma das Casas OH criadas e mantidas (ou extintas), vale referir algumas iniciativas comuns. Destacamos as Jornadas Hospitaleirase, a partir de 2003, como espaços de formação carismática e fraternização. Em média acontece uma por ano, durante 3 dias, para cerca de 65 Irmãos e Colaboradores. E também as Semanas da Humanização, promovidas cada ano, simultaneamente em todas as Casas, com programas próprios pensados para dinamizar carismaticamente usuários e Colaboradores, despertando todos e cada um para a necessidade permanente de “humanizar-se para humanizar”.

TEMAS DAS SEMANAS DA HUMANIZAÇÃO 2005 - Humanizar-se para humanizar. 2006 - Humanização, responsabilidade de todos nós. 2007 - Fazer o bem, bem feito. 2008 - Rede da Humanização, uma Construção Coletiva. 2009 - Adote uma nova atitude. Humanize-se. 2010 - Humanizar é Cuidar e Respeitar. 2011 - Somos uma só família: Família São João de Deus. 2012 – A Família São João de Deus a serviço da Hospitalidade. 2013 - Humanização e Hospitalidade: Eis-me aqui para servir. 2014 - Recriando a Hospitalidade. 2015 - De mãos dadas com a Hospitalidade: Fortalecendo a linguagem do amor. 2016 - Hospitalidade: Compromisso com a Misericórdia. 2017 – Acolhendo a Diversidade.

Em 1988 se transferiu o Noviciado para esta Casa, permanecendo até 2000, quando, quando os noviços brasileiros passaram a se formar em Lima – Peru, conjuntamente com todos os da América Latina e Caribe. Em 2009, porém, foi reaberto, passando a receber também os noviços do Timor Leste e de Portugal, por economia de formadores e de custos para a Província Portuguesa. Aqui professaram os primeiros irmãos timorenses. Hoje são 3 os noviços, todos brasileiros.

2007 – CASA DA HOSPITALIDADE, EM APARECIDA DO TABOADO-MS (veja foto na pág. 40)

A Casa da Hospitalidade foi criada em 04 de agosto de 2007, numa residência comum, depois aumentada com um pequeno salão e um oratório, em Apª do Taboado. Nessa data, ali chegaram dois Irmãos para um projeto diferente, sob o lema “pela vida a vida toda”: pequeno, leve, barato, inserido, aberto a todos, eficaz na evangelização pela hospitalidade e com o estilo de São João de Deus. Em poucos anos a Obra conquistou a simpatia da cidade pela sua ação generalista e desinteressada em favor de pessoas e famílias em situação de doença, solidão ou necessidades especiais. Sua atividade se organiza em 14 Programas que evocam as 14 obras de misericórdia: alimentar, acompanhar, vestir, abrigar, cuidar, visitar, sepultar, defende, ensinar, dignificar, acolher, socorrer, anunciar e rogar. No sexto ano a Casa passou a ser atendida exclusivamente por Voluntários/as, supervisionado, à distância, pelo Delegado Provincial, que os visita mensalmente. Profissão Religiosa do Ir. Elvis do Rosário (do Timor) 2011

2012

Intervenção do Min. Público na Fundação Geraldo Corrêa, em Divinópolis 2012

Noviciado é reinstalado Criada a no Brasil, para noviços do Escola de Brasil, Timor e Portugal Hospitalidade

2013

2015

Entre 2003 e 2005 se criou, sucessivamente em São Paulo, Divinópolis e Itaipava, o serviço PHV - Pastoral, Humanização e Voluntariado para melhorar essas dimensões que valorizam a assistência holística. Em 2012 se criou a Escola de Hospitalidade, uma equipe de Irmaos e Colaboradores, que passou a conceber e operacionalizar as Jornadas Hospitaleiras, as Semanas de Humanização e também os Fóruns de Gestão Carismática. Em 2015 começou o processo de Reconfiguração da Ordem na America Latina que pode culminar, nos próximos anos, com a reorganização dos 40 centros assistenciais e cerca de 30 Comunidades numa única Província religiosa. Inclusive os do Brasil, que se desligarão de Portugal. Em 2017 nasceu a revista OH!, para servir toda a Família.

Morre Ir. Fernandes em Itaipava, idoso de 101 anos 2015

Iniciada a Reconfiguração, para unir as 40 Casas da América Latina numa só Província

Lar SJD, em Itaipava constrói Centro de Atividades Ir. Fernandes 2016

Profissão Religiosa do Ir. Raimundo C. Ferraz (PB)

2016

Lançada a Revista OH! da Família Hospitaleira no Brasil 2017

2017

A Ordem transfere administração do Hospital SJD, em Divinópolis OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 21


ENTREVISTA

Pe. JÚLIO LANCELOTTI: “O Estado nunca vai agir por amor. E as nossas instituições ainda amam?”

Conduzida por Ivani Cruz, Ir. Augusto Gonçalves e Vanessa Cavalcante

Recebeu-nos nos bancos da pequena igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, em São Paulo, onde é pároco, várias vezes interrompido por gente da rua, carregada de pobrezas e sedenta de escuta. É o Pe. Julio Lancelotti, 68 anos, teólogo e pedagogo, professor e Doutor Honoris Causa por várias universidades. Figura mediática e profética, conhece e interpreta, como poucos, a realidade das pessoas em situação de rua e de dependência química e contamina outros com o vírus da luta pela justiça. Recentes e injustas acusações na mídia deixaram marcas, mas seu compromisso continua. Vigário Episcopal para o Povo da Rua, deste o tempo de Dom Paulo Arns, ele se inspira no “santo do piolho” e em muitos outros santos. Na sacristia, ordenados museologicamente, nos mostrou mais de cem, entre imagens e quadros, exaltando os traços solidários de muitos. De São João de Deus tinha duas versões e ganhou a terceira. Revista OH! - De onde lhe vem a inspiração para atender, com tanto empenho, a população em situação de rua?

“é tão impossível sair da rua, que eu digo que estou aqui porque gosto de estar na rua”. Eu leio isso muito como uma defesa.

Pe. Júlio Lancelotti - Tem vários santos que me inspiram, como São Bento José Labre. Ele era morador de rua, é chamado o “santo do piolho”. Viveu 14 anos nas ruas de Roma e os padres o punham fora das igreja porque ele fedia muito. Portanto, alguém que se santificou na rua: dormia na pedra, dormia no chão. Mas minhas inspirações mais fortes e mãos próximas são Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Luciano, que são duas figuras exponenciais da história da Igreja no Brasil:

Tenho estudado muito, nos últimos tempos, uma figura que é da bioética chamada mistanásia. A mistanásia é a morte social. Eles têm a sentença de declaração de morte social. Eles então enlouquecem, se dessensibilizam, se autodestroem, se culpam, mas isso tudo é um processo. Pergunto: o pessoal que está na África e morre atravessando o Mediterrâneo tentando chegar na Europa, é porque quer? E quem fica com hipotermia e morre de frio na rua, é porque quer?

Dom Paulo, que me nomeou vigário do povo da rua e Dom Luciano, que me ordenou sacerdote e está em processo de beatificação, no qual eu também fui chamado a depor. E o trabalho que eu já convivia com as Oblatas de São Bento, especialmente com a Irmã Nenuca, que foram as pioneiras do trabalho com a população de rua, aqui em São Paulo.

A lógica do nosso sistema é a lógica do descarte. E dentro do nosso sistema não tem saída. É como achar que vai acabar a Cracolândia fazendo projeto tal ou qual, guerra às drogas. São todas coisas que estão imbrincadas dentro desse sistema, que são fabricadas assim. E as pessoas então são prisioneiras desse sistema. A mistanásia é a morte que pode ser evitada, é a morte social. E boa parte dessa população está condenada à morte social.

OH! - Que motivos identifica para essas pessoas permanecerem nas ruas e como lidar com a frustração de saber que alguns possuem poucas expectativas e preferem permanecer lá? Pe. JL - Eu não afirmaria que eles preferem permanecer na rua. Bem dentro da linha do papa Francisco, a lógica do nosso sistema é o descartável. Eles são os descartados do sistema. E o sistema não suporta aqueles que descarta. E criminaliza e culpabiliza aqueles que ele mesmo descarta. Eles não dizem “eu quero ficar na rua”, ou se o dizem é como forma de defesa: 22 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

OH! - Como o senhor avalia e se posiciona quanto à atuação de Institutos Religiosos, ONG’s e outros, que vêm atuando intensamente em ações sociais que são obrigação e dever do estado e prefeituras? Pe. JL - Aí é uma coisa complexa, difícil de responder de repente. Não sou um estatizador, e às vezes até contesto esse conceito de estado, mas vejo que muitas vezes o estado não


cumpre a sua função e coloca para a Igreja, para as ONG’s, para as entidades, aquilo que era sua obrigação. A Igreja vê isso como uma ação supletiva, só que essa supletividade é complexa porque vive do financiamento do estado e acaba, em alguns momentos tendo de agüentar a forma de imposição do estado porque não tem como sobreviver. Então são situações muito diferentes, muito complexas, muito difíceis. O estado nunca vai agir por amor! E a gente pergunta: as nossas instituições ainda amam? O estado nunca vai ser capaz de amar quem está na Cracolândia e aí a gente pergunta: e nós ainda nos amamos? Ou também entramos num tecnicismo, num profissionalismo e tudo mais que, de certa forma, nos faz muito parecidos com o estado? A ação social da Igreja é muito grande, muito diversificada, mas devido ao sistema em que a gente vive, nós temos que sobreviver, temos a questão do lucro... existem muitas questões que acabam complexificando. Eu gosto muito daquilo que diz o Yung: “você tem que saber todas as técnicas, mas diante de um ser humano seja humano”. Nós entramos muitas vezes num esquema de institucionalização e de burocratização. É interessante que a nossa ação social é muito mais contaminada pelo estado do que o estado contaminado pela nossa forma de agir, ou de ser ou de viver. Eu pergunto: São João de Deus conseguiria trabalhar com a prefeitura e com o estado? Às vezes os governos entregam obras para a Igreja porque confiam que ela faz e isso é uma saída boa para eles, como fizeram com São Vicente de Paulo e outros. Nós deveríamos ter nossas instituições também como sinalizadoras, como sinais proféticos e sinais evangélicos de que é possível fazer diferente. É por isso que eu digo que, muitas vezes, eles nos contaminam mais do que nós a eles: a gente tem que entrar dentro de normas, de regras, de parâmetros que acabam tornando o nosso atendimento, a nossa atenção, a nossa maneira de ser pouco transformadores. Eu acredito que, mesmo nessas ações, nós deveríamos ter um aspecto que eu chamaria quase de irreverência e de rebeldia, de mostrar também que o enlouquecimento faz parte desse sistema. Este sistema em que a gente vive enlouquece mesmo!

OH! - O que acha ou que melhoraria nas políticas públicas de saúde, segurança e assistência, dirigidas a dependentes químicos e pessoas em situação de rua, como os programas “Braços Abertos”, “Recomeço” ou “Redenção”? Pe. JL - Nenhuma resposta pode ser absolutizada, porque ninguém tem uma resposta mágica, pronta ou infalível. Todas as respostas têm comprometimento: alguns trabalham mais com o aspecto medicação e abstinência absoluta, outros trabalham com redução de danos. O que a gente sabe é que todos os métodos, todas as maneiras, têm um limite. Ninguém pode dizer: “eu tenho a resposta infalível, o Laranjeira tem a resposta infalível ou é o Dartil que a tem”. São várias correntes. Alguns dizem que não se deve levar em conta a questão religiosa, alguns trabalham muito a questão religiosa, outros trabalham os doze passos, outros é a abstinência completa, outros é a redução de danos. Então eu repito: não podemos absolutizar nenhuma resposta. Temos de ir às causas, perguntar onde está a ferida da pessoa. A gente desintoxica uma pessoa, mas a sua ferida continua. Dou um exemplo muito concreto: a pessoa para de usar drogas, mas fica com dor de dentes, mas não tem assistência odontológica. Então ele vai usar droga outra vez para a dor de dentes passar, porque ter dor de dentes é um saco. Você tem que ver a pessoa inteira e ver que a dependência química é um sintoma e não a causa. É tratada como a causa, mas ela é um sintoma: alguma coisa não está funcionando bem em mim. É interessante que está muito democratizado o uso da droga. Facilmente a gente acha biqueiro aqui e vai conseguir droga, mas dificilmente eu vou conseguir trabalho, dificilmente vou encontrar uma pessoa que me ouça e que tenha paciência de ficar do meu lado conversando. O que o pessoal de rua mais pede para mim é: ouve-me, me dá atenção! Ele quer ser ouvido e ouvir não é só escutar. Acabei de ouvir a história de um rapazinho que faz dias que está convivendo conosco e só hoje revelou uma parte surpreendente que eu não poderia imaginar. É uma situação tão intrincada que eu já falei com uma advogada para nos ajudar a pensar que resposta é possível numa situação dessas. OH! - Deve ser doloroso ouvir essa gente... Pe. JL - Eu uso um princípio: não pergunto nada, eles é que falam: “vou te contar a verdade”... e então eles contam e aí eu também tenho de saber que aquela verdade é provisória e momentânea. Daqui a pouco vai surgir mais um pedaço dessa história, às vezes até contrária da primeira! Nós temos que buscar relações terapêuticas. Usar polícia, usar violência, usar bomba de gás, usar gás de pimenta, não combater a corrupção dos agentes do estado que estão envolvidos em todas essas questões, nada disso resolve. E não se pode usar projeto tal, projeto qual, projeto qual para fazer de cada um deles uma bandeira política e dizer: eu fui o messias que trouxe a resposta. OH! - O senhor falou para Mariana Godoy que “os moradores OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 23


de rua são refugiados urbanos”. Pode explicar melhor essa definição? Pe. JL - Um refugiado é alguém que está correndo risco e que não pode ficar no lugar em que ele está e nenhum lugar o deseja. O que é que acontece com os moradores de rua? Eles não podem ficar em lugar nenhum, ninguém os quer por perto, nem as igrejas, que cercam tudo e põem segurança para eles não entrarem. Eles são indesejáveis e considerados um risco. Aqui nós não temos o Mar Mediterrâneo para eles morrerem afogados, mas temos a Avenida Paulista, temos os grandes shoppings... podem ver que um morador de rua dificilmente tem acesso a um banco, a um shopping ou a um cinema e até nas nossas igrejas os seguranças os põem para fora. Portanto, eles são refugiados como há refugiados climáticos, refugiados por questões políticas, religiosas e ideológicas. Esses são refugiados por questões econômicas e sociais. E acabam ligados a outras várias questões como egressos de sistema penitenciário, ou portadores de doença mental. Nós estamos procurando muito que eles sejam considerados refugiados para que eles tenham um status de proteção. OH! - Como o senhor vê o trabalho da Casa de Saúde São João de Deus no atendimento aos dependentes químicos, através do Projeto Redenção? Pe. JL - É uma instituição que eu preciso muito visitar! Mas acredito que, se essa instituição está na mão de quem segue o carisma de São João de Deus, tem de ser humana. OH! - Vemos que conhece São João de Deus. Quem é ele para o senhor: um inovador, um amigo, uma paixão?... Pe. JL - Para mim é uma figura muito forte, muito presente. Me identifico muito com ele pela consideração de loucura, pela rejeição e pelos ataques que ele sofreu. Me comove a expressão do bispo, ao entregar-lhe a túnica, para protegê-lo: “se Deus é amor, João é de Deus”. Também a dificuldade em conseguir companheiros que o seguissem e toda a atuação dele me chama muito a atenção, principalmente essa loucura associada à sua conversão, depois que escutou o sermão de São João de Ávila, que os historiadores discutem se foi

voluntária, para sentir desprezo, ou loucura real... E depois as circunstâncias da sua morte: adoecendo por se jogar ao rio, tentando salvar uma pessoa e, nos últimos momentos, colocando-se de joelhos olhando a cruz. Tenho até um paramento, que mandei fazer com a gravura de São João de Deus impressa, para usar nas liturgias do dia 08 de março e cultivar a memória daquele que foi chamado de louco de Granada, embora fosse português. Ele é muito respeitado também por ser o precursor da humanização da psiquiatria, como se considera na história (não religiosa) da psiquiatria. Na atualidade, me marcou muito o testemunho de vários Irmãos, em África, que morreram por assumirem o risco de cuidar dos doentes, durante a última epidemia de ebola. OH! - Faremos mais uma pergunta que o senhor só responderá se quiser: as acusações que andaram na mídia contra o senhor e que acabaram com o padre ilibado e o casal acusador preso, marcaram sua vida? Pe. JL - Deixaram marcas, claro! Machucaram muito. Minha mãe sofreu muito, pois ela estava viva ainda naquela época. São coisas que marcam muito e que deixam cicatrizes, um sofrimento muito grande. O meu compromisso continua, mas as marcas não desaparecem. E chegaram à minha mãe que viveu grande estresse e morreu pouco depois, como aliás um irmão meu. O que todo o mundo se admira é como eu estou vivo ainda! OH! - Para terminar, pedimos uma palavra ou frase de reação a cada uma das nossas expressões: Dormir na Rua? É um grito de desespero! Mãe? É um sinal que não se apaga! Mídia? Ás vezes é um veneno! Pastoral Social na arquidiocese de São Paulo? Está muito fraquinha! Papa Francisco? Ah, esse é bom de mais! Vivesse muito tempo! E que sua marca nunca se apague na Igreja! Lula da Silva? É um irmão! Dom Paulo Evaristo Arns? É um santo homem, nosso arcebispo que marca a vida, porque esse amou e deu a vida pelo povo! Amor ao próximo? É um mandamento, é o Evangelho de hoje! PT? É um dos partidos que teve a sua história, uma história importante, e que agora está passando por um momento de crise muito forte. Ou se reinventa ou desaparece! Doença mental? Quem não a tem?! Política brasileira atual? Uma vergonha! Igualdade de gênero? É fundamental e não pode ser negada. Tem de ser obedecida e vivida! Homofobia? Uma vergonha, repulsiva! São João de Deus? Um querido amigo, um querido irmão, santo protetor! Deus? É o Amor!!


OPINIÃO

TERCEIRA VIRTUDE CARDINAL: AMOR (Anotações de Paulo Coelho - Texto inédito cedido pelo autor)

Segundo o dicionário: do Lat. Amores, s. m., viva afeição que nos impele para o objeto dos nossos desejos; inclinação da alma e do coração; afeição; paixão; inclinação exclusiva; graça teologal.

aos outros, por favor, digam-me. Não me deixem adiar ou esquecer, pois jamais tornarei a viver este momento novamente. ( in O Dom Supremo, Henry Drummond [ 1851-1897])

No Novo Testamento: Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor, estes três, mas o maior destes é o amor. (Cor 13:13)

Em uma mensagem eletrônica recebida pelo autor :“enquanto guardei meu coração para mim mesma, jamais tive qualquer manhã de angústia ou noite de insônia. A partir do momento em que me apaixonei, minha vida tem sido uma seqüência de angústias, de perdas, de desencontros. Penso que, usando o amor, Deus conseguiu esconder o inferno no meio do paraíso” (C.A., 23/11/2006)

Segundo a etimologia: os gregos possuíam três palavras para designar o amor: Eros, Philos e Ágape. Eros é o amor saudável entre duas pessoas, que justifica a vida e perpetua a raça humana. Philos é o sentimento que dedicamos aos nossos amigos. Finalmente, Ágape, que contém Eros e Philos, vai muito mais longe do fato de “gostar” de alguém. Ágape é o amor total, o amor que devora quem o experimenta. Para os católicos, este foi o amor que Jesus sentiu pela humanidade, e foi tão grande que sacudiu as estrelas e mudou o curso da história do homem. Quem conhece e experimenta Ágape, vê que nada mais neste mundo tem importância, apenas amar. Para Oscar Wilde: A gente sempre destrói aquilo que mais ama / em campo aberto, ou numa emboscada; /alguns com a leveza do carinho / outros com a dureza da palavra; / os covardes destroem com um beijo, /os valentes, destroem com a espada. (in Balada do Carcere de Reading, 1898) Em um sermão no final do século XIX: Derrame generosamente seu amor sobre os pobres, o que é fácil; e sobre os ricos, que desconfiam de todos, e não conseguem enxergar o amor de que tanto necessitam. E sobre seu próximo - o que é muito difícil, porque é com ele que somos mais egoístas. Ame. Jamais perca uma oportunidade de dar alegria ao próximo, porque você será o primeiro a se beneficiar disto - mesmo que ninguém saiba o que você está fazendo. O mundo à sua volta ficará mais contente, e as coisas serão muito mais fáceis para você. Eu estou neste mundo vivendo o presente. Qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou qualquer alegria que puder dar

Para a ciência: no ano 2000, os pesquisadores Andreas Bartels e Semir Zeki, do University College de Londres, localizaram as áreas do cérebro ativadas pelo amor romântico, usando para isso uma série de estudantes que diziam estar perdidamente apaixonados. Em primeiro lugar, concluíram que a zona afetada pelo sentimento é muito menor que imaginavam, e são as mesmas que são ativadas por estímulos de euforia, como no uso da cocaína, por exemplo. O que levou os autores a concluírem que o amor é semelhante à manifestação de dependência física provocada por drogas. Também usando o mesmo sistema de escanear o cérebro, a cientista Helen Fisher, da Rutgers University, conclui que três características do amor (sexo, romantismo, e dependência mútua) estimulam áreas diferentes no córtex; concluindo que podemos estar apaixonados por uma pessoa, querer fazer amor com outra, e viver com uma terceira. Para um poeta: O amor não possui nada, e nem quer ser possuído, porque ele se basta a si mesmo. Ele irá vos fazer crescer, e depois os atirará por terra. Vos açoitará para que sintais vossa impotência, vos agitará para que saiam todas as vossas impurezas. Vos amassará para deixar-vos flexíveis. E logo vos atirará ao fogo, para que possais vos converter no pão bendito, que será servido na festa sagrada de Deus (in O Profeta, de Khalil Gibran, [1883-1931] ) OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 25


INSTITUCIONAL Vanessa C. M. Cavalcante

Diretora da Casa de Saúde São João de Deus

CASA DE SAÚDE SÃO JOÃO DE DEUS REVITALIZANDO SEMPRE!

Durante a década de 1980 na cidade de São Paulo houve uma grande demanda de cuidados aos doentes mentais e dependentes químicos e poucas instituições que cuidavam desse público. Conhecendo as obras assistenciais da Ordem Hospitaleira de São João de Deus no mundo, o então Cardeal e Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, convidou os Irmãos da Ordem Hospitaleira de São João de Deus para viabilizarem uma instituição de tratamento para doença mental e dependência química. Em 1983 a Ordem adquiriu o terreno, através do então Delegado Provincial Ir. Joaquim Vaz Correia. Terreno onde se implantaria a Casa de Saúde, em local ermo, de natureza exuberante, próximo ao Pico do Jaraguá. Para liderar o projeto da implantação da Ordem e da Casa de Saúde, em São Paulo, veio de Portugal o Ir. Júlio Faria dos Reis, com mais alguns Irmãos. A pedra fundamental foi lançada em 08/03/1987 e a construção começou, prolongando-se por mais de uma década. Mas logo no terceiro ano já foi possível começar a atender em regime de internação. O primeiro doente foi recebido em 14 de fevereiro de 1990. 26 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

Com sucesso, foi implantado o tratamento especializado em doenças mentais, álcool e drogas. Passaram quase 30 anos, sempre buscando e aprimorando a, qualidade assistencial em regime de internação hospitalar, com uma equipe qualificada também à reinserção social. Ao passar dos tempos a Casa de SSJD vem realizando diversas ações de revitalização em sua infra-estrutura física. O objetivo é oferecer atendimento de excelência e uma assistência médica integral a seus clientes, com qualidade e segurança, dirigida a pacientes do SUS, de convênios e particulares. Em 17de maio de 2017 reinauguramos a unidade São Ricardo Pampuri, totalmente revitalizada, para atendimento a dependentes químicos. São instalações adaptadas conforme a RN251 do MS, com salas de TV amplas e arejadas, com televisores modernos e DVDs, salão de jogos e pátio para lazer, se enquadrando dentro da forma mais moderna de ambientoteria. Inclui também uma sala de emergência equipada.


Além dessas obras, a CSSJD ainda tem realizado outras ações de melhorias, como reforma das instalações físicas e aproveitamento do espaço da instituição. Nos últimos seis meses, entre outras medidas, houve instalação de novos aparelhos de oxigênios, construção de uma academia de ginástica e sala de informática. Desde a reinauguração da Unidade São Ricardo, recebemos vários pacientes, de todas as regiões de São Paulo, em quadro de extrema vulnerabilidade, bem como imigrantes, inclusive da África e da América, e de países como Rússia e Arábia. Estamos engajados a prosseguir de forma contínua ao tratamento de pessoas com uso problemático de drogas, trabalho este já realizado por anos em nossa instituição. Para isso, somos um dos hospitais conveniados ao Projeto Redenção, da Prefeitura de São Paulo, projeto este que visa acolher e tratar dependentes químicos da “Cracolândia”,

atendimento que agrega valores. Nestes últimos meses foram realizadas várias palestras de Educação Continuada, Semana de Psicologia e Semana da Humanização e reuniões com o Corpo Clínico, Enfermagem e demais categorias profissionais, a fim de se aperfeiçoar e disseminar uma visão de futuro da nossa Instituição, pois um profissional bem treinado exerce suas ações com mais conhecimento, habilidade, humanidade e competência para atender mais adequadamente as necessidades de saúde e expectativas do ser humano. Devemos salientar que houve um aumento no quadro de profissionais (médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas, educador físico, entre outros). São estes profissionais que lidam diretamente com os pacienes todos os dias e que, com seu zelo, são responsáveis pelo sucesso dos processos terapêuticos. É através do seu trabalho que o paciente irá se sentir bem cuidado ou não, influnciando na duração da sua recuperação. Com respeito à valorização da pessoa emergem os conceitos de humanização, acolhimento e responsividade, que interligam os usuários com os profissionais. As obras fazem parte do projeto de revitalização que tem como objetivo central oferecer atendimento de qualidade e humanizado.

localizada no Centro da cidade. Desta forma, mantemos nossa ação hospitaleira, visando à reintegração social desta população junto à rede de Saúde Publica do município, agregando ao nosso serviço mais uma ação de saúde, humanização social e psicológica dirigida a quem mais necessita de nossos cuidados. A CSSJD não esta preocupada somente com a estrutura física e recursos físicos, mas com o conhecimento e o bom OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 27


INSTITUCIONAL

“Hoje estou inteiro... Recobrei a alegria de viver” Relato de um interno da Casa de Saúde SJD, em dia de alta

Queridos (as) Amigos(as) [da Unidade] São João D’ Ávila Desde que aqui cheguei no início de fevereiro 2017, costumo fazer um relatório de cada dia. O Relatório deste último dia de internação, gostaria de compartilhar com vocês. 8 meses nesta clínica fazendo a viagem mais difícil na vida: a viagem dentro de mim mesmo. Agradeço a Deus, porque fora dele não há Salvação. Agradeço carinhosamente a cada profissional, competentes e humildes que ajudaram na restauração de minha vida. Quando aqui cheguei com idéia suicida, estava desfigurado, sem esperança, com a vida despedaçada. Aos poucos com a presença amorosa dos profissionais, um horizonte foi se abrindo, minhas forças sendo restabelecidas, os cacos iam sendo recompostos: verdadeiro trabalho de artistas. Hoje estou inteiro, não mais escravizado, tenho objetivos, metas. Recobrei a alegria de viver. No entanto, me dediquei totalmente ao tratamento, nem pensava em licenças. Queria conviver com esta família da clínica, na qual Deus me colocou. Viver intensamente cada atividade. Com os internos compartilhei as mesmas dores e alegrias. Lágrimas e sorrisos, brincadeiras, descontraindo o cansaço e saudades da família. Quanta lição de solidariedade que aprendi, altruísmo, aceitação das diferenças. Muito aprendi com todos que estão ou passaram durante minha estadia. Aceitem de coração aberto o trabalho dos profissionais. Deus age pela mediação humana. Colaborem com eles para que vocês possam ajudálos. Por fim, imploro a todos que não desanimem, levantem a cabeça e olhem para frente. Precisa de tempo para renascer uma nova pessoa. Não se sintam humilhados, porém humildes. Confiem em Deus, nos profissionais e sobretudo confiem em vocês mesmos. Fica meu carinho, orações e a benção fraternal. Padre H.F. Dia 12 de outubro de 2017. Festa de Nossa Senhora Aparecida.

28 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE


INSTITUCIONAL

ACOLHENDO A FERTILIANA Chamemos-lhe Fertiliana, para assegurar o anonimato. Fertiliana chegou à Casa da Hospitalidade por indicação de uma vizinha que um dia ali recebeu ajuda. Vinha despenteada acima da média e vestindo uma camiseta visivelmente fora do prazo de validade. Atrás trazia uma mocinha de onze anos e no colo um menino de dois, ainda mais despenteados do que ela. Tinham batido em outras portas, inclusive da assistência social, que lhes "cortara a cesta básica", mas suas carências perduravam. Imaginamos uma mulher de vinte anos, sem parceiro, mãepai de duas crianças, lutando para sobreviver. Mas enganamonos bastante: ela nascera há 26 anos, a primeira filha chegara logo aos 13 e depois vieram mais cinco, totalizando 4 elas e 2 eles. Felizmente todos do mesmo pai, que ainda não se cansou da família e faz bicos para obter algum dinheiro. Não deu para prolongar muito a escuta, empenhados como estávamos na preparação do Encontro de Cuidadores que ia acontecer na entidade. Oferecemos doces às crianças e prometemos visitar a família antes do pôr-do-sol. Fertiliana pareceu duvidar, habituada a esperar semanas pelas promessas da assistência pública! Chegamos à sua casa de tijolos sem pintura ao anoitecer, num dos bairros mais periféricos da cidade, com muita poeira e nenhum asfalto. As ruas acabavam de iluminar-se, mas a casa não. A distribuidora tinha desligado a energia da família, naquela tarde, por falta de pagamento. A mãe atravessou conosco o pátio de terra, semeado de lixos, e entramos. Estavam lá todos sete, aliás nove, somando as visitas: a irmã de Fertiliana, de 13 anos, e um bebê também já progredindo nas suas entranhas precoces. Com ajuda da lanterna do celular, os fomos progressivamente descobrindo, todos na mesma sala-cozinha, que o outro cômodo é para dormirem.

Por Ir. Augusto Gonçalves

Para descrever o cenário só Aluísio de Azevedo ou Eça de Queiroz: uma adolescente tiritava de frio, outra se embrulhava numa camisola, a terceira mexia no celular e dois menorzinhos se agarravam à progenitora pedindo atenções em linguagem de mãe; três estavam descalços e o cabelo do mais novinho nunca vira pente. Na geladeira havia água e margarina e no fogão não havia fogo nem panelas. Quase todos mostravam vergonha como a de antigamente e Fertiliana, com o caçula no colo, tentava apresentar a família e a casa com naturalidade, mas deixando claro que precisavam de ajuda. Do pai evitavam falar, mas quando apontamos a lanterna para o quarto, vimos ele sentado na cama, com a cabeça entre as mãos, imóvel e mudo, sem responder à nossa saudação. E lá foram explicando que ele ficara muito triste com o corte da luz e com a falta de dinheiro para a mandar religar. Prevendo o cenário emergencial, tínhamos levado dois cobertores, uma cesta de alimentos e um colchão. Deixamos tudo com a família. E também o compromisso de voltarmos no dia seguinte, para levarmos um volume de roupas limpas, que a CH sempre recebe e, sobretudo, para desenharmos uma engenharia financeira que resgatasse a luz para todos. Se possível dialogada com o pai! A ocupação promocional das crianças, a recuperação do apoio alimentício municipal e a dignificação dos ambientes anotamos para etapas seguintes desta nova parceria entre a Casa da Hospitalidade e a humanidade ferida. Porque o mundo ainda não é como Deus quer. Mas um dia será! Aparecida do Taboado, 03 de agosto de 2017 Ir.augusto@saojoaodedeus.org.br OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 29


INSTITUCIONAL Aires Gameiro, OH

Estudioso do Fundador e capelão da Casa de Saúde São João de Deus - Funchal

SÃO JOÃO DE DEUS: ACOLHIDO COM MISERICÓRDIA RESPONDEU COM HOSPITALIDADE

A vida de S. João de Deus é apelo a dar-se a Jesus Cristo e a viver a vida em obras de fé e caridade. Ele é uma figura de santidade universal e fundador da Ordem Hospitaleira porque aceitou ser acolhido pelo Pai misericordioso; e respondeu à hospitalidade de Deus misericordioso para com ele, tornando-se hospitaleiro para os pobres e doentes da rua, em Granada. Pedia para eles, pelas ruas, clamando: “Irmãos, quem quer fazer bem a si mesmo, doando para os pobres... fazei o bem, irmãos, fazei o bem por amor de Deus” Nas maiores dificuldades manteve fé e confiança plena e total em Jesus Cristo “que não me deixará mal”. Ao cavaleiro e benfeitor Guterres Lasso testemunha “confio só em Jesus Cristo, porque conhece o meu coração”.


Cuidava de pobres, doentes e necessitados dentro e fora do seu hospital com a ajuda de muitos benfeitores a quem agradece, por quem reza e a quem evangeliza com as suas palavras e cartas. Convidava candidatos para seus companheiros de hábito e aceitava-os com a condição de se converterem a Jesus Cristo em entrega em vida de oração e de obras de caridade para com os doentes. Não acolhia só adultos, acolhia bebés expostos (meninos e meninas abandonados) arrumando-lhes amas e famílias de acolhimento para os criarem e para mais tarde se casarem com os dotes que lhes conseguia angariar. Também evangelizava e dignificava homens pecadores e mulheres da prostituição. E às que aceitavam a sua proposta, encaminhava-as para famílias de adoção, para se prepararem para se casarem, apoiadas pelos dotes que conseguia dos seus benfeitores. Foi santo hospitaleiro universal porque acolheu o dom de Deus e respondeu com a oferta de si mesmo. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 31


IRMÃOS QUE MORRERAM DE EBOLA AGORA PODEM SER BEATIFICADOS Depois que o Papa Francisco publicou o Motu proprio ‘Maiorem hac dilectionem”, ficou aberta a possibilidade de abertura de processos de beatificação como dos Irmãos (e Colaboradores) que morreram na última epidemia de ebola, na Serra Leoa e na Libéria, em África, no ano 2014. Ele aprovou um novo critério ou normativa para as beatificações: perder a vida pelo próximo, por amor de Jesus. Segundo declarações do Superior Geral da Ordem, Ir. Jesús Etayo, à agência de notícias Zenite, "foram 18 pessoas (4 Irmãos, 1 religiosa e 13 Colaboradores) as que sabiam que estavam se expondo à morte". E recordou que "muitos poderiam ter deixado esses países, em particular os que eram europeus, e outros poderiam mudar-se para lugares não contaminados, porém eles decidiram ficar com o povo; e mesmo quando precisamos de fechar os hospitais, por virarem focos de infecção, não pararam seu trabalho: na Serra Leoa os Irmãos iam de casa em casa levar comida às pessoas que estavam de quarentena”.

ATIVIDADE ASSISTENCIAL DA ORDEM (dados de 31 de dezembro de 2015)

TIPO DE OBRAS

CENTROS OU SERVIÇOS

LEITOS

Atividade hospitalar

87

15.343

38.868

2.519

Serviços clínicos não hospitalares

62

420

1.233

137

Serviços para pessoas com doenças mentais

68

9.403

7.988

997

Serviços para pessoas com deficiência

74

5.638

6.430

2.588

Serviços para idosos

42

3.353

1.883

1.463

Serviços sócioassistenciais

69

4.156

1.212

22.978

TOTAIS

402

38.313

57.614

30.682

32 | OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE

PROFISSIONAIS VOLUNTÁRIOS

ORDEM HOSPITALEIRA SE UNIFICANDO NA AMÉRICA LATINA As Comunidades e Centros da Ordem Hospitaleira de São João de Deus estão promovendo a RECONFIGURAÇÃO da sua presença e missão nos 11 países latino-americanos e do Caribe onde ela opera. O objetivo é os Irmãos renovarem o seu estilo de vida consagrada e a Família Hospitaleira, como um todo, atualizar o seu funcionamento neste continente. As atuais três Províncias religiosas e duas Delegações, com um total de 40 centros assistenciais e 110 Irmãos, congregados em cerca de 30 Comunidades, podem virar uma única Província (ou serão duas?). Trata-se de um processo iniciado em 2015 e que deve prolongar-se por mais alguns anos, quando será eleito o Superior Provincial e Conselheiros para a região América Latina e organizada a superestrutura de gestão, com Irmãos e Colaboradores leigos, para assessorá-lo na missão de presidir e animar a Ordem na região. Para o Ir. Jairo Urueta, colombiano e atual delegado do Superior Geral para a América Latina “a Reconfiguração é uma experiência do Espírito... para gerarmos espaços de maior profundidade tanto em nossa fraternidade como na gestão dos centros e Obras da Ordem Hospitaleira”. Nos aspetos de avaliação e reprogramação da vida dos Irmãos, somos assessorados pela equipa argentina Planpasar e nos aspetos da avaliação, otimização e integração dos centros assistenciais, somos acompanhados pela empresa americana McKinsey. Um marco importante de avaliações e decisões sobre este processo será o primeiro Capítulo Regional (ou inter-provincial), que acontecerá na Colômbia de 29 de janeiro a 09 de fevereiro de 2018, com a participação de Irmãos e Colaboradores representantes de toda a América Latina. Não há dúvida: a globalização está chegando!


SEMANA DA HUMANIZAÇÃO 2017 Nas Obras de São João de Deus, em Apa do Taboado, Itaipava e S. Paulo, se realizou a XIII Semana da Humanização, este ano sob o tema “Acolhendo a Diversidade” (de religião, raça, cor, gênero, filosofia de vida, idade, etc.), dado o imperativo crescente de abrirmos nossas estruturas e nossas pessoas para acolher todos os que nos procuram e todos os que somos. Todos, cada um com sua singularidade, mas todos igualmente dignos, todos! Tratase de uma iniciativa hospitaleira, exclusiva do Brasil, com objetivos claros de promover mais humanização nas estruturas, processos e espaços assistenciais e nas pessoas que lhe dão vida: Irmãos, Colaboradores, usuários e parceiros. Durante uma Semana cada um dos Centros assistenciais se transfigurou, o ambiente virou festa, Dezenas de eventos se sucederam, o comprometimento aumentou e as distâncias entre as pessoas diminuíram. Em pelo menos um dos Centros houve testemunho de transexual, palestra sobre Diversidade, Saúde da Mulher, LGBTs ou Vida e Obra de São João de Deus, noite de pizza, gincana, futebol usuários vs funcionários, musicoterapia, cabeleireiro grátis, momentos espirituais, manicure, cafés fraternizadores, roda de samba, capoeira, bazar beneficente, formação de cuidadores, visitas domiciliares a usuários antigos, aulão de Zumba, e até inauguração de academia em São Paulo, entrevista radiofônica em Aparecida e curso de BLS em Itaipava.

CASA DE SAÚDE INAUGURA ACADEMIA Foi inaugurada, oficialmente, a Academia da Casa de Saúde São João de Deus. O novo espaço é mais uma ótima opção para os pacientes praticarem atividade física. A academia conta com dois educadores físicos Simone e Plínio ,que serão responsáveis pela execução do projeto, para orientação e acompanhamento dos pacientes em suas atividades. Conforme a diretora Vanessa Cavalcante frisou no discurso de abertura, o evento era “um ato simples, mas significativo, que reforça as atividades terapêuticas e auxilia na qualidade de vida, contribuindo efetivamente para o bem estar dos pacientes considerando-os como uma totalidade que envolve corpo e mente”.

SEMANA DE PSICOLOGIA, NA CASA DE SAÚDE SJD Nos dias 21 a 25 de agosto/17 decorreu a Semana de Psicologia da Casa de Saúde São João de Deus, em São Paulo. Foi um evento organizado pelo serviço de Psicologia da entidade, coordenado pelo Ir. José Raimundo, mas aberto a outros profissionais, voluntários e estagiários, inclusive os Irmãos noviços. Os 5 psicólogos palestrantes discorreram sobre temas como Esquizofrenia, Dependência Química, Transtorno de Personalidade Borderline, Suicídio e Cuidados a usuários de substâncias psicoativas.

Liderando tamanha organização estiveram sobretudo membros da Escola de Hospitalidade, dos serviços de Pastoral e Humanização e as Diretorias dos Centros.

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MAIS UM SHOW DE PRÊMIOS A FAVOR DO LAR SJD

1°ANIVERSÁRIO DO CENTRO DE ATIVIDADES IRMÃO FERNANDES

O Lar São João de Deus promoveu mais um Show de Prêmios, evento de captação de recursos. Os prêmios bem atrativos e a vontade de ajudar o Lar, levaram à quadra esportiva do Liceu de Itaipava, sempre parceiro do evento, cerca de 500 pessoas desse distrito e arredores, na sua maioria freqüentadores habituais deste evento que acontece três ou quatro vezes por ano. Alguns idosos do Lar também não perdem o Show!

No Lar São João de Deus, em Itaipava, houve festa no dia 1° de outubro. Passava um ano sobre a inauguração do Centro de Atividades Irmão Fernandes (CAIF) e era preciso celebrar essa história de sucesso!

Além dos sorteios dos prêmios, são oferecidas barraquinhas de pastel, cachorro quente, bebidas, caldos e doces. No final, a alegria dos premiados e o sentimento de uma tarde festiva bem passada para todos! E no caixa do Lar mais um dinheirinho para enfrentar os custos daqueles internos que não podem arcar com a mensalidade completa.

Sucesso também para o casal Sílvia e Carlos Roberto Siqueira Castro, que doou os recursos para sua construção e agora poder ver o projeto em real funcionamento. Ele oferece oficinas de tai chi chuan, computação, oficina de memória, educação física, grupoterapia e outras atividades. Além de idosos internos, também a comunidade circunvizinha se beneficia, gratuitamente, destas atividades. São já cerca de 80 os “alunos” externos inscritos, que se deslocam uma ou mais vezes por semana ao Lar. Vêm se socializar, criar novos vínculos de amizade, sempre benéficos para o bem estar das pessoas idosas. O Centro de Atividades é uma inovação na cidade e está se tornando referência no município pelo formato moderno, atrativo, diferente, onde as oficinas acontecem de forma bem integrada, simultaneamente no mesmo galpão. O grupo de participantes é bem animado, solicitando novas atividades e buscando novas oportunidades para agregar mais valor ao Centro. Está sendo um sucesso!


10 ANOS DA CASA DA HOSPITALIDADE, EM APARECIDA DO TABOADO - MS A Casa da Hospitalidade, em Aparecida do Taboado completou 10 anos. Em 04 de agosto de 2007 ali chegaram dois Irmãos para um projeto diferente: pequeno, leve, barato, inserido, aberto a todos, eficaz na evangelização pela hospitalidade e com o estilo de São João de Deus. Ocuparam e equiparam uma casa para residência e base de apoio da missão, adquiriram 2 bicicletas e, sob o lema “Pela vida a vida toda“, começaram a procurar pessoas e famílias em situação de doença, solidão ou especiais necessidades, guiados pela “lista” das obras de misericórdia: alimentar, acompanhar, vestir, abrigar, cuidar, visitar, sepultar, defender, ensinar, dignificar, acolher, socorrer, anunciar e rogar. Hoje os protagonistas são um grupo de dedicados Voluntários/ as que, coordenados localmente pela “Dona Zefa” e dirigidos à Distância pelo Ir. Augusto, asseguram a continuidade dos programas. E estão procurando mais companheiros/ as. A Prefeitura e uma centena de doadores sustentam a Casa. Festejando os 10 anos, houve visitas a 20 antigos usuários, formação para 30 Cuidadores de Idosos e Doentes, confraternização dos Voluntários, entrevistas e reportagens na mídia e Missa de Ação de Graças. Muitas graças!

PROJETO INTERGERAÇÕES: GERANDO O “ENCONTRO” ENTRE JOVENS E IDOSOS - LAR SJD Que “trocas” de aprendizagens podem ser geradas no encontro entre pessoas jovens e idosos? Como a literatura e outras expressões artísticas podem ser mediadoras e facilitadoras do diálogo entre humanos de idades/tempos diversos? Estas questões deram vida ao Projeto Intergerações desenvolvido no Lar São João de Deus, entre os hóspedes do Lar e um grupo de jovens estudantes do Colégio Municipal Cândido Portinari, de vários anos do Ensino Médio. O objetivo era sensibilizar os envolvidos para a Cultura do Encontro Intergerações, a partir da partilha de experiências dos próprios jovens em suas relações com idosos e idosas, seus parentes, vizinhos e outros/a tendo como inspiração a Cultura do encontro na Ordem Hospitaleira.

Aprovada a proposta do Lar por professores e professoras e da coordenação pedagógica, agendaram-se três encontros no período de setembro a outubro. Cada umas dessas três vivências contou com a participação de 20 jovens e de professores/as, sendo o da área de linguagem responsável por animar, no colégio, as “ressonâncias” dos jovens. A culminância ocorreu em 24 de novembro, com os jovens e os/as professores/as, apresentando um musical e recital de poemas. A escolha da música como “ponte” de diálogo, deuse a partir dos desdobramentos das vivências no Lar no espaço do colégio, por decisão dos próprios estudantes e dos/as professores/as. Momentos de enquete dos jovens sobre quais músicas idosos e idosas gostavam de ouvir, abriram espaço para um diálogo, através das lembranças e do reconhecimento mútuo de temas, estilos e cantores/as. Tais vivências possibilitaram um registro audiovisual, em que idosos/as rememoram canções que remetem a tempos, espaços e histórias de vida muito concretos.

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INSTITUCIONAL

COMO SE FORMA UM IRMÃO HOSPITALEIRO? “Todo o processo formativo visa o desenvolvimento harmônico e coerente da pessoa, para que seja capaz de assimilar o nosso carisma e de o viver com profundo espírito evangélico” (Const. 56) Primeiro o jovem, ou o homem, vê as necessidades do povo e escuta seus clamores; depois percebe que alguém precisa de fazer algo para mudar as coisas; em seguida, se ele conhece Deus, pode ouvir sua voz lhe sussurar que pode ser ele o escolhido para trabalhar na causa; finalmente, se é suficientemente generoso, saberá responder: “Senhor, eisme aqui, envia-me!”. E se apresenta à Igreja. Aí começa a formação sistemática, misturando sempre a teoria/estudo/ oração com a prática/ /intervenção/pastoral, num seminário ou numa Casa religiosa, para chegar a ser um Irmão ou um Padre, consagrado a Deus para o serviço das pessoas. Desde o chamamento até ao compromisso definitivo vai um longo caminho que a pessoa é convidada a percorrer até se integrar definitivamente num instituto religioso. É longo , mas não é penoso. Semelhante a um namorro prolongado que prepara um casamento feliz. No caso dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus a formação pressupõe: • Um chamado à conversão, segundo o estilo de S. João de Deus; • Sensibilidade perante o sofrimento humano; • Uma opção clara pelas pessoas pobres; • Uma resposta aos desafios da hospitalidade de hoje; • Um claro interesse pela cultura, pelo estudo e pela formação; • Uma aplicação da doutrina da Igreja à realidade concreta do mundo do sofrimento e da marginalização; • Uma preparação para viver a comunhão da Ordem; • Uma visão do futuro, favorecendo novas responsabilidades; • Uma presença significativa da Ordem com base no respeito pelo pluralismo cultural; • Comunidades que expressem os valores essenciais da vida consagrada em hospitalidade.

Meu nome é Marcos Antônio, nasci na cidade de Ocara-CE, tenho 22 anos. Venho de família pobre, na área rural. Desde pequeno frequentei a capela da minha comunidade e participava das celebrações. Durante o estudo do ensino médio passei a me questionar sobre qual profissão iria escolher, e nesse mesmo tempo estava um pouco afastado da Igreja, devido às exigências escolares. Quando já estava para concluir o ensino médio tive uma experiência espiritual e a partir daí entendi Deus um pouco melhor e a mim próprio também. Após refletir, percebi que o Senhor me chamava a segui-Lo. Fiz um breve discernimento e, ultrapassadas algumas dificuldades, arrisquei entrar num seminário. Porém, acabei não me encontrando na vocação sacerdotal e regressei ao ambiente familiar. Meio ano depois, trocando mensagens com um amigo, que estava na Ordem Hospitaleira, descobri que a Vida Religiosa poderia ser a opção certa para a minha vida, pois combinava com meu modo de viver e ver a vida, pois me enxergava como alguém vocacionado para fazer o bem e ficar próximo das pessoas doentes ou em necessidade. Passei a manter contato com os Irmãos e fui progressivamente me interessando pelo carisma, a espiritualidade e a missão que a Ordem desenvolve, nas pegadas do fundador, São João de Deus. Ele foi um homem que fez o bem a todos sem distinção, doou-se totalmente aos pobres e necessitados. Em abril de 2015 fui viver com os Irmãos, na Comunidade de Itaipava e em fevereiro de 2016 fui admitido ao Noviciado, aqui em São Paulo, onde participo do processo formativo com mais dois companheiros. Me sinto feliz em servir, seja no cozinhar ou na preparação da oração comunitária, no banho dos doentes ou nas suas atividades ocupacionais, nas aulas de teologia ou no lazer. Professarei em fevereiro de 2018, se Deus continuar a confirmar os meus propósitos e os superiores aceitarem o meu pedido de consagração. Pela minha parte estou bem nesta Família Hospitaleira, me aprofundando sempre mais no amor de Deus e servindo aos que mais necessitam.


ACONTECEU | ACONTECERÁ SETEMBRO/2017 11 a 14 - Madrid

NOVEMBRO/2017 10 a 12 - Roseira, SP

DEZEMBRO/2017 02 a 05 - São Paulo

DEZEMBRO/2017 dia 16 - São Paulo

DEZEMBRO/2017

dia 30 - Timor Leste

I Congresso Internacional de Bioética da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, com participação de 500 participantes de uma centena de Centros assistenciais da Ordem e muitos outros estudiosos destes temas. Numa tarde visitaram algum centro OH, em Madrid. Do Brasil participou 01 Irmão e 01 Colaborador. Jornada Hospitaleira 2017, para 45 Irmãos e Colaboradores da Ordem. Tema: “70 anos da Ordem Hospitaleira no Brasil: Passado, Presente e Futuro”.

Pré-Capítulo da Delegação Brasileira, com participação de todos os Irmãos no Brasil e Colaboradores convidados. Realiza-se em São Paulo e prepara o Capítulo Provincial a realizar em Portugal, em 2018

I Simpósio de Psicologia da Casa de Saúde São João de Deus, para Profissionais da instituição e alguns convidados.

Profissão religiosa solene do Irmão Elvis do Rosário e do Irmão Bonifácio Lemos da Costa, primeiros Irmãos do Timor Leste.

JANEIRO/2018

1° Capítulo Regional da Ordem na América Latina e Caribe. Participam os Irmãos que exercem cargos Provinciais mais os vogais canonicamente eleitos em cada uma das Províncias e Delegação. Serão convidados também Colaboradores leigos. Os participantes do Brasil têm estatuto de convidados já que sua circunscrição canônica ainda é a Província Portuguesa.

FEVEREIRO/2018

Capítulo Provincial da Província de Portugal – Brasil – Timor Leste. Participam 04 Irmãos do Brasil e alguns Colaboradores. Nele se avalia o quatriênio 2014-2018, se formulam políticas e linhas de ação para o quatriênio seguinte e se elege o Provincial e 4 Conselheiros para tal quatriênio. Também será nomeado o Delegado Provincial para o Brasil, talvez pela última vez, considerando a evolução das Comunidades.

29 a 09 fev - Colômbia

26 a 02 mar - Portugal

SUGESTÕES DE NOSSA EQUIPE

filme livro

O QUINTO MANDAMENTO | de Rafael Lara | 90 minutos | México 2012

Sugerido por Ir. José Raimundo

Victor, personagem central da trama é filho de uma família simples. Sua mãe, católica praticante, acredita que ele está seguro no seio da Igreja. Quando criança Victor sofrera diversos abusos. Angustiado e solitário, busca refúgio no isolamento social. Quando chega à idade adulta, comete diversos crimes. O filme nos faz pensar que Victor é portador de transtorno mental (esquizofrenia).

Sugerido por Ivani Cruz

História completa, relatada pela autora, sobre as barbaridades praticadas no Hospício Psiquiátrico de Barbacena, MG. Foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.

site

Sugerido por Felipe da Cunha

HOLOCAUSTO BRASILEIRO | de Daniela Arbex | Gênero: Reportagem

AMIGO DO PEITO | www.cardiol.br O site da Sociedade Brasileira de Cardiologia traz orientações que ajudam a evitar males como hipertensão, colesterol alto, diabetes. Se você fuma e não consegue largar o cigarro, por exemplo, clique no botão “teste seu coração” e depois selecione a opção “quanto você já gastou com cigarro?”. O sistema vai calcular o quanto de dinheiro já queimou com esse vício. Uma pessoa que tem 45 anos e, desde os 18, fuma dois maços por dia, já gastou R$ 50.544,00. Outro destaque são as receitas: saudáveis, bem explicadas e variadas. Tudo com a quantidade de calorias e colesterol por porção. Tem também a indicação de frequência do consumo máximo do prato na semana. Sem contar que a plataforma do site é bem didática com informações de simples e bem descontraídas, dando ao leitor vontade de navegar mais e mais nas informações relevantes oferecidas. OH! SAÚDE&HOSPITALIDADE | 37


O que d política prazer riqueza saber s negócio ciência oração

Mahatma Gandh

Líder da não violência, p


destrói a humanidade: a sem princípios, sem compromisso, a sem trabalho, sem caráter, os sem moral, a sem humanidade, o sem caridade.

hi (1869 – 1948)

pai da Índia independente.


CONHEÇA E AJUDE A ORDEM HOSPITALEIRA NO BRASIL E NO MUNDO

Casa de Saúde São João de Deus

Lar São João de Deus Petrópolis, RJ

São Paulo, SP

Casa da Hospitalidade

Comunidade dos Irmãos

Aparecida do Taboado, MS

Divinópolis, MG

Estrada União Indústria, 12.192 Itaipava 25750-226 PETRÓPOLIS - RJ

Estr. Turística do Jaraguá, 2365 Pirituba 05161-000 SÃO PAULO - SP

Rua Duque de Caxias, 3001 Jd. Pioneiros

79570-000 APARECIDA DO TABOADO - MS

Rua do Cobre, 800 Bairro São João de Deus 35500-227 DIVINÓPOLIS - MG

Tel: (24) 2222-2657

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