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Portugal As previsões apontam para um crescimento do PIB real de 5,4 % em 2022, desacelerando para 1,7 % em 2023. Um forte investimento público, impulsionado pelos fundos da UE, e a retoma das exportações do turismo deverão apoiar a recuperação. No entanto, a guerra na Ucrânia, os problemas na cadeia de abastecimento e a subida dos preços da energia e das matérias-primas afetarão a atividade, reduzindo a confiança e o poder de compra. Embora ainda exista capacidade produtiva não utilizada, prevê-se que o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares faça disparar a inflação para 6,3% em 2022 e 4% em 2023. Haverá uma aceleração dos salários à medida que o número de horas trabalhadas voltar aos níveis anteriores à pandemia, mas tal não será suficiente para salvaguardar o poder de compra das famílias face ao aumento da inflação. Atendendo aos elevados níveis de dívida pública, será fundamental manter uma política orçamental prudente e definir um plano credível de consolidação orçamental a médio prazo para garantir condições de financiamento favoráveis. A fim de limitar os efeitos da subida rápida da inflação com custos mínimos, os apoios orçamentais devem ser temporários e direcionados para a população mais vulnerável. Uma aceleração do investimento verde permitirá não só apoiar a recuperação, como também reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Incentivar a adoção de tecnologias digitais através de um acesso mais generalizado a serviços de formação e consultoria digital seria uma forma de impulsionar a competitividade das empresas e de estimular a produtividade. A recuperação económica está a abrandar O forte crescimento do consumo privado e a retoma da atividade turística sustentaram o crescimento do PIB no início de 2022. O ritmo de recuperação está, no entanto, a abrandar, numa conjuntura de elevada incerteza, de subida acentuada dos preços das matérias-primas e da energia e de descida dos salários reais. Os preços no consumidor aumentaram 8,1 % em termos homólogos até maio e sofrem atualmente pressões mais generalizadas. A confiança dos consumidores caiu bruscamente e as vendas a retalho abrandaram. O forte aumento dos custos de produção afetou negativamente o sentimento nos setores da construção e da indústria, ao passo que a retoma do turismo tem animado as perspetivas do setor dos serviços. Apesar da descida da taxa de desemprego, o número de horas trabalhadas permanece abaixo dos níveis anteriores à pandemia, e as pressões salariais são, por enquanto, limitadas.
Portugal A inflação elevada está a contagiar todos os setores % 8
O investimento público está a apoiar o crescimento % 20
← Inflação ← Núcleo de inflação
% do PIB 60
% do PIB 6
15
55
5
4
10
50
4
2
5
45
3
0
0
40
2
-2
-5
2022
2020
2018
2016
-10
2014
2023
2012
2022
2010
2021
2008
2020
2006
2019
1
← Despesas correntes¹
2004
30 -4
Formação bruta de capital fixo →
35
2002
Inflação de energia →
2000
6
0
1. As despesas correntes incluem o consumo final do governo, benefícios previdenciários, renda de propriedade e outras despesas. Fonte: Base de dados OCDE Economic Outlook 111; Base de dados sobre índices de preços ao consumidor da OCDE; Base de dados dos Principais Indicadores Económicos da OCDE; e cálculos da OCDE. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS DE LA OCDE © OCDE 2022