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À VOLTA DOS NÚMEROS / MEMÓRIA

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Pois, se, por hipótese, algum de vós viesse a sonhar e a conseguir tal proeza… não seria o primeiro Português a merecer e a ter tal honra! Pedro Nunes, grande matemático português do séc. XVI (1502-1578), foi o mais importante cientista português de todos os tempos e, a comprová-lo, lá está, na Lua, uma cratera com o nome de "Nónio". E mais, existe também um asteróide com o nome de “Nunes”! Espanto? Outros génios mundiais, tais como Cristóvão Colombo, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Descartes, Pitágoras, Isaac Newton, Dante Alighieri, entre outros, mereceram e tiveram idênticas honras. Pedro Nunes viveu em pleno apogeu dos Descobrimentos Portugueses e foi um dos protagonistas dessa epopeia. Uma época em que os portugueses deram novos mundos ao Mundo e foram donos do primeiro Império global da História, com um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes, sob soberania portuguesa: o “Império Colonial Português”. Protegido do rei D. João III, Pedro Nunes foi nomeado Cosmógrafo Real, em 1529, e

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Cosmógrafo-mor, em 1547. Em plena época dos Descobrimentos, os matemáticos eram imprescindíveis para o conhecimento e desenvolvimento da arte de navegar. Pedro Nunes apresentou a navegação como Ciência Matemática, ensinou pilotos e reis, planeou cartas marítimas, introduziu equações na náutica, aperfeiçoou regimes náuticos e escreveu tratados para uso dos mareantes.

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Quem é que não gosta de sonhar "largo" e alto? Por exemplo, sonhar que viajou até à Lua e deixou lá o seu nome escrito ou, ainda melhor, sonhar que há-de vir a ser um excelente aluno de Matemática, talvez mesmo um cientista, reconhecido e admirado na Europa e no resto do Mundo… um cientista merecedor de dar o seu nome a uma cratera lunar e – quem sabe? – talvez a um asteróide, também… ou será que os vossos sonhos andam um tanto por baixo?! É certo que não basta sonhar, mas… o sonho comanda a vida!

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PEDRO NUNES: A CIÊNCIA EM BOM PORTUGUÊS im

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científico, destacam-se duas vertentes: as traduções e comentários e os trabalhos originais.

A ele se ficou a dever a invenção do nónio, peça que, junta ao astrolábio, servia para medir fracções de grau, permitindo obter medidas mais precisas dos ângulos de altura dos astros.

Das traduções comentadas e expandidas fazem parte o Tratado da Sphera, baseado num livro homónimo de João Sacrobosto, e Geografia de Ptolomeu.

Descobriu a linha de rumo (loxodromia) e explicou que a distância mínima a percorrer por um barco entre dois pontos da Terra é um arco de círculo máximo e não uma linha recta, o que veio dar maior rigor à navegação, com uma precisão até à dezena de quilómetros.

Estas duas obras são consideradas por muitos a principal fonte astronómica d’ Os Lusíadas. Camões, seu contemporâneo, demonstrou conhecer com rigor a obra de Pedro Nunes, ao colocar na voz da deusa Tethis a descrição do mundo tal como este é descrito no Tratado da Sphera e no livro primeiro da Geografia de Ptolomeu:

Apesar de não ter chegado a concretizar as suas teorias na elaboração de um mapa, mudou a forma de cartografar os oceanos e de representar o mundo, o que veio a ser concretizado por Gerardus Mercator (1512-1594), que revolucionou a cartografia, cujo sistema é usado até hoje. Pedro Nunes resolveu também o problema da "extensão do crepúsculo em diferentes climas", determinando a data e a duração do crepúsculo mínimo para cada lugar no globo. Para demonstrar o génio de Pedro Nunes, este problema ocupou os irmãos Bernoulli século e meio mais tarde, com menos sucesso. Das suas muitas obras, um verdadeiro legado

“Este orbe que, primeiro, vai cercando os outros mais pequenos que em si tem, que está com luz tão clara radiando que a vista cega e a mente vil também, Empíreo se nomeia, onde logrando puras almas estão daquele Bem tamanho, que ele só se entende e alcança, de quem não há no mundo semelhança.” Os Lusíadas, canto X- 81

| Professora Clara Pastore

D. AFONSO HENRIQUES (1109? – 1185) Introdução Fez este Verão nove séculos que nasceu o fundador do nosso país. Foi o primeiro rei de Portugal, um dos estados mais antigos da Europa. Definiu, através de várias conquistas, praticamente o território que é hoje Portugal. D. Afonso Henriques foi o governante português que esteve mais tempo em funções: 57 anos, 45 dos quais com o título de rei. Conheçamo-lo melhor.

A problemática do seu nascimento É apontado, como data provável do seu nascimento, o ano de 1109. Quanto ao local deste acontecimento, as opiniões dos vários historiadores dividem-se entre Guimarães, Coimbra e Viseu. Não havendo registos precisos e conclusivos sobre este facto, a maioria dos historiadores prefere permanecer fiel a Guimarães, até prova em contrário.

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Filiação Não há dúvida de que D. Afonso Henriques é filho de D. Teresa de Leão, filha bastarda de D. Afonso VI de Leão e Castela. Os vastos domínios territoriais de D. Afonso VI incluíam a metade norte do Portugal de hoje. O sul pertencia aos mouros contra os quais estava em curso um processo de reconquista iniciado a partir das Astúrias. Nos finais do século XI apresentaram-se a D. Afonso VI dois jovens primos borgonheses para participar nesta Cruzada contra os mouros. Chamavam-se Raimundo e Henrique. Como recompensa pelo contributo prestado, o primeiro casou com a filha legítima do rei, D. Urraca, e o segundo com a bastarda, D. Teresa, recebendo ainda,

cada um, respectivamente, os condados da Galiza e de Portucale. Este último ficou conhecido, entre nós, como Conde D. Henrique e pai de D. Afonso Henriques, futuro rei de Portugal.

Percurso político Depois da morte do Conde D. Henrique, D. Teresa ficou à frente dos destinos do Condado. Desde logo se definiram duas tendências políticas, uma liderada por D. Teresa, aliada aos nobres galegos; outra liderada por D. Afonso Henriques, apoiado por nobres portucalenses que defendiam posições autonomistas. Devido a estas rivalidades, que se acentuaram a partir de 1120, foi forçado a emigrar, tendo sido armado cavaleiro em 1122, em Zamora. Em 1127, já regressado ao Condado, novos incidentes provocaram a sua invasão por D. Afonso VII de Leão e Castela, que cercou Guimarães onde D. Afonso Henriques se encontrava. D. Afonso VII desistiu de conquistar a cidade após a promessa de lealdade de D. Afonso Henriques, assumida pelo seu aio, Egas Moniz. Em 1128, as tropas de D. Teresa defrontaram-se com as de D. Afonso Henriques na Batalha de S. Mamede, saindo este vitorioso, levando-o a assumir o governo do Condado. De imediato concentrou os seus esforços em negociações junto da Santa sé com o duplo objectivo de alcançar a plena autonomia da Igreja portuguesa e de obter o reconhecimento do Reino. Em 1139, após a vitória na batalha de Ourique contra os mouros, D. Afonso Henriques autoproclamou-se rei de Portugal. Em 1143 realizou-se uma conferência de paz entre

D. Afonso Henriques e o rei D. Afonso VII de Leão e Castela, resultando no Tratado de Zamora, que marca a data da independência de Portugal e o início da dinastia afonsina. No entanto, continuava a ser vassalo de D. Afonso VII, porque este era Imperador de toda a Hispânia. Contudo, D. Afonso Henriques nunca lhe prestou esta vassalagem. Em 1179, o Papa Alexandre III enviou a D. Afonso Henriques a “Bula Menifestis Probatum”. Neste documento, o Papa reconheceu definitivamente a independência do Reino de Portugal, sem vassalagem a D. Afonso VII, e D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal, ou seja, D. Afonso I de Portugal. Ao longo 45 anos do seu reinado, D. Afonso Henriques teve sempre presente duas ideias-chave: lutar pela autonomia do seu território e alargar as suas fronteiras. A luta contra os mouros foi contínua e persistente, levando, com avanços e recuos, a linha de fronteira para além do rio Tejo. D. Afonso Henriques faleceu em Coimbra, com 76 anos, no dia 8 de Dezembro de 1185. O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do do seu filho, D. Sancho I. Fontes • http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_I_de_Portugal • http://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/afonso1.html • http://www.vidaslusofonas.pt/d.afonso_henriques.htm • Revista Visão, n.º 858 • MATTOSO, José, D. Afonso Henriques, Círculo de Leitores, 2006

| Professores Filomena Oliveira e João Oliveira


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