Livro andante 2013

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Estranho Percurso


Agrupamento de Escolas de Vale D’Este – Barcelos Escola Básica e Secundária de Vale D’Este, Viatodos, Barcelos Junho / 2013


projeto Livro Andante título Estranho Percurso autores professores de Português - 3.º ciclo Turmas do 3.º Ciclo capa professor Cândido Sousa ilustração professor Cândido Sousa e turmas 5.º D e 6.º A grafismo professor Pedro Ferreira revisão professores Jorge Pimenta / Amália Teixeira / Nuno Martins / Joaquim João propriedade Agrupamento de Escolas de Vale D’Este - Barcelos tiragem 700 exemplares execução gráfica Oficinas S. José O Livro Andante é parte integrante da edição n.º 70 d’O Despertar.


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O Livro Andante

Estranho percurso


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ATO ÚNICO Cena I (8.º C) Numa amena e bonita tarde de primavera, Margarida vai apressada pela rua com o seu melhor amigo Picasso, o cão da família. Leva na sua mochila uma caixa cujo conteúdo ela desconhecia, mas que a intrigava. Encontrara-a no jardim de uma casa abandonada que ficava no fim da sua rua, quando ela e o seu inseparável amigo resolveram, mais uma vez, ir brincar para lá, longe de todos os olhares. Picasso, de repente, desapareceu e ela foi encontrá-lo a farejar debaixo de uma faia centenária. Depois, começou a esgaravatar desalmadamente até que se viu uma superfície reluzente que ofuscava com os reflexos do sol primaveril. Ao pegar na caixa, sentiu um arrepio. Margarida sentiu uma mescla de medo e curiosidade. A caixa tinha umas gravações em alto-relevo. Era misteriosa, estranha, no entanto, parecia-lhe familiar… A rapariga decidiu pedir ajuda ao seu amigo antiquário, o Sr. Diogo Gato, que tinha uma loja na Rua do Padrão dos Descobrimentos.



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7.º F Então, apressadamente, pôs-se a caminho, uma vez que o antiquário se situava relativamente longe do local onde se encontrava. Fora através do seu tio Alberto que Margarida conhecera o antiquário, pois costumava acompanhar o seu tio sempre que este o visitava para comprar uma nova peça para a sua coleção de antiguidades. O Sr. Diogo Gato era um homem de idade avançada mas mantinha uma grande jovialidade que se refletia no seu rosto sorridente e no seu vivo olhar. Os seus cabelos grisalhos, sempre limpos e bem cuidados, agitavam-se levemente quando uma brisa entrava pela janela que mantinha, habitualmente, entreaberta. Margarida achava particularmente engraçado o seu pequeno bigode, bem aparado que, juntamente com os seus óculos redondos, lhe davam um ar intelectual. Margarida continuou a acelerar o passo e, olhando para o seu relógio, não reparou numa pedra que se encontrava no passeio e caiu. Quando, com dificuldade, se conseguiu levantar, constatou que seria impossível prosseguir o seu caminho a tempo de conseguir apanhar a loja do antiquário aberta. Picasso, aflito, ladrava incessantemente. Um casal jovem, trocando carinhos de modo efusivo, passou ao lado sem reparar na criança que pousava o pé com muito esforço e cujo rosto revelava um grande sofrimento.



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7.ºB De repente, um homem idoso surge no meio da confusão atulhado, de sacos, coxeando com certa dificuldade, apoiado numa bengala. Do outro lado da rua, observa Margarida, desesperada e triste, e dirige-se até ela perguntando-lhe o seguinte: - O que tens, minha filha? Margarida respondeu: - Torci o pé, estou cheia de dores e não consigo andar. O velho Clementino, perante esta situação, fica muito preocupado e tenta ajudar a rapariga. Pega no seu antiquíssimo telemóvel para pedir assistência, mas sem sucesso, pois não tem bateria. Apoiado na sua bengala corroída pelo tempo, foi procurar ajuda. Subitamente, passa o senhor Marcolino com a sua carroça velha, cheia de palha e um ancinho dependurado, a quem o velho Clementino pede ajuda. Este pega num cobertor roto, ainda com vestígios de palha, e coloca-o à volta da menina, levando-a para a sua carroçaria, para onde já havia saltado Picasso. Subitamente, Clementino vê a caixa que tenta abrir para tratar o ferimento da rapariga, mas esta impede-o, a todo o custo. Por fim, e seguindo as orientações da menina, dirigem-se para sua casa.



10 7.º E Chegados a casa, Margarida, com imensa dificuldade, saiu da carroça aceitando a ajuda do senhor Marcolino que lhe dá a mão. A menina fica surpreendida ao sentir aquelas mãos envelhecidas e magoadas. Dentro de si surge um misto de sensações: uma tristeza profunda ao imaginar a vida dura deste homem generoso; uma ternura inesperada quando observa o seu rosto marcado pelo tempo e um sentimento de gratidão pela ajuda recebida num momento de dupla aflição. Apesar da dor, ela não consegue esquecer o objetivo que não conseguiu concretizar. Sem precisar de ajuda, Picasso saltou da carroça e dirigiu-se rapidamente para o portão da sua casa que empurrou. Entretanto, a menina despediu-se do senhor Marcolino agradecendo-lhe pelo seu gesto de bondade. Andando ao pé-coxinho e parando várias vezes, a menina conseguiu alcançar a campainha que pressionou com força durante alguns segundos que lhe pareceram intermináveis. Como a dor se tornava cada vez mais intensa, sentou-se no patamar, enquanto lágrimas salgadas lhe caíam pelo rosto. Picasso, irrequieto, procurava consolar a sua dona. Observando o sol que desaparecia lentamente, Margarida, de repente, lembrou-se da caixa e verificou que não a tinha consigo, ficando aflitíssima. 8.º D Desesperada, tenta encontrar uma solução para a recuperar. Entretanto, a porta de sua casa abre-se. Surge, então, a sua mãe e repara que ninguém se encontrava ali.



12 Margarida já tinha partido em busca da caixa, alheando-se por completo da sua dor física. Mas, como encontrar a carroça no meio daquela cidade enorme? Olhando para a sua roupa, reparou que possuía vestígios de palha pertencentes à carroça do senhor Marcolino e, virando-se para o seu fiel canino, Picasso, deu-lhe a palha para farejar, na esperança de seguir o rasto e, assim, encontrar o que pretendia. Picasso, enchendo o peito de orgulho, sentiu que lhe estava a ser atribuída uma missão muito importante, pelo que se sentiu muito feliz e útil. Mas, infelizmente, não foi a solução ideal. O rasto da palha levou-os à primeira carroça que encontraram e que não pertencia ao Senhor Marcolino. Desolada, Margarida senta-se na berma da estrada não conseguindo conter as lágrimas. De repente, Picasso aproxima-se dela e começa a farejar a sua roupa, ladrando para que Margarida se levante e o acompanhe. Ela percebeu a ideia e ficou feliz e orgulhosa com o seu canino. Estava de volta a esperança. Com muita dificuldade em movimentar-se, tenta acompanhar o ritmo de Picasso que a conduz pelas ruelas da cidade. Os seus olhos azuis celestes cintilavam perante a esperança e, ao mesmo tempo, a ansiedade de encontrar o Senhor Marcolino. Margarida não era, fisicamente, a típica rapariga portuguesa. Alta, cabelos cor de cenoura e a pele branquinha repleta de sardas que, associados aos seus belos e brilhantes olhos azuis, faziam dela uma típica rapariga dos países nórdicos. 9.ºC Picasso continuou a sua busca. Depois de muito tempo à procura, avistou a carroça do senhor Marcolino que se encontrava à entrada de uma casa que lhe era familiar. Após



14 muita hesitação, decidiu tocar à campainha e, para sua alegria, o senhor Marcolino abriu-lhe a porta e enunciou: - Sabia que virias até mim. Margarida ripostou: - Vim atrás da minha caixa que esqueci na sua carroça. - Precisamos de falar acerca da tua caixa. Margarida entra, acompanhada de Picasso, e descobre a razão por que aquela casa lhe parecera familiar; é que, devido a diversos retratos encontrados, espalhados pelas antigas e poeirentas prateleiras, percebeu que pertencera à sua família. Na verdade, os retratos eram dos seus antepassados. Margarida interrogava-se sobre o porquê de tudo isto e, depois de muito refletir sobre o assunto, decide perguntar: - Senhor Marcolino, por que habita a casa dos meus falecidos familiares? - É acerca disso que quero falar contigo, dos nossos antepassados e da caixa. - afirmou Marcolino. 7.ºA Margarida esquiva-se de uma conversa séria com o Sr. Marcolino, pois observa com pormenor os cantos da casa, quando repara que os retratos dos seus antepassados pendurados nas paredes tinham, na sua posse, cada um deles, a caixa misteriosa, facto este que a deixou intrigada. Curiosa, entra num quarto muito antigo, com um cheiro


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16 característico a mofo e, receosa de tocar nas paredes caiadas a negro e rachadas, devido à humidade, vê que em cima da cómoda singela e fria se encontravam uma espécie de folhas amarelas carcomidas pelo tempo, com inscrições semelhantes às da caixa misteriosa, igualmente indecifráveis. Entretanto, com os sopros da ventania que se fazia sentir lá fora, abre-se uma janela. Efusivamente, uma parte da folha rasga-se e é levada pelo vento através da vidraça, o que deixou Margarida atónita com a outra parte da folha na mão. Aflita com a situação, tenta alcançá-la, mas sem êxito, pois o seu pé-coxinho impede-a de o fazer. Nesse instante, aparece o Sr. Marcolino, que se apercebe da situação e lhe diz que demorou muitos anos a tentar decifrar o código da inscrição e que sem a outra parte da folha seria impossível abrir a caixa, pois continha informações muito importantes, alusivas à localização da chave que abria a caixa. Nesse momento, a rapariga, frustrada e colérica, vê pela vidraça que a folha está presa dentro da casota do cão da casa do vizinho da frente, cão esse que, feroz e raivoso, anos atrás atingira o Sr. Marcolino. O velho, preocupado e aflito, fica doente, pois pensa nunca mais vir a recuperar a folha… 9.ºD O cão encontrava-se preso dentro da casota, o que oferecia um perigo para qualquer tentativa de busca da folha. Este era um verdadeiro monstro, cruzado de rottweiler com pitbull. Começaram a magicar nas várias hipóteses de obterem a outra metade da folha. O Sr. Marcolino era um homem de ideias fixas e decidiu pegar na sua velha espingarda,



18 que trouxera da guerra, roubada num dia de nevoeiro, para se livrar do animal que lhe fizera tão mal, matando-o. Ao ouvir esta ideia, Margarida, frustrada, colocou-se à frente dele e disse-lhe: - Alto aí! A morte não é a solução para tudo. Que pensas que vais fazer? - Eu quero vingar-me daquele que um dia me enganou. - E dar-lhe um tiro não é um pouco exagerado?! Penso que a melhor forma de reaver a folha é usarmos o Picasso como isco, pois é um cão corajoso e astuto. Enquanto ele atrai o adversário para longe da sua propriedade, um de nós vai lá e traz a folha. Quando decidiram pôr em prática o seu plano, mandaram Picasso, dando assim início ao seu estratagema. Logo que a costa ficou livre, Margarida avançou, convicta, aventureira e frenética, pois tinha tomado uma decisão reveladora do seu heróico caráter. Margarida verificou que o seu fiel amigo se encontrava gravemente ferido mas, apesar deste incidente, sentiu-se plenamente realizada por ter resgatado a outra metade da folha. 8.ºE Após o incidente, Margarida ficou muito apoquentada com os ferimentos de Picasso, pois este havia defrontado uma besta feroz. Margarida e Marcolino ansiavam por prosseguir a sua aventura, mas o estado debilitado do seu fiel companheiro requeria cuidados médicos urgentes. Decidiram, então, levá-lo ao veterinário mais conceituado das redondezas, o doutor Avelino Vilas Boas, um homem que transmitia seriedade, um



20 expert no seu ofício e parte integrante do seu círculo de amigos. O veterinário examinou o animal, procedeu ao tratamento dos ferimentos que lhe cobriam grande parte do corpo e ministrou-lhe um sedativo para acalmar as suas dores. A caminho da casa do senhor Marcolino, trocaram impressões acerca da descoberta que poderia estar prestes a acontecer. Sentaram-se em torno de uma velha mesa de madeira, carcomida pelo caruncho, debruçando-se sobre o inquietante enigma da caixa misteriosa. Apesar de enfermo, Picasso desejava auxiliá-los a decifrar os carateres enigmáticos que se assemelhavam ao mandarim. Despertando repentinamente da sua moleza, Picasso colocou o seu dócil focinho em cima da mesa e começou a latir. Margarida, achando que ele queria chamar a atenção, repreendeu-o. Contudo, Marcolino parecia compreender o que ele estaria a tentar comunicar-lhes. Será que teria desvendado uma parte da mensagem?!... 8.ºB Deparam-se com um símbolo que se assemelhava à fortaleza imponente de um mosteiro centenário, situado na parte histórica da cidade. Aparelhadas as mulas que puxavam a carroça do senhor Marcolino, dirigiram-se apressadamente para o mosteiro. Uma vez defronte da entrada principal, tocaram na maçaneta, enferrujada pelas intempéries da vida; uns instantes depois, foram surpreendidos por um velho monge andrajoso e corcunda que se arrastava com



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dificuldade e usava um monóculo no olho esquerdo. Após uma morosa conversa, na qual Margarida e o seu amigo explicaram o que os levara até ali, o ancião conduziu-os a um alçapão, ocultado por um armário apetrechado de antiquíssimas e valiosíssimas enciclopédias, que acedia a uma misteriosa sala de alquimia, repleta de poções mágicas com diversas finalidades, como curar doenças e decifrar códigos. O monge solicitou-lhes o precioso papel, analisou-o cuidadosamente com a ajuda da sua velha lupa e encaminhou-se para uma espécie de laboratório, que se situava ao fundo dessa sala; pegou numa poção e pulverizou-o, emergindo a mensagem: “Se a chave quer encontrar, a gruta terá de explorar”



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Franzindo o sobrolho, o monge guiou-os até uma passagem de pedra que não era utilizada há centenas de anos. Aí, deixou-os à sua mercê, pois reza a história que muitos aventureiros perderam as suas vidas ao percorrerem aqueles caminhos tenebrosos que os levavam até à gruta. Transposta esta secreta passagem, depararam-se com uma embarcação viking acorrentada e, não muito distante dali, avistaram uma ilha de origem vulcânica que não constava nos mapas da época. No convés, acharam um invólucro que continha um papiro enlaçado com um fio dourado, no qual estava gravado o mapa da ilha a explorar e rumaram até lá. Depararam-se com uma ilha paradisíaca, envolta num manto dourado, trespassado pela neblina marítima e habitada por espécies raras, inimagináveis e nunca antes desbravadas.



26 7.ºD À medida que iam percorrendo a ilha verdejante e ensolarada, o seu fascínio aumentava perante tão exótica beleza. Foram seguindo as indicações que constavam no precioso mapa e, de repente, avistaram Picasso que havia mergulhado numa lagoa azul esverdeada, onde flutuava uma jangada de bambu que havia pertencido a uma tribo de índios, oriundos da Amazónia. Munidos de uma bússola que lhes havia sido facultada pelo sábio monge, rumaram até à margem oposta da lagoa que os conduziu à zona virgem da ilha. Como estava um dia tórrido de verão, decidiram mergulhar nas águas límpidas e quentes da lagoa e, uma vez que Marcolino sofria de um problema crónico de asma, teve necessidade de encher os seus pulmões de ar, nadando até à superfície. Subitamente, apercebeu-se de que não estava só, mas sim rodeado por uns seres estranhos cujas cabeças estavam envoltas em penas de águia, vestidos com pele de tigre da Malásia e com os rostos tingidos com as cores do arco-íris: eram membros da tribo Mawaka. Estes, pensando que de uma divindade se tratava, principiaram o ritual de boas-vindas, elevaram-no das águas e transportaram-no através de uma selva tropical até ao acampamento da tribo, onde foi calorosamente acolhido ao som do rufar dos tambores. Presenteado com o bastão do grande-chefe Mawaka, que simboliza o poder máximo, Marcolino apercebeu-se de que numa das extremidades do objeto reluzia uma pedra semipreciosa cuja forma remetia para um dos símbolos que constavam no mapa. Boquiaberto, exibiu o bastão, apontando para o mapa que havia escapado da destruição provocada pelas águas da lagoa, pois felizmente era à prova de água. Apesar de não falarem a mesma língua, os indígenas perceberam que este precisava do seu auxílio.



28 7.ºC Margarida e Picasso seguiram destinos antagónicos ao do senhor Marcolino. Quando seguiam no seu encalço, encontraram uma passagem subterrânea e bifurcada, em plena ilha, que os conduziu à gruta que procuravam. Contudo, o acesso a essa gruta estava repleto de armadilhas, entre elas, trincheiras explosivas e câmaras de gás que remontavam ao nazismo, pelo que seria arriscado retroceder. Enquanto Margarida engendrava um plano para sair do labirinto, Picasso farejava no meio da escuridão envolvente o perigo macabro que os assolava. Embrenhada nos seus pensamentos e vencida pelo desânimo, a rapariga refugiou-se no seu fiel companheiro, abraçando-o até à exaustão e, chorando copiosamente, questionou-se sobre qual teria sido o paradeiro do seu companheiro, se viria alguém para os resgatar e até quando duraria aquele pesadelo. Milagrosamente, vislumbrou uma luz ténue e, amedrontada, assolou-a uma réstia de esperança… 8.ºA Margarida e o seu amigo, Picasso, trocando olhares temerosos e retraídos, decidem prosseguir caminho, conduzidos pelo viés da luz. Entretanto, Picasso, ainda dentro da gruta, fareja um cheiro caraterístico da tribo Mawaka. Corre imediatamente em direção à luz e Margarida, ouvindo os tambores, assusta-se e pensa que vai morrer, pois não tem alternativa senão seguir em frente e resignar-se com a situação. A rapariga, encandeada pela luz, fecha os olhos e pensa ser um sonho, quando, de repente, observa um grupo de pessoas com vestes semelhantes ás de uma tribo que



30 havia visto num documentário televisivo, chamando-lhe a atenção o olhar estranho com que era observada. O chefe da tribo saúda-a na sua língua estranha e direciona-a para a sua tribo. Como forma de acolher os novos visitantes, as gentes da tribo começam a dançar e a cantar e Picasso, intimidado, pois nunca tinha visto tal coisa, começa a latir e foge para a outra extremidade da tribo, encontrando, numa parede, pinturas com inscrições familiares às da caixa. Picasso, com um latir ofegante, chama a atenção de Margarida e esta desata a correr, descompassadamente, na sua direção. Já no local onde se encontrava Picasso, observa com minúcia as pinturas e verifica que lhe são familiares. De repente, o chefe da tribo aproxima-se da rapariga com um mapa, cujas coordenadas estavam inscritas nas pinturas das paredes. A rapariga, com a ajuda do chefe, tenta deslindar o mistério e chega à conclusão de que tinha em seu poder as coordenadas que a levariam a encontrar a chave para abrir a caixa. Margarida, seguindo todas as diretrizes do mapa, é conduzida a uma casa onde se encontrava o Sr. Marcolino. Esta fica estupefacta quando se depara com ele. Este diz-lhe que a chave que ela tanto procura está no fio que tinha ao pescoço que havia sido dada pela sua mãe quando nasceu. Margarida, perplexa com a notícia, procura a caixa, abre-a e lá encontra a árvore genealógica da sua família. Após longas horas de conversa, o Sr. Marcolino conta-lhe a origem da sua família, diz-lhe que o pai, ao contrário do que a mãe Alice lhe tinha dito, estava vivo, encontrando-se há anos ausente em Inglaterra, deixando para trás as memórias do seu passado. Margarida, com a face rubra de incredulidade, voz trémula e rouca, pergunta-lhe onde é que ele se encontra naquele momento. Este, com ar comprometido e um sorriso doente estampado no rosto, diz-lhe que é ele mesmo, o velho Marcolino, o seu pai.



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