Edição 13

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Juventudista de estirpe

Discreto, o vice-presidente de futebol (com a foto do pai no Memorial do Juventude) sempre atuou nos bastidores. Para o futuro, porém, os planos são outros

FILHO DA

GENEALOGIA ALVIVERDE

E

por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br le sabe, em detalhes, como foi aquela reunião na noite do dia 29 de junho de 1913, um domingo de inverno, realizada na área central da Caxias do Sul que fora elevada à categoria de cidade três anos antes. Juarez Ártico conta que, iluminados por lampiões, 35 homens assinaram a primeira ata, fundaram o Esporte Clube Juventude e elegeram o primeiro presidente: Antônio Chiaradia Neto. A narrativa desse e de outros fatos está gravada na memória do atual vice-presidente de futebol alviverde. Foi do pai, Oswaldo Ártico, que ele ouviu tantas histórias do time do coração. Oswaldo era um dos 35 jovens daquele encontro no início do século passado. Além de fundador, jogou na primeira equipe, como meio-campista. Tradição que foi passada de pai para filho. Nascido em Ana Rech – que na época era praticamente uma cidade vizinha, de tão longe que ficava do Centro –, Ártico conta que ficava ansioso quando chegava o final de semana. “O pai levava a família para o estádio. Eu acompanhava tudo”, recorda. Sentado no banco de reservas ocupado pelas equipes visitantes do Estádio Alfredo

Jaconi, acompanhando um treino comandado pelo técnico Osmar Loss, o dirigente acende um cigarro. Entre uma tragada e outra, lembra que jogou seis anos nas categorias de base do clube, na época chamadas de aspirantes. “Antes de um jogo dos profissionais sempre tinha uma partida dos aspirantes. Eu era zagueiro. Meu irmão mais velho, Ervaldo, já falecido, também atuava. Era conhecido como Nenê e chegou a jogar no time principal”, conta. Dentro de campo, naquela época, Ártico recorda a diferença de estatura entre os jogadores do Ju e da dupla Gre-Nal. “Aquilo me marcou muito. Eles eram muito altos no comparativo com nossos atletas. Talvez por isso – não é uma regra – eu leve muito em consideração hoje a altura de um jogador antes de ele ser contratado.” Além de acompanhar o pai na Quinta dos Pinheiros e, posteriormente, no Alfredo Jaconi, Ártico fazia questão de ir à sede social, que ficava na Avenida Júlio de Castilhos, bem na frente da Praça Dante Alighieri. Nos encontros, os associados conversavam sobre futebol e política, discutiam planos para o clube e jogavam cartas. “Durante a se-

Juarez Ártico, vice de futebol, herdou do pai, o ex-presidente e fundador Oswaldo Ártico, o amor ao clube

mana, lembro que, depois da janta, o pai ia para a sede. Era uma rotina.” Lá, Oswaldo se encontrava com os outros 34 fundadores do Ju, que veio a presidir em duas oportunidades (1917 e 1931) – ele também participou, em 1912, da fundação do Recreio da Juventude, rival do Juvenil (fundado em 1905).

servando atentamente o treino. Ártico foi gerente de compras por 33 anos da Guerra Implementos Rodoviários. No intervalo citado por ele, atuou nos bastidores, principalmente nas categorias de base do Ju. “O Marcos Guerra, dono da empresa, era presidente do Caxias. Eu não podia ter um cargo de dirigente, senão as coisas ficariam complicadas”, Depois das fases revela. Entre 1998 e de torcedor e jogador, “O nome do 2000, foi diretor dos Juniores e das categoÁrtico partiu para ou- Loss não foi rias de base alviverdes. tra etapa. Tornou-se escolhido por dirigente e, como priEm 2008, presidiu o meira tarefa, presidiu acaso. Esse é o Conselho Deliberativo a comissão dos Dra- projeto do Ju: por seis meses. Hoje, gões, antiga modalida- apostar nas aos 63 anos, é vice-prede de associados. Foi sidente de futebol. Está categorias em 1980, na gestão do aposentado e trabalha, presidente Adelar San- de base”, diz o conciliando horários, tarem. “Tínhamos até vice de futebol como representante coum cofre separado, tamercial. É casado e tem manha a importância um casal de filhos. “Ele que sempre foi dada ao torcedor”, frisa é arquiteto e está dando uma força em Biriba, como é chamado pelos amigos. algumas questões do clube. Ela mora Em 1993, quando Marcos Cunha Lima em Porto Alegre e vai a todos os jogos”, estava à frente do seu segundo manda- acrescenta, orgulhoso de ter mantido to como presidente, Ártico colaborou na família a tradição esmeraldina. como diretor administrativo. “Isso foi É difícil ver Juarez Ártico até 1995. Depois, veio um intervalo”, conta, já com o cigarro apagado, ob- irritado. Mesmo após uma derrota,

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27 de fevereiro a 5 de março

O Caxiense

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