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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1ª Quinzena de Outubro de 2014 Ano XXXIV - No. 1187 Modesto, California • $2.00 / $45.00 Anual

P.33 a 36

SOMBRAS na California

Fort Bragg e Gustine = tradições

P.14 a 17

Sugestões • • • • • • •

Outubro 3-5 - Festa N.Sª. de Fátima em Turlock Outubro 11 - PALCUS - 2014 Annual Leadership Awards Gala in the Washington, D.C. area. Outubro 1-20 - Festa N.S.Fátima em Thornton Outubro 17 - Vindimas at the Mansion - Morgan Hill Outubro 18 - 1ª Corrida da Feira de Thornton Outubro 20 - 2ª Corrida da Feira de Thornton Outubro 25-26 - Festa de N.S. do Rosário em Hilmar

Açoreano de Hilmar Um ano de Sonho

P.18 a22

Próxima edição


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SEGUNDA PÁGINA

1 de Outubro de 2014

O sacrifício da Língua

EDITORIAL

ara a preservação da Língua Potuguesa na Diáspora existem dois pilares fundamentais - o interno, isto é, os nossos professores, as nossas escolas, os pais, os jovens, o querer aprender. O outro pilar, o externo, vindo de Portugal, que por dever e função também quer que se preserve a nossa Língua. Quando um destes pilares enfraquece, a estrutura treme, como é normal em qualquer ocasião, quer seja em negócios quer mesmo em construção. O que acontece é que o pilar de Portugal enfraqueceu a sua relação para a preservação da Língua em mais de 50%. E agora? Como proceder? O que dizer aos alunos e escolas do procedimento de Portugal? Aqui fica pois um exercício para que a nossa comunidade interessada no fenómeno da continuação da nossa Língua diga da sua justiça.

O

que se tem passado em algumas das nossas organizações no dia do Fecho das Contas deixa muito a desejar. Esse dia é muito importante para todos aqueles que abnegadamente contribuem

com os seus donativos, em quererem saber como foram geridas as contas das suas sociedades. Ler, e muitas vezes mal, números e com parcas explicações, não deve ser hoje em dia a norma de como apresentar um relatório das despesas e das receitas de uma sociedade. João Vieira, há uns anos, Tesoureiro do MPPA, revolucionou a apresentação das contas, mostrado-as num écran, detalhadamente e com tempo de apreciação e de explicação de cada artigo. Assim se trabalha bem quando temos toda a tecnologia precisa ao alcance de todos nós. Não sabemos quantas mais organizações usam esta metodologia que é a mais própria para que todos comprendam o trabalho de uma gerência.

J

á que falamos de sociedades, gostaríamos de trazer um assunto à discussão pública. Assunto este muito badalado desde os primórdios das nossas festas. Como se controlam as receitas de um Bar? Que mecanismos temos nós nas sociedades para que um tesoureiro saiba ao fim do dia as receitas correctas de um Bar?

Como saberá um Director de Bar o inventário das bebidas em falta se não tem documentação que lhe diga o que foi consumido? Quantas caixas registadoras existem nos nossos bares? Quantas caixas registadoras têm papel de controle? Quem souber que responda.

C

om o fim de auscultar as Cidades Irmãs de Angra sobre a futura maneira de envolvê-las nas Sanjoaninas, está entre nós o Presidente e Vice-Presidente da Câmara de Angra do Heroísmo Álamo Meneses e José Gaspar. Pena foi que as notíçias da sua vinda tivessem aparecido muito tarde. Os açorianos que nos queiram visitar, têm de compreender de uma vez por todas que este Estado é quase cinco vezes maior que Portugal e que precisamos de tempo para que as suas visitas sejam um sucesso. No futuro deêm-nos tempo. Comuniquem cedo as vossas vindas, pois gostamos de vos receber bem.

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sempre com orgulho que recebemos na California um dos maiores escritores portugueses de sempre. Como é nosso, é do Raminho, é da Terceira, é dos Açores, Portugal ao longe, sempre tentou afastar este "papão", não fosse ele ser mais famoso no rectângulo continental do que muitos, que nem para os calcanhares deste nosso escritor chegam. E muitos deles receberam prémios, coisas da literatulice aguda e invejosa. Enfim, sempre foram assim. Sempre fomos vistos à distância e foi preciso um açoriano ir para a televisão para eles aprenderem a ver programas discretos ainda no tempo da outra senhora.

jose avila

Year XXXIV, Number 1187, Oct 1st, 2014 $45.00


PATROCINADORES

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COMUNIDADE

1 de Outubro de 2014

Álamo Oliveira e a Marta de Jesus

Realizou-se no Tulare Historic Museum no no dia 24 de Setembro a apresentação do novo livro de Álamo Oliveira - Marta de Jesus, a verdadeira. Houve recitação de poesia por José Luis da Silva, Diniz Borges e um grupo de estudantes de Português. José Costa, Ivana Garcia, Helder Toste e Michael Vieira.

Na parte musical tivemos José Castro em modas regionais e João Rodrigues em improviso, acompanhados por um trio de

violas - Ivana Garcia, Helder Toste e Michael Vieira. Embora Diniz Borges tenha falado um pouco sobre o livro, lendo algu-

Embaixo: João Rodrigues

mas notas de Vamberto de Freitas publicadas na Maré Cheia do Tribuna Portuguesa, coube ao próprio autor apresentar a sua

ultima obra. Toda esta actividade durou apenas 55 minutos.

Marta de Jesus, de Álamo Oliveira, não é só um grande romance açoriano, é um grande romance da língua portuguesa e que pertence por direito artístico ao melhor que se escreve no vasto mundo lusófono. Portugal nunca se habituou e nunca admitiu no seu seio uma arte literária que responda com força à hegemonia que as suas letras têm exercido sobre nós todos fora do rectângulo ibérico. Tentou sempre definir a nossa identidade e escrever a nossa História em pequenos parágrafos ou em breves notas de rodapé, que nem sequer na nossa geografia acertavam, e ainda hoje não acertam. Ol-

hou-nos sempre a partir dos seus preconceitos, e sobretudo ignorância. Isso acabou. Marta de Jesus requer um conhecimento alargado do Novo Testamento, de Jesus como guerrilheiro anti-Poder, mas requer sobretudo saber e aceitar como um povo de umas ilhas tão pequenas e isoladas sobreviveu com dignidade ao longo dos séculos. E nestas págians, esse mesmo povo do mar português, propõe-se navegar para Lisboa e libertar o resto da Nação. "Talking back to the empire / Respondendo ao império". Nada menos do que isso. Vamberto Freitas

Álamo Oliveira


COLABORAÇÃO

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Theology of Women

ometime during the period Five Wounds Parish was feverishly looking for a Portuguese-speaking priest; Bishop Patrick Joseph McGrath met with some parishioners. I also happened to be present. During the social intercourse that followed Bishop McGrath's forgettable speech, he slid across the floor, massively slow, head erect, chin up, eyes half-closed, and stopped in the middle of the room turning around to face the group. He stood majestically, like an old oak tree, eclipsing all others in the room. We gathered around uncomfortably, wondering about the rules of the game. After a lot of chit and no chat, McGrath commented on the fact that Five Wounds Parish had failed to produce any priests. I stood there smiling foolishly, holding to my wineglass as if to a life buoy. I was thinking about reasons why Five Wounds parish was incapable of letting go of its young men to a life artificially maintained at a constant masculine temperature, and lived for the most part without the blessed feminine kinetic energy. Standing nearby, a friend and fellow collaborator of this newspaper, said with a snort

in her high pitched voice, "Well, I only have a daughter. When the Church decides to accept women priests, I'll see what I can do." The Bishop was speechless and I joined this girlfriend's long list of admirers. Pope Francis calling for a theology of women is more complex and tells more about the Church than first meets the eye. First, it is disconcerting that after 2000 years we still don't have a theology of women! That makes me wonder why we need one at all. Is the church saying that, in addition to a theology of men, in which women are automatically included, there is one just for us, women? Or, perhaps, the church, for the first time, is feeling a burning need to justify itself for denying the ordination of women. Despite the growing recognition that women's involvement and work in and for the Church is indispensable. Despite the Pope's own assertion that "It is necessary to broaden the opportunities for a stronger presence of women in the church", Pope Francis sees no contradiction with that and where he stands on the ordination of women. An increasingly larger number of Catholic women do see the contradiction. Men will be discussing

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A Outra Voz

Goretti Silveira mariagorettisilveira@yahoo.com

and writing this theology of women. Women will, once again, be excluded from participation in this document that pertains to her — solely. This would be like asking Salazar, or some of his minions, to write about democracy in Portugal during the Salazar years. No matter how sincere the Pope's intentions may be, there can never be a "theology of women", one where woman are in equal terms with men. I'm picturing the 193 cardinals, dressed in long black cassocks, heads covered in red beanies, wide silk red cinctures, long, thick gold chains hanging from the neck, exhibiting large pectoral crosses. They are seated on giant-size armchairs, around equally oversized mahogany tables, ready to brainstorm on the role of women in the church. There will be no women present in this room in the Apostolic Palace — built for kings and where extreme power gathers. Women will not be participating because of the fact that they cannot be ordained. They have been excluded from six of the seven levels that concoct the hierarchy of the Roman Catholic Church: pope, cardinals, archbishops, bishops, priests, deacons, and the laity — any position where they could

effectively have an official say in the matter. Yet, they are expected to be excited and to join the hoopla around Pope Francis and this new development — the compulsion to compose a "theology of women". Let's listen in while these cardinals brainstorm a theology of women: "Women are naturally wired to give birth to the living. Let males take care of the dead and the dying," a cardinal starts the session. "Absolutely", another will say and add, "Women are the ones who bring humankind into the world so it's only fitting that men are chosen to push humankind into the beyond. We get to decide who gets to listen to angels playing the harp and who gets to feel the pricking of the devil's fork." Another cardinal wonders out loud, "If women are allowed to be ordained, what is there left for men to do?" One of the cardinals who is highly regarded by all the other cardinals for his careful, intelligent and calculated remarks will say, just before the meeting is adjourned, "Tradition must be our guide. The priest, in the role of Christ, performs his duties as the Bridegroom in relation to the Bride, which is the Church. In that nuptial mystery which is the Eucharist. This is

the natural order of things. The bride does not get to determine the order of creation; the groom does." Pope Francis looks pleased when he gets up to address the cardinals, "I think we all agree on this, let's move on to the part I'm particularly interested in. How do we package this so that all intelligent, rational reasoning men and women will buy into it? May God bless us in this endeavor. And remember, in the words of His son ' You have not chosen me. It is I who have chosen you.'" The cardinals, talking amicably in clusters, slowly walk out of the Sala Regia, towards the Sala Ducale, an impressive hall, decorated with Raffaellino da Reggio and Sabbatini paintings, tables splendidly decorated, where a five course lunch awaits them. They are feeling smug because they were born men.

O Fim da Temporada de 2014. A não perder


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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2014

Ao Sabor do Vento

José Raposo

A

jmvraposo@gmail.com

minha vida dava um livro foi o artigo que a minha amiga Filomena Rocha publicou no último número do Tribuna. Tenho a certeza que é uma grande verdade, como tenho de que a de muitas outras pessoas também daria e com muitas páginas. O teu artigo, Filomena, foi para mim muito valioso. Mas essa coisa de publicar livros não é fácil. Fui guardando dentro de uma gaveta meus poemas até que um dia decidi que os publicaria. Tive amigos que me ajudaram a revisar o meu trabalho e até algumas vezes me deram conselhos que eu segui. Mesmo assim sempre sai um erro aqui, outro acolá que passam despercebidos. Já publiquei sete e sem ajuda monetária de ninguém ou alguma Organização. No entanto há casos mais graves do que erros gramaticais e um deles é, por exemplo, quando é inserido em algum livro algo que não tem nada a ver com o assunto e que lá ficou só porque alguém com poder, assim o quis e ordenou. Neste caso, considero que é mesmo uma nódoa que caiu na escrita ou um borrão que tira o valor que tal livro merecia. Hoje em dia, devido à moderna tecnologia, torna-se mais fácil a publicação de qualquer livro, mesmo que se tenha de mandá-lo para a China, para a Coreia ou como, no meu caso, o Brasil. Houve algumas pessoas cujos manuscritos foram enviados para Portugal continental ou para as ilhas e ai, com a comparticipação de algumas associações que têm verbas para tais fins, ou por apadrinhamentos, os livros foram publicados. Há, porém, outros manuscritos que foram enviados com o fim de serem revisados e aprovados e os anos passaram e nunca mais se soube qual o resultado. É este o

Manuscritos de Nemésio Rebolo

caso de um manuscrito do saudoso Nemésio Rebolo. Lembro-me de ouvir esse senhor cantar ao desafio aqui na Califórnia e gostei das quadras que ele fazia. Tinham métrica, os versos tinham todos os elementos gramaticais e, além disso, faziam sentido o que não acontece com alguns que incluem palavras nas cantigas só para que rimem e até por vezes alteram a maneira como as mesmas são escritas ou pronunciadas. Não sei todos os pormenores sobre o manuscrito de Nemésio Rebolo, mas conforme me contaram na festa de Nossa Senhora dos milagres, em Gustine, o mesmo foi enviado, para a Terceira e a pessoa que o recebeu havia prometido que seria revisado e publicado. O que é certo nunca mais se soube do paradeiro de tal manuscrito e assim caiu no esquecimento, ficando única e simplesmente a pairar as críticas que se fazem pelas coisas que não foram feitas. Tenho a certeza que Nemésio Rebolo deveria ter alguns amigos nesta Califórnia e é muito provável que ele tenha deixado a alguém uma cópia dos poemas que tencionava publicar. Onde estão esses amigos? Onde estão esses poemas que ele passou ao papel? Nós temos organizações aqui na Califórnia e pessoas com vontade e posses para que a obra de Nemésio Rebolo não fique só na memória de alguns. Penso eu que não precisamos dos favores e de promessas de além-mar que não foram cumpridas e pelos vistos nunca serão. Eu sempre dei valor - e continuo a dar - às cantorias ao desafio, mas segundo me informaram Nemésio era mais do que um cantador ao desafio. Até me contaram, alguns dos seus colegas da cantoria, se bem que ele não era

dos melhores, tinha, no entanto, poemas muito bem escritos e que mereciam e merecem ser do conhecimento de todos os que gostam de poesia. Não sei quais as habilitações escolares que esse homem tinha, porém uma coisa é certa, a comunidade Portuguesa na Califórnia e as Associações que estão empenhadas em manter a nossa cultura, deveriam ir mais além e não se limitarem só a publicar livros de pessoas com diplomas e PHds. A comunidade é composta de nós todos. Se há por aí alguém que tenha conhecimento onde param os versos de Nemésio Rebolo, deixe-se de críticas ao que não fizeram, tome a dianteira para que se torne realidade o sonho desse poeta. Criticar é fácil, até mesmo para aqueles que criticam, mas não gostam de ser criticados. Quem tem conhecimento do assunto, basta só perguntar a quem de direito, o que aconteceu ao manuscrito de Nemésio Rebolo.


COLABORAÇÃO

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Saudade eterna

ai longínqua a minha mimosa infância. Respirava-se ar puro e parecia ingénuo o viver rural ao arrancarem os anos sessenta, lá na ilha dos meus amores. Levava-se uma vida pacata onde os sabores frescos do campo se aliavam às delícias tantas do mar para consolo diário da gente boa do meu lugar. Não podia ter escolhido sítio melhor para nascer e crescer puto resoluto, de pé descalço a jogar à bola por aqueles caminhos de bagacina batida até levantarem poeira. Era coisa que não faltava nos mansos dias de calmaria. Bastava uma aragem mais arisca, a camioneta meia atrasada, ou então o automóvel distraído de algum americano entusiasmado por aquelas remotas rotas da ilha. O jogo parava e a petizada sorria: “One gum, please?” Aprendemos a dizer aquilo, sem custo algum, a ver se calhava. Uma vez por outra, lá vinha um pacote de ‘gamas’ que a gente mascava até o Xico vir d’areia. E se não fosse o Chico, que viesse o Bob. Foi assim que me habituei a ver por lá Robert Thies, no seu vistoso Plymouth Satelite, a caminho da Rua Longa, onde morava a Maria Emília. Quem eram? Pois, no olhar curioso dos rapazolas do meu tempo, ela era a rapariga mais linda da minha bonita freguesia. E cantava que nem um rouxinol. Tinha um jeitão nato para o fado. Estava longe de saber, no entanto, que o seu, musicado de berço naqueles pitorescos Biscoitos, não se iria pautar somente por ali. Ele, nado em Illinois e criado em Minnesota, deu largas ao seu instinto patriota e decidiu-se pelo serviço militar. Após cinco anos iniciais na Marinha, navegando as rotas da Ásia, achou bem voltar a casa para estudar a sério. Tinha um curso em mente mas o plano não resultou e lá voltou à tropa, optando pela Força Aérea. Logo por sorte, veio cumprir serviço militar na Base Aérea das Lages. Trazia carta de metereologista. Como muitos dos seus colegas, de quando em vez, aventurava-se a guiar o seu vaidoso ‘espada’ pelo interior da ilha. Era mais um americano seduzido pelas múltiplas belezas da Terceira. Tinha bom gosto, claro. Não faltavam beldades naquela formosa Ilha Lilás, capazes de porem um gringo de cabeça à roda a inglesar português sem se sentir. Bob sentiu logo o coração palpitar pela Maria Emília mal lhe pôs o olho em cima. Foi amor à primeira vista. Até parecem coisas do destino. Marca a hora em tempo nenhum. Ela cantava, como artista convidada, na primeira noite da festa da freguesia das Cinco Ribeiras, há coisa de meio século atrás. Ele topou-a e nem pestanejou: “Ali está a mulher da minha vida”, disse para consigo, sem lhe restarem quaisquer dúvidas. Mesmo anticipando que a moça não falava uma palavra em inglês, como ele nada arranhava em português, isso não seria problema. Preocupava-o mais saber como cair-lhe em graça. Não pensou duas vezes e tratou logo de comprar um dicionário. Tinha de começar por ali, pela fala improvisada como ca-

Realiza-se no dia 18 de Outubro no Hangar #6 da SkyTrack Aviation no Aeroporto de Modesto, uma angariação de fundos para comprar mobília destinada à Pediatria do novo Hospital de Angra do Heroísmo. O evento vai ter lugar desde as 6 pm até às 10pm. O custo é de $20.00 e será servido um copo de àgua à moda dos Açores, com toda a nossa comida tradicional. Terá a

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

lhasse. Desse no que desse. Pouco a pouco, palavra aqui e gesto acolá, foi-lhe prometendo uma vida de princesa destinada a tornar-se na raínha dos seus sonhos. “Me, Bob, e tu, Maria, vamos ser casal feliz.” Ela sorria e começou a acreditar. A mãe é que não queria crer. E ralhava: “Eh ra-

Bob prolongou o seu percurso militar por 21 anos, divididos ainda pelos estados de Georgia, Oaklahoma e da Flórida. Entusiasmado pelo fenómeno metereológico, abraçou-o na transição professional para a sua carreira civil ligada ao National Weather Service, fixando residência em

pariga, tu tás doida dessa cabeça? Namorar sem sequer trocarem uma conversa de jeito? Nunca tal vi.” E o pai também não via aquilo com bons olhos: “Se pensa esse americano de meia tigela que vem cá fazer pouco da minha filha, está muito enganado.” Pois, enganaram-se ambos, pai e mãe, bem como todos quantos duvidaram daquele acasalamento um tanto ou quanto inesperado. Com o andar dos dias, cada vez mais animados entre ambos, Robert e Maria Emília viram o namoro florir em noivado que não tardou em fazê-los subir ao altar, para espanto das más línguas locais: “Então o sonso do americano não conseguiu mesmo ‘roubar-nos’ a fina-flor da freguesia?” Maria Thies estava-se marimbando para o linguarejar alheio. Sentia-se preparada para o grande desafio da sua vida a despertar-lhe em cenário aliciante. Bob era uma bondade de pessoa, tanto para os de casa como para os amigos. “Um sujeito daqueles incapazes de fazerem mal a uma mosca”. Assim cria, convencida de que pai melhor não podia ter arranjado para os seus três rebentos: a Carla, nascida ainda na Terceira, em 1969, um ano após o casamento; a Michelle, que veio nascer ao Texas, quatro anos depois; e o Christopher, nado também na Ilha de Jesus, em 1975, quando o casal la’ regressou em nova missão de serviço. Finda esta, a família tornou a dizer adeus à ilha... até ver .

Warren, Michigan. Quando se reformou, contava já com cinquenta anos dedicados à metereologia. A reforma, infelizmente, foi surpreendida pela chegada súbita da doença que se agravou com o arrastar dos anos finais da sua formidável vida de marido, pai, avô – um ser humano exemplar. Por onde quer que passou, deixou a melhor das impressões.

Angariação de Fundos para a Pediatria de Angra presença do médico pediatra Bruno Cardoso, nascido em Angra e responsável pela Pediatria do mesmo Hoispital. Musica por Laurénio Bettencourt e Alcides Machado. Para compra de bilhetes podem contactar Natalia Serpa ao 559-367-7032 ou Bill Goulart 209-380-0870

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Maria Emília olha agora para trás com um tímido sorriso a disfarçar-lhe as lágrimas. Regressa, com facilidade, aos tempos em que cantava lá na ilha, quando Bob a conheceu fascinado pela frescura da sua voz. Adorava ouvi-la entoar ‘Numa Casa Portuguesa Fica Bem...’. E, na agonia do leito, já gravemente enfermo, pronto a despedir-se de tudo e de todos, Maria fez-lhe a vontade ao ouvido, afagando-lhe a mão com carinho acrescido. Escutando-a já a custo, ele retribuiu-lhe o meigo afago. E o coracão descansou melodiado em etérea melancolia. No dia do funeral, choveram elogios a Robert Thies. E a Natureza, como não podia deixar de ser, decidiu tambem associar-se ao último adeus. Uma chuva torrencial desabou naquela área de Michigan. Inundações ligeiras ocorreram até nalguns sítios vizinhos. Maria Thies, bem como os filhos, não sofreram quaisquer danos nas suas residências. Mas não evitaram nova chuvada de carinhosas condolências, algumas tentando interpretar aqueles molhados sinais dos céus: “Foram as lágrimas amigas, todas juntas, a despedirem-se do consumado metereologista.” Alguém alvitrou. “What an amazing farewell for the ultimate weatherman!” Maria Thies guarda as melhores recordações do homem com quem partilhou uma vida repleta de ternura e encantos mil. No verão passado, antes da doença se agravar de forma repentina, Robert encorajou-a a ir visitar a sua Terceira e os familiares lá residentes. Alguém lhe sugeriu: “Maria, vê se arranjas por lá uma namoradinha para o teu filho, assim tão boazinha como tu.” Bob interferiu logo: “Impossível! Como ela, tenho a certeza que não há. Eu trouxe comigo a melhor pérola daquela ilha inteira.” Maria Emília guarda consigo o consolo imenso destas palavras doces. Acredita que lhe vão ajudar a refrear a saudade eterna do melhor marido do mundo.


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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2014

Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

A "Bela Aurora"

O folclore no seu melhor

Q

uase em silêncio, isto é, sem anúncios prévios na Comunicação Social, se realizou, pela 32ª vez, o Festival de Folclore na California, numa manhã e tarde solarengas, na cidade de Turlock, em que esta foi palco de actuação dos diversos grupos folclóricos existentes. É sempre uma pena que a estes eventos, apareçam apenas os integrantes dos grupos, para verem um espectáculo digno de ser visto por mais gente que pudesse apreciar e valorizar o trabalho de jovens e adultos. O dia começou cedo, com os participantes, alguns em reunião de trabalho, seguindo-se a celebração da Missa, pelo Rev. Padre Manuel de Sousa, à qual assistiu a maioria dos elementos que puderam estar a tempo para as primeiras cerimónias. Após a Missa, seguiu-se o almoço, típicamente Açoriano, de sopa e carne e arroz doce, a todos os presentes. Apesar do habitual calor no Vale de San Joaquin, dentro do Salão de Nossa Senhora da Assunção, estava fresco com o ar condicionado, e o almoço soube tão bem, como manjar de Deuses. Esta ocasião deveria servir para intercâmbio, mas infelizmente é sempre pouco o tempo para confraternizar, para fazer novas amizades, ou cimentar as que já existem. Por volta das três horas da tarde, começou a actuação dos diversos grupos folclóricos. Ainda tive tempo de fazer dois breves apontamentos para o programa radiofónico online, "Voz dos Açores", sobre o Festival, e pela tarde dentro, talvez a vizinhança, pelo menos, tenha acorrido àquele local tão aprazível... O parque da Igreja de Turlock, para mim, é dos lugares mais lindos e apropriados a um acontecimento como o Festival de Folclore, ou outro qualquer, como até uma passagem de Modelos da época. Tem é de ser feito numa tarde menos quente, mais para o Outono e que todos saibam com a devida antecedência. A forma como somos recebidos, é sempre bem disposta, e o padre Manuel tem sempre uma palavra amável de boas-vindas. Chegar àquele lugar, andar nas suas alas de cimento serpenteadas por entre o verde lindo dos seus relvados extremamente cuidados, debaixo de árvores de folha perene, transporta-nos a mundo principesco, onde o bucólico normalmente existe e a poesia se sente. Os seus pequenos jardins com flores de cores vivas e alegres de Verão, as trepadeiras que embelezam tanto algumas paredes nuas, os verdes e enormes Chorões de uma frescura agradável e leve sombra, convida-nos ao repouso e à leitura de um bom livro... Eu sei que o belo e grande Templo da Senhora da Assunção foi construído para albergar todos os fiéis seguidores, mas se, de vez

enquando o som das homílias e orações, for trazido até ao exterior, contribuirá para o complementar de muitos sentimentos, quiçá esquecidos pela viagem nos caminhos tortuosos da vida. Normalmente, no final de cada Festival, é feito um sorteio, ou não, para quem ficará responsável do seguinte Festival, mas devido aos grandes custos que acarreta um espectáculo desta ordem, são poucos os que se atrevem. Assim sendo, uma sugestão podia ser dada, para que o Festival de Folcore fosse integrado numa Festa Anual de uma Organização na cidade a que cada grupo pertencesse.

A

ideia foi de Manuel da Cunha Mendes, tocador de Violão e Viola da Terra Terceirense no Grupo Folclórico Tempos de Outrora, e transmitida ao Dr. Jorge Duarte, quem achou interessante e original. Não quer dizer que todos aceitem, e tem as suas condições, mas que se tornaria mais viável à sua realização, claro que sim, e nenhuma Festa perderia com o Festival! Esperamos que o 33° Festival de Folclore tenha lugar no próximo ano. Felicidades a todos e rápida recuperação ao habitual fotógrafo do Festival, José Enes, que devido a um acidente, não pôde estar presente.

M

antém-se nos Açores uma tradição bem portuguesa que consiste em cantar e bailar nas grandes romarias. Refiro-me a um tempo em que o povo bailava, no arraial ou no terreiro, as folgas ou os chamados bailes de roda; por sua vez, as pessoas pertencentes às classes mais privilegiadas dançavam, nos salões, o minueto, a gavota e, já no século XIX, a quadrilha, a polca ou a valsa.

Cada um, à sua maneira, exprimia e exteriorizava a sua alegria. É o caso da canção “Bela Aurora”: A Bela Aurora no mato Decerto que não tem medo Faz a cama, dorme só Debaixo do arvoredo. Datam do século XVIII as primeiras informações sobre esta cantiga que, segundo alguns estudiosos, começou por ter algumas afinidades marroquinas,

mas que ao longo do tempo foi perdendo esse caráter e hoje, pela índole musical em que se enquadra, poderemos considerar uma canção dos Açores. Aliás, o insuspeito César das Neves, no seu Cancioneiro de Músicas Populares (Porto, 1893-1899), considera-a precisamente de criação açoriana. A “Bela Aurora” é cantada em todas as ilhas dos Açores, com variantes poéticas e musicais.


COLABORAÇÃO

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Uma Vez por Outra

Conversa com uma campeã

Carlos A. Reis reis0816@aol.com

H

oje o desporto açoriano não é só o futebol e algumas outras modalidades extra futebol, como acontecia no meu tempo de atleta desportivo. Várias outras modalidades diferentes surgiram e ainda outras desenvolveram-se consideràvelmente, não só a nível açoriano, como nacional e até europeu. Entre outras, a canoagem que já despertou o interesse dos jovens, de tal modo que já começou a ser procurada e praticada, com a conquista de prémios como aconteceu com a nossa amiga Tânia Mão de Ferro. Nascida no Corpo Santo, bem próximo do mar e do Porto das Pipas, teria forçosamente que enveredar por uma modalidade ligada ao mar. Começou a praticar a canoagem aos 9 anos de idade mas, para seu prejuízo desportivo pessoal, abandonou a modalidade até atingir os 29 anos, regressando em 2013, mas a sua época de ouro foi em 2014. Começou por representar o Clube Náutico de Angra, neste momen-

to sem direção e ao abandono, por isso, ingressou no Angra Iate Clube com a sede no Porto das Pipas que suporta e mantem as modalidades da canoagem, vela e jetski. Voltando à excecional época que realizou em 2014, conquistou os prémios atribuídos ao ’Circuito Primavera Kayuk Mar’, realizado em março, ’Torneio Clube Mar Livre da Terceira’, realizado em maio, ‘Torneio das Sanjoaninas’, realizado em junho, ’Campeonato Regional 2014’, realizado em julho, e finalmente ‘Torneio das Festas da Praia da Vitória’, realizado em Agosto, tendo alcançado sempre o 1° lugar da classificação geral em todos os torneios. Mãe de um filho de 15 anos que também já começa a evidenciar-se na canoagem. É funcionária de uma empresa privada da Restauração Coletiva. Apresentada a Tânia e, depois de lançada a ideia de uma conversa para a Tribuna Portuguesa, que aceitou de imediato, vamos iniciar a nossa troca de ideias e

Santos-Robinson Mortuary San Leandro

de opiniões.

ou material.

Qual a sensação que sentes quando terminas as provas em 1o. lugar?

Qual a tua ambição como praticante da modalidade?

Uma concretização pessoal e a melhor forma de provar ao meu treinador, que foi meu colega de equipa, que valeu a pena acreditar em mim e que sempre confiou nas minhas capacidades.

Manter o 1° lugar no Campeonato da Região Açores e, se possível, uma boa prestação no Campeonato Nacional, sabendo de antemão que será uma tarefa difícil porque em Portugal continental há muitos e bons atletas, com muita experiência na modalidade;

Quantos dias de treinos por semana? Normalmente 5 dias por semana, durante os meses de verão e de inverno, cerca de 2 horas e 30 minutos por dia. Qual é o local dos treinos? Na baía de Angra e por vezes noutras zonas, sem afastar muito do Porto das Pipas onde se encontra instalado o Angra Iate Clube, para no caso de necessitar de qualquer assistência pessoal

A idade é uma experiência? Se regressasse um pouco mais nova na idade e, se tivesse tido menos tempo de afastamento na prática da modalidade, teria tido mais possibilidades de me desenvolver e melhores perspetivas teriam sido alcançadas. Foram muitos anos em inatividade.

Afirmativo. Todos os atletas declaram-se felizes durante as provas e o contato com o mar, especialmente quando presenciamos as belezas naturais dele e dos animais que nele habitam, situação que me encanta. À tua disposição a Tribuna Portuguesa… Sinto-me muito feliz por ter participado nesta nossa conversa e ter a oportunidade de levá-la ao conhecimento dos açorianos residentes na Califórnia, através da Tribuna Portuguesa, fazendo votos para que o jornal se mantenha por muitos anos e que possa ser um elo de ligação entre os emigrantes residentes na Califórnia e aqueles que, como eu, decidiram manter-se nas suas terras de origem. Aproveito a oportunidade que me foi dada, para estar na vossa companhia.

Sentes-te muito feliz por praticar a canoagem?

www.radiolusalandia.com Sábados - das 12 - 4pm Domingos - das 9 - 11am

Family owned California FD-81

* Servindo

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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2014

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges

N

d.borges@comcast.net

ão são poucas as vezes que nós imigrantes, ou luso-descendentes, somos conhecidos, na sociedade em que vivemos, nas nossas pequenas ou grandes cidades, pelo grupo étnico que faz uma, ou várias, grandes festas em cada ano, nos nossos salões e nas nossas paróquias. Porém, salvando-se raras exceções, s nossas celebrações e os nossos acontecimentos socioculturais não fazem parte da grande sociedade americana. Não temos, em alguns casos, veículos para o fazer, e em outros, gostamos que as nossas “atividades”, sejam, somente nossas. Faz bem amuitos egos. Como ando há anos a dizer, quase ad nauseam, que a americanização das nossas comunidade é verdadeira, que está a acontecer neste momento e que todos os dias há mais famílias nossas a falarem somente inglês nas suas casas e cada vez mais afastadas das nossas associações, acho imperativo tornar as nossas celebrações culturais parte integrante do mundo norte-americano e utilizar os mecanismos do mesmo mundo para promover o nosso legado cultural. E é nesse sentido que gostaria de refletir sobre um dos veículos mais acessíveis, e mais infalíveis, para se promover o nosso legado cultural: as escolas do ensino secundário no estado da Califórnia. Como se sabe, temos 9 unidades do ensino secundário no estado da Califórnia com cursos de língua e cultura portuguesas. São poucas, bem o sabemos. Porém,

é o que temos e há outras três no horizonte. O que temos são nove escolas na Califórnia, nove localidades do mundo norte-americano com milhares de alunos, professores e pessoal de apoio onde lá está a nossa língua e a nossa cultura. São locais privilegiados para se expor e viver o nosso legado cultural. É que não se pode ficar apenas pelos alunos que aprendem a nossa língua

e a nossa cultura, o que já seria bastante saudável. Em muitas dessas nove escolas existem centenas de alunos que diariamente aprendem algo sobre a nossa língua e a nossa cultura. Mas há mais a fazer! Há que investir numa amálgama de atividades que acabem por ir além das aulas de língua e cultura portuguesas e façam das associações de estudantes luso-descendentes, que existem nessas mesmas escolas, verdadeiros centros de promoção cultural. Chegou o momento de “aproveitarmos” este manancial de gente nova: os alunos, e de gente de todas as idades: os corpos docentes e o pessoal de apoio, para expandirmos a nossa

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com 1–o

direito à indignação racional

É

com justificada satisfação que o ‘memorandum’ procura participar no desafio das ideias cívico-culturais da diáspora lusófona. Durante as três décadas de aprendizagem no ‘ofício’ de emigrante (em regime de full-time), o signatário continua atento ao bom comportamento étnico-cultural da ‘boa-malta’ açórica – gente que não olha com desdém o legítimo sucesso alheio, nem ostenta fingida comiseração pelas carquilhas no rosto da pobreza involuntária. Na minha circunstancial natureza de ilhéu atlântico, continuo a viver longe mas nunca distante: o meu isolamento – mais que acidente geográfico – é uma opção de Vida! Afinal, a humanidade é composta por ‘ilhéus’ nados e criados no planeta Terra – a ‘terceira-ilhota’ do sistema solar… Apesar da licenciosidade do rodopiar das superficialidades sociais, não tenciono abrandar o dever de honrar a fracção de responsabilidade cívico-cultural que me incumbe como modesto membro da comunidade humana. Entretanto, sinto-me prevenido pelo valioso aviso de J.J. Rousseau, que diz assim: “o poderoso não seria capaz de manter o poder, a não ser que consiga transformar a força em razão e a obediência em dever”…

Porque já começou o novo ano escolar... presença portuguesa no mundo americano. Acho que as forças vivas (ou moribundas, consoante a perspetiva ) de algumas das nossas comunidades ainda não compreenderam o tesouro que é termos, na cidade onde vivemos e trabalhamos, escolas secundárias do ensino oficial americano com cursos de língua e cultura portuguesas. É que à volta dessas escolas, em torno dessas aulas, em colaboração com esses professores de português, e as respetivas associações de alunos, poder-se-á criar um conjunto de atividades que ao interligarem a comunidade à escola, fazem com que a comunidade esteja no cerne da sociedade que a rodeia. Chegou o momento de se criar eventos culturais nessas escolas que tenham uma forte componente da nossa comunidade. Temos que promover mais acontecimentos culturais nessas escolas, mais sessões de esclarecimento para os pais, serões de poesia, de teatro, de cinema e de literatura. E também temos que trazer os alunos à comunidade. Temos que fazer protocolos com as nossas associações, algumas das quais estão em situação financeira privilegiada, permitindo-lhes apoiar estas atividades únicas e de extrema importância

porque estão mais ao serviço dos egoísmos pessoais dos seus inábeis corpos diretivos, do que dos seus objetivos ou dos seus estatutos. Mas não vale a pena gastar-se tempo com quem ainda pensa assim e não está ao serviço das nossas comunidades. Há sim que trabalhar com quem compreende que as comunidades de hoje não são as mesmas de ontem. Há que, acima de tudo, não estragar este momento da nossa história. É um momento único, com desafios, mas grandes oportunidades e se o negligenciarmos, ficará tudo perdido. Vamos a unir esforços e vamos criar em todas as nossas comunidades cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas secundárias deste estado. Vamos apoiar, e dinamizar, os clubes, as associações juvenis lusas que existem em várias escolas secundárias deste estado. Há que irmos, dentro do nosso movimento associativo, além de uma bolsa de estudo que compra dois livros a um aluno universitário, e descarga a consciência da coletividade que a oferece. Temos que investir, a sério, na promoção da nosso legado cultural junto dos estabelecimento de ensino onde se leciona a língua e cultura portuguesas. Há que termos uma maior e melhor ligação ao mundo do ensino americano, onde a nossa língua e a nossa cultura terão, se quisermos que as mesmas sobrevivam, uma presença diária e em pé de igualdade com as outras línguas e culturas.

...era uma vez a "sopa de pedra" cívica

Sem pretensões idolátricas, atrevo-me a recordar algo que costumo registar no résdo-chão das minhas crónicas: liberdade e libertação são duas etapas autónomas do percurso cultural dos povos. Como vimos observando nos últimos tempos, Portugal continua a esgueirar-se pelas gretas do destino como caloiro hesitante no seu percurso libertador. No cenário global da Autonomia política regional, o Estado português é visto como “um perú a chocar ovos de milhafre”. Adiante: continuamos a observar a enfadonha e persistente confusão entre religiosidade institucionalizada e espiritualidade libertadora… debilidade psicossocial que eterniza a escuridade cívica. Creio valer a pena recordar a clarividente (paciente?) sugestão do enorme Immanuel Kant, ou seja: temos que cultivar o dom da paciência racional e aguardar “man’s release from his self-incurred tutelage”… Haja paciência! 2 – … ‘jejum-étnico’ – exercício da

açorianidade em trânsito

Q

para o nosso quotidiano e o nosso amanhã. Há que trazer as bandas de música, o Carnaval (quando este não está cheio de palavras inadequadas e estereótipos desnecessários), os nossos empresários, as nossas publicações, a nossa comunicação social, as nossas organizações culturais, recreativas e sociais junto dos jovens e junto do corpo docente das escolas, todas elas com centenas de professores, administradores e pessoal de apoio. Tudo isto e fazível, e com a colaboração de todos não é assim tão difícil como se possa pensar. Na pequena e pacata cidade de Tulare, algumas destas iniciativas já são parte integrante do ano escolar. São feitas com muito trabalho, particularmente nos primeiros anos, fooi duro, porque, aqui também temos os nossos “ Velhos do Restelo”. Alguns até nem são assim tão velhos em idade, mas em pensamento são, infelizmente, mais velhos que a salve-rainha. O que temos feito tem sido pouco, e por vezes para se concretizar estes eventos tem-se penado, como dizia a minha santa avó: os olhos da cara. Mas tem-se feito! Daí que pouco a pouco as, mesmo as mais relutantes das nossas organizações começam a entender que estes protocolos são feitos apenas com uma intenção: promover a nossa cultura, toda a nossa cultura, junto das populações mais novas e junto do mundo americano. As organizações que ainda não compreenderam, e talvez jamais compreenderão, acontece, simples e unicamente,

uando me sinto ‘à rasca’ parta justificar as insuficiências da minha ancestralidade insular, divirto-me amiúde com a metáfora há décadas decorada, que diz o

seguinte: “sou oriundo duma terra habitada por cerca de um quarto de milhão de ilhéus, dos quais mais de um milhão são poetas!” Na verdade, há quem prefira imaginar a poesia como sacrário da distância, e ainda como confidente do latejar da ausência… (…/…) Continuamos a reparar no discurso desinfectado da liderança político-cultural da diaspora açórica, sobretudo nas genuflexões semânticas ao estafado conceito autonómico: Autonomia galopante! Autonomia vacilante! Autonomia cooperante!... Que mais? Antigamente, a riqueza era gozada às escondidas; a roubalheira praticada pelos poderosos era comentada (à boca-pequena) como simples ‘desvio’. Claro que hoje em dia é cada vez mais urgente cultivar a arte e o saber da inter-dependência democrática. Através do mirante da internet, é fácil detectar sinais inequívocos da senilidade política do mercenarismo político-parlamentar. Mais há mais a notar: a perturbante ausência duma liderança sindical; o seguidismo endémico do elitismo académico; o vazio evangélico dos maratonistas da santidade; o misterioso critério distruibutivo do capital supostamente protegido pelas castas financeiras disfarçadas em mordomos da banca do grupo Espírito Santo. Fiquemos por aqui… Para confirmar a eficácia cívica e o valor

humano resultantes do regime politico escolhido – seja ele autonómico ou estatal – seria bom examinar o resultado à vista, ou seja, apurar a qualidade da cidadania que floresce em tais condições. Nesse caso, a nossa pergunta seria simples: quando a maioria verifica que uma determinada seita política promove o ‘elefantismo partidário’, o parasitismo financeiro, o clientelismo oportunista baseado no juramento ‘matar para não morrer’ – seria então caso para decretar a chegada da hora de formular perguntas – sim, perguntas decisivas na prática do diálogo público com as urnas… Perante tão saborosa “sopa de pedra” cívica, apetece concluir esta refeição com a seguinte sobremesa pensante: “o político pensa na próxima eleição; o estadista pensa na próxima geração”. (*) o autor do texto não aderiu ao recente ‘acordo ortográfico’.


COLABORAÇÃO

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida eialmeida@yahoo.com

Preços altos na alfafa vieram para ficar

E

ra uma vez um ingrediente para a alimentação das vacas leiteiras, tão popular com os produtores de leite do Oeste que muitos não podiam acreditar na possibilidade de produzir leite com a ausência deste ingrediente. Mas foram forçados quando a Segunda Guerra Mundial repentinamente cortou a linha de acesso à “Copra” (coconut) vinda do Sul do Pacifico. Depois da guerra, gradualmente a linha retomou a sua ação, mas já a demanda pelos produtores diminuiu quando se haviam já habituado a produtos alternativos que eram menos dispendiosos, mais viáveis e mais à mão, e “Copra” básicamente desapareceu na obscuridade para a nutrição de vacas de leite.

Seguindo em frente para a década dos 70’s, quando era comum para as produções do Oeste incluir entre 30 e 40 libras de alfafa por vaca por dia às suas manadas, não seria remotamente possível que nos dias de hoje as rações das vacas de leite fossem formuladas com essas quantidades de alfafa. De acordo com estimativas de “California Department of Agriculture” as rações do primeiro trimestre do corrente ano continham em média 9.44 libras de alfafa por dia por vaca. A moral da história é que nenhum ingrediente deve ser considerado indispensável ou insubstituível nas rações dos animais. Isso inclui alfafa, e a pergunta que os peritos em nutrição dos animais estão discutindo entre si, porque todos os indicadores apontam para que a dispendiosa alfafa seja agora o novo normal. A razão básica é bem patente, de que os produtores de leite estão bem familarizados, e que todos os produtos que produtores e lavradores usam no processo de produzir leite, ou outros produtos agrícolas, são agora mais dispendiosos. Longe vão os dias em que se produzia leite por $6.00 por cada 100 libras. Esses dias foram-se para sempre, assim como os dias de produzir alfafa por $60.00 por tonelada. Triplicar esses numeros, (ou mais), é a realidade de hoje, amanhã será

ainda mais dispendioso. A descida nos inventários, é aparentemente a maior razão da brusca subida dos preços na alfafa. Números divulgados pelo Departamento da Agricultura (USDA) indicam que recuando tanto como a 1920, encontraremos a mais alta produção em acres de terreno, em 1957 com 29.8 milhões de acres, no ano de 2013, foi 40 % menos. Os anos de 1960’s e 1970’s, testemunharam notáveis ganhos na produção de alfafa por acre, mas práticamente igual nos ultimos 30 anos. A média nacional em 1979 foi de 3.20 toneladas por acre, em 2013 foi de 3.24. Menos hectares e um ligeiro aumento na produção quer dizer menos inventário. O topo da produção foi de 91.87 milhões de toneladas em 1986, e desceu para 57,58 milhões em 2013. As vacas dos Estados Unidos não são as unicas com notável apetite por alfafa. Gado de produção de carne e cavalos são grandes mercados por este produto, além do mercado de exportação, que embora modesto, tem aumentado r e c e nt e me nt e e situa-se a 2.24 milhões de toneladas, triplicou desde 2001. Todos estão competindo pelo mesmo produto. Nos ultimos 3 anos tem intensificado imensamente a crítica importância do inventário e preço da alfafa, uma realidade que por algum tempo foi considerado um privilégio da mãe natureza, especialmente na California. Numeros positivos na produção que por largos anos foram favorecidos pelo excelente clima local e os avanços tecnológicos da agricultura em geral. A crescente falta de água veio afetar dramáticamente a decisão dos produtores agrícolas de quais os produtos a produzir no futuro, segundo a opinião de Dan Putnam, Agronomista e Especialista da Universidade da California, Davis. No Vale de San Joaquim, mesmo a $350.00 por tonelada os produtores não estão indicando a possibilidade de dedicar mais terreno à producao de alfafa, que tem vindo a perder terreno a uma mistura de árvores, cereais e outras culturas especiais. Tal como acontece no “Midwest” com a produção de milho. Tudo indica que o declinar da alfafa está dando lugar à produção e uso da silagem de milho e outras forragens. Essas sim parece que vieram para ficar.

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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2014

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

O

mês de agosto do ano corrente 2014 assinalou no calendário uma curiosidade extraordinária, registando cinco sextas-feiras, cinco sábados e cinco domingos. A conjetura que isto aconteça em cada 823 anos é totalmente estranha às minhas pesquisas. Não dispondo de condigna confirmação, deixo-a consequentemente à conta dos estudiosos e letrados. Mais concretamente, recordo o que o meu amigo e popular colunista Ray Orrock (1927-2008) observou escrevendo que agosto era o único mês sem feriados nacionais nos EUA. À semelhança do Heritage Bay, celebrado na província canadiana de Alberta na primeira segunda-feira d’agosto, Orrock sugeriu então organizar um Heritage Day nos EUA durante o mês d’agosto, com a representação das diversas etnias, incluindo um jamboree de Mexican Hat Dances, Portuguese Chamaritas, etc., bem como a distribuição de petiscos, tais como pizza, linguiça, sushi, enchiladas, etc. Nos Açores, salvo erro, não temos feriados em agosto. No entanto, o calendário local encontra-se preenchido com numerosas festividades religiosas e populares procissões, incluindo animadas romarias, transformando o mês d’agosto num período de solene devoção e ruidosa alegria, estendendo-se desde o primeiro ao último dos dias d’agosto. Recuando aos meus antigos tempos de vivência nos Açores, acode-me à lembrança aquele cenário de igrejas, ermidas e adros,

Recordando

Memórias de Agosto

ruas e largos, transfigurados com as flores que se ajeitavam, círios que se ardiam, andores que se enfeitavam, mastros que se alinhavam, bandeirolas que se agitavam, músicas que se tocavam, foguetes que rebentavam e sinos que repicavam. Como devidamente anotou Carreiro da Costa, “agosto é um mês alegre e diferente, porque até o tempo ajuda a essa diferenciação. Tempo quente, de estradas e caminhos escaldantes de sol. Tempo fresco de frondes e latadas, derramando sombras pelas bermas e quintais. Tempo doce com sabor de uvas, maçãs, damascos, melões e melancias.” Porém, convém acentuar que agosto é essencialmente um mês consagrado a Nossa Senhora, abrindo em S. Miguel com a Senhora das Neves na Relva, e fechando com a Senhora das Vitórias em Santa Bárbara da Ribeira Grande. Mas é precisamente a meio do mês que se situa a grande apoteose a Nossa Senhora no mistério da sua Assunção, tornando-a mais conhecida por Nossa Senhora dos Anjos. Nossa Senhora dos Anjos, Braços erguidos ao ar; Os anjos mais as estrelas Vêm do céu p’ra a levar. Nossa Senhora dos Anjos, Voltai p’ra cá vosso rosto; Fostes coroada no céu, No dia quinze d’agosto. Arrimando-me aos apontamentos legados por Carreiro da Costa, recordo que neste

lembrado dia Nossa Senhora é dos Anjos na Fajã de Baixo e Água de Pau em S. Miguel, e na histórica ermida no lugar dos Anjos em Santa Maria. É a Senhora da Ajuda na Bretanha, na Covoada e Fenais da Ajuda em S. Miguel, em Santa Bárbara na Terceira, em Santa Cruz na Graciosa, em Pedro Miguel no Faial e na Prainha do Norte no Pico. Nossa Senhora é da Glória em Santo Espírito de Santa Maria, e foi de ermidas (já desaparecidas) no Livramento em S. Miguel e na Horta do Faial. É da Assunção na Vila do Porto em Santa Maria. É do Livramento no Livramento em S. Miguel, e foi outrora duma antiga ermida em Santa Maria. Nossa Senhora é da Vitória num par de ermidas na Graciosa (ver foto), numa igreja na Vila do Porto, Santa Maria, e foi antigamente de ermidas (já derruídas) em Vila Franca e na Relva, S. Miguel. É ainda das

Vitórias na encantadora ermida nas margens da Lagoa das Furnas. Registo igualmente que o mês d’agosto em S. Miguel abre com as festas do Santíssimo Salvador do Mundo na Ribeirinha da Ribeira Grande, e fecha as grandiosas festividades do Senhor Bom Jesus da Pedra em Vila Franca, como ilustra esta quadra: “Chega-se o Senhor da Pedra / Chega-se a minha alegria / P’ra ver o fogo à noite / E o Senhor no outro dia.” Resta-me ainda apontar que agosto é também um mês de Santos, que o povo açoriano respeita e lembra com muita devoção. P’ra tanto bastará recordar S. Caetano (dia 17), S. Lourenço (10), Santa Clara (11), S. Roque (16) e S. Bartolomeu (24). Como criteriosamente recordou Carreiro da Costa, “a presença destes santos encontra-se em templos diversos, mas não esquecidos, por todas as partes dos Açores como oragos de paróquias e simples capelas, todas igualmente festejados ao longo destes trinta e um dias d’agosto, tão cheios de piedade e de alegria.” Se eu falasse c’um Santo, Duas coisas lhe pedia: Era a minha salvação, Mais a tua companhia.


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FORT BRAGG

1 de Outubro de 2014

Fort Bragg em Festa de Espírito Santo

A Banda de Petaluma sempre presente nas festas realizadas no Norte da California

Knights of Columbus acompanharam a Coroação

O barquinho da massa sovada

Preparação da Solha para ser servida no habitual Jantar de Sexta-feira

Nas arrematações toda a atençao é pouca

Uma das praias mais bonita de Fort Bragg Esq: Porto de Noyo em Fort Bragg, com muitas traineiras e barcos de recreio

Em 1939 o marido de Laura Sousa, Manuel, ambos de São Miguel, estava doente e ela fez uma promessa, se o marido recuperasse bem, organizaria a Festa do Espirito Santo em Fort Bragg. E assim foi. Laura Sousa deslocou-se a Mendocino e pediu emprestado a Coroa deles, para ser usada na sua festa, mas o pedido foi recusado. Voltou a casa "very upset", como recorda a sua filha Lenore Sousa-Cortez. Mais tarde encontrou-se com Frank Hendrick e Sebastião Cavaco e contou-lhes o sucedido em Mendocino. Os dois homens disseram-lhe que ela não se preocu-

passe que iam arranjar dinheiro, pedindo a portugueses de Fort Bragg. Recolheram $340 dólares e com $300 compraram uma coroa em San Francisco, nesse mesmo ano. Foi benzida e apresentada à Comunidade Portuguesa de Fort Bragg no dia 12 de Agosto de 1939. No ano seguinte em Junho teve lugar a primeira Festa. O Comité era constituido por Frank Hendrick, Sebastião Cavaco, Frank Mota, Joseph Madeira, Manuel Carolo e Narciso Martins. Lenore Sousa, filha de Laura Sousa foi escolhida como primeira Rainha, depois de ter ganho a competição

em vendas de bilhetes entre a comunidade portuguesa. Como não havia ainda Salão, a festa realizou-se no Eagles Hall. As sopas foram feitas em Mendocino e trazidas para Fort Bragg. Outra filha de Laura Sousa que vivia em Hayward, conseguiu capas e bandeiras emprestadas de outras festas. Por causa da guerra as festas pararam de 1941 até 1947. A festa foi retomada em 1948. A Diocese sabendo da necessidade que a comunidade tinha em ter o seu proprio Salão, ofereceu a velha Igreja Catolica de 1890 que estava abandonada, porque projecta-

va construir uma nova. O Comité da Festa de 1950 resolveu então comprar terra à Union Lumber Company por $800.00. Custou $1100.00 dólares para mudar a velha Igreja para o local do actual Salão. PGE teve de remover os fios da luz para que pudessem trazer a Igreja intacta. Da Igreja fizeram um Salão de Festas e adicionaram uma cozinha e salão de jantar. O Comité responsável pela novo edificio e da Festa de 1950 era constituido por Manuel Carolo, Joseph Barber, Frank Mota, Sebastião Cavaco e Manuel Figueiredo. O altar com o crucifixo foi coloca-

do no Salão de Jantar e pode ser apreciado ainda hoje. Os vitrais da velha Igreja são de 1890 e estão no Salão de Festas. Em 1958 a data da Festa foi mudada de Junho para o terceiro fim de semana de Setembro. Na Sexta-feira da Festa serve-se o tradicional jantar de peixe, no Sábado, caçoila e no Domingo Sopas e Carne. A Missa da Festa é sempre realizada na Our Lady Of Good Counsel Catholic Church. in The Holy Ghost Festas by Marc Valadão


FORT BRAGG

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Realizou-se em Fort Bragg a Festa do Espirito Santo que desde 1958 foi mudada de Junho para a terceira semana de Setembro. Mesmo sendo uma localidade pequena de portugueses, muita gente, quer do Norte quer do Vale Central se desloca a esta bonita localidade do Norte para assistir a três dias de tradição. Na Sexta-feira serviu-se peixe frito (unica refeição paga), com a presença de 600 pessoas em tries mesas - 5, 6 e 7 horas. No Sábado comeu-se caçoila servida a 800 e tal pessoas. Houve actuação do Grupo Etnográfico do Espírtio Santo do Vale de San Joaquin. A noite houve baile com Erminio Lemos. No Domingo, a Coroação saíu do Salão às 10:30 am em direcção à Our Lady Of Good Counsel Cathlic Church, onde foi realizada Missa de Festa por um jovem padre filipino. No entretanto serviram-se as primeiras Sopas e Carne. Depois da Missa, regresso ao Salão, Sopas e Carne foram servidas aos elemetos que acompanharam a Coroação. Durante a tarde houve arrematações. Abrilhantou a festa a Lusitania Band of the North Bay, de Petaluma. Presidente da Festa: José Ornelas; Vice-Presidente: Manuel Ornelas; Secretária: Alina Ornelas; Tesoureira: Rose Quinonez; MC: Gene Mertle; Marshal: Ricahrd Bettencourt.

Antigas Rainhas da Festa de Fort Braga, que teve o seu início em 1940.

Começo da Coroação em direcção à Igreja

Comissão das Festas presidida por José Ornelas

Cristiano Ornelas, Rose Quinonez, Manuel Ornelas, José Ornelas, Alina Ornelas, Dennis Sousa, Deolinda Giusti, Gene Mertle, Tony Moura, Richard Bettencourt e Fred Giusti


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FORT BRAGG

1 de Outubro de 2014

Fim da Coroação, em frente ao Salão de Festas. Rainha Grande Riley McNulty, aias Alyssa Porter e Cassandra Renteria; Rainha Junior: Cameron Hull, aias Jordan Hull e Kylee Hull; Rainha Pequena Savanna Oglesby, aias Eva Slowik e Brook Sousa

O jovem padre vindo das Filipinas, Andy de Gunman coroando as Rainhas

Rainha Santa Isabel


FORT BRAGG

Rainha Grande Riley McNulty, aias Alyssa Porter e Cassandra Renteria

Chegada à Igreja

Esq: Rainha Junior: Cameron Hull, aias Jordan Hull e Kylee Hull

Panorâmica da Coroação quando se dirigia para a Igreja

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MILAGRES

1 de Outubro de 2014

Festa de Nossa Senhora dos Milagr

José Silveira, Eric e Durvalina Snoke, Alfredo e Tina Nunes, Vitor Medeiros, Maria e Alcino Nunes, Alfredo e Lucy Nunes, Nancy e Walter Costa Jr.

Rainh

Coroação da Rainha Pequena Lexie Nunes

Coroação da Rainha Grande Morgan Nunes

Leonard Trindade, pároco do Santuário, Armando Ochoa, Bispo da Diocese de Fresno e Victor Medeiros, pregador da festa.

Rainha Grande Morgan Nunes, aias Marissa Soares e Kendall Teixeira


MILAGRES

res - Gustine

Coro PortuguĂŞs do SantuĂĄrio de Nossa Senhora dos Milagres de Gustine

ha Pequena Lexie Nunes e aias Isabella Serras e Kaliah Soares

`Rainha 2013 Lexie Nunes, aias Marilyn Verissimo e Jordan Cota

`Rainha Junior 2013 Jallian Nunes, aias Allison Nunes e Selina Lopes

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MILAGRES

1 de Outubro de 2014

Coroação dos Presidentes Alcino e Maria Nunes e toda a sua família

No fim da Procissão a Imagem volta ao Parque

O tema do Bodo de Leite: "Uma Vida de Fé"

Fim da Procissão

O cortejo do Bodo de Leite abria com estes três cavaleiro romanos


MILAGRES

Cenas do Bodo de Leite Rainhas e aias de 2013

Rainha Grande Morgan Nunes e aias Marissa Soares e Kendall Teixeira

Diversas cenas do Bodo de Leite com o tema Uma Vida de Fé Luis Nunes, José Eliseu, Manuel dos Santos, José Ribeiro, Antonio Azevedo, João Pinheiro, Adelino Toledo, José Esteves e Antonio Isidro.

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MILAGRES

1 de Outubro de 2014

Um aguadeiro dos melhores: Raimundo Ferreira

Vários aspectos do Bodo de Leite das Festa de Nossa Senhora dos Milagres

A Festa começou no dia 5 de Setembro com a primeira novena, seguindo-se as novenas e missas até ao dia 11. A pregação esteve a cargo de Victor Medeiros, um jovem padre vindo de São Miguel. Todas as missas foram acompanhadas pelo Coro Português do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres. No dia 10 houve Santa Unção aos enfermos. Na Quinta-feira e depois da novena diária houve Noite de Fados, com Jesualda Azevedo, António Isidro Cardoso e Sara Cor-

reia, incluindo a tradicional desgarrada entre Jesualda Azevedo e João Pinheiro. Os acompanhantes dos fados foram António Isidro, José Elmiro. Na Sexta-feira a Comédia "O Bairrro do Chafariz" pelo Grupo de Teatro da Nova Aliança de San José. No Sábado, Bodo de Leite com o tema "Uma Vida de Fé", com cenas da vida de Cristo e de Sua Mãe. No Pézinho estiveram António Azevedo, Adelino Toledo, José Ribeiro, Manuel dos Santos, João Pinheiro, António Isidro, José Este-

Comissão das Festas em estilo Romano

ves e José Eliseu. Foram acompanhados por Dimas Toledo, Pedro Reis, Manuel Avila, Jorge Reis. Seguiram-se arrematações de gado oferecido à festa. Durante a tarde houve exibição dos Grupos Luso Youth Council #18 de Gustine/Los Banos, Luso Youth Council #24 de Northern San Joaquin Valley, Grupo de Violas da Casa dos Açores de Hilmar, Grupo Folclórico Saudades do Bravo, de Tulare, Grupo Folclórico Alma Ribatejana, de Fremont. Às 6:30 pm Missa e Procissão de Velas para o Parque onde a Imagem permaneceu toda a noite. Às 9 horas, Baile no Salão com o Conjunto "Rosa dos Ventos", de Idaho e cantoria ao ar livre no parque.

No Salão houve também apresentação das Rainhas e de toda a Comissão. No Domingo, Procissão e Missa celebrada pelo jovem padre micaelense, na presença de Leonard Trindade, pároco do Santuário e de Armando Ochoa, Bispo da Diocese de Fresno. No regresso da Procissãao serviram-se novamente Sopas e Carne a todos os presentes. Durante a tarde houve entretenimento com Cátia Ferreira e Arlindo Trindade, ambos da Costa Leste. Depois do Terço, baile e regresso da Imagem ao Santuário. Na Segunda-feira a tão apreciada Corrida de Toiros, com casa cheia - Paulo Ferreira, João Moura Jr. e Israel Tellez.


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Quem lĂŞ o Tribuna sempre aprende alguma coisa


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1 de Outubro de 2014

Estรก pensando Vender ou Comprar Casa? Chame-me hoje mesmo, obrigado.


Reflexões Taurinas

Joaquim Avila

N

bravoi3@sbcglobal.net

o passado dia 15 de Setembro a caminho da praça de touros Bella Vista Park de Gustine para assistir à corrida da Festa de Nossa Senhora dos Milagres, e ao conduzir pelos caminhos cheios de curvas que divide o Vale de Santa Clara e o Vale de San Joaquin, pe-

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Corrida de N.Sª dos Milagres Gustine

fiquei com um pouco mais de esperança de haver alguma coisa boa. Nem que fosse um bom par de bandarilhas, ou um bom ferro de praça a praça, tendo o touro a vantagem de escolher o terreno ao iniciar a viagem para a reunião, até porque os cavaleiros montavam cavalos bastante toureiros para

Fotos de John Freitas Photography las montanhas douradas que mostram bem a seca que teimosamente permanece, já lá vão três anos, pensava qual seria a receita indicada para que a corrida de Gustine fosse um sucesso. Talvez inspirado negativamente pelas montanhas secas e quase peladas, assim como o grande lago de San Luis, feito pela mão do homem, com o nível de água preocupantemente baixo, coloquei a ideia de parte, porque na realidade a seca de ver boas corridas também tem permanecido por estas terras. Mas, ao pensar através do copo meio cheio e não meio vazio, comecei a pensar que afinal de contas os ingredientes para a corrida não eram dos piores, a não ser a seleção do ingrediente principal, que são os touros, mas como diz o velho ditado; só se sabe se a melancia é boa depois de a abrir. O cartel anunciado estava até bastante interessante, ao qual daria os meus parabéns ao presidente da festa por ter a coragem de montar uma corrida mista e com um artista de grande nome a tourear com o melhor da prata da casa. Nos bilhetes de palmo e meio, anunciava-se os cavaleiros Paulo Ferreira e João Moura Jr. para tourearem com os cavalos da coudelaria Irmãos Martins. Para completar o cartel seria o matador de touros Israel Tellez. Para a pega dos 4 touros para cavalo estavam os grupos de Forcados Amadores de Turlock e Aposento de Turlock. Os touros seriam 3 da Açoriana e 3 de Joe Alves e João Silveira. A abrilhantar a corrida estava anunciada a Filarmónica de Escalon. Depois de refletir bem no cartel sempre

TAUROMAQUIA

isso e muito mais. Também pensei na possibilidade de ver um belo tércio de capote com bonitas verónicas rematadas com uma meia verónica, seguindo-se de uns bons pares de bandarilhas só com o matador e touro na praça. Depois com a muleta e com a mãos esquerda poder ver alguns naturais longos e muito bem templados (lá estava eu a sonhar demais...). Quanto às pegas estava bem à vontade porque sabia de antemão que os dois grupos de forcados não nos iam deixar mal. Quando dei por mim já estava na estrada Hunt de muito mau piso (nem nas ilhas se encontram estradas em tão mau estado como esta) que nos leva à praça de touros Bella Vista Park de Gustine, que de belo não tem nada como praça de touros. Enfim, era ali que se iria realizar a corrida, portanto para a frente é que era caminho. O ambiente era festivo como sempre em dia de touros. Ao longe podia avistar as trelas dos cavalos a chegaram à praça assim como os touros. As pessoas a pouco e pouco enchiam os lugares da praça oval. A filarmónica encontrava-se já pronta a exercer o seu importante cargo neste espetáculo que iria começar em pouco tempo. O diretor da corrida também já se encontrava no seu lugar para dar sinal ao trompetista para soar o toque adequado para o inicio da corrida. Quando suou o toque podia-se ouvir o entusiasmo nas pessoas ao sentarem-se apressadamente porque o espetáculo mais bonito de todos os espetáculos iria começar. Para generalizar o toureio a cavalo, diria que tanto Paulo Ferreira como João Mou-

ra Jr. fizeram o seu melhor perante touros não muito bravos, mas que serviram para este tipo de toureio, tendo João Moura Jr. conseguido sobressair um pouco mais ao tourear com o “Capote” no seu primeiro ao bregar muito bem, e depois da colocação do ferro, a levar o touro consigo a ladear como se fosse um cavalo seu de confiança. Paulo Ferreira também teve momentos muito bons com o “Sagres” no seu primeiro touro. Mais uma vez estes cavalos mostraram que são de alto nível. Qualquer cavaleiro que venha de Portugal poderá sentir-se muito à vontade com estes cavalos devido ao fruto do grande trabalho de Paulo Ferreira. Paulo também mostrou grande profissionalismo e camaradagem para com João Moura Jr. ao compartilhar os melhores cavalos da coudelaria. Todas as pegas da noite foram conseguidas à primeira tentativa, menos a do Manuel Cabral do Grupo de Forcados Amadores de Turlock. Esta pega foi consumada à segunda tentativa muito valentemente devido aos grandes derrotes do touro. A grande pega da noite for conseguida por Paulo Alexandre Martins (foto) do Grupo de Forcados Aposento de Turlock. As outras duas pegas foram conseguidas muito facilmente por Jorge Martins Jr. dos Amadores de Turlok e por Fernando Machado Júnior, do Aposento de Tulock. Foi sem duvida uma boa noite para os dois grupos de forcados. Quanto ao toureio a pé, muito mal inter-

pretado por Israel Tellez, foi na realidade um grande desapontamento. Levamos nós tempos e tempos à espera de ver tourear a pé para depois assistirmos a uma verdadeira desgraça. Os touros para Israel saíram em segundo e quinto lugar, ordem esta que eu penso que não resulta porque leva muito tempo para a muda dos burladeros e para endireitar a praça. Isto é apenas a minha opinião e sei muito bem que não há uma ordem de saída melhor que a outra porque todas elas tem de bom e de mau. Israel Tellez estava nos dias não. No seu primeiro touro mal conseguiu tirar algum passe de capote. Nas bandarilhas sempre teve um pouco melhor mas ficou muito além do que é capaz de fazer com este bonito tércio tão apreciado pelos portugueses. Na muleta, ao enfrentar um touro não muito fácil mas com o seu toureio, Israel nunca conseguiu tirar um “derechazo” de bom mérito. Esteve sempre a tourear muito longe do touro e sem nunca se cruzar para o poder mandar como mandam as regras de bem tourear. A mão esquerda não existiu. No seu segundo touro, quinto da corrida, Israel nem bandarilhou, nem toureou com a muleta, foi um desastre autêntico. Na ver-

dade Israel apanhou um touro com muito sentido e com todos os seus movimentos cheios de maldade. No tércio de bandarilhas levou imenso tempo, mas sem nunca conseguir, até por acabar de desistir. Na muleta também não conseguiu nada. Israel mostrou-se frustrado e pediu ao diretor da corrida para mandar o touro para dentro. “Se bem me lembro” desde que compartilho estas minhas reflexões taurinas com os leitores aficionados da Tribuna Portuguesa, nunca critiquei nenhum diretor de corridas porque sei por experiência própria quão difícil é de se exercer este cargo aqui na Califórnia. Fi-lo por quinze anos e com certeza que nem todas as decisões que eu fiz foram das melhores, por isso tenho muito respeito por quem tem a coragem de exercer tão ingrato cargo numa terra taurina aonde só existem regulamentos convenientes para a ocasião. Desta vez tenho que abrir um exceção porque na realidade o tercio de bandarilhas (não existente) levou demasiado tempo sem nunca haver um toque de aviso da gerência. Com certeza que João Gonçalves queria que o caso fosse resolvido, porque na realidade não é muito bom de se omitir o tercio de bandarilhas. O que é certo é que levou muito tempo e mesmo assim acabou por não haver bandarilhas. O diretor tem a responsabilidade de manter o bom andamento de uma corrida e neste caso perdeu-se muito tempo em vão. É precisamente por isto que eu digo que serse diretor de corridas na Califórnia é muito

ingrato. João Gonçalves foi criticado por deixar Israel levar tempo demasiado para que houvesse pelo menos um par de bandarilhas. Em contra partida, se ele mandasse dar o toque para a muda de tercio, também seria criticado por não haver o tércio de bandarilhas. Na minha maneira de ver neste caso eu iria pelo bom andamento da corrida devido à má qualidade do touro. Não seria uma decisão muito popular mas muitas vezes tem que se fazer decisões destas para bem da festa brava. A caminho de casa a percorrer os mesmos caminhos, mas de sentido inverso, sentia-me com emoções misturadas ao pensar nas lides a cavalo, nas pegas e no toureio de Montes. Mas pelo menos não foi tudo mal. Tivemos momentos de bom tourear a cavalo e boas pegas, o que já não é nada mau. Infelizmente o toureio que eu mais gosto não foi nada bom, mas há sempre a esperança que seja melhor para a próxima vez. A bem da festa brava

Na próxima edição irei compartilhar as minhas reflexões sobre o Festival do passado dia 20 de Setembro.


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CULTURA

1 de Outubro de 2014

Daniel de Sá

Apenas Duas Palavras

e o Senhor da Esperança Lélia Pereira Nunes “Que mãos terão esculpido este rosto?... Que espírito concebeu assim o olhar humano de Deus?... Que umas vezes parece triste, dramaticamente triste, outras vezes apenas resignado... Houve um artista que foi encarregado de substituir estes olhos por outros, de vidro. Com o cinzel pronto para o primeiro golpe, sentiu chegar-lhe à alma aquele estranho olhar. Reteve o gesto, e disse: “Não posso.” Por isso os olhos do Senhor Santo Cristo dos Milagres continuam a ser os mesmos de sempre.” Daniel de Sá, In: Senhor Santo Cristo – o olhar humano de Deus, 2007

M

aio. Primavera. Há cerca de um ano, numa manhã açoriana que, entre o azul das hortênsias e o verde da criptoméria, se descortinava o amarelo da bela e perfumada flor da conteira, chegava da freguesia da Maia a notícia da partida repentina e serena do escritor Daniel de Sá. Na Ilha de cá, que o Daniel teimava em dizer que não era Ilha de verdade (ter o continente à distância de uma ponte não é viver numa ilha a sério...) era uma dessas enxovalhadas manhãs de Outono que apetece ficar quietinha, curtindo o aconchego da casa. Aliás, igual ao dia de hoje – cinzento, frio, nuvens grossas como um mata-borrão secando a umidade do céu. Ou, será a minha vista turvada pela dança das lágrimas? Sentar aqui, depois de um ano sem o Daniel e falar da saudade do escritor e do amigo, não é nada fácil. Talvez, não o conhecesse tanto quanto seus amigos de uma vida. Mas, conheci o suficiente para saber que ele, também, não ia gostar de ler um rosário de choramingas em sua memória. Em 27 de Maio de 2013 lamentávamos a sua partida, deixando-nos órfãos do seu saber, da sua palavra sempre pronta, da ternura de atitudes, da sua lealdade e frontalidade, hoje, recordo Daniel de Sá, cidadão português, açoriano da Maia, homem de muitas letras, professor, marido de Maria Alice, pai e avô amado e querido amigo. Quero correr por canadas da memória a cirandar de umas para outras lembranças

vivas como a lição que me dedicou sobre o uso do “c” mudo em Português de Portugal que perdeu a validade: “Nós por cá, em Portugal,/temos cês muito discretos./E quem não quer amar mal/Tem de pô-los nos afectos./ É que esta questão dos cês/ Não se faz assim a toa./Tem razões e tem porquês,/Não é moda de Lisboa [...]Vais aprendendo a lição? Se não vais, já me retracto,/mas nestas há quem os diga,/Dou o dito por não dito/Que a nossa lição prossiga.[...]” Pois, a deliciosa lição do “dilecto” amigo prosseguiu rendendo um bom debate, além do ensinado ou do humorado puxão de orelha. Intelectual brilhante tratava da linguagem como um virtuose da palavra, brindando seus leitores com verdadeiras preciosidades literárias esculpidas na sua elegante e fecunda escrita. Sua produção se alimenta da história social, do tempo e do espaço apontando caminhos de um processo histórico marcado pelo fenômeno da emigração, pela condição de estar fora da Ilha ou dentro dela. Daí a afirmação antológica – sair da Ilha é a pior maneira de ficar nela – do seu romance “Ilha Grande Fechada” que tanto comove por ser tão verdadeiro mesmo sendo ficção. Daniel é citado como uma voz de grande sensibilidade que falava da freguesia da Maia de histórias passadas com as coisas, com a vida das Ilhas. Sobretudo, é lembrado por sua escrita de respeito à condição humana e de amor a terra, desvendando-lhes a alma, gravando verdades ou, simplesmente, contando histórias – retratos da vida real “penetrados por uma claridade particular que os converte em fonte de sentidos-outros e os transfigura. E no encontro da palavra iluminada por um espírito unificador, institui-se o espaço da revelação”. Aqui, cito a escritora Adelaide Freitas sobre a escrita de Daniel. Autora que ele muito admirava e queria bem. Duplamente me emociono. Milhares de crônicas, artigos de jornal, prefácios, textos, notas, mensagens do correio postal às eletrônicas. Livros, uns vinte, creio. Gerou e deu voz a personagens tão distantes como Charles Lawson, o jornalista luso-americano de O Espólio (1987), e Aharon Csánady Halévy, o sobrevivente de Auschwitz, de E Deus Teve Medo de Ser Homem (1997) ou, ainda, como João, o romeiro de Ilha Grande Fechada (1992), e de António, o amado de Helena, de A Terra Permitida (2003). No entanto, tão próximos nos questionamentos e no entendimento que têm de si, de seu lugar no mundo, de suas escolhas, de sua capacidade, de seus limites e de seus desafios. O que realmente me cativa é a sua narrativa em Sobre a Verdade das Coisas (1985). Debruçado sobre fatos corriqueiros, conhecidos de toda a freguesia, vai entrelaçando a realidade e a ficção na urdidura de cada personagem e conto como se tudo acontecesse sob a sua janela. Daniel de Sá transforma a Maia em palco, num cenário aberto para sua ficção e de lá se fez ouvir. E de lá descansou a pena para sempre. Quero lembrar Daniel de Sá por sua devoção ao Senhor Santo Cristo dos Mi-

lagres – o Senhor da Esperança. Comentar sobre o enlevo de sua escrita espiritualizada, de profunda religiosidade, enquanto a cidade de Ponta Delgada ainda “cheira a Festa” e vive o clima de grande comoção que marcou, mais uma vez, a procissão da rica imagem do Senhor Santo Cristo, coroado de espinhos, sofrido, olhar triste, mas cheio de amor e levando com Ele todas as aflições e esperanças renovadas a cada Primavera, num dramático e verdadeiro testemunho da imperecível fé dos açorianos. Fiel aos seus princípios e crenças, Daniel era frontal, punha na sua escrita tudo aquilo em que acreditava e com absoluta convicção partilhava o seu pensar. O seu texto para o livro Peregrinos do Senhor Santo Cristo dos Milagres (2009) é a sagração da história do culto da imagem do Senhor Santo Cristo – o Ecce Homo. Estudioso, investigador sério, lançou seu olhar acurado, isento, sobre os fatos sociais e históricos que registram a celebração religiosa na sua essência e manifestação. Daniel não deixa dúvidas quanto a origem remota do culto, a sua expansão e popularidade às outras ilhas do arquipélago e também a muitas comunidades da diáspora açoriana, bem como a data da primeira procissão em 11 de Abril de 1698, há 316 anos. Magistral história guardada na memória coletiva dos antepassados, transmitidas aos seus descendentes e contadas e (re)contadas às gerações de hoje e às gerações de amanhã. Concordo com Onésimo T. Almeida quando diz que “ quem nunca assistiu àquelas festas (nem viu um rancho de romeiros) não conhece a cultura micaelense. As festas fazem parte do mais fundo da cultura daquela ilha[...]” Jamais esquecerei a emoção sentida ao assistir e Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Da madrugada de sábado até domingo à noite procurei acompanhar e entender os significados do culto e do ritual marcados por momentos de intensa religiosidade e beleza no Santuário da Esperança, onde uma montanha de flores abraçava a imagem e, no lado de fora, no campo de São Francisco, uma feérica iluminação dominava com arte toda a praça. Segui a procissão da mudança da imagem e no domingo mergulhei no mar de gente que acompanhava a imagem pelas ruas enfeitadas com tapetes de flores e das janelas ornadas com lindas toalhas numa profusão de cores e cheiros. Meu olhar incansável e deslumbrado ia do povo às janelas e varandas, onde famílias reverenciavam a tradição secular. É impossível não se emocionar. Já escrevi anteriormente sobre a grandiosidade da Festa e da comoção coletiva que perpassa naqueles dias de louvor, de vivência da fé e tributo ao Senhor da Esperança. No texto do DVD Senhor Santo Cristo – o olhar humano de Deus, Daniel de Sá deixou o seu recado: Felizes aqueles que acreditam sem ver. Mas os nossos olhos precisam de imagens como esta que nos lembrem alguém que tanto nos amou. E de multidões cujo exemplo de fé nos leve a confiar também. A dor

Diniz Borges d.borges@comcast.net Já lá vai um ano e meio que o escritor Daniel de Sá faleceu. A literatura açoriana ficou de luto e muito mais pobre. Conheci o Daniel há muitos anos. Trocávamos correspondência de vez em quando e colaborava, muito mesmo com esta página. Fiquei lisonjeado porque quando lancei um dos meus livros na cidade de Ponta Delgada, o Daniel deslocou-se de Maia. Algo que não acontecia com muita frequência. Quando lhe agradeci, disse-me algo muito mimoso: tinha que vir, gosto muito das tuas crónicas e tenho aprendido muito sobre a América com o que escreves. Claro que não é bem assim. O Daniel sempre conheceu a América e as nossas comunidades, também. Mas confesso que foi bom ouvir aquele exagero dele. Sou um leitor da sua obra e acho que o livro Ilha Grande, Fechada, é um dos clássicos da literatura açoriana. É um livro, que mesmo ainda hoje, precisa ser traduzido para inglês. Sobre o Daniel de Sá escreve, para esta página, e muito bem, a nossa amiga Lélia Nunes do Brasil, uma açor-descendente que compreende muito bem as nossas ilhas. A Lélia traz-nos um belo e emotivo texto. Ela que conheceu muito bem o Daniel de Sá. Leiam-no. Melhor, saboreiam-no ao longo de uma tarde deste (para esta nossa Califórnia) tão desejado outono de 2014. abraços diniz

acompanhada é menos triste, o amor partilhado é mais forte. Minha gratidão ao Daniel de Sá por todas as palavras ditas e por todas as que escreveu e que ficam para sempre.


COMUNIDADE

Portuguese Athletic Club nova direcção O Portuguese Atlhetic Clube completou o sua direcção, que é composta pelas seguintes pessoas: President: Lisa Marie Sousa Vice President: Sergio Rico Treasurer: Vania Paz Betencor Secretary: Sabrina Soares Sports Director: Orlando Betencor Cultural Director: Felipe Silveira Social Director: Cristina Gauna Bar Director: Everardo Rico

PAC goal this year is to continue to foster and celebrate our Portuguese Community as former board of directors have while celebrating the fundamentals of our organization which includes community, traditions and soccer!

Yankee Baleeiros! The shared Legacies of Luso and Yankee Whalers Vai estar patente até o dia 1 de Janeiro de 2015 no San Francisco Maritime Museum o "Yankee Baleeiros! The Shared Legacy of Luso and Yankee Whalers". Esta exposição vinda do New Bedford Whaling Museum tem por objectivo partilhar as experiências das comunidades açorianas, brasileiras e cabo-verdianas, através dos tempos - desde as primeiras emigrações até aos meados do Século XX. Houve diversos eventos tais como: No dia 30 de Setembro das 5:30 às 7:30 houve a abertura da exposição. No mesmo dia às 7:45 o New Bedford Whaling Museum organizou um jantar para celebrar a exibição. No dia 1 de Outubro, das 1:00 à 3:00 pm,

vai haver uma série de palestras relacionadas com o acontecimento. James Russel, Presidente do New Beford Whaling Museum, David Bertão, autor do "The Portuguese Shore Whalers of California", Don Warrin, autor de "So ends this Day: The Portuguese in America Whaling". Toda a comunidade está convidada a participar nestes eventos. Mesmo que não o façam nestes dias, podem até ao dia 1 de Janeiro de 2015 visionar este importante evento da nossa história comum. O San Francsico Maritime Museum (foto) fica localizado a 900 Beach Street.

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COLABORAÇÃO

1 de Outubro de 2014

Festa dos Amigos da Terceira em Pawtucket

R

ealizaram-se entre 2 e 7 de setembro de 2014 as grandes festas, em honra de São Vicente de Paulo, padroeiro dos Amigos da Terceira, em Pawtucket, este ano sobre o lema “HOMENAGEM AOS CANTADORES DE IMPROVISO”. Rica escolha do tema em boa hora feita, para valorizar a nossa

ilha Terceira: O Retornado, José Esteves e John Branco. De São Miguel: Paulo Miranda e Vítor Ponte. Cantaram Pezinho, Desafio e Desgarrada. Nos dias 2 e 3 realizou-se a oração do terço pelas 19h00m. No dia 4, depois de ter sido rezado o terço, realizou um farto jantar (pago), com mais

cultura. A ideia era promover um “Encontro de Cantadores de todo o mundo”, que de certa forma foi conseguida. A festa foi um sucesso. Participaram cantadores da Costa Leste e Califórnia, por parte dos EUA, da Terceira e São Miguel. Da Costa Leste estiveram presentes: José Plácido, Victor Santos (anfitrião), Eduardo Papoila, José Barbosa, José Gaudino e Liberto Vieira. Da Califórnia veio Alberto de Sousa. Da

de 400 participantes. Seguiu-se o lançamento do livro “João Leonel – O Retornado”, com a apresentação de José Plácido. O serão encerrou com boa cantoria. Na sexta-feira, dia 5, foi oferecido um histórico e alegre passeio turístico aos visitantes e convidados, nas redondezas, com almoço ao ar livre, em New Port. Os festejos começaram depois da 18h00m com o bonito cortejo da rainha até às instalações dos Amigos da Terceira. Os

Quem lê o Tribuna, sempre aprende alguma coisa

carros alegóricos estavam bem decorados com temas de Improviso, nomeadamente versos. A noite foi preenchida com algumas cantigas de improviso, os “Irmãos Severinos”, idos de São Jorge, e Luís Almeida, do Canadá. As cerimónias do sábado começaram cedo, pelas 8h30m, com um pequeno almoço na sede dos Amigos oferecido a todos os presentes, seguindo-se o Colóquio sobre Improviso, em que participei, bem como Mário Pereira da Costa, e os improvisadores José Plácido, Eduardo Papoila, Retornado, Alberto de Sousa e Victor Santos. A assistência também participou, fazendo algumas interessantes perguntas. Uma parte do dia foi animado com um muito participado bodo-de-leite com temas alusivos ao Improviso, com o Grupo de Cantares, e Cantorias. Ao início da noite subiu ao palco da rua a novel cançonetista Nélia que animou o serão dançante com muita vida e alegria. O serão acabou no interior com o artista Luís Almeida. O domingo, dia 7, começou, pelas 11h00m com a procissão e missa e regresso à sede dos Amigos. Participaram duas filarmónicas, a de Santo António, local, e a Banda do Chino, Califórnia, convidada para as festividades. A missa teve a particularidade de parte do ofertório ter sido preenchido com lindas sextilhas alusivas ao Improviso e Improvisadores, da autoria

de Victor Santos e lidas por ele. A tarde decorreu com cantorias e desgarradas e encerrou com a atuação dos “Irmãos Severinos”, no palco da rua. Às 21h00m todos rumaram a casa que no dia seguinte era de trabalho… De salientar o esforço desta organização – Grupo Comunitário Amigos da Terceira – presidida pelo incansável Victor Santos, que consegue manter muito viva a nossa tradição popular, há 26 anos, mas com um esforço que só quem acompanha os pormenores é que percebe o trabalho de muita gente que compõe os Amigos da Terceira. Ali paga-se para ter cultura… A minha deslocação foi de 4 a 13 de setembro e, nos Amigos da Terceira, participei nos festejos com convidado para lançamento do livro “João Leonel – O Retornado” e para o Colóquio sobre o Improviso. Ainda me desloquei ao Estado de Connecticut, na companhia de Pedro Beleza, para fazer o levantamento para o livro biográfico deste. Já em New Bedford tive a amável hospitalidade do casal Ana e Manuel (Manelinhas) Gil, organizador dos Encontros dos Amigos de São Mateus, que são sempre incansáveis no bem receber. Também almocei com o simpático casal Diamantina e António Sousa, este um importante vídeo amador que tem registado muitos dos grandes momentos das nossas tradicionais festas. Sou sempre muito bem recebido e tratado. Um obrigado a todos.

Liduíno Borba

Procura-se... Senhora entre os 35 e 43 anos, para ajudar nos trabalhos de casa, de preferência que fale português. Para mais informaçães, por favor contactem o 253-854-4736


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O Poço da Morte

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ó uma vez subi aquelas escadas. As pernas tremiam-me, o coração estalava dentro do peito e quase que rompia o casaco do fatinho domingueiro. As mãos, suadas, escorregavam no varandim metálico, sem forças para me ajudarem a chegar à plataforma superior. Lá em cima, ainda fiquei mais assustado quando consegui a coragem suficiente para direcionar o meu olhar até ao fundo do poço. Ao meu lado, uma dúzia de espectadores esperava impacientemente o começar do show. Dois soldados do BII17, em vésperas de seguirem viagem para a guerra do Ultramar, riam com piadas que diziam um ao outro, talvez para disfarçar o medo do que os esperava nas selvas africanas. Mais dois ou três casais de namorados e um grupo de canalha ali mesmo dos Quatro Cantos (que talvez arranjaram maneira de entrar sem pagar) completavam o naipe. Era o Poço da Morte! As tábuas da estrutura rangiam com o passar das velozes motorizadas e todo o cilindro estremecia como que sacudido por um violento abalo sísmico. O cheiro dos escapes e dos óleos queimados pelos velhos motores mexiam-me com o estômago. Posicionei-me mesmo ao lado dos soldados, talvez em busca de uma proteção e agarrei-me com segurança à beira do precipício. E foi tudo tão rápido! Joselito rolava e rolava perpendicular às paredes do poço, abria os braços e manobrava a mota só com as pernas. Como era possível aquilo? Como era que ele conseguia girar e desafiar as forças da gravidade daquela maneira? E, ainda por cima, chegava a fazê-lo com os olhos cobertos com uma bandeira! Terminada a exibição no interior, voltava Joselito a montar a sua mota nos cilindros rotativos que estavam em cima do palco da entrada para fazer uns malabarismos e tentar convencer as pessoas a irem ver o que ele era capaz de fazer no interior. Vestia sempre uma camisa de seda vermelha, calças tipo diretor de circo, largas nas perneiras e calçava botas altas até ao joelho, engraxadas de fresco. No pescoço, um lenço também de seda, esvoaçava com a aragem que soprava dos lados da baía.

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Antigamente era assim

João Bendito bendito@sbcglobal.net

Ao microfone, o pai do Joselito continuava com a sua pregação. O som dos altifalantes ressoava ainda mais alto do que o barulho que vinha da pista de carros elétricos ou das barraquinhas dos tiros. “”Venham ver, venham ver, o maior espetáculo do mundo e arredores!!!””. Joselito, impávido, punha-se em pé em cima da mota, de braços esticados, qual Cristo Rei. “”O mais jovem artista do mundo no Poço da Morte... Joselito, doze anos de idade!!!””. Joselito aparecia todos os anos na Feira do Relvão. Com as suas manobras fez deli-

“”Como no poço da morte Como no poço da morte a gente gira contra ventos e marés e tempestades e tornados como os miúdos teimam em ficar sempre acordados e lutam contra o sono com os olhos arregalados assim nós também para lá da fadiga giramos acordados e dizemos: eu tenho a morte toda para dormir.”” Sérgio Godinho.

rar várias gerações de angrenses durante as Festas da Cidade. E não era caso para menos, todos os anos o rapaz tinha ... doze anos! Mas parecia-me triste. De todas as vezes que o vi em cima dos rolos nunca esboçou um sorriso. Enfrentava o perigo noite após noite, desafiava a morte sempre que montava a sua mota e girava a grande velocidade no interior do Poço, mas não sabia sorrir. Deveria haver ali um mistério que nunca cheguei a desvendar. Do mesmo modo que nunca descobri porque é que ele não envelhecia.

Não envelhecia mas também não morreu no Poço da Morte, o nosso Joselito. Num artigo que li recentemente acerca destes espetáculos de feira, vim a saber que nunca houve em Portugal nenhum acidente mortal. Portanto, é muito possível que Joselito ainda ande por ai a girar nas voltas do Poço da Vida, tal como também ainda deve andar o outro Joselito da minha juventude, o pequeno cantor e ator espanhol cujos filmes encheram de alegria as nossa vidas de meninos. Tinham uma coisa em comum, os dois artistas, pelo menos na minha imaginação:

Eram tristes! Não sorriam! Este último, o cantor, chegou mesmo a cumprir pena de prisão, depois de ter sido acusado (em Angola, imagine-se!) de tráfico de armas e de drogas. O dois fizeram muita gente sorrir com as suas habilidades mas giraram “contra ventos e marés” nas suas vidas privadas. Esta semana fui surpreendido com as notícias do falecimento de duas pessoas que me fizeram notar o estremecer da estrutura deste Poço da Vida onde giramos. A primeira, jovem moça de apenas vinte anos que eu até nem conhecia pessoalmente, não resistiu à “teimosia de ficar sempre acordada e lutar contra o sono”. Caiu ao fundo do poço, vítima de doença que trazia desde nascença e deixou a família mergulhada em profunda tristeza. A segunda, outra “jovem” de oitenta anos, sucumbiu ao peso da vida mas teve o condão de não se esquecer de cantar até ao último suspiro. A Tia Ariete era uma senhora que muito prezei de conhecer e que me acarinhava quase do mesmo modo que o fazia aos filhos e netos. Sei que, se ela tivesse conhecido o Sérgio Godinho, o teria convencido a mudar a última frase do seu poema para “eu tenho a morte toda para cantar”, como o fez durante a sua vida. Nunca tive jeito nem voz para cantar, nem nunca sequer aprendi a andar de mota, mas aqui vou seguindo, por vezes “para lá da fadiga”, a girar neste poço da vida até que chegue a minha vez de descer as escadas do Poço da Morte. Quando tal acontecer, vou experimentar usar o truque do Joselito e dizer a São Pedro que tenho só doze anos, pode ser que ele me deixe ficar cá mais uns tempos. Porque, afinal, é só uma vez que descemos aquelas escadas.

Presidente da Câmara de Angra visita a California O Presidente da Câmara de Angra do Heroismo, Álamo Meneses, bem como o Vice-Presidente José Gaspar visitam a California. Chegarão a San Francisco a 29 de Setembro. No dia 30 visitam a Cidade Irmã de Gilroy e serão recebidos na Câmara, visitando depois a cidade. À tarde recepção com membros da Comunidade no Old City Hall Restaurasnt. No dia 1 de Outubro encontro com o Presidente da Câmara de Gustine, nova Cidade Irmã de Angra, seguida de almoço com a Comunidade. À tarde chegada a Tulare. Reunião e Jantar com Cônsul Honorário de Portugal em Tulare. No dia 2 de Outubro pelas 9h30am Boas vindas e visita à Câmara de Tulare e outros serviços municipais: polícia, bombeiros, biblio-

teca. 11h30--Reunião com a mesa diretiva da Fundação das cidades-irmãs. 13h00--almoço com a fundação das cidades irmãs. 15h00--visita à fábrica de lacticínios e museu. 18h30--Receção e jantar oferecido pela Filarmónica Portuguesa de Tulare. No dia 3 de Outubro regressam de Tulare e jantam com Gilroy Sister Cities Board of directors. No dia 4 de manhã entrevista na KSQQ e almoço na Banda Portuguesa de San José. Depois do almoço visitarão San Jose e Santa Clara.

Visita à Costa Leste. Agradecemos ao José Gabriel pela foto. Um grupo de Amigos com os Presidentes das Câmaras das Cidades Irmãs Angra do Heroísmo/Taunton, José Gabriel do Álamo de Meneses e Thomas Hoye, respectivamente. no Taunton Eagles Soccer Club.


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DESPORTO

1 de Outubro de 2014

Sporting 1 Porto 1 Estoril 2 Benfica 3. Campeonato aquece. CLASSIFICAÇÃO da I LIGA

J V E D G P 1Benfica 6 5 1 0 15-4 16 2FC Porto 6 3 3 0 8-2 12 3Marítimo 6 4 0 2 10-5 12 4SC Braga 6 3 2 1 9-3 11 5V. Guimarães 6 3 2 1 11-7 11 6Rio Ave 6 3 1 2 13-7 10 7Sporting 6 2 4 0 9-4 10 8Belenenses 5 3 1 1 8-6 10 9Arouca 6 2 1 3 4-6 7 10V. Setúbal 6 2 1 3 5-10 7 11Boavista 6 2 1 3 4-10 7 12Académica 6 1 3 2 6-7 6 13Moreirense 6 1 3 2 3-7 6 14P. Ferreira 5 1 2 2 3-5 5 15Estoril 6 1 2 3 9-14 5 16Nacional 6 1 1 4 5-9 4 17Penafiel 6 1 1 4 3-9 4 18Gil Vicente 6 0 1 5 5-15 1

Liga 2

J V E D G P 1Freamunde 8 6 1 1 13-2 19 2Benfica B 8 5 2 1 17-9 17 3Chaves 8 4 4 0 14-8 16 4União 8 4 2 2 11-7 14 5Oliveirense 8 4 2 2 9-8 14 6Tondela 8 3 4 1 10-8 13 7Farense 8 4 1 3 5-6 13 8Olhanense 8 3 3 2 12-7 12 9Beira-Mar 8 3 2 3 10-10 11 10Leixões 8 3 2 3 10-12 11 11Sporting B 8 3 1 4 10-9 10 12FC Porto B 8 3 1 4 8-9 10 13Académico 8 2 4 2 10-12 10 14Marítimo B 8 3 1 4 8-12 10 15Portimonense 7 2 3 2 5-5 9 16Santa Clara 7 2 3 2 7-9 9 17Covilhã 7 2 3 2 9-12 9 18V. Guimarães B7 2 2 3 11-10 8 19SC Braga B 8 2 2 4 10-12 8 20Aves 8 2 2 4 6-11 8 21Trofense 8 2 1 5 9-12 7 22Oriental 8 1 4 3 4-7 7 23Atlético 8 1 3 4 9-13 6 24Feirense 8 0 3 5 7-14 3

Sporting teve o pássaro na mão

Slimani

Apesar das várias oportunidades de golo, o clássico de Alvalade, entre Sporting Clube de Portugal e FC Porto, ditou um empate a um e atrasou as duas equipas na luta pelo topo. O Sporting entrou praticamente a ganhar, pois logo aos dois minutos Nani desmarcou Andre Carrillo, que junto à linha-de-fundo e perante a saída do guarda-redes Fabiano, cruzou para a área, onde o lateral Jonathan Silva apareceu a cabecear para o fundo das redes. O Porto tentou responder mas, durante os primeiros 15 minutos, só deu Sporting. João Mário, aos nove e 14 minutos, podia ter dilatado a vantagem. Depois, os "dragões" conseguiram equilibrar os acontecimentos, mas até ao intervalo foram incapazes de criar perigo. No início da segunda parte, Jack-

Benfica passa na Amoreira

t

Num jogo em que esteve a vencer por 2-0 mas permitiu o empate do Estoril Praia, o Benfica acabou por alcançar a vitória desejada, por 3-2, e aproveitar da melhor forma o nulo no clássico de sexta-feira,

consolidando a liderança da Liga. Os "encarnados" entraram de rompante e aos oito minutos já venciam por 2-0, com Anderson Talisca a bisar. Primeiro, numa jogada sensacional, logo aos dois minutos, em que arrancou desde o meio-campo, ultrapassou vários adversários e bateu Paweł Kieszek, e depois numa finalização à boca da baliza (8'). Após Lima rematar ao poste, o Estoril equilibrou os acontecimentos e também acertou no ferro, através de Yohan Tavares. Isso foi o prenúncio para o golo anfitrião, com Diogo Amado, aos 37 minutos, a ser mais rápido a reagir ao remate

de Kléber ao poste. À beira do intervalo, Jardel, de cabeça, também acertou no poste. A reacção do Estoril teve continuidade na etapa complementar e o empate acabou por chegar. Aos 53 minutos, numa excelente jogada colectiva, Kuca desmarcou Sebá e este serviu Kléber para um golo fácil. No entanto, aos 65 minutos, contrariedade para o Estoril, com a expulsão de Matias Cabrera, que foi devidamente aproveitada minutos depois, quando Lima encostou a bola após Derley ganhar um lance dividido com Kieszek. Desta forma, a turma lisboeta passa a ter quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto, actual segundo classificado. No outro jogo do dia, o SC Braga venceu o Rio Ave FC por 3-0. Os visitantes ficaram reduzidos a dez jogadores logo aos 13 minutos, por culpa da expulsão de Prince-Desiré Gouano, permitindo aos anfitriões garantir a vitória, com golos de Zé Luis, Rúben Micael e Felipe Pardo. uefa.com

son Martínez podia ter feito o empate, só que, isolado, atirou para defesa de Rui Patrício. Mas este nada pôde fazer aos 55 minutos, quando Naby Sarr, num toque infeliz, desviou para a própria baliza um cruzamento de Danilo. Até final, o equilíbrio foi a nota dominante, e só aos 79 minutos o golo esteve iminente, com Diego Capel, à entrada da área, a rematar à barra. Minutos depois, uma defesa espectacular do No1 "leonino" negou o golo a Hector Herrera. Com este empate, Sporting e Porto ficam a três e um ponto, respectivamente, do líder SL Benfica, que este sábado pode aumentar a vantagem. UEFA.com

Ténis de Mesa

«Uma vitória do tamanho do mundo» O treinador da seleção nacional de ténis de mesa Pedro Rufino deu todo o mérito aos jogadores pela conquista do título europeu e, pessoalmente, diz que é um dos dias mais felizes da sua vida. «Estávamos no grupo da morte, estivemos praticamente fora da competição. Mas depois foi passo a passo. É uma vitória do tamanho do mundo. Os jogadores foram gigantes e merecem ser os atuais campeões da Europa. Somos uma seleção muito temida em todo o mundo, especialmente na Europa. Como me sinto? Estou muito triste...Estou a brincar. Estou muito feliz. Desportivamente é o dia mais feliz da minha vida», afirmou o técnico em declarações à Sport TV abola.pt

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Perspectivas Fernando M. Soares Silva fmssilva@yahoo.com

N

o longo percurso da Humanidade através dos séculos, ideias hedonistas sempre a acompanharam no seu constante anseio por felicidade e pelos modos do seu gozo neste planeta. Este estudo fará uma explicada síntese da progressão e da história das mais importantes teorias hedonistas e dos seus propostos meios para se atingir a suposta felicidade tão anelada pela Humanidade. HEDONISMO é uma palavra de origem grega, derivada de ἡδονισμός cujo significado é “prazer, gozo, deleite”. A ideia de uma vida sem espinhos, sofrimentos físicos ou mentais, ou omnímodas amarguras, e de uma existência adocicada por prazeres ou diversificados deleites surgiu quiçá ao raiar da Humanidade, como se pode deduzir dos mais antigos testemunhos históricos. Como veremos meste estudo, ideias hedonistas foram vividas e expressas de vários modos através dos séculos e entraram mesmo nas arenas da filosofia onde já foram submetidas a rigorosas análises e profundas discussões. Em contexto filosófico, Hedonismo define-se como teoria que opina que a felicidade existencial humana só é possível mediante a implementação de modos de vida baseados no gozo e na plena fruição de omnímodps prazeres, os únicos valores intrínsecos da Humanidade. Eticamente, o clássico hedonista julgava ter o direito de preconizar ou utilizar quaisquer meios para obter os mais aprazíveis fins conducentes aos maiores prazeres que ultimamente levem os seres humanos a ultrapassar ou a evitar os possíveis sofrimentos e as dores da sua existência neste mundo ... AURORA DO HEDONISMO Quiçá jdejas hedonistas são tão antigas como a aurora da Humanidade e o seu anseio por prazeres na sua caminhada em busca da felicidade. Por exemplo, em manuscritos do grande império da BABILÓNIA (2.700 - 538 antes de Cristo) verifica-se que na mais antiga versão épica de Gilgamesh, redigida logo após a invenção da “escritura”, Sinduri apregoa ao povo“... enche a barriga, diverte-te dia e noite, enche os dias de gozo e prazer, dança e canta dia e noite, pois só estas coisas importam aos humanos”. Note-se que estas são as mais antigas exortações à vida hedonista registadas na história do mundo ! Em vários dos mais antigos túmulos do EGITO encontram-se pinturas de donzelas a tocar harpas e a tentar seduzir os convivas a prazeres obviamente hedonistas, com a insinuação de que tais prazeres não eram garantidos após a vida terrestre...

IDEIAS HEDONISTAS INGRESSAM NA FILOSOFIA ARISTIPUS E A ESCOLA CIRENAICA Inevitavelmente, as ideias hedonistas discutidas nos famosos círculos filosóficos da buliçosa cidade de Atenas, na Grécia, passaram a teorias filosóficas, mediante a liderança do ultra-hedonista filósofo ARISTIPUS de Cyrene (c. 435 - c.356 A.C.), fundador da Escola Cirenaica, o qual alegava ser o PRAZER o sumo bem do ser humano. As suas teorias foram formalizadas pelo seu neto e homónimo. Mantendo ser “o prazer” o único valor e bem intrínseco dos seres humanos, os adeptps desta corrente filosófica proclamavam que isto significava não apenas a ausência de sofrimento mas também o uso e gozo de prazeres sensoriais, e em especial os físicos. Esta escola hedonista sobreviveu apenas um século, sendo então substituída pelo EPICURIANISMO, como será visto subsequentemente. Saliente-se que a epistemologia desta escola hedonista era defectiva; reduzia a lógica a conclusões “a priori” que, apresentadas como doutrinas básicas, de possível aplicação universal, minimizavam ou ignoravam a realidade dos critérios das verdade factuais. Na realidade, experiências sensoriais individuais de prazeres selecionados e gozados “a priori” não devem constituir-se normas de absoluta objectividade universal para o comportamento individual ou social do ser humano, arguiam e apontam os críticos do hedonismo. Sócrates frequentemente enaltecera o valor do intelecto na função de gerar e proporcionar prazeres e felicidade ao ser humano. Os hedonistas preferiram a opção de prazeres corporais para auferir o gozo sensorial que, segundo eles, lhes proporcionaria mais intensa e mais directa satisfação física e, consequentemente, mais alegria e maior prazer. DEMÓCRITO E AS METAS DO HEDONISMO O filósofo DEMÓCRITO (c. 460 - c. 362 A. C.), o primeiro exponente do atomismo, quase simultaneamente advogou os conceitos fundamentais das teorias hedonistas alegando serem “o contentamento” e a “alegria” a meta e o objectivo supremo da vida humana, salientando ser o bem da alegria excludente da tristeza e dor. EPICURO E O SEU EVOLUTIVO HEDONISMO EPICURO (c. 341- c. 270 A.C.), filósofo atómico-materialista, inicialmente tinha as ideias hedonistas peculiares do seu tempo, No entanto, baseado nas suas próprias experiências e nas que havia presenciado em seus amigos, ---- tais como as con-

COLABORAÇÃO

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Hedonismo e Felicidade sequências do alcoolismo, da toxico-dependência, da desintegração das famílias, da negligência social, etc.--- ele compreendeu que as vigentes práticas hedonistas deveriam ser modificadas. E assim, continuando a repudiar superstições e a negar também a ideia de intervenção divina nas vidas dos seres humanos. no seu sistema filosófico, denominado EPICURIANISMO, e por ele fundado em 307 A.C., Epicuro começou a arguir, ao contrário das precedentes correntes hedonistas, que o bem supremo do ser humano seria a ausência da dor e do sofrimento, e que os prazeres sensoriais mais apropriados para realizar este sonho da Humanidade teriam de ser simples, cuidadosamente escolhidos e sem favorecer substâncias psicossomáticas de perniciosos efeitos mentais. O gozo destes prazeres produziria um estado de tranquilidade sem preocupações e medos, e com a anelada ausência de dor e sofrimento. É importante frizar aqui que o hedonismo do epicurianismo se diferenciou das prévias correntes hedonistas com a sua firme ênfase na ausência da dor e do sofrimento como o bem supreno da Humanidade, embora continuasse a acreditar no gozo dos prazeres como seu fulcral e imprescindível valor intrínseco. Já em idade avançada e muito debilitado por várias doenças, o filósofo chegou ao ponto de insistir em que a simplicidade de vida também aconselhava não só grande moderação na escolha e no gozo de prazeres corporais, como também muita prudência no relacionamento sexual que, alegava ele, eventualmente pode levar à insatisfação. Curiosamente, os hedonistas epicurianos desprezavam coisas políticas… As supramencionadas correntes de ideias ou teorias hedonistas foram as mais importantes e dominantes nos séculos que precederam a Era Cristã. Vejamos agora o cenário posterior.

NOVOS TEMPOS, TEORIAS

NOVAS

O UTILITARISMO, o mais complexo dos sistemas hedonistas pós-tradicionais, foi iniciado prlo filósofo, jurista e reformista social britânico JEREMY BENTHAM (Fev.15/1748— Jun.8/1832). Intentando evitar os desastrosos excessos individuais de adeptos do hedonismo tradicional, Bentham integrou prazeres e felicidade humana num contexto de princípios morais que ele considerava serem indispensáveis para se auferir a felicidade. A filosofia deste pensador,- -com a subsequente colaboração do famoso filósofo e economista JOHN STUART MILL (Maio 20, 1806-Maio 8, 1873) --- apontava para felicidade onde o prazer legítimo transcende a dor e o sofrimento, e onde ela se assenta no axioma “a maior felicidade da maioria é a (melhor) medida do que está certo ou errado”. Em outras palavras, o valor moral e o “bem” de uma acção, coisa ou prazer são determinados pelos seus resultados, em relação e em proporção da sua utilidade para a sociedade ou país. Neste contexto, uma pessoa escolhe só a acção, actividade ou o prazer predeterminado pela sua sociedade. Este é o princípio fundamental do Utilitarismo, que é uma conjunção do hedonismo enquanto este proclama que os prazeres apropriados à consecução da felicidade humana só poderão ter a sua plena fruição num contexto moral elaborado pelas respectivas sociedades humanas. Os críticos destas ideias argúem que o utilitarismo coíbe e limita a liberdade individual e que a história mundial comprova que os sistemas de moralidade deter-

minada e condicionada por maiorias societárias têm sido, muitas vezes, ruinosos ou injustos. Curiosamente, e com certa lógica, diversos críticos asseveram que se o hedonismo pretende efectuar uma reconstrução social moralista deveria primeiro abandonar explicações que invocam causação de abstrações metafísicas tais como o próprio hedonismo às vezes tem insinuado acontecer... Embora enganosamente iludida por quiméricas promessas de felicidades alicerçada np gozo de prazeres destrutivos, tais como as bacanais do alcoolismo, as quixotices dos desvarios sexuais, as ridículas e disparatadas corridas por balofa fama, os ruinosos deleites da toxicodependência, e a ostentação da vácua opulência material, pouco a pouco, a Humanidade verifica e “sente” que a felicidade sem bases metafísicas não é mais que mera sensação fisiológica, animal, transiente, temporária e efémera..., talvez carente do altruísmo abnegado e sem egoísmo, do generoso amplexo da sincera caridade, de uma Nirvana que abra os olhos da alma, e da espiritualidade que desvenda o Infinito onde a felicidade é perene...

EVOLUÇÃO DO HEDONISMO Como acabamos de ver, o próprio filósofo Epicuro reconheceu e admitiu que o hedonismo desmedido e sem regras levava à insatisfação e à eventual desilusão que jamais proporcionariam a prometida felicidade. O facto é que, na realidade, o epicurianismo entrou em decadência. Por outro lado, a história também demonstra que, desde a sua aurora, as ideias hedonistas, sobretudo as mais excessivas e desmedidas, viram-se criticadas e acerbamente atacadas pelas mais tradicionais correntes de pensamento. Entre os seus maiores oponentes surgiram os filósofos e os pensadores platónicos e, sobretudo, os grandes e influentes adeptos do ESTOICISMO, mormente durante o longo Império Romano. Obviamente, estas reações muito contribuiram para uma marcante evolução das teorias hedonistas.

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ENGLISH SECTION

1 de Outubro de 2014

Cristo Rey San José Jesuit High School brings life, students to the old Five Wounds School site The Cristo Rey San José Jesuit High School opened its doors this past summer at the site of the old Five Wounds School. Because of financial difficulties, Five Wounds School closed its doors in 2009 after 49 years of activity. The Cristo Rey Network empowers students from underserved lower-income communities to develop their minds and become lifelong contributors to society. By providing students an extraordinary college preparatory education and a unique four-year, integrated corporate work study experience, the Cristo Rey Network seeks to “transform urban America one student at a time.” Cristo Rey’s mission is to empower students from underserved communities in San José to be men and women for others who are prepared spiritually, academically, and professionally to complete college and who will become accomplished leaders committed to a lifelong pursuit of learning, faith, and justice. Cristo Rey San José is presided by Rev. Peter Pabst, S.J., who grew up in Phoenix, Arizona, where he graduated from Brophy Jesuit College Prep in 1972. He joined the Society of Jesus in 1974, graduated from Gonzaga University, and began teaching at Bellarmine College Prep in 1981.

After theology studies in Berkeley, Fr. Pabst was ordained in 1986 and was assigned to Santa Clara University. While at SCU, he earned a Master’s in Counseling Psychology, worked in the student counseling center, served as Minister of the Jesuit Community, and directed the Resident Ministry Program. In 1993, Fr. Pabst was appointed Rector of the Jesuit Community at Brophy Prep in Phoenix, where he taught psychology and chaired the Counseling Department. He left Brophy in 1999 and began studying the Jesuit middle school programs that had been opening across the country. In the Fall of 2000, Fr. Pabst was appointed president of Sacred Heart Nativity School for boys in the Washington-Gardner neighborhood of San José and launched the school in August of 2001. In 2006, Our Lady of Grace Nativity School for girls was opened on the same campus. The middle schools serve 129 low-income students with an annual budget of $2.2 million. Fr. Pabst serves on the Boards of Trustees of Bellarmine College Prep and the University of San Francisco as well as the Board of Directors of Sacred Heart Nativity Schools. He lives with his fellow Jesuits in a house on the Old

Five Wounds Portuguese National Parish Paróquia Nacional Portuguesa das Cinco Chagas

Quad of Santa Clara University as part of the SCU Community. Fr. Pabst enjoys cooking for his Jesuit brothers and visitors, and is a terrible golfer who loves to golf. Cristo Rey is managed by a Chief Operating Officer, Bob Couch. Couch brings more than 30 years of management experience to his role as Cristo Rey San Jose’s Chief Operating Officer (COO). Included in his role as COO will be Director of the Corporate Work Study Program. Bob’s background includes senior management roles in a diverse range of industries. During Bob’s 16 years in Silicon Valley he has held VP and SVP positions at Visa USA, Zilog Semiconductors, Cap Epsilon Software, ResponseLogix SaaS provider, and most recently Embarcadero Technologies. Prior to moving to the Bay Area, Bob was an executive in the marketing department of Anheuser-Busch, with which he credits his knowledge of, and love for, Brand development. Bob holds a Master’s Degree in Communications, and has taken additional executive training from the Wharton School of Business. Bob is the proud father of three Bellarmine College Prep, Santa Clara University, Boston College, and Pomona College gradua-

tes, and is very lucky to have convinced his wife Suzanne to spend the majority of her life with him (30+ years and still going …). Bob is an irrational Nebraska Cornhusker fan (he was born in Omaha), and dearly wishes he could consistently hit a golf ball straight. He does it just about as often as Nebraska wins a national football championship. Bob’s two favorite sayings are: “The people who make mistakes make everything else”, and “The difficult must become habit, habit easy, and the easy beautiful.” He struggles with the last one. The school’s principal is Joe Dazols Albers. Albers was born and raised in San Jose, California. He attended Bellarmine College Prep where he was exposed to social justice values. That commitment deepened at Santa Clara University through being director of a student-run community service and activism group, Santa Clara Community Action Program, as well as attending and starting many immersion trips to Mexico and El Salvador. After graduation, Joe volunteered in a rural village of former refugees in El Salvador to work with a youth group called the Tamarindo Foundation where he served as a mentor, soccer coach, and teacher. He continues to stay

involved in the town by returning frequently and being a member of the Tamarindo Foundation Board. Joe also started and manages a scholarship program, titled Jon Cortina S.J. Scholarship Program, which supports students from the town as they attend universities. Upon return to San Jose, Joe began working as a teacher at Downtown College prep for two and a half years as he completed his teaching credential in Social Studies. He continued teaching at Overfelt High School where he served as AVID teacher and Coordinator, a program designed to accelerate first generation students in the middle to universities. Joe completed his master’s in Educational Administration from Santa Clara in 2009. He loved his seven years at Overfelt and especially enjoyed teaching World History AP. Joe is married to a wonderfully supportive wife and lives in San Jose. His hobbies include chasing after his sweet and energetic two year old daughter, golfing, and watching his beloved Chicago Bears. Cristo Rey San José Jesuit High School
is located at 1390 Five Wounds Lane,
San José, California 95116. http://www.cristoreysanjose.org

IMAGINE 5 Y100 CENTENNIAL CALENDAR | CALENDÁRIO DO CENTENÁRIO April | Abril 2014 5 6 13 17 18 19 20 27

Mass in Memory of ‘Angel of Bordeaux’ Aristides de Sousa Mendes | Missa em Memória do Diplomata Português Steps of the Passion of Christ Procession | Procissão do Senhor dos Passos, 10:30 am (Portuguese Mass) Palm Sunday - 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese) | Domingo de Ramos - Filarmónicas, 10:30 am Holy Thursday - Mass of the Lord’s Supper and Adoration (bilingual) | Quinta-Feira Santa - Missa da Ceia do Senhor, Lava Pés Good Friday - Liturgy of the Passion of Our Lord Jesus Christ | Sexta-Feira Santa - Liturgia da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Passion Play and Procession | Representação da Paixão e Procissão de Nosso Senhor Morto, 7 pm Holy Saturday - Liturgy of the Easter Vigil (bilingual) | Sábado Santo - Liturgia da Vigília Pascal (bilingue), 8:15 pm Easter Sunday | Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor, 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese) Divine Mercy Sunday | Divina Misericórdia - 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese)

May | Maio 2014

1914 - 2014

10 11 13

Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Our Lady of Fátima Celebration followed by luncheon | Festa de Nossa Senhora de Fátima com almoço na IES Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima

June | Junho 2014 1 8 13 14 15 22 27 28-29

Ascension of Our Lord | Ascensão de Nosso Senhor Pentecost Sunday | Domingo de Pentecostes - Festa do Espírito Santo da Aliança Jorgense Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Day of Portugal Celebration at History San José at Kelley Park | Dia de Portugal no Kelley Park, 10 am-5 pm Trinity Sunday and Day of Portugal Mass | Domingo da Trindade e Missa do Dia de Portugal, 10:30 am Corpus Christi | Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo Sacred Heart of Jesus | Sagrado Coração de Jesus IES Centennial Holy Spirit Celebration | Festa Centenária do Espírito Santo da IES

July | Julho 2014 13 20

Mass and Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Nossa Senhora de Fátima Our Lady of Mount Carmel | Nossa Senhora do Carmo; Installation of Pastor, Rev. António Silveira, by Bishop McGrath

August | Agosto 2014 10 13 15

Good Jesus Celebration with luncheon and dance at IES | Festa do Bom Jesus com almoço e baile na IES Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Archbishop of Braga, Portugal, Jorge Ortiga cancelled due to illness. Assumption of the Blessed Virgin Mary | Assunção da Virgem Santa Maria

September | Setembro 2014 13 28

Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima St. Anthony Celebration with luncheon at IES | Festa de Santo António com almoço na IES

October | Outubro 2014 12 13

Cristo Rey Jesuit High School Blessing Mass presided by Bishop McGrath, 2:30 pm followed by reception Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima

November | Novembro 2014

1375 East Santa Clara Street, San José, CA 95116 fivewoundschurch.org 1.408.292.2123 www.facebook.com/FiveWoundsPortugueseNationalChurch

1 All Saints Day | Dia de Todos os Santos 2 All Souls Day | Dia dos Fiéis Defuntos 8-16 Parish Centennial Celebrations | Festa do Centenário da Paróquia 8 Centennial Mass followed by Centennial Banquet and Fado Show at IES Hall 15 Outoor Evening Mass celebrating 1st Mass on Nov. 15, 1914 16 Centennial High Mass followed by Centennial Procession and “Arraial” 8-16 Centennial Book Release, Exhibits, Concerts, ... TBD Five Wounds School Alumni Mixer

February | Fevereiro 2015 28

Centennial Winter Gala at the Holiday Inn Hotel | Gala de Inverno do Centenário no Hotel Holiday Inn

And much more... | E muito mais... Volunteer for one of the centennial committees | Seja voluntário numa comissão do centenário The Portuguese Tribune is a media partner for the Five Wounds Centennial celebrations

Rev. 20140924


SOMBRAS

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SOMBRAS na California

The coming back kid era para actuar com os SOMBRAS mas o ar condicionado deu-lhe cabo das cordas vocais.

SOMBRAS em acção

Em todas as actuações os SOMBRAS tiveram a gentileza de oferecer um poster do grupo autografado por todos. Berta Vasquez recebeu em nome da Banda das mãos da Ilidio Gomes. Momentos de alegria no Salão da Banda Velha como muita gente conhecida.

Tudo começou há um ano quando um grupo de amigos se deslocou a New Bedford para assistir a uma actuação dos SOMBRAS. Mal acabou o baile, esse grupo decidiu enveredar esforços para trazer à California um dos melhores conjuntos açorianos dos anos sessenta. Telefonemas, conversas, internet, e depois de tudo planeado aterarram em San Francisco e Oakland os 5 elementos dos SOMBRAS. A primeira actuação teve lugar no Salão de

Festas da Banda Portuguesa de San José, no dia 29 de Agosto, depois de três dias de ensaios. Casa cheia, boa comida e musica até à 2 horas da manhã. Foi um autêntico delírio. Dançou-se, tiraram-se milhares de fotografias, encontraram-se amigos que não se viam há 40 anos. Enfim, tinha valido a pena. No dia seguinte, nova actuação, desta vez na Casa do Benfica de San José, com o mesmo sucesso. O comité de recepção ofereceu aos SOMBRAS uma

viagem na ROSIE TOURS, de Rose e Tony Moniz, a Las Vegas, San Diego, Hollywood, que foi acompanhada por diversos amigos num total de 32 pessoas. Entretanto em Artesia, outro comité de amigos, preparou com todo o detalhe a apresentação dos SOMBRAS no lindo Salão do Artesia D.E.S. que se realizou no dia 5 de Setembro. Esta apresentação ficará na história não só da musica como de Artesia, porque Nuno Bettencourt, um dos melho-

res guitarristas do mundo, resolveu vir ver o seu irmão Roberto Bettencourt, vocalista/guitarrista dos SOMBRAS, e a partir daí, entusiasmou-se e entrou a "matar" no palco, como baterista, guitarrista e vocalista. Foi um autêntico delirio nas duas ultimas horas do espectáculo de Artesia. Já ninguém dançava. Toda a gente filmava, tirava fotografias destes momentos inéditos da nossa comunidade.

O grupo da Banda Portuguesaque ajudou no sucesso da noite.


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SOMBRAS

TRIBUNA PORTUGUESA

1 de Outubro de 2014

Os SOMBRAS e familia na Banda Velha

Os SOMBRAS com Guilherme Brasil, prontos para mais uma viagem. Visitaram San Francisco, San José, Napa e Sonoma.

O fim da viagem. Um ADEUS até qualquer dia

Depois da oferta do poster dos SOMBRAS oferecido à Casa do Benfica, o seu Presidente Luciano Pinheiro quiz retribuir, oferecendo um cachecol do clube.

Vista parcial do parque da Casa do Benfica onde se realizou o jantar e baile

Luis Pinheiro também cantou com os SOMBRAS

Os SOMBRAS encheram de boa música os ares de San José

Tony Moniz, da Rosie Tours. Extraordinária viagem

A ajuda das senhoras benfiquistas


SOMBRAS

Na despedida de San José para Las Vegas, Guilherme Brasil deliciou-nos com este show sportinguista na "101".

Os SOMBRAS e os participantes na excursão, tiveram duas recepções de amizade - uma em Orange City, casa da Emilia e Paulo Lima e outra, depois do show de Artesia, em casa da Liz e Tony Rodrigues

Paragem no Deserto para relaxar com calor sufocante e ainda com muitas milhas para Las Vegas.

À procura da estrela do Franklin Oliveira

35

Embaixo: Ilidio Gomes cantou no Old Town de San Diego

Salão do Artesia D.E.S


36

ULTIMA PAGINA

1 de Outubro de 2014

Paulo Meneses, Presidente do Artesia D.E.S. recebendo o poster dos SOMBRAS Dois irmãos, o mesmo destino - a musica - Nuno Bettencourt e Roberto Bettencourt

O jovem Grupo Folclórico de Artesia responsável pelo jantar

Reportagem completa desta viagem no facebook de Luis Azevedo (Canadá), Jose Avila e Portuguese Tribune.

João Martins, Luis Dores, Jorge Figueiredo, João Macedo, Ilidio Gomes, Nuno Bettencourt, Roberto Bettencourt e Tony Figueiredo


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