15th, December, 2014

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Dezembro de 2014 Ano XXXV - No. 1192 Modesto, California • $2.00 / $45.00

Boas Festas

Feliz Ano Novo

BOLSAS DE ESTUDO Portuguese In California

Manuela Silveira P.22,23

Bill Goulart P.42,43

João Cardadeiro P.26,27


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SEGUNDA PÁGINA

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EDITORIAL

arte do meu editorial desta edição de Natal vai dedicado a esta excelente obra de Nelson Ponta-Garça. Foram 3 anos de árduo trabalho de pesquisa, de entrevistas, de fazer uma obra que ficará não só para nós mas para os vindouros. Se o sucesso da venda desta obra for justa, então quereremos dizer que o Nelson terá possibilidades de continuar num outro projecto que fale e conte a nossa vivência em terras americanas. Estes trabalhos não caiem do céu. Se a comunidade não ajudar estas obras de arte comunitária, então não valerá a pena o esforço futuro de outros projectos. Uma comunidade só é forte quando mostra vontade de ajudar e de querer que outros projectos apareçam para que no futuro, os nossso filhos, netos e bisnetos possam ver a nossa luta, os nossos sonhos, os nossos sucessos e mesmo insucessos. Ainda temos tanta coisa para contar. Não deixemos morrer esta candeia que nos ilumina e bem. Mantenhamos a chama acesa para outros projectos, outros sonhos. Ofereçam o DVD aos seus familiares e amigos, daqui e d'além mar.

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este fim de ano, é de norma agradecermos aos nossos assinantes, aos nossos patrocinadores, aos nossos colaboradores, aos nossos amigos de várias partes do mundo que nos lêem através da Internet. Tentamos quinzenalmente mostrar a nossa comunidade ao Mundo. Tentamos que cada edição seja melhor do que a anterior, quer no sentido gráfico quer no sentido do conteúdo. Temos um projecto para 2015 para

alterar pequenas coisas com o fim de embelezar este nosso jornal para que cada vez mais seja um verdadeiro espelho de uam Comunidade tão rica como a nossa.

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cabado que foi o Centenário da Paróquia das Cinco Chagas, mentalmente já muita gente começa a pensar no Centenário da noss Igreja Nacional das Cinco Chagas em 2019. Se o da Paróquia era importante, o da Igreja ainda o será mais. E para que o seja, é altura de comecar-se a desenhar as traves mestras desse centenário. Com tempo, com gente, com

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ideias, calmamente.

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eus caros amigo, desejamos a todos Boas Festas e que o Ano de 2015 nos traga mais saúde, mais comunidade, mais gente boa, mais união, mais participação politica, mais envolvimento de todos em questões que digam respeito à nossa Comunidade. Bem hajam! jose avila

Year XXXIV, Number 1192, Dec 15th, 2014 $45.00


PATROCINADORES

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COMUNIDADE

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COMUNIDADE

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Comunidade em movimento

Kathy Nunes e Nelson Ponta-Garca uniram o seu destino em Puerta Vallarta num ambiente diferente do normal - numa linda praia do Pacífico

Casamento de Goretti Silva e Danny Furtado na Igreja das Cinco Chagas

Os Forcados do Aposento de Turlock mais um vez tiveram a sua linda Festa de Natal no Salão de Festas de Turlock Pentecost Association

Ainda há muita gente na nossa Comunidaded que dedica o seu tempo na feitura de presépios, como se pode ver neste da autoria de Vicência Silveira, de Gustine Por sua vez o Grupo de Forcados de Turlock resolveu este ano fazer a sua festa de Natal com uma viagem a Las Vegas.

Nota: obrigado a todos que tiraram as fotos desta página.


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Rasgos d’Alma

Abraço de Boas Festas

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ontinua fabulosa a mensagem do presépio. Cativa e resplandece. Tal como há dois milénios. O Menino seduz. Já não são só dois pastorinhos, três reis magos, ou uma dúzia de apóstolos. Contam-se hoje aos milhões os fieis a adorá-lo por esse mundo fora. Tem sido assim há séculos. Seguem-No piedosamente. E não lhe beijam o pé por acaso. Nem lhe cantam hinos à toa. O fascínio é real. Fervilha em fé vívida nos quatro cantos do planeta. A humanidade rende-se a esta criança amorosa, ‘numas palhinhas deitada’ sob o bafo terno dos mansos animais ali abrigados. É um estábulo sem condições mínimas. Sensibilizados, José e Maria recheiam-no do aconchego desejado. Nada querem que lhe falte do fundo dos seus corações tranbordando de alegria desmedida. Toda a afetividade é pouca para mimar o seu bebé destinado a causar impacto benvindo à superfície da Terra. É duma ternura infinda aquele quadro mimoso cristalizado para a História. Trata-se da família modelar para a sociedade do futuro. Representa a esperança viva num mundo melhor. Quando eu era menino, a utopia inspirou-me e fez-me sonhar alto. Pensei que era mesmo possível ver o globo abraçar esse sublime ideal do amor ao próximo como a nós mesmos. Soa bem e seria ótimo, adotado com convicção por todos os homens e mulheres de boa vontade. Só que a natureza humana é fraca, falível. E ficamos todos a perder quando à má vontade se alia a má fé impedindo-nos de darmos conta do recado que o Menino nos deixou

ao fazer-se homem de ideias formidáveis mas incómodas, exigentes. ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.’ Não pediu muito. E até parece simples, fácil de pôr em prática. Seria, se o comportamento humano não se deixasse minar pela malícia embrulhada em egoísmo odiento que tudo estraga. Envenena. Corrompe. Arruína. Sobretudo quando sobe ao poder seja lá do que for. Podia agora arrastar a crónica pela lama da política corrupta, da pedofilia nojenta ou da ganância criminosa – todas elas condenáveis. Contudo, incriminar o canalha dum primeiro ministro, o patife dum padre pedófilo ou qualquer gatuno banqueiro, para denunciar apenas três lamentáveis exemplos, não basta. Montes de mentes perversas permanecem, perigosamente, à solta, lá fora. Por isso, as vítimas vão continuar expostas à podridão que se alastra a par e passo. Tudo porque há gente a mais com escrúpulos a menos e poderes ou influências que não deviam ter. Nada disto é novidade, todavia. Faz parte da sociedade contemporânea que, no decorrer deste ano a definhar-se, viu explodir mais escândalos, outras guerras, nova dor, velhos conflitos – miséria a dar-lhe com um pau. E enquanto não for com uma bala ou uma bomba, a coisa escapa. Se o Menino voltasse a Belém, porém, para nascer de novo, duvido muito que escapasse desta vez. A Palestina está muito pior do que há dois mil anos. Isto para limitarmos o nosso pessimismo apenas à Terra Santa, onde o Diabo continua a fazer das suas. Os judeus não cedem. Os muçulmanos não

Do Tempo e dos Homens

Manuel Calado mbcalado@aol.com

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medo é bom ou é mau ? O Medo do Papão, em criança, era invocado para que não chorassem, não fizessem travessuras nem xi xi na cama. Mas isso seria bom? A sabedoria ancestral, tratava o medo como um chicotesinho invisível, que não feria a pele mas que não deixaria de deixar marcas psicológicas para o futuro. Era preciso domesticar o animal humano que vinha ao mundo nu e ignorante. E quando o animal começava a ser gente, as religiões, sem excepção, mostravam um xicote maior, chamado “Castigo de Deus”. Era preciso ter medo de Deus, que era apresentado com duas faces. Uma morosa, gentil, carinhosa, bondosa, adoravel. Mas a outra face deste ser invisivel, era simplesmente horrivel. Tão horrivel que ele ameçava queimar aqueles que saíssem fóra da ordem estabelecida. E as gentes do mundo passaram a viver entre esta dualidade de bondade, caridade e tudo quanto era bom, e de um pai irado, espécie de Taliban, capaz de queimar na praça publica os próprios filhos, em holocausto a si mesmo. Mas este introito, não é bem o que eu queria dizer hoje. O que eu queria, não era invocar as “piedosas” queimas levadas a efeito por “caridade”, pelos nossos “pios” fradesinhos de antanho,

para salvação das alminhas dos queimados. Mas pela “revolução de medo” deixada no mundo por

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Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

desarmam. E os cristãos, comodamente divididos em desarmonia doutrinária (religiõeszinhas a mais), fecham-se nas suas igreijinhas a bater no peito dolorido porque o coração sofre sem remédio que lhes acuda. A desejada esperança nesse apregoado mundo novo teima em arrastar-se pelas velhas ruas da amargura. É pena. E parece doer ainda mais nesta festiva altura do ano. Tanta penúria desnecessária, tanta lágrima escondida – tanto pranto irremediável. Valha-nos então, no meio de tudo isto, o abraço quente de um bom amigo, o conforto afável da família. Há quem não os tenha nestes dias e, aí, a coisa complica-se a valer. Nada pior do que o Natal vazio e gelado dos sem eira nem beira. Não há cenário mais feio nesta quadra tão linda. Lindíssima é a sorte desta nossa dispersa comunidade, de norte a sul da Califórnia, deveras radiante com o Tribuna, porventura o seu melhor amigo. Promove-a, descreve-a, retrata-a como ninguém. É um exemplo que dá gosto ver. Consola a ler. As suas páginas abraçam-nos de forma singular. Tudo porque o seu gracioso timoneiro e a sua generosa família primam juntos pelo prazer de bem servir. Nota-se a olhos vistos o seu esforço contínuo em prol do brio comunitário. Formam, por conseguinte, e por mérito próprio,

um clã exemplar – os simpáticos Ávilas. E merecem, sem dúvida alguma, os nossos melhores votos de Boas Festas, bem como dum felicíssimo Ano Novo. Está aí a chegar. Oxalá venha disposto a encher-nos as medidas com tudo do melhor. E que nos faça sorrir. Tal como o Menino quer.

Filosofia do Medo Bin Laden, o fanático do Islão. O 9-11, não destruíu apenas as torres de Nova York. No seu lu-

gar ergue-se já um arranha-céus mais alto do que elas. Mas o acto de fúria deixou marcas profundas na psique não só da América, mas do chamado mundo livre. A América, deixou de ser aquela potência única e invencível, temida pelo resto do mundo. Não é mais possivel enviar uma canhoneira e fazer cair um goveno, rei ou Presidente. E esse terror, esse medo inspirado pelo fanatismo passou a ser o principal elemento desvirtuador do nosso poder e prestigio. Este medo é de tal ordem, que continua a obrigar o mundo à vergonha e inconveniência de descalçar-se, antes de tomar um avião. Bin Laden foi morto, mas a sua herança continua a condicionar a vida e esperança de encontrar um modus vivendi entre a democracia e o fanatismon islâmico. O medo, é a força que continua a condicionar a política interna e externa deste país. Foi o medo que levou George Bush a tentar a infeliz campanha do Iraque. E foi a reação ao contrário que levou Barak Obama ao poder. Julgou este que uma solução humanista e menos guerreira seria a receita certa. Enganou-se. Espicaçado pelos epítetos de “fraco”, dos gaviões da direita, encontra-se a braços com um dilema dificil que, decerto, vai prolongar-se até ao fim do seu mandato.

O 9-11, decerto não será visto como uma era de ouro na política externa dos E.U.Especialmente por ter sido um revés emocional que afectou o sentir psicológico das gentes e dos seus lideres, que se capacitaram de que o antigo sentimento de invencibilidade, não era mais, não obstante o seu poder militar e nuclear, continuar a ser o maior do mundo. E, presentemente, a politica externa Americana, está sendo redifinida sob o poder e influência do medo. A nação encontra-se em guarda permanente contra a possibildade de outro ataque terrorista. Julgo eu até que, este ambiente de medo, será uma das causas do enriquecimento apoplético de uma infima parte do país, ao mesm tempo que a pobreza da maioria aumenta. E neste ambiente de medo coletivo medram os profetas do Hamagedon, e da segunda vinda do Rabi da Galileia.


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Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

Filomena Rocha

No meu Presépio ainda é Natal

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Tempo passou! Quem sabe quanto Tempo o Mundo tem… ? Neste pouco tempo que tenho em relação à própria existência do Homem, quanto ensinamento, quantos anos de doutrina, quantas classes de sabedoria encaixada, como quem aprende a tabuada que um dia será, sim ou não aplicada, conforme a vida nos coloque os problemas que tenhamos que resolver. “Naquele tempo”, assim começavam os apóstolos e todos os escribas que “supostamente” nos contaram as mais incríveis histórias, relacionadas com Deus, com o Filho de Deus, Jesus Cristo, o Salvador da Terra e da Humanidade, e outros Seus parentes que nunca chegaremos a conhecer. Ainda hoje assim começam. Por quanto tempo mais as ouviremos…? Naquele tempo, também as ouvíamos nas Missas, caladamente, por 30 minutos, pelo menos. As homilias actuais têm curta duração. Quase não dizem nada. Até ouvíamos falar das vidas de Santos, como exemplos de Vida. E quando chegasse o Tempo de Natal… Quanta magia, quanta alegria, quanta ilusão para contar dos mais pequenos que ajudavam a fazer o Presépio, com caminhos serpenteados descendo encostas verdejantes, neles colocando casinhas pequenas e grandes, anacrónicas, de onde saíam e entravam homens e mulheres, calcorreando os pequenos caminhos feitos de farelo, contrastando com o resto da paisagem. Era incrível o contentamento que sentíamos de ir pela mata apanhar os musgos muito verdes e chorudos da água da chuva, do nosso tempo de Inverno na Ilha! Alguns nem precisavam de ser ajudados pela espátula que levávamos para os levantar das pedras que ficavam totalmente despidas, naquela altura do ano. Ficavam lindos e bem divididos os pequenos quintais do presépio. Ali, não havia vizinhos que não se falassem. Todos eram amigos e iam provar o “chi-chi” do Menino Jesus que aquecia cada um o mais possível e à conversa amena e jocosa da época. As cozinhas à moda antiga, com a dona de casa cozinhando e tirando o pão do forno. Junto da casa o curral do porco engordando para a seguinte matança que encheria de abundância a mesa daquela casa até à Festa de Espirito Santo. Outros quintais tinham os galinheiros com bonitas galinhas e um galo de crista muito vermelha, como a marcar presença e autoridade. Naquela “vivência”, não faltavam as crianças que caminhavam para a Escola da aldeia.

Mas aquele ambiente, que parecia de festa, não estaria completo, se não houvesse um espaço importante para outro divertimento: uma tourada à corda. Havia sempre gente habilidosa que fazia muitos bonecos vestidos de camisolas brancas, a lembrarem os pastores, e os toiros pequenos feitos de madeira pintada de preto, era só amarrá-los a um pequeno cordel, mais uns quantos pormenores e nem sequer faltava o rapaz das farturas, o mordomo que atira o foguete no Terreiro, junto às pequenas gaiolas, onde os bravos da Ilha aguardavam o momento de saírem e divertirem o Povo. Mas, o momento solene vivido, era mesmo o do Natal. Aquele em que se trazia para a pequena gruta as imagens que nos contavam na catequese e na Missa, de pessoas lindas por dentro e por fora, que sabiam obedecer à Voz do Anjo em sonhos, para que fossem ter àquele lugar, onde Maria haveria de dar à Luz um Menino que nasceria num casebre, como exemplo de humildade para todos. Os agasalhos eram poucos mas o frio da noite seria menor porque o bafo de uma vaquinha e de um jumento haveria de aquecer aquele lugar. E assim se concluía o nosso Presépio. O Anjo era pendurado à porta do casebre, ou gruta. José e Maria felizes, envolviam o Menino Deus numas palhinhas deitado, até que os pastores de ovelhas viessem adorar o Salvador do Mundo. Que assim seja! BOAS FESTAS! FELIZ NATAL! O CORAÇÃO DE CADA UM SEJA UM LUGAR DE PAZ PARA O ANO INTEIRO DE 2015…

Victor Rui Dores

Da baleação açoriana

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u fui criado numa casa que tinha dentes de baleia no peitoril das janelas a servir de calço. Desconhecia-se, então, as potencialidades do scrimshaw, e os dentes e os ossos de baleia eram pouco ou nada valorizados. Entre abril e outubro, a baleação fazia parte do nosso quotidiano e, na vila da minha infância, saíamos da escola em correrias para assistir ao desmancho dos cetáceos, após terem sido rebocados para a baía da Barra. Em meados dos anos 60 do século passado, a Graciosa possuía duas armações baleeiras, e toda a gente mantinha um certo respeito para com os homens envolvidos na caça ao cachalote: oficiais, trancadores, remadores, motoristas das “gasolinas”, mestres calafates, vigias… Sem as tecnologias da informação e da comunicação hoje ao nosso dispor, recorria-se então a uma sinalética convencionada, através da qual a população tinha conhecimento da baleação em alto mar. Bastava olhar para o Monte da Ajuda, onde se encontrava (e ainda lá está) instalada uma vigia de baleia. Nesta vigia havia sinais convencionais que eram transmitidos com bandeiras de várias cores. Para que fossem visíveis de vários pontos, essas bandeiras eram içadas num mastro implantado no lado direito da vigia. Quando era dado o alarme de baleia, por meio de um bombão, era hasteada a bandeira vermelha. Quando a baleia era trancada, era içada a bandeira branca e vermelha. Quando a baleia já estava morta era içada a bandeira branca. Lembro-me de ver estas manobras realizadas pelo senhor António Francisquinho, que vigiava com bons binóculos. Cinquenta anos depois, as baleias passeiam-se livremente nos mares dos Açores, foi criada a indústria do whale watching e os botes baleeiros são agora utilizados para regatas e outras compe-

tições desportivas. Só os vigias voltaram ao local de trabalho, agora munidos de telemóveis e de melhores lentes... Para além de fazer parte do meu imaginário, a baleia é hoje meu objeto de estudo no campo da literatura, eu que tendo escrito a letra de “O boi do mar” (com música de Luís Alberto Bettencourt), muito devo à baleia, pois à custa dela vou recebendo anualmente uma (magra) “soldada” da Sociedade Portuguesa de Autores. Não é impunemente que os Aço-

res assistiram a 150 anos de baleação nos seus mares. Antes de chegar à literatura, a baleia já estava na linguagem popular (“Vais ver com quantos paus se faz uma canoa”), no cancioneiro (“Balear por balear/ Nunca no mar baleei/Balearam os meus olhos/Quando para ti olhei”), no adagiário (“Baleias no Canal terás temporal”) e nas manifestações de cultura popular (miniaturas de botes baleeiros e scrimshaw). É no século XIX que a baleação açoriana chega ao conhecimen-

to de todo o mundo através de duas obras incontor náveis: Carriére d´un Nav ig a t e u r, do príncipe Alberto de Mónaco (havendo neste livro um capítulo intitulado “La mort d´un cachalot” que descreve minuciosamente todas as etapas de caça da baleia); e Moby Dick, de Herman Melville. A bordo do navio baleeiro “Pequod”, seguem três açorianos (sendo que, curiosamente, um deles passa a vida a cantar e a tocar viola…) e, no capítulo XXI, Melville tece rasgados elogios aos baleeiros açorianos, nos seguintes termos: “Não poucos destes caçadores de baleias são originários dos Açores, onde as naus de Nantucket que se dirigem a mares distantes atracam f re que nt e me nt e para aumentar a tripulação com os corajosos camponeses destas ilhas rochosas. Não se sabe bem porquê, mas a verdade é que os ilhéus são os melhores caçadores de baleias”. E depois há uma série de outras obras que abordam, sob diversos pontos de vista, a baleação açoriana. Por exemplo: As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão, Mau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio, e as obras que formam o denominado “ciclo da baleia” de Dias de Melo: Mar rubro (1958), Pedras Negras (1964) e Mar pela proa (1976). Não tenhamos dúvidas. A baleia é hoje um pedaço da cultura, da memória e da história destas ilhas e das suas gentes.


Festa de Fátima em Arcata Realizou-se nos dias 11 e 12 de Outubro a Festa em Louvor de Nossa Senhora de Fátima em Arcata.. No Sábado, houve missa às 7 horas, seguindo-se a Procissão de Velas. Para finalizar a noite houve baile e

bazar. No Domingo a Missa foi às 11 horas na Igreja de Santa Maria. No regresso ao Salão serviu-se almoço de Sopas, Alcatra e massa doce a todos os presentes. Durante a tarde houve arrematação de

COMUNIDADE

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Maria Janeiro

gado e bazar. As mordomas deste ano foram Zoraida Fagundes, Iva Costa, Alvarina Gomes, Deolinda Sousa, Judy Cardoza, Emily Mendes, Anberlu Freitas, Nilda Oliveira.

Os pastorinhod foram Flora, Oliver e Presly.

A Sociedade de Arcata solicita ajuda para saber o nome desta senhora que foi Rainha da sua Festa há mutos anos. Favor telefonar para Maria Janeiro - 707-839-9062

Manuel Cabral ORGANISTA • VOCALISTA Fotos de Tony Gonçalves

Musica Bem Portuguesa e Inglesa

Contacto: 562.924.3509

Santos-Robinson Mortuary San Leandro

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a Comunidade Portuguesa em toda a Área da Baía desde 1929 * Preços baixos - contacte-nos e compare * Serviços tradicionais / Serviços crematórios * Transladações para todo o Mundo * Pré- pagamento de funerais

Madeline Moniz Guerrero Conselheira Portuguesa

Telefone: 510-483-0123 160 Estudillo Ave, San Leandro, CA 94577

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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

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Natal! Apregoam-se frases de renovação, de esperança, de fraternidade, de amizade. Andámos todos, quase todos, no mesmo frenesim de sempre, compras para aqui, jantares para ali e desejos de Boas Festas para todos. Fazem-se listas, uns para dar, outros para receber e quase todos englobando aos dois. Acho que nunca fiz uma lista para o Menino Jesus (como se usava no meu tempo de menino e moço) ou o Pai Natal no nosso quotidiano. Pelo menos não me recordo de algum dia a ter feito. Daí que neste Natal de 2014 vou mesmo fazer uma lista de desejos para este Natal e para o ano vindouro de 2015. Aqui vai! Que tenhamos mais escolas secundárias, do ensino público californiano, com cursos de língua e cultura portuguesas. Que nessas escolas hajam docentes ligados à comunidade portuguesa e a que a mesma comunidade saiba apreciar e trabalhar com os docentes para que a nossa língua e cultura não fique circunscrita a meia dúzia de famílias; Que no ano em que estamos a celebrar os 800 anos da língua portuguesa, a lembremos, de vez em quando nas nossas festividades

(o bilinguismo é sempre o melhor caminho porque não deixa ninguém na escuridão) , nos nossos eventos e nas nossas famílias. Que aqueles que a sabem, a utilizem, de vez em quando nas redes sociais, como no facebook. Aliás, a língua portuguesa já é a terceira mais utilizada no facebook. Que os meus amigos luso-descendentes não tenham medo de a usar; Que continuemos a ter mais jovens luso-descendentes nas nossas organizações, desde as mais populares às ditas culturais. Que esses jovens percebam a responsabilidade que lhes cabe, neste momento da nossa história coletiva como comunidades de origem portuguesa na Califórnia. É que, como já o disse, repetidamente, o que trabalhou para as gerações dos vossos avós e dos pais, meus caros jovens, não trabalhará para as vossas geração. Que os jovens adultos, na casa os 20 e 30, compreendam que a continuidade está na geração deles e das gerações ainda mais jovens e que há que, sem desrespeitar o passado, construir o futuro; Que o nosso movimento associativo conceba que não pode viver fora do mundo americano. A única forma de sobrevivência é a

Precisa de Novo Dono Este popular restaurante alcançou a sua idade de Ouro de 25 anos e o seu proprietário gostaria que uma entusiasta familia pudesse continuar a manter este popular restaurante. Este tipo de negócio pode muito bem ser alterado para um restaurante Cal-Mex ou continuar a servir bifes e mariscos, como sempre o têm feito. Este restaurante foi e continua a ser uma operação de muito sucesso. Tem bar, terraço, sala de jantar, sala de banquete e licença de álcool. Também tem um amplo estacionamento. A razão da venda é devido ao seu dono querer reformar-se. Para mais informação e para visitar o restaurante, contactar Frank Machado 209-918-2855 entre as Quartas-Feiras e Domingos.

Acesso fácil à auto estrada 99 Fechado às Segundas e Terças

Como Prenda de Natal nossa adaptação ao mundo a que pertencemos e a nossa aceitação das outras etnicidades que compõem o mosaico humano que é este país. Que tenhamos a capacidade de perceber essa realidade hoje, porque amanhã poderá ser tarde demais; Que abiquemos de um orgulho banal que ainda infesta alguns setores das nossas comunidades. Não somos melhores do

rem nos EUA, nesta Califórnia perdida de abundância, como nos diz o poema de Pedro da Silveira, ainda é estrangeira; Que tenhamos a capacidade de entender que não somos "povo escolhido" (um conceito perfeitamente patético). Que somos do mesmo berço, da mesma cultura latina, que muitos outros grupos étnicos que se identificam como latinos nos EUA. Que cultural-

Festas Felizes! Boas Festas! Feliz Natal e Próspero Ano Novo. que outros grupos étnicos. Que tenhamos a idoneidade de compreender que as todas as culturas têm valores, todas têm virtudes e todas, incluindo a nossa, têm vicissitudes. Que aceitemos e abracemos os outros, como seres humanos, tal e qual como nós, com as mesmas aspirações, sonhos e desejos. Que percebamos as outras culturas antes, muito antes, dos nossos filhos estarem casados com alguém de outra etnia, outra raça e outro credo religioso; Se somos religiosos, aceitemos que as outras religiões são tão importantes como a nossa. Que se olharmos à religião como um clube fechado, ao qual só nós temos direito, estaremos a estagnarmo-nos. E que recebamos, tal como disse recentemente o Papa, aqueles que não são religiosos. Lembremo-nos que toda a gente é pessoa, titulo de um programa de rádio, em tempos idos, do Padre António Rego; Que saibamos entender o nosso lugar na sociedade. Somos imigrantes, como os outros imigrantes, com ou sem documentação. Como escreveu, e muito bem, o nosso editor em recente editorial, também tivemos, em termos de entrada nos EUA "as nossas mentiras". Também fomos estrangeiros! E há muita da nossa gente que mesmo 25, 30, 40 anos depois de viverem e trabalha-

mente estamos muito distantes dos povos do norte da Europa e primos, mas primos chegados (como dizia a minha santa avó) dos povos do sul da Europa e dos sul-americanos, continente que também colonizámos; Que admitamos que nem tudo no nosso legado cultural é correto, que a nossa história, como nação e como povo, também tem os seus períodos escuros, os seus momentos amargos, as suas desilusões e tribulações; Que tal como nós gostamos das nossas festividades, com a nossa gastronomia, a nossa música, e a exibição da nossa bandeira, os outros grupos étnicos também têm os mesmos desejos e o mesmo direito a exibirem a sua bandeira e a pactuarem pelas suas causas; Que apesar de estarmos num país estrangeiro, pelo menos os imigrantes, como eu, é bom recordarmos dos valores humanistas que trouxemos e que incutiram a nossa cultura durante séculos, que sempre fomos um povo aberto ao mundo, que fomos dos primeiros europeus a abolir a pena de morte, a aceitar a diferença dos outros, a defender os direitos das mulheres, a lutar pela justiça social; Que admitamos que a nossa cultura é extramente versátil e rica, não por ser a cultura de uma rua, de uma freguesia, de uma vila, de uma ilha ou de uma região, mas porque é uma cultura marcada pelas experiências que tivemos no mundo, que as culturas, todas elas, do mundo da língua portu-

guesa são importantes e em pé de igualdade com a da nossa rua, da nossa freguesia, da nossa vila e da nossa região; Que estejamos abertos a olhar para a cultura além do que já sabemos. Que tenhamos a visão de encararmos a cultura além de uma música, de uma noite de castanhas, de um jantar de chicharros, de um bailinho e de uma tourada. A cultura também é feita de artes plásticas, de poesia, de literatura, de música erudita, de exposições, de jornalismo, de debate de ideias; Que apesar de estarmos enevoados com a neblina cerebral da FOX News, na nossa terra sempre dissemos: Boas Festas ou Festas Felizes, muito mais do que Feliz Natal. Que ao contrário do que gente de memória curta queira imprimir, ou outros cujos pais, infelizmente, não souberam ou quiseram passar algumas das nossas tradições, não o fazíamos por qualquer uso do "político correto", mas sim porque faz parte da nossa idiossincrasia. Que tenhamos orgulho da nossa presença em terras californianas, mas, simultaneamente, que admitamos que temos ainda muito que fazer. Que trabalhemos no sentido de termos mais profissionais de origem portuguesa na medicina, na jurisprudência, nas artes, na política, na comunicação social americana, no ensino e no mundo académico. É uma lista grande! Acho que nem o Menino Jesus, nem o Pai Natal (para não falar em algumas pessoas nas nossas comunidades) quererão que faça mais listas do Natal. Festas Felizes! Boas Festas! Feliz Natal e Próspero Ano Novo.


COLABORAÇÃO

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida eialmeida@yahoo.com

Wisconsin e a sua revolução na história da Produção de Leite

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revolução inicial data do ano 1872, quando os agricultores de Wisconsin iniciaram a mudança da produção de trigo para a produção de leite para queijo, que tranportaram para os mercados da Costa Leste dos Estados Unidos pela primeira vez. Depois, em menos de quatro décadas Wisconsin rápidamente aumentou a sua produção de leite e ultrapassou New York, então o maior Estado produtor de leite. Enquanto que isso foi considerado uma revolução, nos nossos dias Wisconsin está a braços com o que muitos chamam renascença, quando produtores de leite e processadores de igual modo, estão reinvestindo naquela que é chamada “America’s Dairyland”. Este nem sempre tem sido o caso. Houve

uma época depois da revolução em que a opinião geral era de que a indústria de lactícinios de Wisconsin foi assumida como certa de que continuaria vibrante. Mas o caso é que um grande numero de forças convergentes permitiram que os governantes Estaduais, e as industrias produtivas retirassem os olhos do Wisconsin prémio dourado ou ovo de ouro económico. E é provável que o facto da California ter ultrapassado Wisconsin na produção de leite em 1993, foi a mais vibrante alvorada para toda a industria, que imediatamente resolveu iniciar o caminho do retrocesso. Presentemente há uma quantidade de projetos e iniciativas que os peritos apontam como uma possivel ressurgência na produção de leite, estas são algumas das razões que peritos apontam como prováveis sinais de ressurgência, e ao mesmo tempo a recuperação dos seus dias de gloria. “Wisconsin America’s Dairyland” nasceu por uma boa razão, tem um clima apropriado para vacas produtivas e devido a regular precipitação, tem água em quantidades ideais para a produção de forragens em comparação com o Sudoeste dos Estados Unidos aonde todos nós sabemos da contínua falta de água e a incerteza de quando esta enorme e sequiosa sede será totalmente saciada. Enquanto que a Ca-

lifornia presentemente produz mais leite de que Wisconsin este é ainda de “dairys Silicon Valley” e continuará a ser um centro de elite em estudos da agropecuária, com muitos estudantes formados em Colégios e Universidades que participam diretamente em projetos nacionais e internacionais da agropecuária. Wisconsin tem o maior número de projetos internacionais relacionados com a agropecuária, mais vacas, produtores de leite e fábricas de leite de que qualquer outro Estado da União, ainda mais, Oficiais e Governantes eleitos prestam esmerada atenção a estes negócios devido ao enorme impacto económico que estes tem na economia local e nacional, o que não é o caso em muitos outros Estados da União, usando todos os recursos naturais e outras iniciativas que este Estado possui, os produtores de leite tem adaptado o modelo do Oeste e os chamados “badger State dairy farmers” adicionaram terrenos à sua base de produção de cereais e forragens, uma proeza que não pode ser igualada pelos produtores do Oeste, que não tem o acesso aos terrenos e abundância de água, que foi a salvação destes produtores durante os recentes preços recorde dos cereais especialmente o milho. Presentemente em Wisconsin é ainda possível iniciar pequenas e médias empresas para a produção de leite, como há 40 anos na California. Este Estado tem o maior numero de produções orgânicas, “Tie stolls”, "freestalls”, “bedded pacs”, "robotics”, e “grazers” todas as coisas imagináveis desta industria estão em Wisconsin, é só pedir por boca e todos são benvindos com as suas próprias iniciativas. Valores adicionados nos produtos do leite tem beneficiado a Europa por centenas de anos e porque não em Wisconsin? Inovação nas pesquisas dos produtos do leite ajudou Wisconsin a ultrapassar o modelo de “commodity market” e hoje este Estado produz 600 diferentes variedades de queijo. Estas são algumas das razões que os peritos apontam como elementos chave para a renascença da industria de lactícinios em Wisconsin. Esta iniciativa com raízes na terra provou ser mais fácil investir em negócios já establecidos e de provável ou certificado bom funcionamento, de que investir grandes montantes na esperança de que no futuro uma nova aventura financeira cairá do firmamento.

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15 de Dezembro de 2014

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

G

avin Menzies, oficial aposentado da Marinha Bri­tânica, no seu livro “1421”: The Year China Discovered America”, originalmente publicado na Inglaterra em 2002, deixou dito que os Chineses, antecipando-se aos Portugueses, haviam igualmente descoberto os Açores. Menzies, que aparentemente nunca visitou os Acores, enredou-se na leitura do “Epítome de las Histórias Portuguesas” (Madrid 1638), de Manuel de Faria e Sousa (1590-1649), descrevendo uma estátua equestre escul­pida no cimo duma montanha da pequenina ilha do Corvo, sendo indecifrável a inscrição na base da estátua. Foi isto o bastante p’ra Menzies proclamar que “o cava­leiro do Corvo representava uma estátua chinesa, perso­nificando o imperador-cavaleiro Zhu Di.” E reclamou: “Corroborativa evidência de que os chineses talvez povoaram os Açores advém de Cristóvão Colombo, que relatou uma história local de cadáveres não-europeus vistos na praia das Flores, a 20 milhas do Corvo.” Lembro-me do Daniel de Sá ter escrito a respeito de Menzies: “A profissão de marinheiro dá-lhe uma certa autoridade aparente, mas o desejo de impressionar fá-lo cometer erros imperdoáveis até num simples cozinheiro de submarinos.” (Diário Insular, 11-julho-2004). Na “Colecção de documentos relativos ao descobrimento e

Recordando

Estátua e Fantochada

povoamento dos Açores”, Manuel Monteiro Velho Arru­da aludíu que em 1317, um século antes dos chineses, os portugueses tinham capacidade p’ra aventurar-se no Atlântico, embora não houvesse ainda um programa ou sistema de descobrimentos. No segundo volume do Arquivo dos Acores (páginas 515-526) podemos averiguar que a estátua equestre no Corvo é evidentemente uma lenda. Damião de Góis deixou-se fascinar por ela, o que não causa admiração porque ele nunca avistou os Açores, nem de perto nem de longe. Aliás na sua narração, integrada na Crónica do Príncipe D. João, não está confirmado por nenhum documento como teria sido a estátua transportada p’ró Corvo, ou mesmo quando teria sido fabricada e cortada na própria rocha. E no terceiro volume do Arquivo (páginas 102-110) deparamos com a informação de que essa estátua é simplesmente a continuação dum mito geográfico. Os mais antigos historiadores açorianos, Gaspar Fru­t uoso e António Cordeiro, classificaram a história da estátua ao nível duma antigualha mui notável. Diogo das Chagas, cujo irmão paroquiou no Corvo, nem sequer fez a mínima referência à estátua ou aos cadáveres de estrangeiros na praia das Flores. Os ingleses Joseph e Henry Bullar registaram em livro a sua prolongada estadia nos Açores (dezembro 1838 a maio 1839), incluindo o Corvo e sem qualquer memória da estátua.

Novo Livro res, em qualquer parte do Globo. Uma oportunidade para o ofereceram aos seus netos ou bisnetos durante este tempo de Natal.

Aqui está um novo livro para Crianças Piratas e os Meses do Ano, de Higina da Guia. A edição é bilingue e conta a história em poesia de um casal portugês com dois filhos a viverem numa fazenda, algu-

A ilustração é da própria autora e de Laura A. da Silva. Higina Gonçalves da Guia nasceu na Madeira e reside em Folsom, California, com o marido. Está reformada e dedica algum tempo a dar aulas de Portugês Segunda Língua à Comunidade onde está inserida.

José António Camões, (sacerdote natural das Flores, falecido em 1827), no seu Relatório sobre o Corvo, desmentiu a existência da estátua equestre, afirmando não constar que “houvesse mortal que chegasse àquele sítio por ser mesmo inacessível assim como ainda hoje o é, e só pássaros lá podem chegar.” Raul Brandão, que esteve hospedado no Corvo (junho 1924), não fez menção da estátua no seu livro “As Ilhas Desconhecidas.” Accurcio Garcia Ramos, (Notícia do Archipelago dos Açores 1871), esclareceu que “o roche­do-estátua é uma ilusão óptica e um capricho de eru­pções lávicas.” O padre Francisco Xavier Silva Betten­court, que paroquiou no Corvo (2002-2003), e prestou assistência religiosa (2003-2004) na igreja nacional portuguesa das Cinco Chagas em San Jose da Califórnia, assegurou-me de nunca ter ouvido falar e muito menos ter avistado a fabulosa estátua implantada pelos chineses. Impossível olvidar o foguetão desferido por Gavin Menzies: “Depois duma grande tempestade em 1870, ficou exposta no Corvo numa vila de pedra.” Acho por demais curiosa tal descoberta, pois que não está referen­ciada no manuscrito “Notas do Corvo”, publicado em livro em 2001, da autoria do padre Lourenço Jorge (18821918), natural do Corvo. É imperativo recordar o que o tenente-co-

ronel José Agostinho escreveu, atestando que os corvinos nunca viram nem ouviram falar de edificações arruinadas. Quanto à estátua equestre, não foi feita pela mão do homem. É um simples bloco de basalto que tomou aquela forma por acidente. (Açoreana, Vol. IV, 1946). No decurso da sua estadia no Corvo no Verão de 1945, José Agostinho falou com várias pessoas àcerca da está­t ua, levaram-no num bote até um ponto a sudoeste da ilha, donde viu a figura do cavaleiro e a examinou com um binóculo. Seguidamente fez um reconheci­mento do local, em terra, concluindo que só visto de sudo­este o rochedo apresentava a configuração de cavaleiro, devida puramente ao acaso. Afinal, a provocativa sugestão dos chineses terem eri­gido uma estátua equestre na ilha do Corvo reduz-se a uma sensacional e ridícula fantochada!


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15 de Dezembro de 2014

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Tribuna Portuguesa

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15 de Dezembro de 2014

Falecimento

Maria Emília Sousa Faleceu Maria Emilia Sousa no dia 27 de Novembro 2014 com 94 anos, em Paradise CA. Nascida no dia 9 de Novembro de 1920 em Candelaria, Pico, Acores. Com tenra idade a familia foi para Horta, Faial. Imigrou para San Leandro, California em 1962 com o marido Manuel e duas filhas, Ana Maria e Ligia Maria. Depois de trabalhar 22 anos a costurar, foi viver para Magalia, CA para estar perto das filhas e netos. Vai ser lembrada por 2 filhas, 1

neta , 4 netos, 6 bisnetos, e o seu querido irmão Jose Garcia, de Rhode Island. A sua familia sempre se vai lembrar da sua fé e bondade sincera que vinha do seu coração. Os seus amigos vão-se lembrar da sua querida amiga "Quinhas" sempre com o seu sorriso, boa disposição e carinho para todos. O Rosario foi no dia 3 de Desembro em Paradise e a missa de corpo presente na Igreja de St Leanders em San Leandro,.Ficou sepultada no Holy Sepulcher Cemitery em Hayward. Sentidas condolências a toda a família.


Ao Sabor do Vento

José Raposo

Q

jmvraposo@gmail.com

Consulado em San Francisco

uando cheguei a esta terra de visita a minha mulher, em 1974, por razões que nunca soube compreender bem, tive que me ir apresentar no Consulado Português, em San Francisco. Atravessar a Golden Gate e ver a bonita cidade onde muita gente tem deixado o coração foi sem dúvida alguma uma experiencia agradável. Ao chegar ao consulado fiquei triste ao ver que à entrada tinha uma carpete de um verde cor do burro quando foge, com um buraco no meio, que naquele verde todo parecia a cratera de um vulcão. Como eu não me calo com coisas desse género, falei e escrevi sobre o assunto. Não sei por mais quanto tempo a carpete lá ficou. Mas um belo dia que necessitei voltar, a paisagem havia mudado. Os cônsules têm chegado e partido. Houve um ou outro que não ligou patavina à comunidade, mas a maioria tem feito um bom trabalho e, vamos lá, até deixam saudades à partida. Tenho feito amizade com alguns e sempre que posso tenho ajudado em eventos e atendido a outros para os quais tenha sido convidado. Todos os funcionários me têm tratado com o devido respeito e tenho sido sempre atendido com prontidão e eficiência. Um dia destes que por lá passei a Júlia disse-me: “Ó sr. Raposo, nós já não temos a carpete rota, o consulado está remodelado e o sr. nunca veio tirar fotos, nem nunca escreveu sobre isso no jornal”. Oops! Tens razão! Mil perdões disse eu. Um dia destes cá virei tirar fotos e prometo que farei um artigo para o jornal. Falei com o Sr. cônsul a pedir autorização para tal, a qual me foi concedida e marcamos a data da minha visita. Eu disse que gostaria de passar lá pelo menos uma hora ou duas porque há pessoas por aí, que dizem que ali não se faz nada e que não há trabalho para tanta gente. Ao chegar, a Júlia muito sorridente deu-me as boas vindas. Conversamos por muito tempo sobre o consulado, a maneira como estava dantes e as obras que ultimamente se tem feito. Devo dizer que os escritórios encontram-se remodelados completamente e possuem tudo do mais moderno. Aproveitei para tirar o meu cartão de cidadão, visto que tinha o bilhete de identidade antigo e em poucos minutos a papelada estava toda pronta. Nesta era das fotos digitais não há razão alguma para ter num passaporte ou cartão de cidadão uma foto da qual não se gosta. A foto é tirada e nós temos a oportunidade de ver e se não gostarmos tiram outras até que a gente goste. A própria assinatura, que é eletrónica, é-nos mostrada também e pode ser feita de novo, caso não nos agrade. Tive que assinar depois numa folha de papel e garantiram-me que dentro de uma semana eu teria o meu cartão de cidadão. Alguns cônsules que por aqui têm passado não fizeram caso, não se interessaram, não souberam, ou o governo Português ficouse nas tintas para que as obras fossem feitas. Ou ainda pior, talvez o dinheiro que foi mandado para as obras tenha sido gasto noutras coisas. Quem sabe? Dantes quando se entrava no consulado era como quando uma pessoa se levanta de manhã antes de lavar a cara. As cores do edifício já não convidavam muito, a entrada não era nada atraente e o mobiliário parecia ter sido da guerra de 14. As secretárias eram enormes, dando a impressão que quanto maior elas fossem mais importante era a pessoa que se sentava a elas. Normalmente os cônsules ficam aqui por um período de quatro anos e depois são colocados num pais como embaixadores, a não ser que alguém consiga puxar os cordelinhos, mas eu penso que isso agora já não se faz e eles vão parar para o Iraque

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seus dois filhos menores. Aproveitei a oportunidade para lhe fazer as perguntas abaixo indicadas e cujas respostas ele se prontificou a dar. Aqui vão as respostas às suas perguntas: O que mais lhe agradou durante o tempo que tem estado aqui no consulado de Portugal em São Francisco. Embora me pareça ainda cedo para fazer um balanço – só agora completei 2 anos do meu mandato – tenho vivido esta minha estada de forma particularmente gratificante e intensa devido à dimensão da nossa comunidade e a sua disseminação por um Estado que representa cerca de 5 vezes o território do nosso país. A par desta importante componente de aproximação à nossa comunidade, tenho tido outros desafios no campo da promoção de Portugal como destino de investimento, mas igualmente no campo da cultural e do ensino do português. Já aqui o disse, não podia ter sido melhor acolhido! O que lhe agradou menos da comunidade Portuguesa e como acha que a mesma comunidade pode melhorar a situação. Não me cabe tecer juízos de valor sobre essa matéria, mas tão-somente apoiar da melhor maneira possível, o esforço da comunidade portuguesa no fortalecimento e coesão da sua presença por terras da Califórnia, assim como na preservação e promoção das nossas tradições e valores culturais, com especial atenção para a língua portuguesa. Como é sabido, e à semelhança de outras comunidades espalhadas por este mundo fora, tem agora pela frente o repto de se reinventar, através das novas gerações e assegurar o seu posicionamento estratégico no seio de um Estado culturalmente multifacetado. Não tenho dúvida que o fará com êxito. A quem se deve a renovação dos escritórios do consulado? Era um projeto que já estava planeado ou foi iniciativa sua? Em tempos foi equacionado um amplo projeto de remodelação das instalações, mas como se compreenderá ante a conjuntura financeira que o nosso país atravessou tal não se afigurou exequível. Foi assim que neste enquadramento propus um conjunto de pequenas obras de manutenção e reabilitação que julgo devolveram ao edifício, que é propriedade do Estado Português, toda a dignidade que merece e de que nos podemos orgulhar. Segundo parece, o posto de Vice-cônsul foi eliminado, qual a razão?

ou outro país ainda menos desejoso. Nesta minha visita não vi ninguém a ler nem a Flama, nem a Plateia, nem livros aos quadradinhos. Estavam todos a trabalhar e algumas pessoas que vieram tratar de assuntos foram atendidas prontamente. É muito vulgar se ouvir histórias sobre a não autorização do uso do quarto de banho, no consulado, por utentes que lá vão. Sei perfeitamente que antes o uso do mesmo foi recusado a pessoas que pediram. Acontece, porém, que quando eu lá estava, desta vez, um senhor pediu para usar o quarto de banho e foi-lhe logo indicado onde o mesmo estava.

O cônsul que agora cá temos, Nuno Mathias, não precisa que eu venha dar-lhe graxa nem algum louvor nas páginas deste jornal. A maneira como ele tem procedido com a comunidade em geral e o excelente trabalho que tem feito e continua a fazer são provas convincentes que Portugal está muito bem representado na sua pessoa. Como é do conhecimento de todos, o atual Cônsul Geral tem feito um esforço para se aproximar das nossas comunidades e de participar, sempre que pode, nos eventos para os quais é convidado. Facto de muitos destes eventos se realizarem durante os fins-de-semana constitui um desafio acrescido na medida em que também tem que atender, assim como a sua esposa, aos

Como é do conhecimento de todos, Portugal viu-se forçado a tomar um conjunto de medidas de contenção orçamental e de reforma da sua Administração Pública, que incluíram também uma racionalização dos funcionários adstritos à sua rede externa. Nesse sentido, as funções da anterior vice-cônsul passaram a ser desempenhadas pela atual Chanceler, Senhora D. Julia Chin. Isso foram as perguntas que eu achei mais importante e como podem ler o Sr. cônsul respondeu sem alguma hesitação. Outra coisa que muita gente critica é a localidade do consulado. Eu, francamente, também preferia que fosse num lugar onde houvesse uma melhor possibilidade de estacionar o carro, mas segundo fui informado os consulados de outros países encontram-se na mesma situação. Não sei se seria melhor mudar o consulado para uma cidade onde vivessem mais Portugueses, mas eu acho que soa muito melhor e talvez é mais prestigioso dizer: Consulado de Portugal em San Francisco.


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COMUNIDADE

15 de Dezembro de 2014

Abel Dutra, novo FFA/Sales Associate da LAFF

Luso-American Life Insurance Society introduces ABEL DUTRA as Fraternal Field Advisor to help Promote Membership in the Central & Southern California region. Dublin, CA December 1, 2014. Luso-American Life Insurance Society announced today the appointment of MR. ABEL DUTRA to the position of Fraternal Field Advisor / Sales Associate. Abel will be working closely with the leaders of local councils of the Luso-American Fraternal Federation and the Sociedade Portuguesa

Rainha Santa Isabel to help promote growth and understanding of the Portuguese heritage, culture, and language through our Society. Abel Dutra was born in Corona, California to Abel and Maria Dutra. He, along with his two sisters, Julie Mullen and Debora DaCosta, were raised in the Portuguese community of Chino where they were exposed to the Portuguese culture and learned from his deep family roots including the fact that he treasures his ability to command the Portuguese language. As a first-generation Luso-American born son of Portuguese immigrants, Abel has been involved in the Luso-American Life Insurance Society since the age of 9. Abel started his LUSO journey with Youth Council #28 of Norco-Corona where he held numerous positions within his local council. In 2006, Abel was elected to Director of Activities for the State 20-30’s Board but continued to stay active with his local Youth and Adult Councils. In 2013, Dutra became Luso-American State 20-30’s President in which he helped promote the 20-30’s. He along with his fellow Fraternal Presidents, Paulo Matos and Anthony Machado, traveled the state with a simple mission, “Uni-

dos Somos Mais Fortes”. The goal was to reach out to all the Luso-Americans and establish a bridge from all the generations in hopes that they all work together for the same common goal, the growth of our Society and the Portuguese community as a whole. In addition to his lifetime of Society experience, Dutra brings a wealth of business expertise and unparalleled commitment to customer satisfaction. He worked for Enterprise Holdings for 11 years where he began as a Management Trainee. With his hard work and dedication, he worked his way to Branch Manager where he was responsible for day to day operations, account management and sales. Abel is a member of “Grupo Cultural Português do Chino”, “Filarmonica do Chino D.E.S.” and is currently the President of the Chino Valley D.E.S. Club. He enjoys singing, dancing, cooking, traveling, playing sports and spending quality time with family and friends. "We are extremely happy to have an intelligent young and energetic Portuguese-American such as Abel to join our Home Office team. He has already been an integral part of the success of our fraternal organization and we feel that this knowledge of our organization will allow him to succeed in forming a bridge between our Home Office operations and the grass roots efforts that take place in our local councils and Portuguese community as a whole” states Lino M. Amaral, Executive Vice President & CEO of the Luso-American Life Insurance Society. For Abel, his next mission within Luso-American reflects on the promotion of our fraternal society as a whole and creating awareness of LUSO to all the Portuguese decedents in the state of California. Being involved in LUSO and the

Portuguese Community has shown him the strong roots of our culture - whether it’s from the Azores, Madeira or mainland Portugal. Abel is excited about this opportunity as his goal is to promote the Portuguese Culture and encourage people in all generations to be exposed to their roots. Times today are different than what they once were, but being Portuguese and being part of LUSO we have a unique opportunity to link us all together and learn about the different Portuguese Cultures, and with the many Portuguese communities in California alone, we can keep the traditions alive in a Luso-American Way! The Luso-American Life Insurance Society is the most respected Portuguese fraternal benefit society in the United States, with nearly 20,000 members and $270 million of insurance in force. The organization was originally established as the Portuguese Protective and Benevolent Association, which was founded by Portuguese immigrants over 145 years ago. As an organization which is dedicated to preserving and promoting their cultural heritage, traditions, and values, while striving for the betterment of its members, our purpose can be best described through their Mission Statement: “To be the premier provider of life insurance, financial and fraternal services to individuals and families in the Luso-American communities.” For More Information, please visit us at: www.luso-american.org or on FaceBook & Twitter


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ENTREVISTA

15 de Dezembro de 2014

Manuela Silveira

O comportamento da nossa Comunidade para comigo foi sempre impecável Por cada Cônsul que trabalhou contigo, define cada um deles em três ou quatro palavras. Não é fácil definir uma pessoa em tão poucas palavras. Com os 10 Cônsules-Gerais com quem trabalhei, aprendi muito, porque quando comecei, apenas sabia dactilografia, e pouco ou nada conhecia do expediente consular. Aqui ficam os nomes deles: -José Moreira de Campos Alves - António Lopes da Fonseca - António Pinto Machado - José Miguel Queirós de Barros - Gabriel Mesquita de Brito - António Augusto Carvalho de Faria - Joaquim José Ferreira da Fonseca - Augusto Saraiva Peixoto - António Alves de Carvalho - António Manuel da Costa Moura Quais eram as maiores dificuldades do Consulado em lidar com a nossa Comunidade? Manuela Silveira é daquelas pessoas que em qualquer lugar que trabalhasse seria sempre benquista aos olhos de qualquer comunidade. 40 anos num Consulado, que infelizmente está mal colocado para a franca acessibilidade de toda a comunidade, deram-lhe uma visibilidade e uma delicadeza de acção que nem todas as pessoas poderiam ter, pelas queixas que todos faziam e pela maneira de saber receber e criar ambientes de melhor relação entre o Consulado e a comunidade em geral. Quando andavas a estudar no Liceu de Angra alguma vez pensaste vir para a America? Não. Nunca pensei em emigrar. Depois de acabares o curso como é que se processou a tua vida? Depois de acabar os estudos na Terceira não fiquei muito tempo por lá, porque me casei. Até que um dia vieste para a America. Porquê? No ano que tirei o curso do Magistério Primário, em 1967, vim para a América. Havia um ano, tinha conhecido um rapaz, o José, depois de casarmos, acompanhei-o para continuar a vida que ele tinha iniciado havia 8 anos na Califórnia. Vieste directamente para a California? Sim vim diretamente para a Califórnia e quando aqui cheguei logo me apaixonei por esta terra, mas sem nunca esquecer as minhas origens. Fala-nos sobre os teus primeiros tempos em terras do Pacifico Fui viver para os arredores de uma cidade chamada Selma, que fica perto de Fresno, no Vale de San Joaquim, onde o José vivia com a família e com eles vivemos por 3 meses. Mudamo-nos para uma casa , mesmo em Selma,tendo ficado nela cerca de 6 meses. Nessa cidade nasceu o nosso filho Vences-

lau. Em Agosto de 1968, por, o José ter tido uma oferta de trabalho na área de San Pablo, para ai nos mudamos os três. Como é que te empregaste no Consulado Portugues em San Francisco? A minha intenção era ir para a Universidade, para isso necessitava que os meus diplomas fossem traduzidos para me darem a equivalência dos estudos de Portugal. Recomendaram-me, como tradutor, o Senhor Marcy da Costa, proprietário da Agência Carvalho em San Francisco e a ele me dirigi. O Senhor Marcy da Costa era um cavalheiro, com muitos conhecimentos e decidiu ser o meu anjo da guarda, indicando que havia uma vaga no Consulado-Geral de Portugal em San Francisco, que achava eu estar habilitada a preencher. De imediato entrou em contacto com o Consulado e depois de entrevistada, entrei ao serviço a 15 de Novembro de 1971. Há 40 anos como era o nosso Consulado e quem era o Cônsul? Há 43 anos o Consulado já estava localizado, onde agora se encontra. Era Cônsul-Geral o Senhor Dr. José Manuel Campos Alves. Quais eram as tuas principais funções no Consulado? Nesses primeiros tempos havia muita procura de documentação solicitada pela nossa Comunidade? Comecei por secretária e as funções eram as normais de uma secretária. Não tínhamos computadores. Quanto à procura de documentação houve sempre para passaportes, legalizações, etc. A variedade de documentação que agora se faz no Consulado-Geral, só mais tarde começou a ser solicitada. Na tua longa carreira no Consulado quantos Cônsules é que por lá passaram? Nos 40 anos e 6 meses que estive no Consulado conheci 10 Cônsules Gerais.

As maiores dificuldades que possam ter existido, acho que se deveram sempre

aos parcos meios, tanto de financeiros. Não acho qu sulado Geral tenham feit des, sentíamo-nos bem, o camaradagem foram sem excelentes recordações! Mas essas dificuldades n Cônsul Geral ou os seus de estar atentos às neces e luso-americanos, que pr Consulado. Na maioria por isso muitas vezes na da hora de serviço ou m se atendia os que necessit especifica.

Conta-nos porque nomear-te Vice Côn

O Vice-Cônsul, Senhor A sentou-se, naquela altura ler , havendo uma vaga Cônsul-Geral de então, fu

Como Vice Cônsul momentos mais int função? E os meno

O simples facto de ter asc Cônsul, revestiu-se para m pessoal, mas também de u lidade , na medida em que te normal passei a acumu Consulado e acho que com do Posto, também asseg nas suas ausências. Foram muito interessantes, em de representar o meu país dadãos da melhor maneira


ENTREVISTA

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e

e recursos humanos como ue as instalações do Conto parte dessas dificuldao ambiente de trabalho e mpre muito bons. Guardo

nunca fizeram com que o s funcionários deixassem ssidades dos portugueses rocuravam os serviços do deslocavam-se de longe, a hora do almoço, depois mesmo aos fins de semana tavam de uma ajuda mais

e razão decidiram nsul

António Bettencourt, apoem que eu já era Chancee, por recomendação do ui promovida.

l quais foram os teressantes dessa os interessantes?

cendido à posição de Vice mim de motivo de orgulho uma acrescida responsabie para além do expedienular a gestão funcional do m a confiança dos Chefes gurar a sua representação m na verdade momentos que tive a oportunidade s e ajudar os meus concia.

Com que Cônsul tiveste um melhor relacionamento profissional? Digo, francamente, que trabalhei com todos lealmente e tentando dar sempre o meu melhor. De todos os Cônsules Gerais recebi o melhor relacionamento possível e por todos guardo estima pessoal e reconhecimento profissional. A tua merecida Condecoração com o grau de Oficial do Infante D.Henrique, pelo Presidente da Republica foi um acto de justiça, não foi? Não me cabe a mim dizer se foi um acto de justiça!. Foi, no entanto, um momento inesquecível para mim, de muito orgulho pessoal e também de nostalgia por, os meus pais, que sempre se sentiram orgulhosos de mim, pessoas simples, mas muito trabalhadoras e honestas e que me ensinaram a ter brio profissional, não estarem vivos para verem a filha ser condecorada pelo Senhor Presidente da República, Professor Doutor Cavaco Silva. Estou grata por o meu último Chefe, me ter proposto e orgulhosa por, naquela noite, em San Jose, com uma sala, à cunha, lindamente ornamentada com os pendões das nossas Sociedades Portuguesas, onde se deu a conhecer ao Senhor Presidente e à sua comitiva a diversidade cultural da nossa Comunidade, ter sido condecorada ao mesmo tempo que o foram individualidades que tanto têm trabalhado em prol do nosso País e a quem tenho o prazer de considerar meus Amigos. Sabemos que o teu tempo actual é dividido por três localidades. Fala-nos sobre as tuas estadias no Hawaii, São Jorge e California. O que mais aprecias e fazes em cada uma delas? Desde que me aposentei temos, realmente, o privilégio, a ventura, de poder dividir o nosso tempo por três lugares de que gostamos muito. A Califórnia é o nosso porto seguro, onde estamos radicados há muitos anos, o José há 55 e eu há 47, nela criamos o nosso alicerce, a nossa morada principal, a nossa família. Aqui dedicamo-nos principalmente à família . Os nossos netos são ainda novinhos e nós temos a alegria de estar envolvidos na vida deles. Isto é, tomar conta deles, levá-los à escola, ao parque, à piscina, etc. Todos os que são avós sabem quanto doce é ter netos e nós somos avôs babados, obviamente. Além desta vertente, quando temos a possibilidade participamos nos eventos da nossa comunidade. Em S. Jorge temos a casa da família do José. Fica situada no campo, na Ribeira da Areia é um lugar muito calmo e aprazível, com uma vista linda para o mar, com a Graciosa e a Terceira ao fundo e também com vista para os picos verdejantes da parte norte daquela ilha. S. Jorge não é a ilha onde nasci, mas a ela, desde sempre ,estou ligada por laços afetivos muito grandes , lá sinto-me muito bem e é nela onde matamos as saudades que todos nós emigrantes sentimos da nossa família e do nosso Portugal. No Havaii, na Ilha de Maui, temos a felicidade de poder passar uma temporada no inverno. Maui é uma ilha linda e faz-nos lembrar as nossas ilhas . Em Maui já fizemos muitas amizades com pessoas, na maioria, já ali nascidas, mas com descendência portuguesa. Aqui dedicamo-nos ao lazer, ao convívio com os amigos, ao ouvir as histórias da vida deles. Eles dizem "talk story" quando falam da sua vida e é muito interessante ouvi-los dizer algumas coisas em português e sentirmos o orgulho que eles têm em ainda manterem as tradições portuguesas. Além dos amigos que vivem permanentemente em Maui, temos também os que da Califórnia passam lá, como nós, uma temporada e os de outras nacionalidades que foros encontrando nas nossas caminhadas na praia, encontros casuais que se transformaram em amizades sinceras. Nalguns dos nossos convívios falam-se várias línguas. O ir a Maui tornou-se num hábito. Se tivesses uma varinha de condão, o que é que mudavas no comportamento da nossa Comunidade.

O comportamento da nossa Comunidade para comigo foi sempre impecável. Ainda hoje continuo a ser alvo de gestos de grande amizade e respeito de todos. Não tenho razões para me queixar, nem tão pouco para invocar a varinha de condão para alterar aquele comportamento! O Tribuna ao teu dispor... Embora considere que existam pessoas na nossa Comunidade, que tenham histórias porventura mais interessantes para contar aos leitores da Tribuna Portuguesa, agradeço esta oportunidade que agora me foi dada. Os anos que estive no Consulado-Geral em São Francisco, foram tempos passados nos bastidores, mas sempre com uma grande força e vontade de servir a nossa Comunidade, da melhor maneira possível. Afinal era para mim também uma forma de estar mais próxima do nosso país. Nem sempre é possível atender a todos os pedidos e satisfazer a vontade de todos. Numa comunidade tão vasta e tão dispersa, é impossível esperar que um Cônsul Geral participe ou esteja presente em todos os eventos, havendo muitas vezes vários no mesmo dia e mesma hora. Por outro lado, muitos destes eventos realizam-se aos fins-de-semana e em áreas muito distantes, pelo que temos que ter presente que alguns dos Cônsules Gerais, que por aqui passaram, têm famílias e como tal também têm que atender às suas vidas pessoais. É sem dúvida uma gestão delicada que temos que ter também presente. O

que ninguém pode negar é que desde que chegou à Califórnia se vê o Senhor Dr. Nuno Mathias, Cônsul-Geral, na maioria dos eventos que têm lugar, quer seja no Norte, no Sul, no Centro da Califórnia e até já foi ao Havaii em visita oficial. A comunidade está de parabéns por ter entre si um tão digno representante de Portugal. Quero aproveitar ainda para expressar ao Editor deste Jornal, José Ávila e a todos aqueles que colaboram no Tribuna Portuguesa os meus parabéns pelo extraordinário trabalho que fazem e ao serviço que prestam a todos nós! Fico-vos imensamente grata por isso e por manterem viva a nossa língua e tradições. Faço parte daqueles que anseiam pela saída do Tribuna e leio-o de fio a pavio. Estamos a chegar ao Natal e para terminar, se me permitem, gostaria de desejar aos obreiros da Tribuna Portuguesa e aos seus leitores um Santo Natal e que 2015 traga a todos paz, esperança no futuro, felicidades e muitas prosperidades. Foto de famíla: além do José e eu, temos o nosso filho Venceslau, a nossa nora Tiffany e os netos: o Aydan Bryce com 7 anos, o Brandon Nolan com 5 anos e a Arwyn Brígida com 20 meses.


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ENTREVISTA

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João Cardadeiro

Tocarei até não poder mais Toda a gente na California conhece João Cardadeiro. Desde os seus primórdios em diversos Conjuntos até ao nascimento dos 7 Colinas onde tem actuado em centenas de salões neste nosso grande Estado. O que talvez nem todos saibam é que João Cardadeiro, possívelmente é o maior coleccionador de Musica Portuguesa na California e até talvez nos Estados Unidos. Fala-nos de ti, da tua terra e como vieste para a America? Que razões te trouxeram aqui? No dia 20 de Dezembro de 1956, juntamente com minha mãe e irmã, viemos para os Estados Unidos com a finalidade de nos juntarmos ao meu pai, emigrado em 1928. Tinha naquela altura dez anos e a minha irmã três. Ainda em Portugal completei a quarta classe, fiz ainda os exames de entrada ao liceu e na escola comercial, os quais fiquei aprovado. A restante educação ocorreu nos Estados Unidos. Qual era a tua ideia ao chegar a esta tão grande terra? Nunca pensei que um dia viesse para os Estados Unidos e assim jamais prestei atenção a essa eventualidade. Todavia, poucos meses após a minha chegada, tinha já saudades da minha família, dos meus amigos, enfim da minha terra. Que experiência de musica ou que amor à musica tinhas quando vieste? Tocavas algum instrumento? A música, o melhor dito, o amor à música, em especial á música portuguesa, faz parte do meu ser desde que me lembro e esse amor ainda perdura e, estou convencido que continuará até ao meu ultimo suspiro. O grande Maestro algarvio João Dias Nobre, há anos atrás ao ser entrevistado, consta-me pela RTP, disse que o amor á música é um bichinho que nasce connosco e um dia connosco terá o seu fim. Esse bichinho faz parte do nosso ser e não há tratamento nem cura e jamais haverá. Não

aprendizagem de um instrumento de música. Foi a guitarra eléctrica (o violão) que escolhi, mas não seria o violão a minha primeira preferência, mas sim o acordeão. No entanto, o acordeão era muito mais dispendioso e naquela altura não havia bastante prata para comportar tal despesa. Comprei a guitarra eléctrica no antigo Montgomery Ward em Oakland em 1963, e logo a seguir principiei a aprender a tocar com um magnifico professor de musica, o saudoso Helo Dominici, proprietário do Hawaiian Guitar Studio, também em Oakland. Foi com essas lições básicas do instrumento, que a sós ensaiei, aperfeiçoando a minha habilidade de tocar. Em 1967, fui convidado pelo senhor Américo Carlos, antigo componente da Orquestra dos Irmãos Páscoa e que durante alguns anos dirigiu a sua Orquestra Lisboa, convite que aceitei.

Quando começou a paixão pela musica portuguesa e desde quando começaste a coleccionar discos. Porquê? Como já préviamente indiquei, o meu amor à musica portuguesa, levou-me, quando económicamente viável, procurar e comprar discos portugueses (e não só) quando tinha uns doze ou treze anos. Confesso aqui que jamais fora a minha intenção de ser colecionador, todavia sentia-me feliz, rodeado pela musica do meu país, porque

sical que foi denominado “The Outcasto”, o qual se dedicava a musica de rock n’ roll. Depois de completar o serviço militar, fui componente de diversos conjuntos portugueses neste Estado da California, carreira que teve a duração de aproximadamente trinta anos. Deus Nosso Senhor dotou-me de bom ouvido para a musica e consequentemente (e felizmente), não tive ninguém nem a necessidade de ter alguém, que me auxiliasse nesta tarefa artística. Durante estes quase trinta anos como componente, toquei, além de outros agrupamentos, para a Orquestra Lisboa, Conjunto Ibérico, Os Coriscos, Primavera em Portugal, Nova

mes partiram para a sua eterna morada. O guitarrista e violista Aniceto Batista, Maria Olga Pereira (Tavares), Manuel Mestre e José Pereira Bettencourt. Nem todos os artistas tem as mesmas maneiras de ser. Quais foram os mais complicados para acompanhar? O talento desses elementos que actualmente figuram no nosso panorama artístico, desde a minha emigração em 1956, é superior aos que por cá antes passaram, isto na minha modéstia opinião. Como radialista desde 1969, tenho apreciado e tenho também tido acesso a gravações de outros cantores e músicos, pré 1956 e possuo um elevado numero de gravações desses pioneiros. É também de notar que a técnica de gravação sofreu uma apreciável evolução para melhor. Ontem como hoje, os nossos artistas, sejam eles solistas ou músicos componentes de conjuntos de baile, grupos folclóricos, bandas filarmónicas, todos sem excepção, tem tido e continuam a ter o mesmo pensamento de continuarem a cantar ou tocar do melhor do seu talento e habilidade. Por vezes, como diz a cantiga “Nem tudo é como agente quer”, quer dizer , nem todos seguem o mesmo caminho para a tal meta atingirem e daí vem as discussões, os argumentos e até mesmo violência. Possivelmente o positivo disto tudo (se é que tal exista) é que, tradicionalmente e especialmente os conjuntos de baile, com poucas excepções, são o que eu considero ser “sol de pouca dura”, isto é duram pouco tempo. A tua colecção de Discos e CD’s possivelmente é a maior da California ou mesmo da America. Qual vai ser o futuro dela?

tinha qualquer experiência em tocar um instrumento, mas depois, anos mais tarde, olhando ao meu redor e notava que uma grande parte dos meus amigos (e amigas) de então, liam e tocavam um instrumento de música. Naquela altura senti-me um tanto ou quanto intimidado por tanto amor á música e não saber sequer tocar um instrumento. Foi então que resolvi tomar a decisão de, seriamente, me envolver na

foi e será sempre, em termos musicais a minha primeira paixão. Fala-nos dos teus primeiros passos como executante. Prestava ainda serviço militar na Marinha de Guerra dos Estados Unidos, quando com dois outros colegas, surgiu a oportunidade de se criar um agrupamento mu-

Era, Latin Exchange e Os Latinos. Tens visto nascer dezenas e dezenas de artistas da nossa comunidade. Como os vês hoje? Através dos anos, um elevado número de artistas, músicos e cantores, tem manifestado a sua presença perante o publico português (e não só) aqui radicado. Do meu conhecimento, já quatro conhecidos no-

Referente á minha coleção de discos, CD’s, cassetes e alguns 8-Tracks, irei legá-la, porque já demonstraram interesse em adquirir, aos meus três filhos. Se entretanto, houver alguma alteração, então, como se diz “atravessarei a ponte na devida altura”. Como nasceu os 7 Colinas? O Trio Sete Colinas nasceu há quase uma dúzia de anos em S. José. O seu nome, como agora é conhecido, deve-se á persis-


João Cardadeiro ladeado por milhares de Musica Portuguesa, maioritáriamente comprada nos Estados Unidos

ENTREVISTA

Uma relíquia valiosa da Grande Amâlia no Café Luso. A colecção de João Cardadeiro possui várias raridades de long-plays dos nossos maiores artistas. Para quem quer ser artista vale bem a pena uma visita a este Museu Vivo da Musica Portuguesa

tência do amigo Manuel Aguiar, diretor da R.T.A. - Radio Televisão de Artesia. Antes, éramos conhecidos pelo nome dos seus componentes, Helder Carvalheira, Manuel Escobar e eu próprio João Cardadeiro. Já tens substituto, caso te queiras reformar da musica? Quais os artistas teus favoritos de sempre? Estou convencido que continuarei a fazer parte da vida artística até que um dia que fisicamente, ou mentalmente, jamais o possa fazer. Os artistas que mais tenho admirado durante a minha passagem por este planeta, tem sido e ainda continuam a ser. Cançonetistas/Fadistas: Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, Maria Clara, Julia Barroso, Max, Tristão ds Silva e Antonio Mafra. Compositores: José Belo Marques, Helena Moreira Viana, João Dias Nobre, Álvaro Duarte Simões, João Calvário, Maria da Conceição Piedade e Alves Coelho filho. Maestros: João Nobre, Belo Marques, Ferrer Trindade, João Calvário e Duarte Pestana.

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Helder Carvalherira, Manuel Escobar, João Cardadeiro e Nathalie Pires. Uma noite fadista para não esquecer

João Cardadeiro possui muitos discos antigos. Passa-se bem um dia em casa dele só a manuseá-los.


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ULTIMA HORA O Clube Naval das Velas está atravessando uma crise financeira grave. Tem uma dívida de 20.800 euros e solicitam ajuda de todos aqueles que os conhecem e que desejam que aquele clube continue a ser uma escola de virtudes para a juventude e não só. Para mais informações contactem o Tribuna Portuguesa através do telefone 209-576-1951.

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CULTURA

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Partidas anunciadas e regressos inesperados Vamberto Freitas Não tive, nem tenho, nem quero ter, qualquer preocupação formal e estética, quero apenas que as minhas palavras andem por aí, nas bocas do Mundo.

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Aníbal C. Pires, O Outro Lado

ois. Mas nem sempre é preciso se ter preocupações com certos artifícios das palavras, elas próprias, por vezes, encarregam-se de se encaixar e dar forma aos seus dizeres. Livres ou estruturadas – como numa peça de jazz que nunca passa a uma pauta para deleite de quem aprecia esses improvisos da criatividade puramente emotiva – é quase como na gramática de Noam Chomsky, estão já em nós, chegam-nos numa aprendizagem de todo normalizada e quase instintiva. Que eu saiba, nem na gramática nem no baile das palavras que é a nossa comunicação instantânea estarão sempre as regras presentes. Quando estão presentes, nalguns versos, não raras vezes resultam na forma sem conteúdo, na arte sem alma, no som sem significado. Se arte é sobretudo equilíbrio entre forma e conteúdo, entre ritmo e mensagem, entre perspectiva e contexto, ainda hoje não se encontrou um meio de tudo isso “ensinar” – o escritor, em qualquer das suas fases de desenvolvimento, escreve e alguém poderá apenas opinar sobre o que melhor, no seu caso particular, funciona ou não. O resto é a subjectividade, bem ou mal formada e informada, de cada receptor de prosa ou poesia. A “ciência” da escrita não existe, muito menos a da interpretação, para desgosto dos que se pensam especialmente autorizados para catalogar, digamo-lo assim, tudo e todos que se atrevem a publicar um livro. Por isso, quase sempre esperam pela morte dos autores para depois emitir sentenças, e “legitimar” os seus textos preferidos, atirando para o (seu) esquecimento todos os outros. A literatura é criada para ser lida pelos seus contemporâneos, para o prazer de cada um no seu isolamento, feliz ou infeliz. Os olhares restrospectivos são exercícios meramente intelectuais em busca, parafraseando Marcel Proust, dos tempos perdidos, e vividos só pelos outros, a comparação ou o contraste com a experiência de cada um desses leitores mais atentos. Tudo isto para dizer ao autor destes poemas-retratos que se sinta à vontade entre os poetas e escritores. O Outro Lado: palavras livres como o pensamento contém belíssimos poemas-textos, por assim dizer e como o próprio autor define esta sua escrita, que nos desvendam tanto os seus “estados de alma”, expressão que ele também diz ser o sumo principal desta sua escrita, como as ilhas e outros territórios do seu coração em movimento. Olhar uma ilha açoriana em qualquer dia do ano é correr o risco de ver o universo na sua mutação radical de cores, humores e formas, as ondas batem forte depois beijam as fajãs, a rocha que poderá rachar a qualquer segundo vulcânico, ou a incerteza de se poder ir de um lado para o outro quando todos os nossos movimentos estão condicionados pelas nuvens em cima ou pela terra em

baixo. Alguns brasileiros dizem que o Brasil, dada a natureza da sua sociedade, é só para profissionais, e eu diria, com muitos dos nossos poetas, que os Açores são só para os mais afoitos, para os que vêem cada minuto como o melhor tempo de toda uma eternidade. Tudo isto para os que sabem que a liberdade nunca está cercada, nem sequer pela geografia. Os melhores momentos desta poesia, para mim, são os instantes dos olhares ao que está na frente do poeta, e o pensamento que lhe desperta, ou, uma vez mais, o “estado de alma” que toma conta de si. As ilhas açorianas têm sido sempre alvo da poetização de quem nos visita, e depois descrevem-nas como se outros nunca o tivessem feito antes. É certo que foi Raul Brandão, na era já moderna dos anos 20, quem escreveria estas ilhas como mais ninguém, provocando noutros, com Nemésio pouco depois em primeiro plano, o melvelliano choque de reconhecimento, o dramatismo poético e profundamente humano de Brandão percebeu, no que para ele era o mais estranho e longínquo recanto do seu país, a alma co-

mum a todos os homens e mulheres, como que num interminável cordão de mãos dadas, o mar pelo meio nada e ninguém separando. O ilhéu, como diria o poeta e ensaísta caribenho Édouard Glissant (Tout Monde, é um título de um dos seus livros), teorizador da significante poética da relação, será o mais universal de todos seres humanos pela necessidade de ultrapassar a pouca terra sob os seus pés, pela necessidade atávica de absorver o restante mundo trazido pelos que atravessam o seu meio, ou são por ele imaginados, pela necessidade de desterritorializar os nossos imaginários. A solidão, aqui, terá pouco a ver com o território – terá, isso sim, a ver com o impulso, porventura já genético, da essencialidade da pertença a um todo maior do que nós. Aníbal C. Pires goza desse estatuto invejável, que é ser ilhéu continental, não só em teoria como muitos supostos cosmopolitas entre nós, mas no seu passado e vivência, com esporádicos regressos ao que ele chama de raízes, no outro lado do mar, e apesar das suas estarem desde há muito profundamente mergulhadas na terra açoriana. Aliás, O Out-

ro Lado contém poemas que referenciam outros lugares e instantes para além deste seu destino ilhéu, levam-nos para outras terras através dos olhares ante o que já se convencionou chamar em literatura o Outro. Na tradição simbolista que nos legou Roberto de Mesquita, a paisagem em sua frente e o tempo sofrido são as metáforas e as imagens do que sente e anseia num determinado momento vivido e sentido, as metáforas e imagens do enclausuramento interior que convive lado a lado com o sentimento de se ser e estar livre no mundo. No poema “Notas de viagem”, dá-se o regresso de uma casa para a outra, do continente para a ilha, quando o contrário, creio, provocaria a mesma sinfonia de palavras, seria o mesmo “estado de alma”, para uma vez mais deixar o próprio poeta definir a sua escrita: Sigo o Sol/no bojo dum metálico milhafre azul/Vou para Ocidente/Para trás, a cidade, o rio e as ninfas refugiam-se na luz do crepúsculo/Sulco os céus do Atlântico/ Carrego a saudade/E amores apartados/Amores divididos entre partidas e chegadas. Certamente que esta poesia de O Outro Lado não se fica pela geografia ou pelo espanto da sua imprevisibilidade nos Açores, se bem que não conheço poeta nenhum que não sinta a necessidade de tentar situar-se por entre os seus mistérios de cores e formas. Nem o ocasional poeta visitante e geralmente profissional do existencialismo inventado noutros meios e circunstâncias resiste à apropriação das palavras e versos dos que cá estão e melhor do que ninguém sabem contar-se, e contar-nos, ao restante mundo. O que ignoram é que o ilhéu não é só feito do seu território, mais uma vez parafraseando outro autor, existe igualmente num mundo de ideias e vontades sociais e culturais, não aceita que o destino lhe molde o seu ser ou lhe negue o seu direito à liberdade em sociedade e em comunhão com o restante mundo que historicamente lhe é significante. É essa a outra nossa tradição poética, que a partir de meados do século passado nos deu uma literatura rebelde, interventiva, em que a sociedade é desconstruída na sua pior face de opressão e maldade, a desconstrução artística que numa novela de João de Melo leva o título ambíguo mas feroz de – A Divina Miséria. Um poeta nunca tem um programa para resolver os males do mundo, seus ou dos outros, um poeta raramente grita (exceptuando o Allen Ginsberg, no seu famoso e desesperado Howl), um poeta reduz-se não a lamentos mas a “leituras” do que vai à sua volta ou lhe contradiz a noção de equilíbrio, ou do que poderia vir a ser a felicidade dos outros, a felicidade dos que poderão estar tanto no centro da sua sociedade como nas suas margens. Aníbal C. Pires inclui neste seu livro uma epígrafe de João Miguel, que só depois vim a saber que era seu filho: “(...) É na escrita que encontramos espaço e tempo de reflexão, de descontração, onde podemos criar sem ruído”. Não tenho nada de melhor para resumir este livro. A poesia – ou os “textos” de que nos fala o autor – de O Outro Lado está organizada cronologicamente por anos, indo de 2008 a 2013. Resulta como que num diário tranquilo dos seus dias, dos seus afazeres, e dos seus movimentos exteriores e/ou ín-

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net Esta é a última edição da Maré Cheia para 2014! Terminamos um ano 26 edições com a poesia. O texto é do nosso colaborador e amigo o critico literário dos Açores, Vamberto Freitas. É mais um texto pomposo sobre o novo livro de Aníbal Pires. Primeiro há que dizer que conheci, muito recentemente, em pessoa, o Aníbal Pires. Foi no jantar do Congresso Mundial das Casas dos Açores, organizado pelo Comendador Manuel Eduardo Vieira, que tive o prazer de me sentar ao seu lado e de conversarmos um pouco. Ele à minha esquerda e o meu amigo o Deputado José San-Bento à minha direita, e foi, uma conversa interessantíssima. Já conhecia o Aníbal Pires através das redes sociais e da comunicação social açoriana. Há anos que sigo as suas crónicas na imprensa regional dos Açores, assim como a sua carreira política em defesa da justiça social. Um homem preocupado com o seu tempo e o seu lugar, com a construção de uma região, um país e um mundo mais justo, mais coeso. Da sua poesia, trata, magistralmente, como sempre, o nosso amigo Vamberto Freitas. O texto do Vamberto, é como desde sempre nos habituou, um texto extremamente bem elaborado, com referências relevantes que nos colocam no cerne da poesia do Aníbal Pires. Um texto e um livro para se ler com atenção. Mais, como estamos em edição de fim de ano, queria agradecer a todos os colaboradores desta página de artes e letras porque sem os textos dos escritores, poetas e críticos literários que colaboram connosco não teríamos esta Maré Cheia, este diálogo cultural da diáspora com Portugal e os Açores. Bem hajam. Quero agradecer a todos os leitores desta humilde página e em particular aqueles que de vez em quando me mandam notas de amizade sobre esta página. Muito Obrigado! Há também, como o tenho feito todos os anos, mas nunca é demais repetir, agradecer, muito mesmo ao editor deste jornal, José Ávila, por permitir esta utopia. Para além de ser a única página de artes e letras num jornal português na América do Norte, esta página não é de altos comércios e não são assim tantos nas comunidades (infelizmente) , como desejaríamos, com apreço pela literatura, pelas artes. Daí que é uma ousadia fazer-se esta página e o nosso editor deve ser enaltecido por, repito, permitir esta nossa utopia. Abraços e Boas Festas diniz

timos. Aventurei aqui, afinal, um outro resumo desta poesia bela e serena: partidas anunciadas e regressos inesperados, uma vida vivida entre um cá e um lá, entre o eu e os outros. Aníbal C. Pires, O Outro Lado: palavras livres como o pensamento, Letras Lavadas, Ponta Delgada, 2014. O autor também publicou em 2009 a sua tese de mestrado intitulada Imigrantes nos Açores: Representações dos Imigrantes Face às Políticas e Práticas de Acolhimento e Integração, Ponta Delgada, Edições Macaronésia.


COMUNIDADE

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Falecimento

Frank Machado Sr.

Faleceu no dia 3 de Dezembro de 2014, Frank A. Machado Sr.. Nasceu na Serreta, Ilha Terceira a 4 de Outubro de 1935, e residia em San Jose, CA. Seu pais foram José E. Machado e Maria Carvalho. Deixa a chorar a sua morte, a esposa Maria O. Machado e dois filhos - Frank A. Machdo Jr., de Los Banos e Laura A. da Silva, de Chowchilla, CA, além de dois irmãos Policarpo e Herculano Machado, ambos de Modesto, e muitas sobrinhas e sobrinhos. Foi precedido na morte por seu irmão Serafino Machado, de Rhode Island, MA. O Rosário teve lugar no dia 10 de Dezembro na Igreja das Cinco Chagas em San José. O funeral foi no dia seguinte para o Cemitério do Calvário em San José, CA. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família Machado. Cortesia do San Jose Mercury News.

Falecimento

José G. Pedro

Faleceu no dia 20 de Novembro de 2014, José Gonçalves Pedro, nascido na Ribeirinha, Ilha Terceira e há 13 anos residente em Escalon, CA. Ele foi um dos fundadores da Banda Portuguesa de San José, Filarmónica do Artesia D.E.S. e da Azores Band of Escalon. José Pedro também tocou na Filarmónica Recreio dos Lavradores da Ribeirinha e Recreio dos Artistas de Angra, Terceira. José Pedro tinha duas paixões - a música e a

família. Deixa a chorar a sua morte, a esposa de 56 anos, Nelsa Pedro, de Escalon; dois filhos - Joe Pedro e esposa Sandy, de Lindsay, CA, e Luís Pedro e esposa Theresa, de Ontario, CA; filha Nancy Martins e seu marido Frank, de Escalon; irmã Vitalina Ventura, Ribeirinha; cunhado José Chibante, de Hilmar; duas cunhadas - Teresa Parreira, de Angra do Heroísmo e Virginia Pedro, da Ribeirinha; sete netos: Louis Pedro Jr., Joe R. Pedro; Brian Pedro, John Pedro, Michael Pedro; Frank Martins Jr. e Brianna Martins. Quatro Bisnetos: Joe G. Pedro, Luke Pedro e dois a nascer muito em breve. Também deixou vários sobrinhos e sobrinhas na California e nos Açores. O Rosário e Missa teve lugar na Igreja Católica de St. Marys em Oakdale no dia 29 de Novembro. Ficou sepultado no Cemitério Católico de São João em Escalon. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a familia Pedro. Cortesia de Whitehurst, Norton e Dias Funeral Service.

House Passes Valadão Emergency Water Legislation Washington, D.C. – On Tuesday, December 9, 2014, the United States House of Representatives passed legislation aimed at providing immediate emergency drought relief to California. H.R. 5781, the California Emergency Drought Relief Act, was introduced on Tuesday, December 2, 2014 by Rep. David G. Valadao (CA-21) to improve the dire drought conditions currently threatening California. The legislation would provide operational flexibility for the two California State water projects in order to immediately provide relief to hardship caused by water supply shortages. This temporary solution would expire after 18 months, on September 30, 2016. The legislation does not amend the Endangered Species Act and has received bipartisan support in the House of Representatives. On Tuesday, December 9, 2014 the legislation passed in the House by a vote of 230-182. Original cosponsors Reps. David G. Valadao (CA-21), Kevin McCarthy (CA-23), Ken Calvert (CA-42), Doug LaMalfa (CA-01), Tom McClintock (CA-04), and Devin Nunes (CA-22) released the following statement following the passage of the legislation: “Californians are suffering and this bill will provide them with the immediate re-

lief they desperately need. The House of Representatives has recognized the importance of this legislation, not just for California, but for our entire nation. The drought is a natural disaster, and like any other disaster, deserves immediate action. Earlier this year, the House and Senate both passed drought-relief bills, and we entered negotiations to try and find middle ground. Every time we return home, we see how much pain this drought continues to cause. In order to get this bill across the finish line in time for the rainy season, House Republicans included many provisions from the Senate’s own legislation as well as agreed upon language from negotiations in the bill passed in the House today. Unfortunately, Barbara Boxer and many of her Democratic colleagues in the Senate have not shown the same commitment to achieving a solution to the California water crisis as House Republicans have, and they remain opposed even to bipartisan compromise. It is time the Senate recognize the severity of this situation and act on this legislation before they adjourn for the year.”


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Falecimento

Kenneth Mathew Castro

March 24, 1952 - Novembro 19, 2014 Kenneth (Kenny) Castro, 62, passed into his Savior’s loving arms on November 19, 2014. His wife, Raedean, was by his side. Kenny was a precious gift sent to the world from Heaven on March 24, 1952 to Mathew and Isabella Castro. Born in Santa Cruz, California, Kenny lived with his family in Gustine. He worked at Avoset Creamery for nine years before becoming partners with his parents at the West Side Auction Yard in Newman for 10 years. For the past 16 years, he worked at Sunnyside Farms as a truck driver. Kenny loved to ride motorcycles and enjoyed flat-track racing in his youth. He was a talented drummer and played with several bands during his lifetime. He was a member of First Baptist Church in Newman and often played drums with the Praise and Worship Band. He met Raedean in the summer of 1983. They were married in 1984 and celebrated 30 years of marriage together, first living in Gustine and later settling in Newman. Kenny dearly loved his two stepchildren, Dana Bravo and Bryan Souza, as his very own. Kenny had a special gift to greet every person that came into his path with a big smile! He spoke to everyone as if he already knew them, even though they may have just met. No one was a stranger to him. Kenny was a man of Lord and would often give Bibles to those he knew. He took great joy in sharing with others that, by God’s grace and power, he had been drug and alcohol free for 27 years. He wanted

others to know how they could not only know forgiveness for their sins through faith and trust in Jesus Christ, but also experience freedom from their addictions through His help and power. Kenny was the most non-judgmental person one could ever meet; he saw the good in everyone. No matter who you were, he offered a welcoming, open door and a helping hand. He especially loved children and enjoyed greeting the youngest members of his church with candies or cookies. Kenny leaves behind his wife, Raedean; his stepson and daughter-in-law, Bryan and Jackie Souza; his stepdaughter and son-in-law, Dana and Juvenal Bravo; and his mother, Isabella Castro. He also leaves behind his sister and brother-inlaw, Kathryn and Lou Maffei; his sister,Kathleen Castro; grandchildren Deven and Dakoda Souza, and Sofia and Isaiah Bravo; sister-in-law and brother-in-law, Jerry and Royal Harris; sister-in-law and brother-in-law Birdie and Don Underhill; as well as numerous nieces and nephews. He was preceded in death by his father, Mathew Castro; and his father-in-law and mother-in-law, JD and Eva Varnell. The family wishes to thank you for the prayers and support that you so generously gave during this difficult time. We take comfort in knowing that he is now in Heaven with his Lord and Savior Jesus Christ, even though he will be dearly missed, never forgotten, and always loved! A memorial service was held on Saturday, December 6, 2014 at 10h00 a.m. at First Baptist Church, 910 R Street in Newman. Courtesy of Hillview Funeral Chapel, Newman

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TAUROMAQUIA

Reflexões Taurinas

Joaquim Avila bravoi3@sbcglobal.net

A

época do Natal é a altura do ano para refletirmos com mais sensibilidade o porquê da vinda de Cristo ao Mundo. A intenção geral do Papa Francisco para este mês de Dezembro de 2014 é a seguinte: “Para que o nascimento do Redentor traga paz e esperança a todos os homens de boa vontade”. Esta intenção tão simples, que todos nós ouvimos todos os anos pelo Natal, é na verdade uma mensagem muito atual de que todos nós precisamos em todos os aspectos das nossas vidas, principalmente nestes tempos complicados de muitos protestos, ódios, destruições, separações e avidez do poder e do dinheiro. Normalmente quando se fala durante o Natal de paz, amizade e compreensão, pensamos somente nas nossas famílias e nas amizades mais chegadas. Penso que numa maneira geral durante esta época todos nós “melhoramos um pouco”, sendo mais toleráveis uns com os outros. Infelizmente logo muito cedo após o Natal esquecemos todas estas “delicadezas” inconfortáveis, e em muitos casos muito impróprias, especialmente durante alturas em que queremos impor a nossa opinião ou tratar de algum negocio. Estas manifestações contrárias ao que fomos ensinados estão de cada vez mais evidentes nos trabalhos, negócios, desportos, religião e até mesmo na tauromaquia. Infelizmente em várias partes do mundo os políticos têm usado a tauromaquia para falsamente mostrarem-se sensíveis ao mal alheio e para anárquicamente se revoltarem contra a cultura de um povo, para levarem à frente os seus propósitos políticos ocultos, como aconteceu em Barcelona ao proibirem as corridas de touros. O mesmo se verificou em Bogotá, Colômbia aonde, por ordem de um Presidente da Câmara comunista, proibiu corridas na bonita Praça de Ttouros de Santamaria. Também em Quito, Equador se verificou o mesmo aonde há já vários anos não se realizavam corridas na praça de touros desta capital, decisão esta também de um presidente da Câmara comunista. Felizmente tanto em Bogotá como em Quito esses presidentes comunistas saíram e as corridas já voltaram novamente a essas capitais para satisfazerem a vontade de uma grande maioria e não de uma minoria anarquista. Agora esperamos que aconteça o mesmo em Barcelona dentro de pouco tempo. A triste lei que Portugal impõe de não se poder matar o touro na praça, para mim é uma lei que não faz sentido algum, porque na maior parte das vezes, incluindo nos Açores hoje em dia, o touro acaba por morrer no matadouro. Em muitos casos o touro só é morto dias após à corrida ficando com ferros presos, fazendo com que a carne acabe por ficar com febre e não se poder usar para consumo humano. Não seria muito melhor o touro morrer na praça para não sofrer prolongadamente e a carne ser usada? Penso que sim! Isto só mostra a ignorância e a hipocrisia das pessoas, porque para eles, logo que não se veja o touro a morrer, está tudo bem... Os anti-taurinos fazem muito barulho para salvarem “os pobres animais”. Dizem eles que a tauromaquia é uma barbaridade e que todos nós aficionados somos insensíveis porque gostamos de ver o touro a sofrer e a sangrar. Por um lado posso compreender a maneira de pensar deles se nunca foram expostos à tauromaquia, agora o que eu não compreendo, é porque é que eles querem acabar com as touradas sem oferecerem soluções para o que se fazer com a raça do touro bravo. Será

Uma Tauromaquia mais tolerável

que seria melhor extinguir o touro bravo porque sem as corridas não tem beneficio económico algum? Se formos realistas sabemos de antemão que os ganadeiros não vão ficar com o gado bravo para sofrerem grandes prejuízos económicos se as corridas acabarem.

Na Terceira, já lá vão alguns anos, também acabaram com a sorte de varas, usando as mesmas desculpas desonestas habituais nas outras regiões de Portugal, mas com a maior gravidade de usarem tácticas ain-

te esta razão com que fez com que acabassem com os touros em Barcelona, Bogotá, Quito e a proibição da sorte de varas na Terceira. Os aficionados não se uniram e os oportunistas estrategicamente acabarem com uma tradição bastante enraizada. Aqui na Califórnia o risco é muito maior porque infelizmente temos muita pouca força política em Sacramento, e por essa razão, a qualquer momento poderá surgir uma lei para abolir as touradas e então nessa altura será tarde de mais. Se formos a ver a nossa tauromaquia é

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nós temos dois factores importantíssimos em comum, que é de sermos portugueses e de sermos aficionados a tentar preservar uma tradição que emigrou nos nossos corações quando deixamos a nossa terra natal. Durante esta época do Natal vamos fazer com que realmente haja mais paz entre nós aficionados e esperança para que a nossa festa dos touros possa progredir para que se tornar com raízes mais fortes para a podermos deixar como herança aos nossos filhos e nossos netos.

Festas Felizes e Desejos de Uma Grande Temporada em 2015 da mais sujas ao chegarem ao ponto de um político andar escondido no dia das eleições para não votar que sim na sorte de varas como tinha prometido préviamente. Infelizmente nada disto tem a ver com “os pobres animais” mas sómente para ganhos políticos pessoais. Aqui na Califórnia também não se pode sangrar o touro nem o cavalo mas o caso acaba por ser diferente porque nós portugueses quisemos implantar uma tradição muito oposta aos costumes desta terra, ao contrário do que aconteceu nos países europeus e americanos latinos. Ainda muitas graças a Deus temos que dar por termos a tauromaquia que temos na Califórnia. Também não estou de acordo com estas leis, mas compreendo e aceito que tem que ser assim se quisermos continuar com os touros. As leis têm que se cumprir para se poder preservar esta tão bela tradição. Mas o mais importante ainda seria de haver mais união entres nós, porque foi precisamen-

ainda muito jovem e muito pequena em relação aos outros países taurinos, mas mesmo assim, infelizmente tem-se desenrolado, durante estes poucos anos de existência, demasiada desunião e sobretudo muita falta de tolerância uns para com os outros. A nossa festa comparada com a festa de touros em Barcelona, Bogotá e Quito é quase insignificante, o que a torna ainda mais frágil se continuarmos sem nos compreendermos uns aos outros. Todos

Espero que tenham um Natal muito feliz, cheio de paz e muita saúde e para que o ano novo vos traga muitas alegrias. A bem da festa brava


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PATROCINADORES

15 de Dezembro de 2014

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DESPORTO

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Liga Portuguesa Benfica sempre em primeiro vitórias dos grandes

LIGA J V E D G P 1Benfica 12 10 1 1 28-7 31 2FC Porto 12 8 4 0 27-5 28 3V. Guimarães 12 8 3 1 22-9 27 4Sporting 12 6 5 1 24-11 23 5SC Braga 12 6 4 2 21-8 22 6Belenenses 12 6 3 3 15-14 21 7P. Ferreira 12 5 4 3 16-13 19 8Rio Ave 12 5 3 4 19-15 18 9Moreirense 12 4 4 4 10-11 16 10Marítimo 12 5 0 7 19-18 15 11Estoril 12 3 5 4 17-21 14 12Nacional 12 3 3 6 10-13 12 13V. Setúbal 12 3 2 7 8-20 11 14Boavista 12 3 1 8 8-25 10 15Arouca 12 2 3 7 6-19 9 16Académica 12 1 5 6 7-17 8 17Penafiel 12 2 1 9 8-25 7 18Gil Vicente 12 0 5 7 7-21 5

Benfica e FC Porto somam vitórias tranquilas O Benfica levou de vencida o Belenenses com três golos sem resposta, enquanto o FC Porto mantém a perseguição ao líder graças a uma vitória pela mesma margem, frente à Académica. • O SL Benfica vence o derby lisboeta frente ao CF Os Belenenses, com três golos sem resposta, todos marcados no segundo tempo. • Lima entra após o intervalo para o lugar de Anderson Talisca e marca o primeiro golo aos 64 minutos. • Seis minutos depois do 1-0 Enzo Pérez faz o

Carrilo inspira Sporting O extremo André Carrillo foi a fonte de inspiração do triunfo do Sporting no reduto do Boavista, por 3-1, graças a um golo e duas assistências. • Na abertura da 12ª jornada, o Sporting Clube de Portugal deslocou-se ao terreno do Boavista FC e vence por 3-1. • André Carrillo é o herói da partida, com um golo e duas assistências. • Nani é substituído por Carrillo aos 30 minutos, devido a lesão; à beira do intervalo, Islam Slimani

LIGA 2

J V E D G P 1Oliveirense 18 10 6 2 24-16 36 2Freamunde 18 10 4 4 21-9 34 3Chaves 18 8 7 3 25-19 31 4União 18 8 6 4 25-16 30 5Benfica B 18 7 8 3 34-23 29 6Tondela 18 7 8 3 26-22 29 7FC Porto B 18 8 4 6 28-19 28 8V. Guimarães B18 8 3 7 34-26 27 9Covilhã 18 7 5 6 26-20 26 10Portimonense 18 6 8 4 21-18 26 11Beira-Mar 18 7 3 8 23-26 24 12Feirense 17 6 5 6 25-24 23 13Sporting B 18 6 5 7 19-21 23 14Farense 18 5 7 6 14-17 22 15Olhanense 18 6 4 8 23-30 22 16Académico 18 5 6 7 22-25 21 17Leixões 18 6 3 9 20-27 21 18Aves 18 5 6 7 19-26 21 19SC Braga B 18 5 5 8 23-27 20 20Santa Clara 18 4 8 6 16-21 20 21Oriental 18 4 7 7 19-23 19 22Atlético 18 4 6 8 27-26 18 23Trofense 18 4 3 11 16-32 15 24Marítimo B 17 4 3 10 16-33 15

André Carrillo

segundo golo das "águias", de grande penalidade. Eduardo Sálvio faz o 3-0 final aos 82, com os "encarnados" a preservarem a liderança isolada.• FC Porto sobe ao segundo lugar depois de vencer no terreno da A. Académica de Coimbra por 3-0. • Jackson Martínez bisa (13 e 24), ao passo que Herrera assina o terceiro tento dos "dragões" aos 47 minutos. • O Estoril Praia vence o Vitória FC em casa, por 1-0, graças a um golo solitário de Kuca aos 27 minutos. • Rio Ave FC e Gil Vicente FC empatam a zero. • SC Braga 0 Vitória SC 0; Moreirense FC 2 FC Paços de Ferreira 0; FC Arouca 0 FC Penafiel 1 • Segunda-feira: CD Nacional 3 CS Marítimo 0.

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cabeceia ao poste. • Aos 54 minutos, o extremo peruano arranca pela direita e inaugura o marcador; no minuto seguinte, após jogada individual, assiste Carlos Mané para o segundo dos "leões". • Outro suplente, João Mário, aponta o terceiro da noite, também a passe do N°18, antes do defesa Jonathan Silva desviar para a sua baliza e fazer o tento de honra dos anfitriões. UEFA / Getty Images

Sporting na Liga Europa Ao perder com o Chelsea por 3-1, o Sporting foi relegado para a Liga Europa. Bastava-lhe um empate para prosseguir na liga milionária. O Porto empatou mas ficou em primeiro lugar do seu grupo. O Estoril e o Rio Ave ficaram fora da Liga Europa.

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COLABORAÇÃO

15 de Dezembro de 2014

Antigamente era assim

João Bendito

J

O Ultimo Programa de Natal

bendito@sbcglobal.net

á há dias que o Eduardo andava a encher os ouvidos do José Daniel. “Ò Max, esta semana temos que fazer uma coisa diferente, algo que não seja o mesmo rân-rân dos programas de Natal” Lá tinha na mente umas ideias e não se conteve até que pôs o amigo a par delas. Sentados no pequeno carrinho ali mesmo no Adro da Sé, eu vi-me envolvido por tabela no meio da conversa e fui dando só umas pequenas achegas, já que de programas radiofónicos eu não entendia nada. Eduardo era o realizador e controlador de som do espaço “Convívio”, com locução de João Pimentel e que ia para o ar todas as sextas-feiras às nove da noite, no Rádio Clube de Angra.. Esta coisa de tentar narrar episódios que se passaram há 40 anos e acerca dos quais nunca mais falei com mais ninguém, tem os seus perigos, de repente ainda me falham os pormenores. O José Daniel Macide, nessa altura no principio da sua carreira de cronista que o levaria regularmente às páginas dos jornais citadinos e até à publicação de vários livros, todas as semanas lá ia ler uma das suas produções literárias, feitas com a ironia que lhe era peculiar e lucidamente bem escritas, como notou Álamo. Amadurecido o plano e traçados os objetivos, lá nos metemos os três ao trabalho. Como já mencionei, eu não escrevia nem entendia nada dessa coisa de rádio, estava ali mais pela amizade que me ligava aos dois. Era véspera de Natal e o tempo estava do Sul, entrava maresia forte na baía e a esporádica chuva, tocada a vento, não facilitava o desempenho do Eduardo que, por mó de não vir a ter problemas com os diretores do Rádio Clube, tentava cobrir o gravador portátil com a gabardine, já que a ventania de vez em quando revirava o capucho ao guarda-chuva que eu levava. O propósito era conseguir o maior número de pequenas entrevistas de rua, arranjar um leque representativo da população da cidade e saber deles o que ia ser o Natal para cada um, como o iriam passar, os anseios ou as desilusões das pessoas. Depois havia que entremear com comentários escritos pelo José Daniel e cimentar tudo com música apropriada, de preferência canções dos baladeiros da “Nova Música Popular Portuguesa”, como eram conhecidos os que se aventuravam a desafiar com as suas melodias o poder estabelecido. José Daniel e Eduardo estavam dispostos também a remexer na lama, a testar até onde poderiam ir na sua contestação.

Encontrámos duas senhoras em azáfama de compras de última hora que logo despacharam respostas do tipo “Ò senhor, eu não sei falar!”, “Não me ponha essa coisa enfrente da cara qu’eu fico cheia de vergonha!”, as desculpas de gente que não estava habituada a dar a sua opinião senão nas conversas de vizinhas de janela para janela para descoser na vida alheia... Um dos taxistas da Praça Velha desfez-se num vale de lágrimas “porque agente ganha cada vez menos, a Câmara não devia autorizar tantas praças, assim não dá nada para ninguém”... O policia de serviço à porta do Banco de Portugal meteu-se nas

mento. Era conseguir mais dois ou três depoimentos e estávamos prontos. “Onde é que vamos agora?”, Bem, ali ao Canto do Athanásio não vale a pena, argumentou o José Daniel, “Seja quem for que encontremos lá , vai-se fazer pata para não remar. Não se vão comprometer para não perderem o tacho”. Concordámos e fomos seguindo, já todos alagados quase até aos ossos, em direção à sede do Rádio Clube de Angra. Na porta do Manuel da Guarda, aquele cafezinho que era mais comprido do que largo, ainda falámos com um soldado que, encostado à ombreira da por-

Macide com Tio João Bailhão

encolhas quando reconheceu o Eduardo (por sinal filho do Chefe) e, com um gesto de mão a abanar, fez saber que fôssemos bordejar para outras águas... Amigo José Greta e suas companheiras nem nos ligaram um figo, reviraram os olhos e viraram-nos as costas, “Conversas do Pátio da Alfandega não são para piquênes sérios como vocês!”... O proprietário de uma loja de electrodomésticos alargou-se num discurso contra os Americanos, “Que se não deixassem roubar tanto na Base, não há cão nem gato que não compre pirexes e serviços no BX e então, agora no Natal, é uma vergonheira o que sai de brinquedos modernos por ali fora. Só dão cabo do nosso comercio!”... A coisa estava a correr bem, os olhos claros do Eduardo reluziam de contenta-

ta, fazia horas para regressar ao quartel. Metemos conversa, pagámos meia-bola de tinto e o homem desemperrou a língua. “Infelizmente meu pai não teve dinheiro para me livrar da tropa e o mais certo é ir bater com os cornos em Angola”, disse o picaroto com o seu sotaque mais duro que as alparcatas que usava antes das botas da tropa. “Deixei a namorada à espera de família e os meus sogros estão capazes de me capar”. As primeiras lágrimas começaram a correr na face do militar e os soluços interromperam o discurso. Do bolso saiu o lenço onde a noiva havia bordado o nome num canto. “Tenho um primo que já ficou lá, uma mina rebentou-lhe o corpo todo e outro rapaz da minha freguesia veio para casa sem as pernas. Que raio de porra é esta?”

verdade, pelas lendas e mitos em torno do Natal. Não conheço nada de comparável, em português. O Natal significa que no cristianismo a salvação não se atinge pela fuga ou desprezo do mundo, embora seja essa uma das tentações que, periodicamente, o assaltam. Foi inscrito, pela pena de S. Lucas, no devir da história universal, colocando a figura mítica de Adão como o primeiro O jornal Público, na sua edição de 30-11- antepassado de Jesus Cristo. No impres2014 na sua crónica dominical no Público, sionante hino cósmico da Carta aos ColosFrei Bento Domingues, um dos mais res- senses, surge como princípio e sentido de peitados teólogos portugueses, publicou o todas as realidades, visíveis e invisíveis. seguinte comentário ao livro do Dr. Artur No conhecido poema que abre o Evangelda Cunha Oliveira com o título deste ar- ho de S. João, o Verbo eterno fez-se carne, fragilidade humana. Numa dramática tigo: poesia de S. Paulo (Fl 2, 6-11), Cristo é reconhecido como divino na suprema huFalar do Advento é pensar no Natal. A. milhação da cruz. Cunha de Oliveira [1], sacerdote católico, Como escreveu E. Schillebeeckx, O.P.[2], dispensado do ministério, casado e notável a história dos seres humanos é a narrativa exegeta da Bíblia, publicou uma obra mi- de Deus. Fora do mundo não há salvação, nuciosa, erudita, volumosa, fundamentada neutralizando o nefasto e abusado aforise extremamente clara, cuja leitura é indis- mo: “fora da Igreja não há salvação”. pensável para quantos se interessam pela Recordo-me, como se fosse hoje, do es-

panto de muitos quando ele surgiu, no congresso internacional de teólogos dominicanos, em Valência (1966), a defender a obrigatória inclusão do mundo na lista dos clássicos “lugares teológicos”.

Natal: Verdade, lenda, mito

3. A virtude do Advento é a esperança. Não pode ser a esperança de que haverá Natal, mas que este produza o renascimento da Igreja e do Mundo. Precisamos de voltar sempre às narrativas de S. Mateus e de S. Lucas chamadas, impropriamente, Evangelhos da Infância. Para o seu estudo remeto para o citado livro de Cunha de Oliveira. Se forem entendidas como lições de pura história ou de biologia, como tantas vezes acontece, fazem-nos perder a esperança de acreditar na verdade mais profunda do Novo Testamento: Jesus Cristo era em tudo igual a nós, excepto no pecado. Quem melhor escreveu acerca desta virtude do Advento foi o poeta- teólogo, Charles Péguy[3]: O que me espanta, diz Deus, é a esperança./ E disso não me canso./ Essa pequena esperança que parece não

Eduardo olhava para o gravador para ter a certeza que não perdia pitada da conversa, enquanto José Daniel, num gesto que lhe era peculiar, empurrava os óculos bem para a cana do nariz e remoía o que estava a ouvir, já a alinhavar mentalmente umas frases para os seus comentários. “Vocês vão pôr isto no rádio? Pois fazem muito bem para estes senhores do governo ouvirem e ficarem a saber qu’aquela porra daquela guerra nem devia ter começado, agente nem devia estar ali a matar aquela gente qu’aquela terra é deles e só está a pôr Portugal na miséria”. Despedimo-nos do soldado que ficou com mais um copo pago e fomos direitinhos à discoteca da emissora para escolher e ordenar os discos que haveriam de completar a produção do programa ao vivo. Ajudei um pouco o Eduardo nessa escolha, o José Daniel meteu mãos ao papel e, com olhares assustados para o relógio que corria célere, lá conseguimos ter o guião composto e os álbuns separados. “Para fechar, acho que devias rodar aquela canção do Zeca Afonso que diz.... “. A ânsia era grande, os corações batiam sem ritmo, João Pimentel podia adivinhar que algo especial estava prestes a acontecer. E assim foi, mal o locutor se preparava para começar a leitura dos textos.... a luz apagou-se! Foi um apagão geral em toda a cidade! Eduardo, José Daniel e eu também, ficámos, a princípio, mudos como melancias, sem saber o que dizer. “Esta central do Cantagalo é sempre a mesma coisa, nunca mais se faz uma central eléctrica com jeito que sirva a cidade!”, Passados cinco, dez minutos, o desespero começou a invadir o pequeno estúdio, como era costume o apagão poderia levar horas. “Tanto trabalho para nada”, gemia um, “E isto estava mesmo bem feito”, lamentava o outro. José Daniel não se conteve, “Isto foi a PIDE, de certeza que alguém deu com a língua nos dentes”. Com o orgulho ferido, tal qual como guerreiros que combateram lealmente até ao limite das forças mas saíram derrotados, deixámos a sede do Rádio Clube e fomos ao Manuel da Guarda afogar as desilusões. Já lá não estava o nosso amigo soldado do Pico, esse de certeza que enxugava as lágrimas na caserna do Castelo. A imagem da noiva grávida não lhe saía da cabeça. E da cabeça do Eduardo não lhe saía a ideia que nunca mais faria um programa especial de Natal. Não valia a pena.

ser nada./ (…) Que veio ao mundo no dia de Natal do ano passado./ (…) Ama o que será./ No tempo e na eternidade. A esperança merece todos os elogios. Sem ela é impossível viver. Mas melhor do que esperar é ter a certeza de que somos desejados e esperados. Afinal é este o evangelho dentro do Evangelho, a célebre parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-31). Deus tem eternas saudades de nós. NOTAS: [1] Natal: Verdade, Lenda, Mito, Instituto Açoriano de Cultura, 2012 [2] L´histoire des hommes, récit de Dieu, Cerf, 1992 [3] Os portais do mistério da segunda virtude, Paulinas, 2013

Frei Bento Domigues, OP


COMUNIDADE COMUNIDADE NO SEU MELHOR

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Convívio da Igreja Portuguesa Nova Esperança e Bom Samaritano

Realizou-se no Salaão de Festa de Stevinson um jantar de Angariação de fundos para a Fundação BOM SAMARITANO FOUNDATION. Esta fundação teve como fundadores Alcides Machado e a Igreja Portuguesa NOVA ESPERANÇA. Serve para resgatar e ajudar pessoas que sofrem com o vício do algool e drogas. Esta fundação ajuda a pagar o tratamento das pessoas da nossa comunidade. A receita líquida deste encontro de gente da nossa comunidade sempre pronta a ajudar foi de $12,000 dólares. Cerca de 700 pessoas passaram pelo bonito Salão de Stevinson para dizer presente e para ajudar uma causa muito importantes para muitas famílias da nossa comunidade. Alcides Machado tem sido um arauto deta causa. Por sua vez na Casa do Benfica de San José realizou-se The Cancer Survival Night, com casa cheia. A receita foi entregue ao Cancer Society. Assim se faz comunidade e da melhor.

Casa do Benfica - cancer survival night

Banda Portuguesa com Filipe de Sá

Na Banda Portuguesa de San José realizou-se uma noite de Angariação de Fundos para ajudar o Filpe de Sá (à direita na foto) na sua terrível doença de Hepatite C grau 4. Saíram no mercado dois medicamentos, ainda extremamente caros. Cada comprimido custa $800 dólares. Mais uma vez a nossa comunidade compareceu em força e encheu o Salão da Banda de San José. Parabéns a todos


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ENGLISH SECTION

15 de Dezembro de 2014

SERVING THE PORTUGUESE–AMERICAN COMMUNITIES SINCE 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• ENGLISH SECTION

miguelavila@tribunaportuguesa.com

Five Wounds Parish A Centennial to Remember small moments are worth remembering. It is all about the church as ekklesia, the people.

Feliz Natal!!!

Photos by Miguel Ávila

W

hile the Five Wounds Portuguese National Parish’s centennial week is now only a memory,


ENGLISH SECTION

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Photos by Miguel Ávila

Chef Manuel Azevedo presented cookbook in San José

The San José State University Portuguese Studies Program Advisory Board and the Casa do Benfica hosted Chef Manuel Azevedo for a cookbook presentation and appetizer tasting in San José on December 4, 2014. Chef Azevedo from LaSalette Restaurant in downtown Sonoma and Café Lúcia in Healdsburg traveled to San José to showcase his book LaSalette Cookbook Cozinha Nova Portuguesa and culinary skills with presentations of some of his appetizers.

dients (olive oil, olives, garlic, tomatoes, onions, wine, parsley, etc.), exotic seasonings picked from around the globe during hundreds of years of Portuguese expeditionary voyages, and fresh

pectors for offering the “best hidden culinary value” in the San Francisco Bay Area. Everything about Chef Azevedo—his quiet demeanor, confidence to persevere, and intense

local and seasonal Californian produce. As the success of LaSalette attests, it’s a winning combination for lovers of traditional Portuguese fare and adventurous gourmets alike. In addition to consistently rating amongst Sonoma Valley’s top restaurants in review sites, LaSalette has also achieved a 2012 Bib Gourmand rating bestowed by Michelin ins-

focus on his craft—bespeaks the humility and hardworking nature intrinsic to the people of his Azorean homeland. Unlike many chefs and restaurateurs boasting formal culinary education and big city cooking experiences, Chef Azevedo is strictly home grown and self-made. At the unemployable age of fourteen, he finagled his way into a dishwasher’s

ABOUT CHEF MANUEL Chef Manuel Azevedo’s signature Cozinha Nova Portuguesa – “new Portuguese cuisine” – celebrates the varied and complex flavors of his native Portuguese homeland while adapting them to the immense offerings of top-quality ingredients from his current home in California. The result is a unique cuisine characterized by familiar Southern European comfort ingre-

position at a local restaurant. By sixteen, he was head cook of a rib joint. During the following years, Azevedo worked every position a restaurant offered him, from the front to the back of house. In 1993, Azevedo earned his position as sous chef under an “old school” Swiss chef at a top restaurant in the area. For five years he learned the ins and outs of the trade at a high level, treating the restaurant as if it were his own. His self-styled culinary education continued with the study of basics such as food physics, history, and restaurant management in his spare time. His home was his test kitchen. When the opportunity came to open his own restaurant, Chef Azevedo followed his passion for Portuguese cuisine. Naming the restaurant after his mother, LaSalette, and selecting

décor reminiscent of the old docks of Lisbon, Chef Azevedo served his first of many new Portuguese dishes. Today, Cozinha Nova Portuguesa represents an evolution in Portuguese cuisine. Chef Azevedo remains passionate about sharing his love of Portuguese flavors and dishes through the LaSalette Restaurant and through his eponymous LaSalette Cookbook, the culmination of years of hard work and dedication to spread Cozinha Nova Portuguesa to foodies everywhere and promote the cause of Portuguese cuisine to as wide an audience as possible. For more information, go to: http://www.lasalette-restaurant. com/


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ENTREVISTA

15 de Dezembro de 2014

Bill Goulart

Man of the Year

Belmiro Goulart nasceu na Ribeirinha, Ilha Terceira. Sua mãe era da Ribeirinha mas seu pai nasceu no Capelo, Faial. Cresceu como todas as crianças da Ribeirinha. Era traquina e metia-se em grandes cowboiadas com os seus amigos, como hoje se recorda com saudade. Depois de acabar a Escola Primária, começou a trabalhar aos 11 anos na mercearia Casa Insular, em frente do que hoje é a Sede dos Bombeiros de Angra. O estabeleciemto era do Alvarino Esteves, residente em San José. O seu trabalho era recolher as encomendas dos clientes e entregá-las em suas casas. Mais tarde os pais começaram a tratar dos papeis para irem para a America, por isso foram para o Faial durante dois meses, por terem conhecimento com o Governador do Distrito da Horta. A carta de chamada tinha origem no irmão de sua mãe. A 15 de Abril de 1961 embarcaram num avião da British Airways directamente da Base das Lajes com mais 95 açorianos, todos do Faial. Depois da chegada a Boston voaram para New York onde passaram uma noite no Aeroporto Kennedy. No dia seguinte seguiram para

Bill Goulart recebendo o Reconhecimento de HOMEM DO ANO pelos Veterans of Foreign Wars San Francisco. Neste aeroporto encontraram uma familia Americo Fagundes, que lhes deu boleia até Manteca em vez de esperarem por um avião que os levasse a Stockton. Foram para casa da tia em Salida e passado um mês o pai arranjou trabalho na leitaria Aguiar & Aguiar, em Hilmar, que naquela altura ordenhava 375 vacas. Vi-

veram em Hilmar e o Bill entrou directamenete para o 8° ano e foi lá que acabou o Liceu. Entretanto ajudava na leitaria a lavar equipamentos e tratava dos bezerros. Depois de acabar o Liceu, e num baile em Crows Landing conheceu uma rapariga - Debbie Cardoso, e passado um ano casaram e foram viver para Stevinson, onde trabalhou

numa leitaria por dois anos. Quando começou a trabalhar para o Gallo Glass, mudou-se para Modesto. Durante os seus dez anos no Gallo ajudou 80 portugueses a trabalharem nesta companhia. Depois houve uma boa oferta de Bob Gilbert Feeds, em Oakdale. Foi para lá trabalhar onde era responsável pelas misturas das rações. Esteve lá 9 anos mas devi-

do a problemas de saude causados pelo pó das rações, demitiu-se e foi trabalhar para o Modesto City Schools, tendo começado nas limpezas e mais tarde foi promovido a Supervisor. Esteve 25 anos a trabalhar na Escola e reformou-se em Abril de 2010. Bill e Debbie têm três filhos e uma filha. O mais velho trabalha na Manutenção das Escolas há 27 anos; o segundo é Sargento no San Joaquin Sheriff's Department, o mais novo é engenheiro e passou 15 anos no serviço militar, tendo feito três comissões no Afeganistão e duas no Iraque. Dos 150 homens que comandava só um morreu. Recebeu a Purple Heart. Continua a trabalhar para os militares como consultor, estando agora no Kuwait e possívelmente irá para as Lajes por causa da deslocação dos helicopetresos Osprey para aquela Base. Sua filha Connie trabalha no Gallo Winnery há 15 anos. Durante o serviço militar do seu filho mais novo no Afeganistão e no Iraque, Bill começou um programa para ajudar os jovens na guerra - mandava caixotes com massa sovada, doces, amêndoas, chocolates, atum, coisas que lá não tinham e que o filho partilhava com os seus homens. Sempre que o filho regressava das suas missões, Bill deslocava-se ao Texas e partilhava durante dias tudo o que levava, com as tropas cujas familias não podiam estar com eles nesses primeiros dias do regresso. Bill Goulart também foi treinador de futebol durante 14 anos, no tempo em que os filhos era jovens, no Modesto Youth Soccer e High School. Treinou o Tom Gallo, o Matthew Gallo e a Gina Gallo, quando jo-

vens, por isso a amizade com a familia Gallo é muito profunda. Outro grande amigo do Bill é Dan Costa, um filantropista e líder de várias companhias. Conheceramse quando tinham 15 anos. O fundador do 511 Tactics é homem de grandes paixões comunitárias e a amizade entre eles tem-se mantido desde sempre. Foi Dan Costa que lhe emprestou o seu hangar no Aeroporto de Modesto para o jantar de angariação de fundos destinado à Pediatria do Hospital de Angra do Heroísmo. Bill Goulart desde muito novo que se apaixonou por culinária, e adora cozinhar, não só em casa como para amigos. Há 22 anos abriu um serviço de Catering para pequenas festas ou eventos em parques, quer para amigos quer para pequenas empresas. Bill era um grande aficionado da festa brava e ainda se lembra de ver as corridas dos toiros de giga (Brahmas) em Gustine, onde "tourearam" Franklin Oliveira e Henrique Parreira. A primeira Corrida de Toiros a sério foi vista na Praca improvisada do Pico dos Padres, onde as pessoas se sentavam no cabeço que ficava ao lado da praça. Lembra-se muto bem quando o Franklin Oliveira entrava em lutas com outros, por razões as mais diversas. O Franklin nunca perdeu uma luta. Lembra-se muito bem de uma extraordinária corrida com toiros do Manuel da Loca no Fairgrounda de Turlcok, com Mário Coelho e outro matador mexicano, de quem não se lembra o nome. Nesse dia levou consigo o Congressista Gary Condit e o Mayor de Turlock. Bill sempre foi apologista de


ENTREVISTA

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Bil e o seu hobby favorito - cozinhar

envolver os políticos nas nossas festas e quando houve problemas por causa da autorização para se dar corridas na California foi um do que mais lutou para que isso acontecesse. Ainda se lembra muito bem quando conseguiu ser recebido pelo Governador da California George Deukmejian, onde lhe explicou em detalhe as nossas tradições e a relação da festa brava com elas. Um dos grandes influenciadores desta autorização (code penal) foi Monsenhor Fagundes, que conhecia todos os políticos de Sacramento da época. Além de convidar os Congressistas e Presidentes de Câmara a assistirem às corridas, também os levava às tentas ou ferras. Era uma maneira deles compreeenderem as nossas tradições. Devido às "guerras" existentes entre ganaderos, ajudou a resolver essas diferenças, pedindo a esses políticos para entregarem taças aos ganaderos em reconhecimento do seu trabalho em prol da Festa Brava. Lembra-se de um caso que lhe aconteceu, quando um dia foi apanhado em alta velocidade, quando se dirigia para a Praça de Frank Borba e um Policia parou-o por alta velocidade e multou-o. Quando o Bill explicou que ia com pressa para levar um troféu a ser entregue a Frank Borba pelo Congressista Tony Coelho, o Polícia rompeu a multa e ofereceu-se para o guiar com

sirene e tudo até à Praça de Escalon. Assim eram feitas as coisas naqueles tempos. Havia muitadiplomacia devido aos receios da festa um dia poder ser subvertida, por grupo anti-taurinos ou por deputados que não vêem com bons olhos as nossas corridas. Foi uma luta bem vencida, mas sempre com muito perigos hoje em dia. Bill lembra-se com alegria da construcão das Praças do Pico dos Padres e a do Frank Borba e muito mais tarde a de Stevinson. Outros tempos e outras gentes que muito fizeram para hoje termos a festa brava que ainda hoje gozamos. Bill Goulart é um Homem que trabalha muitas vezes na sombra e não gosta de se vangloriar de coisas que fez. O importante para ele é as coisas aparecerem feitas.

Bill com a filha Connie

Em 2014 foi Reconhecido pelos Veterans of Foreign Wars como O Homem do Ano, por tudo o que tem feito em do bem estar das nossas tropas em terrenos de guerra. Também neste ano, Bill Goulart criou a Fundação Bill Goulart e Familia, destinada a ajudar os Sem-Abrigo e os Veteranos. Cozinha dois dias por semana em frente ao Save Mart de Riverbank e o lucro é para os Vetera- Os filhos do Bill com o avô paterno Belmiro Goulart nos da Guerra. Este ano também foi o orgaO mote do Bill Goulart já vinha Bill Goulart é uma figura ponizador do jantar para angariar fundos para os jovens doentes da no Livro da 3ª Classe do seu tem- pular, amiga do seu amigo, po: "Quem dá aos Pobres emp- grande contador de histórias, Pediatria de Angra. quer da sua terra natal quer da resta a Deus".

sua segunda terra. Vale a pena conhecê-lo. Ficamos mais ricos.


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15 de Dezembro de 2014

Paulo Ferreira Saúda as organizações, aficionados e comunidade em geral, desejando-lhes

Boas Festas e Feliz Ano Novo

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