The Portuguese Tribune - September 15th 2013

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2ª Quinzena de Setembro de 2013 Ano XXXIV - No. 1163 Modesto, California • $2.00 / $45.00 Anual

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Sugestões

• Fadalistas na California, • Set. 27, 28, 29, Out. 4, 5, 6 • São Martinho na Raymond Burr Winery, Out. 5 • Jantar de Homenagem ao Presidente da PFSA, Out. 4 • Festa das Vindimas no PAC, Set. 28 • Fados Bacalhau Grill Set.28 • Festival Folclore Set. 21 no Newark Pavillion.

www.portuguesetribune.com • portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL Quatro assuntos despertaram a nossa atenção nesta quinzena que agora termina.

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Um grupo de jovens de um País outrora marinheiro veio a San Francisco participar numa regata que acontece pela primeira vez dentro da clássica Taça da America, chamada Red Bull Youth America's Cup para jovens dos 18 aos 24 anos. E guess what? Os jovens marinheiros de Cascais deram nas vistas e ficaram em terceiro lugar em dez concorrentes de outros países, e se não fossem duas regatas que não correram tão bem, outro galo teria cantado. Portugal está de parabéns e nós também. Mais uma vez deve-se compreender que quando se fazem coisas bem feitas os resultados aparecem. Viva Cascais e os miudos marinheiros.

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Velejar é

Mesmo com as dificuldades económicas que atravessamos, a nossa comunidade no respeitante a questões religiosas abre as mãos a tudo o que tem e suporta as nossas festas, muito em especial uma das maiores festas da California a de Nossa Senhora dos Milagres de Gustine. A nossa comunidade tem na fé um dos seus maiores suportes de vida e o Santuário dos Milagres revê-se nisso muito bem. Esta festa é diferente das outras na medida que é uma Festa da Igreja liderada por pessoas da nossa comunidade. Há muitos anos atrás a Igreja de Gustine compreeendeu que seria muito melhor entregar a função da festa à nossa comunidade do que ser ela própria a gerir a mesma. E os resultados estão à vista. É a festa mais rica e o maior bolo da receita líquida vai para a Escola Católica, o Santuário, a Diocese e possívelmente o Vaticano.

E já agora aqui deixo uma ideia. Já que somos tão fortes e generosos para a Igreja seria interessante que o novo Papa se um dia viesse à California pudesse visitar o nosso Santuário de Nossa Senhora dos Milagres em Gustine. Seria um gesto de agradecimento que a nossa comunidade muito merece.

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O Bispo da Diocese de Stockton acaba de anunciar que possívelmente a sua Diocese vai recorrer ao processo de bancarrota para evitar futuras demandas financeiras daqueles que foram abusados sexualmente por padres pertencentes a essa mesma Diocese. Há dois aspectos a ver neste melindroso assunto. Foi a Diocese conivente, isto é, escondeu os problemas causados pelos padres mudando-os de paróquia para paróquia em vez de os castigar ou de os enviar à justiça?

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Se a Diocese se portou condignamente e processou os padres, castigou-os, será justo ela pagar milhões de dólares aos abusados? Será que um empregador, neste caso a Igreja, tem o direito de pagar isso, caso tenha feito tudo pelas regras vigentes na lei? E os milhares de professores que abusaram de crianças, quem é que pagou indemnizações? As Escolas, os Sindicatos, os Distritos Escolares, a Secretaria de Educação? Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Uma para a Igreja e outra para os outros. Não é justo que uma Diocese, que tem 250,000 paroquianos, em 35 paróquias, caso tenha feito tudo dentro da lei, sofra um revés financeiro e seja prejudicada na sua obra de evangelização por causa de 3 ou 4 tarados sexuais, que merecem prisão perpétua.

Já que falamos em prisão perpétua convém recordar que as nossas taxas é que pagam a estadia dos presos nas cadeias da America. E o preço é muito caro. Segundo estudos feitos cada preso custa em média $60,000 por ano e os que estão com pena de morte ainda custam mais, pois requerem maior atenção. Alguém um dia disse que seria mais barato para o Estado mandar todos os prisioneiros para as nossas melhores Universidades do que mantê-los sem fazer nada nas cadeias em todos os Estados desta grande América. Recentemente fala-se na necessidade de soltar presos porque em média as cadeias estão 143 % sobrelotadas. Problema grande muito em especial durante uma ainda crise económica. jose avila

Year XXXIV, Number 1163, Sept 15th, 2013 $45.00


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COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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osefina Amarante de Freitas do Canto e Castro nasceu em Providence, Rhode Island, a 19 de julho 1907, e faleceu em Woodland Hills, Califórnia, a 1 de julho 2008, contando 101 anos incompletos. Celebrou o seu centésimo aniversário natalício na companhia dos filhos Miguel Canto e Castro (Los Banos, CA) e Raimundo Canto e Castro (Medford, MA), e das filhas Violante Langinger (Woodland Hills, CA), Maria Josefina Le Blanc (Santa Fe, New Mexico), Maria de Fátima Smith (Santa Cruz, CA). Ao tempo, era avó de 17 netos e bisavó de 11 bisnetos. Domingos de Sousa Fraga, avô paterno de D. Josefina, nasceu na ilha do Corvo (Açores). Aos 17 anos d’idade embarcou numa baleeira norte-americana, a bordo da qual encontrou José Costa, jovem aventureiro natural da ilha Graciosa nos Açores. Os dois açorianos tornaram-se companheiros inseparáveis. Após três anos de baleação nos oceanos Atlântico e Pacífico, chegaram a San Francisco, Califórnia, onde desembarcaram decididos a encetar nova aventura. Estava em progresso o Gold Rush (Corrida do Ouro), mas os dois parceiros optaram em adquirir propriedade de lavoura. Com as economias arrecadadas, compraram um rancho em Santa Rosa, criando vacas e cavalos com muito sucesso. No entretanto, Domingos mudou o sobrenome de Fraga p’ra Freitas, a fim de evitar desentendimento com um vizinho rancheiro de nome Fraga. Dez anos depois da compra do rancho, o

Recordando a

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Centenária

graciosense José Costa regressou aos Açores p’ra casar com a namorada, Maria de Sousa Bettencourt, que conhecera na ilha de S. Jorge. O casal veio p’rà Califórnia na companhia de Isabel, irmã da noiva. Aconteceu que o corvino Domingos e a jorgense Isabel enamoraram-se um do outro e casaram.

filha Josefina. Ali permaneceram por um ano e dali seguiram novamente p’ra S. Jorge, onde D. Josefina cresceu “menina e moça.” A fim de dar continuidade aos seus estudos, D. Josefina partiu p’ra Angra na ilha Terceira, onde mais tarde (1931) casou com Francisco do Canto e Castro. Pouco depois

Transcorridos 25 anos desde a sua partida dos Açores, Domingos resolveu voltar às ilhas juntamente com a esposa e três filhos adolescentes, ficando residência em S. Jorge, onde anos depois Francisco de Sousa Freitas (o futuro pai de D. Josefina) casou com Maria Aurora Amarante. Francisco e Maria decidiram estabelecerse na Califórnia. No entanto, durante a estadia em Rhode Island nasceu-lhes a

embarcaram p’rà ilha do Pico, donde passaram p’rá ilha do Faial em 1935, fixando residência na cidade da Horta. Como cidadã americana D. Josefina veio p’rà Califórnia em 1945, leccionando Francês e Espanhol numa escola em Pebble Beach. Dois anos depois, o esposo e filhos juntaram-se a D. Josefina em Pacific Grove. Por algum tempo, D. Josefina foi igualmente professora noutra escola em Ben Lomond. Na sequência da sua aposentação em 1971, D. Josefina regressou à ilha do Pico, ali permanecendo durante 20 anos, até ao seu final regresso à Califórnia em 1991, passando a residir com a filha Violante em Woodland Hills ao sul da Califórnia. Além de esposa, mãe e professora, D. Josefina distinguiu-se extraordinariamente como pianista e organista, oradora e locutora, jornalista e autora, incluindo a publicação de três livros de poesias,

cujas referências ajunto seguidamente. NAQUELE TEMPO (poemas bíblicos), editado em 1941. Conforme apontou o dr. Ruy Galvão de Carvalho, “no livro perpassa estranho perfume bíblico, são passos sublimes da vida sublime de Jesus, a par dum ritmo variado e equilibrado, acusando a presença duma alma crente, sonhadora e bondosa, comprovando ser uma poetisa que honra a literatura açórica.” POEMAS DE ONTEM apresentado em 1989. Como anotou Galvão de Carvalho, “o livro constitui uma colectânea de poemas de temas variados e circuntanciais, claro espelho duma sensibilidade delicada e igualmente revelador duma alma rica de experiências vividas e dum coração que amou e sofreu. Nele, em suma, há sonho e desencanto, beleza e solidão.” Finalmente, DESPEDIDA surgido em 1997. Notável, sem dúvida, o contributo prestado por D. Josefina colaborando extensivamente em jornais e publicações nos Estados Unidos, Portugal e Açores. Durante décadas memoráveis manteve a coluna “Da Minha Janela” no jornal “O Dever” da ilha do Pico. A fechar, cumpre-me confessar que sempre apreciei, com a maior estima e admiração, a preciosa amizade que, através dos anos, a D. Josefina tão carinhosamente me dispensou. É certo que a ilustre centenária apagou-se do nosso convívio familiar, mas jamais se apagará da nossa memória e saudade!

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Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

S

aborear a vida em pleno nem sempre é fácil. Os desafios superabundam e dificultam-nos a tarefa. O plano passa pelo trabalho, apoiase no esforço, depende da atitude, mas não enjeita de forma alguma um súbito aceno da sorte. Demasiado solicitada porque muito pretendida, faz-se cara e raramente está disponível. Pagará a pena ficarmos à espera? É claro que não. Venha se lhe apetecer. Apareça quando quiser. De surpresa ainda é melhor. Se nunca se dignar vir, no entanto, há que sorrir na mesma. O segredo, para mim, reside no culto da tranquilidade. Não está ao alcance de todos. Avessa ao pânico e ao desassossego, imperturbável na sua dócil quietude, aconselha-nos a tomar fôlego. É, sem dúvida, um belíssimo conselho. Hoje em dia, o frenesim e a pressa são tais, até parece que nem tempo há para se respirar em condições. Vive-se para aí numa desenfreada barafunda, às vezes, a correr tanto atrás de tão pouco que irrita mesmo. Frusta-nos não podermos fugir. A armadilha laça-nos pelo pescoço da ambição que nos consome. Desinquieta-nos. Entontece-nos. Mas não nos desalenta. Era só o que faltava. Desistir é

que nunca. Sacode-nos a teimosia. Regula-nos o contrarrelógio. Por vezes, na ânsia da ganância e ao ritmo da ambulância, até abraçamos a irrelevância do que não tem grande importância. Não há tempo a perder, lembra-nos o miolo programado em pressionante português. Time is money, relembra-nos a escorreita língua inglesa, convicta de que tempo mal aproveitado equivale a dinheiro perdido. Não é que a equação esteja mal feita, o pior é quando não bate certa. Intriganos. Espicaça-nos: … valerá a pena andar-se p’raí, à bruta, na puta da labuta que nos faz perder o sono e dá cabo do juízo..?... Qual deles é mais preciso? A pergunta massacra-nos repetidamente o cérebro, stressado. A bailhar, indecisa, a resposta pede auxílio. O raciocínio pondera-se. Recomenda-nos calma e descontração. E tem razão. No fundo, precisamos deles todos e o melhor é não dispensar nenhum. Sem sono, o juízo avaria. Sem juízo, o dinheiro some-se. Sem dinheiro, a saúde atrapalha-se. Sem saúde, a vida esmorece, estremece e, se o sangue nos arrefece, a gente só não endoidece. Estou doido para saber se me vai sair a sorte grande na lotaria do fim de semana. Se me saísse, se-

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15 de Setembro de 2013

O Sabor da Vida ria o fim da macacada. Macacos me niquem se não dava um party de fazer partir a loiça toda. Tenho a certeza absoluta de que a música tocaria bem alto e a festa iria até às tantas. O pior talvez tivesse de ser, no dia seguinte, o comovido adeus ao patrão e a custosa despedida do emprego. Nem quero imaginar. Adoro o que faço. Não sei fazer outra coisa. … E se soubesse? Já pensei nisso mais do que uma vez. Com aquilo que hoje sei e o talento de que então dispunha, se pudesse voltar atrás, bafejado pela fortuna, julgo que teria ido longe, bem longe mesmo. Não estou a exagerar. Cheguei a ser astronauta, num dos meus sonhos preferidos. Mas não parei na lua. Andei por outros mundos e gostei do que vi. Deixei-me mesmo fascinar pelo que não cheguei a ver. Imaginei-o. O potencial era tremendo. Francamente, por cá, nada se lhe compara. O nosso pequenino mundo, este degradado globo que habitamos, começa a ficar poluído e corrupto demais. A carente condição humana, porventura desgastada em demasia ou sem intelecto para tanto, aos poucos e poucos, começa a revelar-se incapaz de encontrar soluções adequadas aos conflitos que proliferam, às crises que se alas-

tram. Dá a impressão nítida que as receitas óbvias já pecam por caducas porque a tormenta persiste. Os problemas agudizam-se. O stress aglomera-se. Enquanto os pretensos donos do planeta se esgrimem em cíclico desacordo, a humanidade sofre em penoso desespero. Mete dó, ante tanta hipocrisia doentia e tão absurdo desentendimento, ouvir-se sempre o mesmo e mais fraco desafino demagógico – cada qual do seu fino poleiro a inflamar o seu refinado paleio como se fosse o único, o ideal. Mete dó e mete nojo, tanta podridão mesquinha, tanto suborno insensato, tanta banha de cobra à míngua e vendida ao desbarato.

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laro está, haverá quem diga e me contradiga, que tudo isto não passa de pessimismo imprimido no seu pior. O melhor, opina-se com prudência, é aguardar que a presente tempestade económica amaine e deixe de stressar o relacionamento humano do dia a dia. Por outras palavras, recomenda-se dar tempo ao tempo porque a bonança vai voltar. A chave, no entanto, pode estar precisamente aí, no tempo que não temos para darmos ao que nos falta. Foi-se e não volta.

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Voltando atrás, todavia, se não pudesse ser astronauta, creio que me teria dedicado à pesquisa clínica. Em sonhos idos, também já fui médico analista dos críticos males da sociedade. Uma vez no laboratório, tentei focalizarme intensamente numa fórmula curativa para o maldito stress, esse nocivo caruncho que, hoje em dia, pela calada, rói e arruína milhões e milhões de almas sãs. Fez-me acordar com um medonho amargo de boca. Nunca tampouco ouvira falar dele nos belos tempos em que me criei. Mas parece que veio para ficar. Nem por sonhos, atestam os especialistas, se vislumbra uma cura mágica que o faça desaparecer por completo. O melhor que receitam para momentâneo alívio, mesmo assim, o remédio mais indicado, continua a ser uma dose diária de recomendável tranquilidade. É segredo de que não abdico. Mas não me basta recomendá-lo. Tenho que saber geri-lo. De contrário, arrisco-me a amargurá-lo. Isso é que não. Admito que a vida é curta. Tolero-a salpicada. Mas detesto-a dissaborosa.


COLABORAÇÃO

Os Sombras

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o meu tempo de jovem como ocupações, excluindo as profissionais e académicas, só tínhamos o futebol, desportos pobres (mais tarde chamados desportos extra-futebol), o cinema e a música, e pouco mais que nos entusiasmasse e ocupasse assídua e teimosamente nos momentos livres. A nossa atenção pretende centralizar-se principalmente na música, porque o nosso apontamento de hoje é uma

simples, mas muito justa, homenagem ao conjunto musical os “Sombras” que se encontra em New Bedford, para atuar no Jantar/Convívio do Grupo de Amigos da Terceira, que se realiza no dia 21 de Setembro no Restaurante Cotali Mar. Este ano está presente no mesmo Jantar/Convívio um grupo de amigos da Terceira, residente na Califórnia,outro do Canadá e diversos Amigos de outros Estados. Mas claro que a juventude, especialmente a residente em Angra do Heroísmo e na Praia da Vitória, interessava-se mais particularmente nos bailes do Carnaval e da Passagem do Ano que se realizavam nos Clubes Desportivos, na Recreio dos Artistas, na Fanfarra Operária, no Liceu de Angra e Escola Comercial e Industrial de Angra (bailes do fim do curso), no Lawn Tennis Club, no Clube Musical Angrense e na Base das Lajes (B.A.4) nos Clubes Portugueses e Americanos. Exatamente na Base das Lajes atuavam 2 conjuntos

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Uma Vez por Outra

Carlos A. Reis reis0816@aol.com

de elevado nível musical e artístico e era necessário portanto, partir à procura do sucesso. Depois da partida do José Elmiro, que bastante jovem emigrou para os Estados Unidos, havia que substituí-lo e ao mesmo tempo constituir definitivamente os “Sombras” que passaram a ser assim: - Ilídio Vieira de Meneses Toste Gomes, Viola rítimo, Harmónica e Vozes, nasceu em Santa Rita, freguesia de Santa Cruz, Praia da Vitória, reformado, dedica-se à pesca, jardinagem, vela e pintura. Estudou no Liceu de Angra e reside no Porto Martins. Como atleta desportivo representou o União Praiense, Sport Praiense e Sport Angrense; - Carlos Cordeiro Madureira, Bateria, Percussão e Vozes, nasceu em Lisboa, viveu algum tempo em São Miguel, depois mudou-se definitivamente para a Praia da Vitória. Adquriu prática sobre ótica, na Ourivesaria Cabral, especialidade técnica que passou a ser sua profissão. Emigrou para os Estados Unidos inicialmente para a cidade de Milwaukee e mais tarde para Fall River, onde reside;

- António Carlos Bettencourt Figueiredo, Viola baixo, Flauta e Vozes, nasceu na Praia da Vitória, é irmão do Jorge e é popularmente conhecido por “Kiko”. Substituiu o José Elmiro e passou a fazer parte do conjunto em 1966, depois de ter atuado no conjunto “Açores” durante 1 ano. Estudou no Liceu de Angra. Mais tarde emigrou para o Canadá, onde reside na cidade de Cambridge. Depois dos enormes e consecutivos êxitos na Terceira, os “Sombras” expandiram-se para fóra de portas e assim atuaram na ilha do Faial, com um estrondoso êxito, com o Teatro Faialense completamente cheio. De seguida, a convite de Victor Cruz, atuaram no Solar da Graça, em Ponta Delgada, com novo êxito e a casa novamente repleta. Na Terceira atuavam com muita audição e assistência nos Clubes Portugueses e Americanos na Base das Lajes e em quase todas as freguesias da Terceira. Em 1969, infelizmente, é o início da desagregação dos “Sombras” com a chamada para o serviço militar obrigatório e ainda com emigração do Carlos e do Roberto para os Estados Unidos e António para o Canadá, mantendo-se em Lisboa o Jorge e

– Roberto Gil Mendes Bettencourt, Viola baixo, e Solo, natural da Vila de Santa Cruz da Graciosa. Ainda bastante novo mudou-se com a família para a Praia da Vitória. Apesar de ser descendente de uma família de músicos, nunca se sentiu atraído pela música, até que um dia ao assitir a uma atuação dos “Sombras” sentiu-se de tal maneira interessado e motivado, que passou a fazer parte do conjunto. Emigrou para os Estados Unidos para a cidade de Hudson. Aqui com os irmãos Luís e Nuno fez parte do conjunto “Viking”. Mais tarde mudou-se para a cidade de New Bedford, onde reside; - Jorge Henrique Bettencourt Figueiredo, Teclas e Vozes, nasceu na Praia da Vitória. Bem cedo deixou a Terceira para frequenter o Colégio Nuno Álvares, na cidade de Tomar. Em 1973 voltou aos Açores, mais pròpriamente a São Miguel, como profissional do Controlo do Aeroporto, depois prestou serviço em Santa Maria até 1986, voltando de novo a Lisboa até atingir a reforma em junho de 2003. Vive em Lisboa;

na Terceira o Ilídio. Quando é solicitada, e é possível a sua presença, o quinteto comparece apesar da distância geográfica que separa os seus elementos uns dos outros, o que tem acontecido com frequência, para atuar nas Festas da Praia da Vitória. Este ano, no passado dia 2 de Agosto, voltaram a animar as noites na cidade da Praia da Vitória. No dia 25 de Setembro de 2010 foi celebrado o 45°. Aniversário dos Originais ”Sombras” no Centro Cultural de Fall River, com uma atuação que só os “Sombras” sabem fazer que serviu ainda para uma justa homenagem e um reconhecimento por tudo o que os “Sombras” transmitiram através da sua música, especialmente do CD que gravaram e dos temas dos Beatles e das suas imortais e inesquecíveis melodias, superiormente interpretadas e executadas pelos “Sombras”. No dia 21 deste mês estaremos com eles em New Beford. Obrigado, “Sombras” Até Breve !

constituídos por executantes profissionais alguns e semi-profissionais outros, que encantavam com a sua música, com as suas melodias, com a sua beleza e acordes musicais. Os conjuntos a que me refiro eram “ArtCarneiro” e “Flama Combo”, que atuavam única e exclusivamente para os Clubes Americanos. Outros conjuntos como “Asas do Atlântico”, “Açores”, “Insular” e “Estrelas do Ritmo”, tiveram também um papel muito importante no musical açoriano.

Passados alguns anos, com o desaparecimento de alguns dos conjuntos acima mencionados, surgiram dúvidas quanto ao possível aparecimento de um novo conjunto musical que fosse capaz de se impôr e reacender o interesse pela música na nossa ilha e nos Açores. E eis que surge, em boa altura, o conjunto os “Sombras”. Os elementos fundadores e originais do conjunto foram o Ilídio Gomes (meu colega no Liceu de Angra), o Carlos Madureira e o José Elmiro que viveu muitos anos na cidade de San José até que viajou até Lisboa, a convite do fadista Carlos do Carmo para fazer parte dos seus músicos profissionais. Nos anos de 60 estes jovens decidiram envolver-se a sério na música e criar um conjunto musical na zona da Praia da Vitória, onde residiam. Até que os “Sombras” surgem como conjunto nos fins de 1965 princípios de 1966, devidamente constiuído por executantes


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COLABORAÇÃO

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Agua Viva

Ao Cabo e ao Resto

Victor Rui Dores

Filomena Rocha

victor.dores@sapo.pt

filomenarocha@sbcglobal.net

Faleceu o pioneiro da Nova Rádio

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inda ontem, lhe enviei os Parabéns pelas 68 Primaveras, e hoje, logo pela manhã, recebo a notícia da sua morte. Vi na sua página do Facebook que outros amigos lhe mandaram os Parabéns. Ironias do destino... Não creio que tenha chegado a ver as mensagens de alguns amigos. A notícia chocou-me, embora eu soubesse que a sua saúde não era a melhor, ùltimamente. Pelo facto de escrever esta nota sobre ele, não quer dizer que serei a pessoa que melhor o tenha conhecido. Tão pouco venho aqui tecer os melhores elogíos, dizendo que depois de morto foi o melhor santo da Terra. Estou certa de que isso até o faria rir como era seu costume, àcerca de coisas do género. Era essa sempre a sua forma de encarar a vida! Rir da própria vida e dos desafios que pudesse enfrentar para contretizar qualquer sonho, ainda que este lhe custasse poucas alegrias e muitos dissabores. O seu sonho era a Rádio, a Televisão, Programação, Publicidade. Paulo Tadeu Pacheco sonhava com uma forma de Comunicação Social livre, alegre, viva, e diferente, feita com qualidade que despertasse boa disposição na mais modesta dona de casa e no mais presumido ouvinte. Desafiou as leis vigentes de então e os velhos conceitos, tão insípidos como as próprias leis, e foi abrindo às escondidas a sua Rádio: Horizonte Açores, à qual muitos chamaram de “Pirata”. Por mais nomes menos próprios que lhe atribuíssem, nunca lhes deu importância. Dizia que eram as dores de cotovelo e despeito que faziam falar os invejosos. Sofreu ameaças, foi chamado à razão pelas autoridades mas nada o refreou. Até que entrou a nova lei da Rádio. Foi tudo uma questão de tempo. A Horizonte Açores, além

da Terceira, estendeu-se a Ilha de São Miguel e devido à sua programação, passou a ser ouvida por todos. Essa vontade férrea nasceu e cumpriu-se desde a sua Agência de Publicidade RATEL, através do Rádio Clube de Angra, com as famosas transmissões de relatos de futebol, jogos sem Fronteiras, concursos de beleza e muitos outros. Mas faltava sempre qualquer coisa: Faltava fazer Televisão. Outra ideia maluca: levar às comunidades da Diáspora da Califórnia, “Nossa Terra, Nossa Gente”. Foi um trabalho que resultou interessante, com a recolha de entrevistas a pessoas notáveis, não só do governo açoriano, como também da nossa cultura terceirense e açoriana. Foi um êxito, que só devido a altos custos de fazer televisão, infelizmente não passou de três programas de uma hora cada. E o sonho da Rádio fez-se realidade com a sua inauguração, para a qual fui convidada. A gravação de publicidade levava horas de alegria e boa disposição até que saísse certa como ele a idealizava. Depois do regresso à realidade da vida, de cada vez que nos encontrávamos na Ilha, era um desfile de boas recordações, do Fernando Fausto Cristóvam, Cunha Mendes, Alfredo Cunha e muitos outros que tinham contribuído para a realização dos seus sonhos. Sonhos caros, agora depositados nas mãos dos seus dois filhos, que desde crianças, acompanharam de perto o desenrolar dos acontecimentos. Nem sempre felizes, nem sempre os mais certos, mas se o sonho comanda a vida, o Paulo conseguiu ser o maior sonhador e um verdadeiro Inovador da Rádio dos nossos dias. Paz à sua alma! À família enlutada os mais sentidos pêsames.

um mundo de sonho

Ilha das Flores à Regina, à Tânia e ao Pedro

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isito as Flores como acho que devem ser visitadas todas as ilhas dos Açores: de barco, de carro, a pé, com tempo e disponibilidade…

Por ser varanda sobre o mar, os viajantes do século XIX deram a esta ilha denominações como “Jardim do Atlântico” ou “Suiça Açoriana” – muito por via da beleza estonteante das suas sete Lagoas: Rasa, Funda, Comprida, Negra, Seca, Lomba e Branca. No Verão de 1924 o escritor Raul Brandão, na visita que efetuou pelos Açores, permaneceu alguns dias nas Flores e deu-lhe o nome de “A Floresta Adormecida”, título de um dos melhores capítulos do seu livro As Ilhas Desconhecidas, publicado dois anos mais tarde. Situada na denominada Placa Litosférica Americana, ilha agreste e selvagem, de extraordinários contrastes, uma paisagem irrepetível, uma Natureza intacta e em estado puro – Flores é, hoje, para mim, a mais espetacular e a mais fascinante das ilhas açorianas. Tudo nela é grandeza e assombro: baías profundamente recortadas, falésias cortadas a pique, relevos incríveis, colinas arredondadas, vales fundos e abruptos, crateras imensas, ilhéus pontiagudos, rochas colossais, lagoas de sonho… E tudo isto enquadrado por densa vegetação com todas as tonalidades de verde. A expressão telúrica desta ilha está precisamente nestes declives e nestes planaltos íngremes e imprevisíveis. E não existem palavras que possam adjetivar as furnas, as grutas e as cavernas que apreciei a navegar ao largo dos Cedros, Ponta Delgada e Ponta Ruiva. E que dizer da imponente Rocha dos Bordões? E do imenso silêncio das fajãs? E do verde-claro dos pastos iluminados por uma luz fria e delicada?… Por toda a parte irrompem sebes de hortênsias em flor (que dividem os campos) e o amarelo perfumado das rocas (noutras ilhas também conhecidas por rocas-de-velha,

conteiras, ou palmitos). Acima de tudo, é impressionante a abundância de água na ilha das Flores, onde existem cerca de 400 ribeiras. Mais deslumbrante ainda é a água que se precipita lá de cima das encostas, e continuamente tomba em fios esbranquiçados de cascata, despenhando-se cá em baixo e desfazendo-se numa névoa de gotas líquidas… Mas uma ilha é também feita de gente. E os florentinos têm a candura e a generosidade dos ilhéus acolhedores e hospitaleiros, que vivem, com persistência, numa relação única e harmoniosa com a Natureza. A caminho da Fajã Grande, detenho-me junto de um ancestral moinho de água (datado de 1862) que ainda mói pelos meios mais rudimentares e artesanais. Meto conversa com Fátima, a moleira que me parece saída das páginas de um conto de Trindade Coelho. Ela não tira os olhos do grão, seguindo a moenda com toda a calma do mundo. O monótono barulho das mós transporta-me ao passado. Momentos antes eu já havia experimentado tal regresso ao passado ao visitar as casas de pedra da Aldeia da Cuada, onde tudo é rural e arcaico, incluindo o nome da coproprietária daquele espaço rústico: Teotónia. Vou captando sucessivas imagens fotográficas. De miradouro em miradouro, rendo-me por inteiro à beleza luxuriante desta ilha que é a mais cabalística dos Açores: tem 7 lagoas, 7 baías e 7 vales… De Santa Cruz às Lajes, e daqui até ao Morro Alto, os meus olhos deslumbrados contemplam todas as espécies de árvores: incenso, faia, loureiro, acácia, giesta, pinheiro, criptoméria, araucária, metrosídero, plátano… E, pelos trilhos da ilha, vejo manchas de laurissilva e cedro do mato e, com menor expressão, outras endémicas: sanguinho, pau branco, vinhático e queiró. E as trufeiras possuem a macieza do veludo. E, no Poço da Alagoinha, percorro os 800 metros que me transportam às regiões

mais fantásticas do paraíso terrestre! E a mesma sensação assaltame ao visitar o Poço do Bacalhau. Grandeza tamanha para uma ilha tão pequena. Percebo agora melhor os versos de Roberto de Mesquita e de Pedro da Silveira. O mar sempre à volta. A ilha do Corvo no horizonte. Vejo no monitor da máquina fotográfica as imagens que vou captando. No fundo do vale da Fazenda de Santa Cruz, a igreja de Nossa Senhora de Lourdes empresta uma nota poética e mística à paisagem. E como é belo o casario branco a despontar no verde bucólico do Mosteiro! Na Fajã Grande, olho o ilhéu de Monchique e sei que estou no ponto mais ocidental da Europa. Coelhos furtivos atravessam-se à frente da viatura que aluguei para visitar a ilha durante uma semana. Conduzo pelo silêncio de caminhos desertos e sou surpreendido pelas turísticas quatro estações num só dia… Boa rede de estradas. Curvas e contracurvas até dizer chega. Está um calor abafadiço na Caveira. A paisagem é casta e melancólica no Lajedo. Ambiente pastoril e idílico na Fajãzinha. Vejo campos de milho na Lomba e inhameiros na Fazenda das Lajes. E, por todo o lado, ouço o canto dos pássaros e o som das ribeiras e das cascatas. Em 2009 a UNESCO reconheceu a importância ambiental da ilha das Flores, integrando-a na Rede Mundial de Reserva da Biosfera. E depois há o gado bovino. Deixadas ao frio e ao nevoeiro à beira da estrada ou nos morros mais inóspitos, as vacas (brancas, pretas, malhadas e vermelhas charolesas) olham-me com desprezo. A terra está empapada de humidade e paira no ar um cheiro a mentrasto e uma impressão de frescura, de calma, de volúpia. Serenidade e melancolia. E um verde que pacifica o meu espírito. Venha o(a) leitor(a) ver tudo isto com os seus próprios olhos. Porque, garanto, nada do que aqui escrevi é literatura.

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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

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e algum dia se escrever a história da língua portuguesa na América do Norte, terá de se dizer que o primeiro quartel do século vinte e um foi, indubitavelmente, um período de grande transfiguração. Apesar de se falar português nos Estados Unidos e no Canadá, até antes de serem países, a língua portuguesa neste vasto continente atravessa, no começo deste milénio, uma das épocas mais cruciais da sua presença em terras norte-americanas. O paradoxo é que talvez nunca se tenha falado tanto português nos Estados Unidos e no Canadá, mas também nunca se tenha corrido tanto o risco da sua cristalização. As comunidades de origem lusa, maioritariamente de origem açoriana, com o abrandamento da emigração, estão a metamorfosear-se, e se “uma língua é o lugar donde se vê o mundo” como escreveu Vergílio Ferreira no diário Conta Corrente, o nosso cosmos terá, certamente, uma outra miragem. Hoje são vários os veículos transportadores da língua portuguesa e culturas lusófonas no continente norte-americano. No seio das nossas comunidades portuguesas com maior concentração, existem, como se sabe, algumas estruturas que se têm responsabilizado pela passagem do nosso legado linguístico e cultural. Desde os tempos primordiais da nossa emigração que as associações, ora de cariz religioso, ora de cariz social, têm assumido um papel relevante na transmissão da língua portuguesa e nos usos e costumes dos Açores. Durante uma grande parte do século XX, foram os clubes, as filarmónicas, os grupos de carnaval, as equipas de futebol, as igrejas onde o culto é praticado em português, e os salões do espírito santo, os grandes centros de propagação da língua portuguesa. Muito antes da presença da língua portuguesa nas escolas americanas e canadianas, e antes da formação das escolas comunitárias, ainda quando as famílias tinham por hábito falar português em casa, as nossas associações, concentradas nas zonas com uma maior afluência de emigrantes, particularmente as criadas nos últimos 50 anos, eram os baluartes da língua portuguesa. Mas hoje a situação é extremamente diferente. Em muitas das associações das nossas comunidades, o inglês é o principal veículo de comunicação, sempre salpicado com um vocábulo português, ora exótico, ora erótico conforme os ânimos. Nas famílias de origem lusa, a língua portuguesa é, cada vez mais, a língua usada nos dias de festa, quando os avós estão presentes e quando se expõe a toalha com o galo de Barcelos ou com os temas regionais e o mapa das ilhas dos Açores. Tal como profetizou Jorge de Sena em 1972:

Ouço os meus filhos a falar inglês entre eles. Não os mais pequenos só mas os maiores também e conversando com os mais pequenos. Não nasceram cá e todos cresceram tendo nos ouvidos o português. Mas em inglês conversam, não apenas serão americanos: dissolveram-se, dissolvem-se num mar que não é deles. Venham falar-me dos mistérios da poesia, das tradições de um linguagem, de uma raça, daquilo que se não diz com menos que a experiência de um povo e de uma língua. Bestas. As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem esquecidas noutras, morrem todos os dias na gaguez daqueles que as herdaram. [...] Exorcismos, 1972

M

ercê da metamorfose em que vivem as famílias de origem portuguesa um pouco por todo o continente norte-americano, inebriadas pelo economicismo da contemporaneidade global, o ensino da língua portuguesa terá de se adaptar às novas realidades. É que as infra-estruturas criadas no auge dos anos setenta e oitenta do século passado não serão o suficiente para garantir a perenidade em terras além arquipélago da língua de Camões, de Pessoa, de Saramago, de Machado de Assis, de Jorge Amado, de Vitorino Nemésio, de Natália Correia, de Álamo Oliveira, de Pepetela, de Mia Couto, de Germano Almeida, e de tantos outros. Se não houver imaginação, e idoneidade, o que as comunidades portuguesas ergueram nesses, agora já, longínquos anos, poderá ficar na prateleira do esquecimento. Se as comunidades um pouco por todo o continente norte-americano, continuarem olhando para o ensino da língua portuguesa como algo artesanal, que se faz à base do voluntariado e do patriotismo, estaremos condenados a uma fossilização total da língua portuguesa naquele continente. Se continuarmos a olhar para a língua portuguesa em termos paroquiais, acabaremos por vêla fechada numa sacristia a criar mofo. São vários os desafios que as comunidades de língua portuguesa nos Estados Unidos e no Canadá enfrentam para que a sua língua de origem, ou a dos seus pais e avós, tenha a continuidade desejada. Primeiro, e acima de tudo, as comunidades precisam de se consciencializarem desta transmutação. Há que orquestrar com as várias organizações culturais, sociais e religiosas um programa diversificado e abrangente que englobe as necessidades de cada comunidade. Há que trabalhar para que a língua portuguesa esteja nos currículos escolares dos Estados Unidos e Canadá, parti-

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A Língua Portuguesa nas Comunidades da América do Norte Desafios, Prospetivas e Compromissos * cularmente no ensino secundário, onde presentemente se patenteia o ensino de línguas. Como, aliás, já se faz em alguns casos. E onde está a língua portuguesa, deve estar um currículo próprio para o ensino da cultura açoriana. É que se o ensino da língua portuguesa é para ter qualquer futuro nas nossas comunidades não pode ficar simplesmente circunscrito ao salão do Espírito Santo, ao clube desportivo ou à Casa dos Açores. Há que trabalhar com os distritos escolares de cada zona onde existem comunidades lusófonas para que hajam aulas de português como língua estrangeira. O ensino do português não pode ficar subordinado a um mero exercício de paixão ou de saudade. Tal como afirmou o poeta açoriano Álamo Oliveira numa entrevista publicada há anos pelo matutino desta ilha, o Diário Insular: “prefiro que a educação [e abro um parênteses para incluir aqui o ensino da língua portuguesa] seja uma competência: sistemas de ensino competentes, estabelecimentos equipados competentemente, pedagogos competentes, associações de pais e de alunos competentes. A paixão é cega e a educação precisa de ter olhos bem abertos.” É tempo que nós nas comunidades também passemos da paixão à competência. A língua portuguesa no continente norte-americano não está morta, como já disseram por aí algumas vozes apocalípticas da nossa pequena e por vezes perversa praça pública. Mas que enfrenta enormes desafios, disso não tenhamos dúvidas. A sua sobrevivência passa diretamente pelas nossas mãos e diria mesmo, meus caros jovens: passa diretamente pelas vossas mãos. Pelas competências de que nos fala o poeta. Para que a língua portuguesa não seja, daqui a uns anos, uma peça de museu, há, como se disse, que criar mecanismos

para incluí-la nos currículos das secundárias americanas e canadianas, e daí no ensino superior. Continua a ser falacioso pensarse, e perdoem-me a pobre metáfora, que se pode construir a casa pelo telhado. Como poderemos ter mestrados e doutoramentos em português quando muitos alunos universitários estão a aprender o abecedário. A iniciação à língua tem que ser feita nas secundárias, e nas primárias onde isso for possível. E tudo isto terá de ser compreendido por todos os interessados na causa da língua portuguesa, independentemente onde vivam. Mais, haverá melhor forma de divulgar a língua e cultura portuguesas, e de passar o nosso legado cultural açoriano, do que ter alunos de todos os grupos étnicos em cadeiras de português? Haverá outro método mais eficaz para aniquilar os tabus e abolir os estereótipos que infelizmente ainda proliferam nas sociedades americana e canadiana? É que chegou o momento de aceitarmos que o destino da língua portuguesa reside, como se disse, nas mãos de cada comunidade e não nos dossiers de qualquer governo de Portugal ou da Região Autónoma dos Açores, até mesmo de outro país lusófono. O compromisso primordial está em cada líder comunitário, em cada professor, em cada associação cultural, em cada pai, em cada aluno e em cada jovem líder da sua comunidade. Que há responsabilidades do país de origem, ninguém o nega, mas tais obrigações apenas poderão ser projectadas em apoios de intercâmbios, de alunos e de professores; de cooperação na formação e na reciclagem de docentes; no patrocínio de materiais, especialmente no audiovisual e livros de autores portugueses; no incitamento que os estabelecimentos de ensino americano e canadiano possam necessitar . Mas nunca na in-

gerência direta nos assuntos internos destes dois países. Quem isso propõem não deve conhecer a realidade norte-americana. É que nem as comunidades podem ficar feudatárias do apoio dos governos dos países lusófonos, nem os governantes desses países dependentes das comunidades, e do ensino da língua portuguesa, para actos eleitoralistas e de demagogia política. Daí que, o momento seja decisório para a presença da língua portuguesa nos estabelecimentos do ensino oficial em todo o continente norte-americano. Que todos nós tenhamos a visão, e a tenacidade, para construirmos a grande obra que é a perenidade da língua portuguesa nos Estados Unidos e no Canadá. Tenho a certeza que os deuses assim o quererão, talvez o que nos falte é sonharmos mais e laborarmos ainda bastante mais, para que a obra que já nasceu há muitos anos, seja presença nas vidas de todos os jovens, de todas as gerações, com raízes nestas ilhas onde as gaivotas ainda beijam a terra. *comunicação apresentada no encontro de jovens açor-descendentes recentemente realizado na cidade da Praia da Vitória.


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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida almeidairy@aol.com

Milho-grão Está ou não o milho-grão no futuro da produção de leite? A dieta das vacas produtoras de leite, nos Estados Unidos, consiste principalmente de forragens e concentrados. Alfafa e silagens de milho tem sido no entanto as forragens preferidas devido ao seu grande poder de adaptação produtiva aos diferentes climas, e o seu potencial valor nutritivo, eficaz para manter alta produção de leite. Alfafa (ensilhada ou seca) tem oscilado entre 35 e 74 por cento na dieta de produto seco, enquanto que a inclusão de silagem do milho está alvejado para 43 para 60 por cento. Mas não é só isso. Milho tem sido, em larga escala, o cereal mais popular, muito além de qualquer outro na dieta das vacas leiteiras (tanto como 93 por cento das vacas dos Estados Unidos), devido à sua alta-energia, densidade e potencial produtivo, a estes niveis que oscilham de 35 para 45 por cento da dieta producto seco, com a sua alta composição em “starch” (amido - produto licoroso) auxilia a formulação de rações de alta densidade energética requeridas pelas vacas de alta produção leiteira.

Há ou não alternativas? Quando todos o factos forem considerados, milho e produtos do mesmo constituíram em média 64 por cento do producto seco numa ração “Midwestern”. O que vem reafirmar que o milho tem o maior impacto nos custos das rações. Como chegamos aqui, e para onde vamos. Durante a primeira década deste século, a produção de etanol cresceu 780 por cento, encorajada pelo “2005 ethanol mandate” do Governo Federal. Durante esta década os preços do milho quase triplicaram, devido à grande procura e outros factores, tais como, preços da energia, “exchange rates” e adversos problemas climatéricos, e como resultado os custos das rações para um diária triplicou também, enquanto que ganhos sobre custos na produção diminuiu em números semelhantes. Neste difícil ambiente económico, é lógico que produtores de leite se esforcem para reduzir os custos das rações que representam entre 50 e 60 por cento do preço total para produzir leite. Com estes altos preços dos cereais, nutricionistas e produtores estão tentando maximinizar o uso de outros produtos-acessórios (by-products) de mais bai-

xos custos, para preencher a lacuna deixada pelo despendioso milho-grão. A industria de lacticínios é por si económicamente competitiva, e para manter um crescimento substancial nesta industria que é global, e garantir um futuro assegurado, há que haver mais garantias para aquelas famílias que são (por vezes) forçadas a perder capital e continuar a investir no mesmo. Graças em grande parte, à inseminação artificial, e aos avanços na parte genetica das vacas leiteiras nas ultimas cinco décadas, a resposta destes animais tem sido espetacular. Estes avanços foram também possíveis devido a um sistema, que ao mesmo tempo, modificou as dietas dos animais, adaptando-as a superior qualidade genética e produtiva das vacas. Organizações de pesquisadores e produtores no mesmo, estão confrontados com um novo paradigma, e são da opinião de que, se os preços dos cereais continuarem altos, para que os negócios se mantenham vantajosos pode ser que tenhamos que adaptar novamente outra estratégia genética, que não seja tão dependente do uso de cereais. A produço de leite tem

que ser económicamente competitiva para que possa haver um crescimento sustentável, para assegurar uma base de productos de laticinios de fina qualidade no futuro. Será dificil

de consiguir quando mais de 40% do milho produzido nos Estados Unidos vai para a produção de etranol.

ULTIMO HORA Grande Festival Taurino A Favor do Câncer e Autismo um Enorme Sucesso No dia 24 de agosto de 2013, a California Portuguese Bloodless Bullfight Organization e Carlos Vieira Foundation tiveram uma tourada a favor do autismo e câncer em Stevinson, Califórnia. O evento reuniu um total de $30,000 dolares. Entre os quais $15,000 dolares serão doados ao Children’s Hospital Central California para ajudar com o seu departamento de câncer e $15,000 dolares serão doados para o Carlos Vieira Foundation para ajudar com Autismo. A California Portuguese Bloodless Bullfight Organization e Carlos Vieira Foundation estam imensamente agradecidos a todas as pessoas que doaram seu tempo e esforços para fazer deste evento um grande sucesso. Obrigado às organizações locais, patrocinadores e pessoas que apoiaram o evento: O Salão Português de Stevinson, a banda Lira Açoriana de Livingston, 51FIFTY Energy Drink, os toureiros: Paulo Ferreira, Sario Cabral e Curro Ortega "El Marabino", os forcados: Amadores de Turlock, Aposento de Turlock, Amadores de Merced e os proprietários de touros: Joe L. Parreira, António Azevedo, José Santos, Joe Alves, João Silveira, Germano Soares e João Duarte. Seu apoio é muito apreciado e vocês são o que fez deste evento um grande sucesso. Gostaríamos também de agradecer ao público por ter vindo nos apoiar. As pessoas que estiverem interessadas em obter mais informações sobre eventos futuros, visite www.carlosvieirafoundation.org


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Napa em Festa

Zé Manuel Beirão abrindo a Coroação mais curta da California

Maria das Dores e Hélio Beirão, Eduino Silveira, Décio Oliveira

A banda de amigos já é património de Napa

Ternura de Napa a dobrar

Décio Oliveira, Agostinho Barbosa, Bernardete Ferreira, Lubélia Barbosa, Filomena Mendes, Isabella Castro e Miguel Canto e Castro. Embaixo: chamarrita à moda do Pico. Fixem alguns destes dançarinos. Muitos deles podem aparecer próximamente no Got Talent do NBC.

Embaixo: Manuel Escobar, Hélio Beirão, Manuel Mendes e Jorge Duarte

Todos os anos por Agosto a Festa em Louvor ao Espírito Santo entra pela terra dentro da vinhateira de excelência que é o Vale de Napa e o dia torna-se em cheiros de alecrim e de hortelã. Todos os carros que passam no Silverado Trail podem sentir esse perfume das Sopas do Espírito Santo. Há mais de 25 anos que a fa-

mília Beirão reune familiares e amigos que à volta das mesas partilham as sopas feitas pelo patriarca da Casa - Hélio Beirão, mestre da Viola da Terra. Muitos antes disso tem lugar a Missa da Festa celebrada pelo amigo da Casa, Eduino Silveira, nascido nos Fenais da Luz, São Miguel. Foi ordenado Padre a 2 de Maio de 1987 na Catedral

of Blessed Sacrament em Sacramento. Tem sido o celebrante desta bonita e simples festa desde há muitos anos. Durante a tarde visita-se a tasca mais famosa da California, dança-se a chamarrita, acabando a noite com musica e canções de gentes da nossa terra.


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Vista parcial daqueles que assistiram à Missa da Festa O Zé Manel já substitui o pai

A ternura de Napa

Grace Batista Beirão e Paulo Carvalho, dois novos artistas

Maria das Dores Beirão falando sobre a actuação da sua neta Grace Só falta o caldo...

Manuel Escobar, Hélio Beirão, Manuel e Jessica Mendes Filomena Rocha Mendes lendo um poema.... Embaixo: o Coro durante a missa

José António e Cecíla Beirão Rocha, Maria das Dores e Hélio Beirão

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O tema do Bodo de Leite deste ano foi "O Milagre da Fé" e as vestimentas dos acompanhantes representava a época de 1917

Rainha Grande Lexie Nunes e aias Maryan Veríssimo e Jordan Cota

Rainha Pequena Jallian Nunes e aias Allison Nunes e Selina Lopes

Festa de Nossa Senhora dos Milagres Fotos do Bodo de Leite por Jorge Avila "Yaúca"


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Noite de Fados. Em pé: Scottie e Vanda Mendes; Walter e Nancy Costa; Eric e Durvalina Snoke; João Pinheiro, Jesualda Azevedo, George Costa Jr.; Arminda Alvernaz, Alfredo e Lucy Nunes, Maria e Alcino Nunes; António e Filomena Nunes; Isalino dos Santos. Sentados: Marilyn Veríssimo, Lexie Nunes, Jordan Cota, António Isidro, Manuel Escobar, João Cardadeiro, Alison Nunes, Jallian Nunes e Selina Lopes. Embaixo: Laurénio Bettencourt, Zé da Adega e Zé Duarte

A Festa de Nossa Senhora dos Milagres em Gustine teve o seu início a 30 de Agosto com novenas diárias e acabou a 9 de Setembro. Os padres celebrantes desta festa foram Leonard Trindade, Luís Cordeiro e Myron Cotta. Todas as novenas e missas foram acompanhadas pelo Coro Português do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres. Na Quinta-feira, depois da habitual novena, realizou-se a Noite de Fados com a participação de George Costa, Jesualda Azevedo, Antonio Isidro, João Pinheiro e Arminda Alvernaz, vinda do Pico. Foram acompanhados por António Isidro, Manuel Escobar e João Cardadeiro. Na Sexta-feira Noite de Comédias "As Voltas que o Mundo

dá" pelo Grupo de Teatro da Nova Aliança de San José. O tradicional Bodo de Leite no Sábado foi baseado no tema "O Milagre da Fé" e contava a história dos Pastorinhos e da Aparição de Nossa Senhora em Fátima. Estiveram presentes no Pézinho António Azevedo, Adelino Toledo, José Ribeiro, Manuel dos Santos, João Pinheiro, José Plácido, Vasco Aguiar, António Isidro, Maria Clara, que foram acompanhados por Dimas Toledo, Manuel Avila, João Machado, Jorge Reis. Depois do bodo houve actuações do Luso Youth Council # 18 de Gustine / Los Banos; Luso Youth Council # 24 de Northern San Joaquin Valley; Luso Youth Council # 4 de Sacramento; Vira Virou, de

Newark; Grupo Etnográfico Pérolas dos Açores, de Hilmar. Durante a tarde foram também leiloados os animais oferecidos. Depois da Missa houve Procissão de Velas e a Imagem de Nossa Senhora ficou no Parque para veneração dos fiéis. No Salão, baile com o Conjunto Progresso e cantoria no parque. A noite acabou com a apresentação das Rainhas e Oficiais. No Domingo, Missa da Festa e Procissão acompanhada com muitas dezenas de organizações portuguesas de toda a California, seguida de almoço para todos os presentes. A Procissão foi abrilhantada pelas Bandas do Liceu de Gustine, da Banda de Tracy, Nova Aliança e Banda Portugue-

sa de San José, Banda Açoriana de Escalon, Filarmónica União Portuguesa de Santa Clara e Lira Açoriana de Livingston. Durante a tarde actuações de Laurénio Bettencourt, Zé Duarte e Zé da Adega. Às 7 horas houve Terço recitado no Parque pelos padres Leonard Trindade e Luis Cordeiro. À noite baile com o conjunto Progresso. À meia-noite regresso em Procissão de todas as imagens ao Santuário. Na Segunda-feira a habitual Corrida de Toiros com Paulo Ferreira, Gilberto Filipe, Israel Tellez, Forcados de Turlock e Merced. Toiros da Açoriana, de Joe Alves e João Silveira.


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Festa de Nossa Senhora dos Milagres

Rainha Pequena Jallian Nunes e aias Allison Nunes e Selina Lopes

Troca de Coroas entre as Rainhas

Embaixo: Erick e Durvalina Snoke (Tes.); Nancy e Walter Costa (Sec.); Myron Cott senhor da Diocese de Fresno), Luís Cordeiro (Celebrante da Festa e Pároco de T Luís Silva (Pároco do Topo); Alfredo e Lucy Nunes (Pres.); Alcino e Maria Nun António e Filomena Nunes ( Past. Pres.).


Rainha Grande Lexie Nunes e aias Marilyn Veríssimo e Jordan Cota

ta, (MonTurlock); nes (VP); Coroação da Rainha Grande Lexie Nunes e dos Presidentes Alfredo e Lucy Nunes

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Festa de Nossa Senhora dos Milagres

Alfredo e Lucy Nunes com as suas Rainhas e aias, no fim da Prociss達o

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Portugal 3° na Red Bull Youth America's Cup Depois da fantástica prestação da equipa portuguesa de vela no Red Bull Youth America's Cup, foi tempo de celebrar em terra. Dia 5 de Setembro, o Consulado preparou uma recepção para a equipa por forma a celebrar e agradecer a prestação dos jovens portugueses. Em conversa com António Mello, skipper da equipa, ele partilhou o grande orgulho que foi representar Portugal, a cidade de Cascais e os Portugueses em geral. Para ele, a grande receita para o sucesso alcançado foi a grande amizade existente dentro do grupo e o lema de "nunca desistir" e tentar melhorar sempre, seja de segundo para terceiro lugar, ou de último para penúltimo. No final da nossa conversa, António Mello agradeceu o apoio de todos os Portugueses, que fizeram a equipa se sentir como se estivessem em casa. Em termos de mensagem para os jovens portugueses na California "sigam os seus sonhos, nunca desistam!"

Equipa Portuguesa celebrando o 3° lugar numa competição unica no mundo e pela primeira vez feita pela America's Cup em 162 anos. Foi pena que a imprensa portuguesa de referência nunca tivesse tido a coragem de mencionar este importante evento com a excepção do jornal desportivo O Record e uma nota de um colaborador do Expresso. Enfim... Portugal ao longe nem se lembra dos seus heróis. Sempre foi assim e não vai mudar.

Classificação de Portugal: 3° lugar

8 pontos

6° lugar

As regatas realizaram-se de 1 a 4 de Setembro na Baía de San Francisco

5 pontos

1° lugar

10 pontos 8° lugar

3 pontos

8° lugar

3 pontos

3° lugar

6 pontos

2° lugar

9 pontos

44 pontos

Fotos da regata e entrega da Taça de Nuno Mathias Texto e fotos no Consulado de Nuno Sanches Silva


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Os números da minha vida

omentos assim não deviam nunca dispensar-se de uma boa frase. De uma epígrafe. De uma proclamação. Muito me agradaria, pois, poder dizê-lo exactamente à maneira de Vergílio Ferreira, agora que regresso aos Açores: “Para sempre. Aqui estou.” Não estou. Não para sempre, isto é. Venho por quatro anos, quem sabe cinco – exactamente aqueles que a Catarina, com quem me comprometi a regressar a Lisboa, demorar a dar um murro na mesa, farta de mar e de pedra negra e de melros e de mexericos. Ou talvez aqueles que levar eu próprio a dar esse murro, se calhar até para lamento dela. Motivam-me diversas razões. O desejo de, enfim, dedicar mais do meu tempo aos livros, com os quais continuo a namorar por carta. A crise económica, a maior que alguma vez atravessámos, e que nos deixou a todos a trabalhar sobretudo para pagar despesas. O sonho de uma vida mais sã, o declínio da imprensa, os cheiros e as rotinas e os objectos e as pessoas que nunca me saíram da memória. E, mais do que qualquer outra coisa, a sensação de que estava na altura. Passaram agora vinte anos sobre esse dia em que embarquei para Lisboa, com a melhor roupa que consegui reunir enfiada num saco camuflado que mandámos

comprar na Base, a caminho da universidade e do futuro. Não valerá a pena, provavelmente, repisar o que aí havia de ilusão, o trabalho que me deu transformar

em realidade o mais pequeno pedacinho dela, o fracasso em que, bem vistas as coisas, a empresa redundou. Prefiro ater-me aos números. A

REGRESSO A CASA Um diário açoriano

Joel Neto idade reconciliou-me com os números. Em vinte anos, morei em nove casas, dispersas por quatro cidades, e casei com duas mulheres. Escrevi nove livros (todos pelo menos mauzinhos, a maior parte deles muito maus), tive seis empregos (e depois uma fase em que, não tendo emprego nenhum, trabalhei bastante mais) e viajei para uns quarenta países, uns quantos deles em férias. Cheguei a ganhar por mês, com regularidade, mais de cinco mil e quinhentos euros – mil e tal contos, tanto quanto os meus pobres pais teriam gostado de ganhar no Totobola. Tive uns cinquenta amigos (dos quais três melhores amigos, todos de alguma maneira extraviados), e desses guardo e guardarei, ainda assim, uns dez bons. Assisti a duas vitórias do Sporting no campeonato, aprendi a jogar golfe (e depois desaprendi de fazê-lo), temi varias vezes sofrer de cancro. Chorei muito raramente, e em quase todas as circunstâncias terme-ia conseguido conter, se houvesse empreendido um mínimo esforço. Fiz mal a várias pessoas, a uma como a nenhuma outra. Engordei trinta e cinco quilos e fumei (cálculo selvagem) uns seis mil maços de cigarros, primeiro Rothmans, depois Camel, depois LM e finalmente Davidoff. Tenho saudades de fumar um Davidoff.

E, agora, volto a casa. Volto sem as riquezas que me prometera a mim próprio. No fundo, sempre soube que seria assim. Tenho trinta e nove anos, tomo todos os dias um comprimido contra o colesterol, antes de me deitar, e fico com os nervos em franja sempre que ouço tocar um telefone. Mas ainda sou capaz de jogar trinta e seis buracos num dia, inclusive ao sol, caminhando com o saco às costas – e, apesar de tudo o que a culpa mudou em mim (ah, sim, a culpa, vai ser preciso fazer um esforço para que a culpa não seja uma das personagens destas crónicas), ainda há dias iluminados em que a primeira reacção que devolvo a uma adversidade é um sorriso da mais pura condescendência. Não me morreu de vez a juventude. Ainda não. E, para mais, quero ter um filho. Um monte deles. Quero viver a vida com o máximo de intensidade possível. E para isso, ao contrário do que nos ensinam as grandes cidades, é preciso estar quieto. Absolutamente quieto. Portanto, aqui estou. E talvez a resistência a prometer a mim próprio que aqui estarei para sempre seja, na verdade, a derradeira garantia de que de facto assim o será, assim o é: para sempre. ------------------------------------http://www.facebook.com/neto. joel http://www.joelneto.com/


TAUROMAQUIA

Reflexões Taurinas

Quarto Tércio

Joaquim Avila

José Ávila

bravoi3@sbcglobal.net

josebavila@gmail.com

Corrida de N. Sa. dos Milagres 2013

N

ão hajam duvidas nenhumas que tudo muda na vida. Esta é uma frase que se ouve frequentement por todo o lado do mundo que se anda. Infelizmente este fenómeno também tem afectado a tauromaquia, por estas terras, em muitos aspectos. Na passada Segunda-Feira, dia 9 de Setembro, sentado na Praça Bella Vista Park de Gustine antes da corrida começar, apercebi-me que pela primeira vez a praça não estava completamente cheia. Não foi assim há tantos anos que tiveram que fechar os portões de entrada porque a praça estava superlotada, tanto nas bancadas como no recinto fora da praça. Antigamente tinha-se que vir para a praça muito cedo para se poder conseguir um lugar nas bancadas. Na realidade tinha muito gente fora da praça a assistir à corrida no ecran grande, mas antigamente via-se o mesmo numero de pessoas fora e as bancadas estavam completamente cheias.

Efectivamernte eu já tinha observado a decadência em numero de pessoas em várias corridas desta época, mas ao me aperceber do mesmo fenómeno na corrida da Nossa Senhora dos Milagres de Gustine, fez-me reflectir um pouco sobre o futuro da festa de touros na California. Será que realmente está a haver menos interesse nas corridas, ou isto será só passageiro? Qual será a razão para este factor perturbante? Será realmente devido à crise económica? Será pelo facto das pessoas estarem saturadas de verem quase sempre os mesmos carteis? Ou então pela falta de qualidade da maioria dos touros corridos nestas ultimas épocas? Até mesmo a internet poderá ter uma certa influência, porque hoje em dia podem-se ver corridas de grande qualidade em todas as partes do mundo taurino. Não sei responder a nenhuma das minhas perguntas, mas poderei dizer que talvez todas elas tenham uma pequena influência, além de outras não mencionadas.

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O que eu poderei afirmar, com muita certeza, é que os três grupos de forcados locais não tiveram influência nenhuma negativa pela falta de pessoas nas corridas, até pelo contrário. Além de ter havido umas épocas melhores que outras, estes grupos têm sido o foco das corridas com as suas pegas valentes e de muita qualidade, arrastando assim um grande numero de jovens para as praças. Penso que talvez isto seria um tema bastante importante para um colóquio taurino aonde participassem representantes das festas religiosas que montam eventos taurinos, ganadeiros, representantes das coudelarias, forcados, cavaleiros, directores de corridas, pastores e todos aficionados que desejam o bem da festa brava. Sei que hoje em dia os colóquios não estão “em moda” e além disso, a falta de união entre todos estes elementos faria com que fosse quase impossivel de se realizar um evento destes. É na verdade uma pena grande porque na realidade haveria uma necessidade enorme. Enfim, tenho sempre esperanças de um dia estas dificuldade mudarem para o bem da festa brava. Quanto à corrida, poderei dizer que os momentos mais altos foram apenas um grande ferro curto de Paulo Ferreira no seu segundo touro, duas pegas técnicamente perfeitas dos Amadores de Turlock, por Manuel Cabral e Jorge Martins Jr., uma outra pega muito valente dos Amadores de Merced por António

É bom recordar coisas antigas. Faz este fim de semana 30 anos que se realizou a primeira e unica tourada à corda em Petaluma. Correram-se 4 toitos de Manuel de Sousa, ganadero do Pico dos Padres. O Presidente da Festa foi o nosso amigo Manuel Machado, nascido na Urzelina, São Jorge e residente em Petaluma.

Ficamos contentes quando vemos carteis com Corridas de Toiros Mistas, o que deveria sempre acontecer em todas as nossas festas, até porque é assim que se conquistam aficionados para o toureio apeado que tem uma beleza unica e incomparável. Venham mais corridas mistas com bons artistas. Bons artistas, repito eu.

Oliveira e um rabejar com muita sabedoria por Dennis Espínola, também dos Amadores de Merced.

remate. Um matador quando “toureia” mais por desplantes, normalmente está a tourear o público.

Tanto os touros da Açoreana como os dos João Silveira e Joe Alves mostraram comportamentos muito irregulares durante as suas lides ou faenas. Numa maneira geral eram talvez nobres de mais, deixando um sabor amargo tanto para cavalo como para pé. Não mostravam alegria e eram muito tardios nas suas arrancadas. Talvez o touro que se mostrou um pouco mais alegre e que deu um pouco de mais de luta, foi o terceiro da corrida toureado por Gilberto Filipe. Na parte dos cavaleiros, penso que tentaram fazer o seu melhor, usando montadas dos Irmãos Martins que estiveram bem à altura, nunca dificultando o trabalho dos cavaleiros. Infelizmente assim não aconteceu com o matador Israel Tellez. Este jovem matador já toureia nas nossas praças há muitos anos e apercebeu-se muito cedo que as pessoas aplaudem mais aos seus desplantes, quase sempre inoportunos, de que ao bom tourear. É pena porque ele sabe tourear e viu-se bem no seu segundo touro a quando, sem menos esperarmos, ele começou a tourear pela direita a mandar o touro com muito templo, acabando por tirar uma excelente série de derechazos. Infelizmente não repetiu, optando para mais desplantes. O desplante realizado ante o touro, só se deve concretizar após a execução de uma sorte muito bem conseguida e, geralmente, como seu

Concluindo, diria que a corrida numa maneira geral teve um andamento muito bom e que houve vários momentos de bom tourear. Além de não ter gostado muito do matador, aplaudo a iniciativa dos organizadores da festa de

Nossa Senhora dos Milagres de Gustine por terem o cuidado de montar uma corrida mista onde se pôde ver as duas belas formas de tourear, a cavalo e a pé. A bem da festa brava


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PATROCINADORES

15 de Setembro de 2013

Uma organização fraternal fundada por Portuguêses, para o benefício da comunidade Portuguêsa.

LUSO is a world in itself – a world where Family Values prevail, where we stand by and believe in our young people and ultimately a world where our Portuguese language and culture are kept alive for future generations. All this, while providing the life insurance protection we know we need – Luso-American.

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PATROCINADORES

COMUNICADO O Consulado-Geral de Portugal em São Francisco tem a honra de comunicar que, o Governo dos Açores, através da DirecçãoRegional da Juventude promove o Concurso LABJOVEM que visa aincentivar e promover jovens criadores da diferentes áreas

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artísticas –arquitectura, artes plásticas, artes cénicas, design de moda, design gráfico,fotografia, ilustração e banda desenhada, literatura, música e vídeo. As candidaturas decorrem de 1 de Maio até 31 de Outubro de 2013 através do site: www.labjovem.pt

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CULTURA

15 de Setembro de 2013

Açorianidade, ou crónica da Saudade

Vamberto Freitas

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uando me pedem para escrever sobre os Açores, sobre açorianidade, mil mundos entram de imediato nos meus pensamentos. Já vivi continentes como se ilhas fossem, tal como sempre vivi ilhas como se continentes imensos fossem. Nenhum homem é uma ilha? Ou, pelo contrário, todos nós somos ilhas? Nós somos a geografia sem mapa. Ser açoriano foi sempre estar presente e ausente de nós próprios e dos nossos. Vitorino Nemésio, que cunhou o termo, disse que esse sentimento muito seu se tinha exacerbado quando da Terceira partiu jovem para ir estudar em Coimbra, era a saudade da ilha-concha, dos que tinham ficado. Na ilha, o sentimento é a saudade não das terras distantes, mas dos nossos que as ocupam um pouco por toda a parte. Daqui, seremos sempre de lá também. A açorianidade nada tem a ver com fronteiras ou passaportes – tem a ver com os que connosco partilham o destino de uma vida em perpétua busca do pão e de realização, o sonho em viagem sem fim. Levamos as ilhas dentro de nós, e cá para dentro trazemos o mundo inteiro. Tempo

houve em que eu, como jovem universitário algures no sul da Califórnia, olhava para o meu antigo BI e já não me reconhecia como aquela pessoa daquele lugar a meio mar. O meu mundo era já doutro reino. Só que somos quem somos, muito para além de um pequeno livrete que supostamente nos legitima como pessoa ou cidadão. Um dos sentimentos mais fortes por essa altura era uma indefinida incompletude – tinha muito mas faltava o resto de mim, a alma a pedir o regresso à essência do meu ser. Ninguém define o que quer ser ou quem é – o cordão ancestral tem a força das nossas raízes, não nos deixa secar mesmo em terra alheia, mesmo que por um tempo sejamos estranhos em terra estranha, como se diz na literatura. Quando menos esperava, tinha de me meter no meu carro e durante três horas e meia e a alta velocidade, de noite, de madrugada ou de dia, serpentear a mítica 99 em direção aos meus no Vale de São Joaquim. Chegava a casa, a ilha de novo em mim – a mesa posta, a fala dos meus pais e parentes, o cheiro aos Açores, a certeza de que me encontrava entre os que me amavam e me amam. Nemésio tocava a sua viola na Praia ou montava um cavalo no Porto Martins. Eu, na América profunda rode-

ada de serras e campos, procurava os salões onde velhos e novos patrícios batiam a mão na mesa num jogo de sueca, engoliam um vinho, puxavam dum cigarro, e, quando finalmente me topavam ao lado, diziam simplesmente “Olha o Vamberto”. O conforto desse reconhecimento íntimo era o meu alimento para mais uns meses sem a minha gente, sem a sua fala, sem o cheiro das ilhas na cozinha da minha mãe, era a reconfirmação de que eu pertencia a uma comunidade de longa memória, era a reconfirmação do meu próprio ser. Poderia depois voltar aos outros mundos e pensar-me cosmopolita, seja lá isso o que for. Hoje, em casa nas ilhas, permanece a saudade e a incompletude. A geografia, sim, somos nós, e na sua infinita extensão residem todos os que nos pertencem e a quem pertencemos. Ou, como dizia Jorge de Sena, que disto sabia muito, eu sou a minha própria pátria – e dentro dela tenho todo o mundo açoriano. Publicado na revista da SATA Azorean Spirit. Edição de JunhoAgosto de 2013.

The Dreams of Manuel Inácio Nunes, by Urbano Bettencourt Translated into English by Katharine F. Baker and Bobby J. Chamberlain, Ph.D.

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ummer of ‘46 brought him to the island, in the way that the calm transports a boat or seabird after September storms. And, in truth, this man of seventy-one years was well able with all his strength to make use of some rhetoric of late-life inspiration in order to speak of the struggles and challenges that life sent his way. In the newspapers of that period we see him in that respectable, yet also slightly remote, pose of those who fully recognize that their efforts have put bread on the table and earned the gratitude of their land. But it is difficult for us to catch a glimpse, behind this austere figure, of the youth who at age seventeen decided to confront the inevitability of island famines and crossed the Atlantic, borne by a dream that only Pedro da Silveira’s “Californias lost in abundance” could fulfill. Especially because it is not always possible to go in pursuit of the most modest jobs or follow the baby steps that Manuel Inácio Nunes

and his brother António had to take before they could establish Nunes Brothers’ Boat and Ways Company in Sausalito, California – with that aura of elegance and aesthetic perfection that led millionaire railroad heir C. Templeton Crocker to order from them the legendary 118' schooner Zaca, to which the names of movie stars like Marie Dressler (who christened her) and Errol Flynn (who later owned, and died on, the yacht) would be forever linked in Hollywood history. The reader who leafs through the pages of Oakland’s Jornal Português will find amid its texts that the pen of Manuel Inácio Nunes, who was perhaps lighter and more agile in boat design than in poetry, has left us with some vestiges and the memory of this return to his land. And it is easy to surmise that his summer of ‘46 in Santo Amaro was the occasion for the final encounter of the youth from abroad with the adult on a pilgrimage of saudade. Between his poems Chegando à Pátria [Arriving in the Fatherland] and Adeus [Farewell], the days from June to September flew by in leaps and bounds, the

nostalgia over his departure almost overlapping the euphoria of his arrival. “I come from my adopted country, that colossal and beautiful America where we attain greater comforts, but this greatness does not have the power to heal the scar caused by the maternal embrace – my Motherland!” But from the one text until the other, there was time to deceive age and conquer the challenge of climbing the hills behind Santo Amaro, and to participate in regattas of the triple-masted toy sloops that used to fill the shores of Pico’s Lagoa do Peixinho lake with people in the bygone years of his youth. Time also for taking stock of one’s life, because a man of this age who returns to the place of his childhood reckons his accounts with more care: boats dreamed-of and built, friends no longer there, days that are dwindling. However, he is spared melancholy by the public and community recognition of his loyalty to his land, and in this loyalty he will surely find one of the underlying reasons that gave meaning to his own life. Who would not count in his favor the fact that he always kept

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net A Maré Cheia de hoje tem duas partes. Dois textos de dois homens das letras dos Açores. Um texto magnífico de Vamberto Freitas que foi publicado na revista de bordo da SATA. Um texto que fala dos Açores, de ser-se açoriano dentro e fora do arquipélago. Algo que a SATA compreende, com certeza, porque se não fossem os açorianos e açor-descendentes que ainda se sentem parte do arquipélago, não havia razão para a SATA vir ao continente norte-americano. Aliás, era bom que se consciencializassem dessa realidade e a passassem à sua tripulação. Mas isso não cabe nesta página, será sim tema duns reflexos. Um dia destes. O segundo texto é do poeta Urbano Bettencourt em tradução da Katherine Baker e de Bobby Chamberlain. É que esta Maré também quer fazer parte deste mundo, cada vez mais nosso, de um mundo de duas línguas e várias culturas. Daí que de vez em quando os trabalhos em inglês, língua que quase todo o mundo, nas nossas comunidade, fala, e muito bem. Por isso é que a Maré também terá, de vez em quando alguns trabalhos literários em ingl6es, particularmente estes refletirem a nossa realidade da Diáspora. abraços, com votos de boas leituras diniz

the name he received at the baptismal font, refusing to Americanize it? Or who can forget that, even from afar, he was a moving force behind boat-building in Santo Amaro, which owes him a debt of gratitude for the valuable contributions to its stylistic and technical renewal? Everyone is still mindful that on this current trip he is the bearer of $2,500 raised in the California community, earmarked for repairing the parish church. And the oldest will remember the anxiety with which in 1923 they turned their eyes toward the channel, beseeching God that each ship sighted might at last be “the corn ship” that was bringing from America the 96 sacks of grain solicited there by Manuel Inácio Nunes to bring an end to the starvation of the victims of the previous year’s great drought – since “all that ever came from Lisbon were edicts,” as Manuel Ferreira Duarte (another Picoense swallowed up by the diaspora) would write in this regard several decades later. These and other matters would be recalled on June 24, 1946, at the dedication of Manuel Inácio Nunes Plaza, broader in sym-

bolic intent than in its physical dimensions themselves – and in all fairness, someone must have mentioned the honoree when noting that, in the village, “if there is improvement it is due to our intelligent, ambitious children.” And all this would continue to echo in Manuel Inácio Nunes’ heart when in September of that year he was writing the last verse of his sonnet Adeus: Adeus jardim meu, para sempre adeus! (“Farewell, my garden, farewell forever!”). In the slow deliberation of this written assessment he would surely have had time to review the dreams of a full life that soon enough would be extinguished the following year. [Urbano Bettencourt, Santo Amaro sobre o mar. Desenhos de Alberto Péssimo. Arganil, Editorial Moura Pinto, 2005. 2.ª edição, Câmara Municipal de São Roque do Pico, 2009]


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ENGLISH SECTION

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ENGLISH SECTION

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COMUNIDADE

15 de Setembro de 2013

Brotherhood of Saint Anthony Tracy

Rainha Grande Madelene Agueda, e aias Taylor Morais e Marissa Brasil

Rainha Júnior Kalieyah Pinheiro e aias Laura Gomes e Islynda Viegas.

Fotos de Jorge Avila "Yaúca"

Rainha Pequena Chloe Azevedo, aias Madisen Sousa e Annalisce Agueda


COMUNIDADE

Rainha Pequena Chloe Azevedo, aias Madisen Sousa e Annalisce Agueda.

Realizou-se nos dias 10 e 11 de Agosto a Festa em Louvor de Santo António em Tracy. No Sábado, dia 11 houve Recitação do Terço às 7 horas, seguindo-se dança e apresentação das Rainhas e Aias, tendose servido refrescos e aperitivos. No Domingo, às 10 horas houve a formação da Procissão, tendo esta percorridas algumas das ruas da Cidade de Tracy, voltando ao Salão do I.P.F.E.S. onde se realizou a Missa da Festa. Depois foi servido almoço de Tri-Tip e Feijão a todos os presentes. Durante o resto da tarde houve arrematações

de ofertas. A Rainha Grande foi Madelene Agueda, tendo como aias Taylor Morais e Marissa Brasil. A Rainha Júnior foi Kalieyah Pinheiro, e aias Laura Gomes e Islynda Viegas. A Rainha Pequena Chloe Azevedo, aias Madisen Sousa e Annalisce Agueda. Frank Gomes e Elaine Tavares foram CoChairman da Festa, tendo como Grand President James Santos.

Rainha Grande Madelene Agueda, tendo como aias Taylor Morais e Marissa Brasil

Rose Silva King durante a Missa da Festa

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ULTIMA PÁGINA

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