Ptwebpageof080114

Page 1

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1ª Quinzena de Agosto de 2014 Ano XXXIV - No. 1183 Modesto, California • $2.00 / $45.00 Anual

Linda Vieira

P.14,15

The first woman Chairperson of Luso-American

Michael Camara

P.16,17

A Nossa JUVENTUDE

P.35

Sugestões • • • • • • • • • •

Agosto 2 - Youth Theatrical Program da LAFF Agosto 9 - Corrida do Emigrante, Stevinson Agosto 22 - Corrida de Toiros, Stevinson Agosto 28-31 - Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores em Hilmar Agosto 29 - SOMBRAS em San José Setembro 5 - SOMBRAS em Artesia Setembro 15 - Corrida dos Milagres em Gustine Outubro 11 - PALCUS - 2014 Annual Leadership Awards Gala in the Washington, D.C. area. Outubro 18 - 1ª Corrida da Feira de Thornton Outubro 20 - 2ª Corrida da Feira de Thornton

P.18,19

XVII Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores Realiza-se na Casa dos Açores de Hilmar de 28 a 31 de Agosto a XVII Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores. Terá a presença do Embaixador de Portugal em Washington, do Congressista Jim Costa, Presidente do Governo Regional dos Açores, bem como do Secretário Regional das Comunidades. Na nosso próxima edição publicaremos o programa do Encontro.


2

SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Q

uase tudo à nossa volta é pensado como um dado adquirido. Olhamos para um iPad e pensamos que ele tem de nos dar as informações todas e a velocidades que queremos. Esta visão de que tudo o que existe à nossa volta vem dos Céus é um engano que nos habituámos a ter.

Salão das nossas festas e nos sentamos à mesa à espera das Sopas e da Carne, quantos de nós é que pensamos, quantas pessoas estiveram envolvidas naquele trabalho para servir 3 ou 4 mil pessoas? Quando assistimos às nossas festas tradicionais, quantas vezes não pensamos o que foi preciso para fazer tudo aquilo quase cronometrado ao minuto?

Tudo à nossa volta requer estudo, trabalho, gentes, inteligência, amizade, liderança. Se todos vós vissem o trabalho e o envolvimento de tanta gente para fazer o Programa Atlântida, de Sidónio Bettencourt, que dura uma hora e meia, ficariam pasmados, como todos ficamos. Quando entramos num

Quando assistimos ao maior espectáculo da diáspora e possívelmente de Portugal e da América, que se realiza durante a Convenção da Luso-American Fraternal Federation, envolvendo 500 ou mais crianças, quantos de nós pensamos no trabalho necessário para ensair toda aquela juventude?

Nem pensamos

O trabalho de todos aqueles que ensinam os jovens a fazerem o seu melhor ano após ano. Os próprios miudos que durante muito tempo, mesmo em tempos de escola, tiram horas da sua ocupada vida para participarem. Os pais e avós de toda esta juventude que os levam aos lugares onde os ensaios são feitos. Aqueles que escolhem as musicas,as letras, as danças, os gestos. Tudo isto requer muito trabalho, muito amor à causa. E é por isso que devemos ter orgulho nesta gente toda que durante um ano nos delicia com tudo o que fazem.

Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores. Será um momento interessante para que as 14 Casas dos Açores espalhadas pelo Mundo partilhem experiências e vejam a realidade da nossa presença em terras da California. A presença de políticos americanos e portugueses é importrante para que a nossa comunidade seja vista como uma comunidade abrangente e que gostaria de ser cada vez mais conhecida entre aqueles que vivem mesmo ao nosso lado. jose avila

1 de Agosto de 2014

Tribuna do Leitor Estimado Sr. José Avila Eu sou apenas Luso-descendente (avô e avó de São Miguel); desculpe, por favor, o meu português defeituoso. Mas sou também, desde muito tempo, poeta da Língua Inglesa. Eis, então, o meu tributo à nossa Tribuna:

A Newspaper as The World Theater Each page is like a scene, presenting sweetly Like whiffs of fragrance wafted from linguiça Insurance, dogs, festas for sale; your future As seen by Psychic John; fados and beauty Of Ana Moura; our lives like leaves and roses Scattered as verses by José Raposo... The bric-a-brac of life on all its stages; The gist of the Tribuna Portuguesa Muitíssimo obrigado Raymond Oliver

Realiza-se pela primeira vez na California, na Casa dos Açores de Hilmar de 28 a 31 de Agosto a XVII

PS - Tenho também um tributo, ainda não acabado, para os ensaios no jornal.

34

Year XXXIV, Number 1183, Aug 1st, 2014 $45.00


COMUNIDADE

3

Novos Livros

q Mais uma excelente obra, desta vez para crianças da Portuguese Heritage Publications of California. Esta obra pode ser adquirida através da portuguesebooks.org

q

q Foi lançado na Ilha das Flores no dia 28 de Junho o livro de Mateus Toste Mendes. A apresentação esteve a cargo de Gabriela Silva e contou com a participação de Victor Rui Dores em "Chico Mentiroso". A ediçao é da Turiscon Editora. Tem 176 páginas. O livro pode ser adquirido através da webpage www.liduinoborba.com

Portugal's three wars in Africa in Angola, Mozambique and Portuguese Guiné (Guiné Bissau today) lasted 13 years - longer than the United States Army fought in Vietnam. Yet they are among the most underreported conflicts of the modern era. Commonly referred to as Lisbon's Overseas War (Guerra do Ultramar) or in the former colonies, the War of Liberation (Guerra de Libertação), these struggles played a seminal role in ending white rule in Southern Africa. Though hardly on the scale of hostilities being fought in South East Asia, the casualty count by the time a mili-

tary coup d'état took place in Lisbon in Aparil 1974 was significant. It was certainly enogh to cause Portugal to call a halt to violence and pull all its troops back to Metropolis. Ultimately, Lisbon was to move out of Africa altogether, when hundreds of thousands of Portugueses nationals returned to Europe, the majority left everything they owned behind. Independence for all the former colonies, includind the Atlantoc Islands, followed soon afterwards. Lisbon ruled its African territories for more than five centuries, not always undisputed by its black ans mestizo subjects, but effectively

enough to create a lasting Lusitanian tradition. That imprint is indelible and remains engraved in language, social mores and cultural traditions that sometimes have more in common with Europe than with Africa... Indeeed, on a recent visit to Central Mozambique in 2013, a youthful member of the American Peace Corps told the author that despite having been embroiled in conflict with the Portuguese for many years in the 1960s and 1970s, he found the local people with whom he came into contact inordinately fond of their erstwhile "colonial overlords". Buy it at Amazon.com


4

COMUNIDADE

1 de Agosto de 2014


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

U

ma instantânea visita à área das Caldeiras no Valedas Furnas em S. Miguel dos Açores, é tudo quanto basta p’ra conjecturar fantasmagóricas antevisões do Inferno. Isto, francamente, não é novidade recente ou quiça despercebida. Deveras assombrados, já assim raciocinavam os primitivos povoadores. Foram eles que deram ao Vale o nome de Furnas, “por ali existirem as furnas assim chamadas por parecerem bocas do inferno.” A semelhança das furnas (caldeiras) com o inferno acentua-se sobremaneira na narrativa de Gaspar Frutuoso nas Saudades da Terra, (Livro IV, Capítulo 49), descrevendo a impressão de terror provocada pelo estranho aspeto da região, e incluindo referências aos temerosos estrondos e grandes fumos que produziam as tais furnas, “tão feias, furiosas e horrorosas, todo aquele campo é uma mina de enxofre.” Da antiga Revista Michaelense, (Ano 3, Número 2, Julho 1920), recolhi as seguintes e pertinentes observações apresentadas pelo dr. Luís Bernardo Leite de Ataíde acerca das caldeiras furnenses: “Colunas de fumo denso subindo em caprichosas enoveladas e em movediças espirais na atmosfera, águas brotando fumegantes em estrepidosa violência, sons cavos e profundos produzidos por jactos de vapores sulfúricos e de águas lodacentas impelidas através dos canais subterrâneos, respirações ofegantes que em algumas caldeiras lembram as pulsações agitadas dum coração de gigante, manchas ferruginosas, brancas ou de amarelo puríssimo, o cheiro acre e penetrante das emanações sulfúreas, eis os fenómenos que mais vivamen-

Recordando

Caldeira Pero Botelho (1)

te impressionam fazendo em seu conjunto nascer em que pela primeira vez os observa um fundo receio de ali permanecer.” Por conseguinte, não é exagero admitir que o aspeto tenebroso dessas crateras levasse o povo supersticioso a considerá-las como habitações de demónios e de fantasmas mefistofélicos. Neste recordando visarei apenas a chamada Caldeira de Pero Botelho.

Bem assim, é totalmente erróneo inferir que Pero Botelho era de origem madeirense, e porventura cúmplice dos corsários franceses. Nesta ordem de ideias bastará recordar que Gaspar Frutuoso, no Livro II das Saudades da Terra dedicado à Ilha da Madeira, nem uma palavra escreveu acerca do enigmático Pero Botelho. No livro “Trechos da Vida Rústica Regional”, publicado em 1948, o dr. Luis Bernardo Leite de Ataíde anotou: “O nome de Pero Botelho deve, a meu ver, vir não de lendas regionais, mas sim da fonte caudalosa da tradição nacional, a certa altura derivada p’rós Açores. Segundo ela, existe uma caldeira onde as almas ficam a penar em fervura de azeite, chamada de Pero Botelho. Mais nos narra haver, no século 16, um tal Pero Botelho implicado na entrega da Madeira aos franceses. Ao ser descoberta a sua traição, foi agarrado pelo povo e lançado vivo num caldeirão fervente. Ouviu-se, então, um grande estoiro causando enorme pânico na população que, depois, ficou mais aterrada ao verificar que a fornalha surgiu reduzida a cinzas e sem sinais do corpo de Pero Botelho, que desaparecera por completo. A certeza de haver sido ele o próprio demónio encarnado em home, e da caldeira ser o inferno, mais nítida ficou a tradição na

És das Furnas bem no sei, Aonde só há inverno, E o tempo não tem lei Por lá estar o inferno. Se tu vens com teu cantar Meter aqui o bedelho, À caldeira vais parar Ali do Pero Botelho. Com respeito à origem do nome, há quem diga ter a caldeira pertencido a um Pero Botelho que, presumivelmente, a teria descoberto ou ter morrido nela. Isto, porém, não corresponde à veracidade histórica. É por demais sabido que Gaspar Frutuoso descreveu detalhadamente toda aquela região das caldeiras, e nunca mencionou quaisquer vestígios duma impressionante caldeira designada Pero Botelho. Consequentemente, carece de fundamento e crédito atribuir-lhe uma origem micaelense.

Vai de férias a São Miguel? Alugam-se Apartamentos na Zona da Ribeira Grande

Para mais informações chamar CARLOS MEDEIROS

5

707-778-0375

alma popular. Se no tempo em que Frutuoso escreveu, fins do século 16, esta lenda já se houvesse fixado nas caldeiras furnenses, teria por certo sido por ele registada nas Saudades da Terra. Deve pois ter sido importada mais tarde. Na verdade, não existe em Portugal melhor refúgio p’ra tão aterradora lenda do que a pavorosa bocarra fumegante das Furnas, vomitando em fúria p’rá atmosfera fumos espessos e pez fervente. A ideia do inferno persiste ainda na imaginação popular ao fixarse nas caldeiras. Provam-no estas quadras colhidas em desafios dos nossos cantadores.” No próximo recordando tenciono transmitir novidades acerca do lendário Pero Botelho. Até lá, deixo-vos com esta passagem extraída do capítulo 14 do livro “O Primo Basílio” de Eça de Queirós e referente à criada Juliana: “Era um bom estafermo, disse Jorge. Esperemos que a esta hora esteja a ferver na caldeira de Pero Botelho.


6

COLABORAÇÃO Do Pacifíco ao Atlântico

Rufino Vargas

F

ÁTIMA – Saceia a sede e mata a fome espiritual aos crentes e devotos de Nossa Senhora.

FADO – O Dr. Salazar que no último quartel da década de 20 e princípio da 30, salvou Portugal da bancarrota sans troika e subsequentemente orgulhosamente só, provocou um atrazo no desenvolvimento do país, dentro do contexto Europeu na ordem de meio século. Numa entrevista com o célebre jornalista e escritor António Ferro, que eu presumo ser um dos seus confidant, Salazar declarou que o povo Português era sorumbático (triste), que não gostava de fado, mas a tristeza dava-lhe jeito. À laia de queixume, dizia que a Amália Rodrigues andava lá por fora a promover a tristeza que será a nossa. Nos anos 30 do século passado grassava na Europa o Fascismo, sistema político que era fervorosamente seguido por Salazar. Mussolin, Il Duce italiano e o Führer alemão Adolf Hitler, criaram organizações para-militares, destinadas aos jóvens de idade escolar. Na Itália eram os Ballilas, na Alemanha Hitlerjugend e em Portugal era a prosaica Mocidade Portuguesa. Esta última, tinha um grande S na fivela do uniforme escolar, que a juventude envergava no meu tempo e que significava ‘’sempre ao serviço de Salazar.” Nem tudo o vento levou. Eu acho que após a célebre Revolução dos Cravos e a euforia dos capitães do 25 de Abril, é tempo de reinstituir o nome de

Salazar à ponte sobre o Tejo. O seu ao seu dono como apregoa o povo. FUTEBOL – Há muitos anos que não assistia a um jogo televisivo de futebol do princípio ao fim. O jogo da copa do mundo de 2014 era entre Portugal, minha Pátria, a que eu prestei juramento e dei o corpo ao manifesto durante ± 3 anos incluindo uma comissão de serviço militar em Moçambique, então considerada África Oriental Portuguesa, e os Estados Unidos onde resido há 43 anos, que não obstante as suas faltas, tenho orgulho de considerar como segunda Pátria. Durante a estadia longa dos militares no mato, expostos a um ambiente inóspito e deprivados de qualquer contacto com a civilização moderna, alguns militares comportavam-se de forma estranha. A esses, nós de forma sarcástica, apelidávamos de Apanhados do Mato. Pois eu, que práticamente nunca ligava à página desportiva do periódico do Silicon Valley, durante esta Copa do Mundo. era a primeira página que lia. Fui apanhado pela febre futebolística universal. A minha desilusão, foi que tive que recorrer ao canal 14 Mexicano, para ver o referido jogo. Aqui a língua de Camões, foi substituída, pelo Castelhano de Cervantes (espanhola) com o sotaque sul-americano. Compreendo que estes jogos estejam sujeitos a muitas directivas e restrições da FIFA, no entanto a RTPI como estação pública deveria ter facultado a

1 de Agosto de 2014

Portugal dos 3 F's (XXV)

Indonésia exporta atum para Portugal

transmissão grátis da copa do mundo, aos Portugueses exilados na Diáspora i.e. além fronteiras. O serviço prestado por este canal, no que concerne ao Estado da California é muito precário, por exemplo, quando anunciam, um programa informativo e altamente educativo como o Prós e Contras, conquanto informem o dia da semana, não especificam a hora da realização do mesmo. FIEL AMIGO – Era uma expressão popular que se atribuía a um animal de quatro patas o cão, e outro de barbatanas, o bacalhau. O primeiro é o animal que é ou deveria ser de estimação. A amizade que existe entre o animal de 4 e o de duas patas, sim porque nós seres humanos também pertencemos ao reino animal, é extraordinária. Adolfo Hitler, alegadamente o pior ditador da história contemporânea, quando interpelado àcerca do seu general preferido, ele respondeu que era o Blondi, o seu pastor Alemão. O segundo, constitui uma iguaria para a nossa mesa. É tão amigo que continuamos a usar expressões tais como o bacalhau está barato, que é caracterizado com muitos efusivos apertos de mão. Ou tudo está em águas de bacalhau o que significa que tudo está bem. Actualmente os Portugueses consomem mais ou menos 90 mil toneladas deste producto, o que representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior. É curioso e de certa forma misterioso, que este peixe de águas frias, tenha atraído a nossa aten-

ção e cativado o nosso paladar, ao ponto de termos tido durante as décadas 50 e 60 uma abalizada frota bacalhoeira, que anualmente se deslocava por vários meses à Terra Nova no Canadá. Pescámos tanto que os stocks do bacalhau ficaram depaupurados, o que levou as autoridades Canadianas a proibirem a sua captura. Presentemente o nosso principal fornecedor é a Noruega. Severin Tranviag é proprietário duma fábrica de bacalhau, que exporta este producto para Portugal desde 1915. Em 1972/73 trabalhou como importador, na Rua dos Bacalhoeiros n° 55 em Lisboa na baixa pombalina. Segundo ele os Portugueses consumiam o dobro. Ao contrário da percepção popular, este entendido só come bacalhau amarelo, que esteja salgado há mais de um ano. E esta! Já vi atirarem ao lixo bacalhau amarelo porque presuponham que estava estragado. Os Açores com a superfície de duzentos e setenta mil milhas náuticas quadradas (cerca de 903 mil km²) de ZEE “zona económica exclusiva", três vezes superior à ZEE do Continente. Será que nesta imensidão de mar não seja possível encontrar um peixe que substítua o bacalhau? O desafio é arranjar um fiel amigo Português e Açoriano. O peixe que é rei nos Açores, pertence à classe dos tunídeos, com várias espécies: albacora, bonito e um outro pouco falado, o atum rabilho, também conhecido como barbatana azul (blue fin). Este último é muio apreciado pelos Japoneses, na confeçção

do famoso prato sushi (atum cru). Nas décadas de 50 e 60 do século passado, o saudoso matutino o Telégrafo, publicou uma série de artigos, descrevendo a actividade piscatorial que os Japoneses vindos das antípodas - do outro lado do mundo - pescar essa espécie nos nossos mares. Num programa televisivo recente, ouvi que a Indonésia, imaginem, vizinha de Timor, exportava atum para Portugal, quem sabe se para a Cofaco. Quanto a mim a qualidade conserveira actual, é muito fraca em relação ao passado. Durante a guerra colonial no mato, o prato do dia das nossas tropas era frequentemente conservas. Eram de alta qualidade e geralmente faziam parte da ração de combate, que aqui na América é conhecida por C-Ration. Há necessidade de construir ou remodelar a fábrica da Cofaco na Madalena, recuperar a fábrica do Faial e outras Ilhas. Temos atum suficiente para responder às necessidades do mercado, o que não temos são as condições logísticas para implementar tal projecto. Se no passado pudemos ter uma frota bacalhoeira exemplar, porque não aproveitar a ajuda da UE e criar uma frota atuneira constituida por traineiras com mais autonomia e apoio de refrigeração frigorífica, tanto no mar como em terra. A bem da Nação e Açores


COLABORAÇÃO

Sabor Tropical

Rasgos d’Alma

Elen de Moraes

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

elendemoraes_rj@globo.com

Um povo surpreendente Uma selecção nem tanto

N

ão há nada que um bom apreciador de futebol não tenha, ainda, se inteirado sobre a copa de 2014. Portanto não farei comentários sobre as seleções, quem jogou bem (ou bem mal), até porque desse esporte e suas regras pouco entendo, entretanto vale lembrar o silêncio mortal que se abateu sobre o país nos momentos em que a seleção brasileira apanhava de inacreditáveis 7 x 1 da Alemanha. Tudo bem perder, já que nosso time, como diziam, não estava à altura de competir com os melhores, pela taça, mas aqueles gols, um atrás do outro, cinco em poucos minutos, pareciam “coisas do cão”! E doeu! Doeu muito! Para os que desejavam se livrar da lembrança do desastre de 1950 e exorcizar os fantasmas, vão amargar esse trauma por um longo tempo, além de ter que suportar as gracinhas - sem

sombrou os governantes e os responsáveis pela segurança, ao iniciar a copa deixou de lado os problemas internos, que só a nós, brasileiros, dizem respeito, e mostrou ao mundo, novamente, o nosso jeitinho carinhoso, educado e festeiro de receber os turistas. E foi a festa e a alegria que reinavam por todos os lugares o que mais chamou a atenção dos nossos visitantes. Se entrevistados, enalteciam a simpatia do nosso povo, a torcida em campo e mesmo quando o Brasil perdeu, se acharam que nos fecharíamos em lamentos e lágrimas eternas, enganaram-se: enxugamos nosso pranto, ensaiamos nosso melhor sorriso amarelo, e fomos torcer! Para quem? Acredite se quiser, porém fomos torcer, sim, para quem nos tirou da copa de maneira tão humilhante: a Alemanha! Claro, porque torcer pelos “Hermanos” argentinos, jamais! Se

graça - dos “Hermanos” argentinos. E se algum político brasileiro pretendia pegar carona no sucesso dessa nossa Seleção de Futebol, para se dar bem nas próximas eleições de outubro, teve que cavar, de acordo com as pesquisas, uma sepultura digna para os seus sonhos e digerir o pesadelo da uma provável derrota, pelo menos por enquanto, nos gramados da política. Aqui entre nós (e a torcida do Flamengo), fale quem quiser e reclame quem se achar no direito e no dever, porém o povo brasileiro é mesmo surpreendente: não que tenha feito muito barulho por nada, não! Fez passeata contra a realização da copa, insatisfeito com os gastos e o superfaturamento na construção dos estádios, em detrimento da construção de escolas, hospitais e da segurança, assustando o mundo inteiro que passou a profetizar o caos durante o torneio; deixou a FIFA em polvorosa com os iminentes prejuízos, já que não se falava em outra coisa a não ser na isenção de impostos dada pelo Governo, que ela negava veementemente, afirmando não ter pedido nada, deixando entender que havia detalhes obscuros a serem esclarecidos; além das reclamações compartilhadas nas redes sociais, sem deixar de mencionar, infelizmente, os “black blocs” que, inicialmente, participaram do protesto de forma pacífica, mas que acabaram por depredar o patrimônio público e privado, incendiar ônibus e viaturas policiais, instalando o terror ao usar coquetéis molotov, motivo pelo qual muitos estão presos e outros foragidos, com mandato de prisão. Pois bem, esse mesmo povo, que as-

se consagrassem campeões no nosso “Templo” do futebol, o Maracanã, iriam nos infernizar com suas brincadeiras por séculos e séculos. Os alemães nos conquistaram desde o início, com o seu marketing: queriam ser o segundo time mais popular da copa no Brasil e numa “grande sacada” envolveu o Flamengo, time com maior torcida por aqui. Criaram uma camisa rubro-negra e com ela jogaram duas vezes; bombardearam as redes sociais pedindo para que torcêssemos por eles; declaravam constantemente o quanto estavam agradecidos ao Brasil por termos feito a “copa das copas” (sinceramente, acho exagero). E foram além das palavras: idealizaram e financiaram um projeto social para os menores no Brasil, chamado “Sonhos de crianças” (15 ao todo), com 500 mil euros investidos; com a organização do “Campo Bahia”, eles bancaram a reforma do campo de futebol do vilarejo e doaram 10 mil euros para os índios da Aldeia Pataxó, de Coroa Vermelha, para comprarem uma ambulância. E digno de nota foi a dança indígena que a Seleção tetracampeã fez em volta da Taça, ao desembarcarem na Alemanha. Os alemães colocaram Santa Cruz Cabrália, Bahia, no mapa turístico do planeta, depois de conviverem por mais de 40 dias entre pescadores e índios, nessa pequena aldeia (e mostra-la ao mundo através de vídeos), um ilhéu chamado Coroa Vermelha, na baia Cabrália, onde Cabral, em 1500, ancorou suas naus, ao descobrir o Brasil.

7

Toques Oportunos

A

presença lusófona no recente Mundial saldou-se em imensa desilusão. Custou a ver, ao vivo, o descalabro emocional. Afinal, portugueses ou brasileiros, não somos assim tão bons como apregoávamos. Podemos ter nomes sonantes e vedetas milionárias mas, a jogar em equipa, fomos mesmo mauzinhos demais para nos gabarmos seja lá do que for. Faltaram-nos trunfos e forças para irmos até ao pódio levantar o cobiçado troféu. Claro que a vasta comunidade hispânica também ficou aquém das expetativas criadas. Por mais que custe a engolir ao orgulho latino, os frios alemães provaram que são mesmo os mais fortes. Marotos, já não lhes bastava mandarem na Europa. Queriam também dominar o mundo. E fizeram-no bem à sua saxónica maneira, em estilo bombástico, implacável, com disciplina férrea e espírito de equipa elevado ao grau

competir com outros das escolas circunvizinhas. A necessitar de treinador, uma vez que fora despedido o do ano transato, a diretora desportiva da escola contratou Márcio Cardoso que, por sua vez, convidou o pai e o irmão a formarem a desejada equipa técnica. Nem pestanejámos. Os treinos iniciaram-se em janeiro e os jogos prolongaram-se até abril quando, na renhida final da prova, Edendale se sagrou campeã, pela primeira vez no seu historial. Sem entrar em pormenores escusados, adianto apenas que, das quinze partidas disputadas a doer, o ‘team’ empatou uma e ganhou as demais. “A lot of fun”, concordámos todos em testemunhos expressos no jantar de confraternização para a entrega de prémios inviduais e coletivos nas diferentes modalidades escolares. ‘Fun’, claro, para os miúdos e miúdas, pelo óbvio prazer de ganhar. Já para nós, ‘equipa técnica’, ‘fun’

máximo. O segredo…? Pois, há quem diga que foi a troika. Consta que, pela calada, desceu aos balneários para lhes arregaçar as mangas e equipá-los a rigor. O plano passava por vestirem o fatomacaco da banda do avesso e comerem a relva necessária até suarem sangue, se fosse preciso. Nada de estrelatos nem vedetismos porque a chave secreta dos bons resultados assenta, sobretudo, no hábil funcionamento do ‘escrete’. Mais discretos e pragmáticos, durante um mês e tal, subiram ao relvado focados num objetivo apenas: tornarem-se campeões mundiais. E mereceram-no por inteiro quando, em louca euforia, levantaram o troféu sob o calor dos aplausos, dos sorrisos, dos festejos – o lado mais lindo do fabuloso desporto-rei. Há coisa de quatro meses vivi igualmente uma experiência marcante no campo do futebol. Sempre adorei dar uns toques e ainda hoje não enjeito a oportunidade de me entreter com uma bola à minha frente. Os meus filhos sabem disso porque passámos muitas horas juntos, da infância à juventude, correndo, saltando, pontapeando os anos a fugirem-nos depressa demais. Márcio, o mais velho já é professor de História na Edendale Middle School, situada cá no coração da área da baía que nos acolhe há largos anos. É uma escola frequentada por cerca de mil estudantes. Dentre as atividades recreativas, o soccer impõe-se como a modalidade mais participada pelos alunos e pelas alunas. O ‘team’ é misto e, todos os anos, do inverno para a primavera, entra a

foi, acima de tudo, disfrutarmos a oportunidade de juntarmos o útil ao agradável e contribuirmos para o impacto positivo que o futebol desperta na juventude dos nossos dias, cada vez mais exposta à tóxica porcaria social que a rodeia. Distrações da má ordem não faltam por aí. Por conseguinte, do papel ativo que nos cabe como adultos atentos, sabe sempre bem o empenho voluntário na diferença para melhor. Para mim, fervoroso adepto do futebol, apesar das alegrias do meu Benfica e de todas as emoções do Mundial, a maior satisfação pessoal desta temporada foi, sem dúvida, ladeado pelos meus filhos, pisar o campo com os campeões de Edendale. Na minha idade já amadurecida – poder dar ainda uns toques oportunos no fomento dos sorrisos que moldam os homens e mulheres de amanhã – não há troféu que se lhe compare.


8

COLABORAÇÃO

1 de Agosto de 2014

Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

A Pátria de Pessoa... A minha também

P

or onde andas, oh ditosa Língua minha amada, e por muitos, que ao longo de mais de oito séculos, tens sido o nosso símbolo, a nossa Glória épica, o nosso poema de Mensagem, a nossa ternura de comunicar com outros povos, que à chegada falavam em dialecto, e que mesmo assim se entendiam, nem que fosse apenas pelo gosto de um aperto de mão, um olá de alegria, uma fonte de conversa, acesa discussão sobre o que fomos e somos, com orgulho ou sem ele, mas que depressa te expandiram por tantos países, até onde chegaram as nossas Caravelas... E que pena que alguns não sintam esse orgulho de ser quem são e dos seus antepassados. Por muito tempo, assim aconteceu, com os Emigrantes na America, que mudaram os seus nomes, por medo de não serem bem aceites. Então, surgiram os Soars, e os Sears em vez de Soares, (deste, eu tenho um engraçadíssimo episódio). Os Holmes, em vez de Homem; os Ferreira foram Smith; os Rocha foram Stone ou Rock; os Coelho foram Rabit... E muitos outros... Que se faz tarde para nomeá-los. Eu nunca tive esse problema de dizer que sou Portuguesa. Há quem defenda que não temos raça definida, e eu nem entro por aí! Só sei quem sou, rejo-me pelo que sou, pelos valores que me incutiram e que já vem de longe. Já me disseram que pareço russa e nego sempre, até porque não falo o idioma, e quase sempre localizo o nosso belo País, com ilhas e tudo, que é algo que os nossos Portugueses, muita vez desconhecem. Curiosamente, as pessoas mostram-se encantadas e até lhes digo que o Governo Americano tem uma Base Militar na minha Ilha Terceira, assunto que desconheciam, mas que gostaram de saber. Sinto-me "importante", por dar estas pequenas lições, até mesmo a professores de colegio que encontrei, e desconheciam este pequeno pormenor.

Próxima Edição de 15 de Agosto * Festa de Newark * Programa do Conselho Nacional das Casas dos Açores * Convenção da Luso -American Fraternal Federation

Até aqui, tem sido assim. Daqui para lá, não sei! Já vejo Chineses a rondarem a porta, à procura de poiso para se instalarem, ou como abutres no antigo Farwest americano, e quero rir-me se tal mudanca acontecer! Se em vez de Americanos abancarem os Chineses, então hei-de ouvir mais vezes alguém dizer que a Ilha está cheia de moscas de Verão. E todos os comunas, velhos e novos, darãao um bailho de roda...

P

ortugal está na moda! Parece estar cheio de valências, de trocas e baldrocas. Manda os seus filhos para fora trabalhar, mas agrada-lhe acolher os dos outros e de procurar soluções convenientes, e coniventes nem que para tal tenha de vender a patria-mãe, que é a nossa Língua, de ajeitá-la ao gosto de cada país que lhe der mais. Primeiro, foi o absurdo Acordo Ortográfico, sem pés nem cabeça, que ainda confunde mais os que pouco ou nada sabem. Agora, até fazem pactos com o Governo Equatorial, que nem Português fala, nesta adesão ao CPLP, mesmo com quem tiver as mãos ensanguentadas de crimes contra a Humanidade... Não é a Política que é feia. São os homens corruptos que a fazem, que a ardilam, que a tecem como tarântulas, para as suas presas inocentes, E dizem-se "chefes de estado", recebidos com honras e aparatosos festejos, sem um mínimo de pisca de vergonha, que essa era verde, e um burro comeu-a! Admito, sim que às vezes este meu orgulho patriótico, sofre um colapso. Mas só nestes casos em que a minha Língua deixa de ser quem e'!

E

"O Bravo"

sta é uma canção de bravura mansa. “Eu fui à terra do Bravo” – assim principia quase todas as quadras desta canção da ilha Terceira que se espalhou a outras ilhas. Digo canção terceirense porque nela se encontra a declinação característica do modo espanhol, a chamada cadência frígia, que consiste no movimento melódico-harmónico descendente da

tónica à dominante, movimento este que é exclusivo do modo menor. Esta declinação espanhola está também patente noutras canções daquela ilha, como a “Charamba”, “O Sol” e o “Meu Bem”. E isto por uma razão de índole histórica: a ocupação filipina verificou-se durante 60 anos na Terceira, de que resultou uma natural convivência com espanhóis e consequente fusão de

canções espanholas com canções terceirenses. (Por alguma razão a festa brava está na alma dos terceirenses). Por conseguinte, “O Bravo” possui melodia bem terceirense e castiça, que se presta a bons arranjos musicais, como outrora o demonstraram três compositores terceirenses de referência: Tomás Borba, João Carlos Moniz (avô de Carlos Alberto Moniz) e Raul Coelho.


COLABORAÇÃO

A Outra Voz

Goretti Silveira mariagorettisilveira@yahoo.com

When did we become as American as we are Portuguese?

L

ast year, while in the Azores reminiscing with some old friends, one said to me, "We went to the port to wish you farewell and I couldn't believe how happy you were, laughing and so excited to be leaving. And there we were, your girlfriends, crying and very upset at your departure." I vaguely remember the day I left the town I had grown-up in, never to return as the same person again. I still have the goodbye gifts two of my girlfriends gave me just before my parents and I hoped on the launch used to transport all passengers to the ship: a twelve inch cross on a pedestal, covered in red velvet with a white, blonde, blue eyed crucified Jesus, that stands to this day on a dresser in my old bedroom, at my mother's house; and a six inch Holy Ghost silver crown, that has managed to be packed with the rest of my possessions whenever I have moved. I also remember, as we were being transported to the ship, the white handkerchiefs waving from the port in that spring clear blue-sky afternoon in 1966. I do not remember shedding a tear. Perhaps the ones who stay behind, waiting the return of their loved ones, feel the most longing — the most saudade. I was raised hearing about America's riches and democratic ways. "In America the people are all equal," my grandfather said often. "The boss sits down to break bread with his employees," he would continue. I remember waiting with anticipation for the occasional sac or trunk from America, full of women's dresses, men's suits and ties, Sears catalogues, and Norman Rockwell illustrated calendars. Many of the women's dresses were turned into girl's dresses; the men's suits into women's suits; the men's ties into colorful crazy quilts; the calendars hung on the walls for decoration, way past their original purpose; and the Sears' catalogues became ideas for seamstresses or else cutout paper dolls for the children. It was no surprise that, as soon as immigration laws relaxed for the United States of North America, my parents and many of their generation were ready to make the jump as well. "The intent of the Immigration and Nationality Act was to unite families, not divide them," the U.S. Consul in the Azores told us in perfect Portuguese, when he realized that my paternal grandfather, the naturalized citizen and the one who had made it possible for us to emigra-

te, would not be accompanying us. My father almost gave up the ghost when he heard the Consul's words, thinking that, with one word, the U.S. Consul in the Azores could destroy his dream of going to the U.S. as well as his life in the Azores, since he had already quit his job and sold his house and business. Instead we became the new generation of "americanos" we had once scoffed at. We were a cheerful and optimistic people. Soon after we invaded and settled in California, we were busy buying homes, founding bands, and patronizing all kinds of initiatives including Portuguese radio and newspaper. Turning the places we congregated into little pieces of ourselves and for ourselves. Changing old and creating new traditions. We were busy inventing ourselves. You don't miss the old when you're creating the new. It would be like missing an old boyfriend while pursuing a new one. It just doesn't happen. California was going through a period of great growth, with Southern California and the Bay Area on the lead, followed by Fresno and Sacramento Counties. In just two decades, between 1950 and 1970 California's population doubled going from 10.5 million in 1950 to 20 million in 1970. Kevin Starr in Golden Dreams (2009) joins other historians in calling this growth, economically speaking, "...the take-off era...the single greatest arc of rising prosperity in American history and, quite possibly, in all of modern history as well." We had landed squarely in the middle of all of this growth. Traditions were declining and some of our religious and cultural beliefs fading away. My generation started to forget who we were taught to be. Sometimes right along with our parents, other times in spite of them and their efforts otherwise. When did we become as American as we are Portuguese? When did we become more American? When did we stop feeling like strangers in America? When did we start feeling like strangers in the Azores and/or Portugal? I'm not sure I can answer that. What I do know is that I am an immigrant and I know how it feels to be an immigrant both in the U.S. and in Portugal. Do I miss the Azores? Not particularly. Would I emigrate from the U.S.A.? Yes, under the right circumstances, you bet.

O melhor queijo tipo São Jorge fabricado na California

Enviam-se ordens via UPS com o mínimo de 2 libras

Joe Matos

3669 Llano Rd Santa Rosa, CA 95407

707-584-5283

9


10

COLABORAÇÃO

1 de Agosto de 2014

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

O

atual governador da Califórnia, Jerry Brown, é um fenómeno político. Num jogo em que não há segundas oportunidades, como é a política estadunidense, o presente chefe do executivo californiano, não só ressuscitou a sua carreira política como restabeleceu o estado da Califórnia como um dos estados americanos mais produtivos e estáveis. Tal como escreveu recentemente a revista The Economist, a Califórnia voltou.

Para quem não se recorda, Jerry Brown foi governador da Califórnia entre 1975 e 1983. Foi um dos governadores mais jovens, não só neste estado, mas em todo o país. Tinha 37 anos quando foi eleito chefe do executivo em Sacramento. Exerceu o cargo durante dois mandatos, marcados por alguns dilemas económicos e pela sua desmedida ambição de concorrer à Presidência dos Estados Unidos. Depois da segunda e última tentativa, no ano de 1992, perdendo num duelo problemático com Bill Clinton (é sabido que os dois detestam-se), Brown voltou às bases. Após um período em que foi alvo de alguma ridicularização da critica americana e do mundo de Hollywood, tornou-se locutor e comentador da rádio em estações progressivas, como a KPFA de Berkeley e a rede nacional Pacifica. Mais tarde concorre a presidente da Câmara (Mayor) de Oakland, uma das mais problemáticas cidades deste estado, sendo eleito por dois mandatos. Em 2006, concorre e ganha as eleições para procurador-geral do estado. Em 2010, num ano em que os Republicanos conquistaram as eleições nacionais, incluindo muitos executivos estaduais, Brown, concorrendo contra uma multibilionária do mundo da alta tecnologia, (cujas

companhias são vistas como novos deuses) Meg Whitman, ex-presidente da e-bay, dada à partida como vencedora, com o New York Times a rotular Whitman como: a próxima governadora e depois, possivelmente a primeira mulher presidente do país, Brown, contra tudo e todos, ganha desafogadamente o cargo que havia ocupado, pela primeira vez, há quase quatro décadas. Tomando posse num período extremamente difícil, numa época em que The Economist proclama a Califórnia como um estado "ingovernável", com Mitt Romney e outros "peritos" do mundo económico a comparar a Califórnia à Grécia, Brown, mais uma vez, tomou as rédeas da governação. Com o seu estilo único, tornou um défice que assustava todos os dirigentes políticos, quer da direita, quer da esquerda, com o valor anual de 25 biliões de dólares num excedente, que para este ano fiscal será no valor de 4,2 biliões de dólares. Como foi que, num período em que quase todos os estados estão com défices orçamentais, e com um estado à beira do caos, o atual governador, transformou a Califórnia, ressuscitando-a do abismo em que se encontrava? Muito simples! Brown apostou na inteligência da maioria dos californianos, e propôs um aumento ligeiro nos impostos, incluindo os mais abastados, que durante a desastrosa administração de Arnold Schwarzenegger (um mau ator, péssimo politico e pavoroso administrador publico) haviam tido reduções atrás de reduções. Porque a resposta para qualquer crise económica da direita é reduzir nos impostos dos mais ricos e esses com os seus corações de ouro passarão as benesses aos mais pobres. Claro?! Depois dos dois primeiros anos terem sido algo turbulentos, em 2012, Jerry Brown deu tudo por tudo, pôs

Memorandum João-Luís de Medeiros

Ressuscitou!!!

O regresso da California ao Patamar Americano a sua cabeça na praça publica e convenceu os eleitores californianos que os dias de retirar aos pobres para dar aos ricos haviam terminado, que era essencial que todos tivessem aumentos nos impostos, mas mesmo todos. Como é mais do que óbvio, caiu o Carmo e a Trindade nas hostes conservadoras. Os Republicanos anunciaram o fim da Califórnia e os Tea Party profetizaram (só profetizam, porque a ciência não lhes diz nada, a não ser quando curam, com a ajuda da ciência as suas doenças) o fim da civilização ocidental na Califórnia. O resultado foi muito diferente. Depois de serem aumentados os impostos nos mais endinheirados do estado, com aumentos que atingem os 29% (os aumentos, entenda-se) para quem tem vencimentos além de um milhão de dólares. Ou seja, uma taxa progressiva, como devem ser todos os impostos, e que oscila entre 2% para quem ganha 17 mil dólares por ano, 3,5% para quem ganha 55 mil dólares, 9,3% para quem ganha 250 mil dólares, 12,3% para quem ganha 500 mil dólares, etc. O governador também propôs, em plebiscito, e aprovado pelo grande publico (apesar do medo que os conservadores lançaram na comunicação social), um aumento de 25 cêntimos nos impostos sobre as vendas. A aprovação destas medidas pelo eleitorado, acompanhadas pelas vitórias significantes dos Democratas na Assembleia e no Senado, e uma governação de responsabilidade fiscal que simultaneamente rejeita as medidas draconianas impostos em outros estados pelos conservadores, não só renovaram a economia, como trouxeram a todo o estado novos investimentos e um reavivado espírito de progresso social. Com o excedente no orçamento geral do estado, e ao contrário do que berram os republicanos (são tão pou-

P

O

governador, com o seu estilo único, não tem sido totalmente pacifico nas suas medidas. Brown tem desafiado a esquerda e a direita. Algumas alíneas no seu programa governativo, necessárias, na minha opinião, têm assanhado algumas hostes da esquerda, habituadas a uma certa rotina dos políticos do Partido Democrático. Porém, a sua governação têm sido extremamente positiva. Promulgou a lei que aumenta o salário mínimo do estado (para 10 dólares à hora

em 2016); apoia, incondicionalmente, o Dream Act, dando aos filhos de emigrantes clandestinos as mesmas oportunidades dos outros jovens; decresceu o desemprego estadual em 4 pontos percentuais; apoiou medidas para descentralizar mais serviços públicos, dando mais voz e mais controlo aos governos locais e pela primeira vez em dez anos o Standards & Poor acaba de dar à Califórnia uma nota positiva. Tudo isto sem ir aos bolsos da classe média, em detrimento das classes favorecidas. Jerry Brown é seguramente um dos governadores mais populares na contemporaneidade americana e deve ser reeleito sem muito esforço. É um dos lideres do Partido Democrático mais respeitados. Porque tem 76 anos, (apesar de ter um estilo de vida ultra saudável) é muito possível que não se candidatará à presidência do país, porque se o fizesse, e tivesse menos uma dúzia de anos, seria, definitivamente, o próximo presidente dos Estados Unidos. Porém, como governador de sucesso, espera-se que tenha uma voz muito ativa na plataforma do Partido Democrático e isso é uma mais valia para todos os americanos que se preocupam com a justiça social. Se foi importante para ele, para o seu legado político, esta ressuscitação, não foi menos importante para o estado da Califórnia. O mundo da política tem estas belezas. Restabelece-se uma carreira politica e dignifica-se as condições de vida de 38 milhões de pessoas. E ainda há quem diga que os políticos são todos iguais!

Quando os melhores vencem

jlmedeiros@aol.com erante a benigna ousadia de formular perguntas pertinentes, felizmemte nem sempre recebemos respostas levianas: Escrever para quem? Comunicar com quem?… Numa comunidade com sabichões em saldo, onde ficam os ‘armazéns’ da solidariedade étnica para comparar ideias, comungar saberes, conferir conclusões…? Para muitos (como costumo lembrar) a decisão de aprender e a missão de ensinar são martírios a evitar… Os que persistem na partilha grátis do próprio pensamento (através da imprensa da diáspora lusófona) são geralmente apodados “gente com muito pouco que fazer”. Falo apenas por mim: ‘os carvalhos e os ciprestes não crescem à sombra uns dos outros’. Quem caminha pelas atalhadas autónomas da escrita fica cada vez mais exposto ao emaranhado narcísico da própria solidão… embora porventura consolado com a conhecida expressão de Fernando Pessoa: “muito aprendo com a solidão”. Quando o século XXI decidiu visitar o nosso planeta, fiz questão de chegar, algumas semanas mais cedo, aos confins da

cos em Sacramento que têm que ter forçar as suas cordas vocais), o governador vai investir o dinheiro no sector publico, o que, como sempre acontece, criará mais oportunidades para a classe média. Em vez de dar mais vantagens aos grandes capitalistas para comprarem mais iates e aviões privados, como o faria a direita, o governador investirá o excedente no ensino publico, desde o ensino básico ao universitário; 2,4 biliões para cobrir cerca de 1,4 milhões de pessoas que não têm recursos para comprarem um seguro de doença; 250 milhões em programas alimentares para as crianças e famílias necessitadas e 250 milhões provenientes do imposto sobre a emissão de gases carbónicos para a construção da linha férrea que permitirá o tão desejado sistema de comboios de alta velocidade, tal como existem em todos os países desenvolvidos deste planeta. Mais, Brown, com o apoio das câmaras legislativas, acaba de anunciar que irá pagar, com o excedente, uma grande parte do endividamento que os municípios tiverem que contrair durante a administração de Schwarzenegger para manterem os seus serviços básicos nas suas respetivas cidades e vilas.

mexifórnia para lhe dar as boas-vindas. Sim, apreciadas(os) cavalheiras(os), vivo longe, mas nunca distante: tenciono testar os meus dizeres junto da vozearia comunitária, para melhor acicatar (confiadamente) o diálogo intergeracional. Aprender a formular perguntas é um imperativo necessário: será que os descendentes daqueles arrojados baleeiros (que vieram aqui parar há mais de um século) sentem orgulho nas suas tradições étnico-culturais? Que visão comunitária têm hoje em dia os ilhéus oriundos do meio rural, aqui chegados na ‘onda dos anos 60’ (com seus filhinhos nascidos em território norte-americano, mas criados no ‘berço-limbo’ maternal das avós… até serem lançados ao desafio étnico-tauromáquico do destino imigrante?). Geograficamente falando, não creio ser urgente saber onde vivem: que poderemos aprender da sua experiência (‘gente-da-nossa-gente’ que desconhece as passadeiras subsidiadas dos ‘caixeiros-viajantes’ da saudade, quase todos useiros protegidos pelo biombo emocional do bilinguismo… Em termos comunitários, é bom não es-

toda a gente ganha

quecer que as Mulheres estão a progredir num ritmo discreto e até inteligente. São elas que aparecem a frequenter as aulas preparatórias para prosseguir estudos de natureza profissional; são elas quem mais tentam a ligação às ‘linhas-abertas’ das estações locais de rádio comunitária; são elas, ainda, as militantes da revolução silenciosa na esfera da promoção cultural, professional, e até empresarial… Sim, estamos a referir a valentia das Mulheres – outrora manipuladas pela fidelidade doutrinal imposta pela mentalidade patriarcal e marianista. Na década de 60 e de 70, quando muitas açorianas foram lançadas na vala-comum da emigração, não durou muito para serem leiloadas (sem aviso prévio) no rés-do-chão da produtividade industrial, trabalhando em turnos nocturnos, sob o inevitável delírio de sobreviver aos esbirros da “ditadura da necessidade” e à esperteza saloia dos chamados ‘boss-verdasca”. Chego a suspeitar que elas descobriram que a prioridade duma sociedade orientada para a produção deveria ser a de “produzir gente livre”…

-

Muitas dessas prestimosas Mulheres (nossas conterrâneas/companheiras) descobriram que vieram dum mundo repleto de formalismos passadistas, com tiques e vénias senhoriais. De resto, em termos quantitativos, poucos dão pela nossa presença étnica – silenciosa e silenciada. Daí que seja preciso (urgente!) marcar a nossa presença pela senha da boa qualidade… Embora empurrado pela geografia (mas nunca indiferente) apresento-me aqui para aplaudir o crescente despertar da qualidade sócio-cultural da açorianidade, em terras da Califórnia – oásis do sonho norte-americano, onde há lugar para todos no carrousel da competência. É que, “quando os melhores vencem, toda a gente ganha.” …/… Termino repetindo algo que aprendi nestes últimos 30 anos, como cruzado da Imigração: “Porque somos poucos – temos de ser dos melhores!” (*) o autor não aderiu ao recente acordo ortográfico


COLABORAÇÃO

11

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida eialmeida@yahoo.com

A Famosa bacia leiteira do Vale do Chino... ... retomou o processo de desmoramento.

A

penas uma mão cheia de unidades produtoras de leite existem agora das que num passado recente foi a maior concentração de produtores e produções de leite do nosso universo. “Bulldozers” retomaram a sua acção destrutiva dessas facilidades para produzir leite no “Chino Valley”. Este processo iniciado há duas ou três décadas sofreu uma travagem brusca durante a grande recessão de 2008-2009, mas nunca parou por completo. Esta actividade é o inevitável resultado do fim do que foi o centro do mundo na produção de leite por muitas décadas. “Herringbone parlors”, “automatic takeoffs” e “self-locking stanchions” foram alguns dos primeiros e mais sofisticados industrializados sistemas para produção de leite em massa. Automatização e independente

consultores em nutrição, foram nascidos e criados aqui. Equipamento “Heavy-duty” para todas as operações da agropecuária foi inventado aqui, o Mundo inteiro viu e copiou como os produtores de leite do “Chino Valley” produziam leite. As ultimas sobreviventes daquilo que foi um mar de produções de leite e que fisicamente eram pequenas localidades, Chino-Corona-Ontário-Mira Loma, áreas que estão novamente em terra planagem para dar lugar a um crescente mar de casas que estão já a chegar às suas imediações. Esta não é a primeira vez na historia da agropecuária do Sul da California que tal acontece. O processo teve início no Oeste do Condado de Los Angeles na década dos 1920s e 1930s, no Leste do Condado em 1940s e 50s, e no Condado de Orange 1950s e 60s. Umas poucas duzias de operações estão agora a funcionar, uma pequena fracção do que um dia foi o grandioso produtor de leite no Vale do Chino. A estimativa de quantas vacas ou organizações ainda existem varia conforme a opinião de cada um ainda com ligação à industria. A organização “Milk Producers Council” em Ontario, adianta numeros tais como 75, mas banqueiros locais são da opinião de que operações comerciais não ultrapassam o numero de 30, com aproximadamente o mesmo numero de negócios não operativos.

Numeros adiantados pelo “California Department of Agriculture” sugerem que 30 operações contam com um total de 32.000 vacas enquanto que 75 contam com menos de 79.000. Todas estas estimativas são uma pálida realidade daquilo que foram os dias de apogeu e glória da industria naquela área: 330 operações em 1984 e 300.000 vacas em 1991. A corrente demolição acelerou perto do fim de 2012, devido ao gradual melhoramento da economia nacional, e o prolongado período de juros a menos de 4 % por 30 anos. No entanto o processo de transição de “dairies-to-houses” foi diferente desta vez. Na década passada virtualmente todas as operações envolvidas eram em no Condado de Riverside, geralmente nas imediações do Chino. Poucas destas venderam diretamente por “cash” (dinheiro à vista) e os termos para cada um dos negócios variou em larga escala. Desde nada à frente, e tudo ao fecho da escritura, para

um pagamento à frente, ou prováveis pagamento periódicos ou possívelmente nada, por um certo período como investimento a médio prazo, muitos dos preços oferecidos orçaram entre $200.000 para $450.000 por acre de terreno, mas nem todos os negócios tiveram secesso. Quando em 2007 a "bolha" residencial rebentou, alguns compradores simplesmente ignoraram as suas dívidas e deixaram as suas casas, outros foram à falência, ou os seus parceiros financeiros foram. Como rersultado, os vendedores acabaram com propriedades para as quais não se haviam preparado. No entanto dinheiro investido naquelas zonas do Estado cresce como as ervas daninhas. Uma operação de 500 vacas vinda do Sul crescia para 10.000, no Vale de San Joaquin. Peritos na industria local acreditam que estes preços vão continauar a subir e predizem, que $1 milhão por acre é possível nos próximos 2 anos. Ofertas para esses montantes já foram feitas em zonas privilegiadas do Vale do Chino.

CIDADE DE SANTA CLARA AVISO DE ELEIÇÃO MUNICIPAL PARA PRESIDENTE DE CÂMARA E DOIS VEREADORES MUNICIPAIS. Informa-se que, na Terça-feira, 4 de Novembro de 2014, será realizada na cidade de Santa Clara, Condado de Santa Clara, Califórnia, uma Eleição Geral Municipal, em simultâneo com a Eleição Geral em todo o Estado, para a eleição de Presidente da Câmara e Vereadores para as posições com os Números 2 e 5. ROD DIRIDON, JR. Secretário Municipal Cidade de Santa Clara


12

COLABORAÇÃO

1 de Agosto de 2014

JÚLIO NUNES DE MATOS

CONSTRUTOR NAVAL DE SANTO AMARO DO PICO

J

úlio Nunes de Matos nasceu em Santo Amaro do Pico, a 22 de Janeiro de 1923, na casa que hoje tem o nº. 5 da Rua Manuel Inácio Nunes, no lugar do Pesqueiro Alto. Filho de José António de Matos e de Maria da Glória Nunes, teve como irmão mais velho José António de Matos Jr.. O actual nome desta Rua representa uma justa homenagem ao ilustre emigrante Santamarense que em finais do Séc. XIX emigra para a Califórnia, onde mais tarde, em Sausalito, veio a atingir grande notoriedade como Construtor Naval. Júlio Nunes de Matos, frequentou a Escola primária de Santo Amaro até concluir o 2º. grau do Ensino Primário. Cresceu e viveu a infância e juventude com a Mãe e o irmão, estando o Pai ausente boa parte do ano em viagens inter-ilhas, pois fez parte da tripulação do Iate Santo Amaro durante 40 anos, (dos 18 aos 58 anos). Sendo Santo Amaro do Pico o principal centro de construção Naval nos Açores desde finais do Sec. XIX, de muito novo se entusiasma com essa arte, chegando a, na loja da própria casa, armar pequenos barcos recorrendo a caules de plantas de tremoço, com os quais organizava as cavernas mestras. Trabalhou em alguns estaleiros como assalariado, até ao seu ingresso no serviço militar em 1944, Fez o serviço Militar no Castelo de S. João Batista em Angra do Heroísmo, onde assentou praça em 1944, tendo sido 1º. cabo atirador, passando à disponibilidade em 1946. Casou com Ana Jacinta do Carmo, filha

de Roque Francisco Morais e de Maria da Glória Simas em 27 de Outubro de 1947. Do casamento nasceram cinco filhos: Júlio dos Santos Matos, em 1 de Novembro de 1948, Amaro de Matos, em 15 de Janeiro de 1951, Paulo Roque de Matos em 16 de Janeiro de 1954, Maria Raquel Morais de Matos, em 29 de Janeiro de 1958, e Renato Amaro Morais de Matos em 15 de Janeiro de 1961,. Após o Serviço Militar, iniciou, por conta própria, trabalhos de carpintaria de construção civil, vindo dois anos mais tarde a dedicar-se exclusivamente à Construção Naval, construindo pequenos barcos de pesca local, de entre os quais se salienta a lancha CATITA, embarcação de vela e remos, construída para seu uso pessoal. Em Setembro de 1955, contava 33 anos, no lugar da Manhenha, freguesia da Piedade do Pico, constrói a primeira Traineira, o Ponta da Ilha, embarcação destinada à pesca do atum. Em 1957, já em Santo Amaro, ainda num espaço alugado, constrói outra traineira, o Pão dos Pobres para no ano seguinte, no mesmo lugar, construir a Pérola do Pico e a Senhora da Saúde. Em 1959, adquiriu um terreno onde implantou o seu próprio Estaleiro e iniciou a empresa Oficina de Construções e Repa-

1923 - 1994

rações Marítimas de Júlio Nunes de Matos. Numa primeira fase, toda a actividade foi desenvolvida com ferramentas manuais. Foram entretanto construídas na própria empresa, algumas ferramentas mecânicas (uma garlopa, uma serra de fita e uma serra de disco). Depois, com máquinas importadas foram-se pouco a pouco mecanizando as principais áreas: serragem e preparação geral de madeiras. Seguiram-se anos de grande actividade, modernizaram-se processos com a introdução de várias máquinas eléctricas de trabalhar madeira, e construíram-se e remodelaram-se centenas de embarcações de todos os tipos. Quando Júlio Nunes de Matos inicia a sua actividade em meados dos anos 50, já se havia construído um número assinalável de traineiras pois estava-se a iniciar, com o tipo de embarcação que parecia ser o mais adequado, a pesca do atum. Passado pouco tempo, e com o sucesso das capturas entretanto conseguidas, veio a notar-se que a frota construída pecava em vários aspectos: a dimensão das embarcações não era suficiente, e as suas qualidades náuticas, como condições de permanência a bordo e os próprios requisitos para uma navegação segura, não estavam garantidos. Essa realidade levou a que boa parte da sua actividade se tenha centrado na ampliação e reconstrução de muitas unidades, construídas por outros construtores mais antigos. Neste capítulo este construtor Naval de Santo Amaro do Pico deixou claramente marcada a sua grande capacidade para a conjugação perfeita entre a criação dos espaços necessários com o equilíbrio das formas e da estética. Em suma, para o “Risco”. Das embarcações de porte construídas de raiz, contam-se o Ponta da Ilha, o Pão dos Pobres, a Pérola do Pico, a Senhora da Saúde, a Regina Maria, o Gamy, o Ilha das Flores, o Rabugento, o Pérola de São Jorge, o Prancha, o Golfinho, o Gigante, o Comandante Newton, a Genisa, a Tudi, e o Cruzeiro do Atlântico, baseado num projecto seu, mas construído por outros. Vários foram também os batelões de carga e descarga de Navios construídos para os portos de Lages e de São Roque. De todas as unidades construídas de raiz, o D. João de Castro terá sido a unidade esteticamente mais bela, com um desenho ao nível de superestructuras completamente inovador para uma traineira. Foram várias as embarcações ampliadas e reconstruídas, que se tornaram com isso unidades aptas para um desempenho que as suas formas originais não permitiam. De entre os barcos modificados, há bons exemplos de reconstrução Naval quer na melhoria geral das unidades, quer mesmo do ponto de vista estético. São bons exemplos disso, a Gavina, o Pontas Negras, ( depois Marujo ), o Castelete, o Comandante Rodrigues Gonçalves, o Terra do Pico, o Sandiego, o Castelo

Branco, o Treze de Maio, a Elba, a Garça, o Condor, a Urzelina o Mimela, a Ganhoa, ( depois Princesa Alice ), o Ribeira do Meio, a Flor do Pico, o próprio Ponta da Ilha por si construído, a Geralda, o Gamo, o Zeus, o Fernão de Magalhães, o Espírito Santo, o Terra Alta, a Calheta. Umas das obras mais emblemáticas do seu estaleiro, terá sido a grande remodelação e reconstrução da Lancha Espalamaca, que transformou uma embarcação com grandes limitações para o transporte de passageiros, naquilo que ainda hoje podemos apreciar, no que resta desta lendária embarcação, embora num estado de conservação lastimoso, no Porto da Madalena. Paralelamente com a construção e reparação das unidades referidas, foram construídas e remodeladas largas dezenas de pequenas embarcações para diversos fins. A pedido da Associação de Navegação Santamarense, proprietária do iate Santo Amaro, elaborou na década de 80, um projecto para a construção de um novo barco. A diminuição do serviço de cabotagem inter-ilhas, e outras dificuldades conjunturais, levaram a que a embarcação nunca viesse a ser construída. Em 1984, apresentou um anteprojecto à então denominada Direcção Regional das Pescas, de uma unidade para a Frota que

viria a ser designada por “Frota Azul”. Vicissitudes várias vieram a impedi-lo de o concretizar. No entanto, mesmo a esta distância, pode notar-se, claramente, a introdução de certos pormenores do seu projecto nas unidade construídas a partir dessa data. Júlio Nunes de Matos foi um cidadão disponível para a participação cívica. Participou quer pessoalmente, quer disponibilizando materiais e meios em diversas iniciativas em obras Paroquiais. Em 1964, fundou o Operário Futebol Clube de Santo Amaro, clube a que presidiu até à década de 90. Promoveu, com vários apoios que congregou e com o apoio entusiástico de todo o Povo da freguesia, a construção e mais tarde a ampliação do campo de jogos, em terrenos que adquiriu e doou à freguesia, e que hoje se encontram transformados num parque público. Foi Regedor, e mais tarde Presidente da Junta de Freguesia. Com o declínio da pesca do atum nos anos 80/90, mais os erros cometidos pela falta de um prjecto credível no que diz respeito à já citada “Frota Azul”, decresceu a actividade da construção naval, e o aparecimento da Fibra de Vidro criou, de alguma forma, um outro espaço na indústria. Mesmo com todas essas contingências o Estaleiro funcionou, embora com menos pujança, e só encerrou definitivamente em 1994 com o desaparecimento do “Mestre Júlio”, como ficou conhecido. PS - Eu gosto de chamar a Santo Amaro do Pico, a “TERRA DOS BARCOS”, em homenagem aos homens do mar e de todas as suas Artes

Amaro de Matos


COMUNIDADE

2014 LAL-West Convention Schedule

13

Officers, Delegates, Members & Friends of the Luso-American Fraternal Federation and Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel Welcome to the 2014 Annual Convention, we hope your stay will be a memorable one! This year’s Annual Convention is being held in the city of Indian Wells at the Renaissance Esmeralda Resort and Spa. This celebration marks yet another milestone for our Society as we once again come together as a fraternal family to celebrate our Portuguese heritage, traditions and culture. Our Society which was originally founded in the City of San Francisco on August 6, 1868 as the “Portuguese Protective and Benevolent Association” marked its 50th anniversary of the incorporation and merger of the Portuguese Protective and Benevolent Association and the Portuguese

Continental Union of California on July 1, 2007. In 2002, The Portuguese Continental Union of the USA (PCU) headquartered in Massachusetts, merged with Luso-American Life Insurance Society. This was followed by another merger with the Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel (SPRSI) in 2008 which was founded in 1898 in Oakland, California. Over the ensuing years, the Society has experienced many changes, but its aims and purposes have always remained the same: “To unite a people with a common bond into a force for the preservation of its culture and traditions”. As such, we can all take pride in the role our Society has played in the lives of thousands upon thousands of Portuguese immigrants and their families here and abroad. During our Presidential term, while trave-

Santos-Robinson Mortuary San Leandro

ling and visiting with our fraternal family in the states of California and Idaho, we have seen the sacrifice and devotion it takes by so many tireless and devoted members, to keep the torch of the Luso-American Fraternal Federation held high. This pride is a beacon of hope to all those who share our aims, purposes and our common values. As we begin our Convention and enter the final days of our terms of office we cannot help but look back with many fond memories to all who extended to us so much kindness and hospitality. We sincerely Thank You all!

Manuela de Borba Cross SPRSI President Anthony Machado Youth President Abel Dutra 20-30’s President

Fraternally your Presidents, Paulo Matos Federation President

www.radiolusalandia.com Sábados - das 12 - 4pm Domingos - das 9 - 11am

Family owned California FD-81

* Servindo

a Comunidade Portuguesa em toda a Área da Baía desde 1929 * Preços baixos - contacte-nos e compare * Serviços tradicionais / Serviços crematórios * Transladações para todo o Mundo * Pré- pagamento de funerais

Madeline Moniz Guerrero Conselheira Portuguesa

Telefone: 510-483-0123 160 Estudillo Ave, San Leandro, CA 94577

As melhores panorâmicas dos Açores são de José Enes Tel. 562-802-0011


14

ENTREVISTA

1 de Agosto de 2014

SERVING THE PORTUGUESE–AMERICAN COMMUNITIES SINCE 1979

Mais Lúcia Soares

portuguese

• ENGLISH SECTION

luciasoares@yahoo.com

Luso American Fraternal Federation Chair Linda Vieira:

The first woman chairperson of Luso American Tell us a little about your background. (Where were you born, where did you go to school, where your parents are from.)

How did you choose to become engaged with Luso? Give us some of the lowlights and highlights of your journey.

I am a second generation PortugueseAmerican born in San Jose, California and have lived in Santa Clara, California all of my life. I attended local Santa Clara elementary, middle schools and graduated from Santa Clara High School. After graduation I attended De Anza College in Cupertino, California and received my Associate of Arts Degree in Humanities; I proceeded to pursue a career in health care and attended Saint Mary’s College of Moraga were I received my Bachelor’s Degree in Health Service Administration. After a few years of working in the health care arena I realized that I should complement my business degree with a Nursing Degree

I became a member of Luso-American Life Insurance Society, (formerly, United National Life Insurance Society), fifty years ago when my parents bought me a life insurance policy. I remember going to the Luso Conventions, Presidential visits and many events sponsored by the Luso-American Education Foundation, especially those held at Jack London Square. I was very ambitious and wanted to try new things, to become involved, but the committees at the hall had nothing to offer a minor, except parade participation. The Luso events seemed to be “kid friendly”; I had always dreamed that one day I could be a part of one of those folklore dance

and it was at that time that I returned to school and was accepted into the nursing program at De Anza College of Cupertino. My father, Albert S. Vieira, was an immigrant from the Rosais, São Jorge, Azores, my mother Catherine M. Vieira was born in San Jose, California and is of Portuguese descent as well, her father, my grandfather Manuel Souza was from Santa Cruz de Ribeiras, Pico, Azores and my grandmother, Frances Souza was born in Watsonville, California and her parents were from São Jorge and Pico. I have one sibling, my brother Manuel A. Vieira. My brother has three children Albert, Elisabeth and Manuel. Having been born and raised in California my exposure and involvement in the Portuguese community, culture and events was dependent on what my parents were involved with and what my parents would allow me to be involved in. Needless to say being the oldest child of a Portuguese immigrant and being a female did not allow me the opportunity to “do as I wished”, there were rules and cultural etiquette to follow; this was at times quite challenging. Growing up I remember my parents taking me everywhere they went visiting friends, family, Festas and Luso events. As a young child I participated in the Holy Ghost parades in various capacities including small queen and big queen for the I.F.E.S. of Mountain View, California.

groups that I had watched at the conventions and at Jack London Square. Then it happened, one day, at one of the Presidential visits I remember someone talking to my dad about me participating in the Luso Convention Queen Contest, thus my personal journey with Luso began! At the 1975 convention, I reigned as Convention Queen representing an adult council; I was invited to attend the youth administration meeting as a guest. This exposure to the youth of Luso truly inspired me and I wanted to become an active part of this group, so it was at this time that I had joined the youth council of San Jose and became an active member of the Luso-American Fraternal Federation. I have been very involved and have held many positions in our great Society through-out the years since that convention in 1975. The list is indeed long, so I have condensed it listing only a few of the milestones that have contributed to who I am today: Luso Convention Queen 1975, State Youth President 1978-1979, State 2030’s Associates President 1984-1985, Director of Youth Programs 1988-1994, Luso-American Fraternal Federation State President 2006-2007, Luso-American Fraternal Federation Chairman of the Board 2007-2008, Luso-American Life Insurance Society Director 2008-present, Installing Officer 2013, Chairman of the Board Luso- American Life Insurance Society 2014.

The key highlight of my Luso journey was when I held the position of Director of Youth Programs. It was so emotionally rewarding to be backstage with the youth of our society to share in their excitement about finally being able to perform their act at the convention. Unless you have been directly involved with the youth words cannot begin to describe the energy and enthusiasm that is felt and shared backstage at the youth theatrical program; these children, youth directors, youth leaders and parents have invested countless hours of the months preceding the convention to prepare for the ten minute performance presented at the convention. The program presented by the youth is truly stellar and I find it amazing on how every year the caliber of the performance continues to grow. My other highlights of my journey include many firsts for primarily the women of our organization this being in 1984 when I was installed as the 20-30’s Associates President and I shared my term with two very inspiring and wonderful women, Rosa D. Silveira and Natalia Jacinto; this was the first time in the history of our Society that three women were Presidents. The next highlight of my journey is when I was installed as State President of the Luso-American Fraternal Federation and shared my term 2006-2007 with two extremely talented and lovely ladies, Michelle Stilwell DaSilva and Kayla Rodrigues, ( we were nicknamed the “Luso Divas”); this was the second time in the history of our society that three women were President. In 2013 I was asked by the incoming Luso President, Paulo Matos, to be the Installing Officer at the inauguration of the newly elected officers to the Luso-American Fraternal Federation, this was truly an honor to have been asked. The Installing Officer at the convention historically must be a Past President and of all the Presidents our Society has had and I was asked was indeed a memorable milestone along my Luso journey. At present, being the first woman Chairman of the Luso-American Life Insurance Society is truly a highlight and a huge responsibility. My position as Chairman has just begun and I make no promises, except that I will do the best that I can for the continued progress of our Society as a whole and for the membership that LALIS represents. What does it mean to become the first woman to hold the Luso chair position? What do you plan to achieve in this position? It is with great honor and pride that I represent the Luso-American Life Insurance Society (LALIS) as the first female Chairman of the Board. It is not only a personal accomplishment, but an accomplishment for our Society. Historically our organization only allowed male members; it was not until the convention of 1945 that the by-laws were amended to permit the admission of female members with the same rights and privileges as male members. Luso continues to progress and evolve and has done so especially in the last 36 years when they began to allow women to become line officers of the Luso-American Fraternal Federation. I think it was a turning point in our fraternal society, it demonstrated to the Portuguese community that

stereotypical biases, gender inequality and structural oppression do not exist within our organization and the best person for the job or position is who is capable of doing the job. As Chairman of the LALIS Board my goal is to continue the progress and mission of Luso-American Life Insurance Society, “To be the premier provider of life insurance, financial products and fraternal services to the Luso-American communities”. I want to continue to empower the Fraternal Branches of our Society, Luso-American Fraternal Federation, Portuguese Continental Union, and Sociadade Portuguesa Rainha Santa Isabel, to assume the leadership and direction of the fraternal, social, civic and cultural activities of our Society; and the Luso-American Education Foundation to promote, advance and host events educating the public of our Portuguese culture, customs, and traditions; to continue the promotion of higher education via the scholarships and grants that they award annually. The LALIS Board works together as a team, although I am named “Chairman”, I cannot accomplish anything alone; our Board is a collaborative volunteer Board that devotes many hours to the business matters of our Society as well as providing guidance to our fraternal branches. Can you share with us your leadership style and an example of how it has impacted the organization? Leadership Style? I never thought much about what type of “style” I have, but I would venture to say that I probably lead by example. Regardless of the leadership role, personally or professionally, I firmly believe that a person cannot lead others without knowing, understanding and having had done the task or job that you are managing. I think that the qualities of an effective leader of any organization or business must be adapted and applied to the particular demands of the situation, the requirements of the people involved and the particular challenges facing the organization or business. I do not have any one example of how my leadership style has impacted the organization; I would have hoped that somewhere along the way I have inspired or motivated someone, but that I do not know for sure. Perhaps I may have an example at the end of my term as Chairman. Can you tell us what influence coming from an Azorean/Portuguese background have on who you’ve become? Influences from an Azorean/Portuguese background come from the values, beliefs and principles that were instilled in me by my parents while I was growing up; family values, morals, dedication, commitment and a diligent work ethic. What advice would you give women pursuing leadership positions in our community? Leadership roles are not typically something that someone strives for directly, in my opinion they seem to evolve from a good work ethic and personal determi-


ENTREVISTA

15

nation. My advice to women pursuing a leadership position is to work hard, be honest, sincere, know and understand what it is that you are doing inside and out, acknowledge what it is that you don’t know or understand, ask questions, listen and learn. You will be tested and challenged by colleagues and peers, but never let your guard down. If you are knowledgeable and confident people will see it and respect it. What challenges do you encounter in trying to have a work-life balance? How do you overcome the obstacles? The work-life balance has always been a struggle and it seems to be my lifelong challenge; as I strive to simplify my life the more complicated it seems to become, I am not sure how that happens, but those that know me understand. Somehow I am able to overcome the obstacles of time by prioritizing what needs to get accomplished and by having a very patient and supportive husband; I am married and have no children. Professionally I have worked in health care for 35 years; I am a registered nurse specializing in gastroenterology. Throughout my career I have worked in various capacities of patient care, management and administration. We all have goals, expectations and a plan of what we think our life is going

Luso-American Life Insurance Society Board of Directors

Tony Sozinho, Joseph M. Machado, Eduardo Eusébio, Aires Pavão (President), John Perdigão, Joseph F. Machado (Vice-Chair), Joseph B. Vieira, José Soares. Patricia Costa, Cecilia Souza, João Alberto Tavares, Patricia Romano, Linda Vieira (Chair)

to be like, but sometimes we are thrown a curve and life is not what we had thought it would be. The last couple years have been quite challenging to say the least with the sudden and unexpected passing of my father. It has been a huge transition for my

family and me. Major life events occur and one needs to take an inventory of personal priorities, I currently view my personal and professional life in a transitional phase. As it appears I may be making a career change from medicine to property management. I am currently employed by the owners of the most recently dissolved Corporation South Bay Endoscopy Center; it was an outpatient surgery center for which I was the administrator. I continue to wind down the corporate affairs of the Center and work at Vieira Enterprises, Inc. At Vieira Enterprises I am the CFO/Secretary of the Corporation. This position was acquired upon the passing of my father and I have been working closely with my brother, Manuel, in the daily operations and management of the family business. Luso has always been my “other job” and a fun one, perhaps this is where I find my work-life balance. I do enjoy a quiet get-away every now and then to our houseboat on Lake Don Pedro; while I am there I enjoy relaxing in the sun and water, wake boarding and playing around on the Jet Ski. I enjoy traveling to explore new places and to re-visit the Azores and Por-

tugal. What advice do you have for young women beginning their careers? Any inspirational words? My advice to young women beginning their career is to first figure out what it is that they would enjoy doing and study hard to obtain their goals. Education is crucial and is something that no one can ever take away. Diligence, perseverance, dedication, and honesty are all qualities that you will need to succeed in school or the work place. Be positive with yourself and others, use adversity to your advantage, accept challenges, they will improve your self-esteem, and make you stronger & wiser, if you make a mistake or the outcome is not what you had expected or wanted – learn from it and move on, don’t dwell on the past. Live your life for you, become who you want to be, follow your dreams and ambitions for life is not a dress rehearsal and there are no barriers to stop you from accomplishing all that you want to accomplish.

Lino Amaral - LAFF Executive Vice-President, CEO

This year's theme is obviously a tribute to the Portuguese history, culture and language that we are all so proud of What are the expectations of this year Convention?

Tell us about the theme "Honoring our Heritage"

For me, this will be my 38th Luso-American Convention that I have attended. At the very least I expect to visit and socialize with friends and acquaintances from across California that I have made along the way and also look forward to making new friends as well. I expect to see the fruits of the labor of our members over the years of keeping their children involved to the point that they are now becoming leaders of our great Society. Although I have been deeply involved for a very long time, I have learned a lot in the two years since I was brought in as Executive Vice-President & CEO. I hope and expect that my experiences in our organization will allow me to continue to grow and lead not only our Society, but become a respected leader in the Portuguese community in general.

This year's theme is obviously a tribute to the Portuguese history, culture and language that we are all so proud of. For those of us that have been members of Luso-American for a very long time, we know that "Honoring our Heritage" is the underlying premise that is at the very core of what our fraternal society is all about - the pride of where we come from and what we can do to foster it. Whether as an immigrant or descendants of immigrant relatives, I have no doubt that every single member of Luso-American is proud of their history and will honor that their entire lives. Tell us about the Youth Theatrical Program This year we are once again expecting nearly 500 young people to participate in what is the highlight of our Luso-American Fraternal Federation Annual Convention which is being held in Indian Wells, California August 1-4th. This year's theme of the show is "Bringing the Portu-

guese Beat to the Heat". It is a showcase of the Portuguese pride that the Youth of our Society have had instilled in them by their and we are very proud of what our Youth mean to our Society. Is there a possibility of having the Youth Program to be seen in different places after the Convention? Yes, absolutely! Once again, our past Chairman of the Board and proprietor of Diaspora Media Group / RadioPortugalUSA, Joao Manuel Dias will be lending his media skills and sending it via the internet by "livestream" all across the world! Once it is posted on his website, it will also be available anytime for viewing after that. We hope to have some coverage eventually with Nelson Ponta Garca of RTP's Contacto California as well. In a few words let us know how LAFF is doing? Luso-American has always been and will continue to be the leader in the Portuguese community when it comes to providing life insurance and other financial products

such as Annuities and Education IRA's to meet the needs of our people. This strong business philosophy, along with a commitment to increase our visibility in the Portuguese community allows us to continue to grow, not only financially, but fraternally. In my opinion, we are second to none when it comes to providing actual value to the youth of our community by keeping them involved in activities that preserve their culture and heritage - they are certainly the core of our success.


16

MONTEREY

1 de Agosto de 2014

Festa de Monterey

A Coroacão teve um percurso diferente este ano. Rainha Grande Logan Jackson, aias Vanessa Fernandez e Allison Malmberg

Personificação da Rainha Santa Isabel

Rainhas de outros anos também desfilaram este ano

Rainha Pequena Isabella Melo, aias Holly Machado e Kaitlyn Machado


MONTEREY

17

Coroação das Rainhas e elementos da Comissão da Festa. O pregador convidado for Eduino Silva, já habitual nesta bonita festa.

Coro da Igreja de Monterey

De 8 a 11 de Julho rezou-se o Terço na Sede da FDES. No dia 12 de Julho, dança com o Conjunto Raça e apresentação das Rainhas. No Dia 13, Domingo, Coroação na Baixa da Cidade de Monterey com um trajecto diferente este ano. Missa no Salão da Festa, seguida de Sopas e carne, arrematações. À noite houve novamente Sopas e Baile com Victor Silva. Segundo nos foi informado esta Festa não terá mais um Presidente como habitualmente e será gerida nos próximo ano por uma Comissão. Será uma tentativa de apaziguar certas más relações entre elementos nas ultimas direccões. Poderá ser um processo interessante. A Festa teve 88 organizações presentes a desfilarem nas ruas de Monterey, vista por muita gente e que foi muito bonito de se ver. Parabéns a Monterey.

Duas figuras muito importantes de Monterey e desta Festa


18

GUSTINE

1 de Agosto de 2014

101 Anos da Festa do GPS Coro do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres de Gustine

Rainha Grande Jillian Nunes e aias Allison Nunes e Selena Lopes

Rainha Pequena Josie Nunes, aias Clara Amorim e Kylee Lopes

Coroação da Rainha Grande Jillian Nunes e suas aias.

Noite de Fados: Paulo Matos, David Garcia, Angela Brito, Joe e Teresa Machado, Jesualda Azevedo, Luis e Jennifer Nunes, Marylou Lawrence, João Pinheiro, Cecilia e João Pires. Sentados: Antonio Isidro, Manuel Mendes e João Cardadeiro

Jillian Nunes, Rainha Grande da Festa de 2014


GUSTINE

19

Joe e Teresa Machado (Sec); Luis e Jennifer Nunes (Pres) e Cecilia e João Pires, (Tes.)

Coroação da Rainha Pequena Josie Nunes e aias. O Pregador da Festa foi Luís Cor-

Coroação dos Presidentes Jennifer e Luís Nunes e sua família

Bodo de Leite - Presidentes e Rainhas de 2014 e 2013 Joe e Teresa Machado (Sec); Luis Cordeiro, Luis e Jennifer Nunes (Pres) e Cecilia e João Pires, (Tes.)

A festa começou na Quinta-feira, dia 17 de Julho, com novena e missa pelo pregador convidado Luís Cordeiro. Na Sexta-feira dia 18 de Julho, Noite de Fados com os artistas mencionados na página anterior. No Sábado, bodo de leite, pézinho e arremantação do gado que rendeu $157 mil dólares. Depois da Missa da tarde, houve Procissão até ao Salão. Depois da habitual apresentação das Rainhas e Direcção, grandioso baile com o Conjunto 562, de Artesia, recentemente vindos das Sanjoaninas onde actuaram com muito sucesso. A Cantoria realizou-se ao ar livre com Manuel dos Santos, João Pinheiro, Adelino Toledo,

José Ribeiro, António Azevedo, António Isidro e José Barbosa, acompanahdos por Pedro Reis, Dimas Toledo, Manuel Avila e Jorge Reis. No Domingo, Coroação, Missa da Festa, Sopas e Carne e arrematações das ofertas no Salão. Novamente baile com o Conjunto 562. Na Segunda-feira a tradicional Corrida de Toiros na Praca do Bella Vista Park, com Paulo Ferreira e Sário Cabral, Forcados de Turlock e Merced, toiros da Açoriana de Joe Alves e John Silveira, abrilhantada pela Filarmónica de Tracy. Este ano começou para o GPS com a apresentação do liv-

ro de Liduino Borba sobre os 100 Anos desta Sociedade Religiosa. Muito embora esta festa em louvor ao Espirito Santo não seja das maiores em termos de pessoas presentes, na nossa comunidade, já não se pode dizer o mesmo no respeitante a dádivas recolhidas e vendidas. Fazer $157,000 mil dólares na arrematação de animais no Sábado do Bodo, não é para qualquer festa, qualquer que seja o seu tamanho e importância. Mostra bem a importância que os amigos dão a esta sociedade do Espírito Santo. Bem-haja a tanta boa gente.


20

HAYWARD

1 de Agosto de 2014

Marchas no Bom Jesus Milagroso de Hayward

E uma festa típicamente madeirense com boa comida, boas espetadas e acabando com Marchas de São João de crianças e adultos, ensaiadas por Cecilia Aires. No fim e como não poderia ser, baile com o Conjunto de Manuel Pacheco. As Marchas deste ano tiveram muito de espanhol

e de taurino, o que foi muito apreciado. Quem acompanhou as Marchas foram Carlos Silva no acordeon e Eugenia Jardim, Vitalina Marques, Judite Castro, Lurdes Teixeira e Marcelina Marques, nas vozes. As duas Marchas que se exibiram - crianças e adultos


COMUNIDADE

Feira do Condado de Stanislaus

21

Justin Martins ganhou o FFA Advanced Showmanship

Três portugueses disfrutando uma Quinta-feira na Feira de Stanislaus

Caitlin Baptista. filha de Christina e Joey Baptista, neta de Fernando Aviz. Ganhou o Golden Bear do Master Showmanship

Makayla Toste (centro) ganhou o 4-H Dairy Grade outstanding exhibitor

Família de João e Paula Machado Família de João Toste Os que não participam em competições também têm as suas funções no dia-a-dia John Toste Jr. também foi um vencedor

Mal chega a Julho, milhares de jovens e centenas de famílias preparam-se para viver 10 dias em festa, fazendo aquilo de que mais gostam - partilhar a beleza dos seus animais com milhares de pessoas. E dia-a-dia, hora-a-hora, iniciam-se as competições entre todos esses jovens em dezenas e dezenas de categorias. O mesmo

se aplica à fotografia, aos produtos agricolas, e até a rendas e bordados. A Feira do Condado de Stanislaus orgulha-se em poder apresentar o melhor que aqui se faz. E até temos um dia dedicado à nossa musica com Chico Avila a entreter centenas de portugueses (para ver na próxima edição). 239 mil pessoas participaram na Feira.


22

COMUNIDADE

1 de Agosto de 2014

Lucina Ellis

uma artista comunitária

Lucina Ellis

Fotos de John Ellis

Lucina Ellis decorou, como se pode ver nas fotos, a Capela da Irmandade do Espírito Santo de San José, para a sua festa centenária

Lucina was honored to be commissioned by the board of the IES to produce a new design for the Chapel to commemorate the 100th anniversary of the IES. Her immense respect for the Holy Ghost Festas gave her the best inspiration to produce the murals with a fresh modern new look while retaining traditional elements. Central to the image she created is the dove above the IES crown. On the right, Queen Isabel, the patron saint who fed the poor by creating bread from roses, looks over the altar. On the left, the red rose, representing the bread and vitality. Every element is surrounded by glorious clouds, airbrushed in soft hues of antique rose and sky blue. The crown took on a three-dimensional effect with hues of metallic silver encrusted in jewels. The white dove is surrounded by gold rays

giving a feeling of movement as you walk around the chapel. Lucina Ramos Ellis is a San Jose artist who was born on Terceira, her father is from Faial. She moved to California in 1975 with her family. She has been active in the Portuguese community her entire life, both as a young girl in Terceira, and as a young woman in America embellishing the community with beautiful art, producing charcoal drawings, large paintings of oil on canvas, fabric installations, and wearable fashions shown in Hollywood, New York, San Francisco, San Diego, and Los Gatos. Prior to the IES contribution, her most recent art show was at the Portuguese Consulate in San Francisco. J.J.E.


Tomada de Posse de António Silveira novo pastor das Cinco Chagas

das Cinco Chagas, como no dia-a-dia da vida dos paroquianos. O interregno que se deu, poderia eu aqui afirmar, que foi um bradar-aos-Céus, pois muito embora, nem tudo fosse mau, o Povo nunca aceitou a ideia de ter um pastor que não fosse portuguêes, e melhor ainda, das nossas ilhas...

O

ano passou depressa e mais uma vez, a Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, foi o Centro das atenções de uma Comunidade, que ansiava por ter na sua Paróquia, um Sacerdote Português. Dez anos, incrívelmente passaram, após a morte do Rev. Padre Leonel Caldeira Noia, por quem o Povo se habituou durante, quase duas décadas, a escutar a mensagem bíblica, a realizar todas as tradições e Festas da Igreja, ser Administrador de todos os assuntos e o povo a vê-los resolvidos, quase sem tirar férias, tanto na ex-Escola

Finalmente, este Dia chegou, com a presença do Rev. Bispo Patrick MacGrath, da Diocese de San Jose, que em celebração dominical e solene, coadjuvado por diversos sacerdotes, empossou como Pastor das Cinco Chagas, o recém-ordenado Sacerdote, Rev. Padre Tony Silveira. Após a bonita cerimónia que teve três Coros interpretando cânticos em Português, Inglês e em Latim, seguiu-se uma deliciosa recepção, na I.E.S. de San Jose, que teve a Benção e as palavras acolhedoras do Bispo e de muitas pessoas amigas e familiares que se juntaram a este Dia de Alegria, de nova Esperança e Felicidades para a Paróquia das Cinco Chagas e seus Paroquianos, com votos de que também o seja para o Rev. Padre Tony Silveira.

COMUNIDADE

23

Texto e fotos de Filomena Rocha Mendes


24

PATROCINADORES

1 de Agosto de 2014

Estรก pensando Vender ou Comprar Casa? Chame-me hoje mesmo, obrigado.


COLABORAÇÃO

25

Antigamente era assim

João Bendito bendito@sbcglobal.net

Um Violino para Ronaldo

S

er pastor de gado lanígero é uma das profissões mais antigas do mundo. Desde que os humanos começaram a viver em sociedades organizadas e a domesticar animais para uso próprio que as cabras, ovelhas, carneiros, lamas, búfalos, renas e outros semelhantes passaram a fazer parte integrante da vida dos povos nómadas e, mais tarde, das culturas sedentárias também. O cuidar dos rebanhos, levá-los a pastar perto ou longe de casa, ordenhar as fêmeas e escolher os melhores machos para reprodução, a extração da lã e o aproveitamento das peles para vestuário, o consumo das carnes e leite para a alimentação... tudo foram técnicas que se foram aperfeiçoando através dos milénios. São raras as civilizações que não se dedicaram à pastorícia, umas em maior grau do que outras. E foram muitos os pastores que ficaram famosos pelos seus atos de bravura ou pelos seus ensinamentos filosóficos, desde algumas figuras bíblicas até ao nosso Viriato, o pastor-guerreiro lusitano que fez frente às incursões romanas na Ibéria de antigamente. Aqui na América da era moderna o contributo dos pastores portugueses é sobejamente conhecido. Nas montanhas dos estados de Califórnia e Neva-

amenas temperaturas dos vales e das planícies costeiras, muitos emigrantes açorianos passaram grande parte das suas vidas em total isolamento, longe da família e dependendo unicamente de si próprios para sobreviverem. Vivendo em cabanas improvisadas ou em grutas gélidas, os pastores tentavam amealhar o suficiente para também, um dia, terem os seus rebanhos ou poderem regressar às ilhas de origem. Outro dia conheci um pastor da era moderna. Já vos falei antes dos rebanhos de cabras e ovelhas que alguns municípios contratam para desbastar as ervas e o capim dos parques e zonas protegidas. Aproveitando a presença dos animais mesmo aqui ao pé da porta, desci até junto da ribeira para tirar umas fotografias. Reparei então que o cabreiro estava a ter um pouco de dificuldade em fazê-los passar para a outra margem, onde ele já tinha levantado as vedações que limitam o livre movimento do rebanho. Quando deu por isso que eu falava espanhol, pediu-me que o ajudasse. E lá me armei em pastor! Imitando os assobios do meu mestre (e para divertimento da minha “patroa” que nos observava do nosso quintal), levantando os braços em movimentos bruscos e até gritando com toda a força dos meus pulmões, sempre consegui ajudar o homem a levar

da, durante invernos rigorosos e verões escaldantes, ou nas mais

a cabo a sua tarefa. Tive tempo também para apreciar as mano-

bras do “Finch”, o pequeno cão preto e branco que, sem sequer ladrar nem morder as patas dos animais, os consegue conduzir de um lado para o outro só escutando os assobios e os sinais do pastor. Chama-se Ronaldo, o meu novo amigo. É peruano e vem para a Califórnia geralmente por períodos de dois anos, contratado pela companhia “Goats R US “. E aqui é que está ainda um pouco a relação com os nossos antigos pastores imigrantes... No Peru deixa a mulher e a filha Maria, agora com dez anos. Vive sozinho numa pequena “camping trailer” que o patrão vai mudando conforme o rebanho se movimenta de pasto para pasto. Claro que as modernidades nas comunicações lhe permitem um contacto quase diário com a família através do telefone celular mas mesmo assim o Ronaldo sente-se isolado. Por companhia tem só o “Finch”, que lhe segue a sombra e os passos e uma velha bicicleta, que usa para ir aos mercados quando lhe falta alguma coisa das provisões que compra de duas em duas semanas. Durante o dia vigia o rebanho, assegura-se que não lhe falta água nas banheira que enche estendendo mangueiras ligadas a um terminal hidrante, repara as vedações e muda-as para os novos destinos. No dia seguinte a que o conheci, pus-me de novo no quintal a observar o trabalho do Ronaldo e do “Finch”. Foi quando reparei que o nosso pastor tinha encontrado uma bola de futebol no meio do capim! Afinal, pensei, este faz jus ao nome de batismo, se calhar é habilidoso com a bola tal qual o nosso Ronaldo futebolis-

ta. Enganei-me redondamente! A “redondinha” que o cabreiro encontrou foi usada como mais uma ferramenta de trabalho, ele atirava a bola aos animais para os assustar e fazê-los correr para onde ele queria. Tenho aproveitado as pequenas conversas que mantenho com o Ronaldo para saber um pouco mais dos costumes e vivências do seu povo. A civilização Inca (o pastor é um Inca puro) sempre me fascinou. E ele faz o mesmo comigo, pergunta-me isto e aquilo, como aprendi a falar espanhol, se estou aqui legalmente, de que país vim, embora eu não tenha a certeza que ele sabe onde fica Portugal. Apercebi-me que o Ronaldo tem muita pena de não poder fazer com que a mulher e a filha venham para os Estados Unidos mas não as quer trazer “a salto”. Numa das nossas conversas ele disse-me que desta última vez que veio para a Califórnia, não o deixaram embarcar com o seu violino. Não conseguiu entender

a razão mas a verdade é que o violino ficou no Peru e ele sente a falta do instrumento, ajudava-o a passar o tempo. Não lhe disse nada do meu plano mas nessa mesma noite meti-me à busca na internet. E encontrei muitos violinos, de todos os tamanhos e preços. Não percebo nada de instrumentos musicais mas lá escolhi um dos mais baratinhos e fiz a necessária encomenda. Ontem fui com o meu neto Dominic até ao “acampamento” do Ronaldo levar-lhe o violino. O pastor ficou surpreendido, pude até ver o brilho dos olhos dele refletidos no verniz do instrumento. “”I think he likes it””, comentou o Dominic. Tenho a certeza que as noites do Ronaldo serão um pouco menos solitárias daqui para a frente. Perguntei-lhe, então, que tinha feito com a bola que encontrou. “Pois deixei-a aí num pasto, para que me servia?”” Este Ronaldo gosta mais de música do que de futebol!


26

CULTURA

1 de Agosto de 2014

A propósito de Pessoa, Portugal e o Futuro. de Onésimo T Almeida Victor Rui Dores Faço, em Lisboa, uma ronda pelas livrarias e chego à conclusão que vivemos numa época em que temos muitos autores e poucos escritores… Continuam na moda os escribas que escrevem para o mercado, cujos livros denotam muito Dan Brown, muito diálogo, muitas peripécias e infindáveis frivolidades sentimentais e (tele)novelescas… É que o comércio livresco português está hoje pejado de literatura light e atulhado de publicações de autoajuda, diários, gastronomias, (foto)biografias para todos os géneros e feitios e de muitas outras excitações editoriais… Oscar Wilde dividia os livros em três grandes categorias: “os que se devem ler, os que se devem reler e os que de todo se não devem ler”. Nesta última categoria, e fazendo uma transposição para os nossos dias, eu incluiria aqueles autores que mais vi representados nos escaparates: Margarida Rebelo Pinto, José Rodrigues dos Santos (autor de vários trambolhos), Maria João Lopo de Carvalho, Patrícia Reis, Gustavo Santos, Rodrigues Guedes de Carvalho, Júlio Magalhães, Júlia Pinheiro e todos os restantes pivots televisivos… Ocorrem-me, a propósito, alguns exemplos de escritores que viveram as glórias de um presente literário mas que foram absolutamente esquecidos no futuro: Pinheiro Chagas (1842-1895), Gomes Leal (1848-1921), Manuel da Silva Gaio (18601934), Afonso Lopes Vieira (1876-1946), Carlos Malheiro Dias (1875-1941), Júlio Dantas (1876- 1962), Joaquim Paço d´ Arcos (1908- 1979), Odette de Saint-Maurice (1918-1993), entre muitos outros. Pergunto: alguém hoje sabe quem é Reis Ventura (1910-1988)? Pois foi um consagrado plumitivo que, num concurso literário promovido em 1934 pelo Secretariado de Propaganda Nacional, concorrendo com o pseudónimo de Vasco Reis, apresentou um livro execrável intitulado A Romaria, o qual viria a relegar para a categoria B a Mensagem, de Fernando Pessoa. (Ao que parece a Mensagem não chegava às 100 páginas regulamentares, ao contrário do livro de Vasco Reis). Volto a perguntar: quem fala hoje de Vasco Reis? Por conseguinte, que se cuidem aqueles escribas da nova geração que gozam atualmente da maior cobertura mediática: José Luís Peixoto, José Riço Direitinho, Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, Jacinto Lucas Pires, João Tordo e quejandos. O tempo dirá se daqui a algumas décadas alguém se lembrará deles… É que sempre desconfiei das modas literárias. Atualmente o indizível, o inexprimível, a inação, a escrita despojada, árida e minimalista é o que está a dar. Que o diga António Lobo Antunes, o tal que há 30 anos escreve sempre o mesmo livro e anda por aí a dizer que, em literatura, a história não interessa, o que interessa são as palavras… A moda pegou, e é ver como uma horda de escribas pensam como António Lobo Antunes e escrevem como António Lobo Antunes, enchendo páginas e páginas de palavras gritadas, exasperadas, extenuadas, vazias, escrevendo muito para não dizer nada… Alguém que diga a essa gente que não se pode pôr a linguagem à frente de tudo. Em literatura é necessário saber construir uma

história para depois a desconstruir. Tal como em música é preciso saber solfejo antes de tocar jazz. O mesmo na pintura: antes de se avançar para o abstrato é fundamental passar-se pelo figurativo (Picasso é um bom exemplo disso mesmo). Ora, considero que é este tipo de oficina, de traquejo e tarimba que está a faltar a muitos dos nossos jovens escritores. A literatura é uma forma de arte. Aprendamos com os clássicos (e cinjo-me ao universo português): de Camões a Almeida Garrett, passando pelo padre António Vieira e Antero de Quental; de Camilo Castelo Branco a Eça de Queiroz e ao genial Fernando Pessoa. Quem enriquece a nossa literatura são aqueles que assumem a

escrita enquanto estética, são aqueles que, habitados pela originalidade e pela qualidade literária, escreveram obras que são de todos os tempos e de todos os lugares. Por isso são universais. O que torna perene a literatura é justamente a qualidade da escrita e a dimensão humana das personagens que povoam as (verdadeiras) obras de ficção. Tantos exemplos que engrandecem Portugal e a língua portuguesa: Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Ferreira de Castro, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Soeiro Pereira Gomes, José Rodrigues Miguéis, Branquinho da Fonseca, Jorge de Sena, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Fernando Namora, Augusto Abelaira, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, David Mourão Ferreira, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, entre outros. Dos vivos tenho uma (já publicada) lista de largas dezenas de nomes que não cabem obviamente neste espaço. Porque os maus livros abundam e os bons escasseiam, e estando eu farto de tanta pseudo-ficção que por aí grassa, decidi levar comigo para férias apenas uma obra ensaística: Pessoa, Portugal e o Futuro (Gradiva, 2014), de Onésimo Teotónio Almeida, um pensador que, de livro para livro e de forma contínua e continuada, vai aprofundando o seu pensamento e que arrisca opinar, o que nos tempos que correm é um ato de coragem... Há três décadas que Onésimo alarga e aprofunda conhecimentos e temas ligados ao universo pessoano. E interessa-se por Fernando Pessoa na me-

dida em que, vivendo a experiência diaspórica, se interessa por Portugal. Dividido em três partes, em Pessoa, Portugal e o Futuro Onésimo lança propostas de leitura, reunindo um conjunto de ensaios que andavam dispersos e que, reunidos agora, conhecem uma outra unidade e uma nova respiração. São ensaios publicados em atas de congressos e volumes coletivos, comunicações apresentadas em conferências, simpósios e outros fóruns de debate. Todos os escritos estão teoricamente muito bem sustentados por aquilo que é a pedra de toque na escrita ensaística de Onésimo: a questão dos valores e das mundividências. A primeira parte do livro retoma um importante estudo, premiado e que data de 1987, “Mensagem, uma tentativa de reinterpretação”, onde são aduzidas propostas de interpretação que partem da hermenêutica filosófica, divergentes das encontradas habitualmente centradas em visões esotéricas, místicas e patrióticas da obra em questão. O autor “reconstrói o puzzle que era a mente de Pessoa ao lançar-se na escrita de Mensagem” (cf. entrevista ao “Público”, 13/07/2014). Fernando Pessoa “cresceu bilingue e bicultural” (pág. 245), dominando o português como língua materna (ele que era filho de uma açoriana da ilha Terceira, chamada Maria Madalena Nogueira Pinheiro) e o inglês como língua de cultura. Onésimo lança olhares ao crescimento intelectual de Pessoa, ao Pessoa ortónimo que assina a Mensagem (editado em 1934, o único livro de poemas em português por ele publicado em vida), o Pessoa que se declara “sebastianista racional” e acredita que “o mito é o nada que é tudo”. Tal como Camões, Pessoa sonhou um projeto grandioso para Portugal. Isto é, ele tencionava construir um grande mito nacional, desprovido de elementos alheios e de influências estrangeiras, cuja força animasse a alma portuguesa. O mito sebastianista oferecia esta possibilidade, mas ele não se limitou a recuperar esse mito – renovou-o. Preocupado com a situação da decadência portuguesa, Pessoa cria esse mito influenciado pelas ideias de Carlyle, de Bergson (de cuja filosofia era conhecedor) e Georges Sorel (de quem conhecia o mito da greve geral). Pessoa adaptou essas influências à realidade portuguesa. Muito se tem escrito sobre o regresso de D. Sebastião associado ao aparecimento do Quinto Império, mas atenção: segundo Onésimo, esse mito deve ser entendido como uma construção. Quem não entender essa construção não fará uma leitura correta da Mensagem. De resto e nesta matéria, Onésimo traz novos contributos aos estudos pessoanos ao encontrar consonâncias significativas entre a conceção do mito em Sorel e o mito sebastianista de Fernando Pessoa, já que, entre outros aspetos, ambos situam o mito no futuro. Ancorado em sólida fundamentação teórica, relacionando autores, cruzando opiniões e recorrendo a abundantes citações e paráfrases, Onésimo desfaz alguns mitos pessoanos, alerta para a redundância dos clichés e aconselha cautela com “interpretações simplistas”. Numa altura em que tanto se fala da complexa personalidade de Pessoa, dos seus paradoxos e do desmembramento do seu eu (isto é, a sua hetero-

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net O poeta Victor Rui Dores é uma das vozes mais proliferas da cultura açoriana. A sua obra espalha-se na poesia, nas crónicas, no romance, e nas análises literárias. Eis uma dessas análises sobre um dos novos trabalhos do escritor e colaborador desta página, Onésimo Teotónio Almeida. A recensão do poeta Vistor Rui Dores, É sobre o livro Pessoa, Portugal e o Futuro recentemente publicado pela Gradiva e o qual estou neste momento a ler, e como em todos os livros de Onésimo Almeida, estou a aprender, muito mesmo, sobre Pessoa e sobre Portugal. A minha gratidão ao poeta Vistor Rui Dores, um homem multitalentoso, por mais este contributo para a Maré Cheia. A minha gratidão, que é, indubitavelmente, a de milhares de leitores da língua portuguesa por mais esta obra, interessante e importante, de Onésimo Almeida. abraços diniz nímia), Onésimo considera que “ninguém explica Pessoa tão bem como ele próprio” (pág. 214), facto que tem passado despercebido a muitos (e desvairados) “especialistas” pessoanos. Na segunda parte do livro, o autor revisita e alarga alguns dos pontos de vista da primeira, dando-nos diferentes achegas para o aprofundamento do seu pensamento. Na terceira parte encontramos reflexões em torno de conceitos como “pátria” e “cultura”, além de outros tópicos presentes nos textos pessoanos. São, a propósito, notáveis as pistas que Onésimo nos dá para percebermos, verdadeiramente, a (batidíssima) frase que Pessoa põe na boca do semi-heterónimo Bernardo Soares: “A minha pátria é a língua portuguesa”. Em 335 páginas, o ensaísta micaelense lança-se na aventura de dar respostas, entre outras, às seguintes questões: que conceito de mito usa Pessoa? Que pretende ele com Mensagem? Como se integra ela nas suas preocupações patrióticas? Que paradigma ideológico subjaz à feitura do mito? Quais os parâmetros de mundividência pessoana dentro dos quais emerge a criação artística de Mensagem? Onésimo vai respondendo de maneira muito clara e concisa (coisa que faz com extraordinária eficácia, quer esteja a discursar perante académicos ou a falar para emigrantes) e com óbvios propósitos didáticos e pedagógicos. Por exemplo: a maneira como, referindo-se a Pessoa, explica a diferença entre “contrário” e “contraditório”, e a distinção que estabelece entre “modernidade” e “modernismo”. Porquê ler Onésimo? Porque ele é o desassombro da sua escrita e a qualidade da sua oratória, e porque (aprendam com ele, ó plumitivos do meu país) segue primorosamente as regras dos clássicos gregos: logos, pathos e ethos.


COLABORAÇÃO

Gaspar Frutuoso - primeiro Historiador

E

Perspectivas Fernando M. Soares Silva

dos Arquipélagos Atlânticos

mbora devido à inexistência de registos contemporâneos a exacta data do seu nascimento não seja conhecida, a maioria dos historiadores opina que GASPAR FRUTUOSO nasceu no ano de 1522, na então vila e actual cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Era filho de uma família de posses e boa condição social. Seus pais foram o mercador Frutuoso Dias e sua esposa Isabel Fernandes, também proprietários de terrenos rurais adquiridos por sesmaria. Muito pouco se conhece da sua meninice e da sua juventude, quiçá vividas em outras ilhas dos Acores ou em Portugal continental. Todavia, tudo indica que ele tenha recebido ampla instrução e educação clássica alicerçada na aprendizagem e no cultivo das línguas e culturas greco-romanas em voga naqueles tempos. A sua fascinação com a geografia data desses formativos estudos. Os historiadores desconhecem onde Gaspar efectuou os seus subsequentes estudos de preparação para o sacerdócio, mas é conhecido que ele veio em férias à ilha de São Miguel em 1554 e aí recebeu a sua ordenação sacerdotal, ingressando depois na Universidade de Salamanca para encetar os seus estudos superiores. ESTUDOS SUPERIORES DIVERSIFICADOS Sabe-se que o Padre Gaspar Frutuoso estudou nessa então muito afamada e altamente intelectual universidade, onde obteve Bacharelatos em Artes Liberais e em Teologia, em 1558. Segundo registos históricos contemporâneos, o laborioso estudante açoriano sobressaiu com distinção nos seus estudos, merecendo mesmo ser apelidado “el sábio de las islas de Portugal”. Completados estes estudos em Salamanca, o jovem sacerdote depois de prestar serviço pastoral entre outubro de 1558 até maio de 1560 na Igreja Matriz da então vila da Lagoa, em São Miguel, fixou-se na Diocese de Bragança, em Portugal continental, prestando assistência ao bispo D, Julião de Alva, e leccionando no regional Colégio dos Jesuítas, fundado em 1561, Estátua do Padre Dr. Gaspar Frutuoso, em frente da histórica igreja da Matriz, na cidade da Ribeira Grande

Segundo a maioria dos historiadores, o seu doutoramento em Teologia e Filosofia ocorreu na Universidade de Salamanca após as suas obrigações docentes em Bragança, antes do seu definitivo regresso aos Açores. SACERDOTE DEDICADO E EXEMPLAR Depois de 1563, Gaspar Frutuoso regressou à ilha de São Miguel e, em 20 de maio de 1565, foi nomeado vigário e pregador da igreja e paróquia de Nossa Senhora da Estrela na freguesia Matriz da Ribeira Grande. Registam e salientam alguns historiadores que Gaspar Frutuoso, rejeitando a ideia de uma vida mais animada por viagens culturais e ocasionais convívios socialmente mais distintos, e preferindo permanecer na airosa e laboriosa vila nortenha, recusou aceitar o convite para assumir o bispado de Angra que lhe havia sido feito pelo resignatário bispo D. Manuel de Almada. Os anais contemporâneos atestam que Gaspar Frutuoso desempenhou as suas obrigações e os seus deveres pastorais com exemplar dedicação e reconhecida perícia durante 26 anos, até à sua morte no dia 24 de agosto do ano de 1591. O seu corpo foi sepultado na capela-mor da sua igreja, perto do altar-mor. Mais tarde, no dia 3 de setembro de 1866, por iniciativa da Câmara Municipal da Ribeira Grande, as suas cinzas foram trasladadas para o cemitério daRibeira Grande, onde foi erigido um pequeno mausoléu para guardar esses restos mortais. O SEU INTERESSANTE E VALIOSO LEGADO HISTÓRICO Dedicando o tempo que lhe sobrava após os afazeres pastorais de cada dia, Gaspar Frutuoso costumava passar longas horas na investigação e na recolha de dados referentes às realidades e maravilhas naturais com que a Natureza havia brindado o diversificado arquipélago dos Açores. Com o mesmo louvável esmero e muita paciência, ele, vasculhando nos poucos arquivos então existentes naqueles tempos, colhia informações relacionadas com o incipiente povoamento e as tradições do seu favorito arquipélago. Paralelamente, com o seu saber verda-

fmssilva@yahoo.com

deiramente enciclopédico e as suas perspectivas intelectuais quinhentistas, o historiador micaelense alargava as suas vistas e pesquisas a outros arquipélagos atlânticos, nomeadamente à Madeira, a Cabo Verde e às ilhas Canárias. Nas suas viagens marítimas em rumo a Portugal continental, presumivelmente ele teria tido tempo para visitar e quiçá explorar os 3 arquipélagos portugueses. As ilhas Canárias poderiam ter sido visitadas durante os períodos de férias dos seus estudos na Universidade de Salamanca. E assim, gradualmente, entre os anos 1586 e 1591, o insigne historiador e renascentista humanista formulou e compilou a sua monumental obra SAUDADES DA TERRA, a principal fonte do início dos tempos históricos das ilhas dos Açores e dos outros três arquipélagos atlânticos. A valiosíssima obra, que Gaspar Frutuoso não chegou a publicar, passou à posteridade nos seus manuscritos, cuidadosamente anotados com correcções feitas por ele próprio, obviamente em preparação da eventual publicação do seu trabalho. Esta obra, como elucida o excelente estudo publicado na enciclopédia Wikipédia, está dividida em seis volumes recheados de pormenorizadas observações e detalhadas descrições do autor sobre os arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias, e também com múltiplas referências a Cabo Verde e a outras regiões atlânticas. Os tópicos esão ordenados assim : Livro I - Cabo Verde e Canárias; Livro II – Madeira; Livro III - Açores: Santa Maria; Livro IV - Açores: São Miguel Livro V - Poema – de carácter ficcional, onde a "Verdade" narra à "Fama" personagens tipicamente renascentistas -, em estilo pastoril, a história de dois amigos forçados a viver longe de casa. Neste livro alguns biógrafos de Frutuoso vislumbram uma aparente autobiografia do autor e do seu companheiro de

estudos, o médico micaelense Gaspar Gonçalves; Livro VI - Açores: Terceira, Faial, Pico, Flores, Graciosa e S. Jorge. Estes “livros” abrangem abundantes informações sobre a geografisa, a história, os modo de vida, os usos e os costumes, bem cono a fauna, a flora, a genealogia e a toponími das ilhas da cada um dos quatro arquipélagos atlânticos por ele estudados no distante século XVI. NOTA: A obra é complementada por um último volume, intitulado Saudades do Céu, uma dissertação filosófico-teológica acerca da crise açoriana na época da crise de sucessão de 1580. Após o falecimento de Gaspar Frutuoso, a posse da sua manuscrita obra transitou por diversos donos e guardiões durante numerosas décadas. A partir de 1922. na ocasião das comemorações de mais um centenário do nascimento do enciclopédico historiador, publicações de alguns dos seus “livros” entraram em voga e muito contribuíram para expandir o apreço e a admiração dos portugueses, sobretudo insulares, pelo seu muito interessante trabalho histórico. Desde 1966, já doada à Junta Geral de Ponta Delgada e incorporada no arquivo da Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, onde actualmente se encontra, a manuscrita obra SAUDADES DA TERRA tem sido publicada integralmente, patrocinadas pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada.

Todo o mundo o diz... As melhores panorâmicas dos Açores são de José Enes

27

Tel. 562-802-0011


28

PATROCINADORES

1 de Agosto de 2014


Reflexões Taurinas

Joaquim Avila bravoi3@sbcglobal.net

D

epois de ter perdido cinco das principais corridas desta época taurina da Califórnia, devido à minha ida à feira de São João das Sanjoaninas, posso dizer com franqueza que já estava bastante ansioso para assistir a uma corrida. A caminho da corrida da festa do Divino Espírito Santo de Gustine, no passado dia 21 de Julho, tentei refletir o porquê da minha ansiedade, porque sei de antemão que a nossa festa não nos tem oferecido grandes desenvolvimentos nos últimos anos e que o cartel da corrida não iria despertar grandes interesses a muitos “aficionados”. Não pelo facto de ser o Paulo Ferreira e o Sario Cabral, mas sim por serem só eles. Uma corrida composta só por dois cavaleiros normalmente torna-se monótona e poucas vezes resulta, seja lá em que terra for. Infelizmente já se tirou esta prova dos nove vezes sem conta, e mesmo assim continuam a montar corridas a duo. Tanto é que nunca vi a praça de Gustine com tão pouca gente como nesta corrida. Após o intervalo uma boa metade das pessoas já tinham saído, e conforme cada touro era corrido, menos pessoas tinha. Quando se consumou a ultima pega da noite, nem um quarto da praça estava ocupada. Com estas estatísticas poderemos deduzir o interesse pela corrida, antes de ela começar e de como decorreu, touro após touro. Agora pergunto a mim mesmo; sabendo que as probabilidades da corrida não resultar eram grandes, o porquê da minha ansiedade? Até porque no dia seguinte teria que me levantar às quatro da manhã para fazer uma viagem de trabalho a Tempe, Arizona, depois de chegar a casa por volta da uma da manhã da corrida. Talvez isto pareça uma maluquice da minha parte mas penso que isto é o mesmo que jogar na lotaria. Sabemos de antemão que as probabilidades são muito escassas mas continuamos a jogar porque nunca se sabe quando é que chega o dia de acertar nos números. Assim acontece com as corridas na Califórnia, o melhor é assistir a todas porque nunca se sabe quando é poderemos ver um touro, uma lide, uma faena, um par de bandarilhas ou uma pega excecional. Não precisa muita coisa, basta ser algo que nos fique marcado para se poder dizer que valeu a pena. Eu normalmente tenho muita facilidade em encontrar algo de positivo em qualquer corrida, mas terei que dizer com muito pesar, que nesta corrida foi realmente muito difícil de se ver a parte positiva. Foi uma corrida que pouco ofereceu aos aficionados, a não ser algumas boas pegas do grupo de Forcados Amadores de Turlock. As pegas dos Amadores de Merced não decorreram pelo melhor, a não ser a pega ao quarto touro, que eu achei excecional mas por razões que eu não compreendi, o cabo de forca-

TAUROMAQUIA

29

Corrida da Festa do Divino Espírito Santo de Gustine 2014

dos mandou repetir a pega. Infelizmente o touro acabou por ser pegado após várias tentativas desajeitadas. Quanto ao curro em si, foi realmente um desapontamento total. Todos nós sabemos que nenhum ganadeiro pode garantir a qualidade dos touros, mas também todos nós sabemos que todos os ganadeiros podem e devem garantir a apresentação dos seus touros. Tanto a ganadaria Açoriana

corrido nem têm ferro nem números??? Se formos a ver as ganadarias locais que já têm a sua linha mais ou menos definida, têm sido as ganadarias que mais sucesso têm tido nas nossas praças. Nomeadamente as ganadarias do Pico dos Padres, Manuel do Carmo, Manuel Costa Jr. e touros da antiga ganadaria de Frank Borba. Também poderia mencionar outras ganadarias que ocasionalmente apresentam touros de

Martins. Nunca vi um nome de um cavalo tanto certo como este, porque na realidade Paulo Ferreira consegue fazer deste cavalo toureiro um verdadeiro capote. É impressionante a capacidade do cavalo ao sair da cabeça do touro e depois no ladear emocionante que tanto Paulo Ferreira como o Capote conseguem orquestrar. Para mim foi este o momento especial e também para mim o grande vencedor da corrida

como a ganadaria de Joe Alves e John Silveira apresentaram touros totalmente inapropriados para uma corrida formal e da importância que era a corrida do Divino Espírito Santo de Gustine. A apresentação do curro é essencial para o sucesso de uma corrida. Os touros podem ser muito bravos, o que não foi este caso, mas sem apresentação a ganadaria nunca poderá triunfar. No ano passado na feira de São João na Terceira apresentaram uns novilhos muito pequenos ao grande matador de touros Enrique Ponce e foi um fracasso total, precisamente pela falta do peso necessário para se poder transmitir emoção durante as lides. Penso que um dos problemas dos touros que se tem visto em muitas das nossas corridas é de pertencerem a ganadarias que não têm uma linha definida. Andar a comprar touros aqui e ali para entrar numa corrida, normalmente não resulta muito bem porque nunca se sabe bem as linhas desses touros. Muitos deste touros que se tem

boa qualidade mas que pouco têm entrado em corridas.

foi sem duvida o Capote da coudelaria Irmãos Martins.

Escusado será de dizer que devido à falta de qualidade dos touros, que nem o Paulo Ferreira nem o Sario Cabral saíram vencedores. No entanto poderei dizer que em certos momentos Paulo Ferreira fez o possível do impossível perante um touro que saiu com tanta velocidade e a perseguir o cavalo teimosamente sem dar atenção alguma aos Peões de Brega que desesperadamente tentavam aliviar o cavalo da situação. Foram momentos de grande aflição mas que foram superados devido ao grande conhecimento do cavaleiro e à grande qualidade do cavalo em praça.

Agora depois de partilhar convosco as minas reflexões da corrida, poderei responder à minha própria pergunta sobre o porquê da minha ansiedade para assistir a mais uma corrida na Califórnia. A resposta é simples e sincera. Depois de estar envolvido direta ou indiretamente tantos anos na festa brava da Califórnia, sinto um enorme prazer da nossa festa dos touros e desejo sempre o melhor para todos, pondo de fora os partidos e tentar ser o mais objectivo possível em tudo que faço, o que digo e o que escrevo sobre a nossa bela festa dos touros. É claro que nem tudo é rosas e há muito que emendar. Não é perfeita mas é a nossa festa.

Como mencionei, eu tive dificuldade em encontrar o tal momento nesta corrida que me marcasse positivamente mas ao rever os meus apontamentos reparei que tinha registado claramente a atuação do cavalo com o nome Capote da Coudelaria Irmãos

A bem da festa brava


30

TAUROMAQUIA/PATROCINADORES

1 de Agosto de 2014

Tenta

Ganadaria Manuel do Carmo

Pela Primeira Vez Nesta Praรงa

Jim Verner

jim-verner@earthlink.net

Jet Fabara - derechazo David Verner - derechazo David Verner - derechazo

Omar Griego - gaonera

O

n June 3, Manuel do Carmo tested four heifers with several experienced aficionados practicos doing the testing. Three of the animals were outstanding. They showed excellent style as they stayed focused on the capes and maintained their aggressive and smooth charges throughout. The fourth animal also charged readily but did not have the smoothness of the others and in the end began to seek refuge near the barrera. Manuel was recently honored for his 30 years as a ganadero of brave bulls, the heifers tested showed the success of his efforts. Any bull breeder in Portugal, Spain, or Mexico would have been

delighted with the outcome of this testing. To have three out of four heifers with this quality is clear confirmation that toreiros will have a good chance for success in a couple years when they fight the brothers of these heifers. Fotos de Jet Fabara

Jim Verner - natural


COMUNIDADE

Falecimento

Orlando Lopes Soares

It is with great sadness, we wish to inform the Portuguese community that Orlando Lopes Soares passed away at his home surrounded by his loving family on Sunday, July 20th. 2014 at 5:20 pm. As many of you may have known, Orlando had been ill for the past several years. Orlando was born in the Island of São Jorge, Azores. The family immigrated to the United States in 1966 where he resided with his parents and sibling in Chino, CA.,. for the first 3 years then in 1969 the family moved to Santa Clara, CA. where he resided until last Sunday. In 1972 Orlando returned back to the Azores where he met Luiza and in the following year 1974 they were married in Angra do Herismo, Terceira. This past June they celebrated their 40th. Wedding Anniversary.

Orlando worked at Kaiser Hospital in Santa Clara – Kiely Campus as a Laboratory Assistant for a number of years before leaving for medical reasons in 2003. Orlando was a loving and happy person even throughout his illness, he never lost his faith, sense of humor, his smile, his love of life, and his hope of enjoying life to the fullest. We now entrust his spirit to the Heavens and believe he is enjoying this next step of his being, a step we all must take someday. (Orlando enjoy) Orlando is survived by his loving wife Luiza, daughter Cynthia, son Eugene and wife Monia Soares, grandchildren Ethan and Ana Soares. Brother and sister-in-law Joe & Cidalia, Niece Priscilla, Nephew Michael & wife Heather Soares & Grandnephew Zachary Soares Sister and Brother-in-law, Arlete & Eduardo Oliveira, Nieces Marcie & Dough Turner, Mellissa & Robbie Saccani, grandnephews & Niece Dylan, Maddison, Logan & Tristan. Family in the Azores, Mother-in-law Maria Pereira Cabral, sisters & brothers-inlaw Anna & Alvaro Soares, Eugenia and Rui Oliveira, grandnephews & Nieces Vanessa, Nuno Soares, Jose João, Francisco, and Maria Oliveira It is with great sadness that we say our final goodbye on Thursday 7/24/14 7:00 PM Rosary Lima Family 466 N. Winchester Bl. Santa Clara, Ca. and on Friday 7/25/14 10:30 AM mass Five Wounds Church 1375 E. Santa Clara St. San Jose, Ca. Tribuna envia sentidas condolências.

31

Fados na Festa de Patterson

Só agora nos é possível apresentar os artistas que estiveram na Noite de Fados da Festa de Patterson, conjuntamente com a Direcção da Festa: Hélio, Francisco e Fátima Maciel, Marylou Lawrence, Steve

Soares, Paulo Carvalho, Fábio Ourique, Joseph Soares, George Costa Jr., Lysandra Jorge, David Garcia, Crystal Mendes, Denise e Daniel Maciel. Foto de John Freitas Photography.

Thanks to Fecha A Luz Productions and the big Portuguese community that we have in the Bay Area, last year’s inaugural Portuguese Heritage Night was such a huge hit that another one will be held this year, but bigger and better! The second annual Portuguese Heritage Night celebration will take place on Saturday, August 16th, 2014, with proceeds from each ticket sold benefiting P.O.S.S.O. as well as the Portuguese Studies Program at San Jose State University. The night will begin at 6:30pm sharp at Buck Shaw Stadium and will include authentic Azorean folklore performances, the American anthem sung by a Portuguese pop singer, interactive games for children, and a variety of Portuguese food, booths, music, and other cultural activities throughout the stadium. Entire seating sections are devoted to Portuguese fans! The match between San Jose Earthquakes & FC Dallas is set to begin at 7:30pm. During halftime, there will be Portuguese Marching Bands from the South Bay Area in a live performance dedicated to the Portuguese com-

munities around the world. Immediately following the game is the Official Post-Game Cultural Celebration & Dance at 9:30pm at S.E.S. Hall - 1375 Lafayette Street, Santa Clara, Ca 95050, which will feature a dance with music provided by "RACA" & DJ "Jamarante," tasty Portuguese food & cheap beverages, a photo booth for fun memories, and much, much more. Another great bonus is that ticket purchasers for this year's event will also receive a oneof-a-kind Força Quakes scarf, which features the first official MLS branded use of the Portuguese emblem on a commemorative scarf! Please help increase participation in this unique event by sharing the e-flyer on social media, hanging event posters in your windows, and telling your friends about it. And remember: fans looking to attend Portuguese Heritage Night can only purchase tickets through PortugueseHeritageNight.com or FechaALuz.com websites.

2nd Annual Portuguese Heritage Night

J.Mendes See ad on page 34


32

COMUNIDADE

1 de Agosto de 2014

Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa na nossa Comunidade


COMUNIDADE

33

Filarmónica Portuguesa de Tulare na Terceira A Filarmónica Portuguesa de Tulare acaba de participar, com grande sucesso, nas Sanjoaninas 2014. Depois de uma inesperada estadia de 2 dias no Canadá, por motivos de um problema mecânico no voo que saíu de Oakland no dia 16 de Junho, a Filarmónica chegou à ilha Terceira na quinta-feira dia 19 de Junho. Já nessa noite, realizou um ensaio com a Marcha Oficial das Sanjoaninas. As primeiras atuações da banda foram nos degraus da Sé Catedral de Angra para o programa Atlântida da RTP. No sábado, 21 de junho a Filarmónica Portuguesa de Tulare, abrilhantou a 1ª Corrida da Feira Taurina de São João. No domingo 22 de junho fez parte da Procissão do Corpo de Deus, que saíu da Igreja de Santa Luzia até à Catedral dos Açores. Na segunda-feira a banda teve a honra de tocar os 3 Hinos (Americano, Português, Açoriano), assim como o próprio Hino da Filarmónica em gesto de cumprimentos às entidades da edilidade Angrense, Comissão das Sanjoaninas e emigrantes visitantes. Esta cerimónia aconteceu nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Angra antes da recepção ao emigrante que ocorreu no Salão Nobre da mesma edilidade. Nessa noite, a banda abriu e fechou as Marchas de São João, acompanhando a marcha oficial deste certame. Na terça-feira a banda apresentou-se na espera de gado, habitualmente realizada no Alto das Covas e pela noite realizou, um inesquecível concerto na Praça Velha. Na quarta-feira, dia 25 de Junho, realizou-se um piquenique em homenagem aos emigrantes no interior da ilha, zona conhecida popularmente na Terceira como o Mato, em que a banda tocou alguns números. Nessa noite realizou-se um concerto no popular centro de atração das festas, o Bailão. A ultima atuação da Filarmónica foi a fechar o Desfile das Filarmónicas no sábado 28 de Junho. A Filarmónica Portuguesa de Tulare voltou para Oakland na segunda-feira dia 30 de junho, com boas recordações da sua participação nas Festas de São João de Angra do Heroísmo, cidade irmã de Tulare, aqui na Califórnia. A mais velha geminação que Angra tem. Num total, 47 elementos representaram a Filarmónica Portuguesa de Tulare nas 10 atuações que fizerem na ilha Terceira. Em troca da sua participação a Filarmónica Portuguesa de Tulare trouxe recordações que viverão para sempre na alma dos

Em frente à Igreja da Sé Cumprimentando a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

músicos participantes e no historial desta instituição. Esq: Acompanhando a Marcha Oficial das Sanjoaninas

Fotos de: Foto Iris , Luis Godinho Photography e Adelaide Costa


34

TRIBUNA PORTUGUESA

ENGLISH SECTION

1 de Agosto de 2014

Wedding in Watsonville

Fotos de Miguel Ávila

Michael (Mikey) Silva and Anna Jakobsen were married on July 12, 2014 at Our Lady Help of Christians Catholic Church in Wastonville, California. Michael is the son of Portuguese Tribune subscribers and friends Fátima and Mike Silva of Watsonville. A beautiful reception was held at the hall of the Irmandade da Santíssima Trindade de Watsonville (ISTW) where Michael was the 2013 president. The newlywed couple resides in Watsonville. Congratulations to Mike and Anna!

Five Wounds Portuguese National Parish Paróquia Nacional Portuguesa das Cinco Chagas

IMAGINE 5 Y100 CENTENNIAL CALENDAR | CALENDÁRIO DO CENTENÁRIO April | Abril 2014 5 6 13 17 18 19 20 27

Mass in Memory of ‘Angel of Bordeaux’ Aristides de Sousa Mendes | Missa em Memória do Diplomata Português Steps of the Passion of Christ Procession | Procissão do Senhor dos Passos, 10:30 am (Portuguese Mass) Palm Sunday - 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese) | Domingo de Ramos - Filarmónicas, 10:30 am Holy Thursday - Mass of the Lord’s Supper and Adoration (bilingual) | Quinta-Feira Santa - Missa da Ceia do Senhor, Lava Pés Good Friday - Liturgy of the Passion of Our Lord Jesus Christ | Sexta-Feira Santa - Liturgia da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, Passion Play and Procession | Representação da Paixão e Procissão de Nosso Senhor Morto, 7 pm Holy Saturday - Liturgy of the Easter Vigil (bilingual) | Sábado Santo - Liturgia da Vigília Pascal (bilingue), 8:15 pm Easter Sunday | Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor, 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese) Divine Mercy Sunday | Divina Misericórdia - 7:30 am and 5:30 pm (English), 10:30 am (Portuguese)

May | Maio 2014

1914 - 2014

10 11 13

Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Our Lady of Fátima Celebration followed by luncheon | Festa de Nossa Senhora de Fátima com almoço na IES Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima

June | Junho 2014 1 8 13 14 15 22 27 28-29

Ascension of Our Lord | Ascensão de Nosso Senhor Pentecost Sunday | Domingo de Pentecostes - Festa do Espírito Santo da Aliança Jorgense Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Day of Portugal Celebration at History San José at Kelley Park | Dia de Portugal no Kelley Park, 10 am-5 pm Trinity Sunday and Day of Portugal Mass | Domingo da Trindade e Missa do Dia de Portugal, 10:30 am Corpus Christi | Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo Sacred Heart of Jesus | Sagrado Coração de Jesus IES Centennial Holy Spirit Celebration | Festa Centenária do Espírito Santo da IES

July | Julho 2014 13 20

Mass and Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Nossa Senhora de Fátima Our Lady of Mount Carmel | Nossa Senhora do Carmo; Installation of Pastor, Rev. António Silveira, by Bishop McGrath

August | Agosto 2014

10 Good Jesus Celebration with luncheon and dance at IES | Festa do Bom Jesus com almoço e baile na IES 13 Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima concelebrada pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga 15 Assumption of the Blessed Virgin Mary | Assunção da Virgem Santa Maria

September | Setembro 2014 13 28

Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima St. Anthony Celebration with luncheon at IES | Festa de Santo António com almoço na IES

October | Outubro 2014 13 TBD TBD

Mass and Candlelight Procession of Our Lady of Fátima | Missa e Procissão de Velas de Nossa Senhora de Fátima Five Wounds School Alumni Mixer “Five Wounds in the Arts” Exhibit

November | Novembro 2014

1375 East Santa Clara Street, San José, CA 95116 fivewoundschurch.org 1.408.292.2123 www.facebook.com/FiveWoundsPortugueseNationalChurch

1 All Saints Day | Dia de Todos os Santos 2 All Souls Day | Dia dos Fiéis Defuntos 8-16 Parish Centennial Celebrations | Festa do Centenário da Paróquia 8 Centennial Mass followed by Centennial Banquet at IES Hall 15 Centennial Mass and Procession 8-16 Centennial Book Release, Exhibits, Concerts, ...

February | Fevereiro 2015 28

Centennial Winter Gala at the Holiday Inn Hotel | Gala de Inverno do Centenário no Hotel Holiday Inn

And much more... | E muito mais... Volunteer for one of the centennial committees | Seja voluntário numa comissão do centenário The Portuguese Tribune is a media partner for the Five Wounds Centennial celebrations

Rev. 20140718


ENGLISH SECTION

35

Michael Camara

"People generally don't care what you know until they know you care." Who is Michael Camara? Where were you born, raised? I was born in San Jose CA in 1979. My family moved when I was about 4 years old to the Central Valley when my father opened Camara's Clothier (a men's fine apparel clothing store located in downtown Turlock). I am a genuine Turlockian: I attended Julien Elementary School in Turlock, then Turlock Junior High School, and finally graduated from Turlock High School in 1997. I've lived nearly my entire life in Turlock and grew up playing competitive soccer for various club teams during my .

Dairy Farms has steadily grown since its establishment in 2007 and been recognized by the regional dairy farm industry for its exceptional quality product. Michael spends his free time enrolled as a part time student at CSU Stanislaus where he studies economics and finance. He is a member of Beta Alpha Psi, a national honor society for accounting and finance majors, Omicron Delta Epsilon, a national honor society for economics majors, serves on the mayor appointed subcommittee for Turlock economic development, and is a member of the Turlock chapter of the philanthropic Active 20s/30s Club".

What is your educational and professional background?

What led you to the creation of STAMP?

The following is a personal bio posted on the STAMP website I believe it summarizes my credentials well. "In the summer of 2010 Michael founded the Stanislaus Tutoring And Mentoring Program (STAMP), a 501c3 non-profit organization with complimentary educational and social goals. Michael attended Santa Clara University where he studied history and psychology. After graduation he was accepted to the Japan Exchange And Teaching Program (JET) which took him to Hiroshima Prefecture where he lived and worked for 3 years. Upon completing the JET Program, he spent a year traveling across East Asia, Africa, and Europe where he enjoyed learning about and interacting with ethnically, religiously, and culturally diverse populations. His return to the U.S. marked the beginning of a partnership with his brother in a dairy farming venture: JSS

My motivations for creating STAMP were many and varied, including: the life changing experience of teaching English for 3 years in Japan, an interest in education tempered by an inability to commit full time as an educator/teacher, the inspiration and support provided by Pitman High School's Librarian Christine Bryant, and a genuine desire to meaningfully contribute to the community and help extend real opportunities to ambitious local youth. What is STAMP? STAMP was founded in 2010 by a group of enterprising and highly motivated students. Since its initial volunteerism at Turlock High School, the program now serves over 23 schools in 9 separate districts across Stanislaus and Merced Counties. Through a variety of activities the group assists in the development of educational, artistic, and

recreational opportunities for local youth. Our primary function is to supply elementary and secondary school students with academic tutoring support while working to identify area business owners and prominent working professionals to serve as career mentors. What impact has STAMP had on your local community? STAMP is currently partnered with 23 schools across Stanislaus and Merced County. STAMP administers over 35 hours of volunteer academic tutoring a week in math, science, and ESL curriculum. In addition to assisting with after school tutorial programs, the organization provides in class staffing support at several sites. STAMP has also placed several students in internship positions and conducted radio interviews with prominent local individuals as part of a special mentoring lecture series. These audio pieces, produced in cooperation with the CSUS radio station (91.9 KCSS) have showcased the personalities of former NASA astronaut Jose Hernandez, Stanislaus County’s Superintendent of Schools Tom Changnon, Stanislaus County's Sheriff Adam Christianson, and the entrepreneurial sweet potato vodka distiller from Atwater, David Souza. What is your ultimate goal for STAMP? Besides expanding our free academic tutoring services to more schools in both Stanislaus and Merced County, we've a special SAT Test preparation pilot program currently under development. I hope to dramatically expand our intern placement activities to businesses located in Downtown Turlock. We're more closely working with the communications and marketing

Departments at CSU Stanislaus and officials at the City of Turlock via Mayor Lazar's newly formed Task Force On Economic Development to facilitate the placement of students as social media managing interns. Many older mom-and-pop operated businesses aren't utilizing the free marketing and advertizing benefits offered by social media (Facebook, Twitter, Instagram, Pintrist...ect.). STAMP aims to change this. There's also future mural projects under consideration for downtown Turlock walls. What are your career aspirations? I hope to develop my business acumen and cultivate opportunities in international trade. Historically, we Portuguese have been merchants and international tradesmen. Vessels flying the Portuguese flag literally reached every corner of the world - an impressive achievement for such a small nation perched on the European periphery. I simply hope to continue this tradition: more specifically, my involvement in the local dairy industry has introduced me to the massive opportunities in introducing California milk manufactured products to largely untapped markets in Asia. Industry analysts and economists agree that the future of American dairy farming is increasingly reliant on Chinese consumption. I'd like to facilitate that exchange. How much impact has your family and your upbringing had on your career aspirations? There is probably no greater influence on the shaping of my ambition than the guidance and examples set by my family. The work ethic and determination my brother and parents have demonstrated guides my actions

and shapes my values/priorities. The entrepreneurial environment that I was raised in has seeded a deep respect for self starters, the self reliant, innovators, and pioneers. What participation do you have in the Portuguese-American community? During most of my adolescence and twenties I played for local Portuguese Soccer Clubs including Acoreano Sport out of Hilmar and Academica Sport of Turlock. I've fond memories of training under calculating and proficient coaches: Manuel Pires, Joe "horn" Bettencourt, and Mario Tamaya. What message would you leave for young Portuguese-Americans who dream about starting their own non-profits? A pair of my mentors, Jeff Burrow and Jason Gordo of Modesto's Valley Wealth Inc. shared a particularly impacting quote with me some years ago, "people generally don't care what you know until they know you care." This seems to be largely true. Life has taught me that two traits above all others, competency and compassion, are absolutely fundamental to success. These two characteristics, taken together, can and often do provide for both personal and professional success.


ULTIMA PAGINA

1 de Agosto de 2014

SO in LD Sa O n U Jo T sé

36


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.