Tribuna Portuguesa, 15 de Agosto 2010

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Agosto de 2010 Ano XXX - No. 1092 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

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SEGUNDA PÁGINA

Mamarrachos, quem os quer?

EDITORIAL

A RTP que temos

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RTP gasta (e faz bem) milhares de euros com os programas CONTACTO, mas nunca lhes prestou muita atenção. A ideia foi política e a RTP arrima-se à sua gestão continental e deixa os Contactos por sua alta recreação, quer eles sejam bons, maus ou péssimos. Vem isto a propósito de termos lido em altas paragonas que começa em Setembro na RTP1, um programa sobre a vida de sucesso dos portugueses além-fronteiras. Isto quer dizer o quê? Quer dizer que a RTP nunca aceitou, até porque nunca autorizou que os Contactos fossem vistos em Portugal na RTP1, RTP2, RTPN. Passou durante uns tempos na RTP Africa. E quem é que via a RTP Africa? Nunca aceitou, porque sempre duvidou da qualidade deles, nunca aceitou, porque, muitos deles mostraram e bem os sucessos das nossas comunidades e os sucessos de muita gente de valor. Mas para quê aceitar que os Contactos fizessem esse trabalho se a RTP (que vive à custa dos dinheiro do Estado, isto é, das taxas do povo português) também gosta de viajar, de mandar os seus reporteres pelo mundo fora. Enfim, quem trabalha com o dinheiro dos outros, consola-se. Este programa a sair em Setembro é uma autêntica bofetada de luva branca a todos os Contactos deste mundo. Mostra o descaramento de não acreditar nas nossas gentes de qualidade. Se fosse comigo mandava a RTP à fava, até que eles me tratassem de igual para igual. Nota: sou um acérrimo defensor da RTP e da RTPi.

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jose avila

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iajar pelos Acores durante seis semanas dá para ver muita coisa, para apreciar muitos recantos que já nem nos lembrávamos-nos deles, dá para encontrar pessoas amigas e desconhecidas, dá para apreciar um certo paraíso perdido que ainda existe nas Ilhas, mas também dá para perceber que depois de tantos anos nesta nossa terra das Americas, é dificil comprender situações que nos fazem confusão, como esta que nos aconteceu - demorou 31 dias para recebermos um cartão multibanco (débito) de um Banco residente nos Açores. Pelo contrário, as comunicações, quer aéreas, quer marítimas, quer na internet, são uma pequena maravilha. Basta dizer que só num dia a SATA movimentou 9100 pessoas. A velocidade da internet é 16 vezes mais rápida do que a que temos em Modesto. Uma viagem da Horta à Praia da Vitoria no Hellenic Wind, demora 3 horas e seis minuitos. Da Terceira à Graciosa, duas horas e da Terceira a São Miguel 3 horas e meia, isto sómente com 3 motores, porque o quarto estava avariado.

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila Um estudante paga 5 euros para qualquer ilha, um reformado paga 12 euros para visitar qualquer Ilha dos Açores. Pagámos 32 euros para irmos da Terceira a São Jorge e o mesmo no regresso. Quem quiser ir em primeira classe paga um adicional de 10 euros. Os navios (2) à disposição, podem levar 680 pessoas e 180 carros e tem 100 metros de comprimento. Um carro paga 100 euros da Terceira a São Miguel. No entanto o clima está todo baralhado, como em muitas zonas do planeta. Ainda não houve verão nos Açores. Há mais nuvens nas Ilhas por metro quadrado do em toda a California. Tanto aparece o sol, como chove e as nuvens negras ameaçam o dia e às vezes até a noite. Alguma coisa estamos a fazer mal, porque nem a Graciosa é poupada a este tipo de tempo enevoado e humido, numa Ilha cuja altitude máxima é de 400 metros. Mas o mar, o mar, esse continua limpo, quase diríamos divinal. A poluição no ar é diminuta e mesmo com o excesso de carros existentes na Terceira e São Miguel a qualidade do ar é muito aceitável.

No entanto, ao lado de maravilhas, encontramos "desastres" chamados culturais, tais como a escultura em frente ao Liceu de Angra, a escultura nos Portões de São Pedro, a escultura de Antonio Dacosta, no Cantagalo, que num dia de copos em Paris decidiu homenagear o Espírito Santo com a mais estupida ideia do planeta. E que dizer do mamarracho existente na Rotunda do Aeroporto? Será que foi aceite só porque o autor era médico? A pergunta é simples: quem é que aceita todos estes mamarrachos em nome da cultura? Que raio de cultura é esta? E ainda dizem que há doidos em São Rafael. Além das festas tradicionais, que movimentam na Terceira milhares de pessoas, há todos os anos um fenómeno cultural/popular da maior importância. Referimo-nos à COFIT - Festival Internacional de Folclore dos Açores, que já vai na sua XXVI edição. Tem sido sempre um sucesso e irá continuar a sê-lo por muitos e bons anos. Continuaremos estas reflexões na próxima quinzena.

Year XXX, Number 1092, Aug 15th, 2010


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Duas Rainhas, Mãe e Filha, uma capa

Estas fotografias tem 31 anos de diferença - a primeira mostra a Rainha Junior de Vallejo em Maio de 1979, Paula Morais e na segunda, sua filha Alexandra Gouveia, Rainha Pequena em Benecia a 25 de Maio de 2010. Alexandra é filha da Paula e Paulo Gouveia e neta da Lucia e Mateus Morais. A capa é a mesma com pequenas alterações.

Laura e Tito Rebelo celebraram 45 anos de casados - O Ca-

samento teve lugar no dia 25 de Julho de 1965 na Igreja de São Pedro em Ponta Delgada. Foram padrinhos da noiva o Dr. Silva Fraga, de quem a Laura era secretaria e sua esposa D. Ana Conde, e do noivo os tios da noiva Aires e Filomena Couto. A direita:

Bodas de Oiro do Casal Orlando e Maria Tavares A Festa realizou-se a 13 de Fevereiro deste ano no Hilton Hotel em Fremont, e teve a presença dos filhos, noras, netos, muita familia e amigos, que quiseram partilhar com os aniversariantes este importante dia da sua vida.

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Nunca serei daqui

Ao Sabor do Vento

José Raposo raposo5@comcast.net

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uando a minha irmã, que vive aqui na Califórnia, resolveu ir a São Miguel celebrar o seu quinquagésimo aniversário natalício, eu marquei logo a minha passagem e não disse nada a ninguém. Fomos em voos separados e ela chegou lá 4 dias primeiro do que eu. Durante o voo da Unided Airlines de San Francisco para Boston quando chegou a hora de servirem o lanche eu pedi uma sandwich. Tirei dinheiro, do bolso, para pagar e a hospedeira não aceitava dinheiro. Teria que pagar com cartão de crédio. Por incrível que pareça, havia deixado os cartões de crédio em casa. Estava com tanta fome que já havia dado uma dentada na sandwich e como não podia pagar pensei logo: - Vão me mandar juntar o lixo ou algo que se pareça para que eu pague a minha comida. Ofereci-me para lavar os pratos mas não aceitaram. Disse que poderia ajudar o piloto nas manobras e a moça não gostou da brincadeira e não ficou lá muito contente comigo. A passageira que estava ao meu lado, puxa pelo seu cartão de crédito e paga-me o lanche. Agradeci e queria lhe dar o dinheiro mas ela não aceitou. Eu e mais a minha companheira de viagem começamos numa conversa animada sobre mil e uma coisas e o tempo foi passando e quando o piloto disse que dentro de minutos estaríamos a aterrar em Boston, ficamos surpreendidos. Mais umas horas de espera pela SATA internacional, embarquei mais os outros Portugueses todos que estavam por ali e 4 horas e 40 minutos depois alterávamos

no aeroporto da Nordela ao qual chamam de João Paulo II. Aluguei um táxi e poucos minutos depois tocava a campainha de casa de minha irmã. Eram mais ou menos 8 horas da manhã. Ninguém atendeu e eu bati à porta. O resultado foi o mesmo. Deixei a mala junto à porta e fui pelas traseiras da casa. Minha mãe estava a lavar umas roupas, eu cheguei-me para mais perto dela e disse: -Eh senhora! Ai o meu rico filho, foi a exclamação dela. Chorou, riu, gritou ao ponto de acordar toda a gente que estava a dormir e que saíram dos quartos na corrida pensando que algo de grave lhe havia acontecido. Começam uns a esfregar os olhos ainda cheios de ramelas e cansados talvez da festa do dia antes e ninguém voltou para a cama. Diz minha mãe. Agora sei que não morro do coração. Se o meu coração aguentou com este susto, aguenta com tudo. Estive em São Miguel 8 dias e fui ao Pico no fim-de-semana. Corri São Miguel quase todo, vi muita coisa nova e boa e vi outras que são mesmo de bradar aos céus como por exemplo as obras que fizeram nas termas da Ferraria. Gastaram uma quantidade de dinheiro e não houve um engenheiro com capacidade para ver que as escadas que lá fizeram é uma autêntica burrice. Os degraus mal têm espaço para se por os pés e a altura e largura dos mesmos deve ser directamente proporcional ao quoeficiente de inteligência de quem provocou tal aborto. O fim-de-semana que estive no Pico o que para mim é sempre agradável coinci-

Trade Rite Market & Bacalhau Grill

diu com a festa da Senhora do Carmo em Santo Amaro, freguesia onde nasceu a minha mulher. Vi uma quantidade enorme de amigos, comi lapas e cavacos e no Sábado à noite tive que sair do arraial porque o som da música era tão alto que tenho a certeza que alguns esqueletos deram a volto no cemitério. No total estive 14 dias fora de casa. Gostei das minhas curtas férias. Fui à pesca com meu cunhado no seu iate e apanhamos umas garoupas. Baloucei ao sabor das vagas, senti nos lábios o salgado do nosso mar, vi as verdes paisagens e o

azul e verde das lagoas, ouvi os assobios do melro negro, os gritos das cagarras e dos garajaus. Ao pensar que estava tão longe de casa, realizei que já não sou de lá mas, também, nunca serei daqui...

Bodas de Ouro

O ex-Rosa Trade Rite Market no Alum Rock em San José, tem novos proprietários Maria Mayolos e Luis Lourenço, e até mudou de nome para Trade Rite Market

& Bacalhau Grill.

A intenção dos novos donos é criar um novo ambiente, quer na parte de vendas quer na de restaurante. Propõem-se ter produtos portugueses, brasileiros e mexicanos. Numa comunidade tão pobre em número de restaurantes e mercados, como a nossa, esta aposta da Maria e do Luis, de continuarem, embora remodulando o antigo Rosa Trade Rite Market, é uma mais valia para todos nós. É quase uma obrigação da nossa comunidade suportar este tipo de ideias e até incentivar outras pessoas a aderirem a este novo projecto. Na parte da restauração vamos ver novas formas de apresentação de pratos do nosso fiel amigo "bacalhau", além de outros tradicionais da nossa rica culinária. Façam-lhes uma visita e depois digam-nos se valeu a pena. foto de filomena rocha

Joe e Rosalina Medeiros nasceram no Salão, Ilha do Faial, Açores.

Casaram a 18 de Fevereiro de 1960, têm duas filhas Nicky e Debbie, 5 netos e 1 bisneto. Para celebrarem esta tão querida data, toda a familia, num total de 13 pessoas, participaram num cruzeiro inesquecível. Parabéns a toda a família.

Veja a reportagem da sua Festa sempre que anuncie no Tribuna


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Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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o magnífico livro A Graciosa Ilha, (texto de Victor Rui Dores, fotografia de José Nascimento Fernandes Ávila, edição 2009), lê-se: “Na segunda semana d’Agosto realiza-se o acontecimento maior da Graciosa: as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que à ilha atrai inúmeros forasteiros, bem como emigrantes em romaria de saudade. A completar a parte religiosa, existe a vertente profana que inclui diversas actividades como touradas, exposições, actividades desportivas e muita animação musical”. Do artigo àcerca do culto do Senhor Santo Cristo na ilha Graciosa, assinado por Maria das Mercês da Cunha Albuquerque Coelho, e incluído no livro Peregrinos do Senhor Santo Cristo, publicado o ano passado por Daniel de Sá, apraz-me transcrever o seguinte: “O dia maior das festividades, agora no segundo domingo d’Agosto, já fora transferido do mês de Setembro nos finais da década de 50, a fim de aproveitar a amenidade do clima e evitar as chuvas com a aproximação do Outono, reforçada ainda pela coincidência de ser nessa altura que a ilha se recheia mais de gente, com os filhos da terra que voltam de férias, e os emigrantes que escolhem a época p’ra saciar a saudade, num esforço de compromisso em aproveitar a oferta recreativa e cuiltural, sem negar a devoção devida ao Senhor milagroso”.

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Santo Cristo na Graciosa

O cerimonial tem início no sábado à tarde com a mudança da imagem da igreja da Misericórdia p’rà Matriz de Santa Cruz. Domingo é o ponto mais alto da festa religiosa com a procissão percorrendo as principais ruas do centro da vila, encerrando-se na segunda feira com o retorno em procissão, no sentido inverso, da imagem p’rà Misericórdia. A actual imagem de meio corpo é do século 19, de idênticas características com a sua congénere de S. Miguel, ou seja, capa com jóias, cana na mão e coroa de espinhos na cabeça encimada por um resplendor de prata. A igreja da Misericórdia advém de longa data e foi devidamente mencionada por Gaspar Frutuoso nas Saudades da Terra (Livro VI, Capítulo 43). A este respeito, no livro Igrejas & Ermidas da Graciosa (1986), o padre jesuíta graciosense Vital Cordeiro Dias Pereira, falecido há dois anos, deixou dito que “o interior deste antigo templo dispõe de três altares. No altar-mór venera-se uma valiosa imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, ladeada pelas imagens de Nossa Senhora da Saúde e da Rainha Santa Isabel. Nos altares laterais existem imagens do Senhor Crucificado (à esquerda) e de S. João Baptista (à direita). A festa do orago Santo Cristo é de grande concorrência e considerada a primeira da Graciosa”. Foi nesta igreja da Misericórdia, igualmente chamada Igreja do Santo Cristo, que por meados do mês d’Agosto de 1654

entrou o padre António Vieira e seus 40 companheiros, dos quais quatro eram também sacerdotes, após o naufrágio ocorrido nas imediações do Corvo. Recol h idos por um navio pirata holandês, foram desembarcados na Graciosa. Ali, perante a imagem do Santo Cristo, Vieira rezou, celebrou e pregou, ficando assim demonstrado que, já a esse tempo, era grande a devoção popular oa Senhor Santo Cristo na Graciosa. Acrescente-se, no entanto, que a referida imagem do Senhor não era esta que agora lá se encontra entronizada, mas sim uma outra mais antiga e tosca, muito expressiva e devota, e de talha pintada, descoberta em 1976 e representando o mesmo passo da vida de Cristo, assegurando-nos dest’arte quer a antiguidade, quer a continuidade do culto do Santo Cristo em terras da Graciosa. Merece destaque apontar ainda que a actual imagem é do século dezanove.

Embora seja do nosso conhecimento que, antigamente, também se dava o nome de Santo Cristo a todos os crucifixos, paralelamente com as imagens do Ecce Homo, o certo é que, desde os começos, o orago principal da igreja da Misericórdia foi o Senhor Santo Cristo na figura tradicional do Ecce Homo. A fechar, e apenas a título de curiosidade p’rós apaixonados da tauromaquia, restame lembrar que, a partir de 1966 foi introduzida a festa brava, que faz cartaz com duas corridas feitas na cratera dum pequeno vulcão extinto sobranceiro à vila, onde foi construída a praça, e que tem trazido nomes notáveis de cavaleiros do toureio nacional, somando-se ainda duas populares touradas à corda. Pertence a Rosalie de Sousa este par de quadras: Minha ilha Graciosa, Foste meu berço ao nascer; Estou mesmo ansiosa P’ra te voltar a ver. Sinto saudades de ti, Querida ilha mimosa; És a mais linda que vi, Basta o nome Graciosa.


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Era Uma Vez Uma Homenagem e um Livro A Casa dos Açores da Califórnia organizou no pretérito dia 28 de Julho, na sua sede em Hilmar, um Sarau Cultural, para apresentar o livro andanças de pedra e cal da autoria poeta, contista, dramaturgo, cronista e romancista, Álamo Oliveira, e homenagear Miguel Canto e Castro, popular director de programa de rádio na Califórnia. A apresentação deste livro de poesia – a trigésima quarta publicação do autor – personagem muito importante no mundo literário açoriano, deu ensejo à comunidade portuguesa de conviver com Álamo Oliveira, e de o escritor conhecer, mais de perto, a importante comunidade portuguesa daquela área. O autor foi apresentado por Tony Goulart, Vice Presidente da Portuguese Heritage Publications, a editora comunitária que, há dois anos, lançou no mercado a versão inglesa do popular romance I No Longer Like Chocolates (Já Não Gosto de Chocolates).

Tony Goulart apresentando o escritor Álamo Oliveira

Álamo Oliveira agradeceu, comovidamente, à Casa dos Açores e à vasta audiência a gentileza da sua presença naquela noite, expressando ainda o seu sincero apreço e admiração pela comunidade portuguesa da Califórnia, com que tem mantido contactos assíduos, e pelo carinho como sempre tem sido recebido. O poeta foi agraciado com uma placa comemorativa do lançamento do livro andanças de pedra e cal por Vital Marcelino, Presidente da Casa dos Açores. Em seguida, Marcelino teceu um rasgado elogio à relevante obra radiofónica de Miguel Canto e Casto em prol da comunidade portuguesa ao longo de mais de meio século, oferecendo ao homenageado um placa em reconhecimento pela obra realizada. Comovido, Miguel Canto e Castro agradeceu o gesto da Casa dos Açores e dedicou este reconhecimento público a seus pais que, segundo o próprio, foram os verdadeiros percursores e ele apenas o continuador desta obra radiofónica de mais de meio século. Para terminar a noite, a Casa dos Açores apresentou um excelente espectáculo musical que incluiu um enorme leque de talentos nas suas fileiras, com a actuação do grupo de cantares da matança do porco e a Tuna da Casa dos Açores. Depois foi o momento do fado com as fadistas Lizete Jorge e Carmencita, dois novos valores no espectro musical comunitário, acompanhadas pelo conjunto de guitarras da Casa dos Açores. O sarau musical terminou com cantigas ao desafio por Adelino Toledo, António Azevedo e Vital Marcelino. A grande surpresa da noite foi certamente a actuação de Álamo Oliveira que, após insistência dos cantadores ao desafio, subiu ao palco e, pela primeira vez na sua vida, também “deitou” a sua cantiga. Está de parabéns a Casa dos Açores e a comunidade portuguesa de Hilmar pela brilho da festa.

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Que instrumento é que o Miguel Canto e Castro está a tocar? À direita: Álamo Oliveira, um dos maiores escritores açorianos

Tuna da Casa dos Açores de Hilmar

As "três mais pertinentes perguntas" da Quinzena Oh Sr. José, porque é que as camas dos Açores são tão duras? Oh Sr. José, porque é que ainda se cospe tanto para o chão nas nossas Ilhas? Oh Sr. José, só há um tipo de papel higiénico nas Ilhas? Quem souber, que responda!

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Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

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ara os filhos da mimosa Ilha Lilás, sobretudo aqueles oriundos do Ramo Grande, Vitorino Nemésio é símbolo literário de imenso orgulho, no que de melhor a Terceira tem para oferecer, de livro aberto ao povo leitor. A Praia da Vitória, onde nasceu, honra lhe seja feita, não perde uma oportunidade de o homenagear, nem jamais se esqueceria de o convidar para ir à festa. Nemésio, um conviva por excelência que adorava o terreiro e as suas cantigas, nunca vem de mãos vazias. Tem e terá sempre algo para oferecer a quem permanece atento à sua obra, ou nela busca inspiração. Inspirados n’ “A Torre do teu peito”, os praienses e seus milhares de convidados bailaram este ano ao redor da sua “Festa Redonda” com o brilhantismo e a alegria que lhes vem sendo habitual. Quem lá esteve é quem o diz. Eu, cá por mim, francamente, já não sei o que hei-de dizer de quem, ano após ano, continua a doar o melhor do seu esmerado talento e da sua afectuosa dedicação, ao fogoso brio com que a mui respeitável Praia da Vitória se apresenta no raiar de cada Agosto aos que a visitam pelas Festas. Aliás, sei, mas não vou aqui repeti-lo. Tanto o José Avelino Simões Borges como Paulo Codorniz já dispensam quaisquer apresentações e adicionais elogios pela brilhante composição da marcha que anualmente embeleza os festejos. A vasta comunidade de ausentes, que, uma vez mais, adoraria a oportunidade de por lá ter passado, e que não dispensa de forma alguma o ensejo de poder ouvir a bonita música ou, no caso

A Torre do teu Peito

específico cá do jornal, de se deleitar a ler nas calmas a briosa letra que dá ânimo à festa. Até Nemésio se sentiria, tremendamente, orgulhoso destes, bem como dos demais dedicados carolas, que nunca se cansam de dar o seu melhor pela sua e nossa Praia. De modo algum poderia eu também dispensar-lhes esta pequena homenagem aqui transcrita com a fervente saudade que me arde no peito.

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à umas boas dezenas de anos, Vitorino Nemésio escreveu e publicou in “Festa Redonda”:

“Quatro torres tem a Praia: Espital, Cambra e Matriz. Falta a torre do teu peito, Quem no sabe é… quem o diz!”

Esguias, direitas, Que deixam perfume De traço perfeito; Na areia molhada. Mais de quatro, podem crer, Chegam marés de mil flores É tão fácil ver E juram-se amores Porque estão a jeito, Na noite fechada. Basta olhar cada um, A Praia é este jardim, Não tem mal nenhum, A Praia é assim, São torres do peito. E pronto, e mais nada!

Nemésio partiu A caixa à viola, Quando hoje ouviu Rufar a tarola. Saltou para a rua, Há poucas semanas, o meu bom amigo Passou-se da tola A Praia é mais sua Paulo Codorniz inspirou-se e eu registo: E agora consola. “Crescem torres de alegria, Saiu montado, De telha corrida, A Praia tem, neste dia, De dia para dia, Num cavalo alado Torres de alegria Sem que a gente pense, Erguidas ao céu. Postas em papel de embrulho A lua, o sol e a bruma Com laços de orgulho Cobrem cada uma, De se ser praiense. Vestem-lhe um véu. São torres muito bem feitas, Desfilam carros de lume

Foi para a Avenida Entrou na folia, Aos ombros do povo; A festa corria Como vinho novo. Comeu e bebeu, Dançou pela rua E adormeceu Nos braços da lua E, no seu regaço Colocou-se a jeito: Fechou num abraço A torre ao peito.”

Um abraço que eu renovo nesta saudade que até arrepia.


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"Os (Meus) amigos da Terceira"

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Agua Viva

Filomena Rocha filomenarocha@sbcglobal.net

ieram de muito longe, da outra Costa, para se encontrarem na California com outros amigos e talvez com algum parente disperso por estas bandas. A Casa do Benfica recebeu-os com festa, com alegria e até se fez serão com sardinha assada, outras iguarias e boa música. A boa disposição é de cada um que gosta de confraternizar e criar bom ambiente, mas

os visitantes a subirem os degraus do Altar, como forma de reconhecimento e onde foram tiradas fotos para o álbum de memórias. Às Cinco horas da tarde a Banda Portuguesa de São José foi pequena para o povo que acudiu a ver o espectáculo de Teatro e variedades, como se usa dizer, ainda que na realidade se tratasse de uma Opereta, vistosa e alegre. “A Herança”, o tema da peça de teatro, antigo e

se houver uma ajudinha, o objectivo será conseguido de melhor maneira. Victor Santos foi essa forma de dar alegria, com as suas canções que convidaram à dança e algumas anedotas. No Domingo, dia 18 de Julho, toda a Caravana dos Amigos da Terceira foi à Missa na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas. Cento e seis pessoas encheram os bancos que muita gente deixa vazios por esta altura das festas em outras partes, e no final o celebrante Rev. Padre António Reis gentilmente convidou todos

sempre actual, com quadros da vida presente, que nos fez reviver situações muito semelhantes às vividas nas melhores famílias imigradas, entre diversas canções interpretadas por vozes frescas e harmoniosas com orquestra ao vivo, sob a batuta do maestro Luís Gomes. Interpretações estupendas, bem conseguidas por artistas de teatro bem à altura dos seus personagens, em suma uma tarde bem passada, que sabe-se lá agora quando virá outra assim que nos deixe bem dispostos para levar para casa que lembrar e contar, que os Amigos da Terceira em boa hora vieram à California para fazer e deixar novas e boas amizades com lembranças que hão-de perdurar até ao próximo encontro. Victor Santos, aquele rapazinho de oito anos que um dia veio para a América com os seus pais, é hoje um senhor que, não se esqueceu da língua portuguesa que primeiro aprendeu na sua Ilha Terceira, na sua Terra-Chã, seu berço e de muitos que foram intérpretes da arte de Talma e de vozes que têm sabido levar longe a terra natal, e que mais tarde, devido ao empenho dos pais aperfeiçoou, está de parabéns não só pelo seu talento, de escrever, de compôr e cantar com a linda voz que Deus lhe deu, mas também por essa persistência de trazer à ribalta luzes que fazem falta aos espíritos tristes, pouco iluminados também por desafeitos, devido ao cansaço do dia-a-dia da vida. Todos estão de parabéns! Até os espectadores, por terem sabido receber os Amigos da Terceira em diversos salões da California, com os bem merecidos aplausos.


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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net Em tempo de crise todos temos o potencial de abarcar outros patamares e atingirmos metas inalcançáveis Stuart Wilde, autor britânico

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s Estados Unidos encontram-se num verdadeiro pântano económico. Tal como na vasta maioria dos países ocidentais a dita crise prolonga-se e há pouca luz no fim do túnel. O desemprego continua a roçar os 10% e as entidades políticas esfolam-se para se culparem mutuamente. Os Republicanos persistem em que a redução da carga fiscal (de preferência aos mais endinheirados) é a única resposta, Os Democratas argumentam que é necessário mais investimento pela parte do governo federal. Porém, o que ainda não entrou na equação, no debate nacional, é a necessidade de termos uma análise séria e profunda sobre o problema do desemprego. Há que saber-se porque é, e como foi, que a América perdeu 8 milhões de postos de trabalho? Há que reestruturar a economia para que seja mais equitativa para todos os americanos. As raízes desta crise económica datam a administração de Ronald Reagan, quando a ideologia conservadora começou a dominar as políticas económicas deste país. Não é assim tão difícil recordarmos que Reagan, e os seus acólitos, tinham como filosofia principal três concepções perversas. Primeiro, se o governo ajudar os ricos a ficarem ainda mais ricos,

esses farão cair alguns tostões para as classes média e baixa, o chamado "trickle down economics." Segundo, o mítico mercado livre, incluindo as bolsas, são inerentemente auto-vigilantes, daí que não há necessidade de haver qualquer regulamentação governativa. Terceiro, os Estados Unidos não necessitariam de qualquer estratégia económica, porque tal viria da chamada "consequência natural" dos mercados livres. Destes três insolentes conceitos resultaram um período de 32 anos em que a classe média americana, as famílias que trabalham neste país, foram completamente abandonadas em prol das classes mais favorecidas. As desigualdades amplificaram. Os ricos ficaram muito mais ricos. Os pobres mais pobres. O país que criou uma classe média forte e com grande mobilidade viu-a decrescer. Com a era de Ronald Reagan, o poder das multinacionais e pluricontinentais aumentou enquanto que os sindicatos, os únicos representantes dos interesses das classes trabalhadoras, praticamente desapareceram. Os salários multimilionários dos directores das grandes empresas (os CEOs) impeliram, enquanto que ampliaram o número de famílias com salários miseráveis. A ideologia conservadora criou uma economia frágil e urdida, em que a habitação representava mais de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB). Foi a construção exagerada, as compras de casas cada vez maiores, do mobiliário mais caro e acima de tudo:

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

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esde jovem tenho procurado escutar o murmúrio coado do pensamento (a pensar não se envelhece) para me proteger da poluição sonora da pregação venenífera dos amanuenses do status-quo. São feitios. É possivel que os desígnios do meu temperamento me tenham protegido das vulnerabilidades da opulência obscena cultivada pelo mandarinismo lusitano. O saldo da conta da minha ricapobreza não serve de exemplo a ninguém. Reconheço, contudo, que há ainda vários modos de conviver com a pobreza involuntária; há quem se sirva da pobreza como “alavanca” psico-religiosa para melhor explorar a má-consciência dos herdeiros profissionais das classes possidentes... O já desbotado decreto emocional de amar os pobres (e odiar a pobreza) já deu provas da sua ineficácia operacional. Não me parece possível eliminar a mi-

séria (a pobreza é apenas o rosto mais visível da miséria) com ferramentas aritméticas, ou seja, duplicando ou triplicando, por milagre populacho, o rendimento individual. Assim que as comunidades acendem o foguete de lágrimas do progresso material, os indivíduos depressa “descobrem” novas, exigentes, quiçá desnecessárias ‘necessidades’. Mais: a trajectória comum dessas supostas necessidades começa como mera ostentação, e termina como imperativo irreversível... O conceito popular de Democracia “anda nas bocas do mundo” há mais de dois mil e quinhentos anos. Sempre que observamos a fundo o princípio da igualdade na pobreza (em que “o jantar serve de ceia”) ressalta-se-nos à vista o vírus da gripe económica (vamos comparar, metaforicamente, ao vírus da ‘sida social’) cuja propalacão ameaça desaguar no oceano do ‘terrorismo económico’... Gostaria de acreditar que, no peito da cidadania democrática, há

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A Crise Económica nos EUA

As raízes, as soluções e as oportunidades hipotecar até ao máximo as habitações para se manter um nível de vida decente. Quando o chamada "bolha do crédito" rebentou, a economia, toda ela sem qualquer regras, e baseada no crédito fácil, entrou, como se sabe, num declínio total resultando na crise em que nos encontramos e que estará connosco por mais alguns anos. Para que a economia americana seja sustentável é essencial que se crie cerca 110 mil postos de trabalho todos os meses. Para que o desemprego decresça para um índice considerado pelos economistas como "razoável", ou seja entre os 6.5 e os 7%, será necessário. segundo os mesmos peritos, criar-se mensalmente, durante os próximos três anos, cerca de 300 mil postos de trabalho. Para que tal aconteça, é imperativo que se crie as seguintes condições: as classes baixa e média têm que gastar dinheiro; as empresas têm que empregar mais trabalhadores e os novos postos de trabalho têm que pagar salários decentes. É que ao contrário da teoria conservadora dos Republicanos de Ronald Reagan a economia nunca crescerá apenas com o poder de compra dos mais endinheirados. Os empresários terão que cessar uma prática nociva que acontece um pouco por todo o mundo laboral, ou seja: preenchimento das vagas com trabalhadores temporários, que recebem salários miseráveis e sem qualquer beneficio, quer no capo da saúde quer na segurança no emprego.. Os novos empregos não podem caminhar pela via recentemente anunciada pelas agências noti-

ciosas, segundo as quais, dos 630 mil postos de trabalho criados até à data neste ano de 2010, cerca de 80% são empregos no sector dos serviços que pagam salários baixíssimos. esde a presidência de Ronald Reagan que o número de empregos sustentáveis tem decrescido. Os bons empregos nas fábricas de automóveis, por exemplo, têm sido substituídos pelos trabalhos nos restaurantes de fast-food. Criou-se uma economia com o pretexto que todos os cidadãos, para sobreviverem, teriam que estar altamente endividados. A América tem neste momento o que já foi descrito por muita gente como: um cancro económico. Daí que há que proceder-se a uma cirurgia radical. Há que ultrapassar-se a demagogia política. Há que legislar e executar políticas eficazes. Há que dizer-se, sem qualquer desassossego, que o modelo conservador de Ronald Reagan, infelizmente alimentado no que concerne a liberalização dos mercados por Bill Clinton, não funcionou. Há que dizer-se aos Republicanos que a resposta não está na redução da carga fiscal dos mais endinheirados, mas em medidas equitativas que criem oportunidades para todos. Em políticas baseadas na justiça social. É essencial que entre as políticas partidárias de um ano de eleições (acontecem em Novembro de 2010), haja coragem para se proceder uma reestruturação da carga fiscal que cesse as injus-

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tiças às classes média e baixa e favoreça os mais ricos. Os mais ricos t6em que pagar mais impostos. Há que haver uma nova injecção de dinheiros públicos na economia, algo vá além de um plano de salvação dos funcionários públicos, mas que aposte na renovação das infra-estruturas do país. É essencial que se crie um programa ao estilo do "New Deal" de Roosevelt. Mais, o governo federal tem que ter voz activa nas politicas económicas. Há que haver regras nas bolsas, nos bancos, nas seguradoras, neste jogo económico que se chama capitalismo. O Presidente John F. Kennedy disse algures: "os chineses usam duas pinceladas para escreverem a palavra crise. Uma pincelada representa o perigo, a outra a oportunidade. Numa crise há que reconhecer o perigo e aproveitar a oportunidade." Daí que esta poderá ser uma das últimas grandes oportunidades para nos libertarmos das políticas económicas que os conservadores nos têm impingido durante os últimas três décadas. Porque a situação económica continua a ser grave nos EUA, há reconhecer as ameaças e utilizar estas vivências para se instituir politicas perspicazes e consistentes que salvem as classes trabalhadoras e a mobilidade social que fez a América o grande país que é. Esta poderá ser uma das últimas grandes oportunidades para nos libertarmos das políticas económicas que os conservadores nos têm impingido durante os últimas três décadas.

Quem tem medo da

coragem...? um nobre guerrilheiro-moral a esgrimir a verdade relativa das coisas; um salmo de justiça social patente nas danças e cantares do povo, nas suas emoções e tradições étnico-religiosas. Vamos sugerir que promessas de bemestar não são juras bíblicas: são porventura gotas de palavras que se esgueiram pelas sinuosidades do eterno-bem; são lascas de verdades arrancadas ao madeiral do pensamento. É por isso que, em pleno esfervilhar da vida, bastas vezes temos de recuar (corajosamente) para tomar fôlego e continuar o avanço (mesmo que paralelamente)... Vamos perguntar ao Verão em curso: como irás neutralizar a passividade adolescente (e não só) em relação às drogas ilegais? Que novidades trazes aos dois milhões de “fora da lei” que pululam nas cadeias norte-americanas? Qual o teu projecto relativamente ao Serviço Nacional de Protecção às Crianças, para além da contensão disciplinar e da punição legal do

imundo flagelo pedófilo? Que me dizes do terrorismo sócio-cultural que continua a adiar sine die a alvorada da meritocracia? Quantos quilómetros de comprimento apresenta a parada anual dos mercenários do oportunismo...?

E

.../.../...

já agora vamos torcer o leme da diáspora em direcção aos Açores. Vejamos: quando iremos celebrar o natal da C.O.P.A. (Cruzada de Organização Popular Açoriana), que gostaríamos de ver integrada por Sindicatos, Escolas, Empresas, Organizações desportivas e recreativas, para acicatar a Administração Regional a reconhecer a sua demorada, embora por vezes compreensível, “dor de ser quase”? Será que valerá a pena aguardar as melhoras do reumatismo alternativo da oposição regional? ... creio que nesta conjuntura estival (2010) seria importante “per-

der a oportunidade para perder a oportunidade”. Ou seja: a autonomia politico-administrativa dos Açores não deve ser humilhada pela hipótese de ser apequenada à mera circunstância dum waiting room for the last trip... Caro Verão de 2010: há ainda gente com medo da coragem... e há também muitos viventes apavorados pela chegada da Liberdade (sobretudo pelo temor da responsabilidade individual que tal eventualidade implica...).


COLABORAÇÃO

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida egidioisilda@charter.net Finalmente a produção de leite “orgânico” recebe regulamentos firmes sobre métodos de pastagens

E

nquanto que a bola elástica, no mercado residencial e financeiro cresce e rebenta, os produtores de leite “orgânico” recebem os regulamentos quanto ao uso obrigatório das pastagens na sua produção, ao mesmo tempo que a bola elástica da industria de criação de gado, produção e comercialização de produtos orgânicos, acaba também por rebentar. Desde 2002 a 2007 as vendas do leite e produtos orgânicos explodiram com um crescimento anual de 20%, e foi uma carreira vertiginosa para produzir mais e mais para um mercado que parecia insaciável,. Depois em 2008, o balão rebentou. Segundo os peritos de “Organic Valley’s Dairy”, foi quando as coisas começaram a cair na economia nacional e esta como muitas outras companhias (algumas aqui da Califórnia) não haviam antecipado, e quando acordamos o mundo estava parado, o consumidor deixou de comprar, inventários transbordaram e definitivamente fizemos uma paragem brusca.

Enquanto que o segmento de $1.3 biliões de leite orgânico na industria de lacticínios procurava resolver a sua primeira descida, o novo regime no Departamento da Agricultura dos Estados Unidos estava-se preparando sériamente para fazer cumprir os regulamentos para a produção de produtos orgânicos. Em Fevereiro de 2010 de (USDA) publicou uma série de regulamentos para animais produzidos organicamente para a produção do leite orgânico, tais como pastar durante toda a duração da época de pastagens locais com o mínimo de 120 dias e minimamente 30% da sua dieta derivado das pastagens e as novilhas devem estar nas pastagens no mínimo aos 6 meses de idade. Kathie Arnold uma produtora de leite orgânico e “leader” no centro de New York, acredita que o programa nacional de USDA vai ser agressivo sob a liderança de “Miles McEvoy’s”, como deputado administrador do “National Organic Program”. E como maiores desafios, está o facto de que os preços caíram drásticamente nos últimos 18 meses para todo o leite orgânico ou convencional, o que originou a falência de duas unidades industriais, uma destas no Norte da Califórnia. Por esta razão, no primeiro dia do corrente ano, “Organic Valley’ recebeu

Leite orgânico novos regulamentos

273 explorações e desenvolveu um sistema de quotas reduzindo em 7% a produção de leite, afirmando que bem ou mal não havia outra alternativa para sobreviver, estavam vendendo leite extra, pagando aos produtores $28.00 por cwt e vendendo-o a $12.00 cwt, quando conseguiam mercado. Os consumidores e activistas orgânicos patrocinaram o movimento das pastagens, incluindo um processo geral contra Aurora Dairies em Colorado, que alega que os animais em restrição aos currais, não são orgânicos devido

à falta de pastagens. Entretanto a USDA faz as decisões e os tribunais decidirão, enquanto isto, os produtores continuam à espera de melhores dias.

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Paulo Rocha Goulart Com 82 anos de idade faleceu, após prolongado sofrimento, no passado dia 18 de Junho, PAULO ROCHA GOULART, na sua residência em Modesto, carinhosamente, rodeado por dilectos e prestimosos amigos e dedicado pessoal clínico auxiliar. O falecido, que era natural da Calheta, Ilha de São Jorge, Açores, residiu muitos anos em San Diego (aonde foi muito activo e dedicado líder da grande comunidade do sul da Califórnia) e Turlock, trabalhando muitos anos na Kings County Truck Lines, conhecida empresa de transportes de lacticínios, fundada pelo jorgense Manuel "Spike" Mancebo, de Tulare (Vale de San Joaquin), e mais tarde fundou, ele próprio, a sua companhia de transportes de camiões e foi organizador de excursões turísticas para os Açores, Madeira, Portugal Continental e América do Sul. Fundou e dirigiu, também, o popular programa de rádio em língua portuguesa "Hora Portuguesa" no sul da Califórnia, alem de ter sido co-fundador e primeiro Presidente da popular "Aliança Açoriana" e seu sócio numero um, tendo sido ainda, por muitos anos, dedicado Correspondente do antigo "Jornal Português", em San Diego. Paulo Goulart era também activo membro do popular Festival Cabrilho que, há muitos anos, vem comemorando, com muito brilho, a descoberta da Califórnia, por mar, do nosso imenso Estado, pelo navegador português João Rodrigues Cabrilho, com celebrações, durante a ultima semana de Setembro de cada ano, o qual tem a participação oficial de vários países - Portugal, América, Espanha e México. Durante vários anos, Paulo Goulart personificou o navegador Cabrilho, pela semana fora... vestido com a indumentaria naval,

metálica e pesada, daquela época (século XVI), suportando o rigoroso calor do sul do nosso Estado, naquele mês. No campo fraternal da nossa grande comunidade, espalhada pela imensa Califórnia, participou, também activa e dedicadamente, comparecendo com frequência às múltiplas sessões e actividades sociais, que se realizam pelos anos fora, não obstante, então viver no extremo sul da nosso Estado, como oficial da LALI e da LAFF, Director da Luso-American Education Foundation, e, nos últimos anos, como Director Honorário desta prestigiosa Fundação Portuguesa; e como membro da Portuguese Fraternal Society of America, a qual incorpora 4 sociedades fraternais. Alem disso, foi Presidente Supremo, entre 1970-1971 da S.E.S., de que era agora "Dean" dos Presidentes Supremos desta Sociedade, uma das maiores deste grupo fraternal. Em reconhecimento dos valiosos serviços prestados tanto à nossa comunidade composta por centenas de milhares de portugueses e luso-americanos, o Governo de Portugal condecorou Paulo R. Goulart com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de Comendador em Junho de 1984, e com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, no grau de Prata, em Abril de 1984. Também recebeu um Certificado de Apreciação, em Abril de 2006, da Luso-American Education Foundation, além de outros galardões. O funeral foi particular através da Hilview Funeral Chapel, de Patterson, Califórnia, a pedido do falecido. Uma missa, por alma do extinto foi celebrada pelo Re. Padre Michael Kelly, por quem o falecido tinha grande afeição e ad-

miração, no dia 26 de Junho passado, na Igreja Católica de St. Joaquin, em Lockeford, Califórnia. Na missa foi anunciado que em vez de flores, donativos deviam ser remetidos para a Luso-American Foundation, 7080 Don-

lon Way, Suite 200, Dublin, CA 94568, ou para a PFSA, Education Foundation, 1120 East 14th St, San Leandro, CA 94577. Paz à alma do nosso saudoso amigo.

Alberto S. Lemos


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Talento da juventude foi o ponto alto

1º classificado na categoria de dança: Sacramento Youth Council #4

2º classificado na categoria de dança: Fremont/Union City Youth Council #1

3º classificados (ex-aequo) em dança: Gustine/Los Banos YC#18 e Northern San Joaquin Valley Youth Council #24

1º classificado em variedades: Newcastle Youth Council

Newark Youth Council #30

Contra Costa Youth Council #16

Fotos de Miguel Ávila

2º classificado em variedades: Mtn. View/Sta. Clara YC#11

Tracy Youth Council #25

San José Youth Council

1º prémio individual (Suzie Bento): Norco/Corona YC#28

3º classificado em variedades: Artesia Youth Council #13

SPRSI Youth Council

Santa Maria Youth Council #3


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Nova liderança da Luso e SPRSI

Luso-American Life Board of Directors - Em pé (esq/dir): Hermano de Melo, Joe M. Machado, José da Silva, Tony Martins, Carlos Amaral, Joseph Vieira e José da Costa. Sentados (esq/dir): Linda Vieira, Cecelia Souza, John M. Dias (Chair), Edite Furtado (Presidente), Michelle Moreira (Vice-Chair), Vicki Barrios. (Narcie J. Ferreira - ausente)

Youth Officers - Em pé (esq/dir): Joseph Rocha, Dylan Fontes, Jason Costa, Nicolas Vieira, Austin Tavares, Ethan Vieira, Albert Vieira Jr. Sentados (esq/dir): Annalicia Luis, Antoinette Machado, Matthew Teixeira, Sara Rodrigues, Sierra Tavares e Alisha Frank.

SPRSI - 20's-30's Directors: Em pé (esq/dir): Lannette Thomas, Stacey Piateck,

Tanya Neito, Tammy Varley. Sentadas: Erika Cardoza, Manuela Brasil, Conception Piateck

Queen and Her Court (esq/dir): Sierra Tavares (Lady in

waiting), Nicole Bettencourt (Queen), Sylvia Braga (maid of honor) e Sophia Rosa (maid of honor)

Sales Team - Em pé (esq/dir): John Parreira, Gene Silveira, Frank Trovão, Tony Sozinho, Mary Jo Rodrigues, John Avila, Frank Estrela, Manuel da Silva, José Soares. Sentados: Lisa Amaral, Dee Lacey, Olga Bove, Mize Violante, Fernanda Rinehart

Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa na nossa Comunidade


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20's-30's Officers - Em pé (esq/dir): Abel Dutra, Monica Xavier, Frank Trovão, Nancy Nunes, Augusto Correia Jr. Sentados: Sandy Garcia Zucker, Anthony Pio e Danny Pinto

Embaixo à esquerda:

SPRSI - Adult Directors - Em pé (esq/dir): Susan Goodman, Arlinda Simões-Lessig, Audrey Burman. Sentadas: Sandra Nieto, Constance Brasil e Angie Brasil

LAFF-PCU-SPRSI - Em pé (esq/dir): Matthew Teixeira (LAFF Youth President), Anthony Pio (LAFF 20-30-'s President), John Perdigão (LAFF President), Jack Costa (PCU President), Evan Gray (PCU Youth President) Sentados: Manuela Brasil (SPRSI 20-30's President), Constance Brasil (SPRSI President) e Jessica Wyatt (SPRSI Youth President) Embaixo a direita: Social Directors - Em pé (esq/dir): Mary F. Coelho, Deolinda Trovão, Georganne de Melo, Andrea Vieira, Dee Lacey. Sentadas: Eilleen Rosa, Emily Ascenso, Carol Silva, Natalia Bettencourt, Fernanda Rinehart (Páginas 17,18)

Fotos de José Enes

LAFF Board and Line Officers - Em pe (esq/dir): John Perdigão, Paulo Matos, Arnald Rodrigues, Tony Sozinho, Paul Teixeira, Joe Machado, Frank Correia, Joe Pio, George M. da Silva, Daniel Sequeira. Sentados: Maria Conceição Batista, Lisa Amaral, Cynthia Weekley, Mize Violante, Mary Edwards, Julieann Piatek, Tisha Cardoza, Manuela Wyatt

Line Officers - Esq/dir: John Perdigão. Mize Violante, Tony Sozinho, Paulo Matos,

Maria Batista, Lisa Amaral

SPRSI Youth Directors - Em pé (esq/dir): Gianna Thomas, Joclyn Thomas, Janee Valadão, Monica Menezes, Victoria Brasil, Catherine Brasil. Sentados: Cristina Nieto, Tanya Nieto, Jessica Wyatt, Jasmine Wyatt, Ashley Glenn


FESTAS

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Artesia D.E.S. em dia histórico

Corte da fita da inauguração do novo e bonito Salão de Festas do Artesia D.E.S. que custou $1.7 milhões de dólares. Uma obra importante para a comunidade de Artesia. Presentes toda a Direcção do Artesia D.E.S. da Presidência de Paul Barcelos, Filarmónica, Rainhas de 2009 e 2010, além do Presidente da Câmara Tony Lima e muito publico. (fotos

Filarmonica do Artesia D.E.S. fundada em 1972, tem como Mestre David Costa e 60 elementos. O Hino é da Autoria de Gualter Silveira.

de F. Dutra)

Imagem da Rainha Santa Isabel

Embaixo: aspecto do espaço entre os dois salões, vendo-se o Imperio e o novo Coreto (foto de José Enes)

Durante a Procissão podem-se reconhecer o Cônsul Honorário de Portugal em Los Angeles, Edmundo Macedo, e elementos da Direcção de Paul Barcelos e esposas


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COLABORAÇÃO

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Comunidades do Sul

Fernando Dutra

T

odos os anos no ultimo fim de semana do mês de Julho, a comunidade de Artesia, celebra as suas tradicionais festas em honra do Divino Espírito Santo, este ano com o mesmo sentido e mais uma celebração do 83º aniversário e inauguração do novo salão, orçado em um $1.5 milhões de dólares, o que não causará admiração se o orçamento for ultrapassado. Quase um ano em construção, muito trabalho e algumas dores de cabeça, para os directores e comissão do planeamento. Finalmente como estava previsto, ficou pronto para os grandes festejos. É uma obra prima, digna de ser observada pelos maiores criteriosos profissionais na arte da construção civil. Todos nós sabemos que uma obra com esta dimensão, não foi nada fácil para a sua realização, para mais uma comunidade de que tem e tende a diminuir de ano para ano, o que rigorosamente trará maiores esforços para as direcções vindouras. No sábado dia 17, a direcção ofereceu uma "Open House", somente para membros, familiares e convidados. Durante a entrada, todos foram recebidos pelos directores da Assembleia Geral e administrativos e respectivas esposas que serviram os convidados com champanhe e entregaram uma réplica da Coroa do Divino Espírito Santo, para ser usada na lapela do casaco. Uma significativa recordação e uma digna ideia da direcção. Depois de observadas as novas instalações, salão, bares, cozinha e quartos de banho, tudo do mais moderno existente na construção, todos foram servidos com um lauto beberete com bebidas de todas as qualidades. O mestre de cerimónias, Valquirio Borba, fez as apresentações e chamou ao palco os Presidentes da Assembleia Geral, Paulo Lima e da Direcção, Paulo Barcelos, os quais pronunciaram algumas palavras referentes ao evento. António Aguiar fez algumas explicações respeitantes ao planeamento. Paulo Barcelos disse que estava contentíssimo pela conclusão de tão grandiosa obra a qual teve início com a anterior direcção e

FESTA DO ESPÍRITO SANTO

Inauguração do novo Salão do Artesia D.E.S .

disse: "Esta é a sala de visitas da nossa comunidade". Seguidamente falou o Mayor da Cidade, Tony Lima, ladeado pelos vereadores, o qual entregou um diploma da cidade pelo valor que esta obra trouxe à mesma e João Dias entregou um donativo da Sociedade Luso-American e nas suas palavras usou a frase do presidente da sociedade "Esta sociedade passará a ser a sala de visitas de todas as comunidades da Califórnia", palavras mais apreciadas por ser um homem do Norte da Califórnia.

N

o dia 18, pelas 5:00 horas da tarde, uma pequena parada com o encontro das Coroas do Divino Espírito Santo, com a presença das Rainhas e respectivas aias, Filarmónica da Sociedade, directores, oficiais da Cidade e publico em geral. Após a parada, seguiu-se a inauguração oficial do Salão. Presidentes da Assembleia Geral, da presente e passadas direcções, directores e oficiais da cidade. Uma grande tesoura, com o auxílio do Mayor e presidentes, cortou a fita da entrada principal, com imensos aplausos de todos os presentes. Seguiu-se a benção a todo o edifício pelo Reverendo Padre Domingos Machado, que seguidamente celebrou a missa inaugural, acompanhado pelo magnífico Grupo Coral de Artesia. Toda a semana houve recitação do Terço na capela da sociedade, com o acompanhamento do grupo coral e do grupo "Hora Social de Artesia". Sextafeira dia 23, como é habitual, apresentação das rainhas e respectivas aias. Não foi cumprido o horário devido a um incidente, no centro comercial, onde as mesmas se encontravam na cabeleireira. Um assalto à mão armada numa casa comercial de ouro. A policia cercou o centro de tal modo que ninguém conseguiu sair ou entrar, o que causou um atraso de cerca de uma hora. Finalmente os ladrões foram presos e as rainhas na sociedade a cumprirem e muito bem, o programa. As rainhas que abandonavam o reinado e as que iniciavam um novo reinado, todas se

expressaram magnificamente, em inglês e português, umas demonstraram mágoa na sua saída e outra o seu contentamento por entrarem numa nova fase da sua vida, representando a sociedade durante um ano. Seguiu-se uma noite de fados com a presença de Paulo Filipe e Michelle Pereira, acompanhados pelos sobejamente conhecidos artistas da 7 Colinas, de SanJosé. Um serão muito animado tratando-se de "uma noite de fado" embora com fadistas ainda não conhecidos na comunidade, no entanto desempenharam a sua missão. Ao ar livre houve musica para dançar ao som do conjunto "King Solomon". ábado dia 24, pelas 5:00 horas, cortejo de oferendas, seguido pelo bodo de vinho e massa sovada. Durante a tarde concerto pela Filarmónica de Artesia, actuação do grupo folclórico de Artesia "Retalhos Antigos" e pelas 9:00 horas cantoria no interior do salão com o jovem António Isidro Cardoso, vindo do Topo, Ilha de São Jorge. Este improvisador tem apenas 19 anos, era aguardado com ansiedade pelos apreciadores da cantoria. José Borges, da Florida, Manuel dos Santos, de Artesia e Alberto Sousa, também de Artesia. Em simultâneo houve baile ao ar livre, para os mais novos que prometia ser um evento especial, com o famoso conjunto internacional "STARLIGHT" de Toronto, Canada. Mais um incidente, por causa das novas leis nos transportes aéreos, foi-lhes negado o transporte do material que faz parte do conjunto e deste modo não conseguiram o seu desejo e o desejo de muitos utentes que aguardavam este famoso conjunto desde que o seu nome apareceu no programa. De acordo com o presidente da sociedade, Paulo Barcelos, o mesmo estará entre nós na primeira oportunidade possível. Para substituir este conjunto foi contratado o conjunto de Gilberto Amaral de San José. Domingo dia 25, pelas 8:00 horas, foram distribuídas sopas aos doentes e idosos da comunidade. Pelas 11:00 horas inicio do cortejo da sociedade para a Igreja da

Sagrada Família com a presença das filarmónicas de Artesia, Chino, Tulare e San Diego. Tomaram parte no mesmo o Cônsul Honorário de Portugal em Los Angeles, Edmundo Macedo, directores, diversas representações, rainhas da sociedade e de outras comunidades e publico em geral. Após a missa celebrada pelo Padre Domingos Machado e cantada pelo grupo coral de Artesia, o cortejo regressou à sociedade onde foram servidas as deliciosas sopas. Também foram servidas as primeiras sopas a seguir à partida do cortejo para a Igreja. Durante a tarde houve concertos pelas filarmónicas presentes e arrematações. Pelas 9:00 horas exibição da Grande Marcha e baile ao ar livre com o conjunto "Genica". Segunda-feira, dia 26 pelas 6:30 horas, grande corrida de toiros, com seis toiros da Ganadaria de Manuel Costa, com o cavaleiro Alberto Conde e o matador José Luís Gonçalves, vindos de Portugal e Grupo de Forcados de Artesia. Abrilhantou o evento a Filarmónica de Artesia. Esta direcção do Artesia D.E.S. está de parabéns, bem como todos os seus colaboradores, pelo magnifico programa tão bem organizado e realizado.

das sopas a todos os presentes. Durante a tarde houve concertos pelas filarmónicas presentes e serão dançante. As danças de São João e grupos folclóricas do Chino e Artesia foram convidados, no entanto por certas razões não conseguiram a sua presenca no evento. Na segunda-feira foi servida a tradicional feijoada com carne e à noite novamente baile ao som do conjunto

"Genica". O chefe da cozinha, Frank Borba e seus colaboradores estão de parabéns pelo excelente trabalho apresentado, sopas e feijoada tudo delicioso. O próximo jantar, conhecido pela festa das contas, será no dia 18 do môs de Setembro pelas 6:00 horas da tarde.

S

Nota: Durante os festejos o novo salão foi visitado e admirado por centenas de forasteiros que dignificaram a majestosa obra observada, fruto de uma direcção, comissão de planeamento e de algumas individualidades a distinguir, tais como: João Martins, Tony Martins e Tony Freitas. Ainda, entre todos, a maior distinção recaíu sobre João Martins, ex-mayor da cidade e presente vereador, que ofereceu como donativo, um ano do seu prestimoso trabalho, à sociedade do Divino Espírito Santo. É digno de aplausos, admiração e consideração por toda a comunidade e da comunicação social. Desejamos óptimas ferias para todos os que já se encontram e para os que entrarão, nos também partiremos para ferias e até à volta e haja saúde.

Espírito Santo em Paramount Os tradicionais festejos em honra do Divino Espírito Santo nesta sociedade portuguesa da cidade de Paramount, onde já existiu uma comunidade portuguesa e hoje está reduzida a três familias lusas, de terceira idade. As festas são realizadas pelas comunidades do Chino e Artesia, as quais tiveram lugar nos dias 26, 27 e 28 do pretérito mês de Junho. Sábado, dia 26, pelas 6:00 horas, foi rezado o terço, seguido da apresentação das rainhas e respectivas aias, cerca das 9:00 horas teve início um

serão dancante. No Domingo, dia 27, pelas 10:00 horas, foi organizada a parada a qual dirigiu-se para a Igreja Católica desta cidade, onde foi celebrada missa pelas 11:00 horas. Na mesma tomaram parte a Rainha Santa Isabel, directores, rainhas novas e velhas e respectivas aias, rainhas de outras comunidades, Grande Marshal da festa, Frank e Lucia Ferreira, filarmónicas do Chino e Artesia. Pela primeira vez observámos a presenca do Grupo de Forcados de Artesia, que trasnportaram a imagem da Rainha Santa Isabel. As deliciosas sopas, confeccionadas pelo homem de bom gosto, Frank Borba, foram servidas a partir da 10:30 horas. Após terminada a missa, a procissõo foi novamente organizada, dirigindo-se para a sociedade onde foram servi-


Grande Corrida de Toiros Festa de Nossa Senhora dos Milagres Bella Vista Park, Gustine

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Admissão: $20.00 - crianças com menos de 12 anos, entrada grátis. NOTA: a venda à porta de bilhetes será limitada.

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15 de Agosto de 2010

Cães de Fila para Venda P'ra uma casa guardar, não há nada como um cão só precisa ele ladrar para fugir o ladrão. Para mais informações contactar António Carvalho


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TAUROMAQUIA

Tourada à Corda em Gustine

Não sei como nasceu a ideia, mas só sei que a Câmara Municipal de Gustine decidiu fazer um Tourada à Corda a 4 de Julho, Dia da Independência da America. Foi uma grande ideia, pois trouxe àquela cidade milhares de pessoas que usufruiram umas boas horas de alegria e de aficion, lembrando as nossas raízes da Terceira, onde a tourada à corda é rainha das estradas.

Tudo pronto para dar início a uma tourada à corda em Gustine

15 de Agosto de 2010

Quarto Tércio

José Ávila josebavila@gmail.com Todos se lembram da tragédia que ocorreu na

Agualva em Dezembro de 2009 e dos esforços de muitas pessoas em ajudarem monetáriamente as gentes da freguesia que muito perderam. Não é que ao sair da Terceira no dia 10 de Agosto ouvi na Rádio que a Festa da Agualva ia dar 3 touradas à corda em três dias seguidas. Que vergonha é esta? Mesmo que as touradas fossem oferecidas, a Junta de Freguesia e o povo em geral, deveriam recusar tal oferta. Que se desse a tourada tradicional, vá lá que não vá, mas 3? Que raio de povo somos nôs? E andou-se a pedir dinheiro, roupas, para quê?

Tiro o meu chapéu ao meu amigo Élio Leal, do Canadá, por ter mandado construir uma Praça de Toiros e ter dado a sua primeira corrida no dia 14 de Agosto, com os Irmãos Pamplonas e o matador português António João Ferreira. Forcados Amadores do Canada, toiros (3) da Ganadaria do Pico dos Padres e (3) de Colorado.

José Vaz também quis dar um ar da sua graça, toureando de guarda-sol

Corrida de Toiros no CanadÁ O Élio Leal é um homem das arábias. Gosta de muitas coisas ao mesmo tempo e quando se dedica a uma, é mesmo o diabo em pessoa. Sonhou construir uma praça de toiros nova em folha, para que poudesse dar azo à sua aficion. Se bem o pensou, melhor o fez. E ontem, o dia 14 de Agosto, vai ficar na história taurina do Canada. A primeira corrida de toiros tinha uma cartel misto - Cavaleiro de Alternativa Tiago Pamplona, Cavaleiro Praticante João Pamplona, matador António João Ferreira (o "Tozó" como é conhecido entre os amigos), Forcados Amadores do Canada, 3 toiros da Ganadaria Pico dos Padres e 3 toiros de um ganadero residente no Colorado.

Tiro o meu chapéu muitas vezes a todos aqueles que pertencem à Portuguese Cultural Charity Foundation pela brilhante ideia de partilharem com o Children's Hospital Central California a receita de um festival taurino. Há um ano atrás quando houve conversações em Sacramento àcerca dos problemas taurinos, um dos temas discutidos foi precisamente o de podermos, uma ou duas vezes por ano, ajudar organizações da nossa comunidade americana e não só, carecidas de apoios. Em boa hora se começou em 2010. Esperemos que em 2011 se faça o mesmo. Mas cuidado. Se queremos fazer algo, que se faça muito bem feito, com convites a entidades políticas, estatais e locais. E que o espectáculo seja o mais profissional possível, para que eles comprendam a seriedade da nossa festa brava. Não podemos brincar aos cowboys com estas coisas sérias.

Atirei o meu chapéu ao mar por aquilo que ouvi na Internet durante a primeira Corrida das Sanjoaninas e por tudo o que me foi dito, por dezenas de pessoas na California, àcerca dos comentários nas outras três Corridas (eu estava lá, por isso não ouvi estes três comentários). Pobre, mas mesmo muito pobre, os comentários das pessoas convidadas. Antigamente, quando não se viam imagens, ainda podíamos acreditar naquilo que diziam, mas agora que a Via Oceânica produz imagens para nosso gozo e aficion, não se comprende a pobre actuação dos comentadores. Tínhamos ganho mais, se eles tivessem ficado calados. A rever urgentemente pela KIGS o futuro destas importantes transmissões.

É sempre tão bonito ver-se uma nova Praça de Toiros


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ARTES & LETRAS

15 de Agosto de 2010

José Saramago

Uma Vida Literária

José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, na Golegã, a 16 de Novembro de 1922, e apesar da mudança com a família para Lisboa, com apenas dois anos, o local de nascimento seria uma marca constante ao longo da sua vida, como referiria na Academia Sueca em 1998, aos 76 anos, quando da sua distinção com o Nobel da Literatura. A austeridade material da sua infância, contraposta a uma riqueza humana que o marcaria indelevelmente, seria um dos pontos fulcrais do discurso, onde destacou longamente a avó Josefa e o avô Jerónimo, "capaz de pôr o universo em movimento com apenas duas palavras." Na biografia "José Saramago", editada em Janeiro deste ano, o autor João Marques Lopes escreve que "sobre todos [os familiares mais próximos], Saramago deixaria algo escrito." Estudante no Liceu Gil Vicente, que é obrigado a abandonar por dificuldades económicas, matriculando-se na Escola Industrial Afonso Domingues, termina em 1939 os estudos de Serralharia Mecânica. Como primeiro emprego, trabalha nas oficinas do Hospital Civil de Lisboa. A paixão pela literatura é alimentada de forma autodidacta, nas noites passadas na Biblioteca do Palácio das Galveias. Nos anos seguintes, transitará para os serviços administrativos do Hospital Civil, antes de se ligar profissionalmente à Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria da Cerâmica.Em 1944, casa com a gravadora e pintora Ilda Reis. A filha única do casal, Violante Saramago Matos, nasceria em 1947, o mesmo em que publica a sua primeira obra, “Terras do Pecado”. O título original, “Viúva”, foi alterado por imposição do editor da Minerva. Saramago desvaloriza o livro, que nunca incluiu na sua bibliografia. Uma das razões apontadas pelo seu autor para a exclusão foi, precisamente, a alteração forçada do título. “Clarabóia”, que seria o sucessor de “Terras do Pecado”, foi recusado pelo seu editor e permanece inédito até hoje. A partir de 1955, Saramago começa a desenvolver trabalho de tradutor, dedicando-

se a nomes como Hegel ou Tolstoi. O regresso à edição dar-se-ia mais de uma década depois. Em 1966, altura em que ocupava o cargo de editor literário na Editorial Estúdio Cor, lança o livro de poesia “Poemas Possíveis”. Então um autor discreto no panorama literário nacional, continuaria a exprimir-se em poema nas obras seguintes, “Provavelmente Alegria” (1970) e “O Ano de 1993” (1975). Crítico literário na “Seara Nova” a partir de 1968, torna-se no ano seguinte membro do Partido Comunista Português, do qual será, até à morte, um dos mais distintos militantes. A partir do final de década de 1960 desenvolve trabalho intenso na imprensa, principalmente enquanto cronista, no "Diário de Notícias" ou "Diário de Lisboa", n’"A Capital", no "Jornal do Fundão" ou na revista "Arquitectura". Em 1975, em pleno PREC, torna-se director-adjunto do "Diário de Notícias". Esta função representaria o auge do seu percurso jornalístico e, paradoxalmente, seria fundamental para o seu regresso à literatura e ao romance, o género em que se notabilizaria definitivamente. A sua direcção-adjunta seria marcada pelo polémico saneamento de jornalistas que se opunham à linha ideológica do jornal. Demitido no 25 de Novembro, acusado de aproveitar a sua posição para impor no diário os desejos políticos do PCP, toma uma decisão que transformaria a sua vida. Não mais se empregaria. A partir de então, seria um escritor a tempo inteiro. “Manual de Pintura e Caligrafia”, três décadas depois de “Terras do Pecado”, foi a primeira obra de José Saramago após se dedicar em exclusivo à escrita. Com os livros seguintes, “Levantado do Chão” (1980), “Memorial do Convento” (1982) e "O Ano da Morte de Ricardo Reis", tornase escritor respeitado pela crítica e conhecido pelo público. É neles que define o seu estilo enquanto romancista, marcado pelas longas frases, pela ausência de travessões indicativos de discurso e pela utilização inventiva da pontuação. Nos seus livros, personagens fictícias surgem em convívio com personalidades históricas, como no supracitado “Memorial do Convento” ou em “História do Cerco de Lisboa” (1989), e são criados cenários irreais para questionar e problematizar a actualidade, como em “A Jangada de Pedra” – em que a Península Ibérica se separa do continente europeu, errando pelo Atlântico. Quando, em 1991, lançou para as livrarias o seu Cristo humanizado de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago espera-

ria certamente a contestação dos sectores católicos da sociedade portuguesa. Não esperaria o aconteceu para além disso. O veto oficial do romance ao Prémio Literário Europeu, pela voz do então Sub-secretário de Estado da Cultura Sousa Lara, do governo liderado por Cavaco Silva, precipitou a sua saída de Portugal. Em 1993, auto-exilouse na ilha de Lanzarote, nas Canárias, com Pilar del Rio, a jornalista espanhola com quem casara em 1988. As primeiras obras em Lanzarote seriam “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995), ficção apocalíptica que o realizador Fernando Meirelles adaptaria ao cinema treze anos depois, e “Todos os Nomes” (1997). Um ano depois, seria alvo da maior distinção da sua carreira. A 9 de Outubro de 1998, José Saramago foi anunciado vencedor do Prémio Nobel da Literatura, o primeiro atribuído a um escritor português. Seria o impulso decisivo para a sua ascensão a figura literária global e o premiar de uma obra que se dedicou a explorar e questionar a natureza humana de diversos ângulos e em diversos cenários. Em 2002, em entrevista ao diário britânico Guardian, confessava, "provavelmente sou um ensaísta que, como não sabe escrever ensaios, escreve romances." Não só, para além dos romances e da poesia, deixa obra enquanto dramaturgo, assinando as peças teatrais "Que Farei Com Este Livro" ou "In Nomine Dei". Saramago, que o influente crítico literário norte-americano Harold Bloom considerava o mais talentoso romancista vivo, manteria nos anos seguintes uma cadência editorial regular. “A Caverna” (2000), “O Homem Duplicado” (2002), “As Intermitências da Morte” (2005) e “A Viagem do Elefante” (2008) foram lançados enquanto o escritor se assumia também enquanto voz interventiva, muitas vezes polémica, no espaço mediático mundial. Converteuse inclusivamente à blogosfera em 2008, aos 86 anos (blog.josesaramago.org), de onde lançou por exemplo repetidos ataques a Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano que classificou de "vírus". Nada de novo num homem que apreciava a discussão, que erguia alto a voz na defesa das suas ideias. Anos antes do episódio Berlusconi, denunciara aquela que considerava ser a política criminosa do Estado Israelita relativamente à Palestina, acusando Israel de “não ter aprendido nada com o Holocausto”, classificara a globalização como “o novo totalitarismo” e surpreendera os camaradas de partido ao não alinhar no apoio aos dirigentes cubanos que condenaram à morte três responsáveis pelo desvio de um "ferry". Em Portugal, o iberista convicto polemizou ao declarar que Portugal e Espanha estariam destinados a fundir-se num único país. “Caim” (2009), o seu último romance, acompanhado das declarações feitas aquando do seu lançamento, em que classificou a Bíblia como “um manual de maus costumes”, foi a derradeira polémica (e provocação) de Saramago. in jornal Público (18 de Junho de 2010)

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net Estava de férias, bastante longe da Califórnia, e do refúgio onde elaboro esta página, quando soube da morte de José Saramago. Fiquei triste. É que há 25 anos que sou leitor assíduo de José Saramago. Tenho todos os seus livros em português e em inglês. Desde sempre que gostei do sei estilo, do seu espírito crítico, da sua audácia. É que tal como afirmou o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César: "Saramago foi um inovador, porventura incompreendido em determinadas fases da sua vida e obra, mas um mestre." Porém a nossa homenagem ao Nobel da Língua Portuguesa teve que esperar quase dois meses. É que as últimas quatro Marés Cheias foram preparadas no começo de Junho. Aqui está a nossa simples mas justa homenagem a José Saramago, falecido a 18 de Junho de 2010. Tal como escreveu o escritor Mário Cláudio: "É uma figura indiscutivelmente maior das nossas letras. Saramago vai durar o que durar a literatura portuguesa." Morreu José Saramago, mas os seus livros ficam para sempre. abraços diniz

Palavras de José Saramago: A humanidade nunca foi educada para a paz, mas sim para a guerra e para o conflito. O “outro” é sempre potencialmente o inimigo. Levamos milhares e milhares de anos nisto. Perfila-se uma forma de entender o mundo definida por três vectores muito claros: a neutralidade, o temor e a resignação. Se eu pudesse apagar a palavra utopia do dicionário e da mente das pessoas, fá-lo-ia. Adiamos e adiamos o que queremos ser. A esperança, sempre a temos, claro. É o que faz, em muitos casos, com que a vida seja suportável. Tal como a religião não pode viver sem a morte, o capitalismo não só vive da pobreza como a multiplica. Haveria que averiguar como o capitalismo autoritário que nos rege […] vai em cada momento decidindo sobre o que mais lhe convém e como reúne e organiza os meios para consegui-lo. Seria um grande equívoco nosso se pensássemos que eles se contentam em ganhar dinheiro. O dinheiro não dá todo o poder e eles querem todo o poder. Ser um cidadão em pleno, ou o melhor que se possa, tomar a seu cargo a própria responsabilidade, os seus deveres e os seus direitos… Isso dá muitíssimo trabalho.


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ENGLISH SECTION

15 de Agosto de 2010

serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• engLish section

miguelavila@tribunaportuguesa.com

Aristides de Sousa Mendes remembered in World War II event The Portuguese Historical Museum and The Portuguese Tribune sponsored an art exhibit in honor of Aristides de Sousa Mendes, the Portuguese Hero. Part of the ‘Keep the Spirit of 45 Alive’ event commemorating the end of World War II, a couple of thousand veterans, their families and friends, and history enthusiasts attended this event marking the 65th anniversary of the end of World War II at History Park at Kelley Park in San José last Saturday, August 14, 2010. The Portuguese Historical Museum proudly displayed a 15-foot tall banner of Aristides de Sousa Mendes on one of its band stands in the Portuguese-style plaza in front of the museum. Inside, an art exhibit curated by local Portuguese-American artist João de Brito entitled “Aristides, a WWII Hero” was on display. Works by Maxine Olson -- “In the Name of

the Father” and “Ode to Aristides de Sousa Mendes”, Roberto Ávila -- “Standing with God” and “A Courageous Portuguese”, João de Brito -- “Hebrews 6:10” and “11:59”, and Sousa Mendes’ own grandson, Sebastian Mendes -- “Untitled (1,000 Names).” These art pieces had been previously on display at an exhibit at the Consulate of Portugal for the 70th anniversary of Aristides de Sousa Mendes’ Act of Conscience last June 17, 2010. Along with the Sousa Mendes exhibit, the Portuguese Historical Museum has temporary exhibits on folk dancing, marching bands, and the Holy Spirit festas, and the permanent display on the Portuguese presence in California. The Sousa Mendes family attended the event and proudly stood in front of the hero’s banner for a family picture.

From left: Grandsons Paul and Peter Abranches, daughter-in-law Joan Abranches, granddaughters Eileen Garehime and Sheila Abranches, and Paul Abranches’ daughters.

1st Annual San José State University Portuguese Studies Program

Evening at the Harvest

Noite das Vindimas

WHAT:

San José State University’s Portuguese Studies Program Fundraiser

WHEN:

Friday, September 24, 2010 @ 7 PM

WHERE:

Léal Estate Vineyards, 300 Maranatha Drive, Hollister, San Benito County, California

TICKETS:

Event + Transportation = $85 per person includes deluxe bus transportation from San José with wine and cheese reception on board

Event Only = $65 per person SPECIAL: Only $75 and $60 respectively if purchased by September 3

Exclusive hors d’oeuvres dinner served with Léal Vineyards awardwinning wines, silent auction, and entertainment in the beautiful candle-lit barrel room. Tax-Deductible Sponsorships Available. Brought to you by the Portuguese Studies Program Advisory Board Ad photos & design donated by The Portuguese Tribune

RESERVATIONS: 408.981.8323 or portuguesestudiessjsu@gmail.com http://portuguesestudiesadvisoryboardsjsu.webs.com


ENGLISH SECTION

LUSO CONVENTION: Even the youngest were there

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Photos by Miguel テ」ila


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FESTAS

15 de Agosto de 2010

Festa de Santo António de Tracy

Fotos de Jorge Ávila "Yaúca"

Padre Manuel de Sousa benzendo as coroas

Imagem de Santo António de Lisboa e de Pádua

Em cima: Padre Manuel de Sousa benzendo as coroas das Rainhas Embaixo à esquerda - Rainhas de 2009 em frente ao Salão Embaixo à direita: Nova Artista Açoriana, tendo como Mestre Frank Silva. Tem 38 elementos e o autor da Hino foi José Neves

Participar nas nossas festas é um acto de solidariedade para com aqueles que tanto trabalham nelas


FESTAS

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Rainhas de 2010 no Salão do I.P.F.E.S. de Tracy

Legendas:

Frank Gomes, Chairman da Festa com a sua direcção Padre Manuel de Sousa escuta com atenção as palavras da jovem rainha Rainha do Estado, Jennifer Espinola, aias Ashlee Almazan e Marissa Rocha Rainha do Meio, Karri Neto, aias Taylor Drumonde e Marissa Machado Rainha Pequena, Monica Bento, aias Alayna Azevedo e Isabella Avila

A festa em honra de Santo António em Tracy teve lugar nos dias 7 e 8 de Agosto. No Sábado, depois da recitação do terço houve jantar de linguiça e costeletas de porco, seguindo-se a apresentação das rainhas e baile. No Domingo houve missa às 11:30, pelo Padre Manuel de Sousa no Salão do I.P.F.E.S., seguindo-se almoço, leilão de ofertas. O Chairman da Festa foi Frank e Sarah Gomes, sendo MaryJean Perry, Grand President e Lena Inácio, secretária.


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ULTIMA PAGINA

15 de Agosto de 2010


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