The Portuguese Tribune, March 15th 2012

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Março de 2012 Ano XXXII - No. 1128 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

Lucia Soares

Portuguese Athletic Club 50

CIO e VP

Lúcia de Fátima Soares, de San José, California, e há dez anos na multinacional Johnson & Johnson, foi nomeada Chief Information Officer e Vice-Presidente de Tecnologia da Informação da LifeScan/Diabetes Care Franchise, uma das subsidiárias da J&J cujos produtos melhoram a vida de mais de 3 milhões de diabéticos por dia. A nova CIO é licenciada em Línguas Estrangeiras pela San José State University com Mestrado em Literatura pela University of California, Santa Cruz, MBA pela San José State University e um curso executivo em gestão pela Harvard Business School. Pág.29

Décio Oliveira, Presidente do Portuguese Athletic Club

Pág. 14 a 18

Benfica 2 Zenit 0 O Benfica passou aos quartos-definal da UEFA Champions League, ao derrotar os russos do Zenit em Lisboa por 2-0.

Helder Antunes Helder Antunes desde Maio de 1998

anos tem sido Director of Engineering na Cisco Systems. Foi um dos grandes impulsionadores para que a Cisco investisse em Portugal. Por sua iniciativa, dezenas de engenheiros portugueses vieram trabalhar temporáriamente para os EUA para poderem depois em Portugal praticar o que no Silicon Valley aprenderam. Muito recentemente Helder Antunes foi promovido a Managing Director de uma nova divisão da Cisco - Smart Connected Vehicles - Connected Industries Business Unit (CIBU).

www.portuguesetribune.com

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www.tribunaportuguesa.com portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

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PAC - 50 anos

Portuguese Athletic Club de San José comemorou o seu 50º Aniversário. Fundado no ano de 1962 como um clube desportivo, não levou muito tempo a crescer como um eclético clube da nossa comunidade - nos aspectos desportivos, sociais e culturais. Considerado durante muitos anos como um clube elitista, o PAC nunca se reviu nessa avaliação que muita gente apregoou durante muitos anos. Dois jovens da nossa comunidade foram recentemente promovidos a posições de CIO/Vice-Presidente e Managing Director de duas grandes companhias americanas. Isto só vem provar que a nossa juventude tem todas as oportunidades de vingar profissionalmente neste grande país que é o nosso. Lucia Soares e Helder Antunes têm provado desde o princípio que com persistência, com entrega, com profissionalismo, se pode chegar onde se quiser. Quantos mais jovens estarão por aí espalhados sem sequer sabermos da sua existência? Cabe às famílias e a eles próprios darem-se a conhecer à nossa comunidade. Mostrá-los ao mundo é uma das funções deste vosso jornal comunitário. Realizou-se a 29 de Fevereiro de 2012 no Pavilhão Atlântico em Lisboa, o Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e Lusofonia. Possívelmente o Presidente da Republica foi lá e deve ter gostado das nossas ausências. Eu aposto que nenhum empresário da California teve conhecimento deste Congresso. Nem a imprensa teve. São destas coisas que nos deixam com pele de galinha. Nomes pomposos, nomes que falam de nós, mas convites, por um canudo. É este o Portugal que temos. Hipócrita, esquecido, e virado para um mundo que não existe. E ainda nos querem lá nas férias.... jose avila

15 de Março de 2012

Voar com medo

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esde pequeno e desde que me lembro, que quando havia a abertura geral na Base das Lajes, eu adorava ir ao cockpit dos aviões e mexericar todos aqueles botões, que para mim eram uma maravilha da tecnologia. Em jovem, eu adorava andar de avião. Depois de uma super, quase mortal, trabuzana na Ilha da Madeira em 1975, fiquei com um certo horror de andar no ar. Claro que, vivendo nos EUA e querendo ir aos Açores, eu fechava os olhos e lá ia, medroso, mas ia. Mais recentemente estou a ficar paranóico com os aviões. Desde que estou na America já visitei por três vezes os cockpits de três diferentes companhias aéreas. Primeiro foi num Airbus da TAP, devido ao comandante ser da Terceira e eu ter gosto em cumprimentá-lo. Recebeume muito bem e falámos por um grande bocado, lembrando os nossso tempos do Liceu de Angra. Anos mais tarde e de regresso a San José, vindo de Guadalajara, o meu amigo Jorge Fernandes, de Elk Grove, disse à hospedeira da Air Mexicana, que eu era

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila filho de um comandante da TAP Air Portugal e que ele próprio era filho de um mecânico da Força Aérea Portuguesa. A hospedeira, muito delicada, deu o recado ao Comandante e este convidou-nos a vistar o cockpit de um Airbus 320, salvo erro. Estávamos a passar por cima de Tijuana na altura da nossa entrada no cockpit. Ainda consegui ver a Praça de Toiros dessa cidade mexicana. O Comandante era muito atencioso e amával e eu com a minha curiosidade fui-lhe perguntando as funções daqueles botões todos. Sempre muito delicado, foinos explicando tudo com detalhes que eu apreciei imenso. Nunca mais me esquecerei que lhe perguntei como era que ele previa a turbulência. E ele respondeu-nos, que a diferença de temperatura do ar e as indicações do radar ofereciam a possibilidade de se saber se haveria turbulência um pouco à frente. Milhentas perguntas fizemos, milhentas respostas obtivemos, e só nos viemos sentar quando começámos a descer para o Aeroporto de San Jose. Passado anos, estava eu a trabalhar em Memphis, Tennessee e

tive que ir a Nashville. Era uma viagem de cerca de 1 hora ou menos e fomos num avião de 24 pessoas. Mais ou menos a meio da viagem a hospedeira perguntou se haviaalgum piloto a bordo. A minha mão, sem eu a poder controlar, talvez devido à altitude, ergueu-se e a hospedeira convidou-me a acompanhá-la ao cockpit. O piloto então informoume que o co-piloto não se estava a sentir bem, e por lei tinha ter um substituto. Nunca na minha vida me senti tão despreocupado, tão relaxado, quando me sentei na cadeira do co-piloto, auscultadores nos ouvidos e toda aquela aparelhagem à minha frente. O piloto delicado, perguntou-me que aviões eu havia pilotado. Rápidamente respondi que tinha pilotado os "de Havilland", aviões ingleses. Ele riu-se e disse-me isto: "tudo isto é igual, por isso sinta-se à vontade". E eu, delicadamente disse-lhe que ele procedesse como se eu não estivesse ali. E assim foi. Fizemos uma descida maravilhosa e quer o capitão quer as hospedeiras agradeceram-me imenso a minha pequena ajuda.

Year XXXII, Number 1128, Mar 15th, 2012


PATROCINADORES

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COMUNIDADE/COLABORAÇÃO

15 de Março de 2012

Revisitar o passado para entender o

futuro

1 – nem todos podem ser oriundos de São Roque (Rosto de Cão)…

Jantar de Aniversário da

POSSO

No sábado, dia 31 de março, terá lugar o Jantar do Trigésimo-Sexto Aniversário da POSSO, no salão da I.E.S. em São José, pelas 7 horas da noite, precedido por hora social às 6 horas. Esse saboroso jantar consistirá de prime rib, sobremesa e vinho. Seguir-se-á um espetáculo musical pelo conhecido artista de San Diego, Zé Duarte, que interpretará várias canções do seu belíssimo repertório de música original e tradicional dos Açores, Madeira e Portugal Continental. O donativo para o evento é $50. Os fundos angariados reverterão a favor das atividades da POSSO. Para mais informação, é favor contactar (408) 293-0877. Esteja presente nessa noite memorável e ajude a POSSO, uma organização que, ao longo de 36 anos, tanto tem trabalhado para ajudar a nossa comunidade, especialmente os mais idosos.

POSSO'S ANNIVERSARY DINNER On Saturday, March 31, POSSO will hold its Thirty-Sixth Anniversary Dinner at the IES Hall in San Jose, at 7 pm, preceded by no host cocktails at 6 pm. This delicious dinner will include prime rib, dessert and wine. Following dinner, there will be musical entertainment by the well known artist from San Diego, Zé Duarte, who will sing several songs from his beautiful repertoire of original and traditional music of the Azores, Madeira and mainland Portugal. Donation is $50. The funds raised during the evening will go to support POSSO's activities. For more information, please contact (408) 293-0877. Your attendance at this memorable event will help POSSO, an organization that has worked so hard for 36 years to help the community, especially our senior citizens.

Não me levem a mal nem demasiadamente a sério: trago no bornal de viagem alguma experiência para entender o que significa viver rodeado por “gente feliz com lágrimas”. Sempre que dou boas-vindas à terapêutica da distância, sintome curado pela alegria da reconciliação com o deve & haver da época remoçada da juventude. Não esqueço que alguns ainda fingem ignorar as suas origens, quiçà amargurados pelo receio de ver a sua ancestralidade descoberta (pior! avaliada) pelo juizo da opinião alheia. Ainda hoje me considero privilegiado (e até grato) por ter sido bafejado pela lotaria natalícia de ter crescido num lar ilhéu onde o trabalho não era visto como maldição da ira dos deuses. Isso foi no tempo em que eram precisos ‘mil deveres’ para suportar uma simples regalia ; a expressão ‘trabalhar no duro’ era considerada um “palavrão” obsceno ; os antigos donos da ilha fingiam ignorar o flagelo da pobreza endémica… Hoje, reconheço sem esforço que o facto de ter nascido em São Roque (Rosto de Cão) acrescentou nada ao estorial daquela ridente freguesia micaelense. Na alvorada da década de quarenta do século passado, a freguesia de S. Roque era uma espécie de fortaleza sem ameias à beira-mar plantada: os camponeses e estivadores viviam “ensanduichados” entre a pseudo-aristocracia rural do Livramento e a boçalidade engravatada dos retalhistas da cidade; as “senhoras da liga” da época preferiam a proximidade com o aroma ananaseiro da ‘cidade-de-berlim’, em vez da rebeldia marítima da rapaziada que formigava os antigos calhaus de Rosto-de-Cão... Um dia, se conseguir arranjar o tempo que me falta, gostaria de vos contar alguns episódios mais ou menos hilariantes àcerca de figuras que fazem parte da memória colectiva da freguesia: a tia Augusta Ligeira, o Evaristo Caldinho, o Zé Sante-Criste, o Gil Pouca-Sorte, e outros mais. Gostaria ainda de ir até à tradição rural do Livramento para contar estórias dos famosos “40 maiores” da área; (o mais típico seria falar das peripécias do mordono conhecido pela alcunha do “Carranca”… (como sabem, naquele tempo, um tipo que tives-

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

se ‘carinha-de-santo’, de sorriso afável, nem sempre conseguia inspirar reverência aos súbditos do seu feudo). Em meados do século passado, a freguesia de São Roque tinha a fama e o proveito de ter algumas das mais reputadas adegas da Ilha, nomeadamente as pertencentes ao antigo senhorio Hermano de Sousa. Ora, como muitos se lembram, o vinho de cheiro era o remédio caseiro para o sossego da pobreza. Curiosamente, depois do vigário paroquial, o taberneiro e o barbeiro eram a classe mais bem informada dos sucessos e das desgraças da freguesia: o andamento das colheitas, a velhacaria dos preguiçosos, os namoricos conflituosos, a praga do caloteirismo … e até sabiam do ‘fraquinho’ das tias marias que, às escondidas, empinavam os meigos copitos de ‘vim-abafado’… 2 – … um povo porventura esquecido da ruralidade da sua origem Mais vale possuir dez por cento de memória colectiva do que cem por cento do espaço vazio do momento que passa... Vamos agora coar algumas memórias: nas décadas de1930/1940, a taberna do Ti Manuel Faúlha, ali mesmo no largo da Madalena, era o pontode-encontro obrigatório das figuras salientes da freguesia, como por exemplo o professor Almeida Pavão (pai), o enfermeiro Jacinto Almeida, o sô Cabral, guarda-redes do Marítimo da Calheta, tio António Serôdio… Mais tarde, já depois da II Guerra, apareceu a adega do sô José do Rego, que depressa passou a ser o “clube” mais prestigiado da localidade: o padre Jacinto Monteiro era no tempo o símbolo vivo da espontaneidade eclesial – considerado excelente companheiro! Era habitual o convívio semanal ir pela noite adentro: quando não era queijo de cabra com malagueta, era uma chouriçada moura ou uns torresmos – ingredientes que gritam por vinho em abundância para apagar a fogueira da sã camaradagem… Haverá certamente quem ainda se lembre do sisudo Gil Vicente – saudoso polícia de trânsito, terror dos carroceiros e dos amantes das motorizadas da décaca 1950. Ora, os habituais invejosos das moquenquices daquele brioso polícia de trânsito garantiam que ele nunca precisou de explicar aos seus superiores, o motivo por que

a sua imponente moto permanecia abandonada (junto ao portão da adega do ti Zé do Rego) até o raiar da aurora seguinte … Temos ainda algumas lembranças do ti João Barata, marceneiro, criador da nossa primeira mala escolar, feita em madeira, com espaço para o livro de Virgílio do Couto da Primeira classe, a lousa de pedra e a régua – ferramentas clássicas para trabalhar com as primeiras letras da instrução primária… Lembro ainda a presença crónica dos caniços dos pescadores manuais – caniços que, olhados à distância, mais pareciam palitos de dentes espetados na pele do mar-amigo. ‘Pescador de cana é fome de gana’ – dizia-me na altura o Beiça, missionário do pontapé desportivo, na linha dianteira do Micaelense Futebol Clube, na mesma época em que o inesquecível Juvenal era um dos mais afinados violinos do futebol insular… Recordo ainda que, no meu tempo, havia raparigas que tratavam o mar por ‘tu-cá-tu-lá’. Encharcadas pela refrega das ondas na apanha das lapas, aquelas adolescentes de fino recorte corporal, não tinham pejo de entrar numa taberna e desafiar os taberneiros à troca das suas lapas frescas por queijo ou pão avelhentado; por seu lado, as Laricas eram as mais hábeis e afoitas apanhadoras de lapas e caranguejos; contudo, as ‘Folhetas’ gostavam muito do inocente derriço com os rapazes, pelas alamedas escorregadias da conhecida península vulcânica, que as gerações distraídas baptizaram por ‘ilhéu rosto-decão’… … Vamos interromper esta homilia emocional. Da próxima vez, havemos de conversar àcerca de Fernando Roque, um dos mais antigos pioneiros da actividade taxista, na praça da matriz; depois, havemos de reavivar a memória do industrial Agostinho dos Santos, membro da família Santos, oriunda do Lugar da Ponte Velha (localidade que fica ali perto da Lousã, distrito de Coimbra). Havemos também de lembrar a memória do honrado merceeiro, Sr. Paulino, diligente imigrante oriundo do Livramento (pai de Mr. Horácio Tavares, reconhecido empresário industrial, cuja empresa é sediada na cidade de New Bedford, Massachusetts).


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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epois de ter finalizado a crónica anterior, onde fiz referência ao alambique e à cachaça, lembrei-me daquela popular canção carioca proclamando: “Dizem que a cachaça é água / Cachaça não é água não / Cachaça vem do alambique / E a água vem do ribeirão”. Como ficou dito previamente, as vindimas de hoje em dia nas nossas ilhas já não se enquadram no tradicional cenário de antigamente com a alegre participação de familiares, vizinhos e amigos, p’rà apanha e escolha das uvas. Tomaz Duarte Jr., no livro que publicou em 2001 ao título “O Vinho do Pico”, retratou ocorrências de tempos passados: “Na ilha do Pico a quadra das vindimas gerava uma movimentação muito peculiar, num cenário tão sugestivo que inspirou peças literárias dignas duma antologia. Na Ponta, que atualmente corresponde às freguesias da Calheta de Nesquim, Piedade e Ribeirinha, rara era a família que não possuía uma segunda habitação nas proximidades da costa. Simples adegas, umas, que se improvisavam em moradias: outras, com os mesmos cómodos a que estavam habituados. Em entrando a estação calmosa, era assistir a um autêntico êxodo que se processava das “terras altas” p’ràs “terras baixas”. Deveria ser empolgante ver esse fluxo de gente, com o apoio de carros de bois e outras bestas de carga, na mudança de provisões, animais domésticos, galináceos e uns tan-

Recordando as Vindimas (2)

tos trastes que davam jeito ao novo poiso. Ao mar iam buscar o conduto e o mais do tempo passava-se nas vinhas, a mondar o chão, dar cabo das pragas, levantar os ramos, tirar parra aqui e ali p’ràs uvas se irem chegando por igual. Da nobre Vila das Lajes vinham os familiares dos seus Morgados p’ràs mansões à beira dos vastos vinhedos, virados a Sul, na encosta suave de S. Mateus. P’ràs suas Casas Conventuais nos arredores da Madalena passavam-se da ilha do Faial os frades franciscanos, carmelitas, jesuítas e capuchinhos, eles próprios a demonstrar a maneira mais adequada no tratamento de cada fase que se seguia, o mesmo fazendo os de S. Pedro de Alcântara, no Cais do Pico, rumo ao Lajido de Santa Luzia e Baía das Canas”. Citando o padre Nunes da Rosa (18701946), autor de “Pastorais do Mosteiro” e “Gente das Ilhas”, Tomaz Duarte dá continuidade à evocativa narrativa das vindimas de antanho: “A emigração de famílias faialenses p’rà ilha do Pico era então enorme, pois que quase todos os proprietários da Horta ali tinham casas campesinas p’ra recreio e melhor grangeio dos seus haveres. E de facto toda a nossa bela região fronteiriça perdia durante o verão o seu ordinário aspecto fisionómico. As “famílias ricas” chegavam, a sós ou agrupadas, trazidas pelos batéis de viagem, e desembarcavam seguidas pelos criados e escravos, transportando malas, sacos e cestas. Animavam-se as casas, reviviam-se as adegas, regorgitavam nos pátios grupos de gente de trabalho bem humorada. Havia nos ares uma nova seiva

de vida álacre e intensa”.

açoriano:

Como acentuou Tomaz Duarte, “as vinhas constituiam seguramente o chamariz, mas não eram menos convidativos e apreciados o à-vontade da maneira de estar, a largueza em que se moviam, a secura e salubridade da atmosfera circundante, as poças na costa e os banhos na mansidão das águas cálidas, não esquecendo as pescarias e caçadas, passeios e excursões, escaladas ao pico do Pico e piqueniques, e tantas outras celebrações, tudo o que fosse pretexto p’ra espairecer ou juntar pessoas, que se visitavam, por vezes, a consideráveis distâncias, mas sempre próximas entre si, pela amizade ou parentesco. Temporada após temporada, nada obstava a repetição dessa encenação, que mais parecia um ritual. Consumada a vindima, era a abalada de retorno. “Até p’ró ano”, diziam os que embarcavam, e “Até p’ró ano”, repetiam os que ficavam”. Francamente, e em verdade, muitíssimo se perdeu de todo esse encanto da qualidade de vida da “paisagem cultural” das vindimas picoenses. No dizer de Tomaz Duarte, “bem no fundo, custa assistir a tanto abandono e ruína, mas somos dos que acreditam em melhores dias”. A rematar esta segunda e última crónica “Recordando as Vindimas”, aqui fica meia dúzia de quadras extraídas do cancioneiro

A alegria das garrafas São os copos a bater; Depois do vinho bebido, Fica a cabeça a doer.

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Ai vinho, meu rico vinho, Ai cheiro, meu rico cheiro, Quando não bebo mais vinho É que não tenho dinheiro. A desgraça dos rapazes, É este vinho de cheiro, Porque quem toca no vinho, Não pode ajuntar dinheiro. Ó vinho, meu rico vinho, Ele ainda é meu parente; Foi quem me deu saúde, Quando eu estava doente. O vinho quando é bom vinho, Na talha tem bela cor; E quem o beber à noite, Não precisa cobertor. Vinho tinto, vinho tinto, Tu és a minha paixão; Com o tinto eu ajoelho, Com o branco vou ao chão.

IV International Conference on the Holy Spirit Festas Miguel Valle Ávila

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COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

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E

stou arrasado. O Carnaval deste ano passou-me em frente à porta com um horrífico drama de faca e alguidar. Assim se designavam em tempos idos, lá no meu torrão natal, as tragédias que subiam ao palco nos dias de entrudo para nos gelarem o sangue e arrepiarem os cabelos. Urdidas com chocante fatalismo nos pesados enredos das danças de espada, quase faziam chorar paredes. Manobrada com arte e destreza, aos meus olhos de criança, a espada fingia infligir dor. Aquando no real palco da vida, insensível e sanguinário, o drama dói muito mais. Nem se compara. Sobretudo, quando o assunto agoniza ensanguentado nas últimas gotas da vida desfalecendo à beira da morte. Dói porque não há tempo para avisos nem lugar para ensaios. Tudo acontece, a sangue frio, quando menos se espera. O mestre desta desastrada dança, infelizmente, não sabia puxar da espada. A faca dava-lhe mais jeito. Não se fez rogado. Tinha o assunto escrito e imaginado até aos últimos pormenores. Só lhe faltava alinhavar o desfecho final. Tudo dependia da cooperação da vítima no diálogo derradeiro. Ela não cooperou. Ele enfureceu. Pretendia ser o herói. Mas não sabia representar. A coisa saíu-lhe mal, muito mal mesmo. Foi pena. O texto acabou imprimido em pranto lacrimejado com teatro a menos e vítimas a mais. Tudo começou na sexta feira, ao anoitecer. Acabava de lavar as mãos e preparava-me para me sentar à mesa. O jantar cheirava bem. O dia não tinha corrido mal. De repente, contra a pacatez habitual do lugar onde moro, a polícia, a ambulância e os bombeiros invadiram-me a vizinhança. A minha rua, imediatamente bloqueada ao tráfego pelos serviços de emergência e pelas forças de segurança, mais parecia uma cena copiada dos policiais de Hollywood. Os meus olhos não queriam crer e os meus ouvidos tiveram muita dificuldade em aceitar. A versão oficial do que acabava de acontecer parecia-me mentira. Mas era verdade. Apercebi-me logo da gravidade do crime quando um dos polícias se acercou do meu vizinho, pôs-lhe o braço sobre o ombro e deixou escapar as palavras fatais: “A sua filha não resistiu…” Os agoniantes gritos do pobre homem feriramme a sensibilidade acrescida que devoto à mágoa profunda de quem emigra pelo futuro dos filhos mas, num rasante revez do destino, se vê antes forçado a sepultá-los.

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Tragédia inconcebível

Imagine-se a dor. Estive presente nos serviços fúnebres e também não consegui segurar as lágrimas. Chamava-se Myrna, a miúda defunta ali no caixão. Acabava de completar os quinze anos de idade. Fora mãe aos catorze. Engravidara aos treze. Era minha vizinha há nove. Vira-a crescer do triciclo para a bicicleta, a caminho da escola e a jogar à bola, à tardinha, com os irmãozinhos – ao todo cinco putos encantados com aquela sua adorável princesinha que, de tão formosa, cedo começou por atrair o olho atrevido dos graúdos rapazolas. Foi então que lhe apareceu na sua vida, abreviada à traição, o seu príncipe desencantado. Na miudagem adolescente da atual geração, cada vez mais dada a precoces e desprevenidas relações sexuais, vai-se tornando frequente demais a gravidez ocorrida antes do tempo recomendável. É uma tendência sempre a aumentar e difícil de combater. Torna-se mais fácil mandar bocas, lançar farpas ou sugerir abortos ao fogo posto na desgraça alheia. Quando Myrna engravidou, o namoradinho e pai do futuro bebé, Henry Leon, tinha apenas 17 anos e passava pelo momento mais conturbado da sua vida. Perdera o seu próprio pai, que se suicidara ao perder o emprego, a casa e não sei que mais. Forçado a tomar conta do seu barco abalroado em mar revolto, o rapaz desistiu da escola, atirou-se ao trabalho e tratou de vestir, à pressa, a pele de adulto responsável. Sonhava com uma vida familiar para os três. Não tinha nada de mal. Esqueciase apenas que Myrna era ainda uma aluna matriculada no ensino secundário. Os conflitos adivinhavam-se à distância. O que alguém estava longe de adivinhar era o desfecho fatal deste agoniante enredo. Os putos desentederam-se sem remissão possível. Myrna, racional, quis voltar à escola. Henry, ciumento, queria começar o lar. Os intentos chocaram e a coisa descambou para o torto. Aproveitando-se da saída dos pais da miúda ao banco e às compras, o rapazola visitou-a com intençao de resolver o assunto duma vez por todas. Trancou as portas e, “…ou vais viver comigo ou…”, como ela o recusou, agarrou uma faca. Quando os pais chegaram e, com a porta cerrada, espreitaram pela janela, o sangue já escorria pelo torso esfaqueado da sua filha querida. O pai ainda meteu os pés à porta, obrigando o criminoso a fugir. Tinha deixado o carro à mao e desapareceu sem deixar vestígio.

A polícia fez o seu papel. De imediato, o alerta percorreu a California de lés a lés. Imaginaram-se cenários feios, temeu-se mesmo o pior mas, no dia seguinte, a cair da noite, Henry Leon foi encontrado enforcado entre os enferrujados contentores do Porto de Oakland. Se ainda fosse Carnaval, o apito soava e o mestre botava cantiga: o assunto terminou. As palmas fariam justiça a um enredo que faz tremer. Como estamos na Quaresma, resta-nos apenas refletir. O caso dá que pensar. Ja pensaram como é que a bebé, ainda de meses – Daniela é o seu nome – irá um dia

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mais tarde explicar aos seus próprios filhos a trágica história dos avós maternos? Talvez até nunca se case. E sabe-se lá se algum dia virá mesmo a ser mãe. O que sabemos, e não gostariamos de saber, é que a morte, nestes termos, não arrepia. Arrasa.


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COLABORAÇÃO

15 de Março de 2012

Agua Viva

Ao Cabo e ao Resto

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

filomenarocha@sbcglobal.net

É

É preciso celebrar!

necessário! É urgente celebrar! Ainda se está celebrando o que há 50 Anos, com esforço, mas com muita vontade e orgulho, meia dúzia de pessoas conseguiram e prosseguiram até aos dias de hoje. O P.A.C., como todos lhe dizem, é sigla pequena para a grandeza do Portuguese Athletic Club. Nasceu para ser um clube desportivo e como tal se tem mantido, ainda que em muitas ocasiões tenha sido sala de visitas, como muitos lhe chamam e com orgulho, os seus sucessivos directores, assim como membros e admiradores. Apesar da catástrofe que sofreu, de ter perdido grande parte do seu espólio, a quando do grande incêndio que devorou a I.E.S. , onde tem a sua sede, o P.A.C. conseguiu erguer-se das cinzas, com as grandes memórias dos seus fundadores ainda vivos nessa altura, muito trabalho, boas vontades e sobretudo muito amor pelo que é hoje um Clube de prestígio. Como Clube desportivo, ganhando taças, bem guardadas com carinho e respeito pela Juventude empenhada. Como sala de recepções, tem testemunhado as mais importantes comemorações, recebido personalidades da vida política portuguesa, lançamentos de livros, exposições de artes, e entre tantos outros momentos da comunidade, ao seu Palco já subiram excelentes artistas de teatro, canção e fado, assim como já teve o seu próprio grupo de Teatro, “A Diáspora”. Presentemente, é também sede do Grupo Folclórico “Tempos de Outrora”, um grupo que muito se orgulha e ao mesmo tempo está celebrando 18 anos de fundação e bo-

nito palmarés. Neste período de celebração que o P.A.C. se propôs realizar, e que começou no passado domingo, dia 4, com Missa na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, seguindo-se um requintado lanche, o Atlético vestiu-se aprumadamente para receber os que o admiram, fez passar momentos de glória em vídeo e fotografia, escutou palavras de bem-querer em pequenas histórias que os mais novos um dia recordarão. De entre as demais festas, está a noite de gala entre outros eventos. O lançamento do livro respeitante ao cinquentenário do Clube, será em breve um dos momentos altos deste clube desportivo português mais antigo em toda a California. Festejar uma ocasião importante, é também expôr sentimentos que saiem da alma, é trocar um olhar, é rever-se pessoas de quem gostamos, é dar um abraço de amizade adormecida, é fortalecer laços de ternura pendurados no tempo ausente. Parabéns, P.A.C. e toda uma vasta equipa de brio, que como sempre mostrou a sua qualidade e bom gosto na arte de bemreceber e celebrar.

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Dos pseudo pintores

m Lisboa assisto a uma exposição de pintura que me deixa dúvidas insuperáveis. Estão ali pinturas que não são pinturas – são insultos à minha inteligência e à minha sensibilidade. Sou homem do meu tempo, aceito a criação contemporânea e todas as preocupações e perplexidades dos nossos dias. É óbvio que a arte pictórica convoca o transcendente e o mágico. Aceito a inventividade, o sentido da liberdade criadora, como aceito a dissonância musical ou a liberdade poética. Aceito o valor absoluto da cor como expressão formal. Aceito o absurdo e o nonsense como intenção artística – o que não aceito são disparates. Não me interessa se o quadro é figurativo ou abstracto, se é naïf ou geométrico – o que não quero é ver borrões despropositados… Perante uma tela, quero apreciar formas plásticas, fragmentos, gestos, colagens, composições, formas, figuras, cores, fusões e contrastes, enfim, quero ver trabalho com os materiais. Quero perceber como é que, a partir de um processo, o

pintor chegou a um produto final; e, já agora, quero sentir uma emoção, um sentimento, um estado de alma. Mas, hèlas, tal como nalguma literatura, também na pintura mais recente o desconstrutivismo parece fazer moda e constituir escola. Alguns autodenominados pintores desejam ser dissolventes, iconoclastas e subversivos, procurando, numa suposta originalidade, um refúgio para a sua falta de conhecimentos básicos de pintura… O resultado está no que se vê e o que vi na referida exposição é muito mau: uma pintura inexpressiva e inútil, árida e seca, uma arte primária, infantil, desprovida de bom gosto e sem o menor vestígio de cultura. Onde está a humana expressão? Parece que, para alguns pintores, o supremo refinamento é darem a impressão de que não sabem desenhar, alegando que isso representa uma busca do ingénuo, da pureza das linhas. E chamam àquilo obras de arte… Confunde-se, deste modo, criatividade com insolência. E, despudoradamente, esses “artistas” cobram, por

cada um dos seus sórdidos e grotescos quadros, a quantia mínima de 400 e 500 euros, quadros que eu nem de borla queria e nem na minha garagem ficavam bem… Tenho muito medo dos artistas que se dizem inovadores. Aliás, o que vejo em muita pintura moderna feita por portugueses é um dèjá vu formal e uma modernidade com mais de 70 anos de existência… Sejamos sérios. Entre os que conhecem anatomia plástica e erram deliberadamente e os que, por não saberem em absoluto desenhar e pintar, abraçam uma pseudo escola nova com extremo recurso, existe uma diferença abissal.

………………………… ………………………… ………………………… ………………………… Saio da galeria e é já noite fechada. Olho o céu de Lisboa. Preciso de ver estrelas para me convencer que ainda há esperança no mundo.

Semana do Emigrante no Portuguese Athletic Club de San Jose

Comemora-se no Portuguese Athletic Club de San Jose a Semana do Emigrante, na quinta feira, dia 15 de Março. Foi Ronald Reagan, então Governador da California, que proclamou a segunda semana de Março a SEMANA DO EMIGRANTE PORTUGUÊS. Haverá uma exposição de pintura das artistas Lucina Ellis e Goretti Carvalho e um exposicao de fotografia de Carlos da Silva. Actuará o Grupo Folclórico TEMPOS D' OUTRORA e haverá um miniconcerto por elementos da Banda Portuguesa de San Jose. Depois de uma curta alocução (5 minutos) será oferecido um Porto de Honta. Toda a comunidade é convidada


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Ao Sabor do Vento

Coisas da Vida

José Raposo

Maria das Dores Beirão

raposo5@comcast.net

winesao@gmail.com

Fado e Cantoria

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ado e cantoria na mesma noite?! De modo algum perderia tal espetáculo. Foi essa a razão para a minha ida à cidade de Tulare. Chegamos ao salão do Tulare Angrense mais ou menos pelas sete horas da noite de sexta-feira, do dia 10 de fevereiro último. Pouco depois serviram o jantar e eu digo, francamente, que quando vi a “pana” das sopas, fiquei um tanto ou quanto esmorecido. É que sou um daqueles que não sai de casa para comer sopas. Há, por essa Califórnia toda, sopas de um lado e do outro. Algumas saborosas e outras que nunca deveriam ser servidas a ninguém. Porém, essas sopas feitas pelo casal Fernando e Odete Martins, tenho a dizer que foram das mais

da Câmara. Também subi e desci o Chiado muitas vezes, porém, não vi tranças pretas e violetas, muito menos. A cantoria começou com a seguinte quadra do António Isidro, que cantou com o João Rodrigues:

saborosas que eu já comi. O repolho e as carnes, incluindo a linguiça, estavam de comer e chorar por mais. É preciso ser muito bom cozinheiro para a comida saber a sal e não estar salgada. Não sei se o casal Martins pesou os temperos nalguma balança especial ou se foi um pouco disto e um pouco daquilo, como na maioria são as receitas portuguesas. O que é certo é que mesmo que eu quisesse pôr algum defeito às sopas, não encontrei nenhum. E, afinal, o jantar não foi só de sopas, porque, para meu espanto, me chegou às narinas o tão conhecido cheiro da alcatra à moda da Terceira. Diga-se em abono da verdade, os Terceirenses têm algo mais do que touros. Estive quase a corrigir a senhora que me trouxe o arroz doce. Pois, não vêem que a mulher me perguntou se eu queria papas. Mas essa foi uma das vezes que eu ganhei por estar calado: desconhecia que algumas pessoas chamam ao arroz doce “papas de arroz”. Bem, basta de comida. O António Isidro abriu o espetáculo a cantar o fado. Bonita voz tem o rapaz e gostei imenso de ouvir fados antigos, cujos nomes e letras de alguns me havia esquecido. Quando chegou ao fim da sua atuação, as pessoas pediram mais um fado e ele cantou “A moda das tranças pretas”, fado com letra de Vicente

O António Isidro ainda cantou com o António Azevedo. Toda a cantoria foi muito boa e as pessoas na sala se mantiveram atentas. Não houve aquele burburinho que, muitas vezes, ou por falta de interesse ou por desrespeito, acontece em algumas. Posso dizer que gostei imenso de ouvir o João Pinheiro e o António Azevedo a cantar as velhas. Cantar as velhas, não é uma coisa fácil e de improviso muito mais difícil é. Mas, fizeram um excelente trabalho. Quando o António Isidro, no fim da cantoria com o António Azevedo, cantou uma oitava eu fiquei espantado e pensei: o gajo enganou-se. De qualquer forma o António Azevedo não ficou atrás e respondeu com outra oitava. Será que a moda vai pegar? No final, todos cantaram a desgarrada e é bonito de ver e ouvir como eles se atacam com quadras que se fossem outras pessoas ficariam zangados para o resto da vida. Foi uma noite bem passada e mais uma prova que no Vale de São Joaquim não há só vacas e moscas. Há gente, principalmente Terceirenses e Jorgenses, que sabem preservar a nossa cultura, mantendo as nossas tradições. Para eles os meus parabéns e VIVA O FADO E A CANTORIA.

A cantoria disse ao fado, Em alto e bom português: Chega-te aí para o lado Que agora é a minha vez. Chegou a vez de o António Isidro cantar com o João Pinheiro e ele começou da seguinte maneira: Pus-me para aí a cantar, Fui um tanto desordeiro E, agora vou descansar À sombra de um pinheiro.

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ma das coisas que me enche de orgulho e muito contentamento é saber que a história da nossa imigração não será esquecida, graças a iniciativas como a Portuguese Heritage Publications cujo trabalho não pode ser avaliado por um simples artigo mas cuja prova está à vista nas imensas publicações sobre os diversos aspetos das vivências e iniciativas das gentes aqui imigradas. Alem do que já está feito, tinhamos imensa preocupação com a história dos programas da rádio que marcaram a nossa chegada e adaptação à terra de acolhemento. Como teria sido diferente o nosso dia a dia, sem a palavra constante na nossa lingua, embora com grandes deficiências, a musica sempre presente, como se fosse o sangue que nos corria nas veias e alegrava o coração, as notícias duma comunidade em movimento, enfim, e tudo o mais que a pena competente e sábia do Dr Fernando Silva pesquizador e sabedor do que somos e com os dados estatísticos do José Rodrigues, outro homem competente e conhecedor na matéria, está publicando nas páginas deste jornal. Outro caso que ficará contado nas páginas dum livro, é a histó-

PAC ria do Portuguese Atlético Club, que está celebrando os seus 50 anos de existência. Quando cá chegamos o PAC era ainda um bébe, mas já caminhava em passos longos e certos rumo a uma vida cultural e social que iria simbolo icónico do desporto da arte e vida social, nas suas formas mais nobres, como a literatura, o teatro, a pintura, a musica e toda uma gama de acontecimentos sociais que tornaram esta associação o local onde se vivia o mais belo da nossa cultura. Foi naquele espaço que foram cimentadas algumas das nossas grandes amizades, que perduram para além do tempo. Está tambem em embrião a história das nossas igrejas nacionais, outro aspeto da nossa identidade espiritual que não se pode perder. Na história das nossas igrejas nacionais está a grande parte da nossa maneira de ser e estar na vida. Alem do que já está publicado e do que está para vir,permitem que diga, que a mais valia destas publicações é serem escritas em inglês, lingua acessível a várias gerações, incluindo os jovens liders do presente, que necessitam saber dos precedentes valiosos que os trouxeram a esta étapa. É na história que se aprendem

as mais poderosas lições e a comunidade está cheia de homens e mulheres que lançaram e continuam a lançar pedras valiosas nos alicerces da nossa essência. Se é certo que tem que se passar a tocha aos jovens, e eu tenho sido e continuo sendo uma grande defensora desta ideologia, tambem é certo que eles necessitam conhecer que a comunidade tem vivido períodos de grande riqueza e atividade socio cultural, que felizmente ficará escrita, porque um grupo de “ Homens de Boa Vontade”, se deram ao trabalho duma pesquisa exaustiva e proveitosa. Todos estes sentimentos se avolumam no meu pensamento, porque cada vez mais se vai notando a passagem do tempo, cada vez mais se vai pensando no muito que foi feito, na importância daqueles que foram chegando com os grandes movimentos migratórios, trazendo o melhor da sua terra e semeando esse bem e toda a sua beleza por esta California fora. Alguns já desapareceram, outros já se afastaram por razões óbvias, mas ainda temos muitos que de mãos dadas com os mais novos continuarão a construir a obra interminável de “ Ser Comunidade” Até à volta


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15 de Março de 2012

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

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o(eu) decido, foi a capa da revista Time, edição de 5 de Março. Com um excelente texto assinado pelo jornalista Michael Scherer, o ensaio, como o nome indica, dissertava sobre o poder eleitoral dos hispânicos nos Estados Unidos da América. Aqui na Califórnia, como se sabe, os hispânicos são o maior grupo étnico, presentes em todos os sectores da sociedade e, com cada dia que se passa, possuem mais voz em vários sectores deste estado. É um grupo heterogéneo, diversificado, com raízes no México e em outros países latino-americanos, particularmente os da América Central. É, indubitavelmente, a força do futuro nos Estados Unidos da América, e não só em termos políticos, como dissertou o autor da peça jornalística da revista Time. Longe vão os tempos em que a comunidade hispânica nos Estados Unidos da América estava concentrada em pequenos guetos nalguns estados da costa do Pacífico, particularmente a Califórnia, e na costa do Atlântico, maioritariamente, em Nova Iorque e na Florida. Hoje, os hispânicos estão um pouco por todos os estados da união americana e fazem parte integrante do nosso mosaico humano, do multiculturalismo americano. Ainda há poucos meses, quando a minha mulher e eu estávamos de visita ao nosso rebento mais velho, e sua família, na zona de Seattle, estado de Washington, pouco depois de aterrarmos, e já em viagem para a casa deles, parámos num "fast food" para tomarmos um café. No dito restaurante, quer os empregados, quer a vasta maioria dos clientes, falavam em espanhol. Daí que os hispânicos, o grupo étnico com maior crescimento populacional dentro das terras do Tio Sam, estão a mudar o rosto desta sociedade, até mesmo na nossa comunidade portuguesa. Hoje, a vasta maioria dos funcionários das nossas "leitarias" são de origem hispânica, maioritariamente mexicanos. Até os nossos cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas publicas da Califórnia têm, e ainda bem, uma forte componente de alunos hispânicos, com enfase para os cursos de Tulare e San José. Em Tulare ( a cidade que tem o maior número de alunos a aprender a língua portuguesa) os hispânicos representam quase 20% dos alunos dos cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas secundárias. Olhemos, de uma forma mais direta, e

as as próximas eleições presidenciais nos EUA?

segundo o ensaio da Time, à componente politica da comunidade hispânica, e como, de facto, poderá ser o grupo que escolherá o próximo presidente dos Estados Unidos da América. Primeiro, e sobretudo, este é o grupo étnico com maior crescimento populacional. O census de 2010 indica os seguintes números: 64% dos americanos são euro-americanos, com raízes na Europa; 12% são afro-americanos; 5% de origem

asiática e 16% hispânicos. E estes números têm tendência para aumentarem, significativamente, no que concerne à comunidade hispânica nos EUA. Um estudo do Pew Hispanic Center indica que no ano de 2050, dentro de trinta e poucos anos, os euro-americanos devem representar 46% da população americana; os afro-americanos 15%; os asiáticos 9% e os hispânicos 30%. Em zonas deste país, como aqui na Califórnia, já atingimos essa percentagem. Uma em cada quatro crianças nascidas nos Estados Unidos é de origem hispânica. O número de hispânicos neste ano de 2012 a viver nos EUA é calculado em cerca de 50 milhões. Uma população muito maior do que muitas nações da América Latina. Todos os meses cerca de 50 mil jovens latinos cumprem 18 anos de idade -a idade com

Traços do Quotidiano

Margarida da Silva

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Quem decidirá

que se pode começar a votar neste país. Comparando as eleições de 2008 com as de Novembro deste ano, o número de hispânicos recenseados para votar nos chamados "swing states" (estados que podem ir para os Republicanos ou para os Democratas) tem aumentado o suficiente para fazer a diferença no ato eleitoral deste ano de 2012, particularmente, porque as margens com se ganha os "swing states" são extremamente curtas. Vejamos: Em Nevada o número de hispanos recenseados aumentou de 13,5% para 15,1%; em Arizona de 18,3 para 19,2%; no Colorado de 12,6% para 13,7% na Florida de 14,5% para 15,9%. Até mesmo em estados como a Virginia e a Carolina do Norte houve acréscimos de praticamente 1%. E estes acréscimos são significativos porque é um eleitorado novo, motivado para defender os seus interesses e que não ficará em casa no dia das eleições. Quem beneficiará com este aumento dos hispanos no ato eleitoral de 2012? Em 2000 e 2004, George W. Bush conseguiu cerca de 47% e 43%, respetivamente, do voto hispânico. Já em 2008, Barack Obama conseguiu 67% dos votos deste grupo étnico. Em 2012, tudo poderá estar em jogo. Pelo Partido Democrático, o qual tem conseguido maior número de recenseados, Barack Obama, só obterá semelhantes percentagens se conseguir elaborar um plano de reforma da emigração clandestina. Já o fez com o Dream Act que o Partido Republicano, pelo menos a cúpula, rejeitou. Se é verdade que Barack Obama não teve um Congresso que o apoiasse na reestruturação das leis da emigração, incluindo um processo e uma via para a legalização de milhares de clandestinos, não é menos verdade que o Presidente terá que convencer os hispânicos, alguns dos quais estão extremamente desapontados, que, está pronto para investir, logo no começo do seu segundo mandato, algum capital político em torno desta causa. Caso contrário que se esqueça do voto hispânico.

Pelo lado republicano, se os conservadores aspiram voltar perto das percentagens alcançadas por George W. Bush, terão que mudar, radicalmente, o seu discurso. Não basta, pelo contrário acho que será contraproducente, irem buscar um hispano ultraconservador como o cubano-americano Marco Rubio da Florida. É que apesar de ser o mais famoso hispano no Partido Republicano, a postura de Rubio perante a reestruturação das leis de emigração é: deportá-los, todos. Se o eventual candidato do Partido Republicano for, como se espera, o maleável como a flor do álamo, Mitt Romeny, o seu disserto terá de mudar, radicalmente, porque neste momento, a sua postura é de pontapear tudo e todos que aqui estão fazendo os trabalhos que os americanos não querem fazer, incluindo cortando-lhe a relva nas suas mansões durante alguns anos. Sabe-se, que neste momento, Romney está a curvar-se perante os elementos mais conservadores do seu partido. São os mais conservadores que votam nas primárias. O que não se sabe é se Romney terá a capacidade de, uma vez escolhido, dar o dito por não dito, e abrandar a retórica insultuosa que o seu partido tem utilizado para com a comunidade hispânica. É que os hispânicos têm sido utilizados como bodes expiatórios e os que têm o direito ao voto, dificilmente o esquecerão. Este será, no mínimo, mais um ato eleitoral interessante. Talvez será mesmo o primeiro em que a comunidade hispânica terá uma palavra muito importante. Será, indubitavelmente, uma grande força, talvez mesmo a grandiosa força decisiva. Como aludiu a Time: será que os hispanos vão escolher o próximo presidente? Nuestros compadres, nuestros primos, culturalmente falando, apesar do racismo que infelizmente ainda se vê em alguns segmentos da nossa comunidade lusoamericana (por gente que, infelizmente, ainda não descobriu - e talvez nuca descobrirá - a beleza do mosaico humano americano), serão, num futuro muito próximo, o grande grupo étnico dentro dos EUA, com um potencial imenso no campo político, porque no campo cultural já dão muitas cartas. *crónica escrita ao abrigo do acordo ortográfico

Corrida à Casa Branca

santamarense67@yahoo.com

ste ano, tenho acompanhado a “saga” da corrida à Casa Branca, com grande satisfação, até, mesmo, “having so much fun”, como dizem os americanos. É que, desta vez, ao contrário do costume, não são os democratas que lutam entre si para conseguirem a nomeação do seu partido às eleições de Novembro. Confesso que não vi nenhum dos vinte e tal debates dos republicanos, apenas resumos das notícias televisivas e da internet e alguns parágrafos dos jornais. Porém, tenho observado o suficiente para dar a minha opinião sobre os candidatos que tanto anseiam tirar o lugar ao corrente inquilino da Casa Branca. Aliás, no dia a se-

guir à tomada de posse de Barak Obama, o líder do Senado disse que a sua maior prioridade seria trabalhar incansavelmente para que Obama servisse apenas um termo da sua presidência. E, são indivíduos deste calibre, que chefiam a legislação desta nação… Os candidatos republicanos não têm a coragem de admitir que, quando o Presidente Obama assumiu a liderança deste país a economia estava num caos, a guerra em duas frentes, a crise bancária, o declínio de vendas de automóveis e de propriedades; enfim, uma verdadeira situação deplorável. E quem esteve na Casa Branca durante oito anos e deixou esta grande carga aos ombros de Obama?!

Segundo muita gente do partido de oposição, logo no dia 21 de Janeiro de 2009, Obama era obrigado a endireitar tudo o que os outros tinham feito de torto… Infelizmente passados que são três anos, ainda há muito para fazer. Até aqui, praticamente todas as propostas apresentadas pelo presidente ao congresso tem sido derrotadas pelos republicanos, pois os democratas não têm os votos necessários para avançar com essas propostas. Compreendo que nem tudo o que o presidente tem feito tem sido do meu agrado ou da minha aprovação, mas, sei, também, o quanto ele tem lutado para o bem deste país e que, nem sempre, tem recebido o devido apoio. É incrível

que tanta gente vote contra os seus próprios interesses só para votar no seu partido. Voltando de novo aos candidatos republicanos, é de lamentar a aversão que sentem pelo presidente ao ponto de extrema calúnia e repulsa. Mesmo agora que o preço dos combustíveis subiu despropositadamente, esses candidatos regozijam-se simplesmente para culpar o presidente. Custa crer que pessoas com um certo intelecto cheguem a cair tão baixo. Além disso, estes indivíduos tem a ousadia de afirmar que são cristãos, ou católicos, e agarram-se à bíblia como tábua de salvação. “Praise the Lord!” Vamos ter que aturar esta campanha eleitoral até Novembro.

Valha-nos Deus! Passo a citar o filósofo Americano P.J. O’Rourke: “Os democratas são do partido que diz que o governo torna as pessoas mais inteligentes, altas, ricas e até lhes arranca as ervas daninhas do relvado. Os republicanos são do partido que diz que o governo não funciona e depois são eleitos e provam isso mesmo.” Tenho dito!


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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida almeidairy@aol.com

A agropecuária em Wisconsin Algumas curiosidades sobre o impacto económico da agropecuária de Wisconsin A indústria de lacticinios do Estado de Wisconsin contribui com $26.5 biliões de dólares por ano na economia do Estado, isto traduz-se numa industria contribuindo para a economia em mais de $50.000,00 por minuto. Uma vaca de produção media neste Estado gera mais de $20.000,00 de actividade por ano. Estes dolares circulam nas comunidades locais, ajudando e suportando escolas, estradas e negocios locais. A agropecuária é o maior segmento da agricultura em Wisconsin contribuindo para 40% da mão de obra (146.200) empregos, numa industria agricola orçada em $59 biliões anuais. Se compararmos o impacto económico Estadual, com o contributo de $26.5 biliões, a industria de lacticinos tem uma maior contribuicao na economia de Wisconsin de que a industria da laranja e outros produtos “citrus”, na Florida ($9 biliões), ou a industria da batata branca, ($2.7) biliões, em Idaho. A agricultura tem identificado o estado de Wisconsin nos ultimos 160 anos e continua a ser uma das maiores industrias do Estado, que emprega 1 em cada dez cidadãos, e está à frente como Estado, no maior numero e mais diversificadas explorações da agropecuária, ainda com cerca de 12,700 operacões usando parcialmenta o sistema de pastagens “grazing”.

Mais de 99% destes negocios são de familia, que por muitas gerações tem continuado a envolver a proxima geração mantendo assim o caracter inicial da familia agricola. Wisconsin também está à frente no numero de “bio-energy sistems” nas propriedades privadas, com 31 operando e a instalação de muitas mais planeadas. Usando esta tecnologia, 5 vacas podem providenciar energia para uma residência de uso medio, 24 horas por dia. Em Wisconsin quase todas as industrias e pequenos negocios estão ligados a industria de lacticinios, por exemplo cada uma dolar recebida nas operações de produção vem gerar $1.54 adicional, nas suas comunidades e Estado. Wisconsin tem 210 fabricas de queijo que produzem 2.6 biliões de libras de queijo por ano, 45% dos queijos especiais dos Estados Unidos, são produzidos aqui. Se Wisconsin fosse um País seria o numero quatro na produção de queijo mundial. Durante os passados cinco anos, produtores, processados e diferentes companhias de novos e criativos produtos do leite, investiram $2.5 biliões de dolares, modernizando e equipando as suas fabricas e outras infro-estruturas para produção e manufacturação do leite e produtos do mesmo. 90% do queijo produzido é vendido para consumo fora das fronteiras do Estado de Wisconsin.

Tribuna do Leitor

Senhor Editor:

Sou assinante do v/jornal há bastantes anos e embora esporádicamente, tenho tentado dar a minha colaboração sobre assuntos que merecem a minha atenção, quer sugerindo, quer comentando ou informando. Dentro dessa ordem de ideias, há bem pouco tempo, enviei um artigo para publicação, sobre a carência que há na comunidade de tocadores de guitarra portuguesa para acompanhar os jovens fadistas que felizmente vão despontando no nosso meio, bem como da falta de tocadores de concertina, instrumento base para acompanhar dançarinos de ranchos folclóricos e sugeria que as muitas bolsas de estudo que vão sendo distribuidas por muitas organizações aos nossos estudantes, fossem também encaminhadas para jovens que estivessem interessados nestes dois instrumentos. Até citei o exemplo das festas de LUDLOW-Massachussets, onde dezenas de jovens dos dois sexos, mostram ser exímios tocadores de concertina. Também há pouco tempo escrevi para o jornal àcerca da Igreja das Cinco Chagas devido a dois artigos no Tribuna, na mesma edi-

ção, assinados por Jose Raposo e Miguel Avila, se contradizerem, isto é, Jose Raposo afirma que a igreja não é portuguesa enquanto Miguel Avila a refere como "Nacional Portuguesa". Quanto ao termo Nacional, já fui satisfatóriamente elucidado, quanto ao resto, nada. Por ultimo, no dia 3 de Fevereiro, mandei um artigo sobre o Parque Nacional Peneda-Gerês, muito interessante, informativo e até histórico, o qual não foi publicado. Dado o exposto, chego à conclusão de que a orientação do jornal, não quer percorrer os caminhos do pluralismo ou mesmo ser abrangente e por tal motivo, cesso aqui a minha contribuição com trabalhos para publicação e embora tenha a minha assinatura paga até Outubro, prescindo dela e peço-lhe que termine o envio do jornal para a minha residencia, a partir de hoje. Com votos de muito sucesso, atenciosamente, subscrevo-me Manuel C. Rodrigues

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15 de Março de 2012

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COMUNIDADE

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Tony Alamo - A Tribute to my Dad by Joe Alamo and Cindy Alamo Fernandes

I am honored to be able to share a few stories about my dad with you today. Everyone that knew my dad would agree with me that he had a PASSION for life! This passion started with his work. He was a dairyman to the core. He started a dairy in Salida at the age of 23 with 176 cows on a rented facility. A few years later he purchased a ranch on Fulkerth Road, where the home dairy is still localed today. My dad instilled a strong work ethic in all of his children. I can remember countless calls in the middle of the night of a down cow or other emergency situation that would require my dad's attention. Not once when I was growing up do I remember waking up und my dad still being in bed. He was always out on the dairy farm milking cows, feeding calves, treating cows, breeding cows, welding, driving truck, chopping, working the ground, spraying the weeds or irrigating. My dad was not picky in what tasks be performed. He did whatever needed to be done and moved onto the next thing. I

can still hear him telling me "you have to work hard, if you want to play hard." A man that invested so much of his life into the business, was willing to give his sons the opportunity to take it over and run with it. He gave us the space to make our own mistakes and learn from them. He offered the guidance we needed, so we would not fail. My dad never told me personally, but I have heard it from a number of people how proud he was of the success of the family business. That leads us to his passion to play hard. My dad was always on the go. He loved to travel with my mom and see new things. He would come back from a vacation and explain how it was the mosl beautiful place he had ever seen. He definitely appreciated God's beauty and all His creations. My parents along with family and friends visited places like Russia, Germany, Finland, Hawaii, Alaska, Canada, Virgin Islands,

France, Spain, Portugal, Greece. Bahamas, Netherlands, Mexico, Belgium, Panama Canal, Continental US and his beloved Azores. He had a tight connection with his native land. In 1990 he rebuilt the original family home where he was born. From 1992 to 2003 he returned at least once a year to the family home in Altares, Terceira. Taking his children and grandchildren to see the land of our grandparents gave my dad great joy. My dad's love for life didn't stop with traveling. He loved to have fun. My dad started snow skiing at the age of forty and golfing at the age of 50. Even though my dad had a tremendous fear of water, my dad loved to enjoy family and friends at the lake. He would water ski and absolutely loved riding his X-2 jet ski on the lake. My dad had a passion for off road vehicles, too. First, he rode motorcycles, then the odyssey, three-wheelers and finally fourwheelers at the sand. I remember several trips that we would wash out the cow trailer and load up the off road vehicles and head over to Pismo. He also loved to fish off the Pismo Pier and go clamming, as well. His bobbies were activities that involved other people because my dad thrived from talking to others. My dad could talk to anyone, anywhere, anytime. I would sometimes be embarrassed when be would tell me that he knew this

guy. I would say, "I don't think so, Dad." He would still walk up to the person and have a 15-minute conversation with the person. Half the time he wouldn't know the person, but he would conclude that they at least knew some of the same people. He would use this gift of talk to visit the elderly and sick. He would love to visit and talk with them for hours. He was definitely in his element and would treasure each of these visits. At the age of 16 he purchased his red 59 Olds. In 2007 from the urging of my brother, Dan, and the help ofRick Wallenberg they restored his red 1959 Olds. At his first car show, he won "Best of Show". It was at Pismo Beach on Father's Day. My dad was definitely beaming! Car shows were a great opportunity for him to visit with others and check all the neat cars. You can't forget about his beloved RAIDERS. No matter how they played, you could find him at the games as a season ticket holder. He loved tailgating with his family and friends as he cheered on the silver and black. My dad even had the opportunity to attend the Superbowl in 2003 when the Raiders played in San Diego. For many years, my dad enjoyed bowling. He loved his different bowling leagues. His bowling hobby gave him the reason to travel across the country with friends. He even received the nickname "Tony Bag of Doughnuts" by his

bowling friends. While speaking about doughnuts, my dad loved food. He enjoyed all kinds of food and drink and would always clean his plate as well as ours. My wife Nelia would say it's easy to keep Tony happy by making him a good home cooked meal. He definitely had a passion for family. This past July, my parents celebrated their 45th wedding anniversary'. Just a few months ago he mentioned his family as his greatest achievement in life. My dad was an only child, but he left this world with a legacy of 20 people. He loved being surrounded by family, and his eyes would always light up when a grandchild would come by and say, "Hi Poppy." He would attend the grandkids' sporting events, dance recitals and watch them showing their animals at the fair. He was always so proud of his grandkids! Through all these passions in life, he had a passion for God and his faith. No matter where he was or what he was doing, my dad would always attend mass on Sundays. He pulled his strength from God, and this was very evident in the last nine years of his life as he fought his disease. He never once complained or said "why me?". He took it all in stride and would still take every opportunity to get out and enjoy life. My dad enjoyed his life to the fullest. He packed a lot in his 69 years of life. He will definitely be missed!

Falecimento October 25, 1942 February 24, 2012 Antonio (Tony) Alamo passed way peacefully into the arms of our Lord on February 24, 2012 at the age of 69. He was born on October 25, 1942 in Altares, Terceira, Azores to Antonio and Maria do Alamo. He immigrated to the United States at seven years old to Artesia. In 1965 he moved to Salida and started his own dairy. He married Florinda Machado in 1966

and moved to their Crows Landing address where he enjoyed a life as a dairy farmer. Tony had a passion for life. He was a hard-working man who loved talking to people and traveling with family and friends. He especially enjoyed visiting the Azores every year. He enjoyed a variety of activities including participating in car shows with his newly restored 1959 Olds, bowling, golfing, water and snow skiing, going to the lake and spending time at Pismo Beach. He had an unwavering faith in God and treasured spending time with his family above all things. He was involved in many organizations including Sacred Heart Cathlocic Church in Patterson, YMI, Knights of Columbus, PFSA, LUSO, Turlock Pentecost Association, Westside Auto Club, Stanislaus Holsteins Association and Western United Dairymen. He is survived by his wife of 45 years, Florinda Alamo, his three sons and their wives, Tony and Karyn, Danny and Tony, Joe and Nelia, his daughter, Cindy and her husband Paul Fernandes, and his ten grandchildrens, Anthony, Kristin, Jared, Kayla, Angela, Noah, Michael, Rylee, John and Sophia. The Vigil and Rosary took place on February 29 at Turlock Funeral Home. A Funeral Mass was held at Sacred Heart Catholic Church in Patterson, CA, on March 1, with interment following at Turlock Memorial Park. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família Álamo.


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COMUNIDADE

15 de Março de 2012

Portuguese Athletic Club - nasceu com o futebol

First official Portuguese Athletic Club soccer team, 1962–63: (Standing, from left) Francisco Brum, (Coach), Eduardo Teixeira, Raul Alvernaz, José Santos, Albert Sanches, Tony Bettencourt, Ben Ferreira, Daniel Vargas e Mário Jorge; Front row (from left): Mário Brum, Manuel Medeiros, Ernesto Gonçalves, Euclides Direito, Carlos Brum, and Tony Faria

Taça Luso-Americana: Jack Costa, Rod Alvernaz, and Manuel Minhoto, representing Luso-American Fraternal Federation, present PAC captain João Franco and coach João Rodrigues with the trophy won in 1967

Embaixo: jogo em Fresno. João Rodrigies com a bandeira Portuguesa.

1975 US Amateur Cup Western Division Champions. Standing (from left): João Neves (President), Manuel Neves, Henrique Carvalho, Fernando Gonçalves, Juan Jacinto, Keith Ritter, Victor Pires (Coach), Alex Montes, Alberto Gaspar, Mário Sousa (Sports Director), Manuel Terra (Manager); Front row: Carlos Alcaine, Helder Quaresma, Mike Gois, Tony Rosa, Tom Kawano, Arnold Borges, and Alex Montes

Equipa de reservas do PAC

Concebido por um grupo de jovens amantes do desporto-rei, foi a 22 de fevereiro de 1962 que o Portuguese Athletic Club de San José se organizou formalmente. Nasceu e deu os primeiros passos na Agência Marcela, indo mais tarde instalar-se na cave da SES de Santa Clara. Em 1968, instalou-se até hoje—, e graças à generosa colaboração e compreensão da irmandade — no andar superior do edifício da IES de San José. No desporto, jamais alguém poderá denegrir o seu palmarés. O clube realizou o seu primeiro jogo amigável defrontando o Sport Luso-Americano de Oakland a 26 de Agosto do seu primeiro ano de existência. A partir dessa altura, o desporto catapultou o PAC para um lugar de destaque entre os diversos clubes de futebol na Califórnia. Na época de 1966-67 — apenas 4 anos após a sua fundação — começam a surgir os louros da vitória ao conquistar o primeiro campeonato da Península Soccer Football League, a taça da Liga, e a primeira edição do torneio em disputa da Taça Luso-Americana. Nos subsequentes 15 anos

(até à época de 1981-82) avolumaram-se as suas conquistas com: 3 campeonatos da Liga da Península, 5 taças da Liga, uma Taça de Futebol do Norte da Califórnia; 3 vezes vencedor da Taça de Amadores US National; uma vez vencedor da Northern Califórnia National US Open Cup e outra vez finalista, venceu o torneio da Taça Luso-Americana por 4 vezes; também por 4 vezes venceu o torneio da Taça Imigrante Português; 2 vezes a Taça Robert Kenedy; 1 Taça Roy Milne; e, de permeio, conseguiu o inédito feito de alcançar e disputar em Chicago a semifinal da Taça de Amadores dos Estados Unidos, a nível de futebol sénior. A última competição ganha por esta equipa data à época de 1994-95, quando venceu a Taça da Liga. As equipas juvenis — femininas e masculinas —, que já haviam conquistado o campeonato da Liga em 1971 e 1972!!!, tiveram um especial impulso na última década, e, por três vezes, ganharam o Campeonato dos Estados Unidos, bem como vários títulos regionais, continuando até hoje a tradição futebolística gloriosa do Atlético. As equi

50th Anniversary (2012) Board of Directors of the Portuguese Athletic Club Standing (from left): José Luís da Silva (Cultural Dir.), Mário Teles Ribeiro (Treas.), Ilídio Pacheco (Sports Dir.), Joe Sousa (Assistant Treas.), Manuel Santos (Vice-Pres.), Helder Goulart (Assistant Sect.), Paul Salvador (Bar Dir.), and João Diniz (Bar Dir.); Front Row: Fernando Alves (Sports Dir.), Yvete Sousa (Sect.), Helena Oliveira (Social Dir.), Décio Oliveira (President), Tina Rocha (Social Dir.), Fernando Rocha (Fiscal Council), and Luís Terra

pas de veteranos também tem contribuído para enriquecer a sala de troféus do clube, tendo feito uma caminhada muito interessante, sobretudo a partir de 2002, arrecadando troféus em vários escalões etários e em diversos torneios. São já muitos milhares os jovens que envergaram as cores alvinegras do Atlético de San José. Nomear os que mais se distinguiram é uma tarefa a que não me atreverei, mas todos reconhecem que por este clube passaram atletas de grande talento e mérito desportivo. Logo depois da implantação do clube e da renovação total desta sala em 1968, novos horizontes se desvendaram com a desejada expansão sócio-cultural do Clube, que, até

então, era quase exclusivamente de carácter desportivo.

T. Goulart

As fotos desta página foram cortesia do Portuguese Athletic Club


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PAC - almoรงo do 50ยบ aniversรกrio

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15 de Março de 2012

Portuguese Athletic Club

50 anos

Aspecto parcial do Salão de Festas do Portuguese Athletic Club de San José, fundado em 1962, no almoço comemorativo do seu 50º aniversário

Em cima: Ex-Presidentes do PAC: Bernadette Ferreira, Helena Oliveira, Connie Goulart, João Neves, Manue Santos, Paula Vargas e David Vargas (embaixo à esq.)

Direita embaixo: Direcção do PAC ofereceu uma salva de prata ao Presidente Décio Oliveira - João Dinis, Paulo Salvador, Luis Terra, Jos Luís da Silva, Helder Goulart, Mário Ribeiro, Tina da Rocha, José de Sousa, Helena de Oliveira, Yvette Sousa e Manuel Santos.

Embaixo: Helena Oliveira, Manuel Bettencourt, Tony e Judy Goulart, Manuela e José Silveira, Fernanda Silva, Ester Duarte, Maria Si veira e Décio Oliveira.


se

il-

Direita: Antigos jogadores do Portuguese Athletic Club presentes na festa - José F. de Sousa, Alberto Rosa, Manuel Dias, Carlos Carvalho, Ernesto Gonçalves e Mário Sousa,

Tony Goulart, o orador da festa, historiou a vida do PAC

COMUNIDADE

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Manuela Silveira - Vice-Cônsul de Portugal

Este aniversário do PAC começou no Domingo, dia 4 de Março de 2012 com uma Missa de Festa na Igreja Nacional das Cinco Chagas, presidida pelo pároco António Reis. Seguiu-se um almoço de festa

15 de Março de 2012

Aspecto parcial do Salão de Festas do Portuguese Athletic Club durante a festa dos 50 anos de actividade

na Sede do Clube. A mestra de cerimónias foi a Secretária da Direcção, Yvette Sousa. Homenagearam-se várias pessoas, tais como (ver fotos) Carlos Fagundes, Fernanda Silva, Luís Terra, Angie Barcelos, Car-

los Silveira e Fernando Rocha. Durante a cerimónia, alguns ex-presidentes quiseram congratular o clube, bem como falar da sua própria experiência na liderança de um clube com tantos pergaminhos. No Sá-

bado, dia 10 de Março, haverá um Baile de Gala para encerramento do 50º Aniversário do Portuguese Athletic Club de San José, California.


Perspectivas Fernando M. Soares Silva fmssilvaazor@yahoo.com (Continuação da edição anterior) O nome de JOSÉ FRANCISCO TAVARES tem sido apresentado como co-fundador deste jornal (O Amigo dos Católicos), mas, como assegura Ferreira Moreno, não existem documentos comprovativos da existência de alguém com este nome o qual, como se escreveu, tenha sido também sacerdote. A confusão histórica que existiu sobre a aparente co-fundação de “O Amigo dos Católicos” parece haver originado nos sobrenomes TAVARES dos dois jovens açorianos tipógrafos primos e coadjutores do fundador, PADRE MANUEL FRANCISCO FERNANDES, durante a fase inicial do existência deste semanário. Outro nome que também tem sido citado como co-fundador de “O Amigo dos Católicos” é o do PADRE JOÃO MANUEL TAVARES, açoriano natural de Vila Franca, ilha de São Miguel, onde nasceu à volta de 1861. Sabe-se que ele ingressou no seminário de Saint Thomas, em Mission San José em Maio de 1885, sendo enviado em Setembro do mesmo ano, para o seminário de Saint Mary, na cidade de Baltimore, mo estado de Maryland, onde foi ordenado sacerdote em Dezembro de 1888. Havendo regressado à Califórnia, o jovem sacerdote foi colocado em Mission San José, na capacidade de pastor assistente. Pouco após, o arcebispo Riordan, de San Francisco, enviou-o em rumo a Oakland para que ele servisse a crescente comunidade de origem portuguesa daquela cidade e região. Durante algum tempo, o Padre Tavares utilizou o salão paroquial da Igreja de Saint Mary para as suas missas e outros serviços religiosos, mas cedo lançou-se numa intensa campanha de angariação de fundos para a construção de novo tempo para os crentes portugueses, e até chegou a comprar vários lotes de terreno com este objectivo. Infelizmente, o dedicado sacerdote foi impossibilitado de completar o seu sonho, havendo falecido repentinamente, após grave doença, no dia 1 de Fevereiro de 1891, com apenas 25 anos de idade, segundo atesta o Número Comemorativo da Quinquagésima Quarta Edição Anual do “Jornal Português” de 3 de Julho de 1942. Não existe evidência histórica comprovativa da sua participação na fundação de “O Amigo dos Católicos”. Os arquivos históricos apontam ainda que, após o falecimento do Padre Tavares, o arcebispo Riordan, de San Francisco, encarregou o Padre Manuel Francisco Fernandes da missão da implementação do projecto concebido pelo Padre Tavares. Os lotes comprados pelo Padre Tavares foram trocados por outros terrenos em Chestnut Street, em Oakland, e aí, um ano mais tarde, surgiu a linda Igreja de Saint Joseph, ficando o Padre Fernandes como seu pastor. Infelizmente, o dinâmico sacerdote adoeceu e faleceu no dia 25 de Junho de 1896, com a ainda jovem idade de 46 anos. Ainda antes do falecimento do seu fundador, “O Amigo dos Católicos” passou a ser dirigido por várias administrações que agiram consoante as exigências dos tempos e as vigentes situações económicas. Assim, em 1889, sob a gerência do advogado FRANCISCO INÁCIO DE LEMOS e do já citado MANUEL B. QUARESMA, este periódico foi publicado em Mission San José, e, seguidamente, em oficinas gráficas da cidade de Pleasanton, e mais tarde, em 1893, na cidade de Hayward. Em 1898, o supramencionado José Fernandes Tavares que, com seu irmão Fernando, havia coadjuvado as administrações do jornal, acabou por vender a sua parte e parceria no semanário a MANUEL R.

COLABORAÇÃO

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Os meios de Comunicação Social em Língua Portuguesa III

QUARESMA, em 1890. No ano de 1894, o escritor e poeta GUILHERME S. GLÓRIA passou a ser o seu redactor e editor, cargos que ocupou até 1896, sendo então substituído por JOAQUIM BORGES DE MENEZES. Note-se que este jornalista, em 13 de Julho de 1896, fundou “O ARAUTO”, o quinto jornal de língua portuguesa na Califórnia, o qual foi publicado até Janeiro de 1917. Por sua vez, Guilherme S. Glória foi mais tarde, em 1900, o fundador do mono jornal luso-californiano, “A Liberdade”, que ele dirigiu até 1937. E Manuel B. Quaresma foi o fundador, em 1903, de “ O Imparcial”, o décimo semanário comunitário, que existiu até 1932. 5--- O ARAUTO--- Este semanário, que substituiu O AMIGO DOS CATÓLICOS, foi fundado por JOAQUIM BORGES DE MENEZES. O primeiro número foi publicado na cidade de Oakland, no dia 13 de Julho de 1896, e o último em Janeiro de 1917. Foi então vendido a PEDRO L. C. SILVEIRA, que passou a publicá-lo na cidade de San Francisco, com o título de JORNAL DE NOTÍCIAS. (no.(17 ) 6--- A PÁTRIA--- Este foi o primeiro jornal português publicado na cidade de Oakland. Foi fundado no dia 13 de Julho de 1891 pelo brasileiro MANUEL STONE, a quem também se deve a iniciativa da fundação da supracitada VOZ PORTUGUESA (1884), o primeiro jornal de língua portuguesa na Califórnia. A Sociedade de Publicidade Portuguesa foi co-proprietária deste empreendimento que durou seis anos. 7--- O REPÓRTER--- A sua fundação deve-se a CONSTANTINO C. SOARES e esposa, e ao advogado FRANK JOSEPH, em Agosto de 1897. Em 1910, o Esta lista de Programas de Rádio continua na nossa próxima edição jornal foi adquirido pelo PADRE JOSÉ SILVA. Em 1914, o escritor ANTÓNIO grafos portugueses no Oeste Americano, e Oakland, Lemoore, Tulare, Hanford e, fiDA CONCEIÇÃO TEIXEIRA comprou metade do negócio que ficou então sob a antigo proprietário e director do supraci- nalmente, uma vez mais, em Oakland. sua gerência, aproximadamente 3 meses. tado “O ARAUTO” (1896) (no. 5), fundou 15--- A REVISTA PORTUGUESA--O periódico suspendeu a sua publicação este novo jornal na cidade de Fresno, em JOÃO DE MELO, um dos fundadores 1905. Por falta de recursos, este periódico, em 1916. como outros prévia e posteriormente, teve do supracitado “O LAVRADOR PORTUGUÊS” (1912) fundou esta publicação 8--- A CRÓNICA--- Jornal crítico-humo- efémera existência. mensal na cidade de Hayward, em 1914. rístico, fundado, em 1895, pelo escritor e Existiu até ao ano de 1925. 12--A VOZ DA VERDADE--Mercê jornalista MÁRIO BETTENCOURT DA 16--- O MUNDO--- Este semanário foi do espírito de iniciativa do seu proprietáCÂMARA. A publicação teve vida muito fundado por JOAQUIM OLIVEIRA, em rio e director M. C. SIMAS, esta publicacurta e infelizmente só foram publicados 1915. Durou pouco tempo devido ao preção surgiu na cidade de Oakland, em Maio 14 números. de 1908. Dificuldades de toda a ordem não cário estado de saúde do seu fundador e permitiram que o jornal durasse mais de director, que foi para New Bedford, onde faleceu. um ano.

Século XX

9--- A LIBERDADE--- O escritor e poeta GUILHERME S. GLÓRIA lançou-se à publicação deste semanário no dia 1 de Outubro de 1900, na cidade de Sacramento, capital do Estado da Califórnia, mas, em 1920, decidiu mudar as suas oficinas e escritórios para a cidade de Oakland, onde A LIBERDADE passou a ser editada “diariamente”, com a excepção dos Domingos. Seis anos mais tarde, porém, voltou à categoria de semanário, e assim continuou até 1937, data da sua suspensão definitiva. 10--- O IMPARCIAL--- MANUEL B. QUARESMA, supracitado gerente e redactor dos primeiros periódicos (no. 4), fundou este semanário, em 1903, na cidade de Sacramento. Em 1930, este jornal foi adquirido por “Colónia Portuguesa Incorporada”, que continuou a editá-lo até 1932. 11--- PORTUGAL-AMÉRICA --- PEDRO L. C. SILVEIRA, um dos primeiros tipó-

13--- O LAVRADOR PORTUGUÊS--Este semanário foi fundado em 1912 por ARTHUR VIEIRA ÁVILA, JOÃO DE MELO e CONSTANTINO BARCELOS. Inicialmente, foi publicado na cidade de Lemoore; mais tarde, integrando-se em comunidades lusíadas maiores, passou a ser editado na cidade de Hanford, sob a direcção de ARTHUR VIEIRA ÁVILA. Em 1920, o semanário foi transferido para a cidade de Tulare, em cuja área viviam milhares de portugueses, pelos novos directores ARTHUR V. ÁVILA e ALFREDO SILVA. Por fim, passou a ser publicado na cidade de Oakland, então um dos maiores centros populacionais portugueses na Califórnia. Foi editado até 1924. (Ver o no. 18).

17--- JORNAL DE NOTÍCIAS--- Continuando, sem interrupção, a obra encetada pelo PADRE MANUEL FRANCISCO FERNANDES, e continuada por vários redactores e directores como o escritor e poeta GUILHERME S. GLÓRIA e JOAQUIM BORGES DE MENEZES, um dos primeiros tipógrafos de “O AMIGO DOS CATÓLICOS”(no. 4), PEDRO L. C. SILVEIRA comprou, como já salientamos, ”O ARAUTO” (1896) (no. 5), e mudou-lhe o nome para “JORNAL DE NOTÍCIAS”, que saiu à luz da publicidade na cidade de San Francisco no dia 8 de Fevereiro de 1917, tendo como administradora sua esposa, MARIA NUNES SILVEIRA. O novo jornal foi publicado, sem interrupção, até 24 de Junho de 1932.

14--- A CALIFÓRNIA ALEGRE--- Fundada, em 1914, por CÂNDIDO DA COSTA NUNES, este periódico, que teve vida muito difícil e efémera, foi publicado, sucessiva e esporadicamente, nas cidades de

(continua na próxima semana)


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COMUNIDADE

COMUNICADOS 1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e tem a honra de comunicar que o prazo, para a apresentação das candidaturas aos Programas de Bolsas do Instituto Camões para o ano lectivo de 2012-2013, decorrerá entre os dias 12 de Março e 30 de abril. Os termos do respectivo regulamento podem ser consultados em: www.instituto-camoes.pt/lingua-e-ensino/ bolsas-de-estudo/cidadaos-estrangeiros Para mais informações os candidatos podem entrar em contacto com o Consulado-Geral de Portugal, das segundas às sextas-feiras, das 9 da manhã às 4 da tarde, pelo telefone (415) 346-3400 ou fax (415) 346-1440. Ou escrevendo para 3298 Washington Street, San Francisco, CA 94115. 2. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco tem a honra de comunicar que quem estiver interessado pode candidatar-se à quinta edição do “Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa”, cuja data limite é 26 de Março de 2012. Os processos de candidatura deverão ser submetidos à COTEC PORTUGAL, através do endereço electrónico diaspora@cotec.pt ou através do site www.cotec.pt/diaspora. San Francisco, 24 de Fevereiro de 2012. Manuela Ávila Silveira Vice Cônsul

ULTIMA HORA Benfica nos quartos de final da Champions League O Benfica alcançou terça-feira passada os quartos-de-final da UEFA Champions League, na sequência de uma vitória por 2-0 sobre o Zenit St. Petersburg na segunda mão dos oitavos-de-final, depois de uma derrota por 3-2 na Rússia. O guarda-redes Artur foi um dos elementos da defesa "encarnada" em bom plano, tendo salientado ao UEFA, a alegria que sentia pela boa prestação da sua equipa.

Sporting 1 Manchester City 0 Extraordinário jogo do Sporting contra o primeiro classificado da Liga Inglesa, para os oitavos de final da Liga Europa. Alvalade vibrou como já não se via há muitos anos. Grande noite europeia.

Participe nas nossas festas tradicionais

15 de Março de 2012


DESPORTO

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LIGA ZON SAGRES Porto na frente com derrota do Benfica LIGA ZON 1FC Porto 2Benfica 3SC Braga 4Sporting 5Marítimo 6V. Guimarães 7Olhanense 8Nacional 9Gil Vicente 10Académica 11Rio Ave 12P. Ferreira 13V. Setúbal 14Beira-Mar 15Feirense 16UD Leiria

J 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21

V 16 15 15 11 11 10 6 7 5 5 6 6 5 4 3 4

E 4 4 4 5 5 2 8 4 8 7 3 3 5 5 8 3

D 1 2 2 5 5 9 7 10 8 9 12 12 11 12 10 14

P 52 49 49 38 38 32 26 25 23 22 21 21 20 17 17 15

V 13 10 8 8 9 8 7 6 7 6 7 6 5 5 5 3

E 6 5 10 9 4 7 8 10 7 7 4 6 8 7 7 5

D 2 6 3 4 8 6 6 5 7 8 10 9 8 9 9 13

P 45 35 34 33 31 31 29 28 28 25 25 24 23 22 22 14

V 14 11 11 11 9 9 8 8 7 7 7 6 5 5 2 16

E 6 7 4 3 8 7 9 8 10 7 5 8 9 7 6 1

D 2 4 7 8 5 6 5 6 5 8 10 8 8 10 14 5

P 48 40 37 36 35 34 33 32 31 28 26 26 24 22 12 9

V 13 13 12 13 11 9 8 8 9 6 7 5 4 4 5 2

E 7 3 6 2 6 10 7 7 4 6 3 7 9 8 3 6

D 2 6 4 7 5 3 7 7 9 10 12 10 9 10 14 14

P 46 42 42 41 39 37 31 31 31 24 24 22 21 20 18 12

V 13 12 11 8 6 6 4 3 3 1

E 4 2 4 5 9 2 7 6 4 3

D 1 4 3 5 3 10 7 91 11 14

P 43 38 37 29 27 20 19 15 13 6

Liga Orangina 1Estoril 2Moreirense 3Desp. Aves 4Naval 5Leixões 6Atlético 7Penafiel 8Arouca 9Santa Clara 10U. Madeira 11Trofense 12Oliveirense 13Freamunde 14Belenenses 15Sp. Covilhã 16Portimonense

J 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21 21

II - Zona Norte

J 1Varzim 22 2Desp. Chaves 22 3AD Fafe 22 4Ribeira Brava 22 5Mirandela 22 6Limianos 22 7Tirsense 22 8Mac. Cavaleiros 22 9Ribeirão 22 10Marítimo B 22 11Famalicão 22 12Camacha 22 13Vizela 22 14Lousada 22 15Merelinense 22 16AD Oliveirense22

II - Zona Sul

J 1Torreense 22 2Oriental 22 3Fátima 22 4Pinhalnovense 22 5Carregado 22 6Mafra 22 7Sertanense 22 8Louletano 22 9Est.Vendas Novas22 101º Dezembro 22 11Juv. Évora 22 12At. Reguengos 22 13Monsanto 22 14Tourizense 22 15Moura 22 16Caldas 22

III Divisão - Açores J 1Lusitânia 18 2Praiense 18 3Santiago 18 4Prainha 18 5Boavista S. Mateus18 6Guadalupe 18 7Sp. Ideal 18 8U. Micaelense 18 9Fayal 18 10Águia 18

Clássico sorriu ao F.C. do Porto

O Benfica recebeu sexta-feira passada o FC Porto, no mais aguardado embate da 21ª jornada da Liga portuguesa. Os "dragões" adiantaram-se no marcador, o Benfica operou a reviravolta mas os portistas acabaram por vencer por 3-2. O conjunto "azule-branco" começou da melhor forma o encontro no Estádio da Luz, já que chegou à vantagem aos sete minutos, Cardozo remamat com oposiçnao de Janko por intermédio de Hulk. O brasileiro pé esquerdo à entrada da de Aimar para cabecear de fez uso do seu potente re- área, Witsel desviou para forma colocada, levando mate e disparou com êxito o lado e Cardozo rematou ao delírio os adeptos da após uma entrada positiva de forma imparável. casa, que praticamente endos portistas. cheram o Estádio da Luz. Em desvantagem no mar- Motivado pelo tento do Apesar de se ter visto em cador, o Benfica tentou empate a fechar o primei- desvantagem, o conjunto responder e acabou por ro tempo, os comandados portista chegou ao empate chegar ao empate aos 42 de Jorge Jesus alcançaram aos 64 minutos, mercê de minutos, por intermédio de a vantagem logo após o um golo do recém-entrado Óscar Cardozo, depois de recomeço, mais uma vez James Rodríguez. Aos 77 João Moutinho ter atirado graças a Cardozo. O Avan- minutos, o Benfica ficou à barra da baliza de Artur. çado paraguaio aproveitou reduzido a dez elementos, Maxi Pereira rematou de da melhor forma um livre por expulsão de Emerson

(duplo amarelo), com os visitantes a aproveitarem para fazer o 3-2 final aos 87 minutos, após cabeceamento de Maicon. Com este resultado, a equipa de Vítor Pereira chega à liderança isolada, agora com três pontos de vantagem sobre os "encarnados". in uefa.com

Sporting perdeu em Setubal O Sporting saiu derrotado da deslocação ao terreno do V. Setúbal, por 1-0, graças a um golo de Bruno Amaro aos 20 minutos. O Sp. Braga, por seu lado, foi à Madeira vencer o Nacional por 3-1 tendo alcançado o Benfica no segundo posto da Liga portuguesa. Os sadinos começaram bem a partida, com Targino a acertar no poste da baliza leonina aos 11 minutos. Seria o aviso para o que se seguiria, já que Bruno Amaro assinou o 1-0 aos 20 minutos. O defesa Xandão ainda efectuou o corte mas a bola já teria ultrapassado a linha de golo. Em desvantagem no marcador, os

"leões" tentaram responder mas não conseguiram marcar até ao descanso. Na segunda parte a equipa de Alvalade tentou tudo para chegar ao empate mas pela frente encontrou uma formação do Setúbal apostada em guardar a magra vantagem. Aos 85 minutos Matías Fernández desperdiçou uma grande penalidade – Diego defendeu com brilhantismo o remate do médio do Sporting – com o Vitória a segurar a vantagem até final. Depois de terminada a partida, Carrillo, do Sporting, viu ainda o cartão vermelho.

O Sp. Braga, por seu turno, aproveitou para alcançar o Benfica no segundo lugar, já que venceu o Nacional da Madeira fora, por 3-1. Moreno colocou os madeirenses em vantagem aos 12 minutos, mas Lima restabeleceu a igualdade aos 40. No segundo tempo, Mossoró fez o 2-1 para os "arsenalistas" aos 54 minutos e Ukra selou o resultado final a três minutos dos 90. in uefa.com

Chelsea dispensou Villas-Boas O Chelsea FC prescindiu dos serviços de André Villas-Boas e substituiu o técnico português pelo até aqui treinador-adjunto Roberto Di Matteo, que orientará interinamente a formação londrina até ao final da temporada. Chegado a Londres em Junho, depois de ter guiado o FC Porto à conquista da UEFA Europa League, em Dublin, Villas-Boas foi demitido depois da derrota de sábado, por 1-0, no terreno do West Bromwich Albion FC. O Chelsea venceu apenas três dos últimos 12 jogos que disputou na Liga inglesa, resultados que deixam a equipa no quinto posto da classificação; na UEFA Champions

League, os "blues" encontram-se em desvantagem nos oitavos-de-final, após terem perdido por 3-1 em casa do SSC Napoli, na partida da primeira mão. Em comunicado, o Chelsea explicou a decisão: "Infelizmente, os resultados e as exibições da equipa não têm sido suficientemente bons e não mostravam sinais de melhoria, numa altura crítica da temporada. O clube ainda se encontra na discussão da UEFA Champions League e da Taça de Inglaterra, bem como na luta por um dos quatro primeiros lugares na Liga inglesa, e os objectivos continuarão a passar por ser competitivo em todas as frentes. Com tal em

mente, a única opção nesta altura era proceder a esta alteração no comando da equipa." Antigo prospector de José Mourinho no FC Porto, Chelsea e FC Internazionale Milano, Villas-Boas estreouse como treinador principal no comando da Académica de Coimbra, em Outubro de 2009. Um 11º lugar na Liga portuguesa na sua primeira temporada ao leme do clube chegou para convencer o FC Porto a contratá-lo em Junho de 2010, tornando-o no mais jovem treinador a orientar a equipa principal dos "dragões", com apenas 32 anos de idade. in uefa.com


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TAUROMAQUIA

15 de Março de 2012

Temporada 2012 Deixem-me encher esta página com os nossos artistas, que têm dado boa conta de si, e queremos crer que farão todos os possíveis para nos contentar este ano, com

a sua arte e o seu saber. Cavaleiros, Paulo Ferreira, Joe Correia (regressou o ano passado, depois de uma longa ausência), Sário Cabral, Bandarilheiro Mário

Paulo Ferreira, 10 actuações em 2011

Forcados Amadores de Turlock, 15 corridas, 43 toiros pegados em 2011

Joe Correia, 2 actuações em 2011

Teixeira. Forcados Amadores de Turlock, Amadores do Aposento de Turlock, Amadores de Merced. Outros se juntarão a eles para as praças se encherem

Quarto Tércio de festa brava. E os toiros? Queremo-los bravos, nobres e com bonita morfologia. E silêncio, que se vai tourear...

Sário Cabral, 5 actuações em 2011

Forcados Amadores do Aposento de Turlock, 13 corridas, 30 pegados toiros em 2011

Mário Teixeira, 15 actuações em 2011

Forcados Amadores de Merced, 9 corridas, 20 toiros pegados em 2011

José Ávila josebavila@gmail.com Durante estes ultimos quinze dias estivemos a pensar naquilo que gostaríamos de ver na nova temporada de 2012. Primeiro que tudo gostaríamos de ver seriedade em tudo que fazemos antes e durante as corridas. Seriedade nas contratações, seriedade e profissionalismo dos artistas que aceitam mostrar a sua arte a milhares de pessoas. Seriedade, competitividade, amizade nos nossos grupos de forcados que vão enfrentar toiros, sempre diferentes uns dos outros. Respeito por quem é escolhido para dirigir as corridas, respeito pelas suas decisões e respeito por aqueles que o ajudam. No respeitante aos nossos ganaderos, espero que ofereçam sempre aquilo que pensam ser o melhor, que respeitem a beleza do toiro. Quanto às nossas organizações, espero que, em vez de andarem a escolher toiros, de que nada percebem, façam justiça aos ganaderos e deixem eles escolher o que de melhor tem, para cada específico caso. Gostaríamos também de ver dada oportunidade aos ganaderos que menos correm toiros, para que possam mostrar os seus produtos. Se assim não for, a festa brava ficará sempre mais pobre. Gostaríamos de ver diferentes artistas vindos de fora. Com tanta escolha é incompreensível estarmos sempre a ver os mesmos. Aos nossos cavaleiros locais, pediria que continuassem a mostrar a seriedade de sempre, a mostrar o que aprenderam de novo, o saber estar numa arena, o respeitar o toiro e os aficionados. Não serem impacientes, não provocarem short-cuts que nada ajudam a festa. Aos aficionados e a todos aqueles que enchem as nossas praças, só pediria que respeitassem os artistas, que respeitassem o silêncio durantes as actuações. As suas movimentações, o seu barulho, podem causar muitos danos, algumas vezes mesmo a morte. Dez a quinze minutos de silêncio por cada actuação fariam uma grande diferença, até mesmo no comportamento dos artistas. Façam-no para bem de todos e da festa brava. Gostaríamos de mais uma vez avisar as nossas organizações para o perigo que é, em autorizarem tanta gente entre-barreiras, que nem pertencem à festa. Como todos devem saber, os seguros não pagam acidentes entre-barreiras, por isso qualquer problema que ocorra é da responsabilidade da organização festiva. Não queria estar aqui a assustar ninguém, mas a verdade tem de ser dita. É um grande perigo autorizarem a permanência de tantas pessoas entre-barreiras, que não estejam salvaguardadas por um burladero. Não gostaria nunca de ver alguém processar as nossas organizações em milhões de dólares por acidentes causados por esta nossa maneira de deixar entrar pessoas que não têm o direito de estarem naquele local de trabalho. Quem vos avisa, vosso amigo é. Outro problema que seria bom limar neste ano é o que diz respeito ao número excessivo de bilhetes emitidos, que contrariam todas as regras de segurança promovidas pelo Estado da California. Parece que já nos esquecemos dos problemas do passado na Praça de Gustine e mais recentemente em 2011 na Praça de Thornton. Só se devem emitir o número correcto de bilhetes, e quem fizer o contrário arrisca-se a ter problemas com as autoridades.


CULTURA

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Zeca Afonso Nasceu no dia 2 de Agosto de 1929, na Freguesia de Glória, em Aveiro. Viveu nesta localidade até aos três anos, numa casa do Largo das Cinco Bicas, com a tia Gé e o tio Xico. Com aquela idade foi levado para Angola, onde o pai havia sido colocado como delegado do Procurador da República, em 1930. A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano, que se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, as florestas e os grandes rios atravessados em jangadas escondiam-lhe a realidade colonial. Em 1937 regressa a Aveiro, mas parte no mesmo ano para Moçambique, onde se reencontra com os pais e os irmãos em Lourenço Marques. No ano seguinte, volta para Portugal, aonde foi viver em Belmonte, com o tio Filomeno, que ocupava o cargo de presidente da Câmara. Completa a instrução primária nesta localidade, e convive com o mais profundo

ambiente do Salazarismo, de que seu tio era fervoroso admirador, sendo obrigado a envergar o traje da Mocidade Portuguesa. Em 1939 os seus pais foram viver para Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, entre 1942 e 1945. Durante esse período, Zeca Afonso não teve notícias dos pais. Frequentou o Liceu Nacional D. João III e a Faculdade de Letras de Coimbra, e integrou-se no Orfeão Académico de Coimbra e na Tuna Académica da Universidade de Coimbra; já nesta altura, revelou-se como um intérprete especialmente dotado no Fado de Coimbra, tendo assimilado o ambiente de mudança que, naquela altura, se estava a começar a manifestar naquela localidade. Em 1948 completa o Curso Geral dos Liceus, após dois chumbos. Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, por oposição da família. Continua na vida associativa, fazendo viagens com o Orfeão

Académico de Coimbra e com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, ao mesmo tempo que integra a equipa de futebol da Académica. Em 1949 inscreve-se no curso de Ciências HistóricoFilosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Volta a Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeão Académico de Coimbra. Faleceu em 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às três horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Carreira profissional, artística e política Do início da carreira docente até à Década de 1960 Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel. Para sustentar a sua família, Zeca Afonso dá explicações e faz revisão de textos no Diário de Coimbra. Pela mesma altura grava o seu primeiro disco, Fados de Coimbra. Tem grandes dificuldades económicas, como refere em carta enviada aos pais em Moçambique. Ainda antes de terminar o curso, é lhe permitido leccionar no Ensino Técnico. Cumpriu, de 1953 a 1955, em Mafra e Coimbra, o Serviço Militar Obrigatório; pouco depois, começa a leccionar, passando, sucessivamente, por Mangualde, Alcobaça, Aljustrel, Lagos, e Faro. Iniciou as suas funções como professor em Lagos no dia 29 de Outubro de 1957, na Escola Comercial e Industrial Vitorino Damásio. Em 1956 é colocado em Aljustrel e divorcia-se de Maria Amália. Em 1958 envia os filhos para Moçambique, que ficam ao cuidado dos avós. Entre 1958 e 1959 é professor de Francês e de História, na Escola Comercial e Industrial de Alcobaça. Apesar das exigências da sua profissão, não esqueceu as suas ligações a Coimbra, onde gravou o seu primeiro disco, em 1958. Foi influenciado pelas correntes de mudança que se faziam sentir naquela localidade, e pelo convívio com figuras como António Portugal, Flávio Rodrigues da Silva, Manuel Alegre, Louzâ Henriques, e Adriano Correia de Oliveira, que marcou especialmente a sua obra Coimbrã. Do período de intervenção social até à expulsão do ensino Participa, frequentemente em festas populares e canta em colectividades, lançando, em 1960, o seu quarto disco, Balada do Outono. Em 1962 segue atentamente a crise académica de Lisboa, convive, em Faro, com Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa. Começa a namorar com Zélia, natural da Fuzeta, com quem virá a casar. Segue-se uma nova digressão em Angola, com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, no mesmo ano em que vê editado o álbum Coimbra Orfeon of Portugal. Nesse disco José Afonso rompe com o acompanhamento das guitarras de Coimbra, fazendo-se acompanhar, nas canções Minha Mãe e Balada Aleixo, pelas violas de José Niza e Durval Moreirinhas. Em 1963 termina a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, com uma tese sobre Jean-Paul

Sartre, intitulada Implicações substancialistas na filosofia sartriana. No mesmo ano são editados os primeiros temas de carácter vincadamente político, Os Vampiros e Menino do Bairro Negro — o primeiro contra a opressão do capitalismo, o segundo, inspirado na miséria do Bairro do Barredo, no Porto — integravam o disco Baladas de Coimbra, que viria a ser proibido pela Censura. Os Vampiros, juntamente com Trova do Vento que Passa (um poema de Manuel Alegre, musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira) viriam a tornar-se símbolos de resistência anti-Salazarista da época. Realiza digressões pela Suíça, Alemanha e Suécia, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de Oliveira, José Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo. Em Maio de 1964 José Afonso actua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção Grândola, Vila Morena. A música viria a ser a senha do Movimento das Forças Armadas no golpe de 25 de Abril de 1974, permanecendo como uma das músicas mais significativas do período revolucionário. Ainda naquele ano são lançados os álbuns Cantares de José Afonso e Baladas e Canções. Ainda em 1964, José Afonso estabelece-se em Lourenço Marques, com Zélia, reencontrando os filhos do anterior casamento. Entre 1965 e 1967 é professor no Liceu Pêro de Anaia, na cidade da Beira, e em Lourenço Marques. Colabora com um grupo de teatro local, musicando uma peça de Bertolt Brecht, A Excepção e a Regra. Manifesta-se contra o colonialismo, o que lhe causa problemas com a PIDE, a polícia política do Estado Novo. Em Moçambique nasce a sua filha Joana, em 1965. Residiu, entre 1964 e 1967, em Moçambique,acompanhado pelos dos filhos e pela sua companheira, Zélia, tendo ensinado na Beira, e em Lourenço Marques. Nesta altura, começa a sua carreira política, em defesa dos ideais de independência, o que lhe valeu a atenção dos agentes do governo colonial. Intervenção política até à Revolução de 25 de Abril Quando regressa a Portugal, em 1967, é colocado como professor em Setúbal; no entanto, fica a leccionar pouco tempo, pois acaba por ser expulso do ensino oficial, depois de um período de doença.Para sobreviver, começa a dar explicações. A partir desse ano, torna-se definitivamente um símbolo da resistência democrática. Mantém contactos com a Liga Unitária de Acção Revolucionária e o Partido Comunista Português — ainda que se mantenha independente de partidos — e é preso pela PIDE. Continua a cantar e participa no I Encontro da Chanson Portugaise de Combat, em Paris, em 1969. Grava

também Cantares do Andarilho, recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo Melhor Disco do Ano, e o prémio da Melhor Interpretação. Para que o seu nome não seja censurado, Zeca Afonso passa a ser tratado nos jornais pelo anagrama Esoj Osnofa. Em 1971 edita Cantigas do Maio, no qual surge Grândola, Vila Morena. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP Eu vou ser como a toupeira. Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum Venham mais Cinco. Ao mesmo tempo, começa a dedicarse ao canto, e apoia várias instituições populares, enquanto que continua a sua carreira política na Liga de Unidade e Acção Revolucionária. Entre abril e maio de 1973 esteve detido no Forte-prisão de Caxias pela PIDE/DGS. Período após a Revolução dos Cravos Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, acentua a sua defesa da liberdade, tendo realizado várias sessões de apoio a diversos movimentos, em Portugal e no estrangeiro; retoma, igualmente, a sua função de professor. Continuou a cantar, gravando o LP Coro dos Tribunais, ao mesmo tempo que se envolve em numerosas sessões do Canto Livre Perseguido, bem como nas campanhas de alfabetização do MFA. A sua intervenção política não pára, tornandose um admirador do período do PREC. Em 1976 declara o seu apoio à campanha presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho. Os seus últimos espectáculos terão lugar nos coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, numa fase avançada da sua doença. No final desse mesmo ano é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa a distinção. Em 1985, é editado o seu último álbum de originais, Galinhas do Mato, no qual, devido estado da doença, Zeca não consegue interpretar todas as músicas previstas. O álbum acaba por ser completado por José Mário Branco, Sérgio Godinho, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. Em 1986 apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo a Presidente da República. Prémios e homenagens Foi laureado pela Casa da Imprensa, como o melhor compositor e intérprete de música ligeira, nos anos de 1969, 1970 e 1971. Foi, igualmente, homenageado pela Câmara Municipal de Lagos, que colocou o seu nome numa rua da Freguesia de Santa Maria. Em 2007, foi homenageado na IX Grande Noite do Fado Académico, na Casa da Música (Porto), numa organização do Grupo de Fados do ISEP e da Associação de Estudantes do ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto). in wikipedia.com


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ARTES & LETRAS

15 de Março de 2012

Quando Nos Lembram O Lado De Lá até nós, sem nunca ela negar a sua provável busca interior, solitária e pessoalíssima antes de assumir abertamente a sua ligação genética e intelectual ao mundo luso transfronteiriço.

Vamberto Freitas Minha mãe disse, o seu cabelo ruivo/E os seus olhos verdes, cintilantes como o fogo:/São sempre ‘Os Portugueses’. Millicent Borges Accardi, Injuring Eternity

M

illicent Borges Accardi, uma poeta que desde há algum tempo passou a identificarse como “luso-americana”, acaba de publicar uma nova colectânea da sua obra, intitulada Injuring Eternity, o que já nos diria muito como poesia dos nossos dias, e ainda mais agora pelo facto de incluir alguns poemas identitários, por assim dizer, mesmo que em certos casos só vagamente reconhecidos como tal. Crescentemente reconhecida entre os seus pares norte-americanos, a sua aproximação à ancestralidade portuguesa pelo lado paterno (os seus avós e dois tios eram da Ilha Terceira) alia-se de modo contundente ao seu lado materno irlandês, como num desses poemas de chamamento às suas raízes étnicas lusas que abre com o verso de queixa e fascínio por parte da sua mãe, citado aqui em epígrafe, “Why not the Irish?”: It’s always ‘The Portuguese!’ -- Sempre ‘Os Portugueses!’ Por certo que a própria autora adverte algures que não deveremos assumir todas as narrativas em verso como sendo “autobiográficas”, mas estas dificilmente teriam nascido fora do círculo íntimo da sua herança múltipla cultural. Não se trata aqui, nestas minhas linhas, de celebrar essa “opção” de Borges Accardi, mas sim relembrar a todos que a nossa riqueza intelectual e criativa na América do Norte foi sempre muito subestimada por cá, raramente apreciada pelos nossos literatos fora de um grupo de académicos e leitores interessados na literatura cosmopolita da transnacionalidade, de que fomos, afinal, desde Camões a Pessoa, pioneiros no Ocidente. Até mesmo na modernidade literária dos Estados Unidos, José Rodrigues Miguéis, no seu isolamento quase absoluto de Manahattan durante algumas cinco décadas, anteciparia, na nossa língua e em várias volumes, quase todos os escritores de outras nacionalidades cujos temas se virariam decididamente (Salman Rushdie e todos os seus colegas, desde Londres e Toronto a Nova Iorque) para a experiência imigrante do século passado a nível mundial. Só que a nossa prolongada desatenção felizmente deu lugar actualmente ao aconchego total (nacional) entre os escritores lusodescendentes e o “seu” país da memória e de sangue. No caso de Borges Accardi não serão por enquanto três ou quatro poemas que a colocarão no já substancial cânone literário dos luso-descendentes de língua inglesa, mas sim o processo que a trouxe

Antes de mais, uma outra curiosidade de coincidências, ou de como os caminhos são-nos por vezes traçados sem nunca nos apercebermos das tramas do “destino”: Millicent Borges Accardi foi colega na faculdade do Long Beach City College (no sul da Califórnia) do poeta e romancista Frank X. Gaspar, onde ambos leccionavam língua inglesa e literatura, e tem em comum com a Katherine Vaz (autora do romance Saudade e dos contos Fado and Other Stories) ser de pai açor-americano e de mãe, como também já referi, irlandesa, optando as duas pela tradição lusa, tal como poderiam ter optado pela nada menos admirável tradição literária que tem, como se sabe, Joyce no centro da Modernidade artística, e incontáveis escritores da mesma descendência nos EUA. Borges Accardi aprofundou o seu regresso às origens portuguesas com a sua participação o ano passado num dos mais originais e consequentes encontros literários no nosso país (intitulado Disquiet, alusão directa a Fernando Pessoa e ao seu livro talvez

mais conhecido entre os luso-descendentes) que combina aulas de escrita criativa durante algumas semanas com sessões de leitura e convivência entre os convidados estrangeiros e os escritores residentes em Lisboa, tendo já um lugar assegurado os mais conhecidos autores luso-americanos. A poeta refere numa recente entrevista a Kathi Stafford no Portuguese-American Journal essa sua primeira visita ao nosso país como tendo sido um dos momentos mais reveladores da sua vida. “De certo modo, -- disse à sua entrevistadora -- foi um alívio ver o país dos meus antepassados; já o esperava há muito tempo, e por ter sido num encontro de escritores, sinto como se tivesse assistido a um curso intensivo sobre tudo que é português. Num só verão, conheci mais lusoamericanos que também são escritores do que em toda a minha vida! Vi a famosa estátua de Fernando Pessoa, saboreei vinho do Porto e vinho verde. Vi o cais, fui a um concerto de Fado à meia-noite numa pequena taberna. Foi uma experiência tremenda. Antes desta minha viagem tinha conhecido só um outro luso-americano para além da minha família. Agora, tenho em mim a experiência de me passear em

Lisboa e em Sintra”. De resto, volta a falar na mesma entrevista sobre a história da família desde a Terceira ao seu enraizamento na Califórnia (área de Los Angeles), dizendo que o pai, apesar de já ter nascido na América, só começou a falar inglês na escola. Por mais distante que Borges Accardi se tenha mantido das nossas comunidades ali bem perto e do país ancestral, a sua história tem tudo em comum com a grande maioria do nosso povo no processo de se reinventar num mundo de início estranho e em tudo avassalador. O regresso a casa das segundas e terceiras gerações de luso-americanos, principalmente os que se formaram a nível superior e passaram a cultivar para si um espaço de grande criatividade na cultura literária do seu país natal, aconteceu e intensificou-se só nos anos mais recentes, enriquecendo-nos mutuamente, e sobretudo trazendo os mosaicos que nos faltavam na nossa própria história sociocultural e literária. Injuring Eternity Está dividido em três secções, “Morning”, “Noon” e “Evening”, cada uma delas referenciando a vida ao pé da porta ou viajando pelas mais longínquas geografias humanas e pela história trágica de tempos mais remotos ou recentes, através de vozes e “narradoras” confessionais que se desdobram quase heteronimicamente, Pessoa permanecendo sempre a referência primeira dos escritores luso-descendentes. Entre o formalismo de alguns poemas e a livre prosa-poética de outros, a linguagem de Borges Accardi é de uma imagística claríssima e vigorosa, de um realismo quase cru na descrição de memórias e de situações dos seus protagonistas nos seus momentos apanhados para sempre pelo verbo, que tudo torna eterno, mesmo que longe da nossa vista ou do nosso conhecimento. É a história-outra, sempre de tempos que se confundem entre passado e presente, das geografias que habitamos e das que nos habitam invisivelmente. Na voz da poeta reconhecemo-nos num todo ou reconhecemo-nos fragmentados em bocados de vida vivida, em passados imaginários, em identidades em constante fluidez e reajustamento em mundos cada vez mais frios, ironicamente cada vez mais desenraizados e indiferentes à sorte “do coração humano em conflicto consigo próprio”, como poetizou por outras formas William Faulkner na sua própria busca de sentido e paz. De um conjunto de poemas que formam uma só narrativa é feito esta bela e inteligente “afronta à eternidade”. Mais do que falar da poesia de Injuring Eternity, quis aqui assinalar o processo deste outro regresso à nossa comum por parte de Millicent Borges Accardi, e o seu tardio conhecimento tanto dos seus colegas luso-americanos como do nosso país. Devo ainda adicionar que numa antologia de poesia luso-americana organizada por George Monteiro e Alice R. Clemente a ser publicada pela Gávea-Brown (Brown University), Borges Accardi estará representada com alguns destes poemas retirados do livro aqui em foco, assim como

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net A literatura luso-americana está em franco crescimento. Um pouco por todo o país aparecem vozes de origem portuguesa, que embora (e ainda bem) completamente integradas no mundo luso-americano têm profundas marcas portuguesas, em muitos casos, açorianas. E ainda bem que o nosso amigo e critico literário Vamberto Freitas tem-se dedicado a este tema e a estas vezes. Hoje, temos mais um magnífico texto do Vamberto, com enfase no livro de poesia de Millicent Borges Accardi, que acabei de comprar e ler. Como se entende no texto de Vamberto Freitas, há na poesia de Millicent Borges Accardi, uma simbiose entre o mundo dos seus antepassados e a modernidade americana, ou como a poeta Sheila Murphy escreve na capa, o livro: "enfrenta múltiplas crises espirituais, desde individuais a societais. A autora capta cada transgressão, entrando, desafrontadamente, o cerne de cada experiencia, onde a dor é alimentada para iniciar o processo eventual de sarar as feridas." É, indubitavelmente, um belo livro de poesia este Injuring Eternity. É que como escreve Vamberto Freitas: Na voz da poeta reconhecemo-nos num todo ou reconhecemo-nos fragmentados em bocados de vida vivida, em passados imaginários, em identidades em constante fluidez e reajustamento em mundos cada vez mais frios, ironicamente cada vez mais desenraizados e indiferentes à sorte “do coração humano em conflicto consigo próprio”, como poetizou por outras formas William Faulkner na sua própria busca de sentido e paz. De um conjunto de poemas que formam uma só narrativa é feito esta bela e inteligente “afronta à eternidade”. Acrescente-se que este é apenas o primeiro de vários trabalhos que a Maré Cheia publicará, quase todos com assinatura de Vamberto Freitas, sobre esta nova onde de vozes luso-americanas. abraços diniz

do seu primeiro livro, Woman on a Shaky Bridge. O reconhecimento da poeta, pois, vem já de um espaço bem mais amplo para o nosso ainda em formação numa Diáspora renovada e de todo (se isso traz alguma satisfação a alguns) inteiramente moderna. A autora tem sido premiada de várias formas por instituições tão prestigiadas como a National Endowment for the Arts e a California Arts Council. Millicent Borges Accardi, Injuring Eternity, Mischievous Muse Press/World Nouveau Company, 2010. A tradução da epígrafe e do passo da entrevista é da minha responsabilidade.


COMUNIDADE

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Jantar de Caranguejo em M. View

Realizou-se um jantar de caranguejo com muito sucesso no salão da IFES de Sterling Road em Mountain View, com a presença de centenas de pessoas. Fotos de Mário Ribeiro

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ENGLISH SECTION

15 de Marรงo de 2012


ENGLISH SECTION

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COLABORAÇÃO

California Chronicles

Ferreira Moreno

S

t. Joseph's Church in Oakland was built in 1892. Its first pastor was Father Manuel Francisco Fernandes, a native of Pico Island, Azores. Fernandes had been commissioned by Archbishop Riordan to bring the church building project to completion, after Father John Tavares (a native of Sao Miguel Island, Azores) became ill and died while working on the site to erect a church structure. Following Fernandes' death in 1896, the religious services at the Portuguese parish church were rendered, successively, by Fathers Guilherme da Gloria, Alexander de Campos and Dario Raposo. In 1902, the Salesian Fathers took over and remained there until 1965, when the church was closed and integrated with that of St.

Andrew's in Oakland. St. Andrew's parish church, founded in 1907 and served by diocesan clergy, took the combined name of St. Andrew's-St. Joseph's Church in 1965, and Father Edgar Rocha became its new pastor. Rocha, a native of Brazil and a Salesian priest, was the former pastor of St. Joseph's (1962-65), and previously of Mary Help of Christians (1950-62). Rocha remained at St. Andrew'sSt. Joseph's until 1968, when he resigned and returned to his native Brazil, where he died in 1973. Rocha was then replaced by Father John Maxwell, also a Salesian. Maxwell stayed in Oakland until his transfer to St. John the Baptist Church in El Cerrito tn 1994. He died there in 2010. Maxwell was succeeded

15 de Março de 2012

The Salesians and the Portuguese at the Oakland parish by Father Larry Silva, a diocesan priest and a Portuguese descendant born in Hawaii. Silva became Bishop of Honolulu, Hawaii, in 2005. From 1962 to 1983 the Salesian Fathers were in charge of St. Mark's Church in Richmond. The parish church was founded in 1912. The Salesians still operate the Salesian High School in Richmond. The Salesian Society was founded in Italy by St. John Bosco, born in 1815 and ordained a priest in 1841. He died in 1888. To his religious congregation, Bosco named St. Francis de Sales (15671622) as patron and model, thence the appellation for Salesians. From its inception, the Society of St. Francis de Sales, or simply Salesian Society, was devoted to

the education of youth, particularly poor and abandoned youngsters. The Salesians built numerous schools and workshops, as well as colleges for middle-class boys. The Salesians distinguished themselves also as missionaries, first in Argentina (1875), and then in various other countries. In Portugal, the initial attempts for the establishment of the Salesians there date back to 1884, but it was a decade later that the Salesians officially arrived on Portuguese continental territory. The reason why I wrote "Portuguese continental territory" was simply to signify that the Salesians were also invited by the Bishops from Brazil and Portuguese overseas provinces (Afri-

ca) to minister in their dioceses. In the Azores Islands, for instance, the Salesians arrived at the beginning of the 20th century, starting at Angra on Terceira Island, where they took charge, albeit for a short period of time, of the Joao Batista Machado Orphanage. As for Madeira Island, the Salesians settled there in 1950, where they still administer a school in the city of Funchal. Before closing, I would like to add that Mary Help of Christians Church in Oakland was served by the Salesian Fathers from its foundation in 1915 until the franciscan Fathers took over in the middle 1960's. Since 2006, Mary Help is served by diocesan clergy.

Mini-Mercado na UPSES de San Diego

A United Portuguese SES de San Diego teve a brilhante ideia de usar uma das suas dependências para albergar um mini-mercado com produtos unicamente portugueses. Numa área com tanta gente açoriana fazia falta este tipo de mercado, para satisfazer as necessidades dos maiss saudosos dos nossos produtos, tais como vinhos, sardinhas , atum, cerveja, farinhas, barros, bolachas, azeite, água mineral. Idalmiro Rosa e Goretti Silva mantêm o mercado sempre recheado de bons produtos. O unico produto luso-americano são as batadas doces do A. V. Thomas Produce, de Manuel Eduardo Vieira. Doces como estas nem vindas da Silveira do Pico.

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COMUNIDADE

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Exposição sobre Baleação

Realizou-se em San Diego, Turlock e San José uma Exposição sobre Baleação trazida pelo Museu da Baleia de New Bedford. O seu Presidente, James Russel, historiou a baleação oriunda dos Estados Unidos, referindo-se à grande participação de açorianos e caboverdianos nesta imensa aventura começada a meados de 1600.

Estes quatro picoenses na foto, residentes em San Diego foram baleeiros nos seus tempos de juventude - Cristiano da Rosa (começou aos 14 anos, baleou durante 12 anos nas Armações Baleeiras Reunidas de São Roque, e é natural de São Roque do Pico), Joe de Melo (hoje com 90 anos, baleou dos 14 aos 29 anos, na Companhia dos Judeus das Lajes do Pico, donde era natural), Osvaldo Madruga (natural de Santa Cruz das Ribeiras, baleou durante 7 anos na Companhia Americana de Santa Cruz das Ribeiras, começou com 14 anos), João Medina (nascido em Santa Cruz das

James Russel, Presidente do Museu da Baleia de New Bedford, falando sobre o Museu e sobre a Baleação numa das Bibliotecas de San Diego em Point Lomas, na presença de quatro baleeiros açorianos.

Ribeiras, baleou durante 11 anos na Companhia União Ribeirense).

Um pouco de história Os Açores tinham-se transformado num frequente porto de escala desde os finais de 1500 e ventos e correntes predominantes fizeram logicamente destas ilhas um porto para os navios americanos. Em 1768, navios dos Estados Unidos pescavam com êxito em territórios de caça aos cachalotes perto dos Açores. Os navios visitavam os portos açorianos em busca de

alimentos e água e para fazer reparações. Muitos insulares juntavam-se à tripulações dos navios e viajavam pelo mundo inteiro para territórios de caça à baleia, subindo de posto na hierarquia dos navios.Entretanto, a actividade baleeira açorian baseada em terra desenvolveu-se, tornado-se uma industria importante para a economia das ilhas. As primeiras estruturas relacionadas com esta actividade nos Açores foram estações de baleação costeira, fundadas por volta de 1860, por baleeiros que estavam familiarizados com as técnicas da baleação americana. A actividade baleeira

perto da costa em breve se espalhou por todo o arquipélago, convertendo-se numa industria característica das ilhas e grandemente influenciada pelos métodos americanos. Os vigias mantinham-se alerta, chamando com um foguete, com panos, com fumos (mais tarde, por rádio) os baleeiros que se dirigiam para as casas dos botes, arrastavam os barcos para a água e iniciavam a caçada. Uma vez capturadas, as baleias eram trazidas para para uma das fábricas para serem transformadas. A baleação acabou nos Açores em 1980.

Aspecto da exposição realizada na Biblioteca da California State University, Stanislaus em Turlock. Embaixo: James Russel e Elmano Costa

Elmano Costa apresentando o Presidente do Museu da Baleia de New Bedford, James Russel


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ULTIMA Pร GINA

15 de Marรงo de 2012


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