DESENVOLVIMENTO REGIONAL
A EntoGreen tem em curso um investimento de 10,7 milhões de euros em Santarém, para instalação de uma bioindústria que vai usar moscas soldado-negro para transformação de desperdícios vegetais em proteína para alimentação animal e fertilizantes.
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aniel Murta, presidente executivo da Ingredient Odyssey, dona da marca EntoGreen, disse à Lusa que o investimento, já em curso num edifício alugado na zona industrial de Santarém, vai criar 66 postos de trabalho e inclui uma unidade de investigação e
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RIBATEJO
desenvolvimento. A bioindústria utilizará a mosca soldado-negro para converter, anualmente, 36.000 toneladas de subprodutos vegetais em 2.500 toneladas de proteína e 500 toneladas de óleo de inseto, para a alimentação animal, e 7.000 toneladas de fertilizante orgânico, para os solos. Daniel Murta salientou que os insetos são uma “ferramenta” existente na natureza que “consegue transformar coisas que não têm valor e trazê-las de volta à vida”. “Basicamente, usamos estes insetos como uma ferramenta para utilizar subprodutos vegetais que não entram na cadeia de valor por causa das exigências dos consumidores e que têm toda a qualidade nutricional e de segurança alimentar assegurados”, disse. Há uma década a trabalhar no projeto, Daniel Murta afirmou que o investimento que vai permitir criar uma unidade industrial “em larga escala” em Portugal resulta de uma história de “resiliência”, que recebeu um impulso determinante com o acolhimento, em 2014, da Ento-
MAIO 2021
Green na Estação Zootécnica Nacional, polo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) situado no Vale de Santarém, no âmbito do qual surgiu o contacto com o seu atual sócio, Rui Nunes. Daí nasceu o consórcio que fez a ligação a montante e a jusante, ao agregar a Agromais Plus, a Consulai e as Rações Zêzere, empresas cujo apoio Daniel Murta considera ter sido “chave” para o processo. Com um financiamento de 750.000 euros do Portugal 2020, foi possível fazer a “prova de conceito, ou seja, passar de algumas caixas com alguns insetos a consumir alguns vegetais para chegar à capacidade de converter 30 toneladas de uma vez de subprodutos vegetais diversos”. “Ao longo 2016 até 2019 criámos todas as condições para termos o ‘know how’ e dominarmos a tecnologia para darmos um passo muito grande: passar de uma capacidade de 30 toneladas num dia, só numa vez num mês, para passarmos a
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