Diário de Viagem da Turnê Europa 2018

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Diário de viagem da Turnê Europa 2018

Suíça - Itália - França


Conteúdo 05/09 Quarta-feira Turim – Itália

06/09 Quinta-feira Milão – Itália

07/09 Sexta-feira Chegada na Suíça

08/09 Sábado Montreux – Suíça

09/09 Domingo Genebra – Suíça

11/09 Terça-feira Bolonha – Itália

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12/09 Quarta-feira Verona – Itália

13/09 Quinta-feira Merano – Itália

14/09 Sexta-feira Verona – Itália

15/09 Sábado 16/09 Domingo Paris – França

17/09 Segunda-feira Paris – França

Repercussão da Turnê na Imprensa

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05/09 Quarta-feira TURIM – ITÁLIA

O primeiro dia da Juvenil da Bahia na turnê foi de ensaio no Teatro Regio, palco do concerto de estreia


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noite da quarta (5) foi gloriosa para a nossa Orquestra Juvenil da Bahia! No primeiro concerto da Turnê Europa 2018, sob a regência do maestro Ricardo Castro, o grupo abrilhantou ainda mais a programação do Festival Internazionale dela Musica Torino Milano – MITO Settembre Musica. A plateia italiana que lotou o Teatro Regio se rendeu ao talento dos nossos jovens músicos que, na saída, foram cumprimentados por várias pessoas. Stefano Catucci, filósofo italiano e professor de Estética na Universidade de Roma, fez uma breve introdução antes do concerto. Com a Orquestra no palco, ele contextualizou a presença do grupo no festival referindo-se a um panorama formado por nomes ilustres como José Antonio Abreu, Giuseppe Sinopoli, Claudio Abbado e a Royal Philharmonic Orchestra. O tema do concerto, Alma e Corpo, também foi relacionado ao repertório que, na primeira parte apresentou, nas palavras de Catucci, “o mais romântico dos concertos”, o para piano e Orquestra, Op. 54, de Robert Schumann,



Orquestra Juvenil da Bahia no palco do Teatro Regio na estreia na turnĂŞ


com a grande pianista Martha Argerich em uma interpretação vibrante e surpreendente, bastante diferente das gravações que ela já fez desta mesma peça. A plateia exigiu bis, e Argerich tocou a transcrição de Liszt para solo de piano da belíssima canção Widmung, um presente apaixonado de Schumann a sua então noiva Clara.

A pianista Martha Argerich foi a solista no concerto de Liszt


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Após o intervalo, foi a vez de a Orquetra Juvenil da Bahia apresentar toda uma segunda parte de composições de grande rítmica, iniciando com uma homenagem aos 100 anos de nascimento de Leonard Bernstein. Na sequência, estreou para os italianos presentes Sonhos Percutidos, do compositor baiano Wellington Gomes. Para finalizar, Abertura Cubana, de Gershwin e – como homenagem ao “El Sistema”, modelo venezuelano que inspirou a criação do programa NEOJIBA – Danzón nº 2, de Marquez, esta com a Orquestra tocando sem regência. Com intensos aplausos, o público pediu bis, e foi prontamente agraciado com a execução das brasileiríssimas Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e Tico Tico no Fubá (também sem regente), de Zequinha de Abreu, ambas em belos arranjos do nosso músico Jamberê.


06/09 Quinta-feira MILÃO – ITÁLIA

Ricardo Castro teve que subistituir Martha Agerich no concerto de Schumann


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imprensa italiana repercutiu a fantástica performance da nossa Orquestra Juvenil da Bahia em Milão, na quinta-feira (06), na noite do segundo concerto da Turnê Europa 2018. De saída, algo totalmente imprevisto aconteceu: a grande Martha Argerich sofreu um pequeno acidente e não pôde tocar o concerto de Schumann em Lá menor para piano e Orquestra. Assim, precisou ser substituída de última hora. O que poderia ter sido um grande problema, foi uma inesquecível aula de superação e excelência, afinal estamos falando da principal formação Orquestral do programa NEOJIBA e de seu admirável maestro e pianista Ricardo Castro. O concerto transcorreu maravilhosamente, com Ricardo assumindo o piano no lugar da grande solista convidada, e os nossos jovens músicos tocando sem regência. Não à toa, o maestro retornou 6 vezes ao palco para receber os aplausos da plateia. O concerto ainda contou com a abertura de West Side Story, de Leonard Bernstein, Sonhos Percu­ tidos, do baiano Wellington Gomes, composição



A Juvenil da Bahia deu uma aula de superação e excelência com a apresentação sem regência do concerto de Schumann


tocada na Itália pela segunda vez (a primeira foi no concerto de anteontem em Turim), e Danzon n. 2, de Arturo Marquez. Como não poderia deixar de ser, o bis foi com Tico-Tico no Fubá, de Zequinha


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de Abreu, um dos sambas brasileiros mais famosos do mundo. A nossa Orquestra não apenas tocou, mas também dançou e saiu do palco, obviamente, ovacionada!

Orquestra Juvenil da Bahia no palco da Sala Verdi Conservatory


07/09 Sexta-feira CHEGADA NA SUÍÇA

Os jovens músicos se encantaram com a paisagem em Brigue, Suíça


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pós o enorme sucesso em Milão, a Orquestra Juvenil da Bahia pegou estrada para a Suíça, 328 km para Leysin. Os jovens músicos ficaram encantados, na parada de 40 minutos em Brigue, com a belíssima paisagem de montanhas. Leysin é uma conhecida vila alpina em função do turismo e da estação de esqui, distante 40 km de Montreux. Após o almoço no hotel em Leysin, a Orquestra seguiu para Montreux para um ensaio no Auditório Stravinsky, palco dos mais importantes eventos dos festivais de jazz e música clássica da cidade, no  qual  a  Orquestra  Juvenil  da  Bahia  já se apresentou diversas vezes, como Orquestra residente  dos  festivais  de  2014  e  de  2016. Inicialmente, Eduardo Salazar ensaiou a Suite Estancia, de Ginastera, e Sensemayá, de Revueltas, e logo após a Orquestra se reen-controu com o pianista Ronaldo Rolim, solista do concerto de Schumann em Montreux, para o ensaio sob regência de Ricardo Castro. Para inalizar o ensaio, Ricardo regeu a Abertura Festiva, de Guarnieri, e a Abertura Genoveva, de Schumann.


Após o ensaio, os músicos subiram de volta para Leysin, para a experiência de dormir em um clima alpino (1260 m de altitude).


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A paisagem de montanhas foi o destaque da parada na viagem entre MilĂŁo e Leysin


08/09 Sábado MONTREUX – SUÍÇA

Tobias Richter visitou o ensaio e expressou alegria em receber a Orquestra em seu última ano como diretor do festival


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Orquestra Juvenil da Bahia repetiu no sábado (08) a formidável performance no Auditório Stravinsky, em Montreux! Por esse palco, já passaram as maiores estrelas da música, seja de jazz, de música de concerto ou de outros estilos. Pela tarde, ensaio com Ronaldo Rolim, jovem pianista brasileiro em ascensão internacional que tocou o Concerto para Piano, de Schumann. Ele já se apresentou com a Orquestra Juvenil, em Salvador, neste ano. Tobias Richter, diretor do Festival de Música Clássica Montreux Vevey desde 2004, se dirigiu à Orquestra e expressou sua alegria em tê-la na programação em seu último ano como diretor do festival. Ainda nas palavras dele, a Juvenil da Bahia já está no coração do Festival e da cidade. O concerto foi gravado pela Rádio Suíça, e, nele, a Orquestra tocou pela primeira vez nesta turnê peças como a complexa e profunda Abertura Genoveva, de Schumann; Abertura Festiva, de Camargo Guarnieri; Sensemayá, de Revueltas; e Suite Estancia, de Ginastera.



Orquestra Juvenil da Bahia no palco do Auditรณrio Stravinsky, em Montreux


Ronaldo Rolim foi muito aplaudido e deu um bis, um dos Sonetos de Petrarca, de Liszt. Depois do intervalo, Ricardo Castro se dirigiu à grande plateia e explicou um pouco da causa do programa NEOJIBA, enfatizando que todos os músicos da Orquestra são também multiplicadores. Agradeceu aos doadores de instrumentos que sempre presenteiam a Orquestra quando esta se apresenta em Montreux. Simbolicamente


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a Juvenil da Bahia recebeu um violino feito à mão na Alemanha, em 1956, de uma ouvinte entusiasta presente ao concerto. Após a última peça do Programa, Danzón nº2, de Marquez, tocada sem regência, a Orquestra foi aplaudida de pé e agradeceu com a emblemática interpretação de TicoTico no Fubá, de Zequinha de Abreu.

O pianista Ronaldo Rolim foi o solista no concerto de Schumann


09/09 Domingo GENEBRA – SUÍÇA

Músicos da Juvenil tocaram com orquestras lideradas por Rada Hadjikostova-Schleuter e Tomas Hernandez


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m grupo de 30 músicos da Orquestra Juvenil da Bahia foi para Genebra na manhã do domingo (09). Ao chegar à cidade, dedicou uma hora de ensaio para um concerto em conjunto com uma Orquestra infantil e outra juvenil de Genebra, um trabalho liderado por Rada Hadjikostova-Schleuter e Tomas Hernandez, respectivamente. O concerto aconteceu às 11h (horário local) no Victoria Hall, belíssima sala de concerto e com acústica perfeita, e contou com a regência de Eduardo Salazar e Tomas Hernandez. Às 15h, o restante da Orquestra chegou para o ensaio do concerto das 18h. Tanto o concerto matutino quanto o noturno foram organizados pela Associação Suíça de Amigos do NEOJIBA (ASANBA). A apresentação se iniciou com o concerto de Schumann, com Ricardo Castro ao piano, e sem regente, com grande sucesso. Enquanto o palco era mudado para a apresentação da Sinfonia de Novo Mundo, de Dvo ák, Ricardo se dirigiu à plateia, agradecendo à ASANBA,



Orquestra Juvenil da Bahia no palco do Victoria Hall, em Genebra


explicando sobre a causa do programa NEOJIBA e falando da alegria de levar os seus jovens músicos àquele palco de excelência em uma cidade na qual ele foi estudante por 3 anos. Logo após, Eduardo Salazar assumiu a regência para uma apresentação de alta voltagem da Sinfonia de Dvo ák, o que foi respondido pelo público genebrino com uma standing ovation, seguida do bis com Tico-Tico no Fubá. Na plateia, muitos amigos do programa, como Michel Bellavance (flautista), Gerard Metrailer (trompetista), Laurent Gay (maestro), Philippe Dinkel (diretor da Escola Superior de Música de Genebra), Chiara Banchini (violinista referência mundial em música barroca), Luiza Flores (maestrina), Rainer Held (maestro), muitos estudantes e ex-estudantes da Escola Superior de Música de Genebra que já passaram 1 mês de estágio em Salvador, colaborando nos nossos núcleos.


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Salazar foi o regente na Sinfonia do Novo Mundo


11/09 Terça-feira BOLONHA – ITÁLIA

A Orquestra se reencontrou com Martha Argerich em Bolonha


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a última terça-feira (11), já em Bolonha, os nossos jovens músicos ensaiaram para o concerto no Teatro Manzoni, uma belíssima sala de 1.236 lugares no centro histórico da cidade. No ensaio, após o maestro Ricardo Castro trabalhar trechos da Abertura Mestres Cantores de Nuremberg, de Wagner, e da Sinfonia Novo Mundo, de Dvo ák, a Juvenil da Bahia se reencontrou com Martha Argerich, para o ensaio do Concerto para Piano e Orquestra Op. 54, de Schumann. Com todos os ingressos esgotados, o aguardado concerto da Juvenil da Bahia integrou o Bologna Festival 2018, no qual também estavam importantes nomes como Daniil Trifonov, Gil Shaham, o Quarteto Arditti, Leif Ove Andsnes e Ton Koopman. A apresentação da primeira peça do programa, a Abertura Genoveva, de Schumann, já provocou aplausos intensos da plateia! Com a performance do Concerto para Piano, do mesmo autor, tendo como solista a grande Martha Argerich, as palmas ficaram ainda mais fortes, levando a pianista a conceder um bis, a transcrição de Liszt para a canção Widmung, de Schumann.



Orquestra Juvenil da Bahia no palco do Teatro Manzoni, em Bolonha


Após o intervalo, foi a vez de a nossa Orquestra encarar a performance da Sinfonia do Novo Mundo, de Dvo ák, sob a regência do maestro Ricardo Castro. Ao final, além de aplausos, muitos gritos de bravo! Na terceira volta ao palco para receber a aclamação da plateia, o maestro Ricardo Castro se referiu ao programa NEOJIBA e a sua causa: a formação de jovens multiplicadores. Como referência ao El Sistema, modelo


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didático-musical venezuelano que inspirou a criação dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBA), o grupo tocou, sem regência, Danzón nº 2, de Arturo Marquez, o que resultou em uma standing ovation. No segundo bis da noite, o destaque foi o tradicional Tico-Tico no Fubá, em arranjo sinfônico do nosso músico Jamberê! Foi a consagração de uma noite memorável!

Os aplausos intensos e o entusiasmo da imprensa e da crítica especializada foram marcas da Turnê Europa 2018


12/09 Quarta-feira VERONA – ITÁLIA

A Juvenil da Bahia em ensaio no Teatro Filarmonico, em Verona


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o dia seguinte ao concerto em Bolonha, na quarta-feira (12), a Orquestra Juvenil teve a manhã livre, mas às 17h, já estavam no Teatro Filarmonico para o ensaio da apresentação a noite. Começaram por Gershwin e Ginastera sob regência de Eduardo Salazar, continuando – em seguida sob a liderança de Ricardo Castro – com a parte Orquestral do Concerto nº1 de Liszt, Wagner e o Concerto de Schumann, com Martha Argerich. O Teatro Filarmonico de Verona é uma das mais importantes casas de ópera da Europa, com uma história que remonta a 1732. O concerto da Orquestra Juvenil da Bahia, mais uma vez com ingressos esgotados, aconteceu dentro do Il Settembre dell’Accademia – Festival Internazionale di Musica 2018, festival que também inclui Orquestras e artistas como Staatskapelle Dresden, sob regência de Alan Gilbert, Orquestra Filarmonica Della Scala de Milão, sob regência de Myung-Whun Chung, Philharmonia Orchestra de Londres sob regência de Esa-Pekka Salonen, entre outros.



O Teatro Filarmonico de Verona é uma importante casa de ópera, com uma história que remonta a 1732


A primeira peça do programa foi a abertura da ópera Os Mestres Cantores de Nuremberg, de Wagner, e esta foi a primeira apresentação desta peça na turnê. Em seguida, a Orquestra executou o concerto de Schumann, com solo de Martha Argerich, que foi longamente aplaudida. Na hora do bis, uma surpresa: Argerich toca, juntamente com Ricardo Castro, Le jardin féerique, a última peça de Ma mère l’Oye, de Ravel, na versão original para piano a 4 mãos.


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Com uma primeira parte em homenagem à tradição europeia, a segunda parte foi dedicada à música das Américas e às nossas tradições. Ao todo, 5 peças, de 2 compositores americanos, 1 mexicano, 1 argentino e 1 baiano foram apresentadas, e a plateia exigiu 2 bis, Aquarela do Brasil e Tico Tico no Fubá. À saída do teatro, pôde-se perceber que uma boa parte de um público de idade predominantemente madura estava comovido às lágrimas.

A segunda parte do concerto foi dedicada ao repertório das Américas


13/09 Quinta-feira MERANO – ITÁLIA

Musicistas da Orquestra durante manhã livre em Merano


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o dia 13, a Orquestra Juvenil da Bahia teve a manhã livre e, depois do almoço, se dirigiu à cidade de Merano, no nordeste da Itália, próxima à fronteira com a Áustria. É uma cidade na qual se fala italiano e alemão, com forte atividade turística, e na qual a Orquestra já se apresentou em 2014. O ensaio aconteceu das 18h às 19h30, na Kursaal, sala com capacidade para 1.060 espectadores. A Kursaal integra a Kurhaus, um elegante edifício símbolo da cidade, construído quando a cidade passou a receber constantes visitas da nobreza austríaca do século XIX. Após o ensaio de trechos da abertura de Wagner e de peças de Gershwin e Guarnieri, Martha Argerich chegou para o ensaio do Concerto nº1 de Liszt, a única apresentação desta peça na turnê. Depois do ensaio, a Orquestra lanchou, e, às 20h30 pontualmente, o concerto se iniciou com os ingressos esgotados. A Orquestra iniciou a apresentação com a abertura dos Mestres Cantores de Nuremberg de Wagner, com calorosos aplausos, seguido do concerto de Liszt. Como sempre, a extraordinária performance



Orquestra Juvenil da Bahia no palco da Kursaal, em Merano


de Martha Argerich deixou o público entusiasmado, com várias voltas ao palco da pianista para agradecimentos, por fim concedendo como bis a delicada De Terras e Terras Distantes, primeira peça das Cenas Infantis, op. 15 de Schumann. O concerto de Liszt tem a particularidade de apresentar um dos primeiros solos de triângulo do repertório, e Martha Argerich fez questão de ter o nosso David Martins, percussionista encarregado deste solo, sentado bem perto dela, como também de chamá-lo à frente para receber aplausos junto com ela e Ricardo Castro. Na segunda parte, a Orquestra apresentou o programa das Américas, com Bernstein, Gershwin, Guarnieri, Revueltas e Marquez, sendo que, antes da primeira peça, Ricardo Castro se dirigiu à plateia apresentando um pouco do Programa NEOJIBA e da sua causa, contando que a Orquestra Juvenil da Bahia atual é, em grande parte, formada por alunos da Orquestra Juvenil que se apresentou naquela mesma sala em 2014, o que prova que a multiplicação funciona. Calorosos aplausos fizeram a Orquestra


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tocar 2 peças de bis. Ao final, muitas pessoas da plateia se aproximaram do palco para agradecer e cumprimentar os músicos.

Martha Argerich foi a solista no Concerto nÂş1 de Liszt


14/09 Sexta-feira VERONA – ITÁLIA

O último dia na Itália foi com um ensaio do Teatro Filarmonico


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dia 14 foi para check out do hotel em Verona e um ensaio de 3 horas no Teatro Filarmonico, o mesmo no qual a Orquestra havia se apresentado no dia 12. O ensaio transcorreu normal, tendo iniciado com uma fala de Ricardo Castro, enfatizando que a expectativa para o concerto em Paris era a mais alta possível, o privilégio de a Orquestra estar ensaiando em um dos principais palcos da Europa e de entrar em Paris pela principal sala de concertos da cidade. No final do ensaio, Ricardo deixou a palavra aberta para todos que quisessem apontar melhorias nas peças que a Orquestra tem tocado sem regência, e muitos músicos apontaram sugestões. A última meia hora do tempo de ensaio no palco do Teatro Filarmonico de Verona foi dedicada a uma conversa de Ricardo com a Orquestra sobre o propósito de uma turnê como esta que os músicos estão vivenciando. Uma turnê de uma Orquestra juvenil brasileira e baiana que, de maneira totalmente extraordinária, se apresenta nos mais conceituados palcos europeus, com uma das mais importantes


pianistas da história, integrando a programação dos festivais mais prestigiados, com 90% do concertos com ingressos esgotados, e 100% de aclamação das plateias. Ricardo explicou que o propósito é: 1) mostrar aos músicos as belezas que o ser humano é capaz de criar e manter, exemplificando com o belíssimo teatro no qual a Orquestra estava naquela hora, 2) mostrar aos músicos que eles também são capazes de criar a harmonia no seu âmbito de ação e 3) mostrar aos músicos que eles podem


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individualmente ser exemplos positivos, assim como o Programa NEOJIBA o é. Ricardo também se referiu ao artigo de sua autoria publicado na Revista Concerto do mês, perguntando aos músicos se algum deles tinha visto alguma favela nas diversas cidades visitadas, tema de uma das reflexões apresentadas no artigo. Logo após o ensaio/conversa, a Orquestra viajou, em 4 ônibus, de volta a Turim, para, no dia 15, ir de lá para Paris de Trem de Grande Velocidade (TGV).

Durante o ensaio, o maestro Ricardo Castro conversou com os jovens músicos


15/09 Sábado 16/09 Domingo PARIS – FRANÇA

Orquestra e equipe em frente ao Museu do Louvre, em Paris


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sábado (15) foi dedicado à viagem da Orquestra de trem de Turim para Paris, uma viagem de 6 horas e meia, em 2 grupos, um saindo de Turim pela manhã e o outro pela tarde. O domingo em Paris foi especial. Um dia ensolarado, com trânsito de carros particulares proibido entre 11h e 18h, ideal para o tour que a Orquestra fez, com a tradicional foto do grupo na Torre Eiffel, um passeio de barco (Bateaux Mouches) pelo rio Sena, uma passada pela Champs Elysées, almoço na Rue de Rivoli − ao lado do Jardim das Tulherias –, outra tradicional foto do grupo em frente ao Museu do Louvre e visita à Notre Dame de Paris por 2 horas, e volta para o jantar, passando pelo Centro George Pompidou (Beaubourg). Foi um passeio excepcional no qual os jovens músicos da Orquestra Juvenil da Bahia puderam perceber e se deixar marcar pela beleza estonteante da Cidade Luz e toda a história que seus prédios e monumentos guardam.



Tradicional foto do grupo em frente Ă Torre Eiffel


17/09 Segunda-feira PARIS – FRANÇA

O último dia da turnê começou com ensaio em um dos estúdios da Philharmonie de Paris


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último concerto da Turnê Europa 2018 fechou com chave de ouro uma aclamada sequência de apresentações da nossa Orquestra Juvenil da Bahia. Ao todo foram nove concertos, em três países – Itália, Suíça e França –, sempre com performances contagiantes e primorosas. Os elogios que partiram do público, da imprensa e da crítica especializada coroaram o talento dos jovens músicos do programa NEOJIBA, sob regência do notável maestro Ricardo Castro. No dia 17, os ensaios começaram no início da tarde em um dos estúdios da Philharmonie de Paris, um edifício que integra o complexo Cité de la Musique e que recebeu tratamento acústico especial da Nagata Acoustics, a mesma empresa japonesa que assina a acústica do Parque do Queimado, em Salvador, que será a futura sede dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia. O ensaio no palco começou às 18h20, e nesta hora o grupo soube da grande notícia: o concerto seria transmitido ao vivo no site da Philarmonie!



Orquestra Juvenil da Bahia no palco da Philharmonie de Paris


Com todos os ingressos vendidos há meses, a sala estava totalmente cheia quando a Orquestra entrou no palco. Antes de iniciar a primeira peça, Ricardo Castro, ao se dirigir à plateia, explicou a razão de uma Orquestra juvenil baiana tocar Wagner em Paris. O público entendeu que, inspirados pelo modelo venezuelano El Sistema, todos os integrantes da Orquestra eram multiplicadores. Ricardo disse ainda que os músicos que ali estavam, em grande parte, foram formados pelos músicos que se


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apresentaram em 2016, naquele mesmo palco. Ao se referir ao repertório, esclareceu que a escolha das peças, a exemplo da abertura da ópera Os Mestres Cantores de Nuremberg, de Richard Wagner, está relacionada à formação das mãos, do ouvido, do espírito de cada músico. Mas que, sobretudo, a Orquestra estava lá para defender uma causa e mostrar o que se pode fazer em qualquer parte do mundo, inclu-sive na Bahia, mesmo sob condições, muitas vezes, bastante difíceis.

Último concerto da turnê contou com transmissão ao vivo pelo site da Philharmonie


A abertura de Wagner foi tocada de forma impecável e impregnada de uma energia nobre, intensa e, ao mesmo tempo, com a moderação expressiva que a nobreza exige. Em seguida, após a apresentação do Concerto para Piano e Orquestra, de Schumann, vieram 5 minutos de aplausos e gritos de “bravo!” antes do bis, tocado a 4 mãos, ao piano, por Ricardo Castro e a grande Martha Argerich. A peça escolhida foi Le Jardin féerique, o último número de Ma Mere l`Oye, de Ravel. Ao final, mais alguns minutos de aplausos intensos! Após o intervalo, a Orquestra continuou com a parte do programa dedicada à música das Américas (Gershwin, Guarnieri, Revueltas, Bernstein), com tal segurança, qualidade, concentração e alegria, que conquistou definitivamente a exigente plateia parisiense. Antes da última peça do programa, nosso maestro se dirigiu uma segunda vez ao público, referindo-se à importância do legado de José Antonio Abreu para a juventude da América do Sul.


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Ricardo lembrou também uma lição fundamental dada pela Orquestra francesa Dissonance, naquela mesma sala da Philharmonie: a execução da Sagração da Primavera, de Stravinsky, sem

Martha Argerich e Ricardo Castro no bis a quatro mãos


regente. Na sequência, ele se retirou do palco e deixou que a nossa Orquestra tocasse, sem regente, a última peça do programa, Danzón nº 2, de Marquez. O público aplaudiu de pé e não resistiu ao bis final, com as brasileiríssimas Aquarela do Brasil (Ary Barroso) e Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), com os excelentes arranjos sinfônicos de Jamberê, finalizando com a saída dos músicos ao som da carnavalesca “Vassourinhas”. Difícil descrever a beleza que a Orquestra Juvenil da Bahia produziu durante toda a turnê, condensada no último concerto em Paris, assim como o impacto do público, tudo devidamente registrado, inclusive para o documentário que irá mostrar a transformação promovida pelo programa NEOJIBA na vida desses jovens músicos. A Orquestra Juvenil da Bahia não foi à Europa para dar concertos nas salas mais prestigiadas da Europa, com os mais renomados solistas, apesar de feito tudo isso com brilhantismo incomum. Ela foi para a Europa para mostrar um exemplo do que “pode ser feito nas condições


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mais severas�, como disse o nosso maestro, e inspirar cada um dos seus músicos a ser um multiplicador de sonhos e de exemplos positivos.

Samba no palco da Philharmonie



Aplausos intensos do pĂşblico parisiense, que se encontou com o concerto


RepercussĂŁo da TurnĂŞ na imprensa







Expediente CONCEPÇÃO

Fernanda Tourinho TEXTOS

Eduardo Torres EDIÇÃO DE TEXTOS

Laura Dantas Marcelo Argôlo PROJETO GRÁFICO

Adson Rodrigues Ruan Santos FOTOS

Lenon Reis


DIÁRIO DE VIAGEM DA TURNÊ EUROPA 2018


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