Newsletter Museu do Douro // outubro 2023

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museu do douro

www.museudodouro.pt newsletter 37 ANO IV, OUTUBRO 2023
©JOÃO PEDRO MARNOTO
índice Editorial Faz falta saber Exposições Coleção Museu do Douro Serviço Educativo Rede de Museus do Douro Loja do Museu Restaurante Prisma do visitante 4 6 7 14 20 28 34 35 36

Com a assinatura do Despacho que nomeia o novo Conselho Diretivo com efeitos a partir de hoje terminou, de acordo com o pedido que formulei por motivos de ordem pessoal e familiar, o meu mandato de Presidente da Fundação Museu do Douro.

Com o termo do meu mandato também se encerra um ciclo da vida do Museu do Douro que se iniciou com a publicação da Lei n.º 125/97 de 2 de dezembro e da instituição da Fundação Museu do Douro pelo Decreto-Lei n.º 70/2006 de 23 de março tendo-lhe sido confiada a missão de prosseguir fins culturais, nomeadamente museológicos, de promoção, de valorização e preservação do património material e imaterial do Douro Vinhateiro, tendo por beneficiários os cidadãos em geral” cabendo-lhe a instalação, a manutenção e a gestão do Museu da Região do Douro.

museu do douro · outubro 4
editorial

Foi neste ciclo que, vencendo as dificuldades e escolhos colocados no seu caminho, se deu corpo e consolidou o Museu do Douro afirmando-o como uma Instituição fundamental e imprescindível ao desenvolvimento do Douro o que é reconhecido pela unanimidade dos seus destinatários. Está, assim, a ser cumprida a missão que foi confiada à Fundação Museu do Douro: a de implantar na Região do Douro um Museu de Território.

Tal só foi possível porque todos: Comissão Instaladora, Unidade de Missão, Conselhos de Fundadores e Consultivos, Mesas do Conselho de Fundadores e Consultivo, Conselho Fiscal e Fiscal Único, Conselhos de Administração e Diretivos, Diretores e Equipa do Museu, bem como os parceiros da Rede de Museus do Douro, outros parceiros e doadores, que ao longo deste tempo se lhe juntaram, tomaram como sua a Missão que foi confiada à Fundação.

Neste momento, venho agradecer a todos tudo quanto fizeram pelo Museu do Douro e toda a colaboração e compreensão que me dispensaram no exercício das minhas funções. Finalmente, ter, ainda, uma palavra especial de reconhecimento aos que me acompanharam nos Conselho de Administração e Diretivos pela lealdade e confiança que sempre em mim depositaram bem como ao Diretor e Equipa do Museu, pelo trabalho realizado sendo que são estes o verdadeiro motor na construção desta realidade que, pela sua própria natureza, será sempre inacabada.

Por fim, assegurar que, dentro das minhas limitações, continuarei disponível e desejar ao novo Presidente e à sua equipa o maior êxito possível no exercício das suas funções.

Peso da Régua, 22 de setembro de 2023

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editorial

faz falta saber

CELEBRAR O DOURO

No próximo dia 4 de outubro, pelas 15h30, inaugura a exposição CELEBRAR O DOURO – 20 escritores nos 20 anos do Douro Património da Humanidade, na Galeria de Exposições do Centro Cultural de Vila Flor.

Foi o gosto pelo Douro, pela Literatura e pela Arte, que levou a Associação dos Amigos do Museu do Douro, o Museu do Douro e a Tertúlia João de Araújo Correia a responder ao desafio de organizar uma antologia comemorativa do vigésimo aniversário do Douro, Património da Humanidade. Definiu-se o objetivo - compilar uma série de textos, em prosa e em versos, onde se enaltecesse tanto a singularidade da paisagem como a dureza da vida de quantos /quantas esgotaram os seus dias a cuidar da sua vida e da vida dos outros, dos detentores do poder e do dinheiro.

A prioridade foi dar a palavra aos seus escritores mais relevantes – uns enraizados na terra que os viu nascer, outros filhos da sedução de uma região que os tocou profundamente.

Associou-se ao projeto o pintor Emerenciano que recriou artisticamente os retratos dos escritores.

museu do douro · outubro 6

exposição permanente

DOURO: MATÉRIA E ESPÍRITO

Douro: Matéria e Espírito foi concebida como uma síntese temporal e geográfica da Região Demarcada do Douro (RDD). Estruturada como a grande porta de entrada no Douro, apresenta as singulares características da geomorfologia da região, determinantes fatores históricos e o engenho do Homem que fundaram os alicerces da especialização deste território na produção vinícola. É a combinação de fatores naturais e humanos que Douro: Matéria e Espírito expõe.

Todos os dias:

das 10:00 às 18:00

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exposições

exposições temporárias

BREVEMENTE NO MD

» Mitos, por Carlos Cardoso

A partir de 4 de outubro na sala de exposições temporárias

Exposição de fotografia, da autoria de Carlos Cardoso, que retrata o Douro no seu aspeto físico-geográfico e também saudosista e abandonado. As imagens reconstroem «o Douro de hoje, mantendo a realidade das suas permanências e mudanças, a preto e branco, entre a memória das imagens e o seu significado, que só o contraste da sombra e da luz permitem clarificar.», como refere Carmo Serém, autora dos textos que acompanham a mostra. Esta é composta por cerca de 40 imagens captadas com película a preto e branco, só depois digitalizadas e impressas em tintas Epson K3 em diferentes formatos.

museu do douro · outubro 8

média duração

CARLOS CABRAL: RÓTULOS DE VINHO DO PORTO

Exposição que pretende divulgar uma pequena parte do espólio doado ao Museu do Douro pelo colecionador Carlos Cabral, um dos maiores especialistas brasileiros na área do vinho do Porto.

Aqui se mostram alguns dos rótulos de vinho do Porto organizados originalmente pelo colecionador. Mantêm-se, por isso, os cartões e as legendas originais. A organização teve por base assuntos tão diversos como a saúde, os nomes femininos, personalidades históricas ou devoções, a importância da decoração como forma de afirmação comercial ou a ligação das casas exportadoras ao mercado britânico.

9 exposições exposições
©2023, Natália Fauvrelle/MD

exposições virtuais

SE NÃO ESTIVER CÁ NINGUÉM…

NINGUÉM VEM PARA CÁ PROGRAMA DE ARQUIVOS VIVOS

Acompanhando o projeto Vivificar foi realizada uma recolha de arquivos visuais, valorizando a produção fotográfica local. A recolha / inventário foi realizada junto de casas comerciais de fotografia e de colecionadores dos concelhos envolvidos no projeto, nomeadamente Alijó, Lamego e Torre de Moncorvo.

Documentando as representações do comum nos lugares, este registo de memórias vivas do território deu origem a três exposições virtuais, disponibilizadas na plataforma Google Arts & Culture do Museu do Douro. Num leque que abrange cerca de um século de fotografia no Douro, podemos conhecer diferentes representações das casas comerciais a trabalhar nestes concelhos.

Aceda às exposições através dos links das imagens.

Se não estiver cá Ninguém… Ninguém vem para cá - Alijó — Google Arts & Culture

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Se não estiver cá Ninguém… Ninguém vem para cá - Lamego — Google Arts & Culture

Se não estiver cá Ninguém… Ninguém vem para cá - Torre de Moncorvo — Google Arts & Culture

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exposições

exposições itinerantes do Museu do Douro

INAUGURA:

Douro, lugar de um encontro feliz, de António Barreto

CITICA - Centro de Inovação Tecnológica

INOVARURAL, Carrazeda de Ansiães

» De 5 de outubro a 8 de janeiro de 2024

Concurso Internacional de Fotografia

2020 “Douro Património Contemporâneo”

– Memória com Futuro

Museu de Arqueologia e Numismática, Vila

Real

» De 26 de outubro a 23 de janeiro de 2024

*As datas apresentadas poderão sofrer alterações de acordo com a agenda do Museu do Douro e/ou dos locais mencionados.

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© António Barreto © António Jaime Abrunhosa

CONTINUA:

2020 “Douro Património Contemporâneo”

– Memória com Futuro

Posto de Turismo – São João da Pesqueira

» Até 16 de outubro

Douro, de Manuel Casal Aguiar

Museu Diocesano | Lamego

» Até 31 de outubro

CoaDouro

Galeria das Artes do Centro Cultural de Vila

Nova de Foz Côa

» Até 13 de dezembro

Auditório Municipal de Sta. Marta de Penaguião

» Até 18 de dezembro

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© Manuel Casal Aguiar © Carlos Santos ©Rui Pires, Coleção Museu do Douro Rui Pires na coleção Museu do Douro
exposições
© Foto de João Galamba de Oliveira, Conjunto: Linhas do Douro Concurso Internacional de Fotografia

coleção Museu do Douro

No Douro as oliveiras são plantadas em bordadura junto à vinha e consideradas como uma cultura complementar aos rendimentos dos viticultores. Durante os meses de novembro a janeiro decorre a apanha da azeitona, ainda recorrendo ao método tradicional de colheita da azeitona, a vareja. Neste processo são usadas varas, vareiros e ripadores para provocar a queda do fruto, que depois são recuperados no chão em lonas ou panais previamente estendidos.

Ripador de azeitonas | Ferro

A 31,3 x P 6,3 cm x L 13,5 cm

Alfaia agrícola composta por pente de ferro forjado, formado por 8 ganchos de ponta curva, fixos em dupla travessa metálica. Usado para colher azeitonas, passando os dentes entre os ramos, arrastando as azeitonas que se desprendem.

Pertenceu a Maria Helena Tavares Magalhães, de Peso da Régua, que o ofereceu à ACAD em 11 de Julho de 1986. (MD/M/ DEP–207)

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Ripador de Azeitonas ©2023, Susana Marques/MD

» COLEÇÃO IVDP

O desdobrável com a Lista de Vinhos do Porto Corrêa Ribeiro, Filhos, Lda., fundada em 1862, em Vila Nova de Gaia, faz parte do espólio do IVDP que se encontra no Museu do Douro.

Este documento expõe, em lista, os vinhos da casa, divididos em três secções: Vinhos do Porto, Aperitivos e Aguardentes, com referência ao nome e respetivo valor, por garrafa, ou caixas de 12 garrafas, distribuídas por António Pereira Coelho

Este folheto, de distribuição livre, teve uma tiragem de cerca de 5.000 exemplares, impressos em setembro de 1940.

» BIBLIOTECA – INCORPORAÇÕES

Foi incorporado na nossa biblioteca, por doação, um prospeto da exposição de fotografia O Douro visto por Noel Alfredo de Magalhães. Esta exposição esteve patente na Biblioteca Municipal do Peso da Régua de 16 de setembro a 28 de outubro de 2006. A apresentação era composta por 130 fotografias do território duriense, algumas delas das décadas de 1940 e 1960.

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©2023,
Teixeira/MD
Enara
O Douro visto por Noel Alfredo de Magalhães

CONSERVAÇÃO – IDENTIFICAR PARA CONSERVAR

» RADIOGRAFIA DA PINTURA “MILAGRE DA BILOCAÇÃO DE STO. ANTÓNIO”

No âmbito do projeto Identificar para Conservar encontra-se em marcha o estudo de uma pintura pertencente a Torre de Moncorvo, o “Milagre da bilocação de Sto. António”, de produção atribuída ao séc. XVII, pelo historiador Vítor Serrão, para que a obra seja restaurada com o devido suporte científico no Museu do Douro.

De entre os vários exames fotográficos realizados, destacamos aqui o radiográfico, conseguido através do protocolo de colaboração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMD) e o nosso Museu, sob a orientação do colaborador José Pessoa.

A radiografia digital é uma imagem que resulta da leitura de um sensor sensibilizado pelos raios-X, que devido à sua elevada energia atravessam, com maior ou menor dificuldade, os materiais, mostrando-nos o que não é possível observar a olho nu, sem danificar o objeto.

Neste caso, o exame permitiu detetar a existência significativa de pintura original subjacente a vários repintes grosseiros, que desvirtuam a pintura, o que justifica o seu levantamento/eliminação por limpeza química. Por outro lado, possibilitou também documentar a existência de “arrependimentos” do autor, bem como

a sobreposição de elementos pictóricos, agregando um significativo conhecimento científico da obra, que irá conferir maior segurança à intervenção de restauro.

Agradecemos a todos os colaboradores e facilitadores da sessão radiográfica, cujos resultados de forma sumária aqui damos conta. De referir ainda o importante apoio da Câmara Municipal de Peso da Régua, pela ajuda no transporte desta obra de grande formato.

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©2023, Carlos Mota/MD

PATRIMÓNIO RDD

» O PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO PLURIANUAL EM ARQUEOLOGIA TRÁS DO CASTELO (VALE DE MIR, PEGARINHOS, ALIJÓ)

Este ano foi realizada uma nova intervenção no sítio de Trás do Castelo (Vale de Mir, Pegarinhos, Alijó), no decurso de um processo que se tem vindo a desenvolver desde 2012, com o PIOHP (Projecto de Investigação sobre a Ocupação Humana em Pegarinhos) e o Cella Vinaria de Trás do Castelo (2018-2020), coordenados por Tony Silvino e Pedro Pereira.

O sítio de Trás do Castelo, identificado aquando da limpeza de um acesso em terra batida pela Junta de Freguesia local em 2010, localiza-se no sopé do promontório onde se localiza o Castro de Vale de Mir.

As diversas intervenções arqueológicas realizadas no sítio permitiram identificar uma ocupação diacrónica desde, pelo menos, a Idade do Ferro, ainda que estejam também presentes elementos, ecos de uma ocupação sem contexto definido, da Pré-História Recente, até ao final da ocupação romana.

A fase de ocupação mais notória compreende um sítio de vocação agrícola, com vestígios de uma miríade de produções e transformações de matérias-

-primas, como a vitivinicultura, cultura cerealífera, produção têxtil, pecuária, entre outras.

17 patrimónioo RDD
Vista aérea geral do sítio de Trás do Castelo.

A construção de grande parte dos edifícios que atualmente se podem ver no sítio data do final do século I da nossa Era, estando os mesmos organizados em vários patamares construídos, de forma a nivelar o terreno. No entanto, a ocupação do sítio estende-se, pelo menos, até ao século III, quando é notório um primeiro abandono de Trás do Castelo. Algumas décadas mais tarde, o sítio é reocupado, pelo menos até ao século V da nossa Era. A partir desse momento, Trás do Castelo é abandonado e esquecido.

Trás do Castelo é o reflexo de uma ocupação e organização do território durante o período romano que deixará vestígios até aos nossos dias. O sítio intervencionado é, certamente, a parte produtiva de uma estrutura mais ampla, de tipo villa, sendo que é ainda desconhecida a área residencial do sítio.

O projeto conta atualmente com o apoio do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, da Junta de Freguesia de Pegarinhos, da Câmara Municipal de Alijó, do Département du Rhône, da Eveha International, da GAROM e da Carlos Alonso Wines.

museu do douro · outubro 18
Pedro Abrunhosa Pereira Espaço dedicado à transformação de linho. Restituição do sítio (Cyril Dryard)

museu de território colaborar e partilhar

Encontre, aqui, as datas, locais e ações em colaboração e partilha.

Todas as saídas previstas poderão ser alteradas de acordo com a agenda e necessidade dos serviços do Museu e dos equipamentos/instituições que nos recebem e ou solicitam.

» 11 e 12 de outubro - Café Central . Torre de Moncorvo . [09h30 – 17h30]

» 16 de outubro – Oficina O que há neste lugar? . Grupo Erasmus. Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua . [15h00 – 17h00]

» 24 de outubro - Café Central . Torre de Moncorvo. [09h30 – 17h30]

19 patrimónioo RDD

serviço educativo

EUSOUPAISAGEM – EDUCAÇÃO E TERRITÓRIO

A base da ação assenta na pesquisa de relações de experiência entre as pessoas e as paisagens.

Aposta-se na criação de contextos de experimentação, com caráter de continuidade, para a presença de crianças, adolescentes, jovens, adultos e seniores em atividades de experiência e conhecimento.

Pesquisa-se com o território e a paisagem, com o corpo e o lugar, em diálogo e tensão com diferentes linguagens e falas.

Interpelam-se as paisagens e as pessoas com o teatro, com a dança, com o vídeo, com a imagem animada, com a escrita, a geografia, a antropologia e a literatura, com a arquitetura paisagista e o cinema, com o desenho, com a fotografia e com o som.

eu sou paisagem é, desde 2006, um convite, uma convicção e uma vontade para atuar e refletir sobre a educação neste território e nestas paisagens.

museu do douro · outubro 20

ONDE FICA O INTERIOR?

MOSTRA EM CARTAZES

MUSEU DO DOURO MARÇO –

SETEMBRO 2023

oficinas ou encontros? marcamos um ponto de encontro, conversamos sobre fotografia, sobre o lugar e saímos para andar com as câmaras... talvez com a câmara o olhar fique mais atento, vemos o lugar sobre diferentes olhares e perspetivas... questionamos. no regresso ao ponto de encontro, analisamos e voltamos a conversar sobre as imagens... pode ser sobre profundidade de campo,

ou sobre o que nos faz falta no lugar, sobre a textura da madeira, o brilho da pedra, sobre ser mais velho, sobre ser jovem, sobre as políticas governamentais para fixar pessoas, ou a falta delas... voltamos a questionar, tenho de pertencer a algum lugar, alguém perguntou... a fixação é económica, alguém disse... o que não há neste lugar e te faz falta? perguntamos...

21 serviço educativo
onde fica o interior? Mostra em cartazes. Painel 3/6 “o que há neste lugar?”. Museu do Douro, Peso da Régua. ©Paula Preto. 2023

o que há neste lugar? ficar?

ir?

o lugar por onde se anda está parado? ser de um lugar é ser de uma comunidade?

duas pessoas podem ser uma comunidade?

e tu? fazes parte de uma comunidade?

é preciso nascer aqui para ser daqui?

e tu? nasceste aqui?

conheces este lugar?

e as gentes?

quem vem lá?

os pés podem ver?

onde fica a saída? depende?...

depende para onde queres ir?

posso ficar sem me fixar?

o que é fixo?

a fotografia fixa-se?

às vezes mexe-se?

a fotografia mexe-se?

e tu? quanto tempo precisas para te fixares?

e tu? estás confortável aqui?

tens raízes aqui?

tenho raízes aqui?

é pela família do meu pai ser daqui que

eu sou daqui?

é porque eu nasci aqui?

é porque eu nasci num lugar que não conheço?

é porque a minha família é de um lugar que não conheço?

ter raízes é ter família?

uma árvore tem família? e vizinhos?

e tu? tens vizinhos?

se fosses parte de uma árvore, que parte serias?

o que faz deste lugar, um lugar qual -

quer?

e tu? estás confortável aqui?

outra vez? já te disse que não? e tu? onde te sentes confortável? onde me sinto confortável? onde vives? entre lugares? agora estás mais acomodada?

já não te sentes estrangeira neste lugar?...

sinto-me estrangeiro neste lugar? tenho medo do estrangeiro?

e tu? tens medo do estrangeiro?

fixar é uma questão económica? nem só económica?

vieste pelo amor, foi? foi pelo amor que vieste?

e tu? o que mais amas?

e tu? o que podes fazer por este lugar? investes neste lugar? investes longe daqui?

qual é o teu maior medo? velhice?

da solidão? não ser lembrada? de não me lembrar?

precisas de pertencer a um lugar para saber quem és? preciso? porquê?

e tu? o que descobriste aqui?

moscatel? o moscatel é fixe? não é mau? mas um porto, vinho fino, com 50 anos?

quantos anos tens?

és daqui?

achas que não?

o que é necessário para se ser daqui?

museu do douro · outubro 22

é só amar o aqui? para se ser daqui é necessário querer muito ser daqui?

o que há aqui?

pessoas? árvores?

aqui há história e muita tradição? podes viver da tradição?

e se não te identificares com a tradição?

é difícil integrar uma comunidade com rituais em que não acreditas?

e tu? tens costumes?

eu tenho costumes?

e descostumes?

qual é o teu lugar de descostume? como vivem as pessoas deste lugar?

porque é que ainda estás aqui?

o que não há neste lugar e que não te faz falta?

e o que é que te faz falta? o que me faz falta? pessoas?

ei, essa conversa outra vez? aqui há gente?

aqui há gente?

então, falta-te liberdade? democracia? partidos?

não? identificas-te com os partidos?

aqui há uma pseudo-aristocracia?

quem são os que são de gema?

mas, quem quem quem?

é preciso nascer aqui para se ser de gema?

mas que gema? que tipo? que ovo?

e tu? és de gema?

tens liberdade neste lugar?

eu tenho liberdade neste lugar?

nem sempre? dizer o que se pensa? a que custo?

a liberdade não se tem? procura-se?

é um exercício de muita resiliência mantê-la?

e a ti? o que te faz falta neste lugar? trabalho especializado? concertos? música alternativa? ah, diversidade? serviços de saúde?

o lugar é um espaço físico? podes ser de lugar nenhum?

és uma pessoa mal situada?

a noite é o teu lugar? ou o teu não-lugar?

e tu? porque é que escolheste viver neste lugar?

e tu? tens relação com o lugar ou com as pessoas?

há gente aqui?

aqui há gente? há bandos?

e tu? a que bando pertences? pertenço a algum bando?

e tu? és interior ou vives no interior?

onde fica o interior?

e onde fica o teu interior?

o meu interior? mas, o interior é meu?

e tu? que futuro queres para o teu interior?

companhia?

gostas de andar acompanhado?

e tu, costumas andar?

os pés podem ver?

conheces o rio?

conheces o douro?

qual? o dos postais?

qual é a imagem que tens do lugar onde vives?

é uma imagem antiga?

é uma imagem que guardas num álbum de memórias?

é um álbum de família?

23 serviço educativo

é teu?

é meu?

e a família é tua?

e o lugar é teu? sim? não?

depende do ponto de vista?

e tu? tens o mesmo ponto de vista desde que nasceste?

e se mudares de lugar, mudas de ponto de vista? sim? mudas?

mas para um lugar muito afastado? fica no interior? e tu? vives no interior? onde fica o interior?

o que aconteceu?

costumam acontecer-te coisas? acontecem-me coisas?

acontecem muitas coisas neste lugar? o tempo deste lugar é lento? quanto tempo é necessário para congelar um movimento?

1/500 avos de segundo?

o lugar onde vives está parado? parado ou estagnado? não se passa nada? posso viver num lugar de passagem? com que futuro?

o futuro de ontem que ficou amanhã? ui, estamos a filosofar?

o peixe está a desaparecer? sim? no rio? no douro? repovoar? voar?

já foste feliz a comer peixe de rio?

o teu lugar é do lado de lá do rio? e o teu, é do lado de cá do rio? universal é o meu lugar sem paredes? não se passa nada aqui?

és tu que não sabes o que se passa?

e ler o jornal?

os lugares precisam das pessoas? vais?

ficas?

vamos indo?

e a paisagem fica?

e a paisagem fixa?

as aldeias ficam e as pessoas vão? temos de inventar um nome novo para as aldeias? que nome?

e as pessoas são como os peixes?

e as pessoas são como os pássaros?

e os pássaros são de que lugar?

museu do douro · outubro 24
Transcrição do texto “o que há neste lugar?”. Painel 1/6.

CAFÉ CENTRAL

Mostra em postais | Adega Beça, Santa Marta de Penaguião.

Este é um programa para estar presente em diferentes lugares deste extenso território, com as pessoas que nele estão. Para conhecer as pessoas que cá vivem, os cafés são lugares que marcam as paisagens entre a casa e a rua, entre o público e o privado.

Os cafés são lugares de fronteira e de encontro. Que centralidades, que periferias? Nesta mostra apresentamos uma seleção das passagens pelos vários cafés realizadas ao longo de 2023 com a fotógrafa Paula Preto. Este é um convite a permanecer a estar nos espaços tão centrais que são os cafés nas vidas destes lugares. Procura-se questionar o que é centro e o que são as periferias , desmontar as lógicas de representação que são sempre redutoras das vidas do dia-a-dia que importa cuidar.

Café central é uma das frentes de ação do eu sou paisagem –programa de educação - Museu do Douro.

Mostra em postais.

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Alfândega da Fé | Carrazeda de Ansiães | Santa Marta de Penaguião | Tabuaço Café Central. Mostra em postais. ©Paula Preto. 2022

CAFÉ CENTRAL

Mostra em cartazes | Museu do Douro, Peso da Régua | Setembro 2023

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Café Central. Mostra em cartazes. ©Paula Preto. 2022

Dizer ALTO

[NO DOURO VI]

Chegou o Outono ao Douro. O vinho dorme nos tonéis o sono agitado das últimas fermentações. Sigamos a estrada pombalina de leito miserável, que da Régua mete a Cambres pela vertente ocidental, voltada ao rio. É toda bela. Podemos parar na Pedreira, junto a Portelo, seguir até Felgueiras ou S. Lourenço.

Hoje é uma destas manhãs de Outono, de luz tão imponderável que parece mais feita para acariciar do que para alumiar. É uma luz que anda devagar e toca nas coisas como mãos amigas em fontes de convalescentes – realmente aquelas vertentes estão fatigadas do parto heróico do melhor vinho do mundo. Esta paisagem é única. Meu querido Nobre, que ternura angustiada tu dás ao Outono! A poesia dá sempre a esta estação a beleza lírica, suave e silente do crepúsculo da vida.

Aqui o Outono não é assim. O formidável anfiteatro começa lá no fundo na Rede, linha direita ao céu, e depois desdobra-se como um leque até à zona escurecida do Pinhão, passando pela Sedesma, Fontelas, descaindo no vale de Jugueiros, erguendo-se para Santa Marta, voltando às alturas do Peso, abrindo regaço na Régua, trepando a Vilarinho, Galafura, caminhando incansável alturas de Bagaúste, Covelinhas, galgando o rio a preguear-se entre Folgosa e Poiares, para vir morrer à sumptuosa, harmónica e vasta, derradeira

folha da Beira, onde nos encontramos. É claro, o Marão lá está. Repare nesta grandeza e afogue-se nesta cor. Não há outra paisagem assim no mundo. Há paisagens cheias de doce lirismo, como as do nosso Minho, onde ficam como jóias as bailatas de Feijó. Aqui, lirismo só se for o lirismo impetuoso da cavalgada das Walkirias – ou passando o pólo oposto – o lirismo confrangedor, amargo, e religioso dos Eslavos do Volga. Vamos assim dum extremo ao outro. Pelos altos bordando, engalanando o circo, fogem pinheiros correndo o debrum dos montes e o Marão gira a sua eterna e invicta palavra.

Aqui, o Outono morre, sim, mas com a grandeza heróica, deslumbrante e fatal, da morte de Adónis de Soares dos Reis. Ergue-se e reboa por todo o horizonte o clamor heróico e romano: Morituri te salutant. (…)

Pina de Morais, Sangue Plebeu. Museu do Douro e Câmara Municipal de Lamego. 2ª edição Lamego, 2003

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museu do douro · outubro 28

rede de museus do douro

A Rede de Museus do Douro, ao unir diferentes tipos de espaços museológicos, pretende também contribuir para a sua divulgação junto das comunidades de visitantes. Seja aproximando a comunidade local dos seus espaços, seja divulgando estas estruturas a quem nos visita, esta publicação é também um incentivo para partir à descoberta do território duriense. Através de diferentes coleções, os espaços aderentes permitem conhecer outras facetas do Douro, um território cuja paisagem é património Mundial!

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MUD

MUSEU DO CÔA E PARQUE ARQUEOLÓGICO DO VALE DO CÔA

Durante o mês de outubro pode visitar no Museu do Côa as seguintes exposições:

» Bienal Internacional Gravura Douro 2023, patente na sala 1 do Museu do Côa, que conta com obras de vários artistas, nomeadamente obras do mestre Silvestre Pestana, com a curadoria de Nuno Canelas.

Estará disponível ao público até 31 de outubro.

» Exposição “Todos os Animais: obra realizada por Luís Paulo Costa entre 2020 e 2021 é constituída por uma série de centena e meia de elementos e irá estar disponível até 19 de novembro.

CIMI | CENTRO INTERPRETATIVO DA MÁSCARA IBÉRICA

Durante o mês de outubro, encontram-se patentes ao público as seguintes exposições:

» Exposição do 1º Raid Fotográfico "Caretos de Lazarim na Alcaria de Mazes";

» Exposição "Máscara de Lazarim Identidade de uma comunidade";

» Exposição "Entrudo de Lazarim - Domingo-gordo e Terça-feira Gorda";

» Exposição "BUUU por detrás da Máscara"

Tendo em conta as férias escolares, os visitantes podem contar com um conjunto de atividades como: o "jogo do galo com máscara", "encontra as diferenças", "palavras cruzadas", "as máscaras de Lazarim" entre outras.

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento:

Todos os dias das 09:00 às 17:30

Bilhete: 7€

Passaport Mud: 20% desconto.

Contactos:

museugeral@arte-coa.pt

279 768 260

Rua do Museu | 5150 – 620

Vila Nova de Foz Côa

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento:

» terça a domingo:

10:00 às 12:30 e das 13:30 às 17:00

Bilhete: gratuito

Contactos: cimi@cm-lamego.pt

254 090 134

Rua José de Castro, 5100-584 Lazarim

museu do douro · outubro 30

MUSEU DO VINHO, S. JOÃO DA PESQUEIRA

Próximas atividades a realizar no Museu do Vinho de S. João da Pesqueira:

» Noites no Museu com Bruno Cardoso e João Marques

27 de outubro | 21h30 | Wine Bar do MVP

NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE FAVAIOS PÃO E VINHO

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento: De segunda a domingo: das 10h00 às 18h00

Bilhete: 4€

Passaport Mud: 20% desconto

Contactos: mvp@sjpesqueira.pt

254 489 983

Avenida Marquês de Soveral, n.º 79 5130 – 321 S. João da Pesqueira

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento:

» segunda a domingo:

» Inverno: 10:00 às 17:00

» Verão: 10:00 às 18:00

Bilhete: 2€

Passaport Mud: desconto 20%

Email: museu.favaios@cm-alijo.pt

Morada: Rua Direita, 21 | 5070 – 272 Favaios

Tel.: 259 950 073

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ADEGA DAS GIESTAS NEGRAS

O Museu - "Adega das Giestas Negras " é uma adega de MDLXXV (1575), data gravada na padieira da porta, recuperada e adaptada a Museu em 2006, situado no coração da Quinta dos Mattos. Tem dois lagares (de 12 e 4 pipas) e uma dorna, todos em xisto, uma prensa de fuso, em madeira de castanho, com cerca de oito metros de comprimento, com mais de 300 anos. Aqui estão expostas muitas peças antigas, pertença da família, relacionadas com a atividade vitivinícola.

Durante o mês de outubro estarão ao dispor dos visitantes, para além da visita guiada ao museu, programas de visita guiada às instalações de vinificação e envelhecimento, bem como a degustação dos seus vinhos.

PROVA DE VINHOS WINE TASTING

Marcação / booking / reservátion:

» 10:00 - 16:00 - segunda a sexta-feira / monday to friday / du lundi au vendredi

» sábado por reserva / saturday by reservation / samedi sur reservation

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento:

» segunda a sexta:

Das 10:00 às 16:00;

» Aos fins de semana sob marcação prévia;

Bilhete: 5€, inclui visita e prova de vinho do Porto Passaporte Mud: 20% desconto

Contactos:

254 920 214 | 965 519 991 coimbrademattos@gmail.com

Casa da Calçada, n.º 65 | 5050 – 042 Galafura

museu do douro · outubro 32
© site CM Peso da Régua

para o Jardim Geológico de Trás-os-Montes e Alto Douro;

Aplicação ZoomGuide, ajuda à descoberta da geodiversidade no Campus da UTAD, com recurso à inteligência artificial;

O Museu de Geologia Fernando Real da UTAD, pretende alargar a oferta aos visitantes, agora fora de portas, disponibilizando aos visitantes recursos digitais apostando na aplicação web ZoomGuide, que recorre à inteligência artificial para dar a conhecer, de forma inovadora, as estações e os percursos do Jardim Geológico. A utilização desta aplicação é gratuita e apenas requer que o visitante possua smartphone, através do qual deverá aceder a www.zoomguide.app. Depois, basta escolher uma estação, fotografá-lo com a app e aceder aos respetivos conteúdos, desenvolvidos pelo Museu de Geologia.

MUSEU DE GEOLOGIA FERNANDO REAL

» 4 de outubro: Celebração do dia da Geodiversidade.

14h30: Inauguração da exposição itinerante "Um Mineiro. Um Coletivo" - Exposição Itinerante na Sala de Exposições Temporárias do Museu Fernando Real, patente até dia 15 dezembro.

Trata-se da Exposição "Mineiro. Um coletivo" do Museu Mineiro de São Pedro da Cova, em parceria com o Roteiro de Minas. Esta exposição apresenta 15 fotografias, datadas dos anos 40 do séc. XX, em preto e branco e retratam o trabalho do exterior da exploração mineira, neste caso, de carvão. Uma realidade coletiva às várias explorações mineiras. Venha conhecer e voltar atrás no tempo.

15h00: Geodiversidade no Campus da UTAD

– Lançamento da Plataforma Zoomguide

Numa primeira fase, esta app, que só é possível utilizar como complemento à visita presencial, permite explorar as estações que existem no Campus da UTAD, e em várias situações em consonância com as coleções do Jardim Botânico. Tal é o caso das plantas arcaicas, a que se associam quatro amostras representativas, dos afloramentos de granulitos classificados como Monumento Natural Local, em Tojal dos Pereiros, Bragança, por serem rochas muito antigas!

//INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento:

» Dias úteis: Das 9:00 às 17:00;

Visita guiada: 1€

Passaporte Mud: 50% desconto

Contactos:

259 350 351 museugeo@utad.pt Edifício Fernando Real, Quinta de Prados | 5001 – 801 Vila Real

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MUD

loja museu do douro

Novidades de outubro. na Loja do Museu do Douro. http://loja.museudodouro.pt/

museu do douro · outubro 34

restaurante a companhia

//MAIS INFORMAÇÕES:

» Facebook: www.facebook.com/ acompanhia.pt

» Através do e-mail: info.acompanhia@gmail.com

» Contacto: 93 215 01 01

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loja museu do douro & restaurante
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prisma do visitante

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Ficha técnica:

Título: Museu do Douro

Subtítulo: Newsletter

Nome do Editor: FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO

Periodicidade: mensal

URL: https://issuu.com/museudodouromd ISSN 2795-5877

museu do douro · outubro 46 prisma do visitante

museu do douro newsletter

geral: (+351) 254 310 190 | loja: (+351) 254 310 193

e-mail: geral@museudodouro.pt website: www.museudodouro.pt

Rua Marquês de Pombal 5050-282 Peso da Régua

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