REVISTA-PQL-N9-2025-Parte1

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revista | agrupamento de escolas morgado mateus

revista | agrupamento de escolas morgado mateus

Celebrar Camões Celebrar Camões

Ilustração de Rui Costa

P02 | EDITORIAL

P03 | A PALAVRA

DO DIRETOR

P04 - Novo ano letivo Novo desafio!

P05| PERSONALIDADE

Luís Vaz de Camões, na Rota das Ciências

P07 | ENSINO/EDUCAÇÃO

P07

Pelos Céus de Camões. P08 Geografia, fonte de inspiração! P09 Os Lusíadas A epopeia que desafia os deuses e supera os clássicos. P10 Celebremos o amor! P11 Viagens e Metamorfoses. P12 O Amor na Obra de Camões: um sentimento atemporal. P13 Ecos do Passado, Reflexos do Presente. P15 Valores clássicos camonianos e PASEO: uma encruzilhada da educação moderna. P16 À deriva, nunca: A importância da Associação de Estudantes. P17 Um mote para Luís de Camões. P18 Ser Pro. P19 Em defesa da língua de Camões. P20 A escola: um mosaico de culturas. P21 A heroicidade não se mede aos palmos: os heróis da fruta. P22 “Uma carta para Camões” - Uma conversa intemporal com o Poeta. | No nosso Jardim de Infância também se estuda Os Lusíadas. P23 Somos Morgado, somos Camões. P24 PNC: «No ritmo do coração», na Semana dos Afetos. P25 Do giz ao digital: a revolução da IA na Educação. P26 Explorando Camões em 3D: uma visão contemporânea do Poeta. P27 O que pensaria Camões sobre a inteligência artificial? P28 O que o ChatGPT diz o coração não sente. P29 Luís Vaz de Camões vs. Martin Luther King. P30 Portugal será, hoje, um país de referência que pudesse orgulhar Camões ou Pessoa?

P31| OPINIÃO

P31 Portugal, passado e presente. P32 Se Camões e Pessoa não tivessem existido. | Os Portugueses não aprendem! P33 E se Camões não tivesse existido? | Nem tudo é honra Nem tudo é glória P34 Em defesa de uma pátria melhor para todos. P35 O aconchegante e destemido sentimento de ser portuguesa. | O mar agreste das descobertas e as águas profundas da alma. P36 A arte de ouvir e compreender. P37 O mérito e o reconhecimento nem sempre andam a par... P38 Verdades inconvenientes | Memória de um estudo de Luís de Camões. P39 Carta aberta a Luís de Camões. P40 Era uma vez um português. P41 E se Camões não tivesse existido? P42 Como ser feliz? P43 Quanto mais pode a fé que a força humana! P44 O Amor mais puro.

P45 | ARTES

P45 Pequeno tributo ao celebrado Camões e ao esquecido Bocage. | Amor é | A Mulher . P46 Dar lugar à criatividade - Desafios lá para casa.| Um olhar de ler e saber. P47 Camões: Técnica de impressão (carimbo). P48 Estendal de poesia. | Cadáver de Camões.

P49 Parcerias: elos que fortalecem. | “Camões, Engenho e Arte” | Iniciativa Educação - Programa Ser Pro.

P50 |CURIOSIDADES &

PASSATEMPOS

NDICE DE AUTORES

Adelina Taveira. Adriana Parente. Ana Barreira. Ana Nascimento. Ana Paula Ribeiro. Anabela Videira. António Canha. António Jorge. Áurea Pimentel. Camila Soares. Cesário Matos. Conceição Mesquita. Conceição Verdelho. Cristiana Fernandes. Cristina Esteves. Délia Fagundes. Duarte Matos. Duarte Mimoso. Esmeralda Cardoso. Eugénia Paula Almeida. Eulália Afonso. Filomena Teixeira. Francisca Geraldes. Francisco Marracho. Francisco Monge. José Machado. José Pires. Lara Carvalhais. Laura Florindo. Leonor Matos. Lia Pinto. Lígia Sousa. Mafalda Pinto Manuela Leal. Maria Cabral. Maria Correia. Maria João Coutinho. Maria Manuel Carvalhais. Mariana Gonçalves. Marta Gonçalves. Marta Rodrigues. Matilde Geraldes. Miguel Ferreira. Mónica Ferreira. Olinda Fontes. Otília Duarte. Piedade Lameirão. Rafael Fonte Cruz. Ricardo Montes. Rui Costa. Sandra Pinto. Sarah Souza da Silva. Sofia Doutel. Teresa Margarida Capela. Tomás Cruz. Tomás Santo. Vicente Vieira

Desde o primeiro número que esta revista luta pela sua sobrevivência e enfrenta os desafios conhecidos da pouca motivação para a participação numa publicação escolar.

Mas, num ano em que todos os caminhos vão dar a Camões, abraçar o tema tornou a dificuldade ainda maior: «Camões, ui professora, bem basta ter de o estudar!»; «É obrigatório?»; «Conta para a nota?»; «Celebrar Camões, colega?! Isso é coisa para professores e alunos de Português!»; «Camões, é? Hum, não estou a ver, na minha área, o que poderei dizer »

A enormidade do vulto torna-nos inseguros. O que dizer sobre alguém tão capaz e em tantos domínios? Como conseguir alguma originalidade, quando tantos e tão bons o estudaram e dele falaram, quando tantos celebram os seus quase certos 500 anos, nesta data?

O nosso ponto de partida foi pôr os nossos potenciais colaboradores, uns um pouco renitentes, outros mais recetivos, a pensarem e a responderem à questão «E se Camões não tivesse existido?» Lançámos esta caravela ao mar e esperámos que os bons ventos a conduzissem (Leia-se: sugerimos, relembrámos, insistimos, «chateámos»…). E, lentamente a princípio, depois em velocidade de cruzeiro e, por último, como um veleiro veloz, a nossa embarcação seguiu viagem.

Afinal, muitos tinham muito a dizer! Afinal, Camões tinha a ver com tanta coisa! Afinal, «como é que nunca pensei nisso?» Afinal, ninguém queria conceber este país e o mundo sem o incontornável contributo do «nosso» Luís Vaz!

E, assim, multiplicaram-se as abordagens: Camões e os seus conhecimentos científicos; Camões e os valores intemporais e universais que defendeu; Camões em paralelo com escritores, da Antiguidade ou posteriores, nacionais ou símbolos de outras nações; Camões como inspirador da criatividade em todos os tempos; o Portugal de Camões e o de hoje; reflexões sobre o mérito e o correspondente reconhecimento que, como Camões, tantos não puderam usufruir; e muito, muito mais.

Convocámos todos, até alguns ex-alunos das nossas escolas, e agradecemos aos muitos que quiseram juntar a voz a este canto, bem como aos que, não tendo podido fazê-lo, nos honrarão com a sua leitura.

Esta é a «Porqu[L]ê N.º9» .

Olá!

Eu sou a Becre (acrónimo de Biblioteca Escolar Centro de Recursos Educativos) e fui criada pelo professor Cesário Matos como símbolo da Biblioteca da escola Morgado de Mateus, em 2010/2011.

Agora, fui convocada para ilustrar esta publicação!

Camões: Uma voz antiga para valores eternos

Num mundo cada vez mais acelerado e, por vezes, desatento ao legado do passado, é fundamental reconhecer que os grandes valores humanos não são modas passageiras, mas pilares que atravessam os séculos, adaptando-se às novas realidades sem perder a sua essência. Luís de Camões, figura maior da literatura portuguesa, é um exemplo incontornável de como a palavra poética pode carregar não só beleza estética, mas também princípios que ecoam até aos dias de hoje. Os seus versos são mais do que uma celebração do feito heroico ou da alma lusa, são também um testemunho profundo de valores que continuam a ser faróis no nosso tempo e do nosso Agrupamento de Escolas: Respeito, Resiliência e Responsabilidade

O Respeito, em Camões, assume diversas formas: pelo outro, pela pátria, pelos deuses, pelo amor. Em Os Lusíadas, a consideração pelos feitos dos navegadores e a reverência pela história mostram um profundo reconhecimento pelo que é maior do que o próprio eu. Hoje, o respeito continua a ser o alicerce das relações humanas, base de uma convivência ética e justa. Camões ensina-nos que respeitar é também compreender e valorizar o lugar do outro seja na batalha, seja no amor ou na vida.

A Resiliência é talvez o traço mais visível na obra camoniana. Os heróis da epopeia enfrentam monstros, tempestades, traições e o próprio destino. O poeta, ele mesmo, viveu na carne as agruras da existência, da pobreza ao exílio, sem jamais desistir de cantar a grandeza do ser humano. Esta capacidade de resistir, reinventar-se e persistir em tempos adversos é uma qualidade de que o mundo atual carece e que Camões, com a força da sua palavra, tão bem encarna.

Por fim, a Responsabilidade valor silencioso, mas presente em cada ação das personagens camonianas. A consciência do dever para com a pátria, o compromisso com os ideais de honra e glória e, até, a crítica aos abusos do poder mostram-nos que a liberdade só é plena quando acompanhada de responsabilidade. No século XXI, este valor é mais urgente do que nunca: responsabilidade ambiental, social, pessoal. Camões recorda-nos que o verdadeiro herói não é aquele que vence pela força, mas o que age com consciência e integridade.

Assim, revisitamos Camões não como um monumento do passado, mas como uma bússola para o presente. O poeta do século XVI continua a dialogar connosco, lembrando-nos que os grandes valores não envelhecem apenas ganham novas formas.

E nesta travessia que é viver, sejamos, como os seus navegadores, corajosos e atentos ao rumo que damos à nossa humanidade.

NOVO ANO LETIVO... NOVO DESAFIO!

O meu primeiro ano na função de coordenadora de um estabelecimento do AEMM é também o ano em que se celebra o quingentésimo aniversário de nascimento de Luís de Camões, um dos nomes mais sonantes da literatura portuguesa. Que o seu espírito de trabalho e a sua determinação me inspirem diariamente para levar este barco a bom porto!

Estes primeiros meses como coordenadora de uma escola que acolhe alunos do 5.º ao 8.ºanos foram repletos de desafios, aprendizagens e conquistas. Assumir esta responsabilidade exigiu dedicação, flexibilidade e uma grande capacidade de adaptação às necessidades de toda a comunidade escolar. Desde o início, percebi que o papel de coordenadora vai muito além da gestão organizacional. Implica também ser uma ponte entre professores, alunos e famílias, promovendo o diálogo e a cooperação. Cada dia trouxe-me uma nova situação para resolver, desde questões disciplinares a planeamento pedagógico, e isso fez com que cada momento fosse único e enriquecedor.

Paralelamente, procurei construir uma relação próxima com os alunos, acompanhando o seu percurso e ajudando-os a superar dificuldades académicas ou pessoais. Outro marco importante foi o diálogo constante com as famílias, essencial para construir um ambiente de confiança e corresponsabilidade.

Além de gerir as dinâmicas entre professores, alunos e famí-

lias, percebi rapidamente a importância crucial dos auxiliares da ação educativa no bom funcionamento da escola. Desde o início, procurei construir uma relação de proximidade e respeito com estes profissionais, reconhecendo que o seu trabalho é essencial para garantir um ambiente escolar organizado e acolhedor. Os auxiliares não só asseguram o cumprimento de regras e a manutenção de espaços, como também desempenham um papel significativo no acompanhamento diário dos alunos.

Apesar das exigências, este espaço temporal foi uma oportunidade de crescimento, não apenas profissional, mas também pessoal. Sinto-me grata por cada desafio superado e por cada conquista partilhada. Este é apenas o começo de uma jornada que, acredito, trará ainda mais oportunidades para transformar a escola num espaço de aprendizagem e desenvolvimento para todos.

Agradeço ao nosso Diretor - Ricardo Montes - e à sua equipa a confiança depositada em mim para assumir a coordenação da escola. É uma grande honra saber que acredita no meu trabalho. Assumo esse desafio com dedicação e o compromisso de contribuir para o crescimento da nossa comunidade escolar, promovendo um ambiente educacional cada vez mais acolhedor e eficiente.

Como diz Camões em Os Lusíadas, “Quem quis sempre pôde” (canto IX, estância 95)

Professora Ana Paula Ribeiro (Coordenadora de Estabelecimento da EB 2/3 Monsenhor Jerónimo do Amaral)

Luís Vaz de Camões, na Rota das Ciências!

Luís Vaz de Camões é uma das figuras mais emblemáticas da literatura portuguesa, tendo, com Os Lusíadas, dado um dos maiores testemunhos literários da Era dos Descobrimentos, imortalizando as conquistas e epopeias portuguesas. Embora seja sobretudo reconhecido enquanto poeta, a obra camoniana revela também um vasto conhecimento das ciências da sua época, especialmente em áreas como a Astronomia, a Geografia, a Matemática e as técnicas de navegação. Camões não era um cientista, mas a sua obra, profundamente enraizada no contexto dos Descobrimentos, reflete a importância desses conhecimentos para as grandes navegações portuguesas.

A formação académica de Luís de Camões está envolta em mistério. No entanto, acredita-se que Camões tenha estudado na Universidade de Coimbra, dado que as suas obras revelam profundos conhecimentos de temas como Latim, Literatura Clássica, Mitologia, Filosofia e História e sugerem uma educação que, para a época, seria compatível com o nível universitário.

Quanto à formação em ciências, não há registos de que Luís de Camões tenha recebido instrução formal nesta área. Na época, as ciências estavam intimamente ligadas aos conhecimentos práticos dos navegadores, que as usavam para explorar novas rotas e terras. Na obra Os Lusíadas, as descrições detalhadas e referências a conhecimentos geográficos, astronómicos, matemáticos, náuticos e fenómenos naturais, refletem uma curiosidade e um saber bastante avançados, características de um observador atento à ciência e à prática da navegação.

Este texto tenta responder a dois desafios improváveis: (i) explorar algumas ligações de Camões à ciência, analisando como a obra Os Lusíadas aborda temas científicos, e (ii) avaliar o impacto dos conhecimentos científicos e tecnológicos no sucesso das expedições portuguesas.

A Astronomia, essencial para a navegação marítima, é um dos principais temas científicos abordados em Os Lusíadas Camões faz várias referências às estrelas, particularmente, ao uso da Estrela Polar ou Estrela do Norte para determinar a latitude, da altura do Sol para determinar as localizações em alto mar e de outras estrelas para ajustar as direções das viagens. O uso destes conhecimentos era uma prática comum entre os navegadores portugueses e fundamental para a orientação durante as longas viagens transatlânticas e transcontinentais.

Os conhecimentos de Astronomia e das técnicas de navegação aparecem logo no Canto I de Os Lusíadas, onde Camões descreve a viagem de Vasco da Gama, referindo que a Armada Portuguesa já se encontrava no Oceano Índico, quando os deuses do Olimpo se reuniram em Concílio para decidirem se os Portugueses deveriam chegar à Índia.

Pisando o cristalino Céu fermoso, Vêm pela Via Láctea juntamente, Convocados, da parte de Tonante,

Os que habitam o Arcturo congelado E os que o Austro têm e as partes onde A Aurora nasce e o claro Sol se esconde

No Canto IV, Camões faz referência à observação do Sol, essencial para calcular a latitude.

Nocturna sombra e sibilante vento, Traz a manhã serena claridade, Esperança de porto e salvamento; Aparta o Sol a negra escuridade

A Geografia, especialmente a Cartografia e o conhecimento dos novos territórios, são outros temas importantes em Os Lusíadas. A obra descreve, de forma detalhada, os novos continentes e oceanos que iam sendo descobertos pelos portugueses. Embora, por vezes, as descrições fossem idealizadas ou imbuídas de elementos mitológicos, também refletiam um grande conhecimento geográfico.

Camões faz referência a vários lugares e características geográficas, como as costas africanas, o litoral da Índia e as ilhas do Pacífico, que, à época, eram pouco conhecidos pelos europeus. Faz também alusão às correntes marítimas e à direção dos ventos, como elementos essenciais à navegação. No Canto VI, descreve, com alguma precisão, a chegada de Vasco da Gama à Índia.

cumentam essas viagens, como também se celebra o papel dos navegadores e cartógrafos portugueses na expansão dos limites geográficos do mundo conhecido. Estas referências, além de conferirem à obra uma dimensão épica, também revelam a importância da Cartografia na construção do Império Português.

Apesar de a Matemática não ser um tema explícito em Os Lusíadas, é fundamental para as técnicas de navegação que são retratadas na obra. Durante o período dos Descobrimentos, a Matemática era essencial para determinar distâncias, calcular latitudes e longitudes e garantir a precisão das rotas marítimas.

Os navegadores utilizavam alguns instrumentos como o Astrolábio (media a altura e posição – latitude –dos astros no céu em relação à linha do horizonte), o Quadrante (media a distância percorrida através do ângulo de inclinação da Estrela Polar) e a Bússola (indicava a direção e o sentido norte magnético, aproximadamente norte geográfico), que requeriam conhecimentos matemáticos e geométricos

Embora Camões tenha idealizado alguns aspetos das terras e dos povos que os portugueses iam conquistando, a sua obra traduz um conhecimento geográfico prático, que terá ajudado os marinheiros a organizar as rotas de navegação. As viagens de exploração eram, na realidade, uma busca incessante por novos conhecimentos sobre o mundo, e em Os Lusíadas não só se do-

para calcular as coordenadas das rotas a percorrer. Camões, ao descrever a jornada de Vasco da Gama, transmite de forma clara a importância desses cálculos e da precisão científica para o sucesso das expedições marítimas. Na obra Os Lusíadas, os exploradores operam dentro da tradição matemática desenvolvida para a navegação. Camões estabelece uma forte ligação entre a astro-

nomia, o mar e a coragem dos portugueses, atribuindo um papel crucial aos conhecimentos científicos.

Em termos de Matemática Aplicada, o cálculo da latitude, a utilização de coordenadas e a medição de distâncias eram baseados em princípios geométricos e trigonométricos. A navegação era uma arte complexa e Camões, ao descrever como Vasco da Gama e os seus homens se orientavam no mar e como usavam estas ferramentas para determinar as suas posições, faz referência a um mundo em que a precisão matemática era vital para o sucesso das expedições.

A importância atribuída à observação e experiência da arte de navegar dos “rudos marinheiros”, é evidenciada no Canto V:

Os casos vi, que os rudos marinheiros, Que têm por mestra a longa experiência, Contam por certos sempre e verdadeiros, Julgando as cousas só pola aparência, E que os que têm juízos mais inteiros, Que só por puro engenho e por ciência Vêem do mundo os segredos escondidos Julgam por falsos ou mal entendidos.

Se Camões não tivesse existido, talvez o mundo estivesse exatamente igual ou não! A figura de Luís de Camões é incontestável na cultura portuguesa. Na sua obra, Camões integra saberes científicos de forma subtil e poética, atribuindo muita importância às ciências e às suas aplicações no sucesso das viagens e das novas descobertas. Através da literatura, Camões celebrou o saber científico do seu tempo, contribuindo para a construção de uma imagem do império português não só como um projeto militar e político, mas também como um projeto científico. Os Lusíadas não são apenas uma obra literária, mas um reflexo das conquistas científicas de um tempo em que as fronteiras do conhecimento estavam em constante expansão. Camões, com a sua visão poética, foi capaz de transformar a ciência em poesia e de nos oferecer um retrato da grandiosidade de uma época de descobrimentos e inovações.

Ensino/Educação: Ciência

Em Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões incorpora diversas referências científicas, nomeadamente na descrição de fenómenos naturais, na arte da navegação e na cosmologia. No livro “A Astronomia dos Lusíadas”, Luciano Pereira da Silva (1864-1926), o autor, afirma que "Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios da astronomia, como ela se professava no seu tempo" e que o Tratado da Sphera (1537), de Pedro Nunes (1502 - 1578), pode ser considerado a sua principal fonte astronómica.

As referências astronómicas estão especialmente presentes no último canto, quando a ninfa Tétis, deusa do mar, revela a Vasco da Gama a Máquina do Mundo. Nesse momento, evidencia-se a influência da visão ptolomaica medieval do Universo na obra de Camões, encerrando a jornada dos navegadores portugueses com uma representação grandiosa do cosmos e do futuro. A personagem Tétis guia Vasco da Gama e os navegadores numa revelação sobre a estrutura do universo, incluindo a posição dos astros e a organização celeste. A Máquina do Mundo não é um tratado científico de cosmogonia no modelo ptolomaico, mas antes uma conceção cósmica transmitida no cenário mítico da Ilha dos Amores. Por exemplo, na estrofe 86 do Canto X, Camões inicia a explicação sobre o funcionamento do universo «Com este rapto e grande movimento/ Vão todos os que dentro tem no seio;». A ideia de um grande movimento pode ser associada à teoria geocêntrica de Ptolomeu, segundo a qual os planetas e as estrelas estão fixos em esferas concêntricas em torno da Terra.

Prossegue «Debaixo deste leve, anda outro lento,», aqui Camões descreve o movimento das esferas celestes, que giram conduzindo consigo os astros e os planetas. Na estrofe 89, menciona explicitamente os planetas conhecidos na época, seguindo a hierarquia dos céus: «Debaxo deste grande Firmamento,/ Vês o céu de Saturno, Deus antigo;/ Júpiter logo faz o movimento,/ E Marte abaxo, bélico inimigo;/ O claro Olho do céu, no quarto assento,/ E Vénus, que os amores traz consigo;/ Mercúrio, de eloquência soberana;/Com três rostos, debaxo vai Diana.». A partir desta descrição, podemos ver que Camões segue o modelo geocêntrico, com a Terra ao centro e, nos círculos concêntricos que a envolvem, Saturno, Júpiter, Marte, o Sol ("Olho do Céu"), Vénus, Mercúrio e, finalmente, a Lua ("Diana").

O poeta também convida o leitor a contemplar as constelações, mencionando «de Cassiopeia a fermosura» e «do Orionte o gesto turbulento» (X, 88).

Para além da astronomia, Camões faz alusão a instrumen-

tos náuticos, como o astrolábio, «Mas agora com o novo instrumento do astrolábio» (V, 25).

Outras passagens demonstram uma compreensão intuitiva da relação entre o Sol e os fenómenos naturais. No Canto I, estrofe 28, encontramos uma referência ao impacto da luz solar sobre o mar: «Prometido lhe está do Fado eterno,/ Cuja alta Lei não pode ser quebrada,/ Que tenham longos tempos o governo/ Do mar, que vê do Sol a roxa entrada./ Nas águas têm passado o duro inverno;» Esta passagem pode ser interpretada como uma antevisão da influência da luz solar na temperatura e no comportamento da água. Camões descreve com grande detalhe o mar e seus fenómenos, como as tempestades, os ventos e marés.

Embora, à época, a compreensão física destes eventos fosse limitada, o poeta já se referia a forças naturais que hoje são estudadas pela física moderna. A descrição dos ventos e da navegação é uma constante na obra: «Os ventos brandamente respiravam,/ Das naus as velas côncavas inchando;» (I, 19).

Camões também reflete sobre os diferentes modos de conhecimento na sua época. No Canto V, estrofe 17, estabelece um contraste entre o saber empírico dos marinheiros e o conhecimento racional baseado na ciência: “Os casos vi, que os rudos marinheiros,/ Que têm por mestra a longa experiência,/ Contam por certos sempre e verdadeiros,/ Julgando as cousas só pola aparência,/ E que os que têm juízos mais inteiros,/ Que só por puro engenho e por ciência/ Vêm do mundo os segredos escondidos,/ Julgam por falsos ou mal entendidos.”. Aqui, Camões sugere que o conhecimento empírico e a ciência podem entrar em conflito, mas ambos desempenham um papel fundamental na compreensão do mundo.

Muitos dos conceitos descritos por Camões, como os movimentos celestes, as forças do mar e os ventos, a influência da luz solar, são hoje explicados por teorias da física moderna, incluindo a mecânica celeste, termodinâmica e a dinâmica de fluidos. A obra camoniana, para além do seu valor literário e histórico, revela assim uma profunda ligação entre a poesia e o conhecimento científico da sua época.

Bibliografia: Camões e Copérnico, Ciência em Portugal - Episódios, https://cvc.institutocamoes.pt/ciencia/e52.html, consultado em 8 de fevereiro de 2025; A ciência em Camões, Carlos Fiolhais, https://www.uc.pt/site/assets/ files/1745474/109245754.pdf, consultado em 8 de fevereiro de 2025; Rodrigues, F. 2017. A Astronomia na Obra de Camões. Boletim do Instituto Histórico da ilha Terceira. Volume LXXV: 211-233.

Geografia, fonte de inspiração!

A Geografia é uma ciência que devido ao seu objeto de estudo – mar, rios, florestas, montanhas, clima, população, cidades – inspira poetas, pintores, designers de moda, entre muitos outros criadores.

Assim aconteceu com Luís Vaz de Camões, um SUPERIOR poeta, que deixou bem patente em toda a sua obra, épica e lírica, como a Geografia o inspirou. Quem não se lembra do bucolismo e beleza dos poemas «A fermosura desta fresca serra» e «Verdes são os campos»?

Camões tinha um conhecimento muito lato da Geografia e foi muito além da simples enumeração de acidentes naturais, de cidades, montanhas e rios. Na sua obra MAIOR, Os Lusíadas, o poeta faz uma descrição detalhada da Geografia das regiões por onde os navegadores portugueses passaram, relacionando a configuração da Terra, o relevo, o clima, as produções naturais e os habitantes desses territórios. Essa abordagem combina conhecimentos geográficos da época, mitologia, observações dos Descobrimentos portugueses e descreve oceanos, continentes, montanhas e ilhas.

A vastidão do oceano Atlântico surge logo no Canto I: «Já no largo Oceano navegavam, / As inquietas ondas apartando; / Os ventos brandamente respiravam, / Das naus as velas côncavas inchando» , (I; 19) – realçando o impacto dos ventos na navegação.

A grandiosidade dos territórios da costa africana, dos mares desconhecidos, surge em vários momentos – «Já descuberto tínhamos diante / Lá no novo Hemispherio nova estrella, / Não vista de outra gente, que ignorante/ Alguns tempos esteve incerta dela» (V; 14). E a estranheza do clima tropical vem referida como « aquellas regiões / Por onde duas vezes passa Apolo / Dous invernos fazendo e dous verões» (V; 15), assim como as tempestades marítimas «...tempo de tormenta e vento esquivo / De tempestade escura e triste pranto» (V; 18).

Também as riquezas naturais, a abundância agrícola («Mil árvores estão ao ceo subindo, /Com pomos odoríferos e belos: / A laranjeira tem no fruito lindo / A côr que tinha Daphne nos cabelos», (IX; 56), frutos exóticos e especiarias são apresentados (“Os dões que dá Pomona, ali Natura / Produze, diferentes nos sabores, / Sem ter necessidade de cultura, / Que sem ela se dão muito milhores”, (IX; 58)

Surgem, igualmente, na sua narrativa, os povos locais, as suas culturas e hábitos e as suas reações aos portugueses. Algumas passagens exaltam a grandiosidade dos europeus, enquanto outras reconhecem o valor e a coragem dos povos nativos («Por aqui rodeando a larga parte / De Africa, que ficava ao Oriente, /A provincia Jalofo, que reparte / Por diversas nações a negra gente» V; 10). E reconhece, noutro passo, o valor dos povos africanos: «Mas logo ao outro dia seus parceiros, / Todos nus e da côr escura da treva, / Descendo pelos ásperos outeiros /…/ Domesticos já tanto e companheiros» V; 30.

Em suma, tanto nas Rimas como em Os Lusíadas se estabelece uma forte relação entre geografia, clima, recursos naturais e população. Camões mescla conhecimento científico da época, observação empírica (o saber «de experiência feito») e elementos mitológicos, para construir um retrato épico do mundo conhecido e recém-descoberto.

Foi, sem sombra de dúvida, o mais geógrafo dos nossos poetas!

Ensino/Educação: Litera tura

USÍADAS A EPOPEIA QUE

DESAFIA OS DEUSES SUPERA OS CLÁSSICOS

Professora Eugénia Paula Almeida

Citar um autor é, provavelmente, a maneira mais simples de se escrever sobre ele, sobretudo quando se trata do maior vulto da literatura portuguesa, mas, por outro lado, acresce em responsabilidade. E falar sobre os nossos nunca foi tarefa fácilCamões tinha essa consciência bem vincada: ” -« Mandas-me, ó Rei, que conte declarando/ De minha gente a grão genealogia;/ Não me mandas contar estranha história,/ Mas mandas-me louvar dos meus a glória.»”.

Mergulhado no espírito renascentista e, com ele, o estudo dos clássicos com rigor e minúcia, Camões poetizou a mulheras mulheres -, a natureza, a vida, a omnipotência trágica do destino, a morte, não ignorando a sua vida sofrida, marcada por rixas, por exílios, e por oceanos sinuosos. Mas a sua marca indelével e universal está na ousadia de pôr em versos as gestas grandiosas de uma nação, a sua, o povo luso, e, deste modo, arriscar-se a ser comparado aos grandes da antiguidade clássica.

Embora tenha sido profundamente influenciada pela Ilíada e Odisseia, de Homero, e pela Eneida, de Virgílio, Os Lusíadas é uma das maiores epopeias da literatura universal, superando as epopeias dos mestres clássicos. As obras épicas da antiguidade clássica retratam feitos heroicos de figuras mitológicas ou lendárias; a epopeia de Camões eleva figuras históricas reais, homens “cujas mães choraram”, “os filhos em vão rezaram”, “as noivas ficaram por casar”, em nome de um sonho, o sonho marítimo, o sonho da posse do mar, ainda que tal implicasse sofrimento. Mas a teoria do heroísmo é uma teoria de sacrifício! Assim, Camões é genialmente inovador ao misturar o real e o mitológico, usando a estrutura épica para exaltar a alma atlântica dos portugueses.

Além disso, o poeta supera os modelos clássicos ao introduzir uma nova visão do mundo. Se as epopeias clássicas são marcadas pelo determinismo dos deuses em relação aos homens, Camões apresenta um humanismo renascentista, no qual os feitos heroicos são fruto do esforço humano, da coragem e da perseverança que os eleva a um patamar quase divino porque, movidos pelo sonho de um rei e do seu povo, “passaram ainda além da Taprobana / mais do que prometia a força humana”, ainda que o destino e os deuses tenham papel importante na narrativa.

A excecionalidade da obra e o seu caráter inovador advém, também, da riqueza poética e da fusão entre elementos épicos e líricos. Camões, com a sua mestria na língua portuguesa, consegue unir a grandiosidade da epopeia com momentos de intensa emoção e reflexão filosófica, como no episódio do “Adamastor” e na “Máquina do mundo”, que superam as descrições heroicas tradicionais ao trazerem um tom trágico e existencial.

A superação das epopeias de Homero e Virgílio é visível, ainda, na forma como o nosso épico reflete a realidade histórica do seu tempo. Se a Odisseia, a Ilíada e a Eneida estão ligadas a mitos e fundações de impérios, Camões exalta o auge da expansão marítima portuguesa e, simultaneamente, prenuncia a sua decadência, trazendo uma visão crítica e consciente da história. Assim, ao unir tradição e inovação, o nosso épico não só dialoga com as epopeias clássicas, como as transcende, criando uma obra que celebra as façanhas fantásticas e excecionais de um povo e reflete sobre a condição humana, esse “bicho da terra tão pequeno”, e o papel da glória e do heroísmo na história.

Consciente da excecionalidade dos feitos lusos e da sua eloquência, a que as Tágides não são alheias, e movido de ânimo, vontade e euforia, marcados pelo uso intencional de “a”(prótese) em “alevante”, como forma de reproduzir na escrita a sonância da sua voz e a euforia da sua alma, Camões permitiu-se, num tom alto e sonoroso, ordenar que “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta” - Os Portugueses.

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Luís Vaz de Camões nasceu em 1525, Camilo Castelo Branco em 1825. O primeiro celebra 500 anos de vida, o segundo 200. Em análise estas duas personalidades de referência da literatura portuguesa.

No ano de 2025, a literatura portuguesa celebra dois dos seus nomes mais notáveis, Luís de Camões, o poeta renascentista, e Camilo Castelo Branco escritor romântico. Embora separados por três séculos, estão unidos por uma temática central nas suas obras: o Amor.

Cada um, à sua maneira, apresenta o tema com traços únicos e distintos, refletindo os valores das suas épocas e dos seus estilos, além da sua própria complexidade humana e das suas vivências.

Camões, na sua poesia lírica, mergulha no amor como um paradoxo, em versos que oscilam - em duas medidas - entre o tradicional e o renascentista. Os seus poemas exploram um sentimento contraditório, alternando entre o platónico, que enaltece uma amada idealizada à maneira petrarquista, e o sensual, que a deseja e lamenta a sua ausência. Nos seus versos, o amor é descrito como “um fogo que arde sem se ver”, uma força misteriosa que nasce não se sabe onde (“Um não sei quê, que nasce não sei onde / Vem não sei como, e dói não sei porquê”).

Para Camões, o amor é uma experiência que pode, por si só, levar à perdição (Erros meus, má fortuna, amor ardente / Em minha perdição se conjuraram; / Os erros e a fortuna sobejaram, / Que para mim bastava amor somente”), mas ele não teme a ambiguidade e, apesar de reiterar Amor não vi senão breves enganos em tom autobiográficodas”.

Camilo Castelo Branco, na sua prosa romântica, aborda o amor de forma mais intensa e trágica. Na obra Amor de Perdição, o autor retrata o amor proibido, passional e trágico, que desafia as normas sociais ou a autoridade dos pais. Camilo, ele próprio preso por amar Ana Plácido, explora o amor como uma força que não pode ser controlada ou contida, que supera a razão e os limites do aceitável. É intenso, irracional e impulsivo e pode tanto exaltar quanto destruir aqueles que o vivem. Simão, herói romântico da obra, “amou, perse e morreu amando”.

Apesar das diferenças de época e de estilo, ambos os autores concordam com a ideia de que o amor é uma experiência profunda, por vezes transgressora e muitas vezes sofrida. Enquanto Camões o expressa em versos que refletem a coexistência entre o ideal e o sensual, Camilo retrata-o em prosa, destacando a paixão e a tragédia que acompanham o amor proibido.

Luís de Camões pinta o amor como um jogo de luz e sombra, onde a saudade e o desejo coexistem. Camilo Castelo Branco transforma-o numa tempestade romântica, onde os amantes são devorados pela própria intensidade.

Em 2025, ao celebrarmos os 500 anos de Camões e os 200 de Camilo, lembramos que, na literatura portuguesa, o amor nunca foi simples. É fogo que ilumina e queima e continua a ser uma fonte inesgotável de inspiração.

Será caso para perguntar: Mas como causar pode seu favor / Nos corações humanos amizade / Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”.

Auguste Rodin : LaCathédrale, 1908, pierre, Musée Rodin, Paris, France.

Mafalda Pinto, 12ºB

Ensino/Educação: Litera tura

Viagens e Metamorfoses

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Quinhentos anos do nascimento de Luís de Camões e centenário da morte de Franz Kafka – à partida dois grandes escritores que nada têm em comum. No entanto, apesar de separados por séculos e pertencentes a contextos históricos, literários e culturais muito distintos, continuam a influenciar a literatura e a forma como entendemos a condição humana.

Focando-me mais na vida e obra do autor checo de língua alemã, considerado um dos mais influentes do século XX, é importante referir que a sua obra explora temas como burocracia opressiva, alienação, culpa e absurdo, muitas vezes em narrativas sombrias e surreais.

Kafka, que estudou Direito na Universidade de Praga, trabalhou como funcionário de uma companhia de seguros, experiência que influenciou a sua visão crítica sobre a burocracia que, segundo o escritor, trata os indivíduos como meros instrumentos de produção, descartáveis quando deixam de ser úteis. Esta visão sobre a burocracia está presente numa das obras mais conhecidas de Kafka: A Metamorfose.

À primeira vista, e continuando o paralelismo entre Kafka e Camões, A Metamorfose nada tem a ver com a obra prima de Camões Os Lusíadas, contudo, podemos encontrar algumas semelhanças. Ambas falam sobre o destino, a solidão e o sofrimento humano. A personagem principal de A Metamorfose , Gregor Samsa, acorda um dia transformado em inseto. A sua vida mudou para sempre. Aos poucos é rejeitado, fica isolado até morrer esquecido. Em Os Lusíadas, os navegadores portugueses enfrentam desafios enormes, sem saber se voltarão para casa. Muitos morrem no mar, e nem todos são lembrados. Tanto Camões como Kafka falam sobre a fragilidade do ser humano diante de forças maiores, embora cada um à sua maneira.

Outra temática em comum é a ideia de destino e falta de controle sobre a própria vida pois, nas duas obras, os protagonistas são levados por acontecimentos que não compreendem e contra os quais pouco podem fazer.

A solidão também está presente nas duas narrativas: Gregor Samsa é abandonado pela família e os marinheiros d’Os Lusíadas passam anos longe de casa, enfrentando o medo do desconhecido.

Os Lusíadas e A Metamorfose mostram como o ser humano lida com desafios e com o sofrimento.

A obra de Kafka, em particular, continua extremamente atual. Hoje em dia, muitas pessoas vivem rotinas sufocantes, enfrentando dificuldades para encontrar um propósito na vida. Tal como o protagonista de Kafka, há, atualmente, quem se sinta invisível e descartável numa sociedade que valoriza o que é vantajoso e imediato.

É inegável que esta obra reflete desafios modernos, como a ansiedade e a pressão social. O génio da prosa introspetiva não retratou apenas a sua época, mas antecipou dilemas que ainda definem a condição humana no século XXI.

O Amor na Obra de Camões: um sentimento atemporal

Este ano celebramos os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, um dos maiores poetas da língua portuguesa. Entre os muitos temas abordados na sua obra, o amor ocupa um lugar central, manifestando-se tanto na sua poesia lírica quanto na sua epopeia Os Lusíadas. A sua visão do amor, marcada pela dualidade entre idealização e sofrimento, aproxima-se de outras grandes vozes da literatura universal, como William Shakespeare e Fernando Pessoa.

Nos seus sonetos, Camões retrata um amor intenso e contraditório. Apresenta a mulher amada como uma figura idealizada, inatingível, capaz de causar tanto êxtase quanto dor. O amor, para o poeta, é frequentemente associado ao destino e à fatalidade, tornando-se um sentimento avassalador e inevitável.

Mesmo numa epopeia dedicada às conquistas marítimas portuguesas, o amor surge como um elemento essencial. O episódio de Inês de Castro (Canto III) ilustra a força do amor trágico, enquanto a Ilha dos Amores (Canto IX) representa um amor mais sensual e recompensador.

O trágico romance entre Inês de Castro e D. Pedro, imortalizado nos versos de Camões, tornou-se uma das histórias de amor mais emblemáticas da literatura portuguesa. A intensidade deste amor proibido e a sua fatalidade inspiraram não só escritores ao longo dos séculos, mas também cineastas, como António Ferreira, que adaptou a história ao cinema no filme

Pedro e Inês (2018), trazendo uma nova interpretação desta lenda intemporal.

A intensidade trágica do amor em Camões encontra eco em Romeu e Julieta de William Shakespeare, onde o sentimento ultrapassa as barreiras sociais e conduz à fatalidade.

Séculos depois, a visão do amor como algo introspetivo, melancólico e subjetivo aparece na obra de Fernando Pessoa, como é exemplo o poema O Amor, quando se revela.

A visão do amor na literatura moderna diversificou-se, refletindo novas dinâmicas sociais e emocionais. Autores como Gabriel García Márquez, em O Amor nos Tempos do Cólera, exploram o amor como algo que resiste ao tempo, enquanto Milan Kundera, em A Insustentável Leveza do Ser, questiona a efemeridade dos sentimentos.

Na literatura atual, o amor aparece não apenas como idealização, mas também como um processo complexo, marcado por desafios emocionais, psicológicos e culturais.

O amor na obra de Camões transcende o tempo e continua a ser uma fonte de inspiração e um legado que perdura. Ao celebrar os 500 anos do poeta, refletimos não só sobre a sua grandiosa contribuição para a literatura, mas também sobre a universalidade dos sentimentos que ele tão bem soube expressar. Afinal, quem nunca sentiu que o amor é, ao mesmo tempo, fogo que arde e que não se vê?

Ensino/Educação: Litera tura

Professora Olinda Fontes

Ecos do Passado, Reflexos do Presente

Este ano assinala-se o quinto centenário de Luís de Camões, poeta que não só imortalizou a língua portuguesa, como a projetou para além das fronteiras, tornando-se um símbolo da identidade e da cultura lusófona. A literatura tem o poder de moldar uma língua, enriquecendo-a e perpetuando-a, ao mesmo tempo que nos permite refletir sobre a condição humana – as suas ambições, os seus medos e as suas contradições.

Nesse sentido, escritores como Camões, Molière e Cervantes permanecem referências incontornáveis, não apenas no âmbito da língua que representam, mas também da literatura universal. Três autores, três épocas distintas, unidos pela capacidade de explorar os grandes dilemas da humanidade. Seja na exaltação dos feitos e desventuras dos navegadores portugueses, na sátira mordaz dos costumes da sociedade francesa ou na crítica subtil à ilusão e à realidade na Espanha do Siglo de Oro, as suas obras continuam a ecoar no presente, desafiando-nos a repensar quem somos e o mundo que construímos.

Camões e Cervantes exploram, de forma distinta, a realidade das suas épocas, refletindo sobre a grandeza e os riscos da aventura. Os Lusíadas exaltam os feitos dos navegadores portugueses, enaltecendo a coragem de quem desafia o desconhecido e enfrenta perigos, apesar das advertências do Velho do Restelo, que denuncia as ambições desmedidas e os custos da conquista. Já Dom Quixote, considerado o primeiro romance moderno e ainda hoje uma obra universalmente reconhecida, apresenta um protagonista que se lança em aventuras disparatadas, convencido de que vive num mundo de cavaleiros destemidos e gestas heroicas.

Miguel de Cervantes, cuja vida foi marcada por provações, construiu uma obra que parodia os romances de cavalaria, revelando o embate entre sonho e realidade, ilusão e desengano. No entanto, tanto o mestre da língua castelhana como o poeta da língua portuguesa refletem, nas suas narrativas, os desafios e ilusões que acompanham a humanidade ao longo dos tempos.

Camões e Cervantes exploram a coragem e a ilusão, Molière, por sua vez, traz um olhar mordaz sobre a sociedade do seu tempo. Sob a proteção de Luís XIV, tornou-se um dos maiores dramaturgos franceses, modernizou o teatro e a sua comédia serviu de crítica social. A sua divisa, castigat ridendo mores ("corrige os costumes rindo"), reflete bem o seu propósito: expor a hipocrisia, os jogos de poder e a futilidade da sociedade. Em peças como Le Bourgeois gentilhomme ou Le malade imaginaire, ridiculariza quem se preocupa mais em parecer do que em ser. Nas suas obras explorou diferentes registos da língua, da nobreza ao povo, com ironia e precisão e não é por acaso que a língua francesa é chamada de la langue de Molière. Será que a sua crítica faz sentido na realidade atual? Basta consultar os meios de comunicação social para aceder a inúmeros casos que definem a sociedade atual.

O que verdadeiramente une estes três escritores – e que continua a tornar as suas obras intemporais – é a capacidade de refletir sobre a condição humana. Camões elevou a língua portuguesa a um patamar imortal, transformandoa num veículo de epopeias e emoções profundas. Cervantes revolucionou a narrativa moderna, explorando com ironia e melancolia o embate entre idealismo e realidade. Molière, por sua vez, fez do riso uma arma poderosa, desmascarando hipocrisias e vícios sociais com a sua sátira mordaz.

Os tempos mudam, mas as inquietações humanas persistem. Continuamos a arriscar, a iludir-nos, a esconder-nos por detrás de aparências. Ainda há aventureiros que desafiam os limites, sonhadores que confundem fantasia com realidade e sociedades que mantêm convenções e máscaras. E talvez por isso, mesmo passados séculos, Camões, Cervantes e Molière continuam a falar de nós – e a desafiar-nos a olhar para o mundo e para nós próprios com um olhar mais atento e crítico.

Cervantes

Molière

Mosaico criado pelo ateliê Mozarte - Arte & Terapia (de José Machado)
(Esboço de Teresa Margarida Capela)
Camões “Numa mão sempre a espada e noutra a pena"

Ensino/Educação: D e s a fios

V

ALORES CLÁSSICOS CAMONIANOS E PASEO: UMA ENCRUZILHADA DA EDUCAÇÃO MODERNA

Há séculos, quando imortalizou marinheiros, guerreiros e outros ilustres lusíadas, o nosso Épico defendeu a honra, a dignidade, a coragem e o espírito de sacrifício, qualidades rogadas a quem pretendesse alcançar os graus maiores e o reconhecimento, tudo e sempre por mérito próprio. No escrutínio de Camões, num mundo mais justo e concertado, o trabalho árduo, o rigor, a persistência e a resiliência deveriam ser condições sine qua non para se alcançar o sucesso. De facto, o autor dos versos “Verdadeiro valor não dão à gente; / Essas honras vãs, esse ouro puro / Melhor é merecê -los sem os ter / Que possuí-los sem os merecer.” (Os Lusíadas. Canto IX, estância 93), que segurou “numa mão a pena e noutra a lança”, que - pela genialidade da obra com que engrandeceu a pátria - nos concedeu um feriado nacional e que“braço às armas feito” - perdeu um olho em Ceuta, proclamou, de forma reiterada e veemente, os seus conceitos de identidade, de exigência e de excelência, não apenas nos exemplos heroicos da matéria épica, mas também - e essencialmente - nas reflexões mordazes e construtivas que apimentam o final dos seus dez cantos, porque nem só de elogios se alimenta o homem, “bicho da terra tão pequeno”, ser frágil e imperfeito que, para poder crescer, deve reconhecer e corrigir os seus erros, fintar o destino e testar os seus limites, “Pelo trabalho imenso que se chama / Caminho da virtude, alto e fragoso / Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso”.

Poderíamos dizer que os tempos mudaram - como tinha de acontecer - e algumas vontades também. Poderíamos sentir-nos tentados a apontar o dedo às gerações modernas - gesto quiçá injusto, como qualquer generalizaçãopela falta de horizontes, pelo comodismo, pela escolha da facilidade, da passividade, da inércia. Porém, as lamentações do Poeta - o épico das reflexões de Os Lusíadas e o lírico que, nas Rimas, denunciou o “Desconcerto do Mundo” - já mostravam que, em todas as eras, incluindo a gloriosa, a História testemunhou triunfos imerecidos: o da preguiça, o da desonestidade, o da hipocrisia, o da arrogância, o da corrupção, o da ignorância ou da pseudo “excelência”, vícios com os quais não nos deveríamos conformar em época nenhuma e em circunstância nenhuma.

A Escola atual tem por referência o PASEO (Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória) e reflete, naturalmente, a evolução da sociedade e da história da educação. O contexto social e tecnológico, a globalização e as inovações digitais influenciaram e transformaram as expectativas quanto a conhecimentos a adquirir, competências a desenvolver e desempenhos a observar. A par de preocupações sociais, ambientais e outras e dos desafios atuais de adaptação a um mundo constantemente conectado, que pressupõem a aquisição de aptidões tecnológicas e de literacia digital, o perfil traçado (não em jeito de padronização, mas respeitando a individualidade de cada um) ainda reflete os valores clássicos camonianos: a base humanista; a busca incessante do saber; a valorização da aprendizagem, da comunicação e da cultura (bem como da multiculturalidade e da inclusão, para as

quais Camões nos preparou); a flexibilidade, a adaptabilidade e a ousadia; a conduta regida por princípios éticos e morais. Reflexo moderno de valores clássicos e atemporais, o perfil atualmente desejado é ambicioso e alcançá-lo (genuinamente, sem os facilitismos que promovem a mediocridade) pode revelar-se tarefa árdua. São muitos os nossos alunos que, de olhar posto no horizonte, se entregam às suas tarefas - escolares e outras - com a garra e a constância necessárias. Em velocidade de cruzeiro e “com buscar, co seu forçoso braço”, navegam, lutam, superam-se e chegam ao destino desejado. Lamentavelmente, outros escolhem desperdiçar os seus talentos. Desorientados ou acomodados, não tentam explorar as suas capacidades intelectuais, artísticas, desportivas ou outras. Poupando esforços, sucumbindo aos medos e evitando as dores do sacrifício, alguns dos nossos jovens (uma minoria, espero!) deixaram de navegar nas águas profundas e salgadas da busca do (auto) conhecimento e da verdade, preferindo boiar em águas calmas e doces, mantendo-se à superfície, contentando-se com pouco, iludidos num desconcertante “tanto faz” e distantes no tempo e na vontade dos trabalhos lendários daqueles que, “Mais do que prometia a força humana”, desbravaram mares e enfrentaram os seus Adamastores ou daquele outro, de extraordinária erudição, que terá salvado a nado o seu manuscrito d’Os Lusíadas. Cabe à Escola saber orientar uns e outros para que se aproximem do PASEO, cujos princípios e valores se alinham com os camonianos.

Hoje como ontem, pretendemos transmitir aos nossos jovens - a quem entregaremos o futuro do país - a magnitude de atitudes expeditas, laboriosas e cívicas; a grandeza de pensar crítica e autonomamente; a importância da responsabilidade e da consciência (de si, dos outros, do mundo); a dignidade de querermos apenas aquilo que fazemos por merecer: se for pouco, que seja, desde que seja nosso; se for muito, tanto melhor, já que se traduzirá em aprendizagem, qualidade, sucesso, crescimento, valorização pessoal e preparação para uma vida ativa e produtiva.

Hoje como ontem, desejamos grandes conquistas, sonhamos construir o nosso império individual e coletivo, ainda que os caminhos a desvendar sejam outros e nos pareçam, tantas vezes, labirínticos e agrestes. Ambicionamos o desenvolvimento pessoal; a intervenção social; o respeito pelos direitos, garantias e liberdades; o exercício da cidadania plena, colaborativa e solidária, que rejeite quaisquer formas de discriminação e de exclusão.

Procuremos, portanto, equilibrar a transmissão dos valores clássicos com as necessidades e as vicissitudes do mundo moderno. Continuemos a fazer soar bem alto, nas encruzilhadas da Escola atual, a trombeta camoniana, para fazer valer a lei do maior esforço, para apregoar os valores épicos e éticos, para promover o civismo, a humildade, a responsabilidade, a integridade, a dedicação, o querer aprender e a vontade de sonhar e de fazer!

Francisca Geraldes, 12ºA (Presidente da AEESMM)

A escola é um mar vasto de desafios e oportunidades e a Associação de Estudantes é a nau que guia os alunos nesta viagem. Luís de Camões, em Os Lusíadas, imortalizou a coragem daqueles que desafiaram os oceanos, enfrentando o desconhecido. Tal como os navegadores portugueses de outrora, também a Associação de Estudantes se lança todos os anos à aventura, com determinação e espírito de liderança, para representar os alunos e defender os seus interesses.

Ser aluno é, muitas vezes, enfrentar "mares nunca dantes navegados". A Associação de Estudantes assume o papel de timoneiro, fomentando atividades recreativas, culturais e desportivas de forma a promover a socialização e a inclusão e dando voz aos alunos, criando um ambiente escolar mais dinâmico.

Como escreveu Camões: “Um fraco rei faz fraca a forte gente”, e o mesmo se aplica à escola: sem liderança e participação ativa, não há progresso. Enquanto membros da Associação de Estudantes, temos a função de unir os alunos porque é preciso continuar a navegar e estamos aqui para garantir que nenhum aluno fica à deriva.

Assim, inspirados na ousadia dos navegadores e na grandeza da poesia camoniana, seguimos em frente. Porque a escola, como a vida, é uma epopeia e cabe-nos a nós escrever os seus versos, sem nos esquecermos que, tal como outrora o mar foi dos navegadores portugueses, a escola é e sempre será dos alunos que navegam em direção ao futuro.

Ensino/Educação:D e s a fios

UM MOTE PARA LUÍS DE CAMÕES

E se, a Luís Vaz de Camões, o nosso ilustre poeta e dramaturgo, fosse pedido que falasse sobre a Educação Física?… Seria ele capaz de expressar a sua visão, de maneira poética e reflexiva, ressaltando a importância do corpo e do espírito ou, simplesmente, deixava passar o desafio já que à época o tema pouco dizia?

E se fosse poeta nos nossos tempos? Saberia dar importância a esta área curricular que desempenha um papel fundamental na formação das crianças e dos jovens contribuindo não apenas para o desenvolvimento físico, como também para o emocional e o social? Ou, pelo contrário, deixaria passar?

A Educação Física nas escolas ainda hoje é pouco valorizada sendo mesmo tida como de menor importância quando comparada com outras disciplinas do currículo escolar.

Mas será realmente uma disciplina de menor importância ou será que a sociedade ainda não a enquadrou como uma disciplina que vai muito para além da simples prática desportiva?

Para melhor compreendermos e enquadrarmos a Educação Física devemos começar por conhecer a sua função social, já que, através das suas práticas e atividades, promove a socialização, estimula o espírito de equipa, elimina barreiras sociais e promove o gosto pelo cumprimento de regras. O convívio na prática desportiva evidencia a liberdade cognitiva e emocional dos alunos potenciando o respeito e a tolerância, a inclusão e a diferença, desenvolvendo o controle evolutivo de comportamentos, valores, normas e atitudes. A competição desportiva e o resultado desportivo na aula de Educação Física são meios para estimular os alunos a ganharem atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade para com o próximo.

Outra das funções da aula de Educação Física que merece ser enquadrada na disciplina é o contributo para o reconhecimento por parte dos alunos da importância da adoção de um estilo de vida saudável. Este contributo, assente na prática de exercício físico de forma contínua e de intensidade recomendada para a sua idade, melhora de forma significativa a aptidão física, a saúde cardiometabólica, a saúde óssea, a cognição e a redução da gordura corporal, contribuindo para um crescimento saudável.

Por fim, no seu objetivo primordial, a Educação Física, enquanto disciplina curricular, promove o conhecimento e desenvolvimento motor que, aliados ao desenvolvimento da capacidade cognitiva, se tornam fundamentais para a inteligência desportiva espelhada na capacidade de raciocínio rápido necessário para executar os gestos técnico/ táticos de qualquer atividade desportiva.

Ora, nesta visão da importância da Educação Física, o Luís Vaz seria capaz de produzir pelo menos um soneto para valorizar esta disciplina escolar Aqui fica o mote, esperemos que aceite o desafio e escreva o resto

Ó jovens do mundo, cultivai o corpo forte, Como fazeis da mente, que ávida é de saber, Pois em equilíbrio reside a nobre sorte, Na saúde que nos faz viver e crescer.

Camões exaltava o conhecimento e a excelência. Valorizava tudo o que permitisse ampliar as capacidades humanas. A expressão “SER PRO” desafia a essência do espírito, da ação e da criatividade, destacando alguém com alto nível de habilidade e desempenho numa atividade específica.

Mas “SER PRO” é também a designação de um programa dedicado a impulsionar a qualidade da Educação e promover um futuro com melhores oportunidades para todos.

CERIMÓNIA DE INAUGURAÇÃO

DO CURSO DE TÉCNICO DE MULTIMÉDIA

No dia 5 de novembro de 2024, no auditório da Escola Sede do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, concretizou-se a assinatura do Acordo de Cooperação do ciclo de estudos 2024-27, para o Curso Profissional de Técnico/a Multimédia.

Esta cerimónia contou com ilustres convidados, como o Senhor Presidente da Iniciativa Educação - Programa Ser Pro, Professor Doutor Nuno Crato (antigo Ministro da Educação), o Senhor Pró-Reitor da UTAD, Professor Doutor José Paulo Cravino, o Senhor VicePresidente e Vereador da Educação da Câmara Municipal de Vila Real, Dr. Alexandre Favaios, e Diretores/ Administradores/Representantes das instituições parceiras: UTAD, Go’We.

O Senhor Diretor do Agrupamento, Dr. Ricardo Montes, deu início à cerimónia, exaltando, num discurso notável e oportuno, a importância deste acordo e programa para a formação e educação dos alunos do Curso Profissional de Técnico/a Multimédia. À atividade assistiram os alunos diretamente visados, do 1.º Ano do Curso Profissional de Técnico/a Multimédia, alguns dos elementos da Equipa Pedagógica da referida Turma, alunos convidados do 2.º Ano do mesmo Curso, Pais e Encarregados de Educação e, ainda, a Equipa do Programa Ser Pro, com destaque para a Senhora Coordenadora, Doutora Filipa Oliveira e a Senhora Perita, Professora Doutora Rute Pinto. Esta cerimónia foi marcada pela intervenção muito dirigida e positiva de todos os convidados, e dos alunos, que colocaram questões sobre o futuro profissional e académico ao seu alcance. Contribuiu, ainda, esta cerimónia, para um momento formativo, contacto dos alunos e da comunidade educativa com entidades relevantes da região e Coordenação Nacional do Ser Pro.

Para finalizar, o aluno Rodrigo Charão, do 1.º Ano do Curso Profissional de Técnico/a Multimédia, atuou para todos os convidados e participantes, seguindo-se um lanche com os signatários do acordo no Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus.

A Cerimónia foi agendada e magnificamente organizada pela equipa de Coordenação Nacional do Ser Pro, conjuntamente com a Escola.

No âmbito da adesão do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus à Iniciativa Educação da Fundação Teresa e Alexandre Soares dos SantosPrograma Ser Pro, decorreu, no dia 5 de novembro de 2024, a Cerimónia de Assinatura do Acordo de Cooperação, um evento de proeminente relevância e destaque que reuniu convidados ilustres na Escola Sede.

Ensino/Educação: P rojetos

EM DEFESA DA LÍNGUA DE CAMÕES

A nobre língua portuguesa que Camões nos legou sofre, hoje, grandes atropelos. Quem estuda linguística sabe que o fenómeno é normal numa língua viva que, pela força do uso constante na comunicação e devido à “preguiça” ou à ignorância dos seus utilizadores, bem como à sua permeabilidade a influências externas e a modismos, se altera, se deturpa e evolui.

Mas, numa perspetiva sincrónica, ou seja, quando tomamos uma língua num determinado estádio da sua existência, um certo período temporal do seu percurso, devemos – sobretudo nós, agentes da educação – zelar pela sua correção.

Foi neste pressuposto que surgiu, este ano letivo, por iniciativa do nosso “Gabinete de Comunicação e Imagem”, na pessoa da professora Teresa Margarida Capela, um projeto destinado a alertar a comunidade para erros frequentes no uso da língua portuguesa, corrigindo e explicando, em poucas palavras, como devemos usar corretamente o Português: o projeto «Em Bom Português».

Mensalmente, desde setembro, são mostrados quatro erros que frequentemente, e tantas vezes sem nos darmos conta, cometemos. São as “Dicas do Mês”, publicadas no sítio web do Agrupamento e nas redes sociais.

O projeto não tem tido, a meu ver, o impacto e repercussão que merece, o que, diga-se em abono da verdade, acontece muitas vezes com iniciativas importantes, mas pouco “vistosas” que ocorrem dentro das escolas. O mesmo é reconhecer que não somos, também nós, os responsáveis pela educação, imunes ao show off

Tem toda a pertinência trazer aqui, neste momento em que celebramos Camões, a divulgação deste projeto e deste recurso que nos é oferecido. Do mesmo modo que não há pior cego do que o que não quer ver, também não há pior ignorante do que aquele que não quer aprender! E, agora, temos todos esta preciosa ajuda.

Então, parafraseando outro dos nossos ilustres, Saramago, aconselho: “se podes olhar, vê; se podes ver, repara”... E, acrescento: sendo necessário, autocorrige-te.

A Escola um m de culturas

Assim como a obra Os Lusíadas reflete o contacto entre diferentes povos durante a expansão marítima portuguesa, também hoje a globalização e a migração aproximam culturas dentro da sala de aula. Foi nesse espírito que a turma D do 11º ano celebrou, no dia 30 de janeiro, a lição 100, nas disciplinas de Alemão e Espanhol.

Esta aula conjunta representou muito mais do que um simples momento de aprendizagem: simbolizou a partilha de experiências e a união entre alunos e professoras de origens diversas – portuguesa, alemã, francesa, suíça, brasileira e árabe.

A troca de vivências enriqueceu os conhecimentos dos alunos, ao mesmo tempo que fortaleceu os laços de amizade e respeito mútuo.

No decorrer desta aula, houve espaço para partilhas culturais, gastronómicas e musicais, criando um ambiente dinâmico e envolvente. Acreditamos que é fundamental valorizar esta diversidade dentro da escola, pois educar vai muito além da transmissão de conhecimentos. A multiculturalidade é uma das maiores riquezas de qualquer sala de aula.

Para assinalar este momento especial, os alunos da turma também quiseram deixar o seu testemunho nos idiomas que eles aprenderam.

Eu acho que foi bom eu ter feito uma amiga brasileira, pois ela ensinou-me muito sobre a cultura dela. (Lícia Dinis)

Learning new cultures is like discovering a new world. (Catarina Francisco)

Je pense qu'il est essentiel de partager des moments de notre quotidien avec des personnes d'autres cultures. Cela nous permet non seulement de mieux connaître leur mode de vie et leurs traditions, mais aussi d'apprendre leur langue et de découvrir d'éventuelles similitudes entre nos cultures. (Daniela Santa)

Alaa Mohammed Loay Abbasi)

Wo wir geboren werden, macht uns nicht mehr oder weniger menschlich. Wir werden leben, lieben und sterben wie jeder andere Mensch, der jemals existiert hat. (Alaa Mohammed Loay Abbasi)

Der Kulturelle Austausch in den Schulen erweitert das wissen, bekämpft Vorurteile und fördert eine menschliche und globale Bildung. (Carolina Capela)

Even if I’m not naturally from your country, there is a reason for me to be here. It’s not my people’s fault if my country is not liveable. (Evellym Silva)

Tenemos que cambiar el presente para que el pasado no se repita. Respeta mi cultura y a mi pueblo, el respeto es una vía de doble sentido, si me respetas, yo te respetaré. (Evellym Silva)

Vielfalt macht uns stärker. (Rui Videira)

Inmigrar no se trata de querer aprovecharse de otros países, sino de tener el valor suficiente para dejarlo todo atrás en busca de condiciones básicas que, lamentablemente, no todos los países pueden ofrecer. (Fernanda Marconi)

Respeitar a diversidade é o caminho para a igualdade. (Nuno Lopes).

Professoras Cristina Esteves e Olinda Fontes

Ensino/Educação: P rojetos

A heroicidade não se mede aos palmos «Heróis da fruta»

O projeto "Heróis da Fruta" é uma iniciativa inovadora que visa incentivar hábitos alimentares saudáveis entre as crianças. Desenvolvido pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), este projeto procura promover o consumo diário de frutas e vegetais nas escolas. Além de educar as crianças sobre a importância de uma alimentação equilibrada, envolve pais e professores, criando uma comunidade consciente e empenhada na promoção da saúde infantil.

Três salas do jardim de infância da escola básica Abade de Mouçós participaram neste projeto, que decorreu ao longo do primeiro período e em que foram desenvolvidas atividades muito diversificadas.

Numa época em que, em Portugal, a obesidade infantil e juvenil já é, infelizmente, um problema, iniciativas deste género revestem-se da maior importância: envolver as famílias e motivar as crianças para o consumo de fruta diariamente é essencial. Promoveu-se, assim, o hábito de comer fruta diversificada, apelando-se a uma alimentação mais saudável. E, apesar de terminado o projeto, as crianças continuam a trazer lanches saudáveis, o que nos enche de satisfação, porque o "Heróis da Fruta" não é apenas um projeto educativo, mas uma missão para garantir que as crianças crescem saudáveis e bem nutridas. Ao adotar hábitos alimentares saudáveis desde cedo, as crianças não só melhoram a sua saúde atual, como também estabelecem uma base sólida para uma vida adulta saudável.

CURIOSIDADE a propósito…

Os Lusíadas de Luís de Camões fazem algumas referências a frutos. Camões descreve a exuberância da natureza encontrada pelos navegadores portugueses em terras desconhecidas, como se pode ver, por exemplo, nas estâncias 58 e 59 do Canto Nono.

Os dões que dá Pomona ali Natura Produze, diferentes nos sabores, Sem ter necessidade de cultura, Que sem ela se dão muito milhores: As cereijas, purpúreas na pintura, As amoras, que o nome têm de amores, O pomo que da pátria Pérsia veio, Milhor tomado no terreno alheio;

Abre a romã, mostrando a rubicunda

Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes; Entre os braços do ulmeiro está a jocunda Vide, cuns cachos roxos e outros verdes; E vós, se na vossa árvore fecunda, Peras piramidais, viver quiserdes, Entregai-vos ao dano que cos bicos Em vós fazem os pássaros inicos.

“Uma Carta para Camões" – Uma Conversa Intemporal com o Poeta

O que diria Luís de Camões aos nossos alunos, caso tivesse a oportunidade de comunicar com eles? E como responderiam estas crianças a um dos maiores rostos da literatura portuguesa? Foi exatamente esse improvável diálogo que foi proposto explorar pela biblioteca escolar com a dinamização de uma oficina de escrita intitulada “Uma carta para Camões”, destinada a alunos do 1º ciclo (3º e 4º anos).

A ideia é simples, mas verdadeiramente significativa: os alunos receberam uma carta imaginária escrita por Camões, um texto repleto de dúvidas sobre o mundo atual e de alegria por saber do projeto do nosso agrupamento “Camões, Engenho e Arte”, texto que serve de ponto de partida para os alunos responderem, num exercício que une literatura, história e criatividade.

Esta atividade foi muito importante e rica, primeiro pela troca de correspondência – mesmo que imaginária – que desperta a empatia e a capacidade de comunicação. Os alunos, ao responderem, desenvolveram competências de escrita e criatividade. Este exercício ultrapassa a sala de aula, permitindo uma ligação emocional com o passado literário e cultural de Portugal. É através de projetos como este que a obra de Camões deixa de ser um monumento distante e se transforma numa conversa viva e relevante.

“Uma carta para Camões” será um marco na vida escolar de todos os alunos envolvidos nesta atividade, provando que as palavras do poeta continuam vivas e a inspirar.

No nosso Jardim de Infância também se estuda OsLusíadas!

Educadoras Conceição Limoeiro e Conceição Mesquita

Nós somos os meninos do Jardim de Infância de Vila Meã. A nossa escola é num sítio muito bonito, no meio da natureza e temos uma sala e um recreio onde aprendemos muito e nos divertimos ainda mais.

Ultimamente as nossas educadoras têm conversado connosco sobre Luís de Camões, pois comemoram-se os quinhentos anos do seu nascimento.

O que aprendemos: Era um poeta e ficou muito famoso porque escreveu “Os Lusíadas”. O livro conta as aventuras da viagem que Vasco da Gama fez na descoberta do caminho para a Índia e ao mesmo tempo relata momentos da história de Portugal. Tem o nome de “Os Lusíadas” porque, na época dos romanos, o nosso país era uma província que incluía grande parte do território de Portugal e se chamava “Lusitânia”.

Do que gostamos: Camões tinha uma pala no olho direito porque tinha ficado sem ele na guerra e usava umas golas grandes de folhos.

O mais emocionante: Na sua viagem, Vasco da Gama e os companheiros tiveram de lutar com monstros no Cabo das Tormentas. Os portugueses eram muito valentes.

O mais interessante: Naquela altura viajavam de barco que tinha velas para o vento o empurrar e, quando não havia vento, tinham que ser muitos homens a remar. Esses barcos chamavam-se Naus.

A maior surpresa: Durante a viagem, e para os ajudar, apareceu a Deusa Vénus (Deusa do Amor) e, para lhes complicar a vida, o Deus Baco (Deus do Vinho)! Estes deuses não existem: eram mitos em que os antigos acreditavam.

Depois do que aprendemos, concluímos que gostávamos muito de ter conhecido o Poeta Luís Vaz de Camões e também o seu “amigo” Vasco da Gama.

Nós somos pequeninos mas aprendemos muito e fizemos desenhos para vos mostrar. Só que ainda não sabemos escrever e por isso pedimos às nossas professoras, a São Limoeiro e a São Mesquita, para o fazerem por nós.

Ensino/Educação: P rojetos

Somos Morgado, Somos Camões

Camões está na moda e anda na boca de todos, dentro

e fora da escola

Sofia Doutel, professora bibliotecária e coordenadora das bibliotecas escolares AEMM

No ano em que se comemoram 500 anos do nascimento do poeta, a sociedade civil, e as escolas em particular, têm a oportunidade de homenagear o poeta intemporal que se confunde com a própria portugalidade, de forma a provar que todos, independentemente da idade ou da área do saber, podem (e devem, por favor!) ler Camões e aprender mais sobre a nossa história, as nossas gentes e também sobre a riqueza que é a língua portuguesa. A sua obra não é apenas um reflexo do seu tempo, mas transcende as fronteiras temporais e geográficas, alcançando leitores de todas as épocas e lugares. Mas, a fome de conhecimento não se esgota no poema épico d’ Os Lusíadas, vai para além do conhecimento do mundo e foca-se igualmente no conhecimento que cada um tem de si mesmo. Pelas e com as palavras de Camões podemos compreender melhor o mundo e a nós próprios. Nos seus poemas podemos confrontarmo-nos com o melhor e o pior do ser humano, podemos ver espelhados os valores humanistas e transversais a todos os quadrantes da

nossa sociedade. Desde aquele amor ardente, impossível ou não correspondido, ao desalento e ao desconcerto do mundo, passando pelas reflexões pessoais que põem em causa tudo e todos (a nossa pessoa incluída), o verde da esperança e da constante mudança, o desespero, a beleza que se estende pelos campos e se espelha nos olhos da pessoa amada. Tantos e tantos sentires, olhares e dizeres! Tantos amores vividos em tantas mulheres, Lianor, Helena, Bárbora, Dinamene, Catarina, Francisca…Verdade, Amor, Razão, Merecimento. Quantas lágrimas (re) vividas nas despedidas em Belém e nos corações das mães, das filhas e das esposas que apertados de saudades resistiram à partida dos seus, em nome de um bem maior: dar novos mundos ao mundo! Lágrimas embrulhadas em revolta e piedade pela morte de uma mulher, mãe de filhos, cujo único crime foi amar a pessoa errada. Lágrimas de medo e também de empatia pelo monstro que se apequenou quando confrontado com a pergunta mais difícil que nos podem fazer: Quem és tu? Quantos de nós, no silêncio das nossas vidas aceleradas e feitas de solidão, temos de enfrentar o nosso próprio Adamastor? E tantos outros mundos de descobertas interiores e maiores que se abrem a cada leitura camoniana. Camões ensina-nos tantas lições. Através do seu legado literário podemos ligar-nos uns aos outros, partilhando histórias e experiências, assegurando que este vive em cada palavra que lemos e escrevemos, em cada poema que recitamos e em cada história que contamos. Além disso, a sua obra é um hino à importância da preservação e valorização da nossa língua e cultura. Estudar e apreciar Camões é, portanto, um ato de reconhecimento e perpetuação da nossa identidade cultural e, sinceramente, espero que nunca saia de moda.

Os dados estão lançados, agora é arregaçar as mangas e mostrar o Camões que vive em cada um nós. A melhor maneira de o fazer reside no trabalho criativo e colaborativo que em todas as escolas do Agrupamento de Escolas Morgado Mateus está a ser desenvolvido, em articulação com a biblioteca escolar, e que será divulgado à comunidade numa exposição patente no Espaço Torga durante o mês de abril.

Que as gerações futuras continuem a encontrar em Camões a inspiração para sonhar, criar e celebrar a beleza da língua portuguesa.

No ritmo do coração ” na Semana dos Afetos

ração, a representatividade da comunidade surda, a inclusão social de pessoas com deficiência e as complexidades das relações familiares, especialmente quando há diferenças culturais e de comunicação.

A atividade decorreu de forma muito positiva. Desde o início, os alunos demonstraram interesse pelo filme e acompanharam a história com bastante atenção. Após o fim da sessão de cinema, promovemos um momento de interação, onde fizemos perguntas para incentivar a reflexão sobre os temas abordados no filme. Os alunos participaram ativamente, expressando as suas opiniões e compreensões sobre a narrativa e os seus personagens. Além disso, a iniciativa permitiu um ambiente de troca de ideias e colaboração entre os participantes, reforçando a importância da empatia e do respeito pelas diferenças. A experiência de apresentar o filme e conduzir o debate foi extremamente gratificante, mostrando que o cinema pode ser uma excelente ferramenta educativa. Este trabalho reforçou valores essenciais e contribuiu para a formação dos alunos, tornandose uma experiência que, sem dúvida, ficará na memória de todos.

Tendo presente o projeto "Camões, Engenho e Arte", em que o agrupamento participa e o filme “CODA - No Ritmo do Coração” e comparando analogicamente a narrativa do filme com um dos poemas de Luís de Camões, “Descalça vai para a fonte”, poderemos estabelecer alguns paradigmas. Por exemplo, em ambos, encontramos personagens jovens confrontadas com o peso da responsabilidade. Ruby, em "CODA", carrega o

a sugerir uma vida de trabalho e dificuldades. Embora separados por séculos e formas de expressão distintas, ambos partilham uma essência que ecoa através do tempo, revelando semelhanças profundas na exploração de temas universais, convidando-nos a refletir sobre a condição humana, a importância do amor, da responsabilidade e da superação e revelando que, apesar das diferenças, a essência da experiência humana permanece constante ao longo do tempo.

Francisco Monge, Laura Florindo, Marta Gonçalves e Tomás Cruz, 8.ºD, com a supervisão do professor Fernando Pereira

INFORMAÇÕES

ESCOLA SECUNDÁRIA MORGADO DE MATEUS (sede)

Morada: Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus

Rua Dr. Sebastião Augusto Ribeiro, 5004-011 Vila Real

Telefone: 259 325 632

Fax: 259 325 939

Página Web: http://www.aemm.pt

Email: direcao@aemm.pt

Coordenadas de localização do Agrupamento:

Latitude: 41º 17’ 68’’ - Norte

Longitude: 7º 43’ 29’’ - Oeste

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Outras escolas do Agrupamento Morgado de Mateus

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JI de Mateus (tel. 259 325689)

JI de Torneiros (tel. 259 374691)

JI de Vila Meã (tel. 259 929 172)

FICHA TÉCNICA

Coordenação: Maria Manuel Carvalhais

Edição: Teresa Margarida Capela, Manuela Leal e Maria Manuel Carvalhais.

Supervisão gráfica: José Armando Ferreira

De segunda-feira a quinta-feira, das 08h00 às 16h00. Sexta-feira, das 08h00 às 15h00. Produzido por:

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