GLOSSÁRIO LGBTQIAPN+
Entenda as siglas e seus significados Quais já conhece?
ENTREVISTAS EXCLUSIVAS
Mestres e orgulho: conheça alguns de nossos professores e suas histórias
"QUALQUER MANEIRA DE AMOR VALE AMAR "
Uma seleção de fotos de um editorial incrível para celebrar o mês do orgulho LGBTQIAPN+
ODATSIVER C U RSOTÉCNICOEMPRODU ÇÃADOMEDO
3°EDIÇÃO-JUN/2023
Modelo:MariaIsabelLeandroRibeiro/Foto:LéoNunes
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GLOSSÁRIO
Entendaasletrasdasiglae ostermosemdesuso
CAFÉ&PROSA
DanielSantosSilva,doutorando emLiteraturaeprofessornoIFPR contaumpoucodesuatrajetória
CELEBRIDADES
Grandesnomese personalidadesLGBTQIAPN+
RESPEITÁVEL PÚBLICO!
Editorialdo3ºAnodoCurso
Diretorteatral,clown,ator, professoredoutor.Comvocês, MarceloColavitto!
CONSIDERAMOSJUSTA TODAFORMADEAMOR
Editorialdo3ºAnodoCurso TécnicoemProduçãodeModa celebraoamoremtodasas suascores
26 30 38 NEGROEGAY?SIM,E DOUTOR!
EntrevistacomFelipeFontana: umahistóriademuitaciência eresistência!
TécnicoemProduçãodeModa retrataaliberdadedesero queé EDITORIAL
ORGULHOEARTE
Confiraalgunstrabalhos
estudantesdo1ºanodo CursoTécnicoemProdução deModa LIVREPARASER
6 Nomêsemquesecomemorao OrgulhoLGBTQIAPN+nossa diretoradeconteúdofalasobre otemaescolhidoparaesta3ª edição.
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artísticoscriadospelos
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JJUNHO/2023 UNHO/2023 24
Orgulho LGBTQIAPN+
Nesta edição de junho de 2023, trouxemos um tema de extrema importância que deve ser sempre discutido e lembrado. No dia 28 de junho se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, por isso, os estudantes do Curso Técnico em Produção de Moda Integrado ao Ensino Médio do Campus Avançado Goioerê do IFPR produziram conteúdos incríveis sobre esta temática.
Nas primeiras páginas, você encontrará trabalhos artísticos criados por alunos do 1º ano, utilizando técnicas de pintura e colagem. Em seguida, você irá conhecer o significado de cada letra da sigla LQBTQIAPN+ e irá entender a importância de cada uma delas no mundo diverso em que vivemos. Além disso, encontrará expressões que caíram em desuso e que devemos evitar, conteúdos estes desenvolvidos pelos alunos do 2º ano. Aqui você também encontrará, três entrevistas exclusivas com professores que atuam no campus e contam um pouco sobre suas experiências. São histórias inspiradoras que nos fazem refletir sobre o tema e sobre a importância da representatividade. A cereja do bolo desta edição são os editoriais de moda totalmente produzidos pelos alunos do 3º ano, desde a produção de moda e styling, casting de modelos, beleza, cenografia, fotografia até a edição. Os/as modelos são alunos/as e servidores/as do nosso campus e também convidados externos
Foto:LéoNunes
Betânia Oliveira diretora de redação
Modelo:MaricleiCardoso
IFashion Orgulho
Orgulho & Respeito
Consciência limpa
Tô fazendo a minha parte
Autoridade
A dama que se fez respeitada
Dignidade
Do tipo que entra e sai consagrada
Não tem mais jeito
Vai ter que mostrar respeito
IFPR 2023
Gloria Groove
6 IFashion
Arte: Alicya Silva - 1º ano de Moda
Arte: Thauany Pedroso - 1º ano de Moda
O Dia do Orgulho
LGBTQIAPN+
28 de junho é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. O principal objetivo da data é conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária. Lembrar as pessoas que todos devem se orgulhar de sua sexualidade e não sentir vergonha da sua orientação sexual.
(Fonte:SenadoFederal,2022)
"Nossa maior força está no nosso amor pela vida e pelas cores, pela belezaepelamúsica,peladançaepela alegria.Essaéanossaarmasecreta! É algo que a oposição não tem.
Mantenham essas coisas perto de seuscorações,porqueemtemposde guerra,issoirásustentá-los."
ORGULHO
#07 7 IFashion RuPaul
Arte: Ana Lúcia Santos - 1º ano de Moda
Arte: Mariana Ricoldi - 1º ano de Moda
GGLOSSÁRIO LOSSÁRIO
LLésbica
mulher (cis ou trans) que sente atração sexual/romântica por outra mulher
GGay
homem (cis ou trans) que sente atração sexual/romântica por outro homem
BBissexual
pessoas que sentem atração sexual/romântica por mulheres e homens
TTransgênero
pessoa que não se identifica com seu gênero biológico, podendo ser mulher, homem ou não-binário/a/e (pessoas que não se identificam com nenhum gênero específico).
QQueer
pessoas que não se identificam com os padrões de heterocisnormatividade, ou seja, que não se identificam com o padrão binário de gênero, pois entendem que estes rótulos podem restringir a amplitude e a vivência da sexualidade.
IIntersexual
pessoas que nasceram com a genética diferente do XX ou XY e têm a genitália ou sistema reprodutivo fora do sistema binário homem/mulher.
8 IFashion
LLGBTQIAP+ GBTQIAP+
GGLOSSÁRIO LOSSÁRIO
AAssexual
pessoas que não sentem nenhuma atração sexual por qualquer gênero. Isso não significa que não possam ter relacionamentos ou desenvolver sentimentos amorosos e afetivos por outras pessoas.
PPansexual
pessoas que sentem atração física, amor e desejo sexual por outras pessoas independentemente de sua identidade de gênero.
Polissexual
pessoas que sentem atração por dois ou mais gêneros, porém não todos.
Não binário / a / e
Pessoas trans que não se identificam com nenhum gênero específico. Podem ser transmasculine não-binárie (que se expressa com marcadores sociais masculinos), transfeminine não-binárie (que se expressa com marcadores sociais femininos) ou gênero fluido. Sobre sua orientação sexual, podem ser ginessexual (que sente atração por marcadores femininos, pode ser por uma mulher cis ou trans, ou pessoa não binária que se expressa com marcadores sociais femininos), androssexual (que sente atração por homens cis, trans, pessoas transmasculinas não binárias que se expressam por marcadores sociais masculinos) ou pansexual (veja na próxima página).
É todo o resto que não foi mencionado!
9 IFashion
+
N
LLGBTQIAP+ GBTQIAP+
CCUIDADO UIDADO
TERMOS EM DESUSO TERMOS EM DESUSO
GLS
Apesar de ter sido muito utilizado no passado, ele não abarca os outros grupos e seu uso invisibiliza grupos que lutaram muito para ter voz. Prefira utilizar LGBT+, LGBTI+, LGBTQ+, LGBTQIA+ e ou LGBTQIAP+.
Homossexualismo
O sufixo “ismo” costuma ser usado para nomear doenças. Na época em que era utilizado, homossexuais eram tidos como pessoas portadoras de enfermidades de ordem mental. Hoje, já se sabe que isso não é verdade e que não existem tratamentos ou cura, pois não se trata de uma doença. Foi alterado para homossexualidade, pois o sufixo “dade” significa modo de ser.
"Opção" Sexual
Este termo é incorreto, uma vez que a sexualidade não é uma opção. Ele costuma ser usado em frases como “temos que respeitar a opção sexual do outro”, geralmente se referindo a homossexuais. Mesmo que a frase seja usada com boas intenções, ela não está correta. O termo mais adequado é orientaçãosexual.
Hemafrodita
Este era o termo utilizado para falar sobre pessoas que nasciam com a anatomia reprodutiva e sexual que não se ajustam às definições típicas do feminino ou do masculino. Hoje, o termo é considerado depreciativo e desatualizado e otermocorretoéIntersexual.
10 IFashion
Não
fale
CCUIDADO UIDADO
TERMOS EM DESUSO TERMOS EM DESUSO Não fale
Casal Homossexual
O ideal é substituir pelo sinônimo, que é casal homoafetivo. Isso porque ele ressalta o emocional e afeto envolvido entre pessoas do mesmo sexo/gênero.
Mudança de sexo
O termo denota apenas uma vontade de trocar de sexo, quando na verdade, hoje falamos em readequação de sexo e gênero, que consiste em várias estratégias usadas para realizar modificações corporais do sexo, em função de um sentimento de desacordo entre seu sexo biológico e seu gênero.
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REPÓRTER
Café&Prosa
Entrevistamoso ProfessoreDoutorandoem LiteraturaDanielSantosdaSilvaquecontaum poucosobresuatrajetória
DanielCarlos
SantosdaSilvaé
professorde
LínguaEspanhola
eLínguaPortuguesa,no InstitutoFederaldoParaná
eestáatualmentecursando DoutoradoAcadêmicoem Literatura,naUniversidade deSãoPaulo.Também compõeumaficçãoeoutra.
IFashion:Conteumpoucodasua históriadevida.
Daniel: Nasci em São Paulo (capital), mas antes dos 3 anos meus pais se mudaram para Curitiba, onde morei até os 24 anos. Lá foi onde cursei graduação(fizLetrasPortuguês/
Espanhol na Universidade Federal do Paraná). Depois, em 2014, me mudei para São Paulo para cursar Mestrado Acadêmico, na USP, onde estudo até hoje. Saí de São Paulo após quase 5 anos de residência, para assumir o concurso aqui no Campus
Avançado Goioerê (isso foi em 2018). Esse seria o percurso " em linha reta", mas em relação ao trabalho, é extremamente tortuoso. Já fui empacotador em mercado, vendedor em shopping, fui estagiário de Letras num circo que existia em Curitiba, dei aula como substituto durante um bom tempo lá e também em São Paulo. Na capitalpaulistatrabalhei,ainda,emeditora,elaborandomaterialdidático,deiaula
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(DanielCarlosSantosdaSilva/Foto:LéoNunes)
de português para estrangeiros, fui corretordoENEM,enfim,oquepintasse na área de Português e Espanhol eu topava. Aindaqueminhamãeemeupai sempre me dessem apoio e me quisessem por perto, ser independente foiumaescolhaquefuiconstruindo. Tive o conforto de morar com eles por 24 anos. Não fui criado com biblioteca em casa, meus pais têm formação incompleta no Ensino Fundamental. No entanto, o apoio dela e dele estão presentes até hoje. Jamais o sentimento amorosodelessesobrepôsaalgumadas minhas decisões. Da minha geração (nasci em 1989), me considero um homem gay privilegiado: desde o momentoemqueconseguiexporminha identidade, falar com minha mãe e com meu pai, não houve cisma, decepção. Continuei sendo o filho que eles quiseram ter. Hoje, tanto tempo depois desse meu entendimento sobre minha orientação sexual (veja bem, eu nem sabia que "podia ser gay" na época da escola, na verdade, teve tempo em que eu rezava para não ser - mas foi só o Ensino Médio acabar que transpus essa estrutura histórica de que ser gay era
uma doença, um problema, uma decepção), percebo que, de fato, meu pai é um herói: sempre manteve seu afeto inabalável. Mamãe é mais complicadinha, mas também uma grande amiga. Até hoje adora saber intimidades.
IFashion: Como se deu a escolha da suaprofissão?
Daniel: Eu tinha um professor de português ótimo na 8ª série (9º ano) e queria ser igual a ele. Na verdade, gostava do jeito metódico dele. Hoje percebo que tenho algumas características de várias professoras e professores que eu tive. Por exemplo, minha birra com estudante preguiços@ vem desde o fundamental II: um professor maravilhoso de história e geografia "forçava" a gente a pensar, com 13 anos tínhamos que saber explicar os conceitos, a diferença entre capitalismo e socialismo, ele fazia projetos relacionados a cuidados com a natureza, tenho pavor de lixo fora do lugar e sujeira desde essa época (além dos meus pais serem limpíssimos).
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"Eu nem sabia que podia ser gay na época da escola, na verdade, teve tempo em que eu rezava para não ser."
Tem vezes que me ouço lendo um poema em sala e lembro de uma professora de português do Ensino Médio,achoquenadicçãomeinfluencieimuitopor ela.Foraoutrasfigurasemblemáticasdoperíododa graduação. E minha própria orientadora do doutorado,queparamiméumadeusa. Emsuma,foidesdeos14anosquedecidipelocurso. Mas Letras é tão abrangente (sempre falo para as pessoas: façam Letras antes de mais nada, depois cursem algo para ganhar dinheiro etc.), que hoje percebo que tudo o que envolve a escola me agrada muito, mas não é tudo. Nesses últimos anos (e a quarentena também foi significativa para isso), percebo como a escritura é outra constante em minha vida. Eu escrevo sempre, mas não sabia que podia fazer disso uma atividade mais criativa e refinada. Pensava que as pessoas que escrevem narrativas e as publicam formassem parte de um público seleto. Mas hoje tenho gostado mais do que escrevo,deformacriativa,tenhodadominhascaras nesse lance da composição literária. E estudar sempre foi meu prazer (talvez tenha sido aí que sublimei muitas das violências sofridas durante a época da escola). Já tenho pensado no que fazer quando o Doutorado acabar. Adoro assistir uma aula, sou do tempo em que professores eram considerados "deuses", eu respeitava minhas professoras e meus professores não só por conta de uma tradição autoritária vindo do tempo dos meus pais, mas porque estudar, lá no começo dos anos 2000, quando cursei o Ensino Médio, significava mudançadevidaeumaaçãonobre.
IFashion: Para você, qual a importância para os jovens LGBTQIAPN+ de existirem pessoas na sua posição/cargo?
Daniel: Eu nem sei qual a minha posição. Na verdade,ficomeioemdúvidademecolocaremuma
ç j q q pincelei pelo menos 3 grandes eixos que me constituem profissionalmente. Não gosto muito de agrupamentos, pois parece que as pessoas vão traçando um perfil sobre nós, que é uma ilusão. Mas pensando no meu cargo de professor, eu
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s jovens e dos jovens inseridos nessa sigla se eu tenho alguma importância. Tenho?
Por incrível que possa parecer, sou meio romântico. Naquele sentido de quem idealiza e realmente acredita nos seus ideais. Quem sabe eu
sejaumpontodereferênciaparaestudantegay.Ainda mais pelo comprometimento e seriedade com que levomeutrabalho.Nãoébagunça,sabe?Aocontrário. Talvez essa minha postura, inclusive, seja definitiva para jovens que não façam parte dessa sigla. Enfim, não sei mesmo seposso ser uma referência, mas estou certo que MEU NOME estudante nenhum(a) pode jogar na lama. Se passo na vida de algum(a) sem transformar nada, estou certo que não é por falta de empenho meu. E se, por acaso, sou uma referência para alguém, certamente essa pessoa, enquanto minha e/ou meu estudante, é também uma grande referênciaparamim.Daínasceumaformadeamor.
IFashion:Vocêéfelizcomasuaescolha?
Daniel:Comqualdelas?rs.EuadoroLetras.Tudoque envolve minha área me deixa extremamente feliz. A arquitetura da nossa Língua, a Literatura... são fantásticas!!! É que existe um preconceito da sociedade e certa apatia: as pessoas dizem não gostar de português, como se não fosse a língua delas, como se não se comunicassem diariamente nessa língua. Dizemnãogostardeliteraturacomosenãopassassem horas imersas em "fanfics", "fofocas", necessitando transmitir e receber relatos sobre outras pessoas. Estudantes vão para uma aula como se estivessem indo para um enterro. Tem muito corpo mole envolvido no âmbito escolar. Mas sei que se a juventude é mais ou menos assim, é porque ela também está sendo criada por nós, adult@s. Apesar de todo esse meu pesar, há poucas situações em minha vida em que eu estou vivendo o presente de maneiratãoplena.Daraulaéumadelas.Àsvezestem vazamento no banheiro do apartamento onde moro, mas enquanto eu estou na sala de aula isso nem me passapelacabeça.
Além disso, tem alguma coisa interessante n@ jovem, que o adulto não tem: a juventude não está "contaminada". Eu posso exigir que minhas
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estudantesemeusestudantesnãousemcelularemsalae,pelomenosaparentemente,sentir queaturmaestárelativamenteconectadacomigoenãocomumuniversoaleatório.Nãosei comoprocederiacomumadulto.Imaginaacena:
-Oh,Fulano,guardaocelular,poisminhaaulavalemilhõeseeunãovoucompetircomessa droga!
Edaílevantaesaidasala:umquarentãodebarba,voltandopracasaechorandoabraçado comosfilhos,desistindodocursoetc.
Eugostodeserprofessor,sim,principalmenteaparteemqueestoulendoumconto,um capítulodeumromance,umpoema,etemumaenergiaemanandodoscorposjovensali presentes,comoseosentidodaLiteraturativessetocandonóstod@s.
IFashion:Vocêjásofreualgumtipodepreconceito?
Daniel: Incontáveis. É curioso, pois eu não sei, hoje, em que medida numa reunião algumasdasquestõesqueeulevantoseriamounãoconsideradas,sefossemproferidas por meus colegas homens heterossexuais. Às vezes tenho a sensação de que algumas pessoas levam algumas das minhas reivindicações para o lado da "bicha louca". Tipo: "vamos deixar ele falar e vamos seguir rindo aqui com o canto da boca, porque na próxima reunião todo mundo já vai ter esquecido". Não de forma assim consciente, é claro.Etalvezissosejaapenasumasuposição.
TeveumavezemSãoPauloqueumadiretoramedispensouapósaprimeirasemanade trabalho. Era uma escola particular e religiosa, e ela uma mulher vazia e amarga.
Suspeitoqueminhaorientaçãosexualdefiniuessadecisão.Comosaber?
Agora, em relação à época da escola: que terror! Minha alegria é ver estudantes LGBTQIAPN+ (estou nesta parte da sigla, ainda) circulando de modo menos carregado pela vida nos pátios, corredores e salas de aula. Não adianta eu ficar aqui relatando o que passei, pois construiria um muro de lamentações. Porém, ali em torno dos 17 anos, quandoEUMESMOdeixeideterpreconceitocomigo,daífoiavirada!
A partir daquele momento, e talvez isso tenha relação direta com essa minha busca incansável por independência, qualquer sinal de preconceito recebia de mim uma atitude que já é meio automática/inconsciente: me distancio, apenas - como se duas pessoas tivessem discutindo na rua e aquilo fosse dar em briga. Eu me afasto, pois a violênciamedávergonha.Epreconceitopodeser,relativamente,sinônimodeviolência
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MENSAJE A LOS LECTORES
IFashion:DeixeumrecadoparanossosleitoresnestemêsdoorgulhoLGBTIAP+ Daniel: Eu quero dedicar minhas palavras para minha irmã, Lourdes, que nasceu em 1978 e já nos anos de 1990 se assumiu homossexual (eu entendo a problemática dessa ideia do "se assumir"). Hoje fico abismado com a força dela, de ser lésbica num tempo tão tinhoso (esquisita a ideia, não? imagina o contrário: "a força dela, de ser hétero"... rs). E também quero dedicar para meu sobrinho, Arthur, que há dois anos me contou ser um menino trans, e no dia 23 de maio completa 22 aninhos. Eu sempre digo que carreguei essa criaturinha no colo (sua irmã gêmea também, beijos Aline! o tio ama vocês dois!!), trocava fralda, fazia arrotar, dava meu ombro pros vômitos de leite. É um jovemmaravilhoso,meuherdeiro.Nomais,cadaumtemumtempotãoespecífico,não? Mas, para mim, um dos momentos mais revolucionários da minha história, foi quando compreendiquenãohaveriacondenaçãoporserquemeusou(eeueraumjovemde17 anos!!!). E tudo o que condena nosso SER, deve ser repensado, talvez até deixado de lado. Enquanto professor gay, me sinto respeitado e pleno, bem diferente do que me sentia há 20 anos, enquanto estudante. Agora, não estou dizendo que tudo são flores... "Homem gay": continuamos sendo "homem", e acho que bicho-homem é um problemão pranossasociedade...umafaltadecuidadocomooutro,umaideiadequeomundogira em torno do órgão que tradicionalmente nos caracteriza enquanto homem... Porém, issotambémjáfazpartedeoutraentrevista...oudeoutrasnarrativas... Ungranabrazo!
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IFashion 17
(DanielCarlosSantosdaSilva/Foto:LéoNunes)
Livre Livre Livre paraSer paraSer paraSer
PRODUÇÃODEMODAESTYLING:
ANACARLAPARUSSOLO
DANDARAROCHA
DANIELYDALACQUA
LEONARDONUNES
LETÍCIASALOMONE
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IGORAFFONSO MIRELAROLIM
Modelo:MayckonSouza
Foto:LéoNunes
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"O ARMÁRIO TEM POEIRA E EU TENHO RINITE"
Modelo: Mayckon Souza
Foto: Léo Nunes
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Modelo: Maria Isabel Leandro
Foto: Léo Nunes
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Modelo: Maria Isabel Leandro
Foto: Léo Nunes
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Modelo: Mariclei Cardoso
Foto: Léo Nunes
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"Orgulho é ser quem você é, num mundo que te diz o contrário."
Celebridades LGBTQIAPN+
GRANDES NOMES E PERSONALIDADES
VALENTINASAMPAIO
AbrasileiracearenseValentinaSampaiode26anos,fazhistória nomundodamoda,amodeloeatriztransfoiaprimeiramulher transgêneroaestamparacapadarevistaVogueFrança,etudo isso ao mesmo tempo em que estampava a capa da Vogue Brasil. E sua lista de participação na Vogue ainda não acabou!
ElatambémapareceucomodestaquenaVogueAlemanha.
Outra grande conquista de Valentina foi ser a primeira modelo trans a fazer parte de uma campanha da Victoria Secrets, mas sua jornada com a marca ainda não termina por aqui, pois a cearensesetornouaembaixadoradagrife.Elaaindaparticipou danovela“OSétimoGuardião”edofilme“BereniceProcura”.
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Celebridades LGBTQIAPN+
GRANDES NOMES E PERSONALIDADES
GLÓRIAGROOVE
GloriaGrooveéumadragqueenfantástica,eusoucomoguianada menos que a considerada mais famosa drag queen do mundo, RuPaul.Assimcomoseinspirouemváriosartistas,hojeelasabeque tambéméfontedeinspiraçãoparamuitaspessoasLGBTQIAP+. EmsualistadeconquistasestáoprêmiointernacionaldaUK Music Video Awards 2022, com “A Queda” que levou “Melhor Cabelo e MaquiagememVídeo”.Alémdisso,oálbum“LadyLeste”emmenos de 24h alcançou o TOP 100 das músicas mais ouvidas no Spotify Brasil, alcançando rankings globais e se tornou o mais ouvido do mundoemseufinaldesemanadeestreia,garantindoo7ºlugardas 10maioresestreiasemstreaming.
Gloria Groove, como Daniel Garcia, apareceu em novelas e é dublador,comoavozde"Aladim"emliveaction,comoprotagonista, assim como nas músicas do filme, e entre vários outros personagens,comooBende“Descendentes”eMalickde“Elite”.
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PÚBLICO com prazer vos apresentamos
T H E
COLAVITTO
Conheça um pouco de Marcelo Adriano Colavitto, professor de Arte do IFPR, palhaço, ator, diretor, autor dos livros: “Meu Clown: uma pedagogia para a arte da palhaçaria” e “Palhaços e Máscaras: a poiesis na trajetória dramatúrgica do grupo Meu Clown” Membro fundador do grupo Meu Clown Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.
IFashion: Conte um pouco da sua história de vida
Marcelo: Nasci em São Paulo, capital, em 1973 onde vivi até os 38 anos de idade. Estudei Artes Cênicas na Universidade São Judas. Leciono arte e mais especificamente teatro desde 1992. Fui criado com meus avós paternos e meu pai. Amos meus amigos e sinto saudade da minha família, pois a maioria já se foi.
IFashion: Como se deu a escolha da sua profissão?
Marcelo: Desde pequeno sempre gostei de desenhar. Escolhi um curso universitário de arte para seguir minha aptidão de infância. Durante o curso de Educação Artística acabei tendo aulas de teatro com a professora Rita Celentano. Acabei me apaixonando por artes cênicas e logo surgiram oportunidades de dar aulas de teatro em diversos contextos. Também ingressei em um grupo de teatro amador no qual pude ter minhas primeiras experiências em cima de um palco. Esse universo me encantou tanto, que decidi viver disso.
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RESPEITÁVEL
27IFashion Marcelo Colavitto / Foto: Léo Nunes
IFashion: Você é feliz com a sua escolha?
Marcelo: escolha profissional? Sim! Adoro estar no palco ou contribuir para que meus alunos se apresentem. A cena é um local de fantasia onde podemos vivenciar várias experiências. É muito bom criar vida física e dar movimento a ideias que surgiram apenas no pensamento. O teatro tem me levado para diversos países. Pude me apresentar em Taiwan, Espanha, Portugal, França, Itália e Chile. Adoro viajar e conhecer novas culturas e pessoas diferentes. Para mim, o teatro imprimiu sentido subjetivo à existência.
IFashion: Você já sofreu algum tipo de preconceito?
Marcelo: Já senti preconceito por questões de classe social e por ser pardo. Com relação à orientação sexual sinto que me defendo muito. Creio que tenho uma certa “passabilidade”. Não acho isso bom no sentido de que acabo recalcando o meu modo de ser por me preocupar com a opinião alheia. Quando era jovem eu tinha medo de sofrer alguma violência por causa da minha orientação sexual e acabei me escondendo muito por isso. Hoje não tenho tanto medo de violência, porém ainda tenho vergonha de me expor em certos contextos.
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"Quando era jovem eu tinha medo de sofrer alguma violência por causa da minha orientação sexual e acabei me escondendo muito por isso."
(Marcelo Colavitto / Foto: Léo Nunes)
IFashion: Para você, qual a importância para os jovens LGBTQIAPN+ de existirem pessoas na sua posição/cargo?
Marcelo: Acho que posso ser uma referência de pessoa que tem uma vida que pode ser considerada “normal”. Não gosto desse termo pois pode dar a impressão de que existem os anormais... mas de fato, o que quero dizer é que não há nada de errado em ser diferente. A sua orientação sexual não define sua competência profissional e seu caráter. Somos mais do que corpos definidos por rótulos impostos por um mundo patriarcal e heteronormativo. Cada um pode ser o que quiser, sendo quem se é de fato.
IFashion: Deixe um recado para nossos leitores neste mês do orgulho LGBTIAPN+
Marcelo: Ninguém deve ser obrigado a sair do armário e se expor se não se sente seguro, mas procure exemplos e referências de pessoas bem-sucedidas e felizes na vida e não tenha medo de ser você mesmo. Se junte com quem que te faz bem e que alimenta sua subjetividade com esperança e alegria. O espaço conquistado por aqueles que vieram antes de nós e nos deixaram um legado que nos permite sermos mais livres e autênticos, precisa ser cuidado para não se perder. Nada está posto de maneira definitiva. Ter orgulho de ser quem somos nos dá força e nos encoraja para seguir adiante e pode inspirar aqueles que ainda não tiveram coragem de se colocar no mundo com toda essa liberdade. Sejamos esse ponto de referência positiva para inspirar a existência e a resistência daqueles que vierem depois de nós.
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(Marcelo Colavitto / Foto: Léo Nunes)
CONSIDERAMOS JUSTA TODA FORMA DE AMOR
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Modelo: Renata Franzo Borba
Foto: Léo Nunes
Produção de Moda e Styling: Ana Carla Parussolo
Dandara Rocha Daniely Dalacqua Leonardo Nunes Letícia Salomone Igor Affonso Mirela Rolim
Fotografia: Léo Nunes
A consciência de amar e ser amado traz um conforto e riqueza à vida que nada mais consegue trazer (Oscar Wilde)
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33 IFashion
Modelo: Isis Silveira
Foto: Shiro Katto
Modelo: Renata Franzo Borba
Foto: Léo Nunes
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Modelo: Mariclei Cardoso
Foto: Léo Nunes
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IFashion
Modelo: Emili Moreira
Foto: Léo Nunes
"Ame a si mesmo, esse é o início de um amor para a vida inteira."
Oscar Wilde
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Modelo: Renata Franzo Borba
Foto: Léo Nunes
Modelo: Mariclei Cardoso
Foto: Léo Nunes
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N e g r o e G a y ?
S i m , e d o u t o r !
O Prof. Dr. Felipe Fontana conta sua história
"Eu sou formado em Ciências Sociais (UEM), bacharel e licenciatura , Mestre em Ciências Sociais (UEM) e Doutor em Ciência Política (UFSCAR) Também sou historiador pela UEM, Tecnólogo em Gestão Pública pela Unioeste, Pedagogo pela Unicesumar e estou fazendo Serviço Social na Unicesumar Eu sou também Pós-doutor em Ensino de Ciências e Matemática pela UEM Atualmente, estou ministrando aulas de História e de Sociologia em locais diversos como o IFPR Goioerê, UEM (onde trabalho com humanidades) e na UP em Goioerê Sou consultor de políticas públicas de promoção da igualdade racial pela ONU desde do meio do ano de 2022 E agora as coisas estão um pouco mais lentas, por conta da transição governamental, mas em média duas vezes por mês, eu viajo para realizar essas consultorias em nome da ONU com a parceria agora do Ministério da Igualdade Racial "
"Nasci em Maringá onde permaneci até 22 anos, fui para São Carlos (SP), onde eu fiz doutorado, e retornei pra Maringá, e atualmente estou em Goioerê faz 6 anos Durante a minha trajetória profissional eu já trabalhei como promotor de políticas públicas, já participei de alguns projetos vinculados a UEM, trabalhei também com a promoção de treinamento e capacitação para assistentes sociais Sempre trabalhei nessa intersecção, entre professor e docente, pesquisador da universidade e também na área de políticas públicas vinculadas a promoção da igualdade racial, questões urbanas, planos diretores e tudo mais Gosto muito de trabalhar nessas duas áreas, mas eu tenho uma preferência pela docência e pela pesquisa Considerando os tempos agora, que são bastante complexos para quem se forma nas ciências humanas, garantir uma renda qualificada e um currículo legal, requer que trabalhemos em diferentes níveis e abracemos diferentes oportunidades, que são poucas, para atingir uma remuneração de qualidade "
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(FelipeFontana/Foto:LéoNunes)
""Crescendo em Maringá eu estudei, até a 5ª série do ensino fundamental, em escola pública, no Colégio
Estadual Presidente Kennedy Depois continuei até o 3º ano do ensino médio em uma das escolas particulares mais conhecidas de Maringá: Regina Mundi, onde eu só pude estudar porque eu consegui bolsa de estudos porque jogava basquete Estudar nesse colégio me ajudou bastante a passar nos vestibulares Já no ensino superior e na pósgraduação, toda a minha trajetória foi na rede pública, menos nos cursos de pedagogia e serviço social que eu fiz na Unicesumar
"Minha família tinha uma convivência familiar mais ampla, com mais frequência com o meu lado paterno Então, meus avós paternos ajudaram a nos criar e convivíamos muito com as tias e primos da parte do meu pai Dividíamos o mesmo quintal, então a gente percebia logo tudo isso de diferenças raciais Minha família se dá super bem, meu pai certamente é um homem que congrega vários traços racistas, mas tem bastante afeto envolvido que consegue de alguma forma suportar algumas dificuldades, já minha mãe é uma mulher negra com bastante consciência do seu pertencimento racial Minha família é muito católica, então também agrega vários valores do catolicismo "
F a m í l i a P r e c o n c e i t o
"Em termos de composição familiar, a minha família e multi-racial,, meu pai é filho de austríaco com italianos, meus avós paternos são brancos, vindos da Itália
Minha mãe é uma mulher negra, filha de mulher negra retinta e de um homem branco Meus pais se casaram e tiveram 3 filhos, os dois mais velhos são negros retintos e meu irmão mais novo é branco Minha família é muito católica, de classe média baixa, que se sustenta com bastante esforço e dedicação, tivemos uma vida financeira estável nunca nos faltou
"Vou ser bem sincero, eu sofri muito mais preconceito por conta da minha questão racial ser mais latente, do que talvez as minhas características enquanto homossexual (pelo estereótipo definido pela sociedade do que é homossexual) Com relação a minha sexualidade eu tive sempre uma maior passibilidade, do que com relação a minha raça, então eu sofri muito mais preconceito com relação a minha cor Porque o Brasil estruturalmente é um país racista em vários níveis, e esse racismo ficou expresso. Em relação a minha sexualidade, eu sofri o preconceito a partir do momento que eu abri pra sociedade que eu era homossexual e isso foi aos dezoito anos".
Vou contar uma história pra vocês, eu conversava com um amigo meu, com dezoito anos, um amigo de infância que foi pra Londres Eu estava no primeiro ano da faculdade e eu conversava via Messenger, na época MSN, nós tínhamos muitas conversas e ele estava aqui se descobrindo homossexual e Queer em Londres, e ele me mandava muitas fotos dele se montando, se vestindo e tudo mais, e eu salvava essas fotos no computador. Um dia meu irmão descobriu e perguntou por telefone: você e ele já tiveram alguma coisa? Você é gay?
Eu falei que eu era homossexual, que eu pagava minhas contas, que nunca tive nada com esse meu amigo, mas que era isso mesmo e eu não aguentava mais ficar mentindo pra todo mundo
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"No dia em que me assumi para o meu irmão, minha mãe começou subitamente a me ligar Fiquei dormindo em uma república durante uma semana, com receio de voltar para casa. Quando voltei, abri para todos. Esse foi o momento de preconceito mais forte que eu senti, porque apesar de surpreendentemente meu pai ter sido super acolhedor, a minha mãe ficou três meses sem falar comigo"
"A cena mais problemática que eu sofri, foi no cinema: Eu fui assistir um filme, da Marvel, chamado Eternos, eu estava no início do meu namoro e o filme tem cenas de um casal homossexual se beijando, fora uma sociabilidade familiar homossexual acontecendo Estávamos lá assistindo filme em Maringá, e
era um dos nossos primeiros encontros e nós nos beijamos. No que a gente se beijou, um senhor da última fileira se levantou e começou a dizer que era para gente respeitar a família dele, que aquilo ali era uma pouca vergonha, que não deveria estar acontecendo, que a gente não tinha vergonha na cara e ameaçou nos agredir.
Ele saiu e foi chamar o segurança, O que dá uma certa esperança, é que todo mundo que estava no cinema era uma comunidade jovem e se ofereceram para fazer o boletim de ocorrência como testemunha,
Esse foi um dos momentos mais difíceis, porque eu sai com medo dali com o telefone ligado, filmando, porque caso acontecesse alguma coisa eu teria gravado "
É importante pensar sempre na diversidade como um elemento condutor da nossa existência Desenvolvemos ao longo da da construção da humanidade, diversos elementos vinculados o convívio com a diferença e a promoção da diversidade Aprendemos com muita dificuldade de correlacionar, conviver entre diferentes religiões, conseguimos lidar com a diversidade econômica e a gente precisa agora também ampliar essa necessidade de convívio entre diferentes orientações sexuais e questões de gênero Pensar na promoção da diversidade, e o estado tem um papel importante nesse processo, na promoção de políticas públicas em prol da diversidade "
"E a escola não é um lugar livre disso (...) eu pedi para uma aluna para ela sentar, ela não sentou(...) e pela terceira vez eu falei, “você pode se retirar então e vai conversar com a coordenação porque não tem como, né? Eu dar aula com você em pé”, e ela virou pra mim e falou assim, “ esse professor veado, fica enchendo o saco da gente”, isso veio de uma aluna de 12 anos de idade (...) ela estava usando esse termo para me ofender, (...) eu achei que eu nunca iria passar por isso na vida, mas passei"
"A homofobia é bastante complicada, eu acho que assim como o racismo, que no Brasil, o racismo de cor, é o que define o racismo, ou seja, quanto mais preto, ( ), o indivíduo é, mais racismo ele vai sofrer, ( ) a mesma coisa acontece com a comunidade LGBT, quanto mais traços marcantes de pertencimento a essa comunidade o indivíduo vai congregar, mais difícil é o processo, maior é a homofobia que eles vão sofrer ( )
Então assim, em alguns níveis eu tive uma certa passabilidade, mas nunca usei disso para esconder Isso que é legal da sigla do LGBTQIA+, apesar de ser uma diversidade muito grande, a galera é do mesmo grupo, você tem gays, lésbicas, transexuais, travestis, queers, pansexuais intersexos de todos os tipos de todas as cores, com todos os trejeitos, com todas as formas, e isso é muito legal "
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(FelipeFontana/Foto:LéoNunes)
"Eu acho fundamental Inclusive o trabalho que eu desenvolvo junto a ONU em pensar políticas públicas de promoção da igualdade racial, é justamente pensar em possibilidade de alternativas que levem a população negra aos espaços mais privilegiados da administração pública, ou do serviço público Então, eu já estou falando da população negra demarcando um elemento de diversidade
A questão LGBTQIA+ é super importante de ter representatividade dentro dos espaços do serviço público, por duas dimensões, a primeira dimensão é a econômica, são populações que por conta da sua orientação sexual acabam sofrendo níveis de vulnerabilidade e marginalidade ao longo do seu processo de constituição enquanto indivíduos dentro da sociedade, e um desses marcadores mais importantes é o fato da vulnerabilidade econômica tá diretamente associada com a identidade de gênero e a identidade sexual.
( ) Essa é uma coisa importante e isso fica muito evidente quando a gente fala da população T (trans), mas os outras seguimentos também, por conta da sexualidade ou da identidade de gênero, acabam também sofrendo com problemas vinculados a essas vulnerabilidades socioeconômicas, por exemplo, é extremamente frequente que ao assumirem a sua orientação sexual que os indivíduos da nossa comunidade passem a serem expulsos de determinados espaços de sociabilidade em inserção socioeconômica, como da família, que é o primeiro, ou então, acabam sendo segregados e não conseguem se manter dentro do espaço de formação, como escolas universidades porque garante uma melhor qualificação profissional pro mercado de trabalho Então, você vai congregando déficits, então ter a circulação no serviço público, que é um espaço privilegiado economicamente em termos de segurança, de emprego, é fundamental Por outra perspectiva, além da econômica, nós temos a questão simbólica, representacional, ter indivíduos LGBTQIA+ dentro do serviço público e da administração pública é fundamental para uma questão de representatividade, para saber que esses espaços estão abertos a diversidade, eu por exemplo, nunca tive um professor LGBT, o que é um super problema, porque eu vivi num ambiente extremamente masculino, que era o basquete e um ambiente extremamente religioso que era a própria instituição, Regina Mundi é uma instituição católica, devido a isso eu não tive representatividade nenhuma
R e p r e s e n t a t i v i d a d e
Então a gente sem esse tipo de representatividade, orientação, indivíduos com quem conversar sobre a nossa sexualidade e sobre as nossas diversidades enquanto população LGBTQIA+, espaços sem essa articulação é muito problemático, e mais uma vez a gente acaba tendo situações de vulnerabilidade Então por exemplo, a especialidades vinculadas a questão sexuais dos LGBTQIA+ que não são ensinadas nas escolas, que não tem espaço pra isso, pelo menos na minha época não tinha espaço Se eu tivesse um professor homossexual, uma pessoa lésbica, eu teria a possibilidade de afinar as minhas orientações acerca da minha comunidade Qual que é o grande problema?
Extremamente letárgico, eu fiquei a par dessas questões quando eu estava na faculdade, e de quando o despertar da sexualidade começou até eu entrar na faculdade foram quatro anos, dos 14 aos 18 anos , que eu me expus a muitas situações disso, em termos de segurança física e sexual, em termos de saúde, porque eu não tive orientação adequada com relação a esse espaço
Então é uma questão representacional, super importante Então, ter indivíduos LGBTQIA+ dentro desses espaços, de serviço público, especificamente nas escolas, que é o espaço que eu estou, é fundamental pra você ter uma sinergia e ser um referencial, pra você ter uma dinâmica representacional e simbólica para comunidade, para os alunos que estão entrando pra essa comunidade, estão se descobrindo, se entendendo Isso obviamente, mantendo todas as questões éticas necessárias dentro de um ambiente escolar, mas você ter essa representatividade é super importante Eu acho isso fundamental, coisa que eu não tive Então tem essas duas dimensões, tanto a questão econômica quanto a questão simbólica, cultural, representacional, que me faltou bastante "
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Modelo: Maria Isabel Leandro
Foto: Léo Nunes
Amor não é doença, é cura. Não é só close, é luta, Então vê se me escuta, aceita, atura ou surta!
Quebrada Queer
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Modelo: Renata Franzo Borba
Foto: Léo Nunes
Modelo: Mariclei Cardoso
Foto: Léo Nunes
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DIREÇÃO ARTÍSTICA E DE CONTEÚDO
Betânia Oliveira
REVISÃO
Viviane Martins de Souza
PRODUÇÃO GRÁFICA
Leonardo Nunes
REDAÇÃO
Betânia Oliveira
Najara Carvalho
Maria Rita Aragão
PRODUÇÃO DE MODA E STYLING
Ana Carla Parussolo
Dandara Rocha
Daniely Dalacqua
Leonardo Nunes
Letícia Salomone
Igor Affonso
Mirela Rolim
AGRADECIMENTOS
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Caroline Calixto
Daniely Dalacqua
Giovanna Aguera
Leonardo Nunes
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