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COLAVITTO
Conheça um pouco de Marcelo Adriano Colavitto, professor de Arte do IFPR, palhaço, ator, diretor, autor dos livros: “Meu Clown: uma pedagogia para a arte da palhaçaria” e “Palhaços e Máscaras: a poiesis na trajetória dramatúrgica do grupo Meu Clown” Membro fundador do grupo Meu Clown Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.
IFashion: Conte um pouco da sua história de vida
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Marcelo: Nasci em São Paulo, capital, em 1973 onde vivi até os 38 anos de idade. Estudei Artes Cênicas na Universidade São Judas. Leciono arte e mais especificamente teatro desde 1992. Fui criado com meus avós paternos e meu pai. Amos meus amigos e sinto saudade da minha família, pois a maioria já se foi.
IFashion: Como se deu a escolha da sua profissão?
Marcelo: Desde pequeno sempre gostei de desenhar. Escolhi um curso universitário de arte para seguir minha aptidão de infância. Durante o curso de Educação Artística acabei tendo aulas de teatro com a professora Rita Celentano. Acabei me apaixonando por artes cênicas e logo surgiram oportunidades de dar aulas de teatro em diversos contextos. Também ingressei em um grupo de teatro amador no qual pude ter minhas primeiras experiências em cima de um palco. Esse universo me encantou tanto, que decidi viver disso.

IFashion: Você é feliz com a sua escolha?
Marcelo: escolha profissional? Sim! Adoro estar no palco ou contribuir para que meus alunos se apresentem. A cena é um local de fantasia onde podemos vivenciar várias experiências. É muito bom criar vida física e dar movimento a ideias que surgiram apenas no pensamento. O teatro tem me levado para diversos países. Pude me apresentar em Taiwan, Espanha, Portugal, França, Itália e Chile. Adoro viajar e conhecer novas culturas e pessoas diferentes. Para mim, o teatro imprimiu sentido subjetivo à existência.

IFashion: Você já sofreu algum tipo de preconceito?
Marcelo: Já senti preconceito por questões de classe social e por ser pardo. Com relação à orientação sexual sinto que me defendo muito. Creio que tenho uma certa “passabilidade”. Não acho isso bom no sentido de que acabo recalcando o meu modo de ser por me preocupar com a opinião alheia. Quando era jovem eu tinha medo de sofrer alguma violência por causa da minha orientação sexual e acabei me escondendo muito por isso. Hoje não tenho tanto medo de violência, porém ainda tenho vergonha de me expor em certos contextos.
IFashion: Para você, qual a importância para os jovens LGBTQIAPN+ de existirem pessoas na sua posição/cargo?
Marcelo: Acho que posso ser uma referência de pessoa que tem uma vida que pode ser considerada “normal”. Não gosto desse termo pois pode dar a impressão de que existem os anormais... mas de fato, o que quero dizer é que não há nada de errado em ser diferente. A sua orientação sexual não define sua competência profissional e seu caráter. Somos mais do que corpos definidos por rótulos impostos por um mundo patriarcal e heteronormativo. Cada um pode ser o que quiser, sendo quem se é de fato.
IFashion: Deixe um recado para nossos leitores neste mês do orgulho LGBTIAPN+
Marcelo: Ninguém deve ser obrigado a sair do armário e se expor se não se sente seguro, mas procure exemplos e referências de pessoas bem-sucedidas e felizes na vida e não tenha medo de ser você mesmo. Se junte com quem que te faz bem e que alimenta sua subjetividade com esperança e alegria. O espaço conquistado por aqueles que vieram antes de nós e nos deixaram um legado que nos permite sermos mais livres e autênticos, precisa ser cuidado para não se perder. Nada está posto de maneira definitiva. Ter orgulho de ser quem somos nos dá força e nos encoraja para seguir adiante e pode inspirar aqueles que ainda não tiveram coragem de se colocar no mundo com toda essa liberdade. Sejamos esse ponto de referência positiva para inspirar a existência e a resistência daqueles que vierem depois de nós.
