revista 46 magazine MiratecArts

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10 anos de músicas do mundo 1-11 OUTUBRO 2025

Publicação #46 • Setembro - Novembro 2025

... promovendo os Açores com arte e artistas desde 2012

Estrada Regional 29, Mirateca-Candelária, 9950-153 Madalena • Pico-Açores • Portugal

Associação MiratecArts tem por nalidade realçar o indivíduo, a equipa e a produtividade organizacional no mundo da cultura art

MiratecArts organiza festivais, residências artísticas, roteiros e exposições na ilha do Pico. MiratecArts Galeria Costa é a sede ao ar-livre na propriedade de mais de 26 mil m2. O Governo Regional dos Açores declarou a MiratecArts como utilidade pública.

MiratecArts is an association created to enhance individual, team and organizational productivity in the artistic cultural world. MiratecArts organizes festivals, artist in residency programs, public art routes and exhibitions in Pico island.

MiratecArts Galeria Costa is the open-air headquarters on the property of more than 26000sqm.

The Regional Government of the Azores declared MiratecArts an entity of public utility.

/galeriacosta /miratecarts /miratecarts www.miratecarts.com

Cordas X

São 10 anos do Festival Cordas. Quem diria? Já passaram pelos nossos palcos centenas de artistas e de instrumentos musicais de cordas, dedilhadas e friccionadas.

O objectivo continua o mesmo, desde o primeiro dia: providenciar oportunidades de aprendermos sobre o mundo e culturas, através das cordas, e destacar a nossa Viola da Terra dos Açores.

Da minha parte, apresento-vos um programa recheado com retornos, novidades e desa os para educar e entreter. Aproveitem.

O vosso apoio e a vossa presença, donativos, ou outras formas de participação, são sempre bem vindos.

A arte vale a pena! Sempre em frente.

Cordas X

It's been 10 years since we kicked o Cordas World Music Festival. Who would have thought? Hundreds of artists with stringed, plucked, and bowed musical instruments have graced our stages. The goal remains the same since day one: to provide opportunities to learn about the world and cultures through strings, and to highlight our azorean Viola da Terra, the two-hearts guitar.

For my part, I present to you a program packed with returnees, new artists, and challenges to educate and entertain. Enjoy. Your support and presence, donations, or other forms of participation are always welcome.

Art matters! Onward and upward.

Elena Moccagatta

ORGANIZAÇÃO COMUNIDADE MUNDIAL / WORLD COMMUNITY

MIRATECARTS PARCEIROS INSTITUCIONAIS

MIRATECARTS PARCEIROS DE APRESENTAÇÃO

LIVRARIAS PARCEIRAS

APOIA

MIRATECARTS

PARCEIROS PUBLICITÁRIOS RENT-A-CAR

MEIOS-DE-COMUNICAÇÃO EM PARCERIA

Os projetos da MiratecArts são possíveis com o apoio, parcerias e ofertas dos nossos amigos...

MiratecArts projects are possible with the support, partnerships and gifts from our friends...

AGÊNCIA DE VIAGENS

APOIOS

DESIGN
José Miguel Silva

1-11 OUT MADALENA

17-23 NOVEMBRO

epicentro nas Lajes do Pico.

1-6 DEZEMBRO

Biblioteca Auditório da Madalena

Visite os roteiros de Sorrisos de Pedra de Helena Amaral, pela ilha do Pico, Moinhos do Pico, Madalena Roteiro de Arte Pública e a MiratecArts Galeria Costa - horas de arte na natureza esperam por si.

12 OUT 28 DEZ

Bilheteira: Mercado da Horta

lançamento o cial da terceira aventura da menina Néveda em livro com a presença de Terry Costa e Vera Bettencourt

SEXTA 19 SET 21H00

EXPOSIÇÃO

BIBLIOTECA AUDITÓRIO DA MADALENA "o outro poema" por Tiago Resende

ABERTURA 14 OUT 16H00

ENCERRAMENTO 08 NOV 20H30

BIBLIOTECA DA MADALENA

Bernardo Macedo
Bem vindos à décima edição do Festival Cordas. Portas abrem às 19h30.

Projeto de candidatura ao Inventário do Património Imaterial Português dos Saberes e Práticas de tocar a Viola(s) da terra dos Açores

A Viola e outros cordofones foram transportados pelos Portugueses para os Açores, Ilha da Madeira, Cabo Verde e Brasil, tornando-se bastante comuns entre as populações. Estes cordofones possuíam características semelhantes às violas atuais e tiveram grande importância na música popular da península ibérica durante toda a Idade Média e Moderna, constando em fontes iconográ cas dos séculos XV ao XVIII. No Arquipélago dos Açores e segundo o cronista

Gaspar Frutuoso a Viola da Terra, terá chegado na segunda metade do século quinze, trazida pelos primeiros povoadores.

Desenvolve-se então a construção de uma identidade açoriana vinculada à Viola da Terra. Essa construção identitária, têm vários aspectos dos quais vou enumerar dois: a utilização do corpo do instrumento como repositório de símbolos e a tradução destes símbolos de forma a a rmar a vinculação da viola da terra a uma identidade açoriana e a utilização sistemática da imagem da Viola da terra e sua vinculação a personalidades de relevo de modo a valorizar e sedimentar sua importância no contexto identitário açoriano. Tendo isto em conta, a Direção Regional da Cultura, com o envolvimento ativo da comunidade decidiu através do Projeto “Viola(s) da terra dos Açores” proceder a Identi cação, documentação, estudo e inventariação dos saberes e práticas de tocar a(s) Viola(s) da Terra dos Açores com vista à elaboração do pedido da sua inscrição no Inventário de Património Imaterial Português, procedimento que visa a proteção legal deste Património Cultural Imaterial da Região Autónoma dos Açores, sua valorização e salvaguarda de forma a garantir a transmissão dos seus saberes e das suas práticas, manter a continuidade das tradições ao longo das gerações, respeitando a sua dinâmica, recriação e adaptação às condições sociais do presente, garantindo a sua documentação e registo.

- Wellington Nascimento

OUT

11h

Abertura O cial

Portas abrem às 19h30

/manuelcostao cial

e o violão do nosso Manuel Costa, um dos picoenses mais picarotos. Bem vindo amigo e companhia.

Pela primeira vez, no palco do Auditório da Madalena, é um prazer acolher a voz

ESTREIA DE PROJETO que cruza a música antiga com a música moderna devido ao conjunto pouco convencional de octacorde (guitarra clássica moderna de 8 cordas) e teorba (um instrumento antigo da família do alaúde). Também se veri ca essa dualidade no repertório, uma vez que o programa apresenta obras de compositores barrocos como Rameau e Scarlatti e também compositores mais modernos como Berio e Satie, com arranjos pelos músicos. Destacamos ainda duas composições dos próprios intérpretes a estrear para esta instrumentação: Ciaconna de Luís Abrantes, uma obra ao estilo do barroco italiano, e Descalço no Firmamento de Pedro Dias, uma obra inspirada no minimalismo.

www.creativesourcesrec.com/artists/e_rodrigues.html

“O coração humano é um instrumento de muitas cordas. O perfeito conhecedor dos homens sabe fazê-las vibrar todas, como um bom músico.”
-Charles Dickens
Tiago Lima partilha composições originais, na Guitarra Portuguesa, do seu primeiro álbum, "Esconena".
/TiagoLimaGP

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA

Especialista em música hindu e toca alguns instrumentos raríssimos, Wyetta partilha o Sarod nesta primeira viagem aos Açores, onde pretende aprender sobre música portuguesa, assim como a língua.

Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores n.º 20/2023/A

Sumário:

Plano de valorização da «Viola da Terra» na Região Autónoma dos Açores.

Assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores resolve, nos termos regimentais aplicáveis e ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 44.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, o seguinte:

1 — Declarar o dia 2 de outubro como o «Dia da Viola da Terra».

2 — Recomendar ao Governo Regional dos Açores que desenvolva os procedimentos necessários à classi cação da «Viola da Terra» como património cultural imaterial.

Ao celebrar o Dia da Viola da Terra, Marcos Fernandez Trio apresenta nova música, em preparação para gravar o primeiro álbum. /marcosfernandeztrio surshringar.com

3 — Recomendar ao Governo Regional dos Açores que desenvolva os procedimentos necessários à implementação de um plano regional para a valorização da «Viola da Terra», que tenha como principais eixos:

a) A promoção, divulgação e criação cultural;

b) A formação musical de alunos e formadores;

c) A formação pro ssional na arte de construção e de restauro;

d) A inventariação, recuperação, divulgação e disponibilização museológica e digital do acervo e património material existentes.

4 — Recomendar ao Governo Regional dos Açores que o plano referido no número anterior seja desenvolvido em parceria com as associações, sociedades recreativas, casas do povo, conservatórios, escolas, museus e outras entidades públicas e privadas do setor cultural, inclusive nas comunidades da diáspora açoriana.

Aprovada pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na Horta, em 20 de abril de 2023.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Luís Carlos Correia Garcia.

cristovammusic.com

Apresentamos um m-de-semana bem recheado de música. Às 10h da manhã, o Auditório da Madalena acolhe mais um concerto de Marcos Fernandez Trio. Às 12h15, na hora do almoço, abrimos o programa que inclui 9 concertos no Museu do Vinho do Pico - podem trazer seu tupperware! MANA é o projeto partilhado das cantautoras e amigas Nina Soulimant (francesa residente nas Flores) e Inês Ripamonti (portuguesa residente no continente).

Cristóvam participa pela primeira vez no festival, apresentando nova música apenas dias antes de lançar seu novo álbum. Na noite de sexta-feira damos um saltinho ao outro arquipélago, com uma bela turma de professores e alunos do Conservatório - Escola de Artes da Madeira e da associação Xarabanda.

Professores: Ricardo Mota

Roberto Moniz

Roberto Moritz

Teresa Leão

Alunos: Daniela Luís

Francisco Jesus Leandro Aguiar

Madalena Santos

Pedro Perestrelo

Rafael Freitas

Vasco Moniz

conservatorioescoladasartes.com xarabanda.pt

xarabanda.pt

conservatorioescoladasartes.com

Pelas 10h da manhã, arrancamos numa digressão por jardins do concelho da Madalena. O encontro é na sede da nossa associação, a MiratecArts

Galeria Costa, encerrando pelo meio-dia e picos no Santuário dos Dragoeiros, no Museu do Vinho do Pico, com a estreia dos cordofones madeirenses no festival, pelas mãos dos grandes Roberto Moniz e Roberto Moritz.

O programa da noite arranca na Biblioteca Auditório da Madalena com a professora Teresa Leão, e alunos de bandolim, do ConservatórioEscola de Artes da Madeira, Madalena Santos e Vasco Moniz.

ritacostamedeiros.com / Sons.do.Terreiro conservatorioescoladasartes.com xarabanda.pt

Há Mais Para Ser é uma coleção de histórias introspectivas e emocionantes, transpostas em música portuguesa, num registo íntimo e com letras marcantes. Rita Costa Medeiros lança seu álbum de estreia, acompanhada pela Viola da Terra de So a Vidal.

Membros da Orquestra de Violas da Ilha Terceira juntam-se em palco para um cheirinho da ilha de festa, e os colegas madeirenses apresentam um quinteto destacando os instrumentos tradicionais do arquipélago vizinho. Uma noite bem recheada a partir do epicentro do festival, a Biblioteca Auditório da Madalena.

/timmylimaphotographer

/mbyeebrima.kora

A tarde de domingo começa no grande ecrã com "Harmonia dos Açores", um documentário dos estudantes da Pace University, de Nova Iorque, sobre o seu estudo da Viola da Terra nos Açores. A curta sobre o festival CORDAS, que levou-nos a mais de 300 festivais em 66 países e recebeu 40 prémios, recebe mais uma exibição.

Na segunda sessão da tarde, Timothy Lima apresenta "Jaliya - A Storytelling of Jali Kunda", uma história à volta de uma comunidade da Gâmbia, Jali, storytellers e músicos conhecidos principalmente por causa do instrumento de cordas chamado Kora.

Logo de seguida, vamos ser transportados para outras terras com Mbye Ebrima, através de um recital de Kora, o mais importante instrumento de África Ocidental.

A tarde de domingo continua com os sons de Portugal. Ricardo Fonseca apresenta-nos a Viola Amarantina e a Viola Beiroa. Voltamos à Biblioteca para um concerto acústico e íntimo com a Tuna da Escola Musical e Educacional da Silveira e logo de seguida vamos à "RODA" de instrumentos tradicionais portugueses - a não perder. Todos os artistas presentes têm a oportunidade de apresentar seu instrumento com uma música favorita. Queres participar? É só aparecer... Os nossos colaboradores de casa, Mónica Goulart e Orlando Martins, estão prontos para vos acolher.

“Sempre adorei música, mas nunca tive coragem de experimentar um instrumento musical na escola. Arrependo-me.”
-Don Cornélio

/solo9viola

joaodiogoleitao.pt

beselch.com

O projeto musical SOLO9VIOLA estreou no Festival Cordas em 2021 e já chegou a 7 ilhas dos Açores, Espanha, Itália e Uruguai. Evandro

Meneses volta ao Cordas para abrir e fechar a segunda-feira de programação, e a "Viola Intemporal" é seu novo projeto que nos traz uma viola nova e diferente, assim como a sonoridade.

Guitarrista e criador, João Diogo Leitão tem vindo a desa ar barreiras estéticas, através de uma abordagem inovadora a um dos cordofones

tradicionais portugueses – a viola braguesa -, usando-a como uma “ferramenta para expor o seu próprio universo que em vez de jogar com a tradição, liberta-se de todos os contextos e preconceitos para criar um som próprio”, diz o Jornal de Letras. Mais uma estreia no festival, desta vez na Igreja Matriz da Madalena.

A noite no Auditório arranca com o Timple das Canárias.

Beselch Rodríguez, que participou na primeira edição do festival, está de volta, desta vez acompanhado pela guitarra de Carlos Martín.

"Há geometria no zumbido das cordas, há música no espaçamento das esferas."
- Pitágoras
/evandromeneses96
/Hugoraposoluthier /raimundoleonardes

Nuno Cintrão volta com "Canto aos Pássaros" no Museu do Vinho do Pico. Este evento necessita de registo prévio, através de info@mirateca.com até 4 de outubro.

Estamos a celebrar CARLOS PAREDES 100. Além de programa de partilha online, com Evandro Meneses e Rafael Carvalho, através da página o cial do Facebook: cordasworldmusicfestival, temos, ao vivo, a mulher que acompanhou o Mestre Carlos Paredes, Luísa Amaro, que admite, "A Carlos Paredes devo muito, mas o que é realmente importante é saber que, sem pessoas como Carlos Paredes, o mundo caria, de repente, muito mais pequeno."

A noite encerra com mais uma celebração, 100 anos de história da guitarra Tenor, um dos cordofones mais curiosos da música popular brasileira.

Notas sobre a viola de dois corações açoriana

O motivo decorativo-funcional da boca em forma de dois corações, que aparece em violas açorianas desde a segunda metade do século XIX, tem sido objecto de uma já desgastada narrativa da saudade no âmbito da emigração portuguesa: “o coração que parte e o coração que ca” é uma construção romantizada sem possíveis referências de qualquer espécie, que se foi instalando no imaginário colectivo desde talvez os anos 1930.1

Terá sido o célebre quadro Os Emigrantes do mestre micaelense, Domingos Rebelo em 1926, a inspirar tal postulado, ao representar uma viola com um par de corações, no cais da partida?2

O que esta obra parece revelar é que, à época, esse tipo de viola fazia parte da bagagem emigrante, aliás já assim era desde o século XIX, atestando a sua popularidade e rápida ascensão à qualidade de símbolo identitário açoriano.3

Essa estória fantasiosa que foi passando oralmente através de gerações não deverá ter tido origem no povo, pois que nas escassas referências da poesia popular açoriana aos corações da viola, estes nunca são tratados como o “amor separado”, muito pelo contrário.

Os dois corações abertos

Da viola, tão riquinhos, Um é meu, o outro é teu, Como os dela bem juntinhos.4

Não haverá uma explicação, bem mais prática e substanciada, para a simbologia do amor, aberta no tampo da viola?

Antes de ser “de dois corações”, a viola era “da terra”, por ser local, ou “de arame”, pelo material das cordas; em exemplos iconográ cos publicados em Ponta Delgada em 1840, 1870 e 1874, as violas parecem-se mais a violões com a boca circular.5

Passando à especulação, de acordo com a evidência histórica até agora disponível, as mais antigas violas de dois corações terão sido feitas em Ponta Delgada por Luiz José Nunes, pouco antes de c. 1875. Este construtor, nascido a 23 de Dezembro de 1827 em Quatro Ribeiras, Terceira, foi casar a 23 de Janeiro de 1859 em Vila Franca do Campo, São Miguel, com Francisca de Jesus, baptizada nessa mesma vila.6

1. Em 1990, Manuel Ferreira já tinha dedicado um capítulo da sua obra à questão dos dois corações, intitulado “Um enígma ainda por decifrar”, mas acabou por não chegar a uma conclusão por escassez de informação. Ferreira, Manuel. 1990. A Viola de Dois Corações. Ponta Delgada [edição do autor?] (pp. 101-130). Em 2012, José Wellington do Nascimento apresentou uma descrição muito completa do que disse ser uma “explicação popular” sobre os elementos decorativo-simbólicos da viola de corações, chegando a mencionar pormenores que nem sequer ocorrem nos espécimes mais antigos, como o são, a “lágrima” e o “cordão umbilical”. Nascimento, José Wellington do. 2012. “Viola da Terra, Património e Identidade Açoriana”. Dissertação de Mestrado. Universidade dos Açores, Departamento de História, Filoso a e Ciências Sociais (p. 23). Cinco anos mais tarde, Andreia do Rosário Brasil Lemos reproduziu uma análise semelhante, explorando ainda mais a dimensão emigrante. Lemos, Andreia do Rosário Brasil. 2017. “Viola da Terra – símbolo da cultura na Emigração Açoriana” in População e Sociedade. Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE), Universidade do Porto, vol. 27 (Junho 2017) [24-40] (pp. 33-37). Volvido um ano, Rafael Costa Carvalho embora tenha referido a mesma história oral, que ouviu do seu professor em 1993, propôs já um outro olhar sobre os corações da viola, sem o envolvimento do acto da emigração. Carvalho, Rafael Costa. s. d. [2018?] Viola da Terra – Crónicas Ponta Delgada [edição do autor] (p. 38). [a crónica intitulada “Símbolos, Saudades, Coroas e Fortuna” in Atlântico Expresso, 19 de Fevereiro, 2018 (p. 11).]

2 Museu Carlos Machado [MCM5016].

3 Cristo, Nuno e Loio, Eduardo. 2023. “Uma viola em movimento: A provável origem da viola de corações em Cabo Verde.” (p. 9 n. 19). Todavia, existem depoimentos indicando que nas décadas de 1950 e 1960 muitos tocadores emigraram deixando as suas violas em terra. Almeida, José Alfredo Ferreira. 1990. A Viola de Arame nos Açores. Ponta Delgada: edição do autor (pp. 105-106).

Notas sobre a viola de dois corações açoriana

Nuno Cristo

São duas as vetustas violas que sobreviveram, contendo rótulos idênticos desse construtor; uma encontra-se no Museu Municipal de Vila Franca do Campo, tendo sido referenciada por José Alfredo Ferreira Almeida em 1990.7 A outra pertence à colecção de Shawn Yacavone, no Havai8

Estes rótulos são supostamente mais antigos que outros indicando a parceria com os lhos,

na mesma morada c. 1875.9

O lho mais velho terá sido Luiz José Nunes Junior, também violeiro, de que se conhecem referências de participação numa importante exposição em Ponta Delgada em 1882, e dois rótulos do mesmo período.10

Quanto a um provável outro lho de Luiz José Nunes, existiu um violeiro de nome Manuel José Nunes, que casou em Dezembro de 1892, na freguesia de S. Pedro, Ponta Delgada, tendo a notícia aparecido num periódico português na Califórnia, em 1893.

4 Popular séc. XX?

5 (reproduzido Almeida 1990: 35; Ferreira 1990: 61, 65, 73).

6 Conforme registo de baptismo da Paroquial de Santa Beatriz in tombo.pt

7 Rótulo (anterior a c. 1875): <<Luiz José Nunes / Fabricante / de / Violas, Rebecas, Cavaquinhos, Guitarras, / Violões etc. / Rua do Meio N.º 14 – Ponta Delgada / S. Miguel.>> (Almeida 1990: 156).

8 <<N.º 2[?]98[??] [manuscrito] / [L]uiz José Nune[s] / Fabricante / De / [Viola]s, Rebecas, Cavaquinhos, [Guitarras] / Violões etc. / [Rua do] Meio nº 14 – Ponta [Delgada] / S. Miguel>> https://ukulelefriend.com/ukes/viola-da-terra/

9 Conforme rótulos idênticos de c. 1875, existentes em dois cordofones pequenos no Museu Municipal de Vila Franca do Campo e num outro pertencente à colecção de Manuel Morais, Lisboa: <<Nº 2170 [manuscrito] Luiz José Nunes & F.os / Fabricantes / de / Violas, Rebecas, Cavaquinhos / Guitarras, Violões etc. / Rua do Meio N.º 14 Ponta Delgada / S. Miguel>>.

Notas sobre a viola de dois corações açoriana.

Tudo parece, pois, indicar que c. 1870, Luiz José Nunes terá sido o criador da afamada boca de dois corações, que passou a ser elemento fundamental da chamada viola da terra açoriana, salvo a de origem terceirense que manteve a antiga boca circular. De São Miguel, a boca de dois corações transbordou para as outras ilhas, atravessou o Atlântico rumo aos EUA, alcançou o Brasil e chegou ao Havai já anexado. Pela mão de cabo-verdianos foi levada da costa leste americana para o seu arquipélago hesperitano e, já no século XX, acabou por se instalar no norte continental português.12

Claro que todas estas viagens estão relacionadas com a emigração, nem sempre de açorianos; mas será a boca de corações fruto desse movimento humano? Então porque é que só surge tão tarde, no início da década de 1870 e parece estar relacionada com o casamento do construtor que primeiro a desenhou? O par de corações, símbolo do amor, poderá ser uma celebração da união entre Luiz e Francisca, talvez comemorando as bodas de estanho do matrimónio que, entretanto, deu

vida a dois novos corações, os lhos violeiros. Parece-me signi cativo que o criador dos corações da viola açoriana possa ter sido um natural da Terceira, ilha onde esse motivo nunca foi norma.13 Estabelecido em Ponta Delgada, longe da sua ilha natal, Luiz José Nunes terá sentido a liberdade su ciente para modi car a face da viola da terra açoriana, impondo-lhe um cunho pessoal que viria a transformar-se num modelo distinto de grande popularidade.

A minha viola tem Dois corações recortados: São os nossos, sempre juntos, No mesmo amor a nados. (Armando Côrtes-Rodrigues, 1924.)

10 Catalogo da Exposição de Artes, Sciencias e Letras Michaelenses [Ponta Delgada 7 de Maio, 1882] (pp. 25-26). http://digital.museus.ul.pt/items/show/2930 Rótulo de uma guitarra/cítara portuguesa de c. 1882, leiloada em Lisboa em 2012: <<Luiz José Nunes Junior; Fabricante de; Violas, Rabecas; Cavaquinhos; Guitarras, Violas Guitarras, Violas francesas, Bandurras; Bandolins; Violoncellos, etc.; Rua direita da Fonte, 12, Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel>> https://www.cml.pt/leiloes/2012/141-leilao/2-sessao/468/guitarra-portuguesa Rótulo de cavaquinho pertencente a uma colecção privada algures no continente (via Eduardo Loio): Rótulo (de cavaquinho c. 1882): <<Nº 561 [manuscrito]/ Luiz José Nunes Junior/ Fabricante/ de/ Violas, Rabecas, Cavaquinhos, Guitarras/ Violas-Guitarras, Violas-francesas, Bandurras/ Bandolins, Violoncellos etc./ [46? manuscrito] Rua direita da Fonte, [48? manuscrito]/ Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, Açores>>

11 A União Portugueza S. Francisco, Cal. Anno 6º, Nº 228, 2 de Fevereiro de 1893 (p. 1). http://libraries.arcasearchdev.com/usmauma/

12 (Cristo e Loio 2023: 3-4, 12-13). O motivo dos dois corações gura também em quatro patentes (1896, 1897 e 1898) para violas desenhadas por Chris Knutsen, um norueguês-americano residente em Port Townsend, Washington. https://www.harpguitars.net/knutsen/patents.htm 13 No entanto, desde o séc. XX têm-se construído algumas violas terceirenses com boca de dois corações.

A Nossa Viola da Terra

Manuel Goulart Serpa

A nossa Viola da Terra, a Viola da Terra do Pico, é uma autêntica preciosidade porque, acima de tudo, retrata dedignamente a vida deste povo que enfrentou “mistérios”, teceu a pedra roliça e furou a laje para que brotassem videiras com o verde da Esperança. Nos tempos áureos do século dezanove, metade das famílias do Pico possuíam uma Viola da Terra que, quase por imperativo dinástico, era doada em testamento ao lho mais velho. Não me vou debruçar sobre os aspetos técnicos da nossa Viola da Terra. Estão aqui alguns mestres formados no cadinho de experiências múltiplas perante os quais me curvo em homenagem a eles e a todos os que, através dos tempos, com uma Viola marcaram, profundamente, indelevelmente, a nossa cultura. Mas das 567 cantigas da chamarrita recolhidas e publicadas pela Universidade Sénior da Madalena, respigo algumas quadras sublimes à laia de de nição:

As cordas da minha viola

Vou-te dizer quantas são

A prima, segunda e toeira

A requinta e o bordão

A viola sem a prima

A prima sem a toeira

É como a mulher casada

Que pensa que é solteira

A viola tem dez cordas

Juntamente a dois bordões

Acima do cavalete

Vêem-se dois corações

A Viola preciosa, marco de tantas vidas, era colocada, pelas mãos ternurentas das nossas antepassadas, em cima da cama, dulci cada pelas emanações do musgo que enchia o travesseiro.

Os grandes pintores da Humanidade não desdenhariam envolver o seu génio neste quadro comovente.

A Viola, por vezes, estava pendurada nos tirantes, em saco de serapilheira debaixo da cama ou resguardada no baú com cheiro a naftalina.

Senhoras, Senhores

É impossível dissociar a Viola do marco luminar da nossa cultura popular - a Folga.

A Viola rufou em matanças, vindimas, desfolhadas, terreiros, dias de Santos Populares, mas numa sala de folga o palco era singular.

As Folgas zeram furor. Vale a pena uma breve encenação: nada de candelabros, castiçais ou cortinados de renda na. A luz brotava de uma torcida envolta em sebo de ovelha, normalmente, ou imbuída em azeite de gata ou de albafar, mais tarde de baleia, em testo

colocado em lugar estratégico. Por vezes cobriam os folgazões cambadas de milho dependuradas nos tirantes. Bancos de faia ou osso de baleia, um pequeno oratório com a Coroa do Espírito Santo em mesa pequena onde havia sempre gos passados, aguardente e angelica. Roupa domingueira, por vezes de trabalho, mas não espantaria que aparecesse alguém descalço ou de roupa remendada. As nossas albarcas nunca envergonharam no coro de uma igreja, muito menos envergonhariam numa sala de Folga. As raparigas e as mulheres preenchiam, às vezes com grande antecedência, os lugares sentados enquanto os rapazes e os homens se cavam pela porta de entrada e pelo balcão anexo à sala, a tradicional sala de fora.

Lorem ipsum

Aqui a Viola era peça fundamental. Normalmente tocada em rasgado, em rufadas na Chamarrita, cando os ponteados para quando houvesse mais do que uma viola e para os bailhos Velhos. Os famosos tocadores distinguiam-se pela pancada da Viola, movimento da mão sobre as cordas e sobre o tampo, provocando um som metrómetro em oscilação a cada tempo forte da Chamarrita. Havia folgas de opinião. As mais famosas atraíam gente de outras freguesias que palmilhavam quilómetros com lampiões e lanternas bruxuleando na noite escura.

Quando a Folga aquecia cantadores e cantadeiras surpreendiam e apaixonavam a assistência com interessantes improvisos e rimas espirituosas glosadas em dias subsequentes, prato forte das conversas de botequins e dos serões nas longas noites de inverno. Demais, a Folga permitia o encontro, lugar ideal para um olhar interesseiro com promessas de noivar, palco de crítica social contundente, por vezes picante, cantigas magicadas e ensaiadas rolando pedra ou cortando silvado de luva e foicinho.

A Viola estremecia os circunstantes,

transformava as sionomias, emprestava um élan contagiante.

Fantástico povo. Abençoada Viola da Terra de arame ou corda doirada.

Conheci tocadores famosos e adoro os ícones que estão neste auditório e espalhados apertando as contas deste rosário açórico.

Minhas Senhoras, meus Senhores É verdade. A Viola da Terra do Pico retrata a nossa vida. Dias de luto, ausência, saudade, dor, sofrimento era guardada, escondida, dependurada nos tirantes, matizada de teias de aranha. Na festa, na alegria, no regresso, no encontro, no amor os arpejos de uma

Na frustração, nas falhas era expressão comum. “Adeus viola!”

O Francisco e o António discutiam. O Francisco deu-lhe para baixo. Dizia-se: o “António meteu a viola no saco.”

Na derrota nunca mais mugiu ou tugiu. “O gajo meteu a viola no saco.”

Ele disse que não vinha. Não participava em nada daquilo. Não quer vir que não venha.

Termino com uma quadra bem expressiva:

Quando ouço a Chamarrita

Paro e tiro o chapéu

Não me importo de morrer

Se houver violas no céu.

Viola a rasgar eram um grito de Aleluia, de Páscoa, de Vida e de Esperança. Sempre a Viola. Era tal a sua importância que entrou na gíria popular, na linguagem comum do dia-a-dia. Como comparação, metáfora ou mera alusão. Eis alguns exemplos:

Na lancha rebolando no mar estanhado, havia expectativa porque chegava à borda um forte congro. Desprendia-se. Gritava-se. Todos vociferavam: “adeus viola!”

“Faz tanta falta como a viola num enterro.”

Fantástico Povo, preciosa Viola.

01A Travessia do Canal, 2013

Inês Ribeiro (Leiria) e C.A.O. (Pico)

02A cor do talento, 2013 Djervy (Pico, Açores)

03A Picarota, 2014

Carlos Farinha (França - Portugal)

04Waiting for Camille, 2014 Luís Brum (Terceira, Açores)

05Á Memória Coletiva, 2023

Manoel Costa (Pico, Açores)

06Titans do Mar, 2014 Luís Brum (Terceira, Açores)

07Ária de Fogo, 2015 Zara Diniz (Toronto, Canadá)

08Encontro, 2015 Paulo Neves (Porto, Portugal)

09Sorrisos de Pedra, 2015-2022 (cont.) Helena Amaral (Pico, Açores)

10Cordas Música e Natureza, 2022

NAVI (S. Miguel, Açores)

11Pescando com Coração, 2016 Kas Art (Bélgica/Portugal)

12The Wave, 2016 Tse (Bulgária)

Rabo de Baleia, 2016 Djervy (Pico, Açores)

14A Dream, 2017 Tse (Bulgária)

15Mãe Terra, 2017

Rocio Matosas (Uruguai)

16Stay Humble Human, 2017 NAVI (S. Miguel, Açores)

17Gilberto Mariano, 2017 Rui Goulart (Pico, Açores)

18Música nos Corações, 2021 Ana Paxeco (Barreiro, Portugal)

Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico

www.miratecarts.com

"É no rosto, no olhar, no sorriso de cada um de nós que as emoções explodem, desenham e gravam as rugas das alegrias e tristezas da vida. Sorrir é comunicar sentimentos íntimos e privados, é partilhar silêncios e olhares que só o rosto pode divulgar. SORRISOS DE PEDRA pretende oferecer o enorme potencial que é o sorriso nos rostos das crianças, dos adultos e dos mais velhos..."

ROTEIRO DOS SORRISOS DE PEDRA SMILING STONES ROUTE Pico, Açores

"It is in the face, in the eyes, in each of our smiles that emotions explode, draw and record the wrinkles of the joys and sorrows of life. Smiling is a way to communicate intimate and private feelings, a way to share silence and expressions that only the face can disclose. SMILING STONES hopes to convey the enormous potential that is the smile on the faces of children, adults and seniors..."

#Fotogra aByPedroSilva
Helena Amaral

Nunca Altura Certa

Paisagem da Ilha: Pico

A Luz da Montanha Peixinhos

PICO

Gigante Adormecido

Sleeping Giant & Jardim do Chá Tea Garden

Da Pedra Nasceu o Vinho

Travessa Volcanic Wines

A Gruta do Cagarro Cory’s Shearwater Cave

Santuário Urze Sanctuary

Projeto Life Vidália

Cachalote Origami

Hors-Champ

Laje The Rocky Beach

Exotic Plastic Animals

Re ections

O Pescador Pensativo

Entrada | Entrance House

38°27'32.0"N 28°30'41.3"W

Find a piece for You Mural dos Sorrisos de Pedra Wanted

Rocha Roxa

Quinta da Lusofonia

Cantinho da Diversidade

Vista das Janelas Windows View

Arte para Todos, Todos pela Arte (IN)side (OUT)side

Palco LUX Stage

Mirror Wall

please do not sit

The Green Forest

Monstrinhos

O Altar

Projeto Fábrica de Ideias

Saudade

Tás có olho

In nite Blessings

Utopia Pessoal

Floresta Musical Forest

Forget me not in the Tub

To Nest

Magia da Montanha

Palco Cabaça Stage

My Own Private Blue Wall

Vimeiro Willow Field

eu hei-de amar uma pedra negra

Mundo das Tillandsias Tillandsias World

Clayjelly

Candelária

Language You&Me Pink Tree

Roteiro de Instalações Artísticas - Artistic Instalations Route

+/-500m Trilho ao Mar Trail to the Sea Os Barris

Locais de Interesse - Points of Interest

Cantinho das Suculentas

Sucullents Corner

Azulejo Suculentas & Aldeia Barro Barro

Together

A Saia da Barrica Barrel’s Skirt

Wishing Wall

Theatron

Lucky 7

Montanha

Telhado Diversidade

Mirateca
LAJES

Estamos na ilha do Pico, Açores. Entre o centro da Freguesia da Candelária e o local da Mirateca, encontra-se a MiratecArts Galeria Costa. Um quilómetro de arte entre a paisagem da cultura da vinha, arbustos e floresta: instalações, pinturas, esculturas e locais de interesse com o objetivo de desenvolvimento de arte na natureza. É um campo de experimentação, e uma experiência que não queres perder.

We are on Pico island, Azores. Between the center of Candelária and Mirateca localities, one can find MiratecArts Galeria Costa. A kilometre of art between the vineyards, bush and local forest: installations, murals, sculptures and points of interest with the objective of developing art in nature. It's an experimentation field, and an experience you don't want to miss.

pode visitar quando deseja - visit as you wish por favor respeite a propriedade - please respect the property marcar visitas guiadas - 963 639 996 - to book guided tours www.miratecarts.com

Uma Viola de Memórias… 10 Anos do CORDAS

Rafael Carvalho

A música nos Açores sempre foi refúgio e conforto das suas gentes. Habituados a trabalhar, de sol a sol, os momentos de nal de dia são muitas vezes passados a dedilhar as cordas dos seus instrumentos, a cantar, e a balhar em convívios familiares e de comunidade.

Nesse contexto, tão nosso, a Viola (e não só) assumiu um papel de companheira e con dente: instrumento de Comunidade, de Conforto e de Memórias.

De 12 ou de 15 cordas, com 5 ou 6 ordens, tocada com o polegar ou indicador, ou num rasgado com aprumo, dando o andamento às “Chamarritas” e o pulsar às nossas vidas e aos nossos corações, a nossa Viola, dita “da Terra”, “Regional”, ou “de Dois Corações”, tornou-se a nossa maior embaixadora musical e representativa da cultura arquipelágica. Dos Açores para o mundo, da freguesia mais pequena ao país maior, a sua identidade e sonoridade passou a ser reconhecida: o tinir das suas cordas, o seu corpo delicado, os 2 corações – o que partiu e o que cou - sempre unidos por amor à sua terra Natal e às memórias das vivências passadas, ainda bem vívidas no presente.

Há uma década surge o CORDAS, o festival que pretendia valorizar e promover a Viola da Terra ao tê-la como an triã da sua primeira edição e de todas as seguintes, mas também a desa á-la e a todos os que nela se inspiram, a crescer, a dialogar, a reinventar-se.

São 10 anos em que dezenas de artistas visitaram o Pico, trouxeram a sua arte, e conheceram a nossa Viola, muitas vezes

integrando conjuntamente os agrupamentos e atuações dos artistas locais. Desse modo, aprenderam e cresceram todos, em partilha e em amizade, criando também memórias em torno desse instrumento tão especial. Mola impulsionadora desses convívios, de bailaricos, desgarradas, festas de adegas ou noites de folgas ao adro, a Viola passa a ir aos museus, a grutas, à montanha, a qualquer

palco natural que a queira receber e ao seu executante. Os artistas passam a ser público dos colegas uma vez que seguem a programação em conjunto, os concertos percorrem a Ilha, a família cresce e cria laços só possíveis graças ao próprio conceito do festival CORDAS. Ouvia, há alguns anos, as sábias palavras do Mestre Manuel Silva “Canarinho”: quando éramos rapazes novos se queríamos ouvir música tínhamos de tocá-la! É essa a verdade incontornável da vida nas nossas Ilhas. Da especialização dos que nelas tocavam e tocam as nossas Violas, Bandolins, Violinos, Violões, Cavaquinhos, cingindo-me à temática das cordas.

A aprendizagem por imitação, por tentativa e erro. Insistência e persistência, vinda de tempos em que as vidas eram noutro ritmo. Vivia-se para trabalhar, mas tocava-se para renovar a alma.

Viver o CORDAS é presenciar tudo isso. É fazer uma viagem pelo passado e pelas raízes, mas, acima de tudo, de viver o presente.

O CORDAS, como a nossa Viola, é um Festival de Memórias. De boas Memórias.

Rafael Carvalho – 3 Décadas e 10 Álbuns para a Viola

Terry Costa

Rafael Carvalho é o maior dinamizador da Viola da Terra, a viola de arame dos Açores, a Viola dos 2 Corações. Músico, compositor, professor, cronista, e o “padrinho” do Festival Cordas. Desde a fundação da associação MiratecArts tem participado todos os anos, de uma forma ou outra. Tem-se dedicado ao estudo e pesquisa do instrumento mais representativo deste arquipélago, procurando e divulgando registos deixados pelos velhos mestres, mas também compondo novo repertório e desenvolvendo métodos de ensino atuais. Os livros de método da viola são ferramentas indispensáveis, mas são os seus álbuns que nos levam além-frontei -

ras, e promovem o instrumento como nunca visto no mundo da viola. Em pouco mais de uma década, Rafael Carvalho conseguiu 10 Álbuns dedicados à viola, registando músicas tradicionais e novos arranjos e compondo os seus originais. Seus álbuns são um património invejável, criando assim um legado para futuras gerações.

Tudo começou com “Origens”, em 2012. Aqui já se nota o virtuosismo do músico, que só cresce nos futuros trabalhos, “Paralelo 38”, em 2014, título com referência à localização geográ ca dos

Açores, e “Relheiras” em 2017, que contém uma das minhas músicas favoritas, a do

título do álbum, que se refere aos sulcos na paisagem lávica, que ultimamente já deram muito que falar e questionar a passagem de civilizações anteriores aos portugueses nestas ilhas.

“9 Ilhas 2 Corações” foi apresentado em 2018. Um CD duplo com 80 faixas de músicas tradicionais das 9 ilhas dos Açores, gravado digitalmente, sem edição em estúdio, para manter a sonoridade das recolhas musicais do passado.

Em 2019 veio “Um Natal à Viola” e em 2021 “Cordas do Mundo”, o mais eclético, bebendo sonoridades dos quatro cantos do planeta.

Para celebrar “10 anos de 'Origens'” foi conseguido um álbum comemorativo, com

dito título. Um álbum duplo, com um CD que contem 20 originais de Rafael Carvalho, para viola da terra, 14 desses originais foram escolhidos dos álbuns anteriores e seis novos temas foram gravados, propositadamente, para este álbum. O álbum conta, ainda, com um DVD, que retrata o percurso de Rafael Carvalho desde a infância, na Ribeira Quente, em São Miguel, num testemunho na primeira pessoa, e o seu trabalho como formador em várias escolas de violas. Os testemunhos são alternados com videoclipes de 13 originais de Rafael Carvalho. Uma obra-prima!

Rafael Carvalho - 10 Álbuns para a Viola

“Viola Micaelense – Ecos dos Mestres", em 2023, e “Ao Toque do Polegar”, em 2024, reforçam a necessidade de pesquisar e salvaguardar um passado, trazendo-o para o presente, para que seja apreciado no futuro. E, este ano de 2025, enquanto celebramos 10 anos de músicas do mundo com o Festival Cordas, Rafael Carvalho apresenta o seu décimo álbum, “A Teia da Viola”. O álbum contém 10 originais para Viola da Terra numa celebração de 30 anos do início da sua aprendizagem do instrumento.  Além dos álbuns a solo, Rafael Carvalho tem 2 álbuns em duo e 2 álbuns em trio, e mais de duas dezenas de participações musicais como convidado em diversos

álbuns ou singles. Editou, ainda, 3 livros do seu “Método para Viola da Terra”, fruto do seu trabalho de lecionação e estruturação do curso curricular de Viola da Terra no Conservatório Regional de Ponta Delgada, tendo ainda editado, em 2021, o livro “Viola da Terra – Crónicas”.

Desde o primeiro dia, Rafael Carvalho, a sua Viola da Terra, programas, álbuns, textos e ideias têm presença constante no plano anual da associação MiratecArts. São poucos os que têm iniciativa própria e estou feliz que podemos contar não só com o incrível talento deste açoriano, mas também com a sua contribuição para o desenvolvimento da cultura ilhéu. Rafael Carvalho é um tesouro

nestas ilhas e deve ser escutado, lido e apreciado, todos os dias possíveis.

A música de Rafael Carvalho está disponível em rafaelcarvalho.bandcamp.com e podes seguir seu trabalho nas redes sociais

/rafa_azores

e, se acompanhares os jornais açorianos, quase todas as semanas há algo sobre este grande artista. Um brinde para mais 30 anos de aprendizagem e partilha pública.

www.miratecarts.com

Encontramos mais de 30 moinhos, re-construídos ou em ruínas, a dar a volta à ilha do Pico. Cada vez mais é necessário dar o valor e vida a estas obras de arte que deliciam o olhar de quem as encontra. There are more than 30 windmills, reconstructed or in ruins, around the island of Pico. Nowadays, it´s important and necessary to give more value to these pieces of art that enchant anyone who sees them.

moinho ruínas

/rubenbettencourtguitar

pedromestre.com.pt martapereiradacosta.com

Com 24 prémios em concursos internacionais da especialidade, o guitarrista Ruben Bettencourt é considerado um dos melhores da sua geração. Ruben volta ao festival para presentear-nos com grandes clássicos na Igreja Matriz da Madalena.

De volta ao festival, também está a guitarrista Marta Pereira da Costa e sua guitarra portuguesa. Desta vez, a Marta ca connosco em residência artística. Além do seu concerto, desta noite, acompanhada pelo violão de sete cordas do Brasil, de João Pita, participa com vários músicos durante a semana.

Em estreia no festival está o Pedro Mestre. Mestre já é o seu nome, e 30 anos de canto são celebrados neste palco com o cheirinho do Cante Alentejano e a Viola Campaniça.

/saunakraut

/jonathan__afonso

frankiechavez.com

Hoje somos privilegiados com três projetos musicais, pela primeira vez no nosso festival e na ilha do Pico.

SaunaKraut é uma combinação musical, onde fadas nlandesas malcriadas e vigor alemão resultam em jams transpirados no celeiro, passos melódicos à beira do lago e um banjo suspeitosamente energético sob o sol da meia-noite.

Jonathan Afonso apresenta "Fire Within", um convite à pausa e ao mergulho na introspecção. As composições foram concebidas para induzir um estado meditativo, permitindo aos ouvintes explorar as suas próprias emoções e aprofundar o conhecimento de si mesmos.

Frankie Chavez tem-se a rmado, desde que se estreou em 2010, como um dos mais estimulantes músicos da sua geração. Inspirado pelo Folk, pelo Blues e pelo mais clássico Rock, tem levado a sua música cada vez mais longe. O multi-instrumentalista estreia-se a solo na ilha montanha.

A ideia da Academia Cordas Academy foi primeiro apresentada na conferência internacional da Folk Alliance, na cidade de Kansas, nos EUA, em 2024. Este ano, nalmente, estamos a implementar durante a décima edição do festival, este conceito aberto de aprendizagem. Qualquer indivíduo, turma, escola ou grupo, que deseja instrução, acompanhamento, workshop e masterclass, com um dos nossos músicos apresentado neste programa, pode contatar via info@mirateca.com e requisitar. Pode até ser só uma conversa, um almoço ou cafézinho. Este tipo de trabalho pode acontecer entre os músicos pro ssionais, estudantes, ou público em geral. Não hesite em conectar. Pode ser o início de uma boa relação ou até de uma nova carreira.

ACADEMIA ACADEMY ESCOLAS TURMAS INDIVÍDUOS

Folk Alliance 2024, Kansas City, USA. Photo Todd Zimmer.

/miguelberkemeier

/layaladaya

O último m de semana de programação arranca logo de manhãzinha com o músico que acompanha a si próprio, através do grande ecrã, como visto no "Portugal Got Talent". Miguel Berkemeier explora vários estilos de música, incluindo suas composições.

OUT 11h

Na hora do almoço vamos até ao Museu do Vinho para sons oriundos do Brasil com a Laya.

A tarde é dedicada a um passeio de músicos no AUTOCARRO DO CORDAS pelo Concelho da Madalena. O público pode-se juntar no autocarro ou aparecer nas freguesias para o momento especial. A viagem começa às 15h em frente da Biblioteca Auditório da Madalena e segue para as freguesias da Criação Velha, Candelária, São Mateus, São Caetano e às 17h30 termina nas Bandeiras. As paragens acontecem nos centros principais.

/dsarabando

A noite de sexta-feira é no icónico Cella Bar. Depois da estreia de nova música do "himalion", colaboradores partilham o seu trabalho e a noite culmina em jam.

Se desejas participar é só aparecer com o teu instrumento.

nova pintura no já famoso Palco LUX, o barco instalado no meio da propriedade sede da associação MiratecArts.

Poucas ocupações proporcionam momentos de solidão mais proveitosos do que tocar um instrumento musical.
-Stephen Hough a

OUT

/galeriacosta

/luizga.music

Sábado de manhã damos um saltinho à sede da associação MiratecArts, a Galeria Costa, com visita guiada pelo diretor artístico.

Os concertos no Museu do Vinho do Pico encerram com um dos nossos brasileiros favoritos, Luizga, que faz uma paragem na ilha antes de seguir digressão pela Europa.

NOITEDEENCERRAMENTO

O momento o cial de encerramento da décima edição do Festival

Cordas acontece no feminino, pelas 21h30, no Auditório da Madalena.

As nossas músicas participantes preparam um momento único

para o público do Pico. Participação con rmada de:

Joana Alegre, Guitarra e Voz - Portugal

Laya, Guitarra - Brasil

“Quando as cordas de minha vida se a narem, a cada toque Seu soará a música do amor.”

Lu Yanan, Pi´pa - China

Maija Kauhanen, Kantele - Finlândia

Marta Pereira da Costa, Guitarra Portuguesa - Portugal

Mónica Goulart, Viola da Terra - Pico

-Tagore

A noite arranca com Lu Yanan e um dos instrumentos musicais mais antigos da China, com mais de dois mil anos de história, Joana Alegre estreia-se na ilha do Pico. "Uma das mais sensacionais cantautoras portuguesas da atualidade", de acordo com Playback, Joana partilha músicas dos seus três álbuns, e ainda do projeto a celebrar os anos do seu pai, Manuel Alegre. A noite encerra com o retorno de Maija Kauhanen e o Kantele. A mulher-orquestra da Finlândia volta pela terceira vez, em dez anos, aos Açores - já é família.

Eu e a viola

Em minha casa ouvia-se música todos os dias. Tanto o meu pai como o seu irmão mais velho, o Padre José Luís de Fraga, eram bons músicos e grandes apreciadores de diversos géneros musicais, desde a música clássica até à tradicional, esta tanto açoriana como do continente português e de outros países, sobretudo italiana e russa, que não desprezavam, pelo contrário valorizavam – e foi nesse meio que cresci. A valorização da música tradicional numa época em que muitas pessoas a consideravam “música de rústicos”, “música de segunda”, “música de quem não sabe música”, foi por mim interiorizada desde tenra idade; aprendi a apreciar a sua beleza simples e genuína, e como por volta dos quatro anos comecei a cantar, geralmente com meu pai, dava-lhe grande preferência. Este, à medida que fui crescendo, foi-me ensinando as bases do solfejo, da harmonia e do canto, para poder entrar um dia mais tarde num Conservatório de Música. Do meu contacto com a música tradicional dos Açores rapidamente pude constatar também que os povoadores do Arquipélago,

que para o meio do oceano tinham trazido a sua cultura, os seus costumes e hábitos, as canções que conheciam e os bailhos com que se repousavam algum tanto das difíceis tarefas de arrotear um terreno virgem como era então o das ilhas, também tinham trazido os instrumentos em uso nas suas terras de origem, entre eles a chamada “viola de arame” então usada por todo o continente português, que acabariam por modi car e adaptar ligeiramente, tal como se fez por todo o Portugal.

A viola de arame acabou por prevalecer nos Açores em relação a outros instrumentos que na época a acompanharam na sua vinda, tornando-se no principal instrumento musical das ilhas, e em muitos casos o único. Foi, pois, ao som das suas tocatas agrestes que o nosso folclore musical cresceu e se desenvolveu, segundo as leis da adopção e da adaptação, seguidas desde sempre na evolução da música tradicional. Regressando aos Açores, de onde saíra em 1967, constatei com desagrado que a música tradicional e o seu instrumento próprio estavam bastante esquecidos e

postos de lado pelos meus conterrâneos, de um modo geral, pela invasão de outras músicas e concorrência de outros instrumentos, de bela sonoridade, mas alheios à nossa cultura ilhoa, como a guitarra portuguesa, por exemplo. Depois de um renascimento ocorrido nos anos cinquenta com a criação, por meu tio Padre Fraga, do Grupo Folclórico Tavares Canário, grupo de cantares cujo instrumental era constituído apenas por violas açorianas, e que muitas gravações fez para a rádio (então o Emissor Regional dos Açores da Emissora Nacional) além das apresentações públicas, vinte anos depois muitas excelentes peças do folclore açoriano e o seu instrumento principal pareciam de novo olvidados e mais uma vez desprezados por quase todos. Pensei então que, uma vez que tinha tido a sorte de conhecer aspectos da nossa música que muitos pareciam não conhecer ou mais uma vez considerar como “música de segunda”, era preciso divulgá-los; e que melhor forma de divulgar as minhas ideias sobre folclore do que gravar discos?

E foi assim que foram surgindo “Açores”, 45 rpm, em 1981; Manjericão de Serra, LP, em 1984; Canto do prisioneiro, LP, em 1988; com o Rosto a Este Vento, cd, em 2005 e “Entre França e Aragão”, cd, em 2014. A viola de arame açoriana é presença constante nesses meus trabalhos discográ cos, sobretudo desde que conheci o grande executante sr. Miguel de Braga Pimentel, infelizmente já falecido, o “melhor tocador de viola vivo” como tantas vezes lhe chamei. No meu último cd, é mesmo o único instrumento presente. Num intervalo de tempo de 33 anos (de 1981 a 2014) gravar “apenas” 5 discos não parece muito, de facto; mas além de eu não perseguir a quantidade mas sim a qualidade que me fosse possível, também é certo que sempre fugi a pedir os subsídios, auxílios e patrocínios de que muitos não prescindem para a realização dos seus trabalhos (apenas três dos meus trabalhos foram gravados graciosamente nos estúdios da então RDP Açores, pelo seu conteúdo cultural) e o mero ordenado de uma professora mãe de família não permite grandes voos… muito cou por divulgar, mas outros virão que o hão-de fazer.

De tanto aparecer com a viola, de tanto escrever sobre ela, por vezes mesmo de a tocar em modo de acompanhamento (pois sempre fui fraca tocadora), en m, de tanto chamar a atenção para o nosso instrumento, nosso e o único que é nosso, creio ter contribuído para que ela, neste momento em que escrevo, já

não possa ser considerada em perigo de extinção; outros perigos ameaçam no entanto não a viola, objecto físico, mas as tocatas tradicionais, diferentes de ilha para ilha e mesmo dentro da própria ilha, pelas misturas que a melhoria das comunicações facilita, e a que alguns executantes não resistem.

Termino este pequeno texto recordando que aquela a que chamei viola de arame açoriana é hoje mais conhecida como “viola da terra”, designação menos técnica talvez, mas mais carinhosa, dado que signi ca “viola que é nossa”, “viola daqui”, “viola endémica” – tão endémica como as belas azorinas…

Dos Açores para o Mundo

From Azores Islands to the World

Ano da criação da Associação

MiratectArts na Mirateca, freguesia da Candelária, Pico.

MiratecArts Galeria Costa acolhe a sua primeira instalação; Azores Fringe Festival foi fundado no Pico e com programação paralela no Faial e São Miguel.

Fundação do Cordas World Music Festival, no concelho da Madalena, e do AnimaPIX, festival de animação pelas escolas da ilha do Pico; AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) nomeou o Azores Fringe Festival como projeto nacional que mais promove uma região.

O Governo Regional dos Açores declara MiratecArts como utilidade pública; Festival Cordas recebe designação de TOP 10 Global Festival nos Transglobal World Music Chart Festival Awards; Galeria Costa declarada Azores TOP10 Things To Do; Azores Fringe Festival recebe World Fringe Recognition Award, por conseguir ultrapassar os 5 anos de vida.

MiratecArts recebe o prémio de Melhor Empresa Internacional de Gestão de Eventos e Festivais de ArteGlobal Excellence Award, da LUX Life, no Reino Unido.

A temporada Música no Forte e o festival de cinema ao ar livre, LAVADIAS, têm as suas primeiras edições, nas Lajes do Pico. O documentário CORDAS recebe exibição em mais de 300 festivais e angaria 40 prémios.

Azores Fringe Festival estende-se pelas 9 ilhas dos Açores, com epicentro no Pico, o qual acontece até hoje.

Primeira edição do Montanha Pico Festival acontece por toda a ilha do Pico, incluindo no ponto mais alto de Portugal; MiratecArts recebe Prémio Audiência Artes & Letras.

Primeira edição do Azores Birdwatching Arts Festival, com epicentro nas Lajes do Pico; AnimaPIX centra-se na Biblioteca Auditório da Madalena, o qual continua até hoje; Festival Cordas recebe designação de TOP10 Melhor Novo Festival de Pequena Dimensão, nos Iberian Festival Awards.

MiratecArts lança “além arquipélago” para promover projetos açorianos pelo mundoaté hoje já chegou a mais de 60 países com lmes, livros e muito mais; Dia da Viola da Terra foi lançado a partir do Festival Cordas.

Terry Costa recebe o Prémio Açores de Mil

Ilhas, da Associação de Emigrantes Açorianos, e a Medalha de Mérito Cultural, da Câmara Municipal da Madalena.

Depois de vários livros, publicados na coleção

Néveda Ent., receberem o selo LER Açores, o ano cou marcado com o primeiro livro a receber o selo LER+ do Plano

Nacional de Leitura: "O menino que queria ver a baleia azul a passar nos Açores"

O lme curta, First Date, já chegou a mais de uma dúzia de países e angariou 10 prémios; Terry Costa recebe Prémio de Excelência –Personalidade do Ano, nos Iberian Festival Awards; Festival Cordas e o AnimaPIX celebram as suas décimas edições.

MirAnda

bilhetes disponíveis na Biblioteca Auditório da Madalena

Marta Miranda é a voz inconfundível e gura de proa dos OqueStrada, projeto que se veio a tornar uma referência da nova música urbana portuguesa. Acompanhada pela contrabacia de Jan Marc Pablo e à viola por Sergio Prazeres, Miranda evoca nesta apresentação, a sua sonoridade de "Fado-Beat" com um formato acústico simples e poderoso. O repertório varia entre clássicos do fado revisitados e de música do seu novo disco “Uma Mulher na Cidade”.

08 NOV 21h00

AUDITÓRIO DA MADALENA

Marta Miranda, voz e direção artística

Jean Marc Pablo, contrabacia

Sérgio Prazeres, viola /mirandavadias

Pico Eats

The black volcanic rock that lines the shores of this stunning island is everywhere, as are views of currais that extend to the ocean, showcasing the historical vineyards of Pico. These grapes will be transformed into the unique wine that has put Pico on the map, particularly crisp whites made from native arinto, verdelho and terrantez grapes.

But the mighty volcano is becoming known for more than just its wines and spectacular nature: it’s increasingly growing into a gastronomic hotspot. Wandering through the quaint town of Madalena, you’ll likely nd a crowd waiting to get into O Cinco. The cozy eatery is known for its quirky vintage decor and humorous quotes lining the walls, but the real draw is the food, of course.

A must is the tuna steak served with sweet potatoes, all local, simple but delicious. One of their signature dishes is the Bife à Cinco – lean beef loin sauteed with plenty of garlic, white wine and pimenta da terra, a traditional Azorean spice made with red peppers and salt. This inviting meal is served with hand-cut fries, perfect for soaking up that glorious garlic / wine sauce. During MiratecArts´ many events, such as Cordas World Music Festival or Montanha Pico Festival, you’ll bump elbows with international artists here.

Opposite O Cinco, Mercado Bio o ers Asian fare with options for vegetarians and those who fancy noodles for dinner. The open kitchen allows you to see your food being prepared, helping you choose from the varied menu: chicken satay, curries, spring rolls. Cap it o with a refreshing cocktail and dessert made with exotic fruit.

Down the road towards the ferry terminal, keep your eye out for Porta 6, a new introduction to the Madalena food scene from O Cinco. With the same concept of an intimate atmosphere, Porta 6 focuses on wine and tapas. You can happily enjoy a full meal here, from tender beef carpaccio to tuna tataki and ceviche fresh from the sea, paired with a wide variety of wine.

For a quick bite in the morning or a lling lunch, Pastella, in the heart of Madalena, is a popular pick. There is always a soup of the day, a must in the Azorean diet, salads, burgers, pizza and plenty of mouth-watering pastries.

Bar da Gare in the Madalena ferry terminal is often buzzing with people, either waiting for the boat to take them to Faial across the channel or having a cold beer

tuna steak with sweet potatoes, O Cinco

outside on the ample terrace, eyeing the whale watching Zodiacs whizz by. The pleasant women behind the counter are always free to make you a toasted sandwich with famous Pico cheese on the y, or to serve a scoop of Quinta dos Açores ice cream. Towards the Barca area, a visit to Pico Island is not complete without a stop at Cella Bar. Perhaps the most well-known bar on the island, known for its eye-catching wooden architecture, Cella Bar is also a full-service restaurant with a broad menu. Opt for a few sides of sauteed vegetables, gooey garlic bread layered with cheese, or a light goji berry salad topped with shaved parmesan. Bigger plates won’t disappoint, particularly the tender grilled octopus with roasted potatoes, or the creamy shrimp risotto. During the summer months, head downstairs after your meal for an Azorean gin cocktail and you may be lucky enough to encounter an Azores Fringe Festival music session or poetry reading, with the Atlantic as the backdrop.

If you nd yourself in Santo Amaro, on the north side of the island, you’ll be sure to hear about Magma. The restaurant, which served as one of the settings of the award-winning lm First Date, serves incredible dishes with a view to match. Vegetarians will be pleased with the varied menu, like the favas da festa, a typical Azorean festival food of fava beans stewed in tomatoes and onions. Both sh and meat lovers will be happy here too, and the warm ambiance will draw you to linger after your meal with a ne wine.

Tasca, in lovely Prainha de Baixo, is situated in a rustic house, with bright yellow trim and potted succulents lining the stairway into the restaurant. It’s a great spot to dine on small plates like every Picarota’s favourite: local sausage, black pudding and fried taro, grown in elds around the island.

In Pico’s oldest village, Lajes, while walking through the charming streets, your nose will lead you to Pastelaria Aromas e Sabores. The beloved bakery café is often full of patrons indulging in the delectable pastries and cakes made daily. They also o er hearty lunch choices, including toasted sandwiches large enough to feed two. Don’t forget to ask what the fresh fruit juice of the day is (the lemonade with hortelã, a local wild mint, is wonderful) and take a moment to savour a Queijada de Néveda. This tart dusted with powdered sugar has a pleasing minty taste, a sweet tribute to the popular children’s book character Néveda.

Finally, visit the Picowines Cooperative, the largest and oldest wine producer in the Azores, and say cheers to the beautiful island of Pico with the distinguished Frei Gigante or an easy-sipping Terras de Lava Syrah.

Polvo, Cella Bar

2025

a mulher-orquestra nlandesa

sonoridades alternativas da viola da terra

Bilheteira - Mercado da Horta
ENGENGROALDENGA

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