Jornal de Abrantes - Edição de Janeiro, 2017

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Clube Desportivo os Patos a cumprir objetivos há 34 anos

A amizade é a imagem de marca Neste ano o Clube Desportivo os Patos celebrou 34 anos de existência e muitos têm sido os sucessos alcançados. O que começou como sendo um projeto local rapidamente ultrapassou as fronteiras do concelho de Abrantes. Destacando-se pelos sentimentos de orgulho e pertença a uma família, o clube tem vindo a marcar várias gerações, sendo a amizade aquilo que os destaca. D

FOTOGRAFIA RITA VALAMATOS

RITA VALAMATOS ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

O Clube Desportivo “Os Patos” foi fundado em 1982, por um grupo de jovens do Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, que tinham o sonho de formar um clube desportivo e de o formalizar como tal. Tinham as ideias e sentiam a importância de unir os jovens da freguesia em torno do gosto pelo futebol de salão, modalidade muito acarinhada na altura, e pelo associativismo. Um dos objetivos passava por criar condições para poderem jogar nos torneios das localidades envolventes, de um modo organizado e com regras. Apesar de o ringue na altura estar bastante degradado era onde realizavam grande parte dos torneios, e dos ‘Patinhos aos Patos’ surgiu a primeira equipa definitiva que iria dar nome ao clube. Os primeiros membros ocupavam as suas férias escolares com várias atividades, juntavam-se no Café Pato Bravo e num anexo da casa dos avós de um dos sócios fundadores, que fora a primeira sede do clube. Angariavam dinheiro através de rifas, sorteiros, quotas, realizavam as festas da terra convidando artistas e participavam em diversos projetos. Eram atividades voluntárias, em que cada um fazia um pouco de tudo, com empenho e dedicação, sempre movidos por um objetivo comum, que se estava a começar a realizar. Do ceticismo dos habitantes ao reconhecimento de todos Os habitantes locais tinham algum ceticismo em relação a este ‘projeto’. Mas os Patos começaram a ganhar credibilidade e reconhecimento, conseguindo apoios e patrocínios de várias entidades e empresas locais, de federações e das próprias famílias. A nova sede, aliada à partilha de gostos e interesses, deu lugar à criação de novas modalidades, como o judo, o futsal, a canoagem, a dança e o andebol, até ao acolhimento, mais tarde, de um grupo de teatro. No entanto, só o futsal, o judo e a canoagem se mantêm até hoje e são o principal foco do clube. Hélder Rodrigues, atual presidente dos Patos, ainda era criança quando o clube se fundou, mas recorda que a sua ligação foi “quase ine-

L Em dias de jogo no pavilhão do Pego reúnem-se sócios, familiares e simpatizantes vitável, por ser um clube formado por jovens e a proximidade de ideias e partilha foi muito natural tendo em conta o tipo de atividades que desenvolvia”. É o presidente há 17 anos e sorri quando diz que ser presidente dos Patos é uma experiência interessante, mas por vezes dura, que “nos enriquece como pessoas”. A dimensão que o clube atingiu aumentou as responsabilidades e os desafios são quase diários. O objetivo é “conseguir estar sempre à altura dessa fasquia”. No entanto, “nunca nos deixamos levar pela tentação de dar passos que possam colocar em causa a sobrevivência do clube”. Os resultados que têm vindo a obter nas três modalidades têm sido recompensadores e, “a brincar a brincar, criámos aqui uma dimensão desportiva de inevitável referência para o Rossio e para a cidade de Abrantes”. Ao longo dos 34 anos de história, o clube tem sido sempre “um grupo de amigos que se identificam e gostam genuinamente do clube” e o associativismo permanece vinca-

do. Os Patos funcionam como uma Escola, onde se formam jogadores e atletas, mas essencialmente formam-se cidadãos e pessoas melhores, sendo conduzidos por treinadores equipas técnicas “confiáveis com enormes qualidades humanas e educacionais que lhes transmitem valores e princípios essenciais”. Vários dos atletas começaram na base da pirâmide, nas ‘Escolinhas’ e é com “uma alegria imensa” que os veem crescer no clube. Um clube que apoio no desporto e na vida Miguel Prates tem 20 anos e faz parte do clube há quase sete anos. Disseram-lhe que “o clube era bom e que devia experimentar”. Neste momento já faz parte dos séniores e considera que é importante existir no Rossio, onde mora, um clube onde possa praticar futsal sem ter de ir para outro local. Para além disso, sente que os Patos são “um clube fantástico, uma família” que o apoia “em tudo, no desporto e na vida”.

Em dias de jogo, no pavilhão do Pego, reúnem-se sócios, familiares e simpatizantes do clube. A união entre todos é visível e das bancadas dirigem palavras de encorajamento aos atletas em campo, sentindo-se sempre uma enorme euforia. Luís Neves é sócio do clube há 18 anos e juntou-se essencialmente pela amizade e pelo espírito competitivo. Diz que “é importante movimentar a juventude e dar aos jovens aquilo que os mais velhos não tiveram”. Quando os problemas surgem, reúnem-se e tentam encontrar soluções, sempre com muita “camaradagem e amizade”. Afirma ainda que é com muito orgulho que faz parte dos Patos pois trata-se de “pertencer a uma grande família”. O balanço da época é positivo, apesar dos altos e baixos. Os Patos têm, pela pela primeira vez, duas equipas no campeonato nacional e a possibilidade de irem à fase final seria um grande feito. Apesar da importância de vencer campeonatos, “os atletas poderem divertir-se é o que nos move”. Em campo, é notório o enorme espírito de equipa por parte dos jogadores, dando uns aos outros a oportunidade de cada um brilhar. Sentem que pertencem ali e que irão permanecer juntos independentemente dos resultados. A canoagem e o judo são duas modalidades com especificidades próprias, com treino muito mais especializado e individualizado, mas, ainda assim, têm também atletas com resultados positivos e conhecidos, também a nível nacional e internacional. Acima de tudo, tudo isto é possível pela dinâmica e qualidade do trabalho desenvolvido e por acreditarem nas potencialidades dos atletas. Se pudesse definir o Clube Desportivo os Patos numa palavra, Hélder diria ‘amizade’. Atualmente, alguns dos sócios fundadores são dirigentes e passam o testemunho aos mais novos. O seu contributo foi fundamental e possibilitam que as novas gerações continuem a elevar o clube. Em 1982 nunca imaginariam chegar aqui ou que o clube conquistasse esta dimensão. No entanto, as expetativas iniciais superaram-se e os ‘sonhos’ continuam a ser cumpridos. Continuarão todos juntos na partilha da amizade, das conquistas e das derrotas, com um sentimento de “pertença nesta enorme família”.g

Casa da Juventude de Amarante desenvolve projetos com jovens de diferentes países

“Uma abertura de mentes incrível”

A Casa da Juventude de Amarante (CJ), cujo objetivo inicial seria uma pousada para a juventude, mudou o seu conceito. O responsável é Miguel Pinto, que reabilitou um espaço e hoje tem em mãos projetos que envolvem a população jovem do concelho e de diferentes países do mundo. ELSA CUSTÓDIO ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Miguel Pinto está à frente do Serviço de Voluntariado Europeu (SVE). Gosta de desafios e diz que, na vida, segue “mais o coração do que a razão ou a cabeça”. Por isso, em 1997, quando o SVE era ainda um projeto piloto, decidiu deixar o emprego estável que tinha como engenheiro florestal e foi o primeiro português voluntário deste projeto a partir para Itália por um período de seis meses. “Senti a obrigação de criar aos jovens de Amarante as mesmas oportunidades que eu tive.” Ao contrário do que era em 1997, hoje o SVE é o maior projeto de mobilidade de jovens e

a CJ recebe em média 300 estrangeiros por ano e envia cerca 130/140 jovens amarantinos para outros países por um período de curta ou longa duração (um ano). Apesar de não ser fácil o financiamento, neste momento têm 77 projetos aprovados com base no mérito. Diana Vasconcelos foi para o Quénia com 26 anos e, três anos depois, lá continua a desenvolver o seu projeto “Há ir e voltar”. Conta que não fazia ideia do que ia encontrar: “Eu já fui ingénua o suficiente para acreditar que podia acabar com as favelas do Quénia. Lembro-me tão bem de, no dia em que viajei para o Quénia pela primeira vez, ia com a cabeça a mil, a pensar em tudo o que tinha de fazer para tirar as pessoas daquela miséria.” Hoje, com “mais mundo nos olhos”,

sabe que isso não vai ser possível. “Com os pés muito mais assentes na terra, o meu objetivo é fazer chegar a cerca de 200 crianças os bens mais básicos: comida, saúde, educação e vestuário.” Em Amarante os voluntários apoiam as instituições locais assim como aprendem um estilo de vida sustentável e cooperam com produtores biológicos da cidade, são também os responsáveis pela dinamização da agenda cultural da CJ. Este ano organizaram um workshop de artes circenses, mas também há aulas de línguas, zumba, meditação, yoga e workshops com temas variados. Neste momento em Amarante estão 21 jovens voluntários, que “representam 12 países di-

ferentes, é quase ter aqui a União Europeia toda, todos os dias”. O mais difícil continua a ser combater a intolerância e a dificuldade de contacto com a diferença. “Temos uma série de ideias preconcebidas dos outros, e que não são sequer verdade, mas que nos assustam.” É por isso que Miguel Pinto faz questão de todos os anos ter parceiros de países árabes. O responsável recorda um episódio: “Em pleno parque do Alvão, uma muçulmana, cheia de calor, não quis tirar a burca porque a sua religião não o permitia, foi para a água connosco. A imagem dela a nadar de burca é algo fantástico.” Certamente que “quem lá estava nunca mais se vai esquecer deste momento”. É, de facto, “uma abertura de mentes incrível”.g


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