Revista Novas Amizades (edição esportiva)

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Pró-Tibete O espírito olímpico foi deixado de lado

Brasil em Pequim 200 vagas já estão garantidas Edição Nº 3 - ano I 03 de maio de 2008

E MAIS: O futebol brasileiro nas Olimpíadas Os últimos lances dos Campeonatos Estaduais Curiosidades das Olimpíadas E uma entrevista com o técnico BETINHO

01 2005 02 03 2008

R$ 7,50

Este é o lema das Olimpíadas 2008, que acontecem no mês de agosto na China. Espera-se que, de fato, seja assim.


Carta ao Leitor

Olimpíadas 2008

V

ivemos momentos de expectativa à espera da XXIX Olimpíada, um grande encontro de atletas do mundo inteiro na disputa por medalhas e prestígios. Porém, um fato tem tirado o sossego dos organizadores deste grande evento: os protestos contra a passagem da tocha em diversos paises. Uma tradição histórica com referência nas lendas gregas esta sendo rompida. Segundo a mitologia grega Prometeu roubou o fogo de Zeus, o senhor do Olimpo, e deu aos humanos de presente. A passagem deste elemento sagrado ao homem é celebrado com a passagem da tocha de mão em mão, os gregos criaram a partir daí a corrida de revezamento. A tocha vai passando entre

os atletas até o vencedor cruzar a linha de chegada. Essa tradição contínua nos dias atuais, uma chama permanece sempre acesa durante as Olimpíadas como um sinal de pureza, razão e paz. No entanto, este ano o símbolo da tocha esta sendo apagado, isso mesmo, a viagem da chama pelos cinco continentes esta sendo marcada por conturbados protestos dos paises que divergem politicamente a China, Pequim será sede dos jogos Olímpicos. Pequim foi eleita cidade olimpica em 13 de Julho de 2001, durante a 112ª reunião do COI em Moscou, deixando para trás Toronto, Paris, Istambul e Osaka. Uma vitória merecida, sabemos que o país possui atributos necesserios para sediar um evento desse porte. As tentativas de apagar a tocha poderia

até virar uma nova modalidade esportiva “apagamento da tocha olímpica”, seria um tanto irônico e bem engraçado. No entanto, o espirito esportivo deve prevalecer a Olimpíada é uma oportunidade de unir em prol do esporte, representantes do mundo inteiro, um momento de competição saudável, sem guerras, bombas e sangue derramado. Fica a torcida para que a tão esperado Olimpíada seja um movimento de paz, integração e descoberta de talentos entre os atletas. As diferenças entre os paises devem ser esquecidas, no esporte não deve existir espaço para divergências fora das competições. Afinal, os jogos olímpicos surgiram a mais de 1.232 anos e não podem ser estragados por desacordo e problemas existentes entre países. Edição nº 03 - 03 de maio de 2008

Tibete

Taça Cidade

Curiosidades

Pág. 03 e 08

Brasil nas Olimpíadas

Pág. 05

É esperar para ver o Maranhão na Série C

Quando o Esporte e a Política se confundem Pág. 04

Pág. 03

Expediente

Entrevista: Técnico Betinho Pág. 06 e 07

Opinião

Pág. 08

Futebol brasileiro nas Olimpíadas Pág. 09

A Revista Novas Amizades é uma publicação da Gráfica e Editora Novas Amizades // Arte da Capa: Maurício Araya // Tiragem: 150.000 exemplares

Editor-Chefe PAULO JÚNIOR

Editor de Fotografia e de Capa MAURÍCIO ARAYA

Chefe de Reportagem JACKSON DOUGLAS

Editor de Encarte PAULO JÚNIOR

Reportagens ALICE ALBUQUERQUE JACKSON QUEIROZ JOSIMAR MELO

Pesquisa Internet MAURÍCIO ARAYA Diagramação e Projeto Gráfico MAURÍCIO ARAYA

02 | 03 de maio de 2008 NOVAS AMIZADES

Diretora Responsável LI-CHANG SHUEN CRISTINA

© 2008 Gráfica e Editora Novas Amizades Todos os direitos reservados


Radar Estaduais 2008

Por PAULO JÚNIOR

Os Campeonatos Estaduais chegam à sua reta decisiva. Pelo Brasil inteiro, as torcidas lotam os estádios para apoiar seus clubes. Confira como estão os principais torneios estaduais:

Carioca

Mineiro

Paulista Alexandre Durão

Marcos Ribolli

Washington Alves

lamengo e Botafogo decidem o campeonato em dois jogos. A primeira partida foi vencida pelo rubro-negro por 1 a 0, com gol do talismã Obina. Agora, no confronto decisivo que acontece amanhã (4), o Flamengo joga por um simples empate para erguer a Taça. Ao Botafogo, resta vencer. E agora, quem será o campeão? O Flamengo de Fábio Luciano ou o Botafogo de Lúcio Flávio?

F

decisão do Paulistão é entre o Palmeiras e a Ponte Preta. O verdão chega à partida fina podendo perder por até um gol de diferença, pois no primeiro jogo da final, o time de Luxemburgo derrotou a Macaca em Campinas, por 1 a 0. A equipe campineira terá de vencer o alviverde por dois de vantagem para se tornar campeã em pleno Palestra, que deve ter mais de 20 mil torcedores incentivando o Porco.

om o apoio da torcida, o Cruzeiro está com muito perto do título mineiro. A vitória por 5 a 0 no último domingo contra o Atlético possibilita que a Raposa perca por até quatro gols de diferença, que mesmo assim, sairá do Mineirão com a faixa de campeão. E quem ajudou o Cruzeiro a vencer o Galo foi o maranhense Guilherme, que marcou um gol na partida.

Gaúcho

Taça Cidade de São Luís

m confronto equilibrado, o Juventude venceu o Internacional, em Caxias, por 1 a 0, gol marcado aos 47 minutos do segundo tempo. Agora, o Inter tem que vencer por dois gols de diferença para ser campeão.

E

pesar de não ser um Estadual, a Taça Cidade de São Luís, foi o torneio que movimentou o futebol maranhense neste primeiro semestre. A competição classificou a equipe do Sampaio e do Bacabal para o Brasileiro da Série C deste ano. A “Bolívia Querida” iniciou o campeonato perdendo os três primeiros jogos. No entanto, mudou de técnico e conseguiu a vaga para a Terceirona. O Bacabal conquistou a outra vaga, muito em decorrência do incentivo da sua torcida, que lotou o Correião em todas as partidas. Agora, é só esperar para ver o que os representantes maranhenses irão fazer na Série C. Tomara que não inaugurem a Série D em 2009.

Uma saga

Raça Ariana

Conflitos

m pleno poder, Adolf Hitler führer do III Reich - determinou que a ilustração das Olimpíadas de 1936, que aconteceram em Berlim (Alemanha), representasse a o homem ariano. A 11ª edição dos jogos olímpicos serviram como um festival de louvor aos interesses nazistas. O país gastou US$ 30 milhões na estrutura do evento.

ários conflitos impediram a realização do evento que une os povos. Entre eles, a Primeira Guerra Mundial que cancelou a 6ª edição, que ocorreria em 1916, e a Segunda Guerra Mundial que cancelou os jogos de 1940 e 1944.

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m 1920, a equipe brasileira que disputou as Olimpíadas na Antuérpia, segunda maior cidade da Bélgica, viveu uma verdadeira saga para chegar ao local das competições. Primeiro, os atletas viajaram de navio até Lisboa, em Portugal. Continuou de trem até Paris, na França, e seguiu então até a Antuérpia. A viagem durou 27 dias. O mesmo trajeto dura 13 horas feito de avião. No evento, o Brasil disputou com sete atiradores. Eles trouxeram 3 medalhas: uma de bronze, uma de prata e a primeira medalha de ouro.

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Tibete

Olimpíada Política Não é de hoje que os jogos olímpicos atraem discussões sócio, políticas e governamentais que deixam de lado o verdadeiro espírito olímpico Por JOSIMAR MELO

Q

uestão ChinaxTibete se resume a velha briga que se estende desde os primórdios da humanidade, o domínio territorial. A China sempre alegou e afirmou que o Tibete faz parte de seu território a vários séculos, já o Tibete sempre se considerou um país livre não ligado a correntes e domínios Chineses. Questão Histórica Em 1950 ocorre a revolução chinesa sob o comando de Mao Tsé-tung, forte líder nacional que tem como principal objetivo tornar a China uma potencia mundial. Em 1989 ocorre um dos maiores atentados a liberdade de expressão da humanidade, o massacre de estudantes em plena praça celestial da China, fato que torna a independência do Tibete mundialmente conhecida. Hoje o Tibete conta com um governo apoiado pela China. O Tibete quer sua total independência e alega que o governo chinês quebra com todos os protocolos e acordos dos Direitos Humanos, já a China alega que a questão com o Tibete não se relaciona a direitos humanos e sim a fragmentação territorial. Olimpíadas Com a chegada do principal evento esportivo mundial, comparado somente a copa do mundo de futebol, todos os olhares se voltam não para a realização do evento e sim para problemas internos da China. E é claro que os tibetanos não iriam perder a grande oportunidade de divulgar e expor sua causa em favor da própria independência para toda a mídia mundial. Reflexos dessa questão territorial já acontecem de maneira rotineira e ganham força com manifestações pro - Tibete por onde a tocha olímpica, símbolo maior da competição esportiva, passa. Chineses criticam que a mídia

internacional distorce os fatos para atacar o país sede das olimpíadas: "O Tibete é um assunto doméstico, e a Olimpíada é um evento internacional, eles não deviam ser misturados", disse Lin Yi, 24, estudante de graduação na Universidade de Pequim. "Grupos estrangeiros de defesa dos direitos humanos estão usando o Tibete para prejudicar a Olimpíada." Boicote Lideranças políticas afirmam a possibilidade de boicote ao evento, e o caso de Taiwan, do Primeiro Ministro Polonês Donald Tusk, e a maior repercussão gira em torno da presença França nos jogos, que já admitiu em primeira estância um boicote total com a não presença de suas delegações e em segunda opção um boicote em protesto com a ausência dos atletas na cerimônia de abertura. “Todas as opções estão abertas. Apelo ao senso de responsabilidade dos dirigentes chineses. Quero que haja diálogo e medirei a minha resposta de acordo com a resposta dada pelas autoridades chinesas” - diz Sarkozy, Presidente da França, em matéria do diário francês "L'Equipe". Política e Olimpíadas Mas ligar o maior evento esportivo da era moderna a política não é um fato novo, basta lembrar as olimpíadas de Berlim em 1936 na ascensão do nazismo, a olimpíada foi usada para promover a suposta superioridade da raça ariana, imposta por Adolf Hitler, mas o que não contava o ditador nazista era a vitória do Afro Americano Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro, Adolf Hitler se recusou a cumprimentar um negro e se retirou do estádio onde se realizavam as competições. E mais uma vez a política e o racismo se tornam presentes nas olimpíadas do México em 1968, quando os americanos To m m i e S m i t h e J o n h C a r l o s

Século XIII: Período em que a China afirma ter assumido o domínio sobre o território tibetano. 1911 a 1950: Tibete se auto 04 | 03 de maio de 2008 NOVAS AMIZADES

intitula de país independente. 1949: Revolução Chinesa sob o comando de Mao Tsé-tung. 1963: Tibete ganha o status de região autônoma.

comemoraram suas vitorias com sinal de protesto usando luvas negras e levantando suas mãos esquerdas, símbolo da saudação Black Power, os dois foram expulsos do evento. E o pior momento da história olímpica não foi a derrota de um grande time, não foi o sofrimento de um atleta com a derrota perante um grande público, mas sim o seqüestro e a chacina que 11 atletas da equipe israelense sofreram em Munique nas olimpíadas de 1972, um duro golpe não só para a nação israelense, mas uma apunhalada em todos os corações de atletas e no público que vê nas Olimpíadas um momento de união entre as nações. Um momento que se coincide e se assemelha a questão ChinaXTibet, foi o que aconteceu em Montreal em 1986, em que países africanos não participaram do evento em protesto a presença da África do Sul, que legalizava a segregação racial naquela época. E lista com questões políticas só aumenta em moscou 1980, os norte americanos protestaram contra a invasão dos russos no Afeganistão e na cerimônia de encerramento foi hasteada a bandeira de Los Angeles, ao invés, da bandeira dos Estados Unidos sede da olimpíada seguinte. E em retaliação a Rússia não participou dos jogos de Los Angeles em 1986. Agora em 2008 toda a nação mundial volta os olhos para a libertação do Tibet, torcendo e rezando para que os sucessivos acontecimentos envolvendo questões políticas, não atrapalhem o andamento do maior evento entre nações, um momento de ligação entre os povos, competições para se saber quem é o melhor em determinado esporte, que visa o espírito de coletividade, guiados pelo coração e o espírito olímpico atletas se esforçam para representar suas nações com a alma e a garra, com sangue, suor e lagrimas mostrando do que seu povo é feito.

1989: Massacre de estudantes na praça celestial pela China. Independência do Tibete se torna conhecida pelo Ocidente


Brasil nas Olimpíadas

O Brasil já garantiu mais de 200 vagas em diversas modalidades. E os atletas estão em plena preparação para Por ALICE ALBUQUERQUE

A

proximadamente 24 milhões, é o valor que o governo deve liberar para a participação dos atletas brasileiros na Olimpíada de Pequim. Um dinheiro que não deveria esperar quatro anos para ser aplicado, mas sim ser investido anualmente em educação, saúde, e esporte como é feito em países sem grandes referencias econômicas como Cuba e China, paises que são gratificados com um show de medalhas em olimpíadas e outras competições esportivas por fazerem investimentos ponderados. Talvez após, a aplicação desse dinheiro, o Brasil tivesse mais chances de medalhas nos jogos olímpicos. Na Olimpíada de Atenas o Brasil fez uma de suas melhores performances em jogos olímpicos, porém deixou à mostra o quanto ainda precisa ser feito para o país se tornar uma potência olímpica. Foi conquistado o 18º lugar no pódio com 4 medalhas de ouro, 3 de prata e 3 de bronze. Espera-se que em Pequim o Brasil conquiste mais medalhas. Já são mais de 200 atletas em 25 modalidades diferentes que irão representar a camisa verde amarelo nas Olimpíadas de Pequim. Os Gregos criaram os Jogos Olímpicos, por volta de 2 500 AC, era uma espécie de ritual em homenagem aos deuses. As Olimpíadas da Era Moderna começaram em 1896, porém o Brasil só começou a participar dos jogos a partir de 1920 na Antuérpia, na Bélgica. Desde então, o país participou de todas as edições da competição, com exeção de 1928, em Amsterdã, pois o país atravessava uma crise financeira. Nesse ano o Brasil tem sérias chances de vitória em várias modalidades que foram classificadas para a disputa como: atletismo, boxe, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, handebol, hipismo, hipismo saltos, judô, levantamento de peso, mountain bike, nado sincronizado, natação, pentatlo, remo, saltos ornamentais, masculino, taekwondo, tênis de mesa, tiro de arco, tiro

esportivo, vela, vôlei. As grandes chances de medalhas vêm da ginástica artística com Diego Hypólito, judô com João Derly, Luciano Corrêa e Thiago Camilo, isso se continuarem mostrando a mesma força e vontade que tiveram no mundial, na natação com Thiago Pereira o melhor atleta do Pan, Fabiana Beltrame no remo, taekwond com Nathália Falavigna, no iatismo com Robert Scheidt, Torben Grael e Ricardo Vinick, vale lembrar que o iatismo foi o esporte que deu mais medalhas olímpicas até hoje para o Brasil, da seleção de vôlei masculino considerado a melhor seleção de vôlei do mundo, além do futebol feminino com Marta, melhor jogadora do mundo, que tem mostrado um talento espetacular, entre outros. Alguns atletas brasileiros estão enfrentando pequenos contratempos na preparação para competição, é o caso da nadadora Fabiola Molina que sofre desvantagem por não possuir um exemplar do LZR. O maiô desenvolvido pela Seedo, que ajudou vários atletas a bater recordes nos últimos mundiais. No entanto, a confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA), já se comprometeu em comprar o artigo, apesar do seu preço bem salgado US$ 800,00 dólares. Ainda há alguns esportes que podem ter representantes nos próximos meses como badminton, uma modalidade pouco conhecida entre os brasileiros, pois é mais praticado nas regiões leste e sudeste do país. Guilherme Pardo o melhor jogador do país na modalidade, tenta obter vaga para Pequim. Caso consiga esse feito, será o primeiro do esporte a representar o Brasil em Jogos Olímpicos. Para esta Olimpíada o Brasil esta bem representado a torcida espera que sejam seguidos exemplos de ícones do esporte nacional como a lenda do atletismo Ademar Ferreira da Silva, no salto triplo da Olimpíada de Helsinque – 1952 quebrou duas vezes seu próprio recorde. Neste ano talvez seja visto algo parecido com Jadel Gregório, participante da mesma modalidade.

Antuérpia (1920) 3 medalhas 1 ouro, 1 prata e 1bronze Londres (1948) 1 medalha 1 bronze Helsinque (1952) 3 medalhas 1 ouro e 2 bronzes Melbourne (1956) 1 medalha 1 ouro Roma (1960) 2 medalhas 2 bronzes Tóquio (1964) 1 medalha 1 bronze Cidade do México (1968) 3 medalhas 1 prata e 2 bronzes Munique (1972) 2 medalhas 2 bronzes Montreal (1976) 2 medalhas 2 bronzes Moscou (1980) 4 medalhas 2 ouros e 2 bronzes Los Angeles (1984) 8 medalhas 1 ouro, 5 pratas e 2 bronzes Seul (1988) 6 medalhas 1 ouro, 2 pratas e 3 bronzes Barcelona (1992) 3 medalhas 2 ouros e 1 prata Atlanta (1996) 15 medalhas 3 ouros, 3 pratas e 9 bronzes Sydney (2000) 12 medalhas 6 pratas e 6 bronzes Atenas (2004) 10 medalhas 4 ouros, 3 pratas e 3 bronzes Já da equipe de tiro brasileiro, que foi a primeira a ostentar a honra de ser campeão olímpico, na Olimpíada de Antuérpia – 1920, esse ano a equipe de tiro esportivo representado por Stênio Yammoto e Júlio Almeida devem honrar o público com o ouro. Até agosto a temporada é de tensão entre os atletas brasileiros, principalmente os que ainda não tem presença confirmada. A seleção só fica completa em julho, no fim do prazo para índices, posições em ranking e disputas de Pré-Olimpico. Muito ainda precisa ser feito em termos de incentivo ao esporte no Brasil, precisase de mais profissionais que acreditem que o esporte no Brasil é um investimento certo. A Olimpíada deste ano será uma boa vitrine para mostrar como o país possui grandes talentos, e que outros, só esperam um pouco mais de incentivo para surgir e retribuir através do pódio e das vitórias. Tornando o Brasil um país de mais campeões.

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“Não temos a estrutura para Por JOSIMAR MELO e PAULO JÚNIOR

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tanto nas categorias Infanto e Juvenil, não temos o apoio necessário que gostaríamos de ter.

ebert Batista Gusmão Lima, o Betinho, formado em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), é professor de Educação Física e técnico da Seleção Maranhense feminina de basquete há seis anos. Betinho vê a falta de investimentos na área do esporte maranhense como uma das razões que influenciam o não surgimento de atletas de alto nível no desporto local. Além disso, a não valorização dos profissionais qualificados faz com que talentos nunca sejam descobertos. Novas Amizades: Como você analisa a ajuda a situação dos atletas e ao esporte amador no Estado do Maranhão? Betinho: O apoio a atletas maranhenses é muito pequeno em nível de Maranhão. Nós, que trabalhamos com esporte amador, sentimos carência de pessoas sensibilizadas com a questão do esporte amador como meio de formar cidadãos, orientar os caminhos que a criança e o adolescente devem seguir na sociedade. Nós vemos isso com olhar de preocupação. Inclusive, nós não temos empresários nem políticos comprometidos com políticas públicas de apoio ao esporte amador e a descoberta de talentos.

Nós sentimos carência de pessoas sensibilizadas com a questão do esporte amador

Hebert Lima, o Betinho, é professor de Educação Física, formado em Filosofia e técnico da seleção maranhense feminina de basquete a seis anos.

NA: Como vocês conseguem adquirir patrocínios para disputar competições? Betinho: Nós tentamos aos trancos e barrancos. Tira-se, às vezes, do bolso da própria família as pessoas que realmente têm compromisso com o esporte amador. Nós temos problemas muito sérios de tentar sempre envolver as pessoas que, porventura, têm um potencial para ajudar o esporte amador. Na verdade, é que nós vivemos eternamente com pires na mão pedindo ajuda para que nossos atletas e equipes representem o Maranhão da melhor forma possível. NA: Essa realidade do esporte amador maranhense também se adéqua ao basquete, uma vez que, nesta modalidade, o Maranhão, nos últimos anos, vem ficando entre as melhores equipes do Brasil? Betinho: Apesar de termos ficado entre as quatro equipes no nacional

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NA: O ministro dos esportes esteve em São Luís prometendo que iria melhorar os estádios e a política desportiva. Se você pudesse e estivesse à frente da gestão esportiva do município ou do Estado maranhense, que tipo de política adotaria? Betinho: Antes de qualquer coisa, criar e manter praças esportivas. São Luís cresce e as pessoas do Maiobão e Cidade Operária, por exemplo, não têm oportunidade de se estimularem a praticar esportes. Não temos a estrutura para descobrir novos talentos. Temos apenas um ginásio defasado que é Costa Rodrigues que foi feito há sessenta anos. Isso, sem falar do Castelão que está abandonado há muitos anos. É preciso se preocupar primeiro com a estrutura física e depois t e n t a r d e s e n v o l v e r, c o m o s profissionais qualificados, trabalhos de escolinha nos bairros que iriam ajudar na descoberta de talentos. Além de projetos tipo “Esporte sim, drogas não”, para ajudar a nossa juventude a desenvolver seus talentos com oportunidade.

Faltam dirigentes com visão empresarial, que ainda vêem o esporte como despesa e não como investimento


descobrir novos talentos” Fotos JOSIMAR MELO

Já conseguimos revelar oito atletas para a Seleção Brasileira NA: O que se pode fazer para melhorar essa perspectiva? Betinho: por que sempre nós profissionais temos a esperança de que vai melhorar, temos a perspectiva que um grande empresário ou político venha se sensibilizar e ajudar, mas de qualquer forma se o atleta não conseguir nada disso ele não perdeu nada, pois usou o tempo dele se formando como pessoa e mais tarde será um cidadão equilibrado na sociedade por que o esporte disciplina, afasta de drogas, acima de tudo esporte dá saúde corporal e mental. NA: Como o senhor vê o futuro do esporte amador maranhense mesmo com todos esses problemas de estruturação? Betinho: Eu vejo com muita tristeza porque falta apoio, faltam dirigentes com visão empresarial, que ainda vêem o esporte como despesa e não como investimento. Eu vejo com muita tristeza. Gostaria de ser mais otimista em relação a isto, mas estamos há algum tempo já no esporte e não vemos essas idéias acontecerem na prática. Agora, enquanto pessoa que vive do esporte, eu tenho que acreditar. Tenho que ser otimista e esperar que, de uma hora pra outra, surjam dirigentes mais comprometidos com o esporte.

Betinho: No Maranhão existem muitos talentos e já provamos isso. Atualmente, temos a maranhense Iziane, que nós tivemos a oportunidade de trabalhar com ela durante os quatro primeiros anos da carreira dela. Ela poderia ser uma referencia, mas não é só ela. NA: Temos a Iziane como referencial, o senhor que foi o primeiro técnico dela, vê ou viu outro grande talento que, por essa mesma falta de apoio, acabou ficando no esquecimento? Betinho: Já conseguimos revelar oito atletas para a Seleção Brasileira. Eu

tenho esse problema dentro de casa. As minhas filhas, Roberta e a Rafaela, que foram convocadas para representar a Seleção Brasileira, mas como as perspectivas são tão pequenas, elas decidiram conquistar destaque estudando. Uma é bacharel em Direito e a outra está se formando em pedagogia pela UFMA. Assim como elas, já tivemos a Aline que jogou no Vasco, a Tércia que joga nos Estados Unidos, a Juliana que joga em São Paulo no Jundiaí. Tivemos diversas que se tivéssemos políticas públicas estaduais e municipais, teríamos muito mais.

NA: Mas no nosso Estado, existem verdadeiros talentos para que aja uma nova visão sobre esta política esportiva? Foto: Paulo Júnior

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Curiosidades

Guerra Fria

Doping

olítica e esporte se confundiram nas Olimpíadas de 1980 (Moscou) e 1984 (Los Angeles). Após a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas, o presidente Jimmy Carter determinou que os atletas não participassem das disputas em Moscou. Quatro anos depois, foi a vez da URSS boicotar as Olimpíadas de Los Angeles.

s jogos da Cidade do México (1968) foram os primeiros da História a contar com teste antidoping. O primeiro atleta flagrado foi o sueco Hans-Gunnar Liljenvall, por uso de álcool. A equipe de pentatlo foi desclassificada, já que a ingestão de bebida alcoólica no pentatlo é comum para acalmar antes das provas de tiro.

P

O

A Tocha

O

fogo é um símbolo sagrado desde a pré-história: na Grécia Antiga, ele simbolizava a criação do mundo. O ritual foi criado para estabelecer um elo entre os jogos da antiguidade e os jogos contemporâneos. A chama olímpica representa a pureza da eterna juventude, união entre diferentes nações, línguas, religiões e raças.

Opinião

Brasil: o sonho continua a ser dourado PAULO JÚNIOR Editor-Chefe

O

s atletas brasileiros já estão em fase final de preparação para os Jogos Olímpicos. No entanto, é curioso como os nossos competidores são maltratados pelas políticas públicas. Ora, todos nós, brasileiros, quando a competição começar para valer, estaremos diante da televisão para apoiar nossos guerreiros. Mandar energia positiva para o outro lado do mundo. Talvez, não apenas o desejo da população e dos atletas sejam suficientes para ganhar mais medalhas. Falta investimento no esporte. Mas nem por isso, não deixamos de produzir campeões. Se observarmos os atletas nacionais que estarão em Pequim, chegaremos à conclusão que eles têm chances reais de subir no ponto mais alto do pódio. Tem-se uma boa expectativa com relação ao futebol feminino, principalmente, porque Marta irá jogar. Além das meninas no campo, poderemos ver uma chuva de medalhas com o judô. Eles estarão liderados por Thiago Camilo e João Derly. Também podemos contar com medalha, em especial a “douradinha”, com a ginática artística que contará com Diego Hypólito vivendo um momento muito especial na carreira e pronto para para Pequim. Não acredito, sinceramente, que o vôlei feminino irá decepcionar em

mais uma competição. Já está na hora das meninas deixarem de se contentar em ser vice. Elas devem seguir os passos da “Família Bernardinho”, que apesar de não contarem com o levantador Ricardinho, são os favoritos a mais um título olímpico. Nada contra outros esportes, mas não podemos exigir que, por exemplo, os atletas do atletismo sejam os mais rápidos, pois se pararmos para ver os locais onde treinam, perceberemos que só de estarem na China já serão vencedores. Porém, vale ficar de olho em alguns nomes como Jadel Gregório (salto), Fabiana Murer (salto com vara) e Maurren Maggi (salto). Agora, existem também algumas incógnitas na delegação brasileira. Um exemplo claro está na natação. Temos Thiago Pereira, César Cielo e Kaio Márcio, nadadores que chegam às Olimpíadas com tempos muito bons e com muita confiança após os ótimos resultados no Pan do Rio. Entretando, não acredito tanto assim em ouro para eles. O Thiago vai competir com o americano Michael Phelps, o que diminui para quase zero suas chances de ouro. Já o Cielo, terá uma parada indigesta: tentar derrotar Eamon Sullivan, australiano de 22 anos e o homem mais rápido nos 50 metros livre. A natação do Brasil trará medalhas, mas não será desta vez que o ouro vai vim. Outra interrogação está na seleção de futebol masculina, que,

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sinceramente, não sei o que vai acontecer, porque não sei quem serão os atletas convocados por Dunga, o técnico que nunca treinou um time. Meu Deus!!! Vamos pular esta parte. Também é interessante ficar de olho em Natália Falavigna, esperança de medalha no Taekwondo. Vai ser difícil, mas não impossível ela sair de Pequim com um ouro no peito. Não podemos esquecer de Robert Scheidt na vela. Deste esporte, deve sair bons resultados. Se analisarmos os outros desportos, perceberemos que o fator determinante para não sermos potência olímpica é a falta de investimento, já citada no início deste texto. O Ministério dos Esportes criou uma tal de Lei do Incentivo ao Esporte que permite que empresas patrocinem projetos desportivos e paradesportivos, e assim, consigam descontos no Imposto de Renda. Mas esta medida não irá fortalecer o esporte brasileiro a ponto de tornar os nossos atletas campeões, pois quem patrocinar, vai querer ver seu nome estampado em modalidades já vitoriosas. Aqueles atletas que praticam esportes sem visibilidade continuarão na mesma. Assim, temos que continuar a sonhar com mais medalhas de ouro nas Olimpíadas, pois é isso que move os patrocinadores. É uma pena!!! Mas, mesmo assim, BOA SORTE A TODOS OS NOSSOS ATLETAS!!!


Futebol

O Futebol Brasileiro nas Olimpíadas Por JACKSON QUEIROZ

O

torneio de futebol nos jogos olímpicos teve seu início na Europa, mais precisamente em Londres em 1908, ganhando importância a partir de 1920, dessa vez tratada como a verdadeira copa do mundo. Tornando-se mais antiga que a competição mundial a qual o Brasil possui cinco títulos. Das seleções sul-americanas o Brasil é o país com maior número de presenças: até Sidney, foram 42 jogos, 23 vitórias, 4 empates e 14 derrotas, somando 10 participações. Teve 81 gols marcados e 54 gols sofridos. Uma coisa é certa, é inevitável não se perguntar: como explicar o fato da seleção pentacampeã do mundo jamais ter sido campeão olímpico. Durante um determinado período os nossos jogadores tinham pouca idade (20 a 21 anos) que enfrentavam profissionais de países europeus, principalmente de países socialistas, ou seja, jovens inexperientes jogando contra atletas formados do ponto de vista físico, tático e técnico. Basta lembrar as olimpíadas de 1988, esses fatores fizeram a diferença no jogo em que o Brasil perdeu na prorrogação para a extinta União Soviética, naquela oportunidade a seleção tinha a presença de jogadores

respeitados, mesmo sem nunca terem participado de copas do mundo, o que era um requisito exigido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Como foi o caso do goleiro Taffarel, o volante Mazinho e os atacantes Bebeto e Romário. Com a criação da copa do mundo a partir de 1930, as olimpíadas perderam importância, pois as seleções que disputavam o torneio foram impossibilitadas de inscrever jogadores profissionais. O ato tinha como objetivo enfraquecer o futebol olímpico e elevar o futebol na copa do mundo. Essa história se faz necessária para entendermos melhor o quanto esta decisão contaminou os dirigentes do nosso futebol. A verdade seja dita, nunca priorizamos a medalha de ouro olímpica, é só verificarmos a falta de planejamento quando o futebol brasileiro classifica-se para disputar as olimpíadas, isso quando se classifica. Pois bem, faltam pouco mais de três meses para o início dos jogos, e o que se verifica, é uma comissão técnica preocupada com a classificação para a próxima copa. Ainda tentam disfarçar com o discurso de que os jogos disputados nas eliminatórias servem como preparação para a formação da seleção olímpica. Pergunta-se, mas cadê a tal seleção?

Os profissionais do futebol são categóricos em afirmar que além de todos esses fatores, como se não bastasse, ainda existi outros tantos capazes de complementar este desinteresse olímpico. Em conversas com técnicos, imprensa, jogadores e até torcedores, observa-se outras condições que faz o futebol brasileiro permanecer na fila pelo tão esperado título olímpico. Times europeus que dificultam a liberação dos jogadores brasileiros e que a CBF pouco faz para conseguir de fato as liberações, O desinteresse do próprio jogador brasileiro que não se identifica com a olimpíada da mesma forma como se fosse a copa do mundo, o Brasil não demonstrou ao longo dos anos inteligência suficiente para administrar os diversos momentos de mudanças nas regras de convocação para o torneio de futebol olímpico, deixou ou deixa de priorizar esta conquista, ausência de um trabalho voltado para as categorias de base, jogadores e técnicos crêem não receber’ o devido reconhecimento e benefícios como retorno. Enfim, nota-se que os fatores são muitos. Mas o pior de tudo isso é a minúscula vontade de mudar esta chata realidade diante da vontade maiúscula do torcedor brasileiro que tanto ama a sua seleção.

Este ano, a seleção brasileira traz o tão esperado ouro olímpico? que sim. 52% Acreditam que não 48% Acreditam Foram entrevistados 81 torcedores na tarde de domingo no estádio municipal Nhozinho Santos, 2 horas antes do jogo entre Sampaio x Imperatriz do dia 27/04, válido pela Taça Cidade de São Luís.

NOVAS AMIZADES 03 de maio de 2008 | 09



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