Saúde

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DIÁRIO DE SANTA MARIA SÁBADO E DOMINGO, 12 E 13 DE JULHO DE 2008

DIÁRIO DE SANTA MARIA SÁBADO E DOMINGO, 12 E 13 DE JULHO DE 2008

| 16 e 17 |

ELEIÇÃO 2008

SAÚDE

PRIORIDADE

NÚMERO 1 Textos: Marilice Daronco

Fotos: Charles Guerra Marina Chiapinotto, Especial

A SÉRIE De hoje até 27 de setembro, o ‘Diário’ mostra, nas edições de final de semana, os principais desafios que o novo prefeito de Santa Maria terá. As prioridades foram apontadas pelos eleitores

Seis prioridades (listadas abaixo) foram indicadas pelos santa-marienses em pesquisa eleitoral feita em setembro do ano passado pelo Instituto Methodus. As entrevistas foram feitas entre 24 e 25 de setembro de 2007. Foram ouvidos 600 eleitores de Santa Maria em 22 bairros da cidade. As demais prioridades da série (confira no pé da página) também são problemas que afligem os eleitores

36,7 %

EMPREGOS

34,7 %

SEGURANÇA

EDUCAÇÃO

ILUMINAÇÃO

LIMPEZA URBANA E LIXO

9,3 %

3,3 %

6h30min

7h25min

7h30min

■ Chegada – Dionísio Dias, 51 anos, chega ao Ruben Noal para pegar uma ficha para consulta com pediatra para o neto Tiago

■ Ficha – Começa a distribuição de fichas. Dionísio é o primeiro da fila para as sete consultas que ocorrem nas manhãs de quarta-feira

■ Saída – Lisiane sai de casa com Tiago para leválo à consulta. Ela carrega os exames que o filho fez na tarde anterior

■ Triagem – No Ruben Noal, Lisiane entrega a ficha à recepcionista. Uma enfermeira começa, às 7h30min, a pesar a criança

M

A OPINIÃO DOS (E)LEITORES

SAÚDE

Quem precisa de consulta nos postos de saúde tem de madrugar. Para conseguir uma ficha para pediatra na Unidade de Saúde Ruben Noal, a família de Tiago Júnior Togni Rodrigues, demorou 3h02min

5h03min do dia 2 de julho

12,5 %

2%

adrugar. Quem depende de atendimento em postos de saúde de Santa Maria sabe que a única alternativa para consegui-lo é acordar muito cedo. Vence a maratona por consultas médicas quem chegar antes na fila. Ainda que isso signifique horas de espera a fio. O soldador Dionísio Dias, 51 anos, morador da Cohab Tancredo Neves e usuário da unidade Ruben Noal, que funciona 24 horas, sabe que as fichas no posto são escassas. Ele, a mulher e os dois filhos dependem do serviço e, por isso, é melhor sair de casa antes de o dia amanhecer. No dia 2 deste mês, o soldador pulou da cama antes da 5h. Tomou café apressadamente e foi para a fila do Ruben Noal para resolver a tosse e a febre do neto Tiago Júnior Togni Rodrigues, de 1 ano e 11 meses. Um dia antes, a família buscou atendimento, mas não conseguiu ficha. Havia terminado antes das 6h, e o garoto só foi atendido porque as recepcionistas viram que o caso da criança era grave. – A médica pediu para levar ele no PA do Patronato para fazer exames. Apareceu uma manchinha, no pulmão, e, hoje, ele voltou para ver o que é. Sempre fui bem atendido aqui, mas tem de acordar cedo – afirma o soldador. Como precisava levar exames para a pediatra examinar, Dias não quis correr o risco de o neto ficar sem ficha mais uma vez. Desta vez, estava na fila às 5h03min, no primeiro lugar. Depois dele, muitos passaram pelos bancos da Ruben Noal atrás das sete fichas para pediatria distribuídas nas quartas-feiras pela manhã. Com a consulta garantida para o neto, Dias era só felicidade. Mas nem todos tiveram a mesma sorte. Por volta das 6h30min, as fichas acabaram.Foi nesse horário que chegou Pedro Garcia Moreira, 38 anos, desempregado, atrás de consulta com a pediatra para o filho Hélisson da Silva Moreira, 9. – Ele ficou um ano na fila até conseguir fazer o exame que precisava. Agora, eu queria que a médica visse o resultado – diz Moreira. Vida em posto de saúde é difícil mesmo. Tem gente que tira cochilo enquanto espera. Outros não desgrudam os olhos da fila, com medo de perder a vez. E, claro, há muitos que voltam para casa horas depois sem conseguir o atendimento de que precisavam. Boa parte

A SÉRIE

Hoje Saúde

realizar o concurso no prazo previsto pela legislação eleitoral. Profissionais foram contratados emergencialmente. Caberá ao próximo prefeito eleito em outubro resolver o problema.

7h51min ■ Nebulização – Lisiane pede que seja feita a nebulização no filho, que foi receitada pelo médico no dia anterior

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É emergência? Não tem ambulância

dessa realidade, a mãe de Tiago, Lisiane Cristina Togni Pereira, 27 anos, nem chegou a ver. Ela só saiu de casa para levar o filho ao posto às 7h20min. Graças ao avô, que madrugou na fila. Mas, para quem mora longe da unidade de saúde, o jeito é ficar no posto esperando a pediatra chegar às 8h. – Não é só para pediatria que é difícil conseguir ficha. Para clínico-geral também tem de vir cedinho – diz Lisiane. Segundo a Secretaria de Saúde de Santa Maria, a construção dos postos obedece ao critério da distância. A intenção é que ninguém, exceto os moradores dos distritos, precise percorrer mais de dois quilômetros para ser atendido nem enfrente fila. Para o futuro, há mudanças previstas na localização das unidades por causa da criação de novos loteamentos habitacionais. Porém, não há projeto para aumentar o número de

Dia 19/07 Empregos

Dia 26/07 Segurança

médicos, o que poderia diminuir o so- baixo (veja quadro da página 18) e o frimento de quem corre atrás de fichas. trabalho exaustivo afastam os candidatos. As vagas não são preenchidas, e a demora no atendimento continua. Neste ano, 22 médicos foram demi■■■■■■ tidos porque seus contratos estavam irregulares. Por pouco, o PA não parou. Faltam médicos Para evitar o colapso, a prefeitura conQuando o atendimento ultrapassa o tratou uma firma terceirizada. A emposto de saúde e bate à porta do Pron- presa fica no PA até que haja resultado to-Atendimento do Patronato, os pro- para o concurso público. Um dos argumentos da prefeitura blemas só mudam de endereço. Com equipe reduzida, longas filas se formam. para as horas de espera é que muita No PA, não é preciso madrugar. Lá, a gente que procura o PA poderia ser paciência é a virtude a ser desenvolvida atendida nos postos. O que faz muitas por quem quer atendimento, porque a pessoas enfrentarem horas de espera, demora pode chegar a várias horas, de- quando poderiam ser atendidas pertinho de casa é, muitas vezes, ter a certependendo do dia e do horário. A prefeitura vem tentando combater za de que sairão com o exame pronto. a falta de médicos de diferentes for- No PA, exames de sangue e Raio X são mas. Por mais de uma vez, abriu sele- feitos na hora. No posto de saúde, poção para plantonista. Porém, o salário dem demorar meses.

Dia 2/08 Educação

Dia 9/08 Iluminação

Dia 16/08 Limpeza e lixo

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Saúde preventiva O velho ditado “é melhor prevenir do que remediar” faz sentido quando o assunto é saúde. Depois da implantação do Programa de Saúde da Família (PSF), a Secretaria de Saúde conseguiu vitórias importantes. Uma delas foi reduzir as filas, já que se tornou possível prevenir doenças e agendar consultas. Mas nem tudo são flores no PSF. Quando a prefeitura selecionou os agentes e os profissionais da equipe, não fez concurso público. A cobrança do Ministério Público do Trabalho veio em 2007. A prefeitura se comprometeu a demitir quem tinha sido contratado irregularmente e fazer um concurso público. Mas a aprovação dos cargos pela Câmara demorou, e não houve tempo de

Dia 23/08 Trânsito

Dia 30/08 Transporte

Conseguir a consulta e o exame não são as únicas dificuldades para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Transporte para chegar a postos, PAs ou hospitais é outro problema. As cinco ambulâncias da prefeitura são usadas somente para atender pacientes com consultas previamente agendadas e levar pessoas do PA, da Casa de Saúde ou da Unidade Ruben Noal ao hospital. Em síntese, se uma pessoa passar mal, tiver um ataque cardíaco ou precisar de socorro de uma hora pra outra, não há ambulância para levá-la ao médico. De acordo com o coordenador do setor de transportes da prefeitura, Isac Bueno, a solução é criar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele foi prometido pela administração municipal para 2006, junto com a inauguração do PA do Patronato. Um local para abrigar as ambulâncias chegou a ser construído, mas elas nunca foram compradas. Em maio, representantes do Ministério da Saúde estiveram na cidade para conhecer as instalações do PA e tentar tornar o Samu uma realidade. Por enquanto, só foi feita a avaliação do prédio, que terá de passar por adaptação. Ainda não há prazos, valores, número de ambulâncias ou cidades que seriam atendidas. A única garantia, dada pelo Ministério da Saúde, é que o Samu virá, ainda que não se saiba quando. Até lá, resta a quem depende do SUS contar com a boa-vontade de amigos ou vizinhos para levar pacientes ao médico. Muitas vezes, essa ajuda vem de quem não tem obrigação de fornecê-la. Os bombeiros não têm ambulância e, sim, carros de resgate. Como o próprio nome diz, eles são usados em acidentes e para a retirada de vítimas de ferragens. Mas, em casos urgentes, quando uma pessoa tem um ataque cardíaco ou entra em trabalho de parto, são os bombeiros quem dão o socorro, desde que haja viatura disponível.

Dia 6/09 Meio ambiente

Dia 13/09 Cultura

8h05min ■ Consulta – A pediatra Maria de Lourdes Trindade atende Tiago, e conclui que ele está com um princípio de pneumonia

8h22min ■ Medicação – Tiago toma a primeira injeção do tratamento contra pneumonia. Ele voltou ao posto para tomar o remédio até o dia 6

Dia 20/09 Assistência social

Dia 27/09 Esportes SEGUE


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