Profissões da nossa Terra: Banheiro

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Jornal

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VILACONDENSE

Sociedade Classifica Vila do Conde como “terra de muita luz”, este vilacondense de amor incalculável pelas Caxinas. Nasceu há 86 anos no lugar das Caxinas e desde cedo esteve ligado à vida do mar. Ainda em idade muito precoce, foi aprendiz de carpintaria naval, depois ingressou na Escola Comercial da Póvoa de Varzim e nos anos que se seguiram não perdeu as Caxinas de vista. Começou por abrir um estabelecimento de mercearia e de vinhos, trabalhou no posto de turismo durante 18 anos, construiu várias casas nas Caxinas e, em meados dos anos 40, dedicou-se à acolhedora e tão apreciada praia do lugar. A esposa, filha e neta de banheiros da praia de Vila do Conde, sempre o acompanhou nas várias actividades profissionais ligadas ao mar. “Quando o meu sogro abandonou a praia, trouxe de lá 27 barracas para as Caxinas. Quando abandonei a praia já eram 200 barracas”, afirma José Vila Cova. Na a ltura, chegavam pelo comboio banhistas oriundos de Mondim de Basto, Celorico de Basto, Guimarães, Fafe, Famalicão e M irandela para as praias de Vila do Conde. “Como a praia das Caxinas não era conhecida, tivemos de criar um bom ambiente para os banhistas. Eu e a minha mulher íamos buscálos ao comboio e comprávamos o jornal porque aqui não havia nada”, explica o antigo nadador-salvador. Eram dias de muito trabalho. José Vila Cova acordava bem cedo para montar as barracas e passava a manhã e a tarde a vigiar os banhistas no mar. A esposa encarregava-se de apoiar os banhistas no posto de turismo. Para cativar os turistas e agitar a Praia das Caxinas promovia várias actividades, como as ani-

“Profissões da nossa terra”

Banheiro da Praia das Caxinas

Menino das Caxinas, José Vila Cova foi o primeiro aluno da escola do lugar de Vila do Conde e o principal impulsionador do crescimento da Praia das Caxinas. Apelidado de “queixinhas”, foi banheiro durante muitos anos e nunca perdeu nenhum banhista no mar.

José Vila Cova viu as Caxinas crescer como quem vê um filho

madas sardinhadas nas noites quentes de Verão, concursos de construções na areia, gincanas de bicicleta e torneios de voleibol. Munido de uma bóia e uma corda de salvamento, um barco e um colete, José Vi la C ova depositava a máxima atenção no mar. “Na Capitania até me chamavam de ‘queixinhas’. Se estava bandeira vermelha e as pessoas não me respeitavam e iam para o mar, eu

ligava logo para a Capitania”, frisa o banheiro que sempre atentou na responsabilidade que tinha entre mãos. Um desastre na praia de José poderia significar uma perda de banhistas e é com felicidade que afirma: -“nunca perdi ninguém no mar”. Hoje, José Vi la C ova g u a rda solenemente as lembra nç as f ísic as que lhe restam daquele tempo. Em sua casa olha com cari-

nho para os desenhos feitos pelas crianças no concurso “O nadador salvador visto pelas crianças” que promoveu nos seus tempos de banheiro. Viu as Caxinas crescer como quem vê um filho. E m 19 5 5 f u ndou , t a m bém, o Rancho das Caxinas, u m g r upo que a n imava as noites no lugar à beira-mar. Edificou o restaurante Praia-Mar e o café Caximar, ainda hoje um

grande ponto de referência nas Caxinas. “O Caximar era muito bonito. Todo em madeira e envidraçado, com uma esplanada virada para o mar”, relembra os tempos em que trabalhava com a ajuda dos seis filhos. A Praia das Caxinas emergiu rapidamente e, com ela, a área envolvente. José Vila Cova, também detentor de u ma empresa de construção com o irmão, construiu várias casas para os banhistas oriundos do interior Norte do país. No Verão eram alugadas para as famílias passarem umas semanas na Praia das Caxinas. Habituado a estar rodeado das ba ndei ras, cordas, coletes e bóias de salvamento, José relembra como se fosse hoje os dias de praia. Canaliza a fiel memória que ainda possui para retratar os dias que passou neste lugar à beira-mar. É o autor do livro “Caxinas, a minha terra e a minha gente”, redigido com a paixão de um caxineiro que, ainda hoje, não passa um dia sem ir às Caxinas. Confere especial riqueza ao passado da cidade, aos dias que viveu e histórias que ouviu. Como se de uma herança pessoal se tratasse, José Vila Cova sem-te distraído com um novo projecto: um livro sobre as histórias das ruas de Vila do Conde. Mariana Catarino

“O Nadador Salvador É um amigo da gente Tomamos banho sem medo Quando ele está presente” Quadra de uma criança num concurso promovido na Praia das Caxinas

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