32 um poder não intencional dos atores que ressalta a invisibilidade da disseminação de normas e ditames para o corpo, assegurando a submissão e o controle comportamental. Nesta concepção, os indivíduos ―[...] não são apenas seus alvos inertes e consentidos, eles são sempre os elementos de sua articulação. Em outras palavras, os indivíduos são veículos de poder‖ (FOUCAULT, 1983, p. 308). Acerca do poder com e como conflito, Viera e Misoczky (2003, p. 53) alertam para a diferenciação ―entre poder real e poder potencial‖, ressaltando a possibilidade do poder como elemento utilizado de forma relacional, e, portanto, não cabendo descrições ou prescrições. Tal definição faz emergir o conceito de ―recursos de poder‖ e sua aplicabilidade ao próprio exercício deste (VIEIRA; MISOCZKY, 2003, p. 54). Numa perspectiva contrária à Foucault, Clegg (1989) amplia a discussão compreendendo também a tendência ao desafio às regras por parte dos atores na sociedade, fato que possibilita as transformações sociais. Nesta visão dialética, os mecanismos de controle existem e funcionam, mas também propiciam, através do desafio às regras apresentadas no campo, o conflito e as reconfigurações na sociedade. Para Bourdieu (1996), o poder se articula a partir da articulação entre as estruturas objetivas e as estruturas incorporadas. A primeira remete aos campos sociais, enquanto a segunda menciona a noção de habitus. Em outras palavras, o poder é exercido dialeticamente entre as estruturas mentais e sociais. Segundo Bourdieu (1989), as relações de poder corroboram com a estruturação da sociedade, e embasam a disputa dos atores por capitais que os ajudariam na permanência ou manutenção da sua posição ou estruturação social no campo.
2.1.5 O campo O campo organizacional é um elemento central para a Teoria institucional. Pode ser compreendido como um grupo de organizações que formam uma determinada área reconhecida de vida institucional, onde são compartilhados os valores, as normas e os demais significados comuns (SCOTT, 1991). Os autores que mais se destacam acerca do campo como unidade de análise, são DiMaggio, Scott e Bourdieu. Scott (1995) define campo organizacional como o nível de maior significância para o institucionalismo, defendendo que a identificação dos campos organizacionais tem contribuído para a análise das relações organizacionais internas e externas, assim