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Quadro 13 Diversidade da produção musical baiana contemporânea
Não raro, novos textos e tessituras procuram disseminar a fixidez conceitual de algumas destas dinâmicas, empobrecendo-as com demasiado senso comum, num sentido político centrado na estereotipização e distinção como ―série de diferenças e discriminações que embasam as práticas discursivas e políticas da hierarquização racial e cultural‖ (BHABHA, 1998, p. 133). Nesta direção, a ―música baiana‖ é quase sempre compreendida e registrada a partir de alguns poucos elementos e intérpretes, ocultando diversidades e novas possibilidades de existência. Parte considerável dos registros aponta para o seu caráter homogêneo e massivo, corroborando, desta forma, para a não revelação de outros atores e fatores instauradores de multiplicidades de sentidos, sons, timbres e formas também existentes no Estado.
Num primeiro momento, música baiana é aquela produzida por artistas baianos em sua territorialidade original. O equívoco, reiterado por diversos atores e agentes, é ignorar a diversidade existente na atual produção musical baiana.
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Quadro 13: Diversidade da produção musical baiana contemporânea
Fonte: Elaboração do autor.
A expressão ―música baiana‖, ou mesmo ―axé‖ – não raro -, acaba por representar, para boa parte da sociedade, a música popular massiva produzida na Bahia, desconsiderando os ritmos e gêneros que não são resultantes da mescla do som
percussivo dos blocos afros com os instrumentos eletrônicos. Nestes exemplos, para efeitos comerciais e de divulgação, ―música baiana‖ ou ―axé‖ abrangem diversos estilos e variações musicais como o samba-reggae, o pagode, o ijexá, entre outros. Mas o que seria a ―música baiana‖ contemporânea neste contexto da música popular massiva? Somente aquelas musicalidades relacionadas ao Carnaval, vide axé music e pagode? Nestes dois exemplos, é evidente que a relação entre música e Carnaval é mais acentuada, resultando em uma considerável execução pública em dezenas de micaretas, shows pelo país, e um acompanhamento radiofônico mais dinâmico diluída ao longo do ano. O fato é que a expressão ―música baiana‖ remete, não raro, a estes dois gêneros musicais massivos e populares. Quatro aspectos nesta análise poderiam justificar tal centralidade: sua configuração enquanto música pop, uma considerável relação identitária com a musicalidade e territorialidade referida à – e conhecida como – Bahia, articulação entre etapas distintas da produção, assegurando sustentabilidade aos artistas e empresários, e vínculo ao Carnaval soteropolitano e circuito das micaretas. Enquanto pop, axé music e pagode obedecem às regras mercadológicas de refrões fáceis, previsíveis e repetitivos; tempos de canção que não exaurem a audição; arregimentação experimentada entre ritmo, harmonia e melodia, em que as sonoridades percussivas se aliam ao instrumental responsável pelo campo harmônico e melódico; e a própria diversidade de conjuntos, estilos e performances (CASTRO, 2010). O segundo aspecto é a relação identitária experimentada por boa parte da população local com os artistas e bandas, potencializando-os no mercado de bens simbólicos local e nacional, onde a produção musical baiana é referência no amplo calendário e circuito de shows, vaquejadas, feiras, micaretas, festivais, formaturas, entre outros. Para Nova:
A chamada música baiana, especificamente a denominada Axé music, afirmou-se como representação do carnaval soteropolitano. Festa de rua comandada pelo palco móvel, o Trio Elétrico. A discussão do possível esgotamento modístico, não nega ao estilo ser a referência de um mercado cultural periférico, que se firmou nacionalmente. Junto com a referência da cultura afrodescendente - representada na festa pelos blocos afro e afoxés consolidam a identidade cultural soteropolitana, representando toda a Bahia. O carnaval e sua música é a expressão econômica mais visível do pacote da baianidade, sempre cantada em versos e prosas, chega ao século XXI como identidade local consolidada (NOVA, 2010, p.01)
O terceiro argumento é o envolvimento de boa parte destes artistas baianos com as etapas e responsabilidades distintas da produção musical, fato que assegura