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Tony de Sousa 61 e

Ilustração: M.C.Conti com o cinturão, atirou o fardo às costas, atravessando a lazarina no ombro, e meteu o pé no caminho, quando já não havia mais sinal de claridade do dia. Para encurtar a viagem, e como era bom conhecedor daqueles recantos, tomou uns atalhos e veredas abertas pelos carregadores de lenha, indo desembarcar na estrada tronco cerca de meia légua distante de seu sítio. Por que andara depressa, até se despreocupara do tempo, mas olhando para o céu, viu pela altura do Sete Estrela, que já se aproximava da meia noite, fato ainda confirmado pela ventania fria que vinha soprando do nordeste. Também, por longe, de algum casebre perdido, ouvia o cantar do galo, embora fora de hora, e que denunciava moça fugida ou aparição de alguma sombra amedrontadora. Apesar de não ser noite de lua, a claridade das estrelas permitia ao viajante descortinar as coisas que estavam mais aproximadas. Deste modo, desde que o solitário caçador, saindo do carrasco, penetrou na várzea, para avistar as frondes dos velhos e conhecidos carnaubais, sentiu-se como que aliviado daquelas horas de isolamento, que passara, sozinho, na travessia da picada. Já então, não estava de seu lado a ameaça do encontro com as onças vermelhas que farejavam os currais de bode, e que ainda apareciam, por ali naqueles tempos. Afastando desse perigo e de outros, como os botes traiçoeiros das cascavéis, Medeiros arrancou o cachimbo da sacola, encheu de um pacaio forte do brejo, e continuou baforando, alegre, pensando na rede que estava esticada no alpendre, no torrado nas marrecas, uma chicara de café bem quente, que não devia tardar. As coisas, no entanto, não teriam esse fim prometidamente alegre, como imaginava o caçador, pois uma surpresa desagradável estava reservada, ainda naquela noite, ao morador do Saco. E assim é que, ao passar pela encruzilhada, onde a estrada se bifurca para São Sebastião, por cima da chapada e pela várzea, Seu Medeiros foi despertado por uma coisa estranha, por uma tinideira de correntes que eram arrastadas pelas pedras, como se fossem puxadas por um animal desenfreiado. Apanhado por aquele imprevisto, o agricultor estancou, quase recuou, mas recobrando o ânimo agarrou a espingarda com a mão firme, e embora tomado de verdadeiro pavor, esperou o fim daquela marmota. E em seguida, viu, distintamente, no meio do caminho, uma forma do tamanho de um burro, dando pulos e jogando coices no ar, como se fosse um endemoninhado. Ante aquela situação em que não tivera tempo de pensar, e agindo mais por força do instinto, segurou a arma e disparou contra o bicho, que se encontrava a pouco mais de dez metros em frente. Depois do estampido, seguiu-se um baque surdo, e um gemido estertorante. A carga forte, que tinha sido preparada com chumbo grosso para a eventualidade do encontro com a uma onça, surtira seu efeito.” Esse acontecido ainda traria muitos aborrecimentos ao caçador, mas aí, já é um outro causo.

Arte Poética

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Lenildo Solano Professor

Segundo definições de Oxford Languages: Arte é um substantivo feminino que significa: 1) Habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional ou 2) o conjunto de meios e procedimentos através dos quais e possível a obtenção de finalidades práticas ou produção de objetos; técnica. (Google) Somos amantes fervorosos de todas as modalidades de arte, começando pela própria arte de viver. Portanto, todos nós somos artistas naturalmente. Os pais, os professores, os religiosos no ensinamento, na educação e na evangelização, principalmente, os que trabalham com as nossas queridas crianças e adolescentes, oportunizando também para os idosos. A culinária, o artesanato, a música, a obra poética são as modalidades artísticas mais notadas e divulgadas, porém tudo que é feito, confeccionado com dedicação, precisão e amor resulta em bela arte. Queremos destacar conversas informais que temos com amigos que admiram certas artes e dizem, será que eu consigo fazer? A resposta que sempre damos é que para termos certeza daquilo que queremos fazer, basta iniciar e com boa vontade, perseverança, preparação e paciência a tendência será, obviamente, evoluir no ato de fazer, de compor. Mencionamos compor por ser onde mais ouço o questionamento: será que sou capaz de compor? Nas composições literárias e musicais temos como dádiva divina a inspiração, que será produtiva com a boa vontade, o interesse, perseverança e também como estudo de tema e técnicas especiais e específicas. Há também aqueles que trazem na veia certa modalidade de arte e com leve toque desabrocha em grande artista. A arte poética fascina-nos desde as leituras das obras clássicas e imortais que compõem a nossa rica literatura,principalmente, quando preparávamos para o vestibular; foi o começo da admiração pelos inesquecíveis poetas e escritores.

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