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Katia Brito 57 e

“Envelhecer é um problema?”

Sandra e Holland Sandra Oh e Holland Taylor vivem professoras em diferentes fases da carreira

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THE CHAIR Os personagens de Ron Crawford e Bob Balaban são estereótipos de à beira da senilidade e de resistência às mudanças Os “candidatos” à aposentadoria são retratados como professores ultrapassados, que não dão muita atenção aos alunos, e por isso têm poucos estudantes, enquanto outra professora que abre espaço para discussões de diversidade e o uso da tecnologia tem a turma cheia. O choque não está apenas no uso que fazem ou não da tecnologia, um forte questionamento neste período de pandemia quanto à população idosa, que bravamente se adaptou e se integrou às novas formas de comunicação. O envelhecimento e a longevidade são problemas para a série, que discute temas como racismo, inclusão de minorias, mas não avança com seus personagens centrais 70+. A mesma coisa ocorre com a série médica “Grey’s Anatomy”, que bem retratou a questão da covid-19 em sua 17ª temporada, debateu o racismo. Porém a morte de idosos em instituições de longa permanência, outro drama da pandemia, foi tratado de forma quase banal, mesmo com a mãe de uma das protagonistas tendo se contaminado em um desses locais e não sobrevivido.

Possibilidades

Voltando a série “The Chair”, os professores 70+ da forma como são retratados parecem até mais envelhecidos. A atriz Holland Taylor, de 78, é a solitária professora Joan Hambling, que é relegada a uma sala no porão da universidade; Bob Balaban, de 76, é o professor Elliot Rentz, referência em sua área, mas resistente às mudanças, e Ron Crawfor, 75, o professor John McHale, retratado como praticamente senil e fazendo uso de vários medicamentos. O reitor chega a dizer à protagonista quando ela pede a efetivação da professora mais jovem, que ela terá lugar se um dos três 70+ for demitido, se aposentar ou morrer. Claro que trata-se também de uma questão de orçamento do departamento, mas serão apenas estas as opções para os professores mais velhos? Eu acho que não, há caminho para atualização, inclusão digital, inovação. Como diz a campanha #VelhiceNãoéDoença, velhice é uma fase da vida, que como todas as outras têm seus desafios, mas também traz muitas oportunidades. E que seja assim para todos!

Humor

Outubro, Rosa

Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

ltemple@uol.com.br

Essa coisa de atribuir cada mês do ano a uma causa social ainda vai dar confusão. Vai faltar mês para tanta causa. Mesmo que inventem mais meses, faltarão cores. Eu nunca dei bola para isso, mas minha mulher não pensa em outra coisa. Setembro ainda nem tinha terminado e ela já falava em outubro rosa. Toda vez que ela toca no assunto eu respondo “hã-hã”, apenas para fingir que me importo, mas eu não dou a mínima. Se eu deixar, a coisa começa no café da manhã e vai até o anoitecer. Desta vez ela pendurou um enorme calendário na parede da cozinha e pintou de rosa o todo o mês de outubro. A gente teve uns perrengues no início do ano por causa dessa mania que algumas esposas têm de xeretar o celular dos maridos. Não sei por que fazem isso. Desde os tempos de namoro que a gente se pega e faz barbaridades, sem problemas. Agora, xeretar o celular do outro, isso é falta de respeito! Sempre fui semifiel ao extremo mas, ser fiel a uma só, é trair todas as outras! Não consigo ver uma amiga sofrendo e não fazer nada para consolar. Minha mulher diz que marido não tem amiga. Tem só “aquela vadia”. O pessoal do bar sugeriu disfarçar os nomes das moças na agenda do celular, mas minha imaginação não é muito boa e a mulher é esperta demais. Descobriu com facilidade a senha (meu aniversário), e os disfarces que criei: Margarido, Amélio, Soraio, Marildo. Aí ela começou uma greve de sexo que já dura sete meses. Preciso camuflar melhor os nomes. Neste sábado, dois de outubro, ela acordou bem cedo, o que não é normal, e saiu sem dizer nada. Quando fui tomar café, lá pelas 10:30, vi algo estranho na mesa da cozinha. Folhetos de hotel nas montanhas, de Spa, cruzeiro marítimo, joias. Ela deixou um bilhete carinhoso dizendo que ia arrumar o cabelo, fazer as unhas, os pés, almoçar com as amigas e voltaria lá pelas 16 horas. Nunca tive tan-

magazine 60+ #28 - Outubro/2021 - pág.59

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