Educação une mundos

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CIDADES

a crítica MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015

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UFAM

Educação une mundos Intercâmbio aproxima culturas de alunos estrangeiros que escolheram Manaus para estudar e dar uma ‘guinada’ na vida Lucas Silva

LUANACARVALHO cidades@acritica.com

Com muita vontade de vencer na vida, eles enfrentam desafios, mudançasesaudades.Assimvivemosestudantes estrangeiros que moram em Manaus.AmaioriaédepaísesemergentesdaÁfricaeAméricaLatinaetodoscarregamnabagagemosonhode voltarparaaterranatalepodertransformar a vida por meio do conhecimentoadquiridonoBrasil. “Meu primeiro sonho é de ajudar o meu povo. Mas antes quero ficarnoBrasil,quefoioPaísmeofereceu os estudos, e retribuir um pouco do que vou receber aqui. Gosto muito das pessoas”, declarou StephenAmanor,22,quesaiudeAcra, capitaldeGana,paraestudarportuguês na Universidade Federal do Amazonas(Ufam). Stephen é um dos 500 candidatos aprovados na última seleção do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e faz parte de um grupo de 12 estudantes que vieram para Manaus neste ano. O português ainda não é fluente, afinal de contas, ele está há apenas dois mesesnoBrasilefaloudurantetodaavidaoidiomainglês. “Me inscrevi no programa para estudar Ciência Política. Se eu for aprovado no exame de proficiência em português, irei para o Rio de Janeirofazeraminhagraduação.Tudo vai depender, também, das condições de vida aqui no Brasil”, conta o carismático Stephen, que se diz apaixonado por política. “Quero estudarparatentarentenderemudara situção”,completa. Os participantes do programa passamporumrigorosoprocessode seleção. Aqueles com as melhores notas e méritos acumulados conseguem vagas em universidades brasileiras conveniadas com o PEC-G. Em contrapartida, devem atender a alguns critérios, entre eles provar quesãocapazesdecustearsuasdes-

Atualmente, 34 estudantes estrangeiros participam do programa de intercâmbio da Ufam, onde eles passam por um curso de proeficiência em língua portuguesa antes de iniciarem os estudos na área específica

‘ÁFRICAOCIDENTAL’

Éumachanceúnica.Nonossopaís,fazer mestradonoscustaria,emreais,algoemtornode 17mil.Aspessoasachamqueasvagasoferecidas pelaUfamsãopoucas,masparanósémuito” JacquelineOrellana Estudante

Programa atende 34 ‘gringos’ O Programa de EstudantesConvênio de Graduação (PECG) oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), 34 estudantes estrangeiros fazem parte do programa. Antes da graduação, eles cursam seis meses de língua portuguesa como idioma estrangeiro, com aulas ministradas todos os dias. Na Ufam, participam estudantes da Angola, Barbados, Benim, Gana, Haiti, Quênia, Senegal e Costa

pesasnoBrasil.

Frase

do Marfim. Desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação, em parceria com universidades públicas federais e estaduais - e particulares, o PEC-G seleciona estrangeiros, entre 18 e preferencialmente até 23 anos, com ensino médio completo, para realizar estudos de graduação no País. O aluno estrangeiro selecionado cursa gratuitamente a graduação. Os acordos determinam a adoção, pelo aluno, do compromisso de regressar ao seu país e contribuir com a área na qual se graduou.

Do Senegal, o estudante Mouhamadou Coulibaly, 26, também participa,hádoismeses,docursodelíngua portuguesa.EleprecisadoCertificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CelpeBras) para fazer mestrado em Sistema de Informação pela Ufam e, por isso,seesforçabastante. “O Brasil é um País que está se desenvolvendo muito neste setor.

A IMAGEM

Lucas Silva

Às vezes eu acho que é melhor ficar aqui para seguir os estudos e fazerdoutorado.Esódepoisvoltar para meu país para ser empresário, abrir um negócio próprio. Aqui ainda é um lugar para prosperar”,revela. “Mouha”,comoéchamadopelos colegasdafaculdade,nãosabiafalar uma palavra em português. “Eu só falava francês. Estudo bastante durantenasaulaseemcasaporquesei que vou precisar passar por uma prova para continuar estudando

Professora de português para estrangeiros

“É preciso dedicação”

A saudade de casa, dos amigos e da comida da terra natal facilitam o convívio e fazem com que estudantes criem laços de amizades com colegas de outros países que também estão passando pela mesma experiência. No grupo de amigos, só é permitido falar em português.

‘ELSALVADOR’

OcasalAlanContreras,25,eJacquelineOrellana,24,participoudocertame paramestradoemquímicanaUfame foiaprovado.“VimosemManausuma oportunidade de seguir carreira acadêmica.Éumachanceúnica.Nonosso país fazer mestrado nos custaria, em reais,algoemtornode17mil.Aspessoas acham que as vagas oferecidas pelaUfamsãopoucas,masparanósé muito”,ressaltouJacqueline.

Análise

Rebeca Monteiro

Saudosismo estreita laços

aquiemManaus”.

A maioria dos estudantes vem para o Brasil com o objetivo de fazer uma faculdade, voltar e contribuir com o país deles, tendo um melhor rendimento salarial para ajudar a família. Outros vêm, se encantam e querem continuar aqui. Cada um tem uma perspectiva diferente e a minha maior alegria é

quando sai o resultado CelpeBras (exame de proficiência) e a gente vê que eles conseguiram, que estão fazendo amizades e que conseguem se comunicar sem problema nenhum. É muito diferente a forma como se aprende o português na graduação da forma como se ensina a língua para estrangeiros. Eles chegam aqui totalmente ‘crus’, sem saber falar ‘oi’. Nosso curso é intensivo e a gente trabalha quatro horas por dia. É bem puxado pra eles, pois não trabalhamos só regras gramaticais. O desafio é muito grande, mas a maioria consegue passar no exame. A prova é complexa, então é preciso muitas dedicação e esforço por parte deles”.


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