MANAUS, TERÇA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2017
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HORROR NO COMEÇO DO ANO Fotos: Winnetou Almeida
Câmeras que monitoram a rotina dos presos vão ajudar na identificação dos líderes do motim na investigação criminal
Gabinete de crise, composto por vários órgãos se segurança, foi criado para administrar a situação e evitar novos motins
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Tragédia humana LUANA CARVALHO
Seap:83reféns foramliberados
luanacarvalho@acritica.com
A carnificina que deixou mais de 50 detentos mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) - que mantinha, até então, 1.229 internos - foi manchete nacional e internacional. Considerada a segunda maior chacina do sistema prisional do Brasil, perdendo apenas para Carandiru em 1992 (111 mortos), a tragédia foi motivada por disputa entre as principais facções criminosas que atuam no Amazonas: FDN e PCC. Esta última teve quase todos os integrantes que cumpriam pena no Compaj mortos violentamente. Outros 130 membros do grupo criminoso foram transferidos das demais unidades prisionais para a Vidal Pessoa na tarde de ontem.
OsecretárioPedroFlorêncio destacou que, além dos13funcionáriosdaempresa Umanizare, havia mais 70 detentos mantidos reféns. "Conseguimos negociar e evitamos mais mortes. Eles não fizeram exigências difíceis, pois a intenção era simplesmente exterminar a facção rival”. Ele confirmou, ainda, a carbonização do ex-policial Moacir Jorge Pessoa da Costa, conhecido com "Moa", acusado de integrar uma organização criminosa comandada pelo ex-deputadoestadualWallaceSouza(jáfalecido).
FORTEMENTE ARMADOS
Até agora, não há uma explicação oficial de como as armas brancas e de fogo foram parar no Compaj. Em fotografias tiradas durante o motim, detentos aparecem com terçados, facões, pistolas e até fuzis. O número de armas encontradas não foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). De acordo com o titular da pasta, Sérgio Fontes, os objetos possivelmente tiveram entrada facilitada pelos detentos do regime semiaberto, que, tecnicamente, deveriam ser revistados ao voltar ao presídio. As dependências do Compaj são monitoradas por câmeras, controladas pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICC-R). A partir daí, os peritos pretendem gerar provas para o inquérito criminal que deve responsabilizar os culpados. Durante a coletiva de imprensa realizada ontem pela manhã, uma das telas mostrava a hora da revista dos presos após o fim da rebelião. Em outras telas, funcionários limpavam os destroços do massacre, constatando que toda
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a ação violenta foi gravada. GUERRA ANUNCIADA
Durante todo o ano passado, oito túneis foram descobertos no local, conforme relatou o titular da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Pedro Florêncio, anunciando a intenção de fuga dos presidiários. A guerra entre as facções também foi anunciada e, de acordo com Sérgio Fontes, é necessário que haja um reforço na-
cional para conter o narcotráfico no Estado . “É uma guerra que tem afetado o Brasil como um todo. Tivemos a mesma situação em outros Estados, mas em menores proporções. A guerra é por espaço a nível nacional e a resposta a meu entender tem que vir a nível nacional”. Em outubro do ano passado, o rompimento entre PCC (fundado em São Paulo) e o Comando Vermelho (com origem no Rio de Janeiro) gerou conflitos
em cadeias do Norte e Nordeste. Em 2015, a FDN - aliada ao Comando Vermelho - executou violentamente três lideranças do PCC Manaus, o que teria sido um dos motivos do rompimento. RESPOSTA NACIONAL?
Ontem, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes desembarcou em Manaus para acompanhar o andamento das investigações do massacre. Sérgio Fontes informou que o governador José Melo
já havia entrado em contato com o ministro a fim de encontrarem ummeioderetaliaronarcotráfico pelas fronteiras do Estado: “O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, primeiro consumidor de crack e e não temos uma plantação de folha de coca em território nacional. Entratudopelasfronteiras,porissoaregiãoNorteprecisadeprioridade na questão da segurança”. Leia mais na C2, C3, A3 e A8
O caos que afetou o sistema prisional iniciou às 15h do último domingo com a fuga de 72 detentos do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), seguida da rebeliãosangrentanoCompaj. As ações podem ter sido combinadas entre os detentos, de acordo com o secretário Sérgio Fontes. Do Compaj, fugiram 112 detentos, totalizando184nasduasunidades. Até a tarde de ontem, apenas 40 fugitivos foram recuperados. A fuga em massa deixou a população preocupada. Segundo Sérgio Fontes, a população pode ajudar prestando informações pelo 181 e 190. “Qualquer informação que for dada será tratada com muita atenção. Nossa prioridade é pacificar o sistema prisional e recapturar os presos”, disse o titular da SSP-AM.