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Esquadrão Centauro - 3º/10º GAV

3º/1 V0º GA3º/1 V0º GA 10 Nov 10 Nov 1978 1978

ESQUADRÃO CENTAURO

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3º/10º GAV

Em meados da década de 60, a Força Aérea Brasileira promoveu uma profunda revisão crítica das próprias doutrinas que resultou em uma reestruturação da Força, além de um programa de modernização de seus equipamentos. Com isso, em 25 de outubro de 1977, numa reunião de Oficiais Generais da área do COMGAR (Comando-Geral do Ar), dentre os diversos assuntos de interesse da Força Aérea que foram debatidos, um se referia especificamente, à necessidade da criação de uma nova Unidade de Emprego Aerotático. Dada à urgência do assunto, três dias depois do comunicado ao Ministro da Aeronáutica, o COMGAR resolveu tratar da criação da nova Unidade em caráter prioritário. As aeronaves que equipariam a Unidade seriam os AT-26 XAVANTE, que foram consideradas sofisticadas demais para as funções que desempenhavam nos EMRAs (Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque). Com isso, todo o pessoal e material referente a um novo Esquadrão seriam retirados do 3º e 4º EMRA. Quanto à localização, os estudos realizados pelo EMAER (Estado-Maior da Aeronáutica) apontaram a cidade de Santa Maria/RS como sede adequada, o que possibilitaria o desdobramento do 1º/10º GAV para a mesma cidade, além de interatividade com as Unidades do Exército Brasileiro. Assim, no dia 10 de novembro de 1978, comandado pelo Ten Cel Av Humberto Cézar PAMPLONA Coelho, surge, oficialmente, o 3º/10 GAV. “A memória relembra fatos, mas só a imaginação dispõe do mágico poder de torná-los transcendentais. Assim é que, numa noite de janeiro de 1979, um Esquadrão sem nome decolou, ganhou altura, percorreu constelações, galáxias e de lá voltou com a denominação que lhe marcaria o destino: CENTAURO.” Humberto César Pamplona Coelho – Brig do Ar e Centauro 01. No decorrer do mês de março de 1979, o Esquadrão chegou ao símbolo que daria a individualidade frente às demais Unidades Aéreas. Foi escolhido o "CENTAURO", uma constelação do Hemisfério Sul, que mostra a imagem de um guerreiro, metade homem, metade cavalo, com sua lança em posição de ataque. A adoção do CENTAURO serviu para regionalizar a unidade, associando-a à imagem do valoroso gaúcho, muitas vezes cognominado o Centauro dos Pampas. As estrelas de maior grandeza da constelação, ALFA, BETA e GAMA emprestaram seus nomes às três Esquadrilhas que compõem o Esquadrão. Na constelação, os guardas são as estrelas ALFA (o pé do Centauro) e BETA (o joelho) que, juntamente com o Cruzeiro do Sul, são as formações mais notáveis do nosso céu. GAMA significa a torre do arsenal. Em novembro de 1979, no momento em que o 3º/10º Grupo de Aviação foi convidado a comparecer à 43ª Reunião e ao IX Torneio da Aviação de Caça, primeiramente na qualidade de

observador, logo mudado para a de efetivo participante, era difícil de imaginar o desfecho que o evento traria.

Recém-criado, o Esquadrão dava seus primeiros passos, não tendo completado sequer um ano de ativação. Apesar disso, a nova Unidade dispôs-se a concorrer, primeiramente pelo convite e, em segundo lugar, em razão da experiência que seria adquirida por um Esquadrão ávido em atingir a plena operacionalidade. E ao término da competição, o 3º/10º GAV sagrou-se vencedor do Troféu Aerotático do IX Torneio da Aviação de Caça. Em abril de 1980, o COMAT (Comando Aerotático) enviou uma mensagem rádio que confirmava, a partir do dia 30 de janeiro de 1980, a elevação do Esquadrão à categoria de Unidade Operacional. Os meses e anos que se seguiram foram repletos de atividades e de missões realizadas pelo Esquadrão, dando maturidade e experiência aos seus pilotos, bem como à equipe de apoio. O Esquadrão teve suas responsabilidades aumentadas, assumindo a formação operacional dos pilotos oriundos do CATRE (Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens), elevando-os à Líder de Esquadrilha de Caça. Ressalta-se que essa condição era primordial para que os pilotos conseguissem ingressar nos Esquadrões de Caça de primeira linha. Além de realizar as tarefas da Aviação de Caça, a Unidade manteve estreito relacionamento com a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro, realizou missões conjuntas com o Chile, Paraguai e Argentina, além de intercâmbio operacional nas operações MISTRAL (Força Aérea Francesa) e TIGRE (Força Aérea Americana). Durante 19 anos, as aeronaves AT-26 XAVANTE, prestaram elevado serviço ao Esquadrão, tendo voado mais de 70.000 (setenta mil) horas. Contudo, a necessidade de um novo vetor moderno resultou na sua substituição pela aeronave A1(AMX), caça bombardeiro desenvolvido em conjunto pelo Brasil/Itália, possuidor de qualidades necessárias a um País com as nossas dimensões.

No dia 2 de abril de 1998, foi realizado na BASM o voo inaugural da aeronave A-1. A bordo do FAB 5534, o então Tenente Coronel Aviador RODOLFO da Silva Souza, Comandante do Esquadrão, cumpria a missão. Ao mesmo tempo, iniciava-se o cronograma de desativação das aeronaves AT-26 XAVANTE, enviados ao PAMA-RF (Parque de Material Aeronáutico de Recife), a fim de serem remanejados para as outras Unidades. Em 1999, as instalações do Esquadrão sofreram várias reformas, aumentando o conforto e, principalmente, a segurança operacional da Unidade. Destaca-se nessa obra a construção das salas da Esquadrilha de Treinamento e Simulação que, em meados de 2000, receberam o primeiro treinador da aeronave A-1. Em 2003, cinco anos após o recebimento dos primeiros caças AMX, o Esquadrão Centauro quebrou o recorde de permanência em voo da Aviação de Caça brasileira. Duas aeronaves A-1 decolaram de Santa Maria/RS para Cuiabá/MT, onde foram reabastecidos em voo. Após essa operação, os aviões seguiram para Santarém/PA, onde fizeram um ataque simulado ao aeródromo da cidade. Em seguida, voaram até Parintins/AM, local de realização do segundo reabastecimento em voo. A jornada continuou até a fronteira com o Suriname e a Guiana Francesa, passando pelo Rio Oiapoque, além de contornar o Cabo Orange. Nas proximidades de Macapá/AP, fez o terceiro e último reabastecimento, seguindo para o pouso final em Natal/RN. A permanência em voo foi de 10 horas e 5 minutos, sem pouso intermediário, perfazendo um total de 6.700 km. Dentre outras missões que se destacaram na jornada do AMX no Esquadrão Centauro, ressalta-se, em 5 de novembro de 2003, a interdição da pista de Caparro, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Além disso, em novembro de 2009, o Esquadrão Centauro foi designado para cumprir mais uma missão no exterior. Os militares da Unidade participaram do Exercício Salitre II, na Base Aérea Cerro Moreno, localizada no Chile. Nesse cenário, os Centauros se destacaram pelo elevado profissionalismo, representando com louvor o nosso país. C o m o a p e r fe i ç o a m e n t o n o s p r o c e s s o s d e operacionalidade do Esquadrão, no primeiro semestre de 2012, a Unidade passou a operar o Pod Litening III, com objetivo de desenvolver a doutrina de emprego de bombas guiadas a laser. No dia 3 de outubro de 2013, o Esquadrão realizou o primeiro lançamento operacional de bombas guiadas a laser com munição real na Força Aérea Brasileira. Caças A-1 decolaram da Base Aérea de Santa Maria (RS) carregando bombas BAFG-230 e MK-82, todas equipadas com o kit Lizard, que as transformaram em “bombas inteligentes”. O lançamento foi realizado no estande de tiro de Saicã, a 120 km de Santa Maria. A utilização dessa tecnologia permite que

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a bomba atinja o alvo com uma excelente precisão, mesmo em distâncias elevadas, minimizando os riscos ao piloto, além da redução da possibilidade de danos colaterais que afetem a população e os bens civis na área de conflito. A Unidade Aérea tornou-se responsável por desenvolver a doutrina de emprego desse armamento em conjunto com o Esquadrão Poker (1°/10° GAV) e o Esquadrão Adelphi (1º/16º GAV). É importante ressaltar que as surtidas permanecem até os dias atuais, com atualizações e treinamentos acerca das técnicas de emprego com esse equipamento, trazendo inestimável ganho operacional ao Emprego Ar-solo na Força Aérea Brasileira. Em 2007, próximo de completar vinte anos de operação na Força Aérea, foi dado início ao processo de modernização da aeronave, conhecido pela sigla MLU (Mid Life Update, ou atualização de meia vida, em português). Dentre as principais características aperfeiçoadas na aeronave destacam-se a implantação de sistemas de Guerra Eletrônica, como a instalação de equipamentos como o MAWS (Missile Approach Warning System) e o RWR (Radar Warning Receiver). Ressalta-se também a diversificação do conceito HOTAS (Hands on Throttle and Stick), possibilitando uma maior gama de atuação do piloto sem que as suas mãos precisem ser retiradas do controle da aeronave. Por fim, a modernização também focou na implantação de sistemas de Glass Cockpit, buscando uma similaridade entre os projetos da Aviação da Caça no âmbito da FAB, além de garantir maior facilidade de visualização e interpretação das informações por parte do piloto. No dia 24 de julho de 2021, na cidade de Gavião Peixoto/SP, a Força Aérea Brasileira efetuou o recebimento da última aeronave do ciclo de modernização do projeto AMX. Após 43 anos de elevado padrão operacional, conquistado por 256 pilotos, oficiais médicos e especialistas, além de um grande contingente de graduados, o Esquadrão aproxima-se de atingir a expressiva marca de 100.000 horas voadas. O 3/10 GAV orgulha-se de fazer parte do rol de Esquadrões de primeira linha da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, esforçando-se, diuturnamente, no cumprimento das ações de Ataque, Reconhecimento Armado, Controle Aéreo Avançado, Interferência Eletrônica, Supressão de Defesa Aérea Inimiga e Apoio Aéreo Aproximado.

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