Liderança no Feminino - Junho 2019

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ÍNDICE EDITORIAL | 2 INTERNACIONALIZAÇÃO | 4 Patrícia de Castro Gonçalves, um Exemplo de Sucesso no Feminino (Grupo Monte - Patrícia de Castro Gonçalves) Comunicatorium - Inovar para Comunicar (Comunicatorium - Vera Norte) Na Liderança das Soluções Digitais (IT Sector - Maria Inês Domingues) Sara Medina: Administradora da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI - Sara Medina) Internacionalização e Determinação são Elementos de Sucesso na Liderança (FORSAE - Berta Montalvão) 3ª Edição da FIN: Feira Internacional de Negócios

ESPECIALIZAÇÃO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS | 34 Erro Negligência e Erro Médico - Alguns Pontos de Reflexão (SGP & Associados - Sandra Gomes Pinto)

LIFESTYLE | 38 FICHA TÉCNICA Direção e Edição: Sandra Arouca Colaboração: Rita Justino (Design) - Media XXI | Formalpress Periodicidade: Mensal Contactos: geral@liderancanofeminino.org redacao@liderancanofeminino.org Registada na ERC com o n.º 126978 Propriedade de Sandra Arouca Sede e Redação - R. Nova da Junqueira, 145 4405-768 V.N.Gaia Liderança no Feminino tem o compromisso de assegurar os princípios deontológicos e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. O conteúdo editorial da Revista Liderança no Feminino é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Todos os artigos são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da editora. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução total ou parcial de todos os artigos, sem prévia autorização da editora. Quaisquer erros ou omissões nos artigos, não são da responsabilidade da editora.

O que Vestir Depois dos 40? (Devemos Alterar o Nosso Guarda-Roupa Profissional)

VIAGENS | 42 Roma: Cidade Eterna (A Primeira Grande Metrópole da Humanidade)


LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

| JUNHO 2019

EDITORIAL Na edição de junho, trazemos-lhe como tema a Internacionalização, que se tornou uma das estratégias mais importantes para as empresas que pretendem potenciar o seu crescimento. Conheça as empresárias e empreeendedoras que se destacam e contribuiram substancialmente para o crescimento da economia nacional, as mulheres que decidiram arriscar num novo desafio profissional fora de Portugal e que estão na liderança. Marcámos presença no evento da FIN, organizado pela Associação de Jovens Empresários Portugal - China. A FIN é reconhecida a nível mundial pela excelência dos seus participantes, com a presença dos líderes empresariais dos mais relevantes a nível mundial e pelo networking que é criado, pela experiência e reconhecimento dos seus oradores, e pelas sinergias que são criadas entre todos os envolvidos. O empreendedorismo feminino foi um dos temas em destaque. A FIN 2019 encerrou com um jantar no Palácio da Bolsa, na noite de 7 de junho, altura em que foi distinguida a personalidade Luso-Chinesa do ano.

Sandra Arouca

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INTERNACIONALIZAÇÃO ELEMENTO DE SUCESSO NA LIDERANÇA



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PATRÍCIA DE CASTRO GONÇALVES, UM EXEMPLO DE SUCESSO NO FEMININO Fomos conhecer Patrícia de Castro Gonçalves, que divide o seu tempo entre Portugal e Angola. Tem um percurso profissional invejável e é reconhecida pelas mais distintas entidades de Angola e Portugal. Parar não é opção e pretende continuar a trilhar o seu caminho com base num acumular de conhecimentos e experiências.

O AMBIENTE É O TEMA QUE A ENVOLVE NAS MAIS DIVERSAS FRENTES. SER ENGENHEIRA DO AMBIENTE NÃO ERA, ATÉ HÁ BEM POUCO TEMPO, UMA DAS PROFISSÕES MAIS PROCURADAS PELO GÉNERO FEMININO. QUAIS OS MAIORES DESAFIOS QUE ENCONTROU DURANTE A SUA FORMAÇÃO E, TAMBÉM, DURANTE OS SEUS PRIMEIROS PASSOS NO MERCADO DE TRABALHO? A minha formação académica foi na Universidade de Aveiro, que na altura ainda era uma Universidade recente, em comparação com outras em Portugal. Este facto facilitou a minha integração. O 1.º ano era comum aos vários cursos, o que também permitiu fazer vários contactos, novos amigos e assim ultrapassar os desafios normais de quem sai pela primeira vez da casa dos pais.

da área de Ambiente. Actualmente, integro a Comissão Executiva do Grupo e sou responsável pela área de Negócio de Ambiente. Quando entrei tratava-se de um grupo empresarial formado por colaboradores do sexo masculino e o facto de ter ajudado a criar uma área de negócio de raiz foi entusiasmante. Esta área de negócio passou em pouco tempo a contribuir com uma forte presença feminina nos projetos do Grupo. Nos vários projetos que tenho participado, é um facto que tenho essencialmente lidado maioritariamente com interlocutores masculinos, no entanto posso também referir que me permitiu ganhar mais à vontade e autoconfiança para expressar opiniões.

Engenharia do Ambiente não era um curso que estava na moda, no entanto, quando entrei na Universidade, começava-se a falar que seria um curso com futuro. Não foi a minha primeira opção, contudo, assim que comecei a estudar as disciplinas desta área, ganhei motivação e hoje estou feliz por ter seguido este caminho.

ATUALMENTE ESTÁ NA LINHA DA FRENTE DO GRUPO MONTE, UM CONJUNTO DE EMPRESAS CUJO CENTRO DA CRIAÇÃO DE VALOR ESTÁ VOLTADO PARA O COLABORADOR E NÃO PARA O ACIONISTA. ATUANDO NUM TRIÂNGULO ENTRE PORTUGAL, BRASIL E ANGOLA, EM QUE MEDIDA(S) APOSTAM NOS VOSSOS COLABORADORES?

Em 2001 entrei como estagiária no Grupo Monte. O Grupo Monte era constituído por várias empresas e ingressei na empresa de consultadoria ambiental. A empresa era muito jovem e estava ainda na fase de arranque, pelo que foi um desafio interessante colaborar no desenvolvimento da estratégia, angariação de clientes e desenvolver uma equipa capaz de dar resposta aos desafios que nos eram colocados. O negócio foi evoluindo e, ao mesmo tempo, fui progredindo na minha carreira profissional. Em 2007 passei a ser a Directora Técnica-Comercial da empresa e, em 2008, sou convidada a integrar o Conselho de Administração. Entretanto, fruto de reorganizações no Grupo, em 2009 passei a fazer parte da Administração das empresas

Estar em cargos de gestão é desafiante e exige muito foco. Estou rodeada por uma equipa fantástica, o que também nos permite crescer ainda mais e fazer coisas espetaculares! O mundo empresarial é muito exigente e obriga-nos a estar atentos e em constante evolução. Não existem rotinas e é bom chegar ao final do dia e concluirmos que o dia foi produtivo, conseguimos avançar com os temas em curso e evoluir rumo aos objectivos que definimos. A forma de gerir as pessoas é o que faz a diferença. Há uma participação real dos colaboradores na estratégia da empresa.

GRUPO MONTE www.grupomonte.pt

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As empresas em que sou responsável são constituídas por elementos das mais variadas áreas de formação. São colaboradores que desenvolveram as suas competências nas respetivas áreas tornando-se especialistas, cujo capital intelectual tem um valor fundamental para a continuidade do negócio. É uma equipa multidisciplinar, numa perspectiva transversal e de complementaridade.

minhas atividades de forma profissional. A partir de determinada altura o meu trabalho começou a ser visto como importante e que acrescentava valor. Para chegar até aqui tive que estudar muito, preparar-me bem para as reuniões, fiz muito investimento pessoal em formação pós-laboral (atividade que mantenho), “saber estar” e não me sentir inferior aos homens!

Promovemos reuniões regulares de brainstorming em que um dos pontos de enfoque é precisamente o desenvolvimento de soluções inovadoras associadas a cada uma das áreas de negócio. Por outro lado, e como factor de motivação, promovemos anualmente um almoço de Natal com todos os colaboradores do Grupo e a celebração de dias temáticos (por ex: Dia Internacional da Mulher, aniversários de cada colaborador). Todos os anos é realizada a gestão de desempenho dos colaboradores de forma individual, avaliando o seu desempenho em matéria de alinhamento com os objetivos definidos em orçamento, bem como o carácter inovador do seu desempenho. Paralelamente, existe a possibilidade dos colaboradores fazerem sugestões de novas ideias que surjam de forma espontânea, alimentando uma bolsa de ideias que é avaliada anualmente pelas chefias que efectuam um estudo da sua viabilidade.

Um factor também importante para o nosso desenvolvimento é termos um espírito aventureiro, procurar constantemente novas oportunidades e fazermos parte da solução para os desafios que todos os dias surgem. Gosto de novos desafios, o contacto com várias realidades, sectores, países e culturas diferentes. Actualmente a minha actividade profissional divide-se muito entre Portugal e Angola. Trabalho com excelentes profissionais nos dois países e tenho muitos e bons amigos. Fascina-me ter a noção real que para além da vida profissional, na qual coloco à disposição as minhas competências, existe uma outra vertente humana e de profunda amizade que nos acompanha ao longo da vida. É confortante e bom saber que somos reconhecidos como profissionais e como pessoas, e em alguns casos sermos tratados quase como família.

Ao longo do ano são desenvolvidas atividades de partilha de conhecimento, quer numa perspectiva top-down, quer bottom-up. Um dos principais objetivos é, através da partilha de informação, fazer com que a comunicação seja eficaz e que promova a cultura da empresa e da equipa. Em termos hierárquicos existe uma grande flexibilidade, desde o colaborador indiferenciado até à equipa de Gestão, com uma relação profissional, mas de muita proximidade e simplicidade.

DURANTE O SEU PERCURSO E CRESCIMENTO PROFISSIONAL, CONSIDERA QUE SE ENCONTROU EM DESVANTAGEM OU QUE EM ALGUM MOMENTO OS OBSTÁCULOS E DESAFIOS ERAM DIFERENTES POR SER MULHER? Apesar do Grupo Empresarial ser maioritariamente constituído por homens, tive a sorte de trabalhar em empresas do Grupo onde me foi dada a oportunidade de progredir. O que entendo como terem sido as bases para poder crescer profissionalmente foi o facto de ser empenhada e desenvolver as

Patrícia de Castro Gonçalves Membro da Comissão Executiva do Grupo Monte; Responsável da Área de Negócio de Ambiente

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APESAR DE SEDIADO EM PORTUGAL, O GRUPO MONTE TEM TAMBÉM ATIVIDADE NO MERCADO DO BRASIL E ANGOLA. COMO É COMPETIR COM ESTES MERCADOS E, ENQUANTO DIRETORA EXECUTIVA, ESTAR A LIDERAR PROJETOS NESTES PAÍSES? QUAIS OS MAIORES DESAFIOS QUE TEM DE GERIR NO SEU DIA A DIA? Fruto da integração da empresa num Grupo empresarial, existe uma forte cultura enraizada para trabalhar no mercado internacional, nomeadamente nos mercados onde o Grupo actua, nomeadamente América latina, África e recentemente nos Emirados Árabes Unidos, através da partilha constante de experiências entre equipas, quer numa perspetiva de exportação de conhecimento e de experiência, quer numa perspetiva de integrar recursos humanos de outras culturas e embeber experiências sobre as especificidades de cada mercado, o que obriga a uma forte estimulação na aprendizagem e necessidade de inovar. Por este facto, é possível hoje exportar os produtos e serviços resultantes da nossa operação adequando as suas características às especificidades de cada país. Associado a este facto existe uma forte comunicação externa da organização, com a participação em feiras internacionais e conferências, bem como divulgação dos produtos produzidos. Do mesmo modo, são convidadas entidades estrangeiras para vir a Portugal visitar as nossas instalações e parceiros, por forma a evidenciar o que de melhor se faz em Portugal, e capitalizar todo o conhecimento desenvolvido. Adicionalmente, existe uma forte cultura de interajuda com os países onde operamos, através do recrutamento dos recursos estrangeiros/locais para execução de várias funções na empresa.

(...) “faço por executar uma atividade de proximidade, compromisso, reconhecimento e fazer com que os elementos das várias equipas se valorizem, cresçam profissionalmente e nos tornemos mais fortes enquanto equipa.“

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Em Portugal o grande desafio é conseguirmos ser criativos e inovadores para conseguirmos concorrer num mercado muito competitivo que é o dos resíduos. Para desenvolver o negócio, num mercado pequeno e fechado como Portugal, é preciso uma grande resiliência e perseverança. Em Angola a dificuldade é por vezes conseguir ter todos os recursos necessários para garantir o sucesso dos projectos, o que para garantir o mesmo é necessário ter um bom planeamento. O mais importante é manter as equipas motivadas e felizes com o trabalho que desempenham. Luto para que as pessoas sejam felizes no local de trabalho e, como consequência, maior produtividade e rentabilidade.

AVALIANDO A AMPLITUDE DE INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS INTEGRANTES DO GRUPO MONTE, ESPERA-SE UMA EQUIPA DE COLABORADORES SÓLIDA. QUE TIPO DE LIDERANÇA DESEMPENHA JUNTO DAS EQUIPAS COM QUEM LIDA DIARIAMENTE? QUE ASPETOS CONSIDERA SEREM IMPRESCINDÍVEIS TER PRESENTES NAS SUAS EQUIPAS PARA FAZER FUNCIONAR O GRUPO? As empresas são o resultado das pessoas e do trabalho em equipa. Devemos ter a capacidade de identificar o que motiva cada colaborador e tirar partido das melhores qualidades de cada um. Todos nós somos melhores numas coisas e menos bons noutras. Um líder, para além das questões estratégicas da empresa, deve ter esta capacidade e conseguir potenciar e desenvolver as competências de cada colaborador, inspirando, orientando, motivando cada um e assim atingir os objetivos da organização. Neste aspecto faço por executar uma atividade de proximidade, compromisso, reconhecimento e fazer com que os elementos das várias equipas se valorizem, cresçam profissionalmente e nos tornemos mais fortes enquanto equipa. Equipas valorizadas e reconhecidas rendem muito mais do que aquelas levadas na base do “açoite”. Valorizo o capital humano, não apenas como meio para a empresa atingir seus objetivos, mas também como a ponte entre aquilo que a empresa é hoje e o que desejamos que se torne no futuro. Como gestora de equipas é muito importante ter a noção que trabalhamos com pessoas, ou seja que existe um ser humano, por trás de cada colaborador.


Patrícia de Castro Gonçalves


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NUMA PERSPETIVA DE DESENVOLVER A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO GRUPO, FOI CRIADA A FUNDAÇÃO MONTE. QUAIS AS PRINCIPAIS ÁREAS DE INTERVENÇÃO DA VOSSA FUNDAÇÃO? A Fundação Monte tem como principais áreas de intervenção a promoção da educação, o fortalecimento da solidariedade social e o apoio a entidades públicas e de interesse público. Tenho participado em várias iniciativas de responsabilidade social no âmbito das empresas de que faço parte e fico sempre e cada vez mais sensibilizada em potenciar e apoiar estas causas e associações que todos os dias se preocupam em fazer felizes pessoas que, por razões de saúde ou outras limitações. estão privadas de usufruir do que o mundo nos proporciona. Este contacto também nos torna mais fortes nas empresas e nos faz pensar que por vezes podemos simplificar e contornar problemas que à partida poderiam parecer complexos. Foi com muito orgulho que recentemente aceitei o convite para integrar o Conselho de Administração da Fundação Monte, o que me vai permitir ter a possibilidade de promover e participar em acções sociais no âmbito do nosso Grupo empresarial, nos mercados onde estamos presentes.

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O GRUPO MONTE ABRAÇA VÁRIAS ÁREAS DE NEGÓCIO COMO O AMBIENTE, IMOBILIÁRIO, CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO & SERVIÇOS, TURISMO E GEOTECNIA. QUANTOS TRABALHADORES COMPLETAM A FAMÍLIA DO GRUPO MONTE? QUE ATIVIDADES DESENVOLVE O GRUPO PARA QUE TODOS TRABALHEM EM SINTONIA? A família do Grupo Monte é constituída por cerca de 400 colaboradores nas empresas com gestão directa em Portugal e Angola, e existem ainda outras empresas onde o Grupo tem participações, fazendo com que o número duplique. Numa perspectiva de alinhamento transversal, foi constituída uma Comissão Executiva que integra elementos das várias áreas de negócio, Holding e dos vários mercados, cujo objetivo é delinear estratégias, definir acções e apresentar novas oportunidades/projectos. Esta comissão reúne-se com uma periodicidade mensal. As equipas de gestão das empresas têm grande proximidade com todos os colaboradores. É frequente a gestão ter contacto directo com cada um dos colaboradores, de forma a criar empatia e transmitir a visão e objectivos definidos para cada empresa. Existem reuniões mensais da gestão com as Direções, e reuniões gerais periódicas com os colaboradores, de forma a efetuar um ponto de situação da empresa, incluindo resultados e perspetivas futuras.


“A Fundação Monte tem como principais áreas de intervenção a promoção da educação, o fortalecimento da solidariedade social e o apoio a entidades públicas e de interesse público.”

Considerando que se trata de um negócio abrangente, é importante motivar as equipas a atingir os resultados, assim como potenciar a mobilização colectiva em torno de um mesmo objetivo. Adicionalmente, e numa perspetiva de desenvolvimento futuro, são transmitidas as linhas estratégicas com vista a motivar os colaboradores a desenvolver atividades relacionadas com inovação e associadas ao negócio. Considerando que existem reuniões formais mensais de ponto de situação, existe uma constante passagem de informação top-down e bottom-up. Neste sentido, sempre que há entrada ou saída de colaboradores ou necessidade de ajustar o organigrama a novas realidades, a informação flui de forma natural com conhecimento e envolvimento de todos os colaboradores, através de processos de comunicação interna e reuniões formais de passagem de conhecimento. Derivado do processo de melhoria contínua, existem processos de reorganização interna com maior ou menor complexidade, os quais foram implementados sempre de forma tranquila e de acordo com os planos definidos e com vista à obtenção de resultados.

COMO RESPONSÁVEL DA ÁREA DE NEGÓCIO DESTINADA AO AMBIENTE, QUE PERSPETIVAS TEM FACE ÀS PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS QUE ESTAMOS A ENFRENTAR? O crescimento das cidades possui fortes agravantes ambientais, uma vez que o crescimento ocorre de forma rápida e desorganizada. Existem muitos fatores que comprometem o meio ambiente, como o aumento da produção de resíduos, águas residuais, a desflorestação, entre outros. A problemática sócio ambiental requer uma mudança de paradigma que tem de ter por base uma sustentabilidade racional alternativa aos grandes conflitos da sociedade moderna. Esses conflitos têm origem na difícil relação entre desenvolvimento económico e preservação ambiental.


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Tendo em conta os vários mercados onde actuamos, as problemáticas e as realidades são bem diferentes. Em Portugal as perspetivas são mais positivas, uma vez que considero que a componente inovação, investigação e desenvolvimento da área ambiental está bastante avançada, aliada ao facto da população já estar mais sensibilizada para as causas e problemáticas. A nível do negócio que represento, posso referir que estamos a dar passos muito importantes, nomeadamente com o desenvolvimento de novos projectos com investimentos avultados, que vão permitir inovar e adotar as melhores técnicas disponíveis na gestão global de resíduos e, em particular, nos resíduos orgânicos, produzindo produtos com elevado valor, inseridos na economia circular e contribuindo para a redução da pegada carbónica. À data estamos já a produzir correctivos orgânicos, com a marca Naturaduba, e o slogan “Não é mágico é orgânico”, que resultam do processo de compostagem de resíduos que têm como destino a deposição em aterro.

O QUE CONSIDERA SEREM AS ATITUDES E POSTURAS NECESSÁRIAS, NA SUA PERSPETIVA ENQUANTO ENGENHEIRA DO AMBIENTE, A MUDAR NAS EMPRESAS PARA ATENUAR ALGUMAS DESSAS PROBLEMÁTICAS?

No mercado de Angola as nossas áreas de atuação passam pela realização de trabalhos especializados em consultadoria ambiental, numa vertente mais estratégica e na gestão de resíduos urbanos. Face às problemáticas ambientais atuais deste país, considero que a base da pirâmide para a resolução destes problemas passa, numa primeira fase ,pela sensibilização, formação e capacitação técnica dos diversos intervenientes e, posteriormente, pela criação de mecanismos e modelos que se adeqúem à realidade do país, de modo a que estes venham a ser eficazes a médio e a longo prazo. À data já existe uma grande dinâmica no mercado com a instalação de novas indústrias, crescimento do setor agrícola, etc, existindo já exigências apertadas a nível ambiental e respetiva legislação, contudo carece ainda de uma componente de fiscalização mais apertada.

Muitos Industriais não têm noção do impacto da escassez dos recursos no planeta Terra e que, a médio prazo, algumas indústrias podem estar condenadas por falta de matéria-prima. Neste sentido, e na minha perspetiva, os gestores das empresas devem passar a ter um pensamento estratégico também baseado na gestão inteligente dos recursos.

O envolvimento e compromisso da gestão de topo das empresas é um factor essencial, e fazer com que passem a olhar para a componente ambiental não como um custo, mas sim como um proveito. Por exemplo, quando se fala em gestão ambiental, automaticamente os Gestores pensam em “gastar dinheiro” com as exigências ambientais, em detrimento de olharem para a economia da gestão dos recursos (poupança de água, energia, desperdício zero, etc). A componente ambiental nas empresas deve ser transversal a toda a organização, devendo garantir o envolvimento e participação de todos os colaboradores, para que estes estejam sensibilizados para as problemáticas ambientais existentes e façam parte integrante das soluções.

Para além dos indicadores e objetivos económicos, as empresas também devem passar a incluir na sua estratégia a componente de Gestão Ambiental, aplicando as melhores práticas e recomendações incluídas em vários normativos internacionais. O que à partida parece ser um custo, no final da avaliação os gestores chegam à conclusão que conseguirão reduzir custos, optimizar processos e aumentar a produtividade de alguns processos, melhoria da imagem institucional, acesso a financiamentos internacionais e implementação de processos inovadores no fabrico de produtos, tornando-os diferenciadores.

“A componente ambiental nas empresas deve ser transversal a toda a organização, devendo garantir o envolvimento e participação de todos os colaboradores” (...)

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SER DIRETORA EXECUTIVA DESTE GRANDE GRUPO IMPLICA UMA VIDA REPLETA DE VIAGENS E UMA GESTÃO DE TEMPO BEM GERIDA. COMO É CONCILIAR ESSE FACTO COM A SUA VIDA E GESTÃO PESSOAL? É um facto que hoje em dia é um desafio conseguir conciliar o trabalho e a vida pessoal de forma saudável. São necessárias medidas de autodisciplina e força de vontade. Na verdade, conciliar vida pessoal e profissional é um dos maiores desafios da sociedade atual. A minha atividade profissional divide-se maioritariamente entre Portugal e Angola e o equilíbrio familiar tem sido um pilar fulcral para a garantia do meu sucesso enquanto profissional. Termos estabilidade emocional é importante e permite tomarmos decisões mais assertivas na nossa vida pessoal e profissional. Considero que não existem vidas perfeitas, no entanto, se conseguirmos manter um equilíbrio podemos ser felizes. A tecnologia à nossa disposição também desempenha um papel importante na obtenção do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Apesar de se traduzir em mais tempo de trabalho no nosso horário pessoal, julgo que temos maior flexibilidade, o que é importante para o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Tento tirar o máximo partido de cada momento, quer enquanto estou em atividades profissionais, quer enquanto estou em atividades de lazer ou familiares. Sou uma pessoa que vivo intensamente os meus dias, seja no trabalho ou na família. Com a perda do meu pai aprendi que a vida é fugaz e não tem hora e momento para ter fim, pelo que não gosto de perder tempo com coisas que não me valorizam. Digo muitas vezes à família e à equipa que temos que estar sempre a acrescentar valor à nossa hora.

QUE CARACTERÍSTICAS CONSIDERA IMPRETERÍVEIS PARA DESEMPENHAR UM PAPEL DE LIDERANÇA, QUER EM EQUIPAS, QUER DE EMPRESAS? Tudo o que faço é com amor e o meu lema é “vencer”. Considero que a paixão com que desempenhamos as nossas atividades, a capacidade de manter as pessoas unidas e motivadas, a capacidade de adaptação e o relacionamento são características importantes. Ao contribuirmos para o desenvolvimento das pessoas, sentimos que se sentem envolvidas, reconhecem o seu valor, acreditam em

si mesmas e sentem a importância do seu trabalho na organização. Estou convicta que assim conseguimos manter a sua motivação para continuarem a trabalhar de forma mais produtiva e ajudar a empresa a atingir os seus objetivos. Como referi anteriormente, ter a noção que um colaborador também é um ser humano ajuda-nos a construir um projeto em conjunto que por vezes extravasa a vida profissional e criam-se laços de amizade que perduram. Os amigos, uns mais próximos que outros, são também um ponto-chave para a nossa felicidade enquanto pessoas. Outro ponto-chave para uma boa liderança é saber dar o exemplo em várias vertentes. Saber tomar decisões corajosas e assertivas, ser gerador de novas ideias, assumir responsabilidades, ajudar a resolver temas complexos e ter atitudes que estimulem a equipa. Tenho presente a humildade como uma característica que faz parte de mim e isto também pode explicar a capacidade que tenho na boa relação com as pessoas em geral, quer sejam colaboradores, parceiros ou clientes

ALÉM DE PROFISSIONAL, SER MULHER É UMA CARACTERÍSTICA QUE LHE É INTRÍNSECA. COMO VÊ O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE PORTUGUESA? COMO E PELO QUE SE DESTACAM HOJE AS MULHERES? Sou feliz como mulher e sou uma impulsionadora para que as mulheres se destaquem nas mais variadas áreas de atividade. Temos características que nos podem diferenciar na gestão das equipas e empresas. No entanto, também defendo que a nossa meritocracia deve estar associada a um bom desempenho das atividades ou desafios a que somos confrontadas. Em Portugal, felizmente, já vemos muitas mulheres em lugares de destaque, as quais só assumem essas funções porque são reconhecidas, de forma justa, as suas competências e capacidade de trabalho. Considero que a mulher Portuguesa tem vindo a ganhar o seu espaço na sociedade, evidenciando a sua capacidade de criar valor e como alguém que merece reconhecimento. A orientação às pessoas e a capacidade de agir em várias direções são fatores que na minha perspetiva fazem destacar as mulheres, o que poderá ser uma vantagem no momento de enfrentar crises e tomar decisões.

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COMUNICATORIUM - INOVAR PARA COMUNICAR “Pertencer a uma minoria de mulheres em cargos de topo foi dos processos que mais me enriqueceu enquanto mulher e enquanto pessoa”, quem o afirma é Vera Norte, Founder & Managing Partner do Comunicatorium, que nos deu a conhecer um pouco mais da marca e do papel das mulheres no universo empresarial.

A ATUAR EM PORTUGAL DESDE 2014, O COMUNICATORIUM É UMA PLATAFORMA TECNOLÓGIA, ÚNICA EM PORTUGAL. COMO SURGIU A PLATAFORMA? O Comunicatorium nasceu com o propósito que espelha a experiência e a inovação que quisemos trazer para o espaço da Comunicação organizacional em Portugal . Acreditamos que uma comunicação estratégica e eficaz contribui para o sucesso das organizações. Foi por isso que, com a experiência que possuímos, construímos uma metodologia inovadora que permite às empresas realizar um diagnóstico da comunicação em todas as suas vertentes, assente em dados quantitativos. Baseado num modelo customizado à realidade de cada cliente, a metodologia conduz à identificação das linhas orientadoras da estratégia de comunicação e do Plano de Comunicação Integrado complementado por indicadores de performance (KPI´s) que permitem a medição do nível de eficácia das iniciativas implementadas. Esta metodologia está também disponível na Plataforma Digital desenvolvida em parceria com a Universidade de Aveiro .

EM QUALQUER ORGANIZAÇÃO A COMUNICAÇÃO DESEMPENHA UM PAPEL FULCRAL. NA SUA OPINIÃO, AS EMPRESAS PORTUGUESAS TÊM ADOTADO UMA POLÍTICA SÉRIA DE DESENVOLVIMENTO APOSTANDO NUMA FORMA ASSERTIVA DE COMUNICAR? Cada vez mais sentimos por parte das responsáveis empresarias a importância que dão à comunicação, quer nos aspetos mais relacionados com a promoção dos seus produtos e serviços, quer com aspetos relacionados com a comunicação da organização e o seu impacto nas pessoas.

“É preciso compreender a cultura organizativa e propor um conjunto de ações que estejam alinhadas com a estratégia do negócio e as expectativas das pessoas.”

Estamos presentes em setores tão distintos como a Economia Social, o Ambiente, a Saúde, os Transportes, e onde a comunicação é uma preocupação cada vez maior. Na era do digital, cada vez mais empresários têm facilitado o contacto com os seus públicos. No entanto, é preciso fazê-lo com um propósito, com mensagens-chave e comunicar de forma transparente e assertiva. As empresas precisam definir a sua estratégia de comunicação alinhada com o seu negócio e ser capazes de medir resultados .

COMO É QUE A VOSSA TECNOLOGIA CONTRIBUI PARA O SUCESSO DE UMA EMPRESA? Atualmente, o digital é essencial para o desenvolvimento das empresas. A comunicação é, na nossa opinião, a peça fundamental no apoio a estes processos de mudança nas organizações. É preciso compreender a cultura organizativa e propor um conjunto de ações que estejam alinhadas com a estratégia do negócio e as expectativas das pessoas. Não temos um catálogo de ofertas mas sim, uma solução que é construída e adequada à realidade específica de cada organização . A Metodologia Comunicatorium permite-nos esta abordagem.

COMUNICATORIUM www.comunicatorium.com

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A FORMA DE PENSAR E DE OBSERVAR É DIFERENTE NUM HOMEM E NUMA MULHER. NA SUA OPINIÃO, O QUE DISTINGUE UMA LIDERANÇA NO FEMININO DE UMA LIDERANÇA NO MASCULINO? QUAIS SÃO AS MAIS-VALIAS DE TER UMA EQUIPA TÃO DIFERENCIADA, COM HOMENS E MULHERES COM CARACTERÍSTICAS TÃO DISTINTAS? Sinceramente e independentemente do sexo, há lideranças “boas“ e lideranças “más”. “Boas” porque conseguem fazer pessoas felizes a atingir os melhores resultados, ”Más“ quando fazem pessoas infelizes e desmotivadas a tentar, sem atingirem, os resultados esperados . Acredito que temos, enquanto seres humanos, características diferentes, acredito na importância da diversidade. Um bom líder percebe o que ganha com esta diversidade. Infelizmente a maioria dos líderes que conheço prefere rodear-se de “ iguais a si “. Quanto às características fundamentais a uma boa liderança, não se encontram exclusivamente num determinado sexo, raça, etnia, nacionalidade, credo... Mas sou uma optimista. Acredito muito nas novas gerações !

SER MULHER, EM ALGUM MOMENTO DA SUA CARREIRA, FOI UM IMPEDITIVO OU COLOCOU ALGUM TIPO DE ENTRAVE À REALIZAÇÃO DE UM OBJETIVO? EM QUE MEDIDA? Não. Na verdade ser mulher não me impediu nunca de lutar sempre pelos meus objetivos, antes pelo contrário, diria. Ainda tive de ultrapassar alguns obstáculos que, acredito, as mulheres de hoje e do futuro não terão. Pertencer a uma minoria de mulheres em cargos de topo foi dos processos que mais me enriqueceu enquanto mulher e enquanto pessoa .

PARA O FUTURO, QUE PROJETOS QUER VER CONCRETIZADOS NO SEIO DA COMUNICATORIUM? QUAIS OS OBJETIVOS DELINEADOS EM TERMOS DE ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO DESTA EMPRESA? Continuamos apostados numa estratégia de crescimento no mercado nacional. Estamos focados no desenvolvimento de soluções eficazes capazes de responder aos desafios atuais das empresas em matéria de comunicação organizacional.

Temos uma oferta de serviços inovadora e customizada assente na metodologia “Client oriented“ . A área do desenvolvimento de competências de comunicação para liderança é uma das mais recetivas e que mais tem crescido, pelo que o nosso investimento nesta área vai continuar. A comunicação interna é outra das áreas que queremos continuar a desenvolver . Há aqui muito espaço de intervenção. Na verdade, passada a época da crise, das restruturações que a maior parte das empresas se viu forçada a implementar, sentimos que agora a comunicação interna voltou a ser uma das prioridades das empresas, já que é através da comunicação interna que sensibilizamos, informamos e ganhamos o envolvimento dos colaboradores. O Comunicatorium está no mercado há 5 anos. Pretendemos ser uma das top 10 empresas de comunicação empresarial nos próximos 5 anos.

Vera Norte, Managing Partner


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NA LIDERANÇA DAS SOLUÇÕES DIGITAIS “A liderança está muito relacionada com as soft skills, a capacidade de gestão de pessoas e de inteligência emocional, e temos muito bons exemplos internamente, seja no feminino, seja no masculino!” Quem o afirma é Maria Inês Domingues, Diretora de Recursos Humanos da ITSector, empresa líder no desenvolvimento de software especializado para instituições financeiras.

CRIADA EM 2005, A ITSECTOR É UMA EMPRESA LÍDER NO DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE ESPECIALIZADO PARA INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS EM PORTUGAL E EM MAIS DE 20 PAÍSES. O QUE PERMITIU QUE ESTES QUASE 15 ANOS FOSSEM MARCADAS PELO SUCESSO E LIDERANÇA EM QUE SE ENCONTRAM? Sou muito suspeita para responder a esta questão, mas aquilo que considero que nos distingue no mercado e que nos tem permitido apresentar a curva de crescimento e solidez a que assistimos, é a nossa competência, profissionalismo, conhecimento da área financeira e um ADN e uma cultura organizacional muito próprios e genuínos. O caráter das nossas equipas e dos nossos profissionais, e o compromisso que temos para com a empresa e clientes faz toda a diferença.

Maria Inês Domingues

Diretora de Recursos Humanos

A ITSECTOR ASSUME COMO OBJETIVO PRINCIPAL A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DO SETOR FINANCEIRO. QUAL É A PROPOSTA DE VALOR APRESENTADA PELO ITSECTOR? O QUE MUDOU DESDE A VOSSA ENTRADA NO MERCADO? O nosso objetivo sempre foi apoiar a evolução tecnológica e a transformação digital nos bancos, a par do que já assistimos na sociedade em várias áreas e que cada vez mais é global. Obviamente, o nosso portfólio de clientes e de projetos e os anos de trabalho fizeram-nos adquirir um know-how de negócio que é fundamental para podermos ser verdadeiros parceiros das instituições financeiras, na otimização de processos bancários e outros (aberturas de conta, pedidos de crédito, agregação PSD2, plataformas omnicanal, Apps , entre outras soluções).

ATUALMENTE É POSSÍVEL ENCONTRAR NA ITSECTOR UM PARCEIRO PARA DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO DE SOLUÇÕES BANCÁRIAS INOVADORAS. QUE BALANÇO É POSSÍVEL FAZER DA VOSSA ÁREA DE ATUAÇÃO? O balanço é extremamente positivo, mas também acarreta imensa responsabilidade e pressão - da qual gostamos -, que faz com que as nossas equipas trabalhem sempre mais e melhor... Muita investigação, muito esforço, muita paciência! Mas é com muito orgulho a que assistimos depois ao impacto do que desenvolvemos na nossa sociedade.

IT SECTOR www.itsector.pt


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ITSector Porto

HOJE EM DIA MUITO SE DEBATE O TEMA “LIDERANÇA EMPRESARIALâ€?, DIVIDIDA POR GÉNEROS. NUMA EMPRESA ONDE A PRESENÇA DE HOMENS É MUITO SUPERIOR AO DE MULHERES É FĂ CIL ENCONTRAR PONTOS DE CONCĂ“RDIA? A FORMA DE TRABALHAR DE UMA MULHER É INEVITAVELMENTE DIFERENTE DA METODOLOGIA DE UM HOMEM? A personalidade e metodologias de trabalho de cada um sĂŁo resultado de um conjunto de caracterĂ­sticas inatas, do meio em que as pessoas se desenvolvem e das experiĂŞncias que tĂŞm em todas as esferas da nossa vida, independentemente do gĂŠnero. Obviamente, estĂĄ provado cientificamente que existem de facto caracterĂ­sticas que sĂŁo mais frequentes em indivĂ­duos do sexo feminino e outras do sexo masculino. Acho que, na generalidade, ĂŠ na diferença que nasce a riqueza, pois exige discussĂŁo, reflexĂŁo e adaptação; logo, aprendizagem e evolução. O importante ĂŠ ter um meio profissional em que o ambiente seja saudĂĄvel e livre, para que possam ser discutidas de forma aberta e assertiva as opiniĂľes de cada um, para chegarmos Ă s melhores soluçþes. Procurar consensos e sermos imparciais, com boa disposição e alegria ĂŠ muito importante na liderança, acrescentando ainda uma palavra que estĂĄ na moda hĂĄ alguns anos, a resiliĂŞncia.đ&#x;˜Š A liderança estĂĄ muito relacionada com as soft skills, a capacidade de gestĂŁo de pessoas e de inteligĂŞncia emocional e temos muito bons exemplos internamente, seja no feminino, seja no masculino!

A ITSECTOR TEM PROMOVIDO, DE FORMA CONTINUADA, MEDIDAS QUE VISAM MANTER UM EQUILĂ?BRIO SAUDĂ VEL ENTRE O TRABALHO, A VIDA E O BEM-ESTAR PESSOAL DOS SEUS FUNCIONĂ RIOS. A ITSECTOR OFERECE A CADA FUNCIONĂ RIO UM VALE NO VALOR DE 500â‚Ź POR CADA FILHO. MARIA INĂŠS DOMINGUES, RESPONSĂ VEL DE RECURSOS HUMANOS DA ITSECTOR, EXPLICA QUE “ESTA INICIATIVA É SIMPLESMENTE O REFLEXO DA NOSSA IDENTIDADE. SOMOS UMA GRANDE EMPRESA, QUE AINDA VALORIZA O PORMENOR, A PROXIMIDADE, A ATENĂ‡ĂƒO E A FAMĂ?LIAâ€?. É ESTE O SEGREDO DE UMA EMPRESA DE SUCESSO? Sim. Acho que mesmo com 500 funcionĂĄrios, conseguirmos manter o ambiente que temos, ĂŠ um dos segredos do negĂłcio. Somos uma empresa flexĂ­vel, compreensiva Ă s necessidades dos colaboradores, mas tambĂŠm exigente para com os mesmos, respeitando a curva de aprendizagem de cada pessoa, dando as oportunidades de crescimento e evolução de carreira internamente, e sempre dispostos a ouvir e a aprender com o outro, independentemente da idade, do gĂŠnero e dos anos de experiĂŞncia na ĂĄrea. E ĂŠ essa humildade, compreensĂŁo mas tambĂŠm exigĂŞncia, que nos ĂŠ transmitida pelos nossos responsĂĄveis diretos e administradores, que tentamos difundir e evangelizar a toda a empresa, de uma forma transversal e regular e que nos esforçamos muito por manter, seja com a dimensĂŁo atual ou com a dimensĂŁo que sabemos que iremos atingir a curto mĂŠdio prazo.

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QUE FUTURO TÊM PREPARADO PARA ITSECTOR? A EXPANSÃO INTERNACIONAL E A APOSTA EM NOVOS PRODUTOS DA TECNOLOGIA ITSECTOR PASSARÁ PELOS PLANOS VINDOUROS DA MARCA? A ITSector pretende crescer de forma sustentada e sólida, com a clara noção de responsabilidade de quem tem 500 funcionários e, como tal, 500 famílias connosco! Queremos cada vez mais abranger o mercado internacional na área financeira, pois temos muito valor a acrescentar, seja em termos funcionais e de negócio, seja em termos tecnológicos. Somos ainda uma empresa com o perfil claro de empreendedorismo, como não podia deixar de ser, assim, estamos sempre atentos a novas oportunidades de negócio e de crescimento, o que faz com que nos últimos anos, lançássemos empresas como a ebankIT (empresa especializada em plataforma omnicanal na área financeira), a ITSCREDIT (empresa especializada em soluções de crédito) e a SecuritySide (empresa especializada na área de cibersegurança).

“A ITSector pretende crescer de forma sustentada e sólida, com a clara noção de responsabilidade de quem tem 500 funcionários, e como tal 500 famílias connosco!“

ITSector Aveiro

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SPI: INOVAÇÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E TERRITÓRIO A SPI acredita, desde a sua criação, na importância da inovação em sociedades globais, dinâmicas e em transformação, mantendo um conhecimento permanentemente atualizado sobre aspetos relevantes nos ecossistemas da inovação e aplicando esse conhecimento em diferentes atividades e serviços, que estimulam a inovação nas suas mais diversas formas.

É possível afirmar que a conjugação de competências em Inovação, Ciência e Tecnologia e Território, sempre vistas numa perspetiva internacional, constitui uma inequívoca mais-valia, dada a abrangência que possibilita em termos das intervenções da empresa.


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SPI: A CONSULTORA GLOBAL A liderança eficaz exige capacidade para gerir sentimentos agitados e, ao mesmo tempo, permitir a plena expressão das emoções positivas. A PRESENCA DA SPI A NÍVEL INTERNACIONAL PERMITE A CRIAÇÃO DE PARCERIAS ESTRATÉGICAS. QUAIS OS MAIORES DESAFIOS? A Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) é uma empresa de consultadoria privada, criada em 1996, com um profundo conhecimento dos setores público e privado, assim como dos processos que permitem aos seus clientes, nacionais e internacionais, fomentar a inovação, ser competitivos e gerar crescimento. Desde o início da nossa atividade que nos assumimos como uma empresa internacional, com a abertura de escritórios nos EUA e na China em 1999. Apostamos continuadamente na criação de parcerias estratégicas e sinergias, fundamentais para realizar os mais variados projetos em diferentes partes do mundo. O posicionamento enquanto facilitador da inovação e perspetiva dinâmica que a SPI assume permite-lhe intervir a nível global, reforçando a rede de contactos e criando valor organizacional. Com interesses a nível mundial, continuamos a expandir e a diversificar a nossa presença internacional. Esta atuação em diversos mercados é potenciada pelo facto de termos mais de 80 colaboradores de mais de 10 nacionalidades diferentes, e pelos nossos escritórios e empresas em Portugal (Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Açores), na China (Pequim e Macau), EUA (Washington D.C. e Califórnia), Espanha (Santiago de Compostela) e uma representação permanente em Bruxelas, através de uma parceria com a European Business and Innovation Centre Network (EBN).

“A internacionalização assume, assim, um papel relevante na criação de parcerias estratégicas.”

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A internacionalização assume, assim, um papel relevante na criação de parcerias estratégicas, uma vez que oferece a possibilidade de desenvolver ou explorar um maior número de oportunidades de inovação. Os principais desafios centram-se na adequação destas parcerias estratégicas, isto é, a procura e o contacto com organizações potencialmente relevantes para as atividades desenvolvidas pela SPI. A SPI, desde a sua criação, percebeu a importância da promoção do conhecimento científico e tecnológico, apostando no estabelecimento de parcerias internacionais com instituições inovadoras de referência nestas áreas. Com este ponto de partida, o processo de internacionalização da SPI iniciou-se com celeridade, tendo começado, desde logo, a coordenar e dar apoio em projetos na Europa, África, América do Norte, América do Sul e Ásia (principalmente na China e Sudeste Asiático), financiados por diferentes instituições, nomeadamente a Comissão Europeia, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Sara Medina - Administradora


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CURRÍCULO Sara Medina é Administradora da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) e da SPI Ventures.

Neste momento, a SPI tem um elevado envolvimento em projetos para organizações internacionais, impulsionado pelo seu reconhecimento como um importante catalisador de ligações entre agentes económicos, públicos e privados e pela procura ativa de colaborações a nível internacional. A SPI tem uma vasta experiência em projetos financiados pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, com mais de 30 projetos aprovados em temas bastante diversificados. Um dos casos mais recentes é a criação de uma rede de Centros de Excelência para a Investigação e Inovação, os Centros ENRICH – European Network of Research and Innovation Centres and Hubs, que visa prestar apoio e serviços relacionados com ciência, tecnologia e inovação para empresas, empreendedores e investigadores europeus que tencionem entrar nos mercados chinês, brasileiro e americano. Um exemplo de projeto que comprova a experiência da SPI no Sudeste Asiático é o Southeast Asia IPR SME Helpesk, que tem como objetivo apoiar PMEs europeias na proteção e fomentação dos direitos de Propriedade Intelectual (PI), através da disponibilização de informação e serviços de apoio. Relativamente à experiência da SPI no Brasil, de salientar o desenvolvimento de um estudo de viabilidade e plano e negócios para a região do Rio Grande do Norte, com vista à implementação de um parque tecnológico.

SPI SOCIEDADE PORTUGUESA DE INOVAÇÃO

Licenciada em Engenharia Alimentar pela Escola Superior de Biotecnologia em 1995. Tornou-se, em 1997, mestre em Estudos Alimentares “European Masters Degree in Food Studies” num programa organizado conjuntamente por cinco Universidades Europeias, doutorou-se (Ph.D.) em Economia Agro-Alimentar pela Universidade da Florida (Estados Unidos da América) em 2000. Frequentou cursos de liderança e Inovação nas Universidades de Harvard e Wharton. Em novembro de 2013, frequentou o Asia International Executive Programme no INSEAD, em Singapura e em maio de 2017 frequentou o Managing Global Virtual Teams Programme no INSEAD, em Paris. Iniciou a sua carreira profissional em 2001 na consultora Accenture em Portugal, tendo aconselhado clientes de vários sectores de atividade. Em 2003 integrou a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI – www.spi.pt/). É, desde 2007, administradora da SPI, contribuindo para a gestão da SPI a nível global. Coordenou projetos para clientes internacionais do setor público e privado, incluindo projetos de gestão de inovação, transferência de tecnologia, I&D, internacionalização, estudos de mercado, entre outros. Coordenou também projetos financiados pela Comissão Europeia (CE), Banco Mundial e Banco Interamericano. Convidada como perita pelo EU SME Centre na China para realizar uma série de seminários sobre a China para representantes de PME na Letónia, Itália, Espanha, Portugal e França. Foi especialista e membro do comité internacional da “International Technology Transfer Network (ITTN)” na promoção de transferência de tecnologia e cooperação com a China. Foi membro convidado do Access to Risk Finance Advisory Group, nomeado pela Comissão Europeia e avaliadora no programa “SME Instrument”, Horizon 2020.5.

www.spi.pt

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COMO FACILITADOR DE INOVAÇÃO, COMO VÊ O POTENCIAL DAS EMPRESAS PORTUGUESAS?

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O investimento na inovação é crucial e pode efetivamente representar um ponto de viragem na conjuntura económica atual. É essencial que as empresas portuguesas percebam a necessidade de criarem sistemas de inovação internos que lhes permitam desenvolver novos processos e métodos de produção, alargar a gama de produtos e serviços, implementar metodologias que facilitem a identificação de novas oportunidades de negócios, em diferentes mercados. As empresas portuguesas apresentam um elevado nível de dinamismo em áreas como a saúde, alimentação, agricultura, biotecnologia, tecnologias de informação e comunicação, nano ciência, nanotecnologias, energia, ambiente, transportes, aeronáutica, ciências socioeconómicas, espaço e segurança. Otimizar o seu potencial de inovação deve ser uma prioridade na estratégia das organizações portuguesas.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA GESTÃO DOS NEGÓCIOS?

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Tendo que gerir uma equipa com vários colaboradores estrangeiros (Ásia, América do Norte, América Latina e Europa,), com vários backgrounds, obriga a uma constante adaptação em termos de personalidades e métodos de trabalho, sempre alinhando os objetivos pessoais com os da empresa, de forma a otimizar o trabalho e os resultados. Nenhum profissional é capaz de gerir as emoções dos outros se não for capaz de gerir as suas próprias emoções.

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“Tendo que gerir uma Revista Liderança no Feminino

equipa com vários colaboradores estrangeiros, com vários backgrounds, obriga a uma constante adaptação em termos de personalidades e métodos de trabalho (...)”

ESTAMOS JUNTAS NA LIDERANÇA!


POR UMA SOCIEDADE MAIS IGUAL POR UMA SOCIEDADE DE OPORTUNIDADES we-association.org geral@we-association.org socios@we-association.org

UMA ASSOCIAÇÃO PARA TODOS, NUMA SOCIEDADE SEM GÉNERO


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INTERNACIONALIZAÇÃO E DETERMINAÇÃO SÃO ELEMENTOS DE SUCESSO NA LIDERANÇA “Ter a possibilidade de regressar às minhas origens com um projeto diferenciador motivava-me, pois sabia que de alguma forma iria contribuir para o desenvolvimento da nação mais jovem do mundo”, afirma Berta Montalvão, fundadora da FORSAE, em entrevista à Revista Liderança no Feminino.

PORQUÊ UMA CARREIRA INTERNACIONAL? Desde cedo ambicionei ter uma carreira internacional. À medida que fui crescendo, este sonho foi ganhando contornos de realidade, e quanto mais viajava mais vontade tinha de arriscar e sair de Portugal. Sempre que ponderava sobre esta possibilidade, imaginava-me a viver numa cidade como Londres ou Nova Iorque. Adorava a ideia de poder estudar e trabalhar em grandes cidades e empresas de topo. No fundo, a minha vontade de viver fora sempre esteve relacionada com a possibilidade de aprender mais e em outros contextos, diferentes daqueles que já conhecia.

O QUE MOTIVOU UMA RECÉM-LICENCIADA, DE 24 ANOS DE IDADE, ACEITAR O DESAFIO DE IR TRABALHAR PARA ANGOLA? Após concluir a minha licenciatura em Lisboa, tive a oportunidade de abraçar um desafio profissional em Luanda. Apesar de nunca ter ponderado sobre a ideia de viver em África, desde logo soube que este seria o caminho que deveria seguir para alcançar o meu objetivo. Havia a necessidade de reforçar a equipa em Luanda e eu tinha sido a pessoa escolhida. O projeto em si era bastante exigente, desafiante e com visibilidade em Angola. Isso atraiu-me desde o primeiro momento. Senti que era um enorme voto de confiança que me estava a ser dado, e por isso, não fazia sentido recusar esta oportunidade. Sabia também que este desafio poderia ser um “trampolim” para a minha carreira, uma vez que ia ter uma função de maior complexidade e responsabilidade. Em Portugal estava a trabalhar na área da Formação e este convite dava-me a possibilidade de diversificar a minha experiência e ingressar na Consultoria de Recursos Humanos, área em que quis sempre trabalhar. Sabia perfeitamente que levaria anos para ter uma oportunidade destas em Portugal, uma vez que ainda estava a ocupar uma função Júnior. Sempre fui aventureira e, por isso, Angola fazia todo o sentido. Sem dúvida que foi uma das melhores decisões da minha vida.

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A ÁREA DA CONSULTORIA ESTEVE SEMPRE PRESENTE NO SEU PERCURSO PROFISSIONAL. QUAIS OS SETORES EM QUE SENTIU MAIOR DESAFIO? Esta minha relação com a consultoria vem desde o tempo da universidade e por influência de alguns professores, mas foi em Angola que dei os primeiros passos. Tive a sorte de trabalhar com uma equipa que me apoiou e ensinou desde o primeiro momento. Dos 13 anos que vivi em Luanda, 10 foram dedicados à Consultoria de Gestão de Recursos Humanos, em ambiente multinacional. Após de uma década a trabalhar neste ramo achei que estava na hora de ter uma experiência fora da consultoria e aceitei o desafio de iniciar um projeto de raiz. Assim, durante 3 anos assumi a liderança de uma Direção de Recursos Humanos e a posição de Executive Board Member numa empresa de retalho com 1.500 trabalhadores. Trabalhar na área da Consultoria num momento de pós-guerra foi de facto um privilégio, uma vez que tive a oportunidade para contribuir para a reconstrução do país. Estando a viver num país em que tudo estava por fazer, as oportunidades de trabalho eram imensas, e acabei por me dedicar e estar mais ligada ao setor petrolífero, financeiro, transportes, telecomunicações e construção. Existia um grande défice de recursos qualificados, pelo que a formação dos quadros Angolanos e o suporte à gestão de topo das empresas Angolanas era uma necessidade constante e real. De todas as minhas experiências, o setor petrolífero foi o que revelou ser mais complexo e exigente, pelo que considero ser este o meu maior desafio setorial. Trabalhar no setor petrolífero obrigou-me a aprender tudo sobre o negócio de A a Z. Lia imenso sobre o setor dos petróleos para perceber toda a cadeia de valor, desde o processo de prospeção até à produção, para além de assimilar os conceitos técnicos. Tive a possibilidade de trabalhar com grandes operadoras como a BP, a Total, a Eni, a Chevron e a Sonangol. De entre os vários projetos que


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“Trabalhar na área da consultoria num momento de pós-guerra foi de facto um privilégio uma vez que tive a oportunidade para contribuir para a reconstrução do país.”

FORSAE www.forsae.org

Berta Montalvão - Senior Partner realizei para estas empresas, recordo-me, por exemplo, do meu primeiro processo de recrutamento em volume que desenvolvi para a BP e que me obrigou a viajar por 10 províncias de Angola durante 2 meses, pois foram milhares as candidaturas recebidas. Recordo-me também do desafio que foi implementar de raiz um processo de recrutamento de 1000 trabalhadores para a maior fábrica de LNG, em África, numa zona remota do país, com condições muito limitadas e precárias. Outra experiência que o setor petrolífero me proporcionou foi trabalhar numa plataforma petrolífera (offshore) e numa base petrolífera (onshore). O setor petrolífero foi também o mais exigente com o qual trabalhei enquanto Consultora. Não podemos esquecer que para trabalhar neste setor, para além do conhecimento técnico, é preciso estar a par de todas as regras de segurança inerentes ao negócio. Até neste campo tive de aprender muitas regras e procedimentos para poder realizar projetos aos clientes. O mundo dos petróleos é, de facto, uma realidade muito específica e singular. Um outro setor com o qual trabalhei e também foi um grande desafio, foi o setor do retalho alimentar e não alimentar. Ter a oportunidade de participar na criação de uma empresa de raiz é um momento único na vida de qualquer profissional. Aprendemos imenso, sobre tudo e sobre todas as áreas da empresa, pois está tudo por fazer. Independentemente do cargo que ocupamos só há uma forma de estar, que

é hands-on e, por esse motivo, numa fase inicial, encarei este desafio também como uma “consultoria”. Poder acompanhar todas as etapas do desenho, desenvolvimento e crescimento de uma empresa é muito desafiante, e ficamos com uma visão global de todo o negócio e áreas envolvidas. Naturalmente que o momento mais especial que recordo desta experiência é o dia 11 de Maio de 2016, data em que abrimos a primeira loja Candando. Foi muito gratificante e um orgulho imenso vermos o resultado de um trabalho conjunto que levou 11 meses a ser construído e que contou com a dedicação de uma equipa multidisciplinar.

ATENDENDO AO FACTO DE QUE VIVEU MAIS DE UMA DÉCADA EM ANGOLA, ALGUMA VEZ TEVE VONTADE DE REGRESSAR A PORTUGAL? Sim, tive por diversas vezes a vontade de sair de Angola. Apesar de adorar viver em Angola, por vezes sentia a limitação de viver num país em situação de pós-guerra, com inúmeras carências, limitado e que estava a ser totalmente reconstruído. Vivi em Luanda os melhores momentos da minha vida, mas ao fim de alguns anos percebi que estava a hipotecar o meu desenvolvimento e que estava a estagnar. Queria sair de Luanda, mas não coloquei a hipótese de regressar a Portugal. Achava que ainda não era tempo, e Portugal não era o que precisava naquele momento para acelerar o meu conhecimento. Por isso, em 2010, e ao fim

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Evento de Lançamento da FORSAE em Dili 25 de Outubro de 2018

Chegada ao evento do Prémio Nobel da Paz e Ex-Presidente da República, Dr. José Ramos-Horta.

Berta Montalvão e o Assessor do Presidente da República de Timor-Leste, Dr. Gregório de Sousa.

Berta Montalvão acompanhada pelos Dirigentes do BNU - Grupo Caixa Geral de Depósitos, Paulo Lopes e Carolina Letra.

Berta Montalvão acompanhada por amigos e clientes: Pedro Vaz, Marco Sousa, Sherly Lay Rade, Zenilda Gusmão, Jacinta Bernardo e Francisco Alegria.

Berta Montalvão acompanhada pelo Assessor do Presidente da República de Timor-Leste, Dr. Harold Moucho, e o Embaixador da Delegação da União Europeia em Timor-Leste, Dr. Alexandre Leitão.

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Convidados à chegada do cocktail: Ex-Primeiro Ministro de Timor-Leste e Ex-Ministro da Saúde de Timor-Leste, Dr. Rui Araújo, e o Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente, Dr. Carlos Beja.


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de 5 anos a viver em Angola, tive a necessidade de voar para outras paragens. Adorava o país e o meu trabalho, mas precisava de conhecer outras realidades e rumei à Austrália, para estudar. Apesar de ter vivido em Sydney apenas 4 meses, esta experiência revelou-se muito importante, pois deu-me a oportunidade para viver novamente num país de “primeiro mundo”. Foi de facto uma lufada de ar fresco e deu-me a energia necessária para continuar a minha caminhada por Angola por mais alguns anos. Em Maio de 2018 e ao fim de 13 anos a viver em África, tomei a decisão de sair definitivamente de Angola e regressei a Portugal. Foi um fechar de ciclo, onde deixei para trás muito bons momentos, amigos, aprendizagens, experiências e desafios. Depois de vários anos a viver fora da Europa, fazia sentido explorar oportunidades de trabalho em Lisboa. Estava motivada para um novo desafio e uma nova realidade. Voltar a Portugal fazia sentido e não pensei duas vezes de que esse era o caminho que queria seguir. Regressei a Portugal sem ter a noção do que iria fazer, mas sabia que tinha o motivo, a vontade e a energia necessária para recomeçar uma nova vida na cidade que me viu nascer. Procurei oportunidades, participei em entrevistas, contactei head hunters, mas rapidamente percebi que o meu regresso ao mercado de trabalho em Lisboa não iria ser fácil e, à medida que o tempo foi passando, fui ficando cada vez mais convencida de que o meu futuro não passava por Portugal. Confesso que por momentos coloquei o meu regresso em causa, tendo mesmo questionado se tinha tomado a decisão certa de sair de Angola.

ESTÁ NA LIDERANÇA DA EMPRESA FORSAE, QUE É O SEU PROJETO MAIS RECENTE EM TIMOR-LESTE. QUAL A MISSÃO DA EMPRESA? A FORSAE é o resultado de uma série de acontecimentos após a minha saída de Angola. Visto não estar a trabalhar, aproveitei o momento para viajar e, com isso, descansar, reorganizar ideias, definir novos objetivos de vida e rumos profissionais. Viajei entre África, Europa e Ásia, e numa dessas viagens (Tailândia) surgiu a ideia de lançar o meu próprio projeto em Timor-Leste. Não tinha nada em Portugal e, mais uma vez, arriscar e sair da minha zona de conforto fazia sentido. Apesar de ser descendente de timorenses, o meu contacto com o país sempre foi muito superficial e resumia-se à gastronomia, alguns costumes e à língua. Ter a possibilidade de regressar às minhas origens com um projeto diferenciador, motivava-me, pois sabia que de alguma forma iria contribuir para o desenvolvimento da nação mais jovem do mundo. Já tinha feito algo semelhante em Angola e agora era tempo para contribuir para o meu próprio país. Pisei Timor-Leste pela primeira vez em dezembro de 2010 para alguns dias de férias. Regressei novamente em junho de 2018 para participar na maior conferência sobre liderança no feminino, designada “Mulher Forte, Nação Forte”, onde tive o prazer de participar como Oradora, a convite da Delegação da União Europeia em Timor-Leste. Na altura, falei com diversas pessoas que estavam a residir no país para perceber os desafios, as dificuldades e as limitações do tecido empresarial de Timor-Leste. À medida que fui tendo uma ideia mais concreta sobre a realidade do

Conferência “Mulher Forte, Nação Forte”.

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país, mais vontade tinha em ajudar no desenvolvimento de Timor-Leste. Nunca ambicionei ser empresária, contudo, sentia-me motivada com esta possibilidade. Não sabia ao certo o que queria fazer, ou como iria fazer, mas claramente sabia que queria apoiar no que fosse necessário, apesar das dúvidas e do receio em dar este passo. Felizmente tive a melhor equipa de estratégia e branding para me orientar e encontrar um rumo. - a Zenki Group e a BUS - Creative Agency. Em conjunto, definimos a missão da empresa, a estratégia de entrada no mercado, a marca, a identidade, o plano de comunicação e o evento de lançamento. Em apenas 5 semanas tinha tudo pronto e aterrava em Díli para um novo desafio, agora sozinha. Assim nasceu a FORSAE, em outubro de 2018, com a missão de promover o desenvolvimento organizacional, o capital humano e a comunicação empresarial, em Timor-Leste, de forma a contribuir para o crescimento da economia e o desenvolvimento nacional. Ou seja, a FORSAE dedica-se à implementação de projetos de consultoria na área da Gestão de Recursos Humanos e Comunicação.

COMO AVALIA ESTA SUA NOVA EXPERIÊNCIA? Passaram-se 8 meses desde o início deste novo capítulo da minha vida, e após o período normal de adaptação aos hábitos e rotinas, sinto-me totalmente em casa e adaptada à minha nova cidade. Vivo numa ilha pequena, multicultural e de hábitos simples. Conheço pessoas novas todos os dias e lido frequentemente com pessoas de diferentes nacionalidades. Tenho desafios diariamente e isso motiva-me e dá-me energia para acreditar que tomei a decisão certa. Pela primeira vez estou a trabalhar num projeto meu e isso tem sido uma grande novidade para mim. Ainda tenho um caminho longo a percorrer como Gestora de um negócio próprio, mas tenho desenvolvido outras valências pessoais e profissionais. A FORSAE permite-me gerir melhor o meu tempo e estar mais dedicada às coisas que realmente gosto de fazer. Tenho mais tempo para mim e para as minhas pessoas. Reorganizei as minhas prioridades, mudei o meu estilo de vida e isso deixa-me feliz.

QUE CONSELHOS DÁ A TODOS AQUELES QUE PRETENDEM ABRAÇAR UMA CARREIRA INTERNACIONAL?

Conferência “Mulher Forte, Nação Forte”. Berta Montalvão com o Prémio Nobel da Paz e Ex-Presidente da República Dr. José Ramos-Horta e o Ex-Primeiro Ministro Mari Alkatiri.

Se possível, acho que todas as pessoas deveriam ter, pelo menos, uma experiência internacional na vida. As experiências internacionais, para além de contribuírem para o nosso desenvolvimento profissional, contribuem essencialmente para o nosso crescimento pessoal e relacional. É muito gratificante e enriquecedor podermos partilhar e assimilar novas culturas e hábitos. Tornamo-nos pessoas culturalmente mais ricas e com uma visão do mundo diferente e mais ampla. Nem sempre é fácil dar este passo, pois temos de sair da nossa zona de conforto e estar longe daqueles que mais gostamos. É sempre difícil chegar a um país que não conhecemos, com rotinas e costumes muito próprios. Os primeiros tempos são sempre mais complicados e questionamo-nos inúmeras vezes sobre as coisas e as pessoas que deixámos para trás. Mas é preciso saber gerir as emoções para que possamos absorver o país que nos acolhe. E quanto mais rápido assimilarmos e aceitarmos a nova realidade e as novas rotinas, mais fácil se torna a nossa integração. A todos aqueles que pretendem dar este passo nas suas vidas e abraçar projetos além fronteiras, recomendo que tenham capacidade e abertura para a mudança, curiosidade, determinação, autoconfiança e tolerância. Naturalmente que estes requisitos não são limitativos, mas ajudam na integração numa nova realidade social e cultural.


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ANALISANDO O SEU PERCURSO PROFISSIONAL, NESTES 15 ANOS, COMO SE CARACTERIZA ENQUANTO LÍDER? Em todas as empresas pelas quais passei tive a oportunidade de trabalhar com pessoas muito diferentes. Todas elas, de uma forma geral, contribuíram para o meu crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. Sempre acreditei que o caminho faz-se caminhando e nunca tive pressa para crescer ou ocupar um cargo de liderança. Sempre defendi que primeiro devemos consolidar os nossos conhecimentos e experiência, e só depois pensar numa posição de destaque e liderança de equipa. A minha experiência em termos de coordenação de equipas começou na PwC, em 2009, enquanto Consultora Sénior e onde supervisionava o trabalho dos Consultores Juniores. Em 2012 fui promovida a Manager e a partir desse momento iniciei o meu percurso em posições de liderança. Esta promoção revelou ser um marco muito importante na minha carreira, pois abriu-me as portas para sonhar com a possibilidade de um dia vir a ocupar um cargo de gestão de topo. A PwC foi, de facto, uma grande escola, e até hoje tenho uma relação muito próxima com todos os elementos que eram da minha ex-equipa. A PwC é uma empresa que investe bastante nas suas pessoas e a área de liderança e gestão de equipas nunca é esquecida, havendo frequentemente formações nesse âmbito. No Candando, tive igualmente uma posição de liderança de uma equipa, a qual estava dividida em dois países: Portugal e Angola. Enquanto Líder, caracterizo-me por ser uma pessoa disponível, flexível e pragmática. Sou exigente comigo própria e com os outros, e por isso, por vezes imprimo um ritmo acelerado à equipa. Sou dedicada e procuro sempre definir o melhor caminho para que seja possível à equipa alcançar os objetivos propostos, quer seja pela gestão de topo, quer seja pela estrutura acionista. Sou uma pessoa preocupada com os resultados, com o rigor e a qualidade do trabalho que é desenvolvido pela equipa. Procuro sempre dar feedback no sentido de melhorar a performance de cada um.

Berta Montalvão na Conferência de Imprensa do Candando, em setembro de 2015. O QUE RECOMENDARIA ÀS MULHERES QUE ASPIRAM A SER EMPREENDEDORAS? Gosto muito de uma frase que foi dita pelo Nelson Mandela: “It always seems impossible until is done”. Acho que esta frase diz muito sobre o que é ser Empreendedor e as características que é preciso possuir para avançarmos para um negócio próprio. Para ser empreendedor é preciso gostar de desafios, ter coragem e, acima de tudo, ter a capacidade para sairmos da nossa zona de conforto. Temos de estar abertos para a mudança e disponíveis para atuar em áreas que desconhecemos. É igualmente importante ter visão estratégica e inspiração, pois nem sempre o caminho é fácil ou linear. É fundamental mantermos o foco e a energia para implementar aquilo que acreditamos, mesmo que pareça que estamos muito longe de conseguir alcançar os nossos os objetivos. Na minha opinião, um empreendedor destaca-se pela sua coragem, criatividade, iniciativa, autoconfiança, determinação, otimismo e resiliência.

(...) “é preciso saber gerir as emoções para que possamos absorver o país que nos acolhe. E quanto mais rápido assimilarmos e aceitarmos a nova realidade e as novas rotinas, mais fácil se torna a nossa integração.”

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3ª EDIÇÃO DA FIN: FEIRA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Nos dias 6 e 7 de junho na OCC – Ordem dos Contabilistas Certificados, na cidade do Porto, decorreu a FIN – Feira Internacional de Negócios, organizada pela AJEPC – Associação de Jovens Empresários Portugal-China em colaboração com a Federação Sino-Países de Língua Portuguesa e Espanhola.

A revista Liderança no Feminino marcou presença na FIN, um evento reconhecido a nível mundial pela excelência dos seus participantes e do networking que é criado, pela qualidade dos oradores, e pelas sinergias que são criadas entre todos os participantes. O empreendedorismo feminino foi um dos temas em destaque. Estiveram presentes várias líderes femininas que se destacam a nível inrternacional: Marina Prévost-Murier é uma das fundadoras e a atual presidente da Câmara de comércio, indústria e serviços da Suíça-Portugal, com sede em Genebra. Além disso, foi eleita vice-Presidente da União Internacional de câmaras de comércio bilaterais, também com sede na Suíça. Susana Abreu é atualmente gerente de unidade internacional de negócios na Lipor - serviço inter-municipal de gestão de resíduos do maior porto, e é responsável pela gestão e coordenação dos negócios e assuntos internacionais da Lipor. Susana é uma gestora internacional de resíduos reconhecida pela ISWA - Associação Internacional de resíduos sólidos, e especialista em negócios internacionais. Ela participa como palestrante em várias conferências nacionais e internacionais, é autora de artigos técnicos, e um membro de vários grupos de trabalho. Susana participou no grupo de trabalho técnico de “alterações climáticas e gestão de resíduos” da ISWA, e em grupos de trabalho na APESB - Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental e gt6 - erradicação de aterros nos países de língua portuguesa.

Marina Prévost-Murier

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Susana Abreu

Linda Pereira - uma das vozes mais influentes da indústria de reuniões, ela também é sócia sénior e CEO do Grupo de Comunicações L & I, e Diretora Executiva da CPL Reuniões & Eventos. tem sido uma oradora convidada em mais de 143 cidades e em todos os continentes. É a primeira mulher a ser convidada pelo reino da Arábia Saudita como oradora num evento nacional. Romana Ibrahim abraçou em 2014 uma carreira de negócios que fundou e administrou várias empresas de sucesso em Portugal e Angola. Da FMCG à inteligência de negócio, nos últimos 10 anos. Em 2017, Romana voltou a Portugal e fundou a garantia Keep, uma solução FinTech que está a crescer a toda velocidade, na qual está totalmente focada. Karen Boustany é uma personalidade dos media internacional. Jornalista, escritora e poetisa que entrevistou, em menos de quatro anos, mais de 1.800 autores de língua inglesa e mais de 250 escritores de renome internacional, como o académico Sr. Amin Maalouf e o escritor mais vendido no mundo, Marc Lévy.

Linda Pereira

Romana Ibrahim

Karen Boustany


LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

Painel “Empreender e Superar o Caso de Género”.

O evento contou, ainda, com a atribuição de prémios às entidades que mais se destacaram no mundo da lusofonia. Ana Paula Laborinho recebeu o prémio de mérito dos países de língua portuguesa, e Mário Centeno o prémio de conhecimento da União Europeia. Carlos Mota Soares, do grupo Mota-Engil, foi distinguido pelo seu papel na América Latina e Choi Man Hin foi a personalidade luso-chinesa premiada.

A diretora da revista Liderança no Feminino, Sandra Arouca, participou no painel “Empreender e superar o caso do género”, como oradora. A FIN 2019 encerrou com um jantar no Palácio da Bolsa, na noite de 7 de junho, altura em que foi distinguida a personalidade luso-chinesa do ano.


LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

“A SPI teve muito gosto em apoiar este ano a FIN2019. A feira foi excelente permitindo uma grande interação com participantes de várias partes do mundo, incluindo Ásia e Países de Língua Portuguesa.

“Ter participado no seminário ‘Empreender e superar o caso do género’ dentro da FIN2019 foi uma oportunidade para dar voz e sensibilizar para o equilíbrio que precisamos dentro das organizações a nível global. Acredito que o PODER não deve ser um

A SPI organizou ainda uma sessão nas suas instalações, no Porto Business Rail”

instrumento de auto-validação, manipulação e exclusão. Ter poder é antes ter uma maior consciência de todas as nossas dimensões como humanos, integradas em harmonia,

Sara Medina - SPI

que permitem que cada um de nós seja um verdadeiro agente de mudança”

Esther Liska - Glow Woman Club

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ESPECIALIZAÇÃO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS ERRO NEGLIGÊNCIA E ERRO MÉDICO




LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

ERRO NEGLIGÊNCIA E ERRO MÉDICO ALGUNS PONTOS DE REFLEXÃO POR SANDRA GOMES PINTO

Temos tido ao longo dos anos casos, no escritório, nesta área que nos marcaram definitivamente. A título de exemplo: um executivo de meia idade, que após uma depressão causada por uma intervenção mal feita, entra numa espiral destrutiva da vida pessoal e profissional; uma senhora de meia idade, que foi fazer um exame de rotina, sem grandes complicações, que acaba com uma cirurgia urgente e com meses de calvário, com ostomização e sucessivas operações. No primeiro caso mencionado, os factos estão a ser discutidos, na primeira instância, 14 anos depois de terem ocorrido, pelo que fica claro que por melhor que seja a decisão, nunca se fará verdadeira justiça, porque não foi feita em tempo útil. Esta área da saúde é sem dúvida uma área muito sensível, na qual a justiça tem dificuldade em entrar. Os obstáculos para quem queira ser ressarcido judicialmente pelos danos sofridos nestas situações são incomensuráveis: a começar pela assimetria de conhecimentos. Desde logo o doente e quem o representa não tem à partida os conhecimentos científicos para fazer face aos argumentos técnicos dos médicos e instituições hospitalares. Por outro lado, deparamo-nos com a defesa corporativa da própria classe; sistematicamente os médicos defendem-se uns aos outros, porque estão conscientes que também eles podem cometer erros. Este corporativismo também se denota num arquivamento massivo dos processos disciplinares na ordem dos médicos. Acresce a isto que o registo dos atos e história clínica, muitas vezes, é inexistente e /ou deficiente. Também esta classe beneficia de um grande prestígio social e técnico, o que torna ainda mais difícil a sua responsabilização. Acresce que os doentes têm sistematicamente um défice de informação relativamente às intervenções médicas, porque simplesmente não lhes são explicadas. Também pela natureza das coisas os doentes não estão conscientes em muitos atos médicos que implicam sedação.

O próprio consentimento médico é prestado pelo doente através da mera aposição de uma assinatura num formulário genérico pró-forma, sem que nada seja explicado e sem que o doente seja minimamente esclarecido, ou seja de uma forma que não acautela o direito do doente nesta matéria. Se a estas situações acrescentarmos a já conhecida mora da justiça e a existência de alguma jurisprudência contraditória, temos as condições ideais para ser uma área em que a justiça não entra e os lesados resignam-se a não reclamar uma indemnização. Outra alternativa são os processos judiciais longos, complexos tecnicamente, que são onerosos, com recursos sucessivos e que implicam um extraordinário desgaste para os lesados, para os médicos, para os profissionais envolvidos e para o próprio sistema de saúde. De qualquer forma uma coisa é clara o erro médico existe. Segundo a organização mundial de saúde o erro médico é a 14º causa de morte no mundo e 15% da despesa hospitalar global resulta destes erros. Considero que se deve tratar esta problemática ao nível da prevenção. Médicos, juristas e a sociedade em geral devem debater e discutir este tema, de maneira a desenvolver políticas, práticas e estratégias de prevenção do mesmo. Considero também que faz todo o sentido voltar discutir uma recente proposta da lei de bases da saúde, que contemple o recurso à mediação e à resolução destas situações através mecanismos alternativos de resolução de litígios (designadamente comissões técnicas), se desenvolva uma objetivação da responsabilidade das instituições, ou seja, que os danos possam ser ressarcidos sem que seja necessário provar a culpa dos médicos e das instituições, que as seguradoras tenham um papel mais ativo no pagamento das indemnizações devidas, sem a necessidade de as partes passarem pelo calvário de intermináveis sessões de prova. Certamente que uma evolução nesta linha será melhor para os doentes, mas também para os médicos, que se podem focar melhor no que têm a fazer, sem o ónus e custo de processos judiciais que se podem arrastar durante anos.

SGP SANDRA GOMES PINTO & ASSOCIADOS www.sandragomespinto.com

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LIFESTYLE GUARDA-ROUPA PROFISSIONAL



LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

O QUE VESTIR DEPOIS DOS 40 ANOS? DEVEMOS ALTERAR O NOSSO GUARDA ROUPA PROFISSIONAL? Mesmo quem tem de seguir um dress code formal, não tem de se vestir de forma cinzenta e aborrecida. Aposte num apontamento de cor, num acessório mais vistoso ou num detalhe especial. Existe um paradigma que cerca as mulheres quando se trata de beleza e moda feminina depois dos quarenta anos. Muitas pessoas associam esta faixa etária a peças de roupa de cores sóbrias. Mas, na realidade, mulheres que conhecem os seus próprios gostos e preferências têm o poder e a autonomia de se vestir como quiserem. Claro que com a idade o nosso corpo regista alterações de peso e que depois de ter filhos este fica diferente. Muitas vezes, o peito perde firmeza e o corpo fica menos tonificado, sobretudo se não praticar exercício físico com regularidade. Mas, na realidade, não existe uma forma de vestir específica para cada idade. Pois umas calças de ganga rasgadas, grandes decotes e saias muito curtas não são adequadas para um ambiente profissional, quer tenha 25 ou 50 anos. Ainda assim, é comum surgirem algumas dúvidas de estilo, principalmente quando se trata de ocasiões especiais, afinal, a sociedade está repleta estigmas. Felizmente, há algum tempo as mulheres têm aprendido com mais facilidade a amar seu corpo, criando o seu próprio estilo de ser e vestir. Deixamos alguns conselhos de moda para mulheres de 40 anos que a vão ajudar a traduzir seu estilo nos looks do dia a dia.

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Personalize. Crie o seu próprio estilo. Não existe idade ideal para acompanhar a moda.

Muitas vezes, a moda parece conversar apenas com as mulheres mais novas, já que muitas marcas direcionam a sua publicidade para esse nicho de mercado. Ainda assim, existem lojas e marcas que se preocupam e exaltam todo tipo de beleza, incentivando o empoderamento das mulheres tanto com novas tendências. Independentemente do nosso estilo, devemos apostar em produções com peças coloridas, descontraídas e diferentes. Além disso, conhecer o formato do nosso corpo e rosto também é fundamental, pois ajuda a alinhar o visual e auxilia a harmonização das peças com a nossa personalidade.

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Use peças confortáveis

Para sentir-se bem, é essencial vestir peças confortáveis. Podemos apostar num look com uma blusa da moda que não tem um bom caimento e irá exigir que seja arrumada durante um evento, ou mesmo investir num sapato de salto que irá cansar e causar desconforto durante o seu dia. Portanto, dê preferência para peças confortáveis como a seda, algodão e linho e que apresentem um bom caimento.

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Invista em looks casuais

A moda para mulheres de 40 anos que pressupões um dia ativo, de um lado para o outro, e por isso, pede produções leves e descomplicadas. Portanto, as peças práticas e com estilo são a melhor opção para enfrentar a rotina. Investir em vestidos de tecidos leves e combiná-los com acessórios de acordo com o nosso estilo é uma ótima opção casual elegante.

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A eterna calça de ganga/jeans

O que marca presença no closet de homens e mulheres do mundo todo é a calça de ganga. Ela harmoniza bem em produções informais, principalmente os modelos com lavagem clara e puídos. Já a lavagem escura ajuda a compor uma produção que exige um pouco mais de formalidade. A dica é ter, pelo menos, uma de cada! Portanto, aposte em calças de ganga estruturadas com a cintura média ou alta para valorizar o corpo: modelos capri, flared e reto garantem elegância e conforto. Por ser um tecido neutro, a calça de ganga pode ser facilmente combinada com camisas de seda, t-shirts, sobreposições e aceita todo tipo de acessórios, dos grandes aos pequenos.

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Crie composições formais

Peças clássicas e formais são fáceis de serem incrementadas ao visual, e o truque é não perder as referências atuais. Para isso, devemos investir em shapes retas. Os vestidos e saias midi, são sempre atuais. Devemos apostar em tecidos finos, como as sedas e abusar de acessórios minimalistas. É possível utilizar as tendências a favor do seu estilo! Basta conhecer o seu corpo e elaborar looks que traduzem a sua personalidade. Existe um amplo mercado fashion à nossa disposição e, principalmente, muitas marcas que prezam pelo seu conforto e estilo. Marque a diferença, lidere com o seu propio estilo.

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VIAGENS ROMA: CIDADE ETERNA



LIDERANÇA NO FEMININO | Junho de 2019

ROMA: CIDADE ETERNA Roma, a capital da Itália, a primeira grande metrópole da humanidade e uma das maiores cidades da Europa. Roma concentra os seus três milénios de história em testemunhos arquitetónicos e artísticos singulares. Encontramos obras-primas que a tornam uma das cidades mais visitadas do mundo. Ao chegar a Roma somos seduzidos pelo encanto da antiga capital de uma das civilizações mais antigas e importantes, o Império Romano. Roma é a cidade com a maior concentração de marcos históricos e arquitetónicos do mundo. Poderíamos indicar um número imenso de monumentos e locais que merecem uma visita,mas há locais que merecem uma visita obrigatória. Começando pelo Coliseu, o maior anfiteatro do mundo romano, reconhecido como uma das sete maravilhas do mundo moderno e é o único na Europa. Não muito longe está o Fórum Romano, o que resta do centro financeiro, político e religioso da antiga Roma, o coração do complexo urbano dos Fóruns Imperiais, que se estendeu entre o Capitólio e o Quirinal.

Uma cidade com belos jardins e antigas vilas aristocráticas, como a Villa Borghese. Roma também é famosa pelas suas fontes monumentais, jóias arquitetónicas reais. A mais famosa é a Fonte de Trevi, em estilo rococó, que é conhecida por ser o cenário da mais famosa cena de ”‘La Dolce Vita”, filme clássico italiano de Federico Fellini. Não se esqueça de atirar uma moeda para dentro desta fonte. Diz a lenda que este gesto vai garantir o seu retorno à “cidade eterna”! Não perca a Fonte Barroca dos Quatro Rios, uma das maiores obras-primas de Gian Lorenzo Bernini, localizada no coração da Piazza Navona (Praça Navona), elegante ponto de encontro à noite. A Piazza di Spagna (Praça da Espanha) também é bem frequentada e popular, com a sua escadaria de Trinità dei Monti. Capital com belas igrejas, Roma inclui a Cidade do Vaticano, o berço do cristianismo católico. A sua obra-prima é a imponente Basílica de São Pedro, cuja cúpula, projetada por Michelangelo ou Miguel Ângelo, oferece uma vista para toda a cidade de Roma. Michelangelo também realizou os famosos frescos da Capela Sistina, o conclave para a eleição do Papa. O coração da vida noturna na cidade em busca de prazer é Trastevere, um antigo bairro popular, na margem oeste do rio Tibre, um labirinto bonito e animado de ruas estreitas e bares da moda. Marque já a sua viagem e aproveite!

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Créditos: Manuel Correia Lopes



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