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Poder no Feminino
Myriam Taylor
2022: o primeiro ano de muitos Emília Alves
Vivemos numa meritocracia e este gap vai fechar naturalmente, trazendo à Mulher advogada um papel mais equilibrado Fátima Correia da Silva
RHmais Nomeia a Diretora Raquel Canoa
“Mulheres em Ação”
Projeto de costura solidário promove empoderamento feminino e saúde mental
Amor Corporativo Alexandra Lemos
Maior Feira Ibérica de Mobiliário, Decoração e Brindes APIMA
Sinto que o nosso valor não é necessário prová-lo, basta ‘ser’ e o resto acontece
Liliana Conde
Emília Roseiro nomeada Diretora de Recursos Humanos da Bel para a Europa do Sul e Turquia
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O mês de janeiro dita um novo começo. Para muitos, o início do ano é o início de novos projetos e conquistas. Nesta primeira edição do ano falamos em liderança e empreendedorismo, a vida profissional pode revelar-se uma montanha russa de emoções e a necessidade de nos reinventarmos e fazermos aquilo que mais gostamos é uma realidade. E nesse sentido, abordando todos estes temas, que destacamos Myriam Taylor, ativista, empresária, cofundadora da Muxima, produtora do programa “Jantar Indiscreto” da RTP2, nomeada pela Forbes, pela “Business Insider” e pela Vizaka. Com gosto por pessoas e culturas, fala-nos da sua caminhada profissional e dos desafios uma mulher de sucesso e conquistas sem fronteiras. Falamos dos anos em que viveu em Londres, Paris, Rio de Janeiro, Luanda e Amesterdão.
Emília Alves, por sua vez, apresenta um percurso muito eclético, sempre ditado pela busca de um balanço de vida em todos os aspetos que considera importantes; desde cuidar de si própria com bastantes interesses, à família, amigos, carreira e empreendedorismo.
Também falando em motivação, fomos conhecer Fátima Correia da Silva é Chief Compliance Officer (CCO), Head of Legal e DPO da Critical TechWorks. Advogada há mais de 15 anos, Fátima passou por várias áreas do direito empresarial, aceitando todos os desafios que lhe foram sendo propostos. Com um currículo irrepreensível, uma personalidade distinta e uma dedicação a todos os projetos em que se envolve.
Com 35 anos de carreira na área do Turismo e Hotelaria, Liliana Conde é atualmente secretária-geral na ADHP - Associação dos Directores de Hotéis de Portugal e gere o seu próprio negócio de consultoria especializada em gestão hoteleira, serviços de excelência, felicidade organizacional e gestão de mudança.
Alexandra Lemos, executive coach, professora universitária e escritora. Apresenta-nos “Amor Corporativo” o seu último livro, que vem destacar a importância de um patamar de presença diferenciador nas conexões intra e interpessoais no contexto do trabalho.
E como a liderança continua a contar com nomes femininos, Emília Roseiro e Raquel Canoa Carvalho falam-nos das suas progressões profissionais e novos desafios.
Encerramos esta edição com a apresentação da “Mulheres em Ação” um projeto de costura solidário que promove o empoderamento feminino e saúde mental. Que janeiro seja o início de muito sucesso e pautado por novos projetos!
Estamos juntas na liderança!
JANEIRO 2023 | LIDERANÇA NO FEMININO 5 ÍNDICE
Editorial
Myriam Taylor “Poder no Feminino”
O empreendedorismo e o interesse por projetos sociopolíticos em Portugal, França, Brasil, Reino Unido, Itália e Angola cresceu consigo ou foi algo que surgiu com o tempo? Eu diria que é tudo um resultado das experiências por mim vividas ou herdadas aliadas ao facto de eu acreditar que a mudança de qualquer sistema caber a cada um de nós e de estar profundamente comprometida com a Humanidade enquanto um todo e com a história futura que gostaria de poder vir a narrar a propósito do nosso país em particular.
Sou filha de pais angolanos, que chegaram a Portugal como refugiados em 1976, nasci em Albufeira e cresci em Faro.
Comecei o meu engajamento artístico com 5 anos, tinha aulas de ballet que frequentei até aos 15 no Conservatório do Algarve e o meu engajamento cívico com 14 anos, quando entrei como voluntária para uma associação de ajuda a Toxicodependentes e simultaneamente para a associação de estudantes e para o grupo de teatro.
Entretanto mais tarde escolhi estudar teatro porque senti a urgência em querer ajudar a mudar o mundo, a partir da proposta da criação e produção de narrativas alternativas que impactassem mudança. Estudei um ano em Lisboa e fui no ano seguinte para Londres. Estudei teatro na Rose Bruford, tive a sorte de fazer Erasmus no Institut Dell Teatre em Barcelona onde trabalhei com Juan Baixas.
Mais tarde especializei-me em teatro político, trabalhei com o Augusto de Boal e com o Ruy Fratti em Paris (com mulheres vítimas de violência doméstica) e no Rio de Janeiro (com as Marias do Brasil - grupo composto por trabalhadoras do lar). O Augusto de Boal sempre que perguntava por mim dizia: “Cadê a portuguesa angolana que vive em Londres e quer ser brasileira?”
Ativista, empresária, cofundadora da Muxima, produtora do programa “Jantar Indiscreto” da RTP 2, nomeada pela Forbes, pela “Business Insider” e pela Vizaka. Falamos de Myriam Taylor, de 46 anos, uma mulher de sucesso e conquistas sem fronteiras. Falamos dos anos em que viveu em Londres, Paris, Rio de Janeiro, Luanda e Amesterdão.
Entretanto fui para Luanda, onde estive por 2 anos a dar formação e onde também encenei o espetáculo “Quantas Madrugadas Tem a Noite de Ondjaki”, no final de Dezembro de 2006 vim a Portugal passar o Natal, mas o meu pai teve um grave problema de saúde que me fez decidir ficar por perto e não regressar a Luanda. Nesse interim trabalhei em publicidade, tv e cinema. Em 2009 o Paulo e eu apaixonámo-nos e em 2010 decidimos formar uma família e mudei-me para Amsterdão. Foi aí que em 2014 o Paulo e eu iniciámos a Muxima.
O projeto Muxima nasce da necessidade de ma-
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pear e conectar pessoas que como nós estão empenhadas em mudar o Mundo, desafiando a velhas estruturas e possibilitando a criação de uma nova realidade para o Mundo.
Que balanço faz do progresso Muxima Bio até agora?
O balanço que faço sobre o progresso da Muxima é um balanço indexado à criação de valor, se me perguntas que
mudanças conseguimos catalizar ou co-criar? Eu respondo que foram algumas:
1 - Lançámos para no mercado internacional no final de 2017 a Muxima CAVIAR SYSTEM que além de ter criado uma categoria, conquistou alguns prémios ao entrar no mercado, Muxima CAVIAR SYSTEM foi a primeira marca de luxo no Mundo especificamente para cabelos crespos.
2 - Oferecemos bolsas de estudo a estudantes de Mestrado,
da Universidade de Aveiro.
3 - Criámos a rede de networking “Secret Women’s Meeting” em 2016, que é um espaço de sororidade, de inspiração e partilha entre mulheres dos mais variados setores, esferas sociais e e étnicos.
4 - Criámos e produzimos em 2017 o Primeiro Colóquio Internacional sobre o 27 de Maio de 1977, “Memória História ou Esquecimento” na Universidade Nova de Lisboa, quebrando
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Créditos: Gonçalo Claro
o silêncio e tabus históricos, possibilitando espaço a contra-narrativas.
5 - Criámos e produzimos em 2019 o primeiro Colóquio Internacional da Sociedade Civil sobre Diversidade, Igualdade e Inclusão Social NÓS, que aconteceu durante 3 dias no ISEG em Lisboa.
6 - Contribuímos para a discussão e criação de melhores políticas públicas de inclusão em diferentes Ministérios.
7 - Sabendo nós que historicamente as comunidades negras foram e são as mais aviltadas em todo o Mundo, nós produzimos o primeiro conteúdo em Portugal em toda a história da
“ENCONTRA UM PROPÓSITO QUE ULTRAPASSE A QUESTÃO QUE QUERERES FAZER DINHEIRO E CRIA UM LEGADO E NÃO UM NEGÓCIO. SE TIVERES UM PROPÓSITO O TRABALHO VAI PARACER-TE UM HOBBY, PORQUE O VAIS FAZER POR PAIXÃO
televisão pública, para a RTP África, BLACK EXCELLENCE TALK SERIES com a produção e curadoria de temáticas e participantes levadas a cabo por uma maioria de pessoas negras. Onde podemos trazer a lume todos os assuntos que interessam à nossa agenda, temas como discriminação
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Créditos: Gonçalo Claro
racial nos média, falta de representatividade política, violência e perseguição policial, entre outros...
8 - Produzimos o primeiro programa sobre vieses, numa lógica de desconstruir, trazendo diversidade e inclusão à televisão portuguesa o “Jantar Indiscreto” passou na RTP2 e ganhou o prémio de melhor programa do Ano, pela plataforma 19
9 - Estamos a produzir a Humanity Summit, que é no fundo o rebranding do Colóquio que fizemos em 2019 e que vai juntar estudantes, activistas, politicos, legisladores, empresários de todo o Mundo em um mesmo espaço, para que juntos possamos acelerar o alcance do direito à dignidade e justiça social. Resumindo, o balanço é muito positivo, porque fomos capazes de conectar, inspirar, partilhar, ajudar, incentivar, fazer sonhar, mobilizar e ajudar a mudar.
Fundou também o projeto
“Secrets women’s meeting & cocktail”, um projeto de networking de mulheres. O que a fez adotar esta missão de ajudar as outras mulheres empreendedoras?
“Secret Women’s Meeting” é uma rede de networking de mulheres criada pela Muxima com o objetivo reunir mulheres e homens aliados interessados em contribuir para o progresso social e equidade. Ao partilhar
histórias, experiências, pensamentos e teses numa interpelação genuína e inspiradora, o objetivo do Secret Women’s Meeting é criar abertamente uma discussão e reflexão voltada para o futuro imaginável, contribuindo para questões urgentes do presente. Os encontros realizam-se em diferentes espaços de Lisboa, num ambiente informal e seguro para trazer a lume tópicos que podem não ter voz na definição da agenda pública mainstream. Com um extenso portfólio de intervenção social e política, a Muxima concebe este evento desafiando mulheres líderes e lideranças futuras de todas as origens e de diferentes áreas de atuação a participarem, com um momento de palestra, resultando em uma sociedade honorária e secreta, preocupada em romper e descontinuar o status quo. No seu seio, mulheres de áreas distintas de intervenção profissional são convidadas a partilhar as suas abordagens pessoais mais radicais para o futuro da sociedade. A nossa rede inclui mulheres de diferentes áreas
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como: a academia, a escrita, empreendorismo, diplomacia, governança ou política.
É a autora e apresentadora do programa Jantar Indiscreto, da RTP2. Qual o objetivo deste programa? O que é o que o nosso comportamento imediato diz sobre os nossos mais profundos preconceitos e estereótipos?
O programa “Jantar Indiscreto” pretende descodificar, tornar acessíveis e relacionáveis temas tabu com o objetivo de ajudar a desmistificar estigmas e preconceitos. É também um exercício de debate entre os vários participantes sobre o ponto em que se encontra a nossa sociedade e de que forma somos todos agentes de mudança e transformação.
Foi nomeada pela revista Forbes como uma das 100 mulheres, empresárias,
destacadas na Europa. O que significou para si este reconhecimento?
O reconhecimento público seja ele qual seja é importante na medida em que lança holofotes sobre o trabalho de algumas pessoas, eu ser incluída nessa listas ajuda a amplificar aquilo que faço, mas na realidade nada mudou para mim, continuo a enfrentar as mesmas barreiras e dificuldades que estão enraizadas nos nossos sistemas e instituições, sempre dependente da “benevolência” das nas nossas estruturas machistas e patriarcais - The Gatekeepers.
Alguma vez foi discriminada a nível profissional por ser mulher?
Claro que sim, mas não foi a única discriminação que sofri, existe a interseccionalidade da minha existência e isso gera múltiplas discriminaçōes.
Por ser negra, tanto pelo facto de pertencer a uma família de refugiados, pelo facto de ter nascido e vivido no Algarve na periferia do país, pelo facto de não pertencer a nenhum partido ou clube, etc.
O que se pode fazer no setor empresarial para aumentar a igualdade de género no mercado de trabalho, principalmente em cargos de chefia?
O caminho é e será sempre a paridade. Acho que não podemos adiar aquilo que é inevitável 50-50.
Até há pouco tempo a alegação era a de que alegadamente as mulheres não teriam qualificaçōes suficientes para ocuparem os cargos de topo, no entanto ultrapassamos os homens em larga escala, quando comparamos as percentagens de mulheres e homens com educação superior. Estamos a falar de mulheres com 46%
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Créditos: Gonçalo Claro
para homens com 33%. Aceitarmos e contentarmo-nos com a meta apresentada pela UE para Women on Boards é pouco.
Que conselho daria a jovens mulheres que estão agora a iniciar a sua carreira?
- Encontra um propósito que ultrapasse a questão que quereres fazer dinheiro, cria um legado e não um negócio. Se tiveres um propósito o trabalho vai parecer-te um hobby, porque o vais fazer por paixão. Indexa a tua criação de valor ao “Quadruple bottom-line”: People, Planet,
Future Generations and profit. Encontra diferentes mentoras, que possam caminhar contigo e inspirar-te em diferentes dimensões. Junta-te a redes de Networking, encontra uma tribo!
- Faz parcerias estratégicas, que te ajudem a construir o protótipo, provar conceito ou a alavancar vendas. Sê o exemplo que queres ver no mundo!
Que mais projetos podemos esperar para 2023?
Estamos a preparar a Humanity Summit a realizar este ano, que pretende ser o epicentro do mundo, na reflexão e estratégia de aceleração da Huma-
nidade no que toca ao direito à dignidade e justiça social!
Pretendemos apresentar o Pacto da Humanidade, um index com um roadmap que será complementar aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Além de contarmos com a participação do Sr. Presidente da Républica Marcelo Rebelo de Sousa, contamos com diferentes personalidades ligadas aos movimentos da Sociedade Civil e classe política Nacionais e Internacionais , como o Jornalista de Direitos Humanos Siyabulela Mandela, ou a Ministra da Justiça do Kosovo Nita Shalla .
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“CADÊ A PORTUGUESA ANGOLANA QUE VIVE EM LONDRES E QUER SER BRASILEIRA?”
Créditos: Gonçalo Claro
2022: o primeiro ano de muitos
Nota Biográfica
Um percurso muito eclético, sempre ditado pela busca de um balanço de vida em todos os aspetos que considera importantes; desde cuidar de si própria com bastantes interesses, à família, amigos, carreira, empreendedorismo... Emília Alves considera que fazer sempre tudo o que gosta, ditou o seu percurso.
Quando terminou a faculdade, numa época conturbada e de grandes mudanças no mundo académico, decidiu que não queria ir para o ensino, por onde enveredava a grande maioria das pessoas com aquela licenciatura, o que conseguiu, e foi estagiar para uma farmacêutica americana durante um ano, onde aprendeu muito e percebeu o que é trabalhar numa multinacional a nível de comunicação e marketing.
A seguir passou por um pequeno grupo português, familiar, com muito sucesso e que ainda existe, onde ficou quatro anos, mas a comunicação e o conhecimento de línguas fê-la ingressar numa multinacional, um grupo hoteleiro francês. Em 1989, foi convidada pelo administrador delegado de um grupo inglês, detentor do master franchise da Holiday Inn em Portugal, a aderir a um projecto novo, o que a levou a ficar na hotelaria por mais 7 anos, até ao nascimento da minha filha e venda do Franchise. E assim terminaram 9 anos de muitas aprendizagens e muito crescimento na Hotelaria. Entretanto, tinha continuado a sua formação com um Master em Business Communication & Public Relations e o Mestrado em Ciências da Comunicação. Nesta altura, confessa que a vida pessoal foi decisiva. Acompanhar o crescimento da filha, ser uma mãe presente, o que a levou a aceitar um convite para entrar na Academia em 1996, primeiro e durante 7 anos como Docente no IPAM Lisboa e depois na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, onde lecionou durante 2 anos. E aqui já tinha criado a sua primeira empresa, não familiar. A partir daqui, representou uma empresa americana de coaching em Portugal, como distribuidora e Executive e Business Coach, muito focada em micro e pequenas empresas, durante 3 anos; continuou a desenvolver projetos na área da Comunicação e a nível comercial, até que em 2017 aderiu ao projecto ActionCoach Lisboa como Business Coach, depois de ter feito a certificação como Business Coach nos EUA. E finalmente em Outubro de 2021 lançou o seu projecto: Emília Alves | Disruptive Business.
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E agora a sua história
A história de Emília Alves começa muito antes de nascer, numa microempresa familiar, como tantas outras que se iniciaram com uma atividade comercial pouco estruturada, desenvolvida pelo pai de uma família de 4 filhos, e seu avô, na busca de uma vida mais confortável e na satisfação de fazer o que gostava: trabalhar por conta própria, como se dizia na época.
O pai, iniciado nesta atividade ainda adolescente, rapidamente percebeu o poder da alavancagem e ainda muito jovem decide transformar esta atividade comercial, de compra e venda, num projeto empresarial industrial, que fez crescer ao longo de quase 4 décadas e que terminou em 1974, com a sua morte.
E foi aqui que cresceu; nos anos 60, no seio de uma empresa com 492 colaboradores, com um refeitório e uma creche, onde adorava brincar com as crianças da sua idade e a pensar que gostaria de trabalhar e aprender com o pai. A
ACREDITAR QUE A GRATIDÃO
TER AUTOCONSCIÊNCIA DE QUE NADA NA VIDA É GARANTIDO E QUE TEMOS DE ESTAR GRATOS PELO QUE TEMOS E SOMOS, DIARIAMENTE
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“
É
Empresa fascinava-a: trabalhar com as pessoas e atraí-las para algo maior do que tudo o que se estava a fazer, exportar mais e, um dia, algo longínquo, poder dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo pai. Este sonho virou pesadelo e aprendeu a disciplina, resiliência e a flexibilidade, mas outro sonho foi crescendo: trabalhar em empresas e para as empresas, criar a minha própria empresa, ajudando os empresários a desenvolverem as suas competências, a sua visão, os seus projetos, na senda
do crescimento e do lucro, que lhes vai permitir ampliar nas diversas dimensões daquilo que considera uma empresa: social e ambientalmente responsável, assente nas pessoas e no seu bem estar, e participando ativamente na comunidade em que se insere e nos mercados com quem trabalha. O lucro, enquanto imperativo ético da gestão, é o que vai permitir acelerar o negócio e a partilha com todos os seus stakeholders. Mas o mais importante numa empresa é, e sempre serão, as pessoas.
As empresas familiares, geradas e lideradas pela família, apresentam desafios acrescidos na vivência dentro da empresa, em que acredita que é possível , ainda que não seja fácil, separar a liderança e gestão da empresa, da vida própria da família, enquanto tal e, em particular, com o crescimento da mesma e das novas gerações que entram no seio e no negócio. Felizmente, temos muitos bons exemplos no nosso país de empresas que o fazem brilhantemente. Fácil? Indubitavelmente que não;
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mas é possível e os resultados são avassaladores. Daí o seu foco nas empresas familiares e nos seus desafios!
E foi este propósito que a levou a criar o seu próprio projeto em 2021, ao lançar Emília Alves | Disruptive Business, depois de um ano verdadeiramente desafiante, 2020, a nível pessoal e da conjuntura mundial, no meio de uma pandemia, que se arrastava e com um fim incerto e difícil de vislumbrar. Todavia, a sua convicção de que nunca há um timing perfeito para fazer acontecer, e que se esperarmos por controlar todas as variáveis, só estamos a procrastinar e a perder oportunidades, levou-a a avançar, e o ano de 2022 é a prova disso mesmo.
O ano começou com a certeza de que o caminho a percorrer poderia ser mais ou menos longo, mas que era o seu, que tinha preparado esta viagem com os stakeholders mais importantes; nomeadamente a empresa de marketing digital
que a acompanha – Ativait/ Grupo Inovcorp – e com parceiros de há muito, com quem foi criando relações ao longo da sua vida profissional. Emília Alves acredita que a qualidade da nossa comunicação vai ditar a qualidade das relações que estabelecemos com os outros e o seu posicionamento assenta numa comunicação clara e assertiva com todos os seus stakeholders, na certeza de que o que a tinha trazido até ali, não era o que a levaria a partir de agora.
O seu foco assenta em 3 grandes pilares:
- Propósito: fazer a diferença nas empresas com quem trabalha e na vida dos executivos que confiam no seu trabalho;
- Planeamento e implementação rigorosa, mas flexível;
- Criação de sinergias: colaboração em vez de competição.
A expectativa sobre o que 2022 poderia proporcionar, confrontou-se com a disciplina que a define e que a motiva a criar tempo diariamente para fazer tudo o que precisa e quer fazer. E se o primeiro trimestre foi dominado pela expectativa, a confirmação de que trabalhar as relações, investir em networking / connecting, proporcionaram resultados significativos logo no início do segundo trimestre, com uma motivação acrescida de quem faz o que gosta. Se a disciplina a define, Emília Alves considera que a liderança individual é a base do crescimento e desenvolvimento humano, na senda de
um impacto significativo nos stakeholders, e em primeiro lugar, nos seus clientes, onde vai buscar energia diariamente.
Acreditar que não há limites, a não ser o que impomos a nós próprios, é uma fonte de inspiração e motivação.
Acreditar que só controlamos o que depende de nós, que vivemos de acordo com os nossos valores, impomos e respeitamos os nossos limites, é um modo de vida.
Acreditar que todos os dias podemos alinhar e calibrar a versão de nós próprios, na busca do que queremos ser, é crescer a par e passo. Acreditar que só através da flexibilidade ganhamos a capacidade de ser resilientes.
Acreditar que as empresas são pessoas e que trabalhar com pessoas é um privilégio e uma missão.
Acreditar que há tempo de fazer e tempo de soltar, de deixar para trás o que não nos convém.
Acreditar que a gratidão é ter autoconsciência de que nada na vida é garantido e que temos de estar gratos pelo que temos e somos, diariamente.
Acreditar que o homem é capaz de se superar diariamente.
Acreditar que o que a trouxe até aqui, lhe dá a flexibilidade, resiliência e coragem para ir mais além.
Grata por 2022, e por todos os que fizeram parte da sua vida al longo deste ano, dá as boas-vindas a 2023!
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“ A QUALIDADE DA NOSSA COMUNICAÇÃO VAI
DITAR A QUALIDADE DAS RELAÇÕES QUE ESTABELECEMOS COM OS OUTROS E O SEU POSICIONAMENTO ASSENTA NUMA COMUNICAÇÃO
CLARA E ASSERTIVA COM TODOS OS SEUS STAKEHOLDERS
“Vivemos numa meritocracia e este gap vai fechar naturalmente, trazendo à Mulher advogada um papel mais equilibrado”
Fátima Correia da Silva é Chief Compliance Officer (CCO), Head of Legal e DPO da Critical TechWorks. Advogada há mais de 15 anos, Fátima passou por várias áreas do direito empresarial, aceitando todos os desafios que lhe foram sendo propostos.
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Fátima Correia da Silva sempre teve a certeza que iria ser professora, mas no último ano do secundário tudo mudou.
Alguns professores viram em Fátima algumas apetências para a área jurídica e a mesma
decidiu ouvi-los: “Era unânime a opinião de que, além de nutrir uma especial apetência pela escrita, denotava já uma boa capacidade argumentativa, uma personalidade forte, assertiva e uma atitude ponde-
rada”, refere a CCO.
Fátima Silva decidiu seguir Direito, apesar de não ter ninguém na família que a orientasse ou a direcionasse para esse caminho, tendo sido a primeira a seguir o ramo e
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TIVE OPORTUNIDADE
APLICAR
FUI APRENDENDO AO LONGO DOS ANOS, MAS VOLTANDO A TRAZER PARA A AÇÃO OS VALORES
QUE ME GUIAVAM DESDE INÍCIO E A POSSIBILIDADE DE CRIAR ALGO QUE FARIA A DIFERENÇA NA SOCIEDADE
a primeira a entrar no Ensino Superior. Depois de ingressar na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, o interesse pela área foi aumentado cada vez mais e Fátima começou a ganhar o desejo de “vir a fazer a diferença na sociedade e acreditei realmente que poderia trazer para o mundo muitos dos valores orientadores para mim”, confessa.
O primeiro contacto com o mercado de trabalho deu-se com o estágio profissional, em que a CCO revela ter tido um “choque com a realidade.” Isto porque teve de colocar em prática tudo o que tinha aprendido na teoria, algo que não foi um problema e que até lhe trouxe a ambição de se especializar na vertente corporativa. “Passei de um escritório de cinco pessoas para trabalhar na EY (Ernst & Young)” - uma empresa multinacional de serviços profissionais-, afirma Fátima Correia da Silva. A advogada mudou-se para Lisboa e durante onze anos na EY, especializou-se em fiscalidade, tal como aspirava, viajou regularmente e ainda chegou a integrar a “área de Serviços Forenses e de Integridade.” É durante a pandemia que surge a oportunidade de ir trabalhar para a Critical TechWorks e Fátima Silva não a desperdiça. Viu ali um grande desafio, que lhe permitia finalmente cumprir com o grande propósito que lhe fez seguir direito: “Tive oportunidade de aplicar o que fui aprendendo ao longo dos anos, mas voltando a trazer para a ação os valores que me guiavam desde início e a possibilidade de criar algo que faria a diferença na sociedade.” A Critical TechWorks é uma
empresa resultante da parceria do grupo BMW e da Critical Software, tendo como objetivo apoiar a BMW na criação de software para os seus futuros automóveis. A BMW entrega à Critical TechWorks diferentes projetos que têm impacto em várias “vertentes e unidade de negócio da marca.” Para além disso, o foco está na inovação,
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“
DE
O QUE
olhando para as necessidades do consumidor para apresentar novas soluções tecnológicas à BMW. O objetivo passa por criar um “espaço criador de vivências, entretenimento e conforto para o nosso dia a dia, muito além de um simples meio de transporte”, explica Fátima Correia da Silva. A nível jurídico, Fátima refere
que os seus principais valores “são comuns a todas as pessoas, sendo transversais, desde os ´shareholders´ aos ´entry levels.´ Atuam sempre perante a integridade e a transparência, “desafiando o lado tendencialmente mais teórico da área jurídica”, ou seja, o pensamento está sempre em alcançar o resultado, mesmo que este
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pareça impossível. A Critical TechWorks destaca-se pela sua atuação estratégica de compliance, na implementação do RGPD, no monitoramento legal e potencial mitigação de risco. A empresa é bastante assertiva nestas questões jurídicas e, por isso mesmo, os seus colaboradores sentem-se seguros, mas também se demonstram “atentos e curiosos sobre estes temas, com implicação direta no seu trabalho diário”, acrescenta a CCO.
Um advogado é, cada vez mais, imprescindível numa empresa e se até há pouco tempo era unicamente responsável por “rever contratos e reconhecer assinaturas”, agora assume “um trabalho de apoio à estratégia, à gestão de risco e à tomada de decisão, com uma visão jurídica como pano de fundo - é um verdadeiro Chief
Legal Officer”, explica Fátima Correia da Silva. A mesma ainda acrescenta que o advogado corporativo deverá estar constantemente a aprender e evoluir com o mercado, de modo a criar, na vertente legal, “vantagem competitiva” às empresas.
Os advogados “devem ser uma espécie de confidentes dos órgãos decisores. Efetivamente, somos uns guardiões de segredos”, afirma Fátima Silva. Em início de um novo ano, Fátima Correia da Silva confessa estar já em marcha um plano de crescimento ambicioso, com base no compliance. O objetivo passa por acompanhar os “desafios legislativos que vão surgindo”, em que a CCO revela estarem a “preparar as medidas para a transposição da diretiva ESG, fundamental para continuarmos a desenvolver um negócio com
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ACREDITO
NATURALMENTE E TUDO SE IRÁ RESUMIR AO MÉRITO, NÃO AO GÉNERO
foco em pilares de sustentabilidade e compromisso para um futuro melhor.”
É na Critical TechWorks que Fátima alcançou muitos dos seus objetivos e onde encontrou um local de constante progressão profissional. Como mulher, refere que ainda existe algumas discrepâncias na progressão de carreira, sendo que a mesma não acontece de “igual modo entre géneros” e a grande razão está na permanência das gerações passadas
na profissão. Contudo, Fátima demonstra-se confiante e acredita que esta mentalidade alterar-se-á nos próximos anos:
“Acredito que, dentro de 20 ou 30 anos, esta troca geracional no mercado de trabalho ocorrerá naturalmente e tudo se irá resumir ao mérito, não ao género.”
“Vivemos numa meritocracia e este gap vai fechar naturalmente, trazendo à Mulher advogada um papel mais equi-
librado”, acrescenta Fátima Correia da Silva.
Para além desta “troca geracional”, é necessário que “as organizações olhem para a diversidade e inclusão como um plus, não um handicap, enquanto potenciam, cada vez mais, a liberdade laboral”, acrescenta Fátima Silva. É necessário haver confiança da organização no trabalhador e do trabalhador na organização, para que possa haver espaço para uma maior “autonomia e responsabilidade”, afirma. Como uma mulher num cargo de topo, Fátima Correia da Silva deixa alguns conselhos para jovens mulheres que pretendem seguir a advocacia: “Saber escutar ativamente e manter imparcialidade, sem julgamento precipitado.” Contudo, torna-se necessário também ser empática, de modo a “colocar-nos no lugar dos outros” e, ao mesmo tempo, resiliente e assertiva, nunca colocando em causa o valor que tem como profissional. “É um equilíbrio desafiante, mas essencial!”, confessa.
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QUE, DENTRO DE 20 OU 30 ANOS, ESTA TROCA GERACIONAL NO MERCADO DE TRABALHO OCORRERÁ
RHmais nomeia Raquel Canoa para gerir Pessoas, Cultura & Solidariedade
A RHmais anuncia uma nova etapa na sua aposta em Pessoas, Cultura & Solidariedade com a nomeação de Raquel Canoa como coordenadora desta área. O cargo resulta de uma evolução, na estrutura da RHmais, e pretende responder ao desafio de reter e atrair talento para a empresa, cada vez mais orientada para as pessoas e para o seu desenvolvimento.
Face ao contínuo processo de recrutamento em larga escala, este Núcleo propõe-se a minimizar qualquer vazio relacional,
desconhecimento da Cultura Organizacional ou falta de identificação que possa existir pela mesma, apresentando várias iniciativas com foco na Employee Experience e na medição regular dos seus índices de Felicidade e Bem-Estar. Desde 2015 na RHmais, Raquel Canoa reuniu experiência em Operações de Contact Center, tendo integrado a estrutura de um dos maiores projetos da empresa em 2017 com a função de dinamizar e de se dedicar ao desenvolvimento da Cultura Organizacional entre os colabo-
radores. A partir de 2019 passou a focar a sua ação na área da Felicidade e Bem-Estar. Formada em Comunicação e Design Multimédia, por onde começou a sua carreira, nunca imaginou que a sua jornada profissional passasse pela Gestão de Recursos Humanos, mas sempre se interessou por temas relacionais como a Liderança, Comunicação, Diversidade, Equidade, Inclusão e Sentimento de Pertença.
“A Cultura de uma organização desempenha um grande papel na oferta de significado e iden-
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tidade para os colaboradores. Ter uma cultura organizacional que é apelativa é um ativo crucial para as organizações atraírem colaboradores de alta performance. É, por isso, importante humanizarmos as empresas e assegurarmos que os vínculos criados são de pessoas com pessoas, consolidando assim uma cultura assente nos seus valores corporativos e disponibilizando um canal de comunicação entre o colaborador e a sua organização”, explica a responsável. “As pessoas querem ser ca-
pazes de se desenvolverem e de encontrarem significado e propósito nos seus trabalhos. Isso acontece de uma forma natural e mais explícita nas artes, mas quando estamos imersos em ambientes corporativos, torna-se necessário encontrar uma forma, um meio ou um canal para expressarmos a significância daquilo que fazemos, sob pena de nos sentirmos apenas um número. A forma como nos sentimos no local de trabalho não pode ser desvalorizada”, completa a profissional.
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“Mulheres em Ação”
PROJETO DE COSTURA SOLIDÁRIO PROMOVE EMPODERAMENTO FEMININO E SAÚDE MENTAL
Aos poucos, a porta da Associação Jovem Despertar, em Camarate, vai abrindo e fechando. São 9h30 de terça-feira, mas este gesto repete-se duas vezes por semana. Chegam a dona Maria da Conceição, a dona Feliciana e a dona Tereza, já animadas na conversa. Pouco depois, o grupo vai-se completando e ocupando os seus lugares junto às máquinas de costura. Ao todo, são oito (mais uma senhora que repete o curso) estas “Mulheres em Ação”, as participantes da segunda edição do curso de costura derivado de um projeto solidário com o mesmo nome. Enquanto preparam as máquinas e os tecidos para começar,
sob as indicações das professoras Cidália Maia e Vanessa Maia, que alternam entre si, o ambiente de euforia vai acalmando para dar lugar à concentração e aprendizagem.
“Na Ajuda em Ação defendemos os direitos das mulheres através de projetos que ajudam a dar-lhes voz, para que nenhuma mulher seja invisível”, começa por explicar Mário Baudouin, Diretor de Programas da Ajuda em Ação, a Fundação responsável por este projeto. O projeto de costura em Camarate, Loures, é realizado nas instalações da Associação Jovem Despertar desde 2019, e tem como objetivo empoderar mulheres que vivem numa situação de vulnerabili-
dade social e fornecer-lhes as ferramentas necessárias para se tornarem protagonistas do seu próprio futuro. Ao todo, o projeto Mulheres em Ação ajudou já 40 mulheres de diferentes etnias e culturas.
Além da formação em costura, o projeto oferece também ferramentas de desenvolvimento pessoal e formação em literacia digital, competências que visam empoderar estas mulheres e incentivá-las a empreender nos seus potenciais negócios.
“A primeira coisa é aprender a coser à máquina e dominar a máquina de costura. Saber enfiar, saber escolher os pontos, saber alargar, diminuir…, portanto, saber utilizar a má-
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quina de costura de uma forma correta”, explica Cidália Maia, a professora responsável, “e depois o que fazemos é começar por peças de iniciação, por coisas mais básicas e, a pouco e pouco, vamos aumentando o grau de dificuldade”. No que diz respeito às participantes, vão chegando ao projeto através do “boca-a-boca”, quer seja através do padre da região, da escola onde os filhos andam, ou por colegas que já o conhecem, como explica Tereza Tavares: “Quando era mais nova aprendi um bocadinho de costura, mas quando vim para Portugal desisti. Quando começou o Covid já estava reformada, comecei a fazer croché e uma colega disse-me que havia um sítio para fazer costura, e que me podia trazer”. Feliciana Almeida, a colega mencionada, chegou ao projeto com a ideia de “praticar e fazer aquilo que aparecer, que as pessoas me pedirem para ganhar algum dinheiro”. Com o passar dos dias, “trouxe duas colegas minhas, consegui convencê-las quando lhes disse que estava num curso de costura. Disseram-me logo para as avisar se houvesse um lugar e viemos todas”. Além das ferramentas mencionadas acima, algumas participantes consideram ainda outras mais-valias neste curso. Isabel Pestana, viúva e responsável por um filho com esclerose múltipla, atribui outro valor importante ao projeto: o da saúde mental. “Eu vivia muito fechada em casa”, começa a participante por explicar, “sempre gostei de costurar mas nunca tive a oportunidade de aprender. E agora, estar aqui, é bom para a minha cabeça, mantém-me
ocupada e é bom conviver com estas senhoras. Sinto-me muito bem. Achava que não ia conseguir, mas já vendi algumas peças e com o meu filho é uma boa ajuda a nível de dinheiro. Quero continuar a aprender, agora ninguém em para!”. Para Maria José Conceição, a aprendizagem faz-se aos poucos e com algumas restrições, devido a alguns problemas de saúde: “Eu vim para cá doente, não vejo bem e tenho problemas nos ossos. Então como não consigo trabalhar, inscrevi-me para aprender a fazer costura”. Aos poucos, vai conseguindo aprender, tendo já feito uma saia e estando também a aprender a fazer o saco e o kimono. “Estou muito contente, porque sempre gostei de aprender costura, só que não tive possibilidade. Estes projetos ajudam muito. Quem precisa de medicamentos e consegue fazer uma peça de roupa, pode vender e já consegue comprar os medicamentos, já consegue pagar a luz, a casa”.
Quanto aos objetivos após a conclusão do curso, são praticamente unânimes entre todas. “Hoje é bom aprender várias coisas, várias profissões. Vou fazer publicidade com os meus amigos e familiares”, conta Maria Amélia, adicionando que “a minha filha vai fazer publicidade no Facebook para arranjar clientes, e quero também continuar a fazer roupa para mim e para os meus filhos, como já consegui fazer”.
Maria da Conceição concorda, dizendo que “a reforma é muito pouca” e Feliciana Lourenço explica que “se alguém me pedir para fazer uma bainha ou um lençol, eu consigo fazer ga-
nhar algum dinheiro”. Inclusive, quase todas já tiveram encomendas, como é o caso de Maria Pinheiro: “por enquanto, estou a tentar fazer mais peças, a guardar para o verão e fazer mais publicidade para venda. Tenho feito também algumas opções de lençóis, com efeitos de tecidos africanos e já fiz algumas encomendas”. Ricardina Cuthbert está já a participar no curso pela segunda vez e, quando iniciou, “não sabia sequer enfiar uma agulha na máquina”. Hoje, consegue já fazer “um bocadinho de tudo, seja calças, calção, fronhas. Não a 100% ainda porque requer prática, mas agora já consigo vender algumas coisinhas”. Quanto ao projeto em si, Ricardina não tem dúvidas de que “é um projeto bom e bonito, e devia ser um projeto para a vida, acho que as pessoas precisam. Depois de viver esse momento de estar uns com os outros, que é importante, conseguimos partilhar e não desistir de poder aprender”. Algumas das dificuldades identificadas pela professora são a falta de máquinas em casa, pois irem às aulas aprender e não poderem praticar em casa torna o processo de aprendizagem mais moroso, e a falta de tecidos doados, obrigando por vezes a que aprendam em tecidos mais complicados de manobrar ao início, como a seda. Quanto à primeira dificuldade, esta foi já ultrapassada: aquando da conclusão do curso, no passado mês de dezembro, todas as participantes receberam uma máquina de costura oferecida pela Ajuda em Ação para que possam praticar e investir nos seus pequenos negócios.
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EM CADA MOMENTO DE COACHING COM OS EMPRESÁRIOS E AS SUAS EQUIPAS APRENDO
Alexandra Lemos, ceo da Premium Coaching, é engenheira, coach e lançou recentemente o seu livro “Amor Corporativo.” Nesta obra onde o amor corporativo é apresentado como o elemento diferenciador no potenciar das ligações interpessoais em contexto laboral e na felicidade nas instituições. Em entrevista à Revista Liderança no Feminino, deu a conhecer um pouco mais do seu trabalho como Internacional Certified Coach, formadora para Portugal da ICC e a sua vasta experiência no coaching empresarial.
Quem é Alexandra Lemos?
Fale um pouco - em termos gerais - sobre o seu percurso até aqui. O meu percurso tem momentos felizes e também desafiantes, no sentido de algumas vezes ter ponderado desistir da área que me apaixona. Felizmente, mantive-me fiel ao que me realiza como pessoa e profissional: o trabalho com o fator humano e as surpreendentes descobertas sobre tudo o que ainda iremos aprender sobre o potencial humano, assim como também sobre as suas resistências internas que criam um formato de GPS mental que nos afasta do centro de cada um. Comecei a minha atividade
profissional como engenheira especializada na área da óleo hidráulica e trabalhei na construção da Ponte Vasco da Gama, nos acionamentos das cofragens e do carrinho de avanço. Quando percebi que tinha sido poupada a um acidente de trabalho na ponte, decidi procurar uma área profissional em que pudesse honrar a minha energia sensível a pessoas, continuar a agradecer à vida pelo facto de me manter capaz de fazer muitas pontes humanas através do coaching. Tenho sido uma aprendiz de temas relacionados com a «engenharia humana» e chego a um ponto do meu percurso em que me é fluído estabelecer relações coesas, nas
quais as pessoas aprendem sobre si mesmas e clarificam o que querem, percebendo o que realmente importa na vida. Tem sido um percurso bafejado pela alegria, o amor, a aprendizagem e a apreciação de pessoas e do seu desenvolvimento da consciência, a ponto de sentirem em maior equilíbrio nas suas diversas transições.
O que a motivou a licenciarse em Engenharia Química e mais tarde a tirar PósGraduação em Ciências
Empresariais - Marketing e Empreendedorismo?
A licenciatura em Engenharia Química captou a minha atenção pela parte prática de poder
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Amor Corporativo MUITO SOBRE MIM MESMA E GANHO O MELHOR SENTIDO QUE A VIDA TEM PARA MIM
encontrar soluções para o funcionamento das reações químicas, através de instrumentos, equipamentos, engrenagens e sistemas complexos que processam átomos, moléculas, compostos. Esta parte da transformação da matéria em algo novo, perceber os eletrões, neutrões e protões e as suas dinâmicas ao serviço de produtos de utilidade para as empresas e os seres humanos foi a chave. Sempre me interessei pela parte invisível do lado visível das coisas. Quando passei a lidar com interculturalidade do trabalho no terreno das operações com profissionais de diferentes origens e geografias, percebi que gostava de ser empreen-
dedora na área dos sistemas mais incríveis com os quais podemos lidar e que não se processam como lidamos com as máquinas, pois não têm um botão on/off as pessoas e a natureza ativa dos bens não instrumentais, isto é, os bens relacionais que se constroem nas pontes que fazemos uns com os outros. Quis perceber como se gere uma empresa a partir do zero e fui procurar instruir-me, aprender nas áreas das ciências empresariais. Foi um passo que marcou muito positivamente a minha vida, pois lancei-me como empreendedora na área do coaching. Hoje faço a gestão da Premium Coaching e sinto-me realizada pelas aprendizagens
que fiz para poder dirigir o empreendimento de contribuir para relações importantes e longevas com os meus clientes.
É professora convidada de várias Universidades, 1ST, TecMinho, ISPA, ISCTE, ABS, Universidade de Coruna. O que a fez enveredar pela área do ensino académico? Foi algo que sempre quis? Sempre gostei de aprender no movimento de ensinar. Vejo a parte académica como uma partilha daquilo que sei, colocando na equação os inputs que os alunos me trazem e que me permitem dar também o meu melhor. Não fui à procura
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desta parte ligada à academia. Penso que a academia me foi lançando convites para poder partilhar aquilo que é a minha experiência de coaching e que pode acrescentar valor.
Para além de todos as técnicas e teorias que leciona quais são os principais valores que passa aos seus alunos?
Os valores definem o que é verdadeiramente importante para cada um de nós. Nestes termos, valores como a ética, a integridade, a autenticidade e a coerência são os pilares nucleares para sermos bem sucedidos em qualquer área e principalmente no coaching, na liderança de outros, na dedicação empenhada a um trabalho que nos permita servir as futuras gerações através da nossa pegada consciente e colaborativa. Passo aos alunos valores de serviço à comunidade, de confiança, de dedicação a causas ecológicas (que têm um impacto sistémico positivo no maior número de pessoas afetadas e noutras áreas das nossas vidas), de equilíbrio e integração da diversidade.
Já desempenhou várias funções e esteve em vários cargos. Qual foi, até hoje, o maior desafio da sua carreira profissional?
O momento que mais me impactou em termos de desafio foi quando uma crença poderosa se enraizou na minha forma de pensar com resultado direto na minha forma de atuar: quando a vida quis que eu tivesse sido salvaguardada do acidente que vitimou trabalhadores na Ponte Vasco da Gama, eu ouvi-me dizer: «Se não é para morrer, é para
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PREMIUM
E SINTO-ME REALIZADA PELAS APRENDIZAGENS QUE FIZ PARA PODER DIRIGIR O EMPREENDIMENTO DE CONTRIBUIR PARA RELAÇÕES IMPORTANTES E LONGEVAS COM OS MEUS
HOJE FAÇO A GESTÃO DA
COACHING
CLIENTES
viver!». E a partir daí, decidi empenhar-me exatamente naquilo que me apaixona: trabalhar como coach executiva e de equipas numa grande proximidade com as pessoas.
Como surgiu o interesse no coaching?
Cruzei-me com o coaching numa sincronicidade curiosa, em que procurava uma atividade que me permitisse «fazer pontes» com as dinâmicas dos seres humanos ativos, que querem evoluir na sua liderança, nos diversos equilíbrios desafiantes que a vida integra na sua conquista de objetivos de forma ecológica. Conheci as pessoas certas, como os cofundadores da ICC - lnternational Coaching Community, que me desafiaram a experimentar os processos de coaching e a ser a formadora da ICC para Portugal. Além de realizar processos de coaching com executivos e equipas, também formo futuros coaches para exercerem a atividade do coaching com base na excelência interventiva e nos critérios da ética e nos standards da qualidade internacionais.
A Alexandra tem obtido várias certificações, nomeadamente Internacional Coach Trainer da ICC para Portugal, certificada por - Joseph
O’Connor e Andrea Lages, co-fundadores da ICC no mundo. Diria que a sua experiência académica foi determinante para a profissional que é hoje? Sim, sem dúvida. A pessoa que sou hoje é indissociável das minhas bases académicas e de todas as experiências que me foram formando como profis-
sional nas vertentes técnicas e humanas. A formação em engenharia química ajuda-me a ser prática e a entender os modelos cognitivos de uma forma profunda e transferível para a realidade dos temas dos meus clientes. A formação em empreendedorismo e ciências empresariais trazem me a lógica do funcionamento da minha empresa em coordenação com o mercado e as nuances do funcionamento das empresas clientes e parceiras. A formação em psicologia Carl -Junguiana abre me espaço para unir razão e emoção na compreensão cognitiva e intuitiva das dimensões humanas que permitem um trabalho intenso no desbravar das perguntas certas para despertar os movimentos mentais e emocionais dentro das pessoas que me permitem ser os meus sócios de aprendizagem: os meus clientes. A formação nas áreas do coaching sistémico apetrecham-me das ferramentas e intuição adequadas a intervenções de coaching de espectro alargado para além do plano cognitivo.
A sua ajuda a orientar o empresário e a empresa rumo à liderança, ajuda-a também enquanto pessoa a conhecer o seu sentido na vida?
Adoro esta pergunta! É precisamente a perspetiva de uma aprendizagem esférica de tipologia ganha-ganha que eu considero ser a maior valência de valor acrescentado trazido à minha vida, pela atividade de coaching que exerço. Em cada momento de coaching com os empresários e as suas equipas, aprendo muito sobre mim mesma e ganho o melhor sen-
SE NÃO É PARA MORRER, É PARA VIVER!». E A PARTIR DAÍ, DECIDI EMPENHAR-ME EXATAMENTE NAQUILO QUE ME APAIXONA: TRABALHAR COMO COACH EXECUTIVA E DE EQUIPAS, NUMA GRANDE PROXIMIDADE COM AS PESSOAS
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tido que a vida tem para mim e que eu sinto honrar com a minha dedicação: estar muito de bem com a minha profissão, por me sentir inspirada pelos clientes e refletir sobre o meu papel no mundo, no meu microcosmos, no qual sinto que contribuo de forma produtiva. Recebo feedbacks incríveis por parte dos clientes, que atingem os seus objetivos, sem ser pela pressão do dia a dia, e sim, com a clarividência dos valores que tornam os seus sonhos importantes e a consciência que a sua existência na vida de uma organização é também uma presença marcante na vida das pessoas que tocam e que podem fazer a diferença pela sua atitude e comportamentos íntegros, empáticos, mobilizadores de ações que impactam positivamente um sistema alargado: as pessoas das suas equipas, as suas organizações e todo o sistema alargado que é o tecido empresarial local e global.
A Alexandra é autora do livro “Amor Corporativo.”
O que a inspirou a escrever esse livro?
As pessoas que ao longo dos últimos 20 anos têm confiado no meu trabalho como coach são precisamente a minha fonte de inspiração. As suas narrativas apontando aquilo que não as mobiliza para o bem estar e o facto de ter descoberto que todas as perguntas que tenho colocado aos meus clientes os remete para o mesmo epicentro: o amor. Este amor como a manifestação mais genuína de ser reconhecido e reconhecer o valor dos outros, de estabelecer relações vitais no posto de trabalho com base na empatia, no sentido de pertença, na
consciência de realização profissional e pessoal ao serviço de um bem maior: a produtividade individual e coletiva que eleva o sentido de continuidade das empresas e do sentido de utilidade das pessoas que fazem das empresas os motores de progresso da realização humana enquanto as pessoas trabalham. O “Amor Corporativo” fala de como é importante que queiramos e possamos avançar para uma melhor qualidade de seres humanos na nossa tomada de consciência sobre diversos aspetos: como nos escutamos com atenção plena e como ouvimos, conscientemente, os outros. Por que perspetivas observamos o que se passa no nosso comportamento, quando agimos e reagimos ao comportamento dos outros. Como interpretamos e validamos o mundo para sermos sistemicamente funcionais. Como deixamos a nossa presença elevar a energia da atmosfera do espaço relacional, a ponto de, em cada interação, deixarmos uma marca positiva em nós e nos outros. Como expandimos o nosso desejo irrefutável e ardente de sentirmos o amor num nível superior, nos contextos em que nos sentimos bem. Destaco os ambientes profissionais, os quais por excelência, envolvem pessoas, as suas atitudes e as consequências das suas decisões e manobras de utilização do poder. Este amor que no contexto corporativo se veste de valorização, escuta ativa, respeito, espírito colaborativo, comunicação empática e generativa, para resultados vantajosos para todos (desde o topo à base dos níveis hierárquicos das empresas). Investimos tempo suficiente
no trabalho, para também aí, podermos sentir a recompensa de nos sentirmos amados, ouvidos, respeitosamente acompanhados nos nossos comportamentos (reforçados, corrigidos, aperfeiçoados), validados nas nossas sugestões, opiniões, criatividades e energizados, porque existe uma visão elevada sobre as pessoas que fazem parte do universo corporativo. Como é tão incrível termos a capacidade de escolhermos ser mais autores do que vítimas daquilo que nos acontece, e colocarmo-nos ao volante das nossas vidas, com um GPS mental adequado à saúde integral do nosso ser. Determinarmos um ponto do caminho em que passamos a viver de acordo com os padrões elevados da qualidade humana que mais queremos melhorar, para sermos criadores de vida, de afetos, de ligações fortes e assertivas em compreensão mútua e em amor.
Como podemos reorientar a nossa bússola emocional para destinos emocionais mais satisfatórios, para sermos pessoas de bem com a vida, num padrão coerente e consistente. Como podemos sentir amor próprio, curador e restaurador. E amor dos outros, nutridor e revelador. É o amor - esta vibração que não se explica com ciências exatas, nem com fórmulas matemáticas rebuscadas ou simplificadas, mas que se sente e se intui. Um amor que nos torna maiores a energizar o espaço sagrado do nosso eu e o do outro.
O que ainda almeja alcançar?
Almejo continuar o meu projeto de escrita sobre o amor,
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aplicado a outros sistemas tão importantes das outras áreas das nossas vidas: as dinâmicas de casal, a relação pais e filhos, a conexão professores-alunos, a ligação voluntariosa de todos os que se empreendem em projetos de caráter social e a elevação da alma lusitana, focando o amor patriótico. Tenho, por isso, bem definido no meu ecrã mental a criação de mais cinco livros sobre o amor revelado nestes outros sistemas correlacionados com as nossas vidas profissionais. Tenho ainda um objetivo concreto:
poder ter um projeto criativo relacionado com a realização de um programa de televisão dedicado a eleger os resultados impactantes e positivos de tudo aquilo que se faz bem em Portugal, numa ponte de crescimento e inspiração baseada no desenvolvimento pessoal que o coaching proporciona.
Como é que uma mulher pode ser uma Líder de sucesso?
Sendo fiel a si mesma, aos seus valores e ao seu empenho ético, íntegro e sistémico, sempre que se dedica
afincadamente a construir formas de expandir o contributo para uma sociedade melhor, com projetos vantajosos para todos os envolvidos. O amor revela-se como um ingrediente chave no processo do sucesso. Quem sente amor pelo que faz e tem por base o amor no relacionamento com o outro, produzirá caminhos com significado, importantes para se deixar uma pegada positiva na vida de todos em quem toca e também na preparação do território amoroso, empático, saudável e construtivo das futuras gerações.
Qual a mensagem que gostaria de passar a todas as mulheres e líderes?
Às mulheres líderes deixo uma mensagem de admiração e de parabéns por estarem a marcar de forma séria e útil a vida das suas empresas, colaboradores, clientes, sociedade atual e futuras gerações, como modelos de atuação ética, ativa e contributiva de causas de progresso, numa jornada importante de edificação do papel das mulheres na sociedade. É sempre um processo nutritivo, de mãos dadas com os homens que as ajudam a transformar o equilíbrio entre as forças femininas e masculinas, num pilar fundamental de crescimento e de aprendizagem saudáveis, para termos pessoas de bem com a vida, capazes de pensar e de sentir como podem encontrar soluções para os desafios atuais e futuros, aprendendo com as lições do passado.
Para todas as mulheres e líderes, independentemente do género, e que têm o sonho de poderem realizar a sua missão de vida, apoiando outros nesse
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mesmo processo, deixo a mensagem da importância que o autodesenvolvimento tem para o desenvolvimento dos outros e para a tomada de consciência sobre a forma como se fazem as coisas para se chegar ao sucesso.
Nenhum líder se pode manter numa organização saudável (a qual orgulhosamente apresenta a bandeira da promoção de uma cultura inspiradora para
encantar e reter talentos e fidelizar os seus clientes), sem se dedicar a um trabalho consciente de autodesenvolvimento e de autoaperfeiçoamento constantes. Esta capacidade de autoanálise dos líderes exige uma vigilância ativa sobre os comportamentos de liderança que naturalmente acontecem na conexão às suas equipas, aos pares e aos superiores hierárquicos. A forma
de estar de um líder autêntico, que é uma mais-valia para a organização e para as suas pessoas, conta com as suas capacidades para ser íntegro como valor base e um modelo de inspiração por ser coerente e consistente; ter uma visão clara sobre o destino da empresa, do departamento e da equipa; ter consciência dos problemas, sob a influência de uma mentalidade de autor,
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NENHUM
LÍDER SE PODE MANTER NUMA ORGANIZAÇÃO
SAUDÁVEL (... ) SEM SE DEDICAR A UM TRABALHO CONSCIENTE DE AUTODESENVOLVIMENTO E DE AUTOAPERFEIÇOAMENTO CONSTANTES
o que o leva a focar soluções, a tomar decisões e a superar mais facilmente os obstáculos do dia a dia; ter compromisso com os seus objetivos e, de forma empática, integrar a equipa nesse foco; integrar no seu profissionalismo o contacto com as suas emoções, pois ser um líder sério no trabalho não elimina o facto de se ser uma pessoa também vulnerável, com sentimentos e sensibilidades; ter a capacidade de acompanhar as dificuldades dos reportes diretos e de gerir conflitos; saber usar a sua presença em modo de escuta ativa (ouve primeiro e só fala depois); fazer perguntas para despertar espaços de reflexão, empoderamento, autonomia, criatividade e desenvolvimento dos membros da equipa; ser proativo no reforço positivo e assertivo quando deve corrigir comportamentos; ser empático na comunicação com os diferentes grupos de interesse; promover conexões de elevada qualidade entre os colaboradores, evitando tomar partido de uns em desfavor de outros, cuidando do moral da equipa; mostrar a humildade necessária, quando se engana e adotar a prática da partilha das lições aprendidas; quando detetar temas problemáticos na sua saúde psicológica, deve mostrar ser proativo a procurar ajuda com profissionais especializados na saúde mental e não usar a equipa para descarregar irresponsavelmente as tensões que não consegue resolver sozinho; defender a equipa nos fóruns de debate e encontros com stokeholders, evitando tirar conclusões precipitadas, antes de ouvir as pessoas em causa, em reuniões privadas; reco-
nhecer e celebrar os sucessos dos membros da equipa; promover convívios informais e descontraídos com os membros da equipa, fomentando momentos de alegria com a presença do bom humor e dos sorrisos, e criando laços de apreciação interpessoal fora do local habitual de trabalho. Todas estas práticas elevam o sentido de uma missão de vida dos líderes, precisamente com a chancela do amor, tendo por base a prática da escuta ativa, a observação atenta dos comportamentos, a validação sem assunções de enviesamento e juízos de valor sem fundamento e a energização dos espaços colaborativos, pela sua presença inspiradora e modelar. Esta forma de estar que posiciona os líderes na mente coletiva determina a confiança e o respeito que se estabelecem, de forma natural, simples e genuína, no seu trabalho com as pessoas.
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Maior Feira Ibérica de Mobiliário, Decoração e Brindes recebe dezenas de empresas da fileira Casa Portuguesa
Um significativo contingente de empresas nacionais do cluster do mobiliário e afins viajam até Espanha para a Intergift, a principal feira de mobiliário, decoração e brindes da Península Ibérica, que ocorre entre 1 e 5 de fevereiro. As 43 marcas a marcar presença em Madrid integram diversas indústrias da Fileira Casa, como o mobiliário, colchoaria, têxteis-lar, cutelaria, cerâmica, iluminação e tapeçaria.
No presente ano, a ambição é prosseguir a rota de crescimento exponencial para o país vizinho, que representa o segundo destino mais importante a nível mundial para as empresas da Fileira Casa Portuguesa, com uma quota de mercado de 25%. Em 2022, mais de 450 milhões de euros das vendas de produtos com selo “Made in Portugal” para o exterior destinaram-se a Espanha.
Joaquim Carneiro, Presi-
dente da APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins), refere: “A Intergift é um ponto de encontro fulcral, a nível ibérico, para unir as marcas da Fileira Casa Portuguesa aos principais decisores e prescritores da área, pela dimensão que o mercado espanhol expressa. Congratulamos todas as empresas nacionais que se apresentam de forma consistente, certame após certame, com stands originais e diferenciadores. As
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Marcas nacionais marcam presença na Intergift de 1 a 5 de fevereiro
peças portuguesas são, cada vez mais, exemplo internacional como o expoente máximo da criatividade e qualidade, através de materiais inovadores que honram os típicos atributos nacionais que tanto nos distinguem”. Após uma nova edição de sucesso da Maison&Objet, em janeiro, a Intergift espelha a segunda incursão internacional das empresas da Fileira Casa em 2023, num momento que revela o pleno retorno das
feiras em formato físico no pós-pandemia. Como um evento de elevado potencial comercial para a comitiva lusa, o contacto próximo com os profissionais e compradores dos múltiplos setores representa uma possibilidade para as empresas nacionais reforçarem as oportunidades de negócio e aumentarem o volume de exportações para diferentes mercados.
Sobre a APIMA
A APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins) é uma associação empresarial sem fins lucrativos, criada em 1984, de direito privado e âmbito nacional, sediada no Porto. A Associação tem como desígnio representar as empresas do setor e promover o desenvolvimento de condições que aumentem a sua competitividade nacional e internacional.
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Com 35 anos de carreira na área do Turismo e Hotelaria, Liliana Conde é atualmente secretária-geral na Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP) e gere o seu próprio negócio de consultoria especializada em gestão hoteleira, serviços de excelência, felicidade organizacional e gestão de mudança.
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“Sinto que o nosso valor não é necessário prová-lo, basta ‘ser’ e o resto acontece”
Liliana Conde assume-se como uma mulher lutadora e resiliente, tendo sido estas duas caraterísticas que a trouxeram onde está hoje profissionalmente. “Era eu ainda uma menina de 7 anos e já tinha sonhos e objetivos”, afirma Liliana. Naquela altura o seu sonho ainda não era a hotelaria, mas sim o ballet. Foi nesta arte que se dedicou arduamente, passando várias horas a ensaiar. Desde criança que a consultora luta pelos seus sonhos e mesmo que estes sejam muito difíceis de alcançar, nunca desiste. Liliana é formada em Turismo e revela que entrou na hotelaria “pela paixão, pelo brilho e pelo serviço.” A paixão pela profissão também está diretamente relacionada com outra paixão, as pessoas. A consul-
tora é promotora do trabalho em equipa e acredita que o resultado será melhor se houver “vários pontos de vista sobre o mesmo assunto ou desafio.”
A consultora também considera que a caraterística base de um bom profissional de turismo e hotelaria é “gostar de pessoas, ter a atitude certa e gostar de servir”, refere. Assim, entende-se que a consultora gosta de trabalhar com pessoas e servi-las ao mesmo tempo.
O brilho que a secretária-geral menciona remete para o deslumbre de trabalhar num hotel. Liliana sempre adorou o requinte e o brilho dos hotéis: “É essa a magia da hotelaria - colocar brilho, realizar sonhos, proporcionar aos outros momentos memoráveis, fazer pessoas felizes”, confessa.
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INSTRUMENTO QUANDO TOCADO EM CONJUNTO COM DEZENAS DE OUTROS E SOB ORIENTAÇÃO DE UM MAESTRO, TERÁ
RESULTADO
MELODIA
QUE
A ALMA
COMO NUMA ORQUESTRA, UM
COMO
UMA
HARMONIOSA
TOCA
Por fim, o serviço, ser apaixonado pelo serviço que faz e pelo que é feito. A mentora volta a destacar as pessoas, as mesmas que trabalham para dar vida a um hotel: “desde o diretor, aos rececionistas, aos bagageiros, aos copeiros, aos empregados de mesa, aos cozinheiros, às senhoras dos andares.” Liliana é motivada pela paixão e por quem se encontra à sua volta, considerando que também é esse o caminho para o futuro da hotelaria em Portugal.
“Se queremos atingir segmentos de mercado com maior poder económico e ter um posicionamento mais elevado, tal só se conseguirá através do serviço. Um serviço de excelência em que as pessoas são o fator-chave, porque colaboradores de excelência satisfazem clientes de luxo”, acrescenta Liliana. Para alcançar um serviço de excelência, Liliana considera que é necessário ter a “capacidade de criar emoções positivas, impactar positivamente, surpreender pelo detalhe e, como resultado, criar memórias únicas.”
E foi assim que a consultora conseguiu crescer profissionalmente na área da hotelaria. Liliana começou por ser rececionista no hotel “O Village Cascais” e ao fim de três anos seguiu para a área comercial, assumindo o cargo de promotora de vendas. É nesta área que se mantém, sendo, mais tarde, promovida para diretora comercial.
Passados 5 anos, a consultora assume o cargo de assistente de direção do Hotel do Campo Grande. Com a entrada do grupo Nh nesse hotel e após 9 meses de transição de hotel
independente a hotel de Cadeia Internacional é convidada a abrir o hotel Nh Parque Lisboa (hoje Fénix Urban). Durante esse período Liliana percebe que tem de adaptar-se a uma lógica de trabalho muito diferente de Hotel de Cadeia Internacional: “O desafio foi que em tempo record tive de interiorizar procedimentos, lógicas de trabalho, comunicação com múltiplas equipas, dominar um idioma que até então mal conhecia e por fim ter um chefe a 600 km de distância”, explica Liliana.
Ao fim de nove meses, a secretária-geral é convidada a abrir um hotel de 4 estrelas do mesmo grupo em que já trabalhava (NH Hotels). Mais um grande desafio que Liliana aceitou sem pensar duas vezes e no qual dedicou muito horas e muito esforço. Contudo, o percurso não é só feito de avanços, mas também de recuos, sendo que a consultora teve de passar pela experiência de fechar o mesmo hotel que tinha aberto, o que se demonstrou “emocionalmente muito desgastante”, confessa.
De Lisboa, rumou até ao Algarve para gerir duas unidades hoteleiras. Em 3 anos, trabalhou primeiro na AP Oriental Beach (uma unidade com 90 quartos) e depois na Eva Senses Beach (uma unidade com 150 quartos). Mais uma vez, aceita um desafio que lhe traz uma realidade muito diferente a que estava habituada – “os timings são mais dilatados, as decisões mais lentas e o trabalho é executado com outro ritmo”, revela. Liliana considera que é preciso melhorar muito o serviço numa das regiões mais turísticas do país.
Quando acontece uma pande-
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mia, a consultora, que ainda se encontrava no algarve, viu-se impossibilitava de vir a casa e estar com a sua família, algo que lhe fez refletir: “entendi que o trabalho não é tudo, que existem coisas bem mais importantes que devemos cuidar e valorizar”, explica. Liliana também ficou sem trabalho e foi nessa altura que viu a oportunidade de voltar a Lisboa e criar o seu próprio negócio, onde poderia oferecer a outros os seus serviços, conhecimento e experiência. Antes disso, ainda voltou a realizar vários cursos de complemento, considerando necessário estar constantemente a investir na sua formação.
Há pouco mais de um ano, criou o seu próprio projeto de consultoria especializada em gestão hoteleira, serviços de excelência, felicidade organizacional e gestão de mudança e também é a atual secretária-geral na Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP). Para além disso, escreve artigos para a Publituris Hotelaria e é convidada para diversos “Pitches.” Como secretária-geral, Liliana acarreta funções relacionadas com “o desenvolvimento de parcerias, a nível nacional e internacional, com congéneres, assim como na dinamização de iniciativas – Um exemplo é o congresso anual que reúne profissionais, institucionais e instituições de ensino”, explica. Como mulher, Liliana nunca sentiu que teria de provar constantemente o seu valor, tendo encontrado sempre grande recetividade, por parte do presidente e membros da direção, às ideias que apresenta.
Liliana considera que temos
de ser nós a mostrar o nosso valor, “de forma a materializarmos com sucesso esse nosso trabalho onde quer que estejamos”, acrescenta.
Contudo, Liliana Conde considera que dependendo da área de mercado em que uma mulher se encontra a trabalhar, poderá existir maior ou menor facilidade de progressão. Dando o exemplo da hotelaria, a consultora confessa que quando iniciou a carreira era “raro ver mulheres em posições de chefia de departamentos e mais ainda como diretoras gerais ou administradoras.” Se houvesse filhos na equação, ainda mais razões haveria para deixar aquela colaboradora para segundo plano, não a deixando evoluir, considerando que a mesma não teria tanta disponibilidade.
A secretária-geral ressalta também que existe uma mentalidade diferente fora de Portugal: “Na Cadeia internacional em que trabalhei, e que não era portuguesa, ao nível de diretores de zona, a maioria eram mulheres”, revela.
Atualmente a realidade já é diferente e já se vê mais mulheres em cargos de topo, tais como as direções comerciais, de marketing e direções gerais. Contudo, a consultora confessa que ainda vê “poucos exemplos de mulheres nas administrações das organizações ou mesmo em cargos públicos ligados ao setor.” Já se evoluiu, mas ainda existe muito caminho a percorrer.
Liliana recorreu aos dados do INE 2022 para destacar que existem mais mulheres a trabalhar no turismo (53%), do que homens (47%). Porém, as mulheres continuam a obter um salário inferior aos ho-
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“ SINTO QUE O NOSSO VALOR NÃO É NECESSÁRIO PROVÁ-LO, BASTA ‘SER’ E O RESTO ACONTECE
mens, sendo mais notória a diferença em cargos de topo. A consultora acredita que estas diferenças salariais ainda acontecem pela mentalidade de “o homem é que leva dinheiro para casa” e o facto de a mulher ser mais protegida pela família, tentando impedi-la de ter experiências de trabalho internacionais, por exemplo. Liliana Conde deixa alguns conselhos para ultrapassar estas diferenças, sendo elas o “Saber rentabilizar de melhor forma o saber e experiência adquiridos”, não aceitando qualquer proposta e tendo consciência do nosso valor. Para além disso, é essencial querer constantemente evoluir, procurando pelo local de trabalho que apresente melho-
res condições a nível de reconhecimento.
A consultora também destaca que já existem medidas para conseguir mudar esta mentalidade e do qual jovens mulheres se podem apoiar: “existe um Programa do Governo Portugal + Igual que é um plano estratégico de igualdade e não discriminação 2018-2030”, explica Liliana.
Durante todo o seu percurso, Liliana tem vindo a ser distinguida pelo seu exímio profissionalismo, tendo chegado ao cargo de diretora hoteleira.
A atual consultora considera que isso deve-se a toda a sua entrega e dedicação, resultados de uma grande paixão pelo que fazia, pela satisfação dos clientes, dos stakeholders e
motivação das equipas. Liliana continua a reforçar o seu caráter resiliente, que não lhe deixa negar desafios.
A secretária-geral destaca que a grande consequência do trabalho é mesmo o reconhecimento, contudo alerta que um profissional não deverá trabalhar só para alcançar esse reconhecimento, porque o mesmo poderá não chegar. Se este não chegar e a pessoa tiver à espera do mesmo, haverá uma grande desmotivação. De entre as várias formações que soma ao seu percurso profissional, Liliana possui a certificação internacional em coaching, um MBA em Felicidade Organizacional, um curso de Chief Happiness Officer, de luxo e de “Change Management”. A consultora sempre pretendeu aprender mais e considera que todas estas formações foram “transformadoras.”
Liliana confessa ter várias paixões e teve a sorte de todas se relacionaram entre si: para poder fazer um serviço excelente, é necessário entender como as “marcas de luxo recebem, se comercializam e interagem com os seus clientes”, explica. Se a hotelaria interage com as pessoas, não
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“ SEMPRE GOSTEI DE DESAFIOS DIFÍCEIS QUE ME EXIGISSEM PROCURAR NOVAS SOLUÇÕES, SER CRIATIVA, IMAGINAR CENÁRIOS, DAR A VOLTA ÀS SITUAÇÕES
O COACHING É UMA DAS FERRAMENTAS PARA SERMOS FELIZES E FAZERMOS OS OUTROS FELIZES
basta só pensar no cliente, mas também em quem trabalha na organização e “é aí que entra a felicidade, entender como as pessoas se sentem na organização.”
Para isso é também necessário realizar um bom trabalho de liderança, que deverá ter o papel de “influenciar e inspirar as pessoas”, para que as mesmas criem relações positivas, estejam motivadas e felizes, contribuindo para um bom ambiente de trabalho. De acordo com Liliana, um líder também deve saber implementar mudanças da melhor forma, conseguindo diminuir a resistência dos restantes colaboradores. Para conseguir ter esta capacidade decidiu que seria necessário tirar o curso de “Change Management”.
A certificação em coaching fez todo o sentido para a consultora: “permitiu-me olhar para dentro, auto conhecer-me e saber exatamente como conseguir o meu equilíbrio. Centrar-me no ‘ser’, traçar o caminho para me tornar a minha melhor versão de mim
própria, para mim e para os outros”, confessa. Para Liliana, o coaching permite “identificar talento e futuros líderes.” De um modo resumido, esta formação resulta em tornar o formando mais conhecedor de si próprio e feliz, para que depois possa impactar a restante organização a ser feliz. Todo o seu percurso poderá ser visto como um exemplo para jovens mulheres que pretendem fazer a sua carreira na gestão do turismo e hotelaria. Liliana Conde deixa vários conselhos, em que o principal é serem “incansáveis na busca de informação e formação”, sendo que para ser um bom líder é necessário ter múltiplos saberes. A consultora nunca descarta a humanização do cargo, sendo necessário “trabalhar a empatia, a inteligência emocional, ter um bom autoconhecimento, saber escutar”, caraterísticas que se ganham com o coaching, ressalta Liliana.
“Liderar usando a razão e o coração”, revela a consultora. A mesma pede também para
nunca desistirem, sendo que mais tarde ou mais cedo irão ser reconhecidas.
Neste momento, Liliana Conde sente-se realizada com os seus objetivos, tendo vindo a defini-los ao longo da carreira: “aos 30 ser diretora comercial, aos 40 ser diretora-geral e aos 50 divertir-me, fazendo o que mais me realizasse, estando sempre alinhada com o meu propósito”, afirma.
Atualmente gere o seu tempo, prioridades e objetivos, que a curto prazo passam por “continuar a fazer mais e melhor, estando próxima dos meus clientes e parceiros.” Quanto a sonhos maiores, ambiciona um dia ter o seu próprio espaço de turismo para gerir, escrever um livro e continuar a viajar pelo mundo.
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SORTE DÁ MUITO TRABALHO E SEJAM FELIZES!
Emília Roseiro nomeada Diretora de Recursos Humanos da Bel para a Europa do Sul e Turquia
Emília Roseiro é a nova Diretora de Recursos Humanos da Bel para a Europa do Sul e Turquia. Após sete anos na liderança dos Recursos Humanos da Bel Portugal, Emília Roseiro abraça agora o desafio de dar mais apoio e perspetiva global ao nível do cluster Europa do Sul, onde os recursos humanos terão um papel-chave na transformação da empresa. Esta alteração vai permitir desenvolver as equipas locais de Recursos Humanos, dar visibilidade às melhores práticas, procurar sinergias com base nas competências das equipas, sempre com foco na
criação de valor para o negócio e para os colaboradores. Emília Roseiro é licenciada em Gestão pelo ISCTE, com especialização em Marketing e pós-graduada em Recursos Humanos pela Universidade Católica.
Depois de uma experiência consolidada em Vendas e Marketing na Mars, Heineken e Sara Lee Foods, integrou a Bel Portugal, em 2003, como Brand Manager para Marcas Locais, depois Marketing Manager, e RH Manager. Em 2015, tornou-se Diretora de Recursos Humanos da Bel Portugal e também da Bel Itália em 2022.
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