#33 | FEVEREIRO DE 2021
Liderança no Feminino® é uma publicação da responsabilidade editorial e comercial de Sandra Arouca | Periodicidade mensal | Venda por assinatura 8€
FÁTIMA LOPES
A SERENIDADE INATA DE UMA COMUNICADORA APAIXONADA PELA VIDA
VERA KENDALL Administradora da Smart Studios Pioneira do co-living em Portugal MAGDA GONÇALVES Diretora do Colégio do Vale A difícil tarefa de educar em tempos de Pandemia ÂNGELA VICENTE Diretora Geral do CPBESAB Considero que os meus valores e a minha missão me definem
LIDERANÇA NO FEMININO | Fevereiro de 2021
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ÍNDICE 4 | EDITORIAL 6 | FÁTIMA LOPES: A SERENIDADE INATA DE UMA COMUNICADORA APAIXONADA PELA VIDA Fátima Lopes, Consultora e Oradora, Fundadora do site Simply Flow 14 | É PRECISO VIVER PARA A MARCA E TRABALHAR MUITO Vera Kendall, Adminstradora da Smart Studios 18 | OS TEMPOS QUE SE AVIZINHAM NÃO SERÃO FÁCEIS PARA QUALQUER UM DE NÓS Ana Alturas, Psicóloga e membro da Ordem dos Psicólogos 22 | QUAL A VALIDADE DA ASSINATURA ELETRÓNICA? Daniela Colaço, Advogada da SGP Team 26 | A DIFÍCIL TAREFA DE EDUCAR EM TEMPOS DE PANDEMIA Magda Gonçalves, Diretora do Colégio do Vale 30 | MOTTO: MENTORING DIRECIONADO A JOVENS Sofia Tavares e Adriana Coutinho,fundadoras do projeto MOTTO 34 | A PAIXÃO PELAS PALAVRAS Sandra Duarte Tavares,fundadora e diretora-geral da Communica
FICHA TÉCNICA Direção e Edição: Sandra Arouca Jornalistas: Ana Moutinho, Ana Duarte e Eurico Dias Web developer: Ana Catarina Gomes Design e Paginação: Pedro Guedes Marketing e Gestão de Redes Sociais: Catarina Fernandes Contactos: geral@liderancanofeminino.org redacao@liderancanofeminino.org Registada na ERC com o n.º 126978 Propriedade de Sandra Arouca Sede e Redação - R. Nova da Junqueira, 145 4405-768 V.N.Gaia Periodicidade mensal Liderança no Feminino® tem o compromisso de assegurar os princípios deontológicos e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. O conteúdo editorial da Revista Liderança no Feminino é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Todos os artigos são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da editora. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução total ou parcial de todos os artigos, sem prévia autorização da editora. Quaisquer erros ou omissões nos artigos, não são da responsabilidade da editora.
40 | CONSIDERO QUE OS MEUS VALORES E A MINHA MISSÃO ME DEFINEM Ângela Vicente, Diretora Geral do (CPBESAB) Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Atouguia da Baleia (Peniche) 44 | AMOR DE QUARENTENA: RELAÇÕES ONLINE TORNAM-SE UMA REALIDADE 46 | COMO PROGREDIR NA CARREIRA? Sally Helgesen,Especialista em Liderança Feminina,escritora e coaching 50 | ESPAÇOS PÚBLICOS LIVRES DE PESTICIDAS E REGENERAÇÃO DO TERRITÓRIO – DESAFIOS, OPORTUNIDADES E UM CONVITE À AÇÃO Alexandra Azevedo , Vice-Presidente da Quercus
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| FEVEREIRO 2021
EDITORIAL Nesta edição, a revista Liderança no Feminino dedica-se a histórias inspiradoras de várias líderes, após um ano de 2020, marcado por uma pandemia global. Num mundo em que se procura esquecer os danos que a COVID-19 infligiu e encontrar novos reequilíbrios, esperam-nos desafios e oportunidades nesta admirável vida nova. Afinal, que lideranças estão a emergir nestes tempos? Que líderes vão sobressair? Que novos papéis iremos desempenhar? Queremos mais líderes, colaboradores mais saudáveis e sociedades mais felizes. Esta edição é pautada por histórias inspiradoras de várias Líderes, Mulheres que abraçaram novos desafios. Este é o desígnio da Liderança no Feminino, que , ao longo dos anos, tem vindo partilhar histórias marcadas por uma postura pioneira e inovadora! Na entrevista de abertura, destacamos Fátima Lopes, com quase três décadas de experiência no mundo da comunicação – sobretudo a apresentar programas de daytime nos principais canais de televisão privados portugueses –, Fátima Lopes encontra-se numa nova fase da sua vida, a qual encara com “tranquilidade”. Vera Kendall, fundadora da Smart Studios, foi a primeira empresa em Portugal a trabalhar o conceito de co-living, trabalha no sector imobiliário há mais de 15 anos, manifesta um conhecimento profundo do mesmo e das características necessárias para o sucesso. Magda Gonçalves, diretora do Colégio do Vale, que tem a seu cargo a difícil tarefa de educar em tempos de Pandemia. Com uma matriz pedagógica bem definida ao longo de décadas de história, o Colégio do Vale teve, em 2020, um ano desafiante, face à pandemia da covid-19. A passagem das aulas para a modalidade de ensino à distância exigiu muitos ajustes, de forma a tornar o processo mais eficaz.
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Ana Alturas, membro efetivo da Ordem dos Psicólogos, realça a importância que a psicologia e a psiquiatria face ao impacto que a pandemia da covid-19 está a gerar na saúde mental da população. Em Portugal há muito que são reclamados mais recursos e meios por parte dos agentes envolvidos que diariamente lutam contra o estigma que ainda prevalece sobre aqueles que necessitam de ajuda. Sandra Tavares, uma história de sucesso e confiança na comunicação. Pautada por uma postura pioneira e inovadora em prol da língua portuguesa. Fundadora e diretora-geral da Communica. É, desde 2008, colaboradora da RTP em programas televisivos e radiofónicos sobre Língua Portuguesa e também cronista na Revista VISÃO. É autora de vários livros. Apresentamos, o projeto MOTTO, um novo projeto de Mentoria focada em jovens - For a better view of your life - que juntou duas empreendedoras, Sofia Tavares, Ceo da Be present e Adriana Coutinho, atualmente Diretora de Marketing da ManWinWin Software. Ângela Vicente, é uma profissional experiente e com um currículo vasto na função pública, empresas e organizações sociais. Atualmente, assume as funções de Diretora Geral do Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Atouguia da Baleia. É uma líder nata e isso denota-se também na forma como comanda a narrativa da sua história, sem hesitações, ciente do caminho que fez, e do mérito que tem. A sua determinação e talento ditaram uma carreira de sucesso. Temos a presença habitual da QUERCUS, com um artigo da Alexandra Azevedo, Vice-Presidente. Estamos juntas na Liderança!
Sandra Arouca
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FÁTIMA LOPES: A SERENIDADE INATA DE UMA COMUNICADORA APAIXONADA PELA VIDA Com quase três décadas de experiência no mundo da comunicação social – sobretudo na apresentação de programas em daytime nos principais canais privados de televisão –, Fátima Lopes encontra-se numa nova fase da sua vida profissional, a qual encara com inteira “tranquilidade”. Apesar de estar afastada dos ecrãs, continua bastante ativa enquanto consultora empresarial e palestrante motivacional. Simultaneamente, assumiu a gestão do sítio/site Simply Flow, plataforma que fundou em 2016 e onde promove a prevenção e a responsabilidade individual para com a sua saúde.
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É uma das faces mais famosas e prezadas da televisão portuguesa, tendo passado pelas duas grandes estações privadas (SIC e TVI), onde apresentou vários formatos programáticos, os quais lhe permitiram alcançar milhares de espectadores diariamente. Atualmente com 51 anos de idade, Fátima Lopes encontra-se afastada momentaneamente dos ecrãs – por tempo indeterminado, segundo afiança -, mas nem assim a vontade de comunicar se desvanece. De facto, a apresentadora está a aproveitar este hiato na sua carreira televisiva para se dedicar a outra paixão, igualmente no ramo da comunicação: uma plataforma digital intitulada SimplyFlow by Fátima Lopes. Aqui, são partilhados múltiplos conteúdos, em diversos formatos, versando essencialmente sobre a saúde e o bem-estar – preocupações
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“Os programas que tenho apresentado nos últimos anos, têm sido baseados em histórias de vida. O seu ADN eram testemunhos na primeira pessoa. Isto é extremamente rico em termos humanos, mas não me permite abordar muitos outros temas”
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que sempre apaixonaram a apresentadora. No entanto, a pergunta surgiu naturalmente: o que motivou uma profissional da comunicação com um auditório tão vasto – e habitual líder de audiências –, a apostar e investir em plataformas digitais para explorar temáticas que, ainda que não obstante o seu gosto pessoal, poderiam ser alvo de interesse generalizado. A explicação é aparentemente simples e prende-se, segundo a própria, no modo como a comunicação varia consoante os meios. “Os programas que tenho apresentado nos últimos anos, têm sido baseados em histórias de vida. O seu ADN eram testemunhos na primeira pessoa. Isto é extremamente rico em termos humanos, mas não me permite abordar muitos outros temas”, segundo a sua opinião.
Neste caso, os temas que têm abordado na saúde, uma temática cuja abordagem por parte dos media merece a sua crítica devido ao foco centrado na “doença” e como reagir quando o indivíduo já se encontra num estado de doença. Como tal, a apresentadora defende que “a aposta tem de ser feita mais na prevenção e na responsabilidade que cada um deve ter com a saúde e menos nas formas como vamos combater as doenças”. (…) “Todos percebermos que nos cabe a nós sermos responsáveis com a nossa saúde, alimentarmo-nos de forma equilibrada, fazermos exercício físico, dormirmos bem, estarmos mais em contacto com a natureza, cuidarmos das nossas emoções, equilibramos o trabalho com todas as outras áreas da nossa vida.”
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“Todos percebermos que nos cabe a nós sermos responsáveis com a nossa saúde, alimentarmo-nos de forma equilibrada, fazermos exercício físico, dormirmos bem, estarmos mais em contacto com a natureza, cuidarmos das nossas emoções, equilibramos o trabalho com todas as outras áreas da nossa vida.”
No seu caso particular, a palavra de ordem responder a todos os afazeres é, fundamentalmente “organização”. Numa agenda que a acompanha permanentemente mesmo estando em casa, a apresentadora planeia detalhadamente o seu dia. É a única forma, como defende, de conseguir cumprir com vários papéis. “Quando trabalhava fora de casa, fazia uma vez mais da gestão do tempo, o meu maior aliado.” Nesta planificação, assume que os compromissos profissionais e as atividades relacionadas com a saúde e o bem-estar possuem o mesmo peso, para que nenhum aspeto saia defraudado. Já no que concerne à gestão da vida familiar – Fátima Lopes é mãe de dois filhos –, tal equilíbrio torna-se mais difícil de encontrar: “É preciso uma atenção muito grande e fazer escolhas. Ás vezes um trabalho extra implica nunca estar com os meus filhos ou não ter um minuto de descanso”, como nos explica. Nestas situações, a solução leva-a a declinar convites ou, quando possível, pedir para adiar um determinado compromisso para “outro momento mais folgado. Eu não quero só trabalhar. Também quero viver e viver com os meus”, sublinha. O site Simply Flow representa uma oportunidade para a apresentadora se reinventar, em grande parte devido ao seu papel como fundadora e diretora desta plataforma: “Sendo meu, posso escolher a sua linha editorial, proceder a mudanças e convidar os especialistas da minha confiança. Esta liberdade é muito boa. Em TV nunca quis ser eu a decidir porque as audiências são soberanas”, reflete. Através da escolha de profissionais conceituados, esta plataforma – que se destina a to-
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“É preciso uma atenção muito grande e fazer escolhas. Ás vezes um trabalho extra implica nunca estar com os meus filhos ou não ter um minuto de descanso”, explica. Nestas situações, a solução passa muitas vezes por declinar convites ou, quando possível, pedir para adiar o compromisso para “outro momento mais folgado”. “Eu não quero só trabalhar. Também quero viver e viver com os meus” 11
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Fátima Lopes considera que a atual conjuntura fez com que todos percebessem que a “saúde é mesmo o nosso bem mais valioso e que temos de dar o nosso melhor para a preservar”. “Esta certeza agora existe, antes não.”
dos os que se interessam por estas temáticas, embora registe mais consultas por um público feminino a partir dos 25 anos –, afigurando-se por ser uma fonte de informação credível naquele que é, muitas vezes, e terreno fértil para as ‘teorias da conspiração’, algo que a própria apresentadora já experienciou: “Sempre achei que a procura de informações na net, sem a certeza de que os autores são profissionais credíveis, é um risco.” Da equipa que compõe a plataforma Simply Flow são de salientar os contributos de especialistas que a apresentadora descreve como
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“extraordinários, muito competentes e apaixonados por aquilo que fazem. Com eles aprendo todos os dias”, confidencia-nos. Para além destes colaboradores assíduos, encontra-se uma equipa responsável por manter “a plataforma a funcionar diariamente”. Apesar do número diminuto de pessoas – “somos poucas” –, o gosto pelo trabalho realizado é salutar, as quais para elas, Fátima Lopes dirige os maiores elogios: “É uma equipa maravilhosa, criativa, solidária, com valores alinhados com os meus e gente boa. Boas profissionais e boas pessoas, isso é fundamental.” Mas, na opinião
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da apresentadora, quem são estes bons profissionais? Que características mais valoriza naqueles com quem trabalha diariamente? A resposta parece ser uma mistura de competências profissionais mesclada com valores humanos: “O empenho, a paixão com que fazem as coisas, o profissionalismo, o rigor, a vontade de se superarem e fazerem cada vez melhor, a empatia, o respeito, a humildade e a valorização do outro”. Mesmo para uma profissional com 27 anos de carreira na área da comunicação, a realidade da atual pandemia originou mudanças profundas nos processos mais simples e tradicionais. No que diz respeito à saúde, Fátima Lopes considera que a atual conjuntura levou a uma tomada de consciência geral em como a “saúde é mesmo o nosso bem mais valioso e que temos de dar o nosso melhor para a preservar. Esta certeza agora existe, antes não.” No que se refere aos inúmeros impactos que esta crise sanitária moveu no universo da comunicação, a apresentadora é perentória em como estas novidades e soluções digitais representam um “caminho natural”: [A pandemia] “veio provar que toda a comunicação que achávamos impossível de fazer sem ser presencialmente, afinal pode ser feita online e de forma eficaz”. Todavia, garante-nos que, apesar de todas estas mudanças, na “comunicação nada é tão valioso quanto aquela que é feita na presença física do outro. A energia e o olhar sem uma lente, são insubstituíveis.” O discurso ponderado e sereno pelo qual é conhecida prolonga-
Ainda que afastada da televisão, onde os portugueses se habituaram a vê-la ao longo das últimas décadas, a apresentadora sublinha que acima de tudo é uma “comunicadora”, pelo que dará continuidade “a outros trabalhos na área da comunicação, quer como consultora em empresas quer como oradora em palestras. -se e Fátima Lopes antecipa o seu futuro “com tranquilidade”. Ainda que esteja afastada da televisão, onde os portugueses se habituaram a reconhecê-la ao longo das últimas décadas, a apresentadora sublinha que acima de tudo é uma “comunicadora” inata, pelo que, com toda a certeza, dará continuidade “a outros trabalhos na área da comunicação, quer como consultora em empresas quer como oradora em palestras. E para quando um regresso à televisão? Responde-nos, tranquilamente: “Um destes dias, quando for o momento certo.”
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“É PRECISO VIVER PARA A MARCA E TRABALHAR MUITO” Fundada em 2015, a Smart Studios foi a primeira empresa em Portugal a trabalhar o conceito de co-living. Atualmente, têm 625 apartamentos em operação, é líder de mercado no setor e prepara-se para dar inicio à construção de 590 camas ainda este ano e mais 900 em 2023. Vera Kendall, a sua administradora, trabalha no setor imobiliário há mais de 15 anos, manifesta um conhecimento profundo do mesmo e das caraterísticas necessárias para vingar. Vera Kendall, Administradora da Smart Studios
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Se a máxima “tudo na vida é uma questão de tempo” – ou timing, como é mais recorrente nos dias de hoje – tem alguma dose de verdade, podemos dizer que o percurso de Vera Kendall, desde os tempos de estudante até à criação da Smart Studios, uma área de negócio que não existia em Portugal, está marcado por episódios que o comprovam. Licenciou-se em Economia, na Universidade Católica Portuguesa, área de estudos que considera “importantíssima para entender qualquer sector, um meio para chegar a um fim”, mas o seu leque de interesses é variado, tendo, paralelamente, concluído os últimos graus de ballet da Royal Academy of Dancing. “A nossa visão deve ser global”, defende. “Devo dizer que também gostaria de ter tirado História – mas as escolhas devem ser feitas em função do tempo. E assim foi.” Se num primeiro momento, Vera agradece aos pais o facto de a terem convencido de que a matemática “importa sempre”, numa fase posterior mostra-se agradecida à Universidade Católica pela boa gestão que faz no envio dos currículos dos alunos e no apoio aprestado na procura de emprego já que foi através destes métodos que conseguiu um estágio de Verão
“A nossa visão deve ser global”, defende. “Devo dizer que também gostaria de ter tirado História – mas as escolhas devem ser feitas em função do tempo. E assim foi.”
na Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa e o seu primeiro emprego, na antiga Amorim Imobiliária. Corria o ano de 2006 quando se deu a entrada de Vera Kendall no ramo imobiliário, mais precisamente na área de retail. Vivia-se, então, “um boom de aberturas de Centros Comerciais, num mercado “altamente concorrencial e com projetos de qualidade”. Neste contexto, Vera fez parte de “desafios relevantes, adquirindo experiência de negociação”. No entanto, os retornos mais valiosos que retirou da experiência foram os ensinamentos que o seu diretor de então lhe transmitiu: “ensinou-me a simplificar os temas complexos e a conseguir atingir os objetivos mais complexos dentro dos deadlines”. De forma simplificada, “foi uma boa escola”. Pouco depois, a grave crise económica que abalou o mundo a partir de 2008 – com grande impacto no sector imobiliário – obrigou a uma reestruturação na empresa, sendo Vera a “a única pessoa da equipa a não ser despedida”. Apesar da conjuntura pouco favorável, foi aqui que a própria percebeu que estava na “altura de dar o ‘salto’ profissionalmente”. Após algum tempo a averiguar qual seria o melhor caminho, concluiu que “o que eu queria mesmo era trabalhar num mercado menos volátil e mais resiliente, abordando a crise como uma oportunidade”. A oportunidade chegou do norte da Europa, com uma vaga para o cargo de diretora de expansão da Engel & Volkers, uma imobiliária de luxo alemã que procurava dois responsáveis para representar a sede em Portugal. Entre os 200 candidatos, Vera Kendall não ficou com uma das vagas, mas sim com duas. Na entrevista defendeu que seria capaz de assumir o cargo sozinha, mas não tão sozinha como esperava. “Quatro dias depois da entrevista des-
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“Começámos a viajar pelo mundo a visitar residências de estudantes e co-living e a participar em todas as conferências de um setor em franco crescimento”. cobri que estava grávida e uma semana depois ligaram-me da empresa para me contratar.” A novidade “não foi um problema” para a empresa que no espaço de dois anos passou de três para 12 franchisados – “o que neste segmento de mercado foi fantástico”. Ao relembrar esta altura da sua vida, Vera destaca a “possibilidade de organizar o trabalho e conciliar com a pessoal, acumulando responsabilidades á medida que a marca crescia”. “Foi uma boa experiência tanto a nível de aprendizagem como de crescimento profissional.” Permaneceu na Engel & Volkers até Setembro de 2017, mas 2 anos antes começou a colaborar no family office do seu marido – que sempre teve interesse pelo imobiliário e, concretamente, pelo conceito de micro-apartamentos ou alternative housing –, o que a levaria à próxima grande aventura. “Começámos a viajar pelo mundo a visitar residências de estudantes e co-living e a participar em todas as conferências de um setor em franco crescimento”. Rapidamente percebe-
ram que existia “um grande potencial de negócio”, pelo que decidiram criar uma marca, fruto da conjugação do know-how adquirido e da sua adaptação à realidade portuguesa. Nascia, assim, a Smart Studios, uma empresa pioneira em Portugal no mercado do co-living. Conscientes da responsabilidade inerente ao facto de serem os primeiros, definindo o paradigma para os que se estabelecem de seguida, Vera Kendall refere que foi criado um “modelo de qualidade”. “Fizemos questão de seguir os requisitos e exigências técnicas praticados no setor numa fase de maturidade, como é o caso da Holanda, Alemanha ou Reino Unido. Foi um verdadeiro trabalho de equipa, e foi um sucesso”, explica. Durante o processo de criação e afirmação da Smart Studios a aprendizagem foi uma constante, na qual Vera e o marido se fizeram acompanhar de uma “equipa forte e ambiciosa porque ninguém consegue fazer tudo sozinho”. “A equipa tem estar aculturada, coordenada e atenta a todos os pormenores. Temos de estar no terreno, e perceber o nosso cliente”, esclarece. Quando questionada sobre os conselhos que daria aos millenials, atendendo à sua experiência de anos no mesmo sector de negócio, Vera Kendall sublinha que a “atitude e a ética são fundamentais, hoje e sempre”, duas características que confessa procurar também nos seus colaboradores. A empresária consegue mesmo encontrar diferenças nos perfis dos miillenials – que “tendem a variar entre causas e motivação,
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Apesar de todo o sucesso alcançado com a abordagem inovadora, a Smart Studios também se ressentiu do “forte impacto inicial” da pandemia da COVID-19. Mesmo assim, o ano de 2020 fechou com “627 apartamentos” inaugurados, um número que para Vera Kendall é o reflexo do seu próprio percurso. nem sempre se identificando com o ritmo das organizações” – e os profissionais na casa dos 30 anos – muitos dos quais saídos de “universidades de prestígio e determinados em chegar rapidamente ao topo, o que pode resultar em demasiada pressão”. “Existe um percurso, com uma certa humildade, experiência e maturidade até se chegar a um cargo de responsabilidade. Pessoalmente, fez-me muito bem estar sete anos num trabalho intenso, com dezenas de reuniões por semana, com negociações contratuais e financeiras.” Para além da oferta de serviços de co-living, a Smart Studios distingue-se das demais empresas do setor pela preocupação que demonstra em relação à comunidade, seja no que concerne à vida em comunidade – no âmbito da ecologia e da sustentabilidade – ou ao desenvolvimento pessoal e profissional, ao mesmo tempo que tenta prestar uma boa experiência aos seus residentes, muitos dos quais acabados de sair da casa dos pais. “É uma fase crucial das suas vidas que ira determinar a sua formação como pessoas”. Entre os serviços oferecidos destacam-se as aulas de yoga, pilates, sessões de mental health, workshops de cozinha e, ainda, hortas comunitárias. Apesar de todo o sucesso alcançado com a abordagem inovadora, a Smart Studios também se ressentiu do “forte impacto inicial” da pandemia da COVID-19. Mesmo assim, o ano de 2020 fechou com “627 apartamentos” inau-
gurados, um número que para Vera Kendall é o reflexo do seu próprio percurso. “Aprendi a reagir e a adaptar-me rapidamente a novas circunstâncias, o que tem sido uma das grandes vantagens da Smart Studios. Temos uma gestão altamente dinâmica, e quando surgiu o novo coronavírus, soubemos rapidamente adaptarmo-nos.” Se, por um lado, o fecho das universidades foi um grande revés para o negócio, a procura que se seguiu por parte de profissionais que pretendiam um espaço para residir e ali recorrer ao teletrabalho acabou por compensar e restabelecer o equilíbrio. Mesmo antes da Direção Geral de Saúde emitir as suas diretrizes, foram implementadas “todas medidas de segurança e higiene, “o que deu total segurança” aos residentes. Simultaneamente, a estratégia de marketing e da área comercial foram adaptadas e redirecionadas, de forma a abrangerem “um novo target” que podia variar de universitários em aulas online, para equipas e CEO’s de empresas em teletrabalho. Perante este trajeto de sucesso, seria de esperar que a postura de Vera Kendall em relação ao futuro passasse pelo conformismo. “É gratificante ver as nossas ideias e nosso trabalho árduo serem implementadas e a darem resultado. Também gosto muito da gestão dinâmica que este negócio me permite – os excelentes resultados estão á vista.” Apesar de se sentir realizada e não pensar muito no futuro, admite que este pode trazer “novos projetos”, até porque, defende, “o céu é o limite”!
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ANA ALTURAS, PSICÓLOGA: “OS TEMPOS QUE SE AVIZINHAM NÃO SERÃO FÁCEIS PARA QUALQUER UM DE NÓS” Frequentemente apelidadas de “parente pobre” da saúde, a psicologia e a psiquiatria têm estado no centro das atenções face ao impacto que a pandemia da covid-19 está a gerar na saúde mental da população. Em Portugal há muito que são reclamados mais recursos e meios por parte dos agentes envolvidos que diariamente lutam contra o estigma que ainda prevalece sobre aqueles que necessitam de ajuda.
Um ano dentro da pandemia da covid-19 e com a esperança, aportada pela distribuição das vacinas, de que a vida pode voltar à normalidade num futuro próximo, as atenções viram-se para a saúde mental e para as consequências menos visíveis provocadas por meses de distanciamento social, confinamento, teletrabalho ou escola através de plataformas digitais. Ana Alturas, psicóloga, Diretora Clínica do Gabinete Psicologia e membro da Ordem, assume que os tempos que se avizinham “não serão fáceis”, atendendo ao estado “fatigado” da população, que lida com preocupações “acrescidas e muitas dificuldades, tanto a nível socioeconómico como psicológico”. Não é por isso de estranhar que, na visão da profissional, sejam precisamente estes dois grupos – pessoas com níveis socioeconómicos mais debilitados e pessoas que já se encontravam afetadas psicologicamente (com ansiedade, depressão, entre outros) – os mais prejudicados pelo momento que estamos a atravessar. Da mesma forma, as crianças e jovens, remetidos para o ensino à distância em contexto doméstico, viram-se privadas da socialização essencial ao processo de desenvolvimento de qualquer ser humano. Segundo Ana Alturas,
Da mesma forma, as crianças e jovens, remetidos para o ensino à distância em contexto doméstico, viram-se privadas da socialização essencial ao processo de desenvolvimento de qualquer ser humano. 18
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A presença de profissionais da área da psicologia nas escolas tem sido uma questão recorrente nos últimos anos face à crescente atenção dada ao assunto e à importância da gestão emocional, do autocontrolo, da empatia, da capacidade de resiliência – todos essenciais nestes contextos.
“para além do impacto atual e imediato”, que se reflete nos níveis de aprendizagem, há mais competências afetadas. Simultaneamente, os danos da pandemia podem também ser preocupante para os jovens que sofrem de doenças do foro mental e do desenvolvimento devido ao menor acompanhamento que as circunstâncias atuais promovem. A presença de profissionais da área da psicologia nas escolas tem sido uma questão recorrente nos últimos anos face à crescente atenção dada ao assunto e à importância da gestão emocional, do autocontrolo, da empatia, da capacidade de resiliência – todos essenciais nestes contextos. Para a população adulta, em teletrabalho há cerca de um ano, a condição obrigou ao desenvolvimento de novas competências, assim como um processo de adaptação por parte de todos os envolvidos – empresas e trabalhadores. “A realidade de trabalhar a partir de casa exige disciplina e muitas das vezes coordenação entre casais e alteração das rotinas familiares, o que acaba por ser exigente, levar a momentos de exaustão e, em casos extremos,
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Com o prolongar da pandemia e dos cuidados exigidos para travar a propagação do novo coronavírus, a expressão “cansaço pandémico” tornou-se recorrente nos media, como forma de dar voz à saturação da população e até justificando alguns incumprimentos das medidas sanitárias impostas.
a situações de burnout que têm levado à crescente procura de apoio profissional”, caracteriza a psicóloga. Do conjunto de recomendações que diariamente dá aos seus pacientes para melhor lidarem com a situação, Ana Alturas destaca a importância de “separar o espaço de trabalho do espaço de lazer, criar rotinas, criar um espaço de trabalho organizado, realizar exercício físico, sem descuidar das atividades de lazer e de autocuidado, assim como manter os contactos sociais ativos, mesmo que adaptados por videochamada”. Com o prolongar da pandemia e dos cuidados exigidos para travar a propagação do novo coronavírus, a expressão “cansaço pandémico” tornou-se recorrente nos media, como forma de dar voz à saturação da população e até justificando alguns incumprimentos das medidas sanitárias impostas. Enquanto profissional da área da psicologia, Ana Alturas concorda com o seu uso, reforçando que “as pessoas têm acusado o cansaço”. “Começam a ser vários meses de fadiga acumulada… verificaram-se várias alterações no nosso quotidiano, a realidade como a conhecíamos mudou em muitos aspetos e, mesmo que se possa pensar que são altera-
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ções temporárias, a verdade é que se torna difícil prever um fim”, reflete. Mas a verdade é que o regresso à normalidade vai, eventualmente, acontecer, mas nem todos vão encara-lo da mesma forma. Se, por um lado, há quem anseie pelos “contactos sociais, pelos afetos, pelo recuperar do tempo perdido e da rotina, por outro lado, há quem tenha visto a sua saúde mental deteriorada e outras problemáticas da vida – como a perda de empregos – agudizadas. Como tal, será o momento ideal para Portugal encarar aquele que há muito é tido como o “parente pobre” da saúde não só em Portugal, mas no mundo: a saúde mental. Segundo Ana Alturas, ainda hoje existe um “preconceito relativamente a quem necessita de recorrer aos serviços de psicologias e de psiquiatria e também na questão da valoração em termos económicos”. Simultaneamente, o “investimento feito não é suficiente para as necessidades” existentes. A pandemia veio, por isso, por em causa a capacidade do país em dar resposta a uma crise que poderá ser o último capítulo da pandemia. Na opinião de Ana Alturas, o país reúne condições para enfrentar uma “situação de crise generalizada no que diz respeito à saúde mental”, no entanto, a psicóloga considera que não tem havido disponibilidade de todos os recursos para reabilitar a saúde mental, aquela que será a “base para uma sociedade capaz de enfrentar” uma situação desafiante como a que vivemos.
Na opinião de Ana Alturas, o país reúne condições para enfrentar uma “situação de crise generalizada no que diz respeito à saúde mental”, no entanto, a psicóloga considera que não tem havido disponibilidade de todos os recursos para reabilitar a saúde mental.
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QUAL A VALIDADE DA ASSINATURA ELETRÓNICA? Com a Internet, a globalização e alguma pandemia à mistura, são cada vez mais aqueles que recorrem agora à assinatura eletrónica, especialmente no que diz respeito à organização empresarial. Daniela Colaço, advogada da SGP Team
Afigura-se uma excelente maneira de contornar os problemas do teletrabalho, permitindo às empresas não ver negociações bloqueadas em tempos de pandemia. Hoje tentamos clarificar esta matéria, de forma a que os nossos leitores fiquem mais esclarecidos quanto ao potencial uso desta ferramente que se afigura tão prática. A assinatura eletrónica em Portugal A assinatura eletrónica é resultado de um processamento eletrónico de dados suscetível de constituir objeto de direito individual e exclusivo e de ser utilizado para dar a conhecer a autoria de um documento eletrónico ao qual seja aposta. No entanto, existem diferentes tipos de assinaturas eletrónicas em Portugal: a simples, a avançada e a qualificada.
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A assinatura eletrónica é resultado de um processamento eletrónico de dados suscetível de constituir objeto de direito individual e exclusivo e de ser utilizado para dar a conhecer a autoria de um documento eletrónico ao qual seja aposta.
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A assinatura eletrónica qualificada A assinatura eletrónica qualificada é certificada por uma entidade credenciada para o efeito e identifica de forma inequívoca a pessoa que a utiliza. Atualmente, em Portugal, apenas a assinatura eletrónica qualificada tem o valor legal de uma assinatura autógrafa dos documentos com forma escrita sobre suporte de papel. Limitações legais à sua utilização A assinatura eletrónica qualificada, conforme já foi dito, vale como uma assinatura manuscrita, ou seja, quando aposta a um documento este passa a ter a validade de um documento particular assinado. O problema é que existem contratos que não se bastam com um mero documento particular assinado, carecendo de escritura pública ou documento particular autenticado. Quando for esse o caso, a assinatura eletrónica, ainda que qualificada, não será válida para o efeito. Alguns exemplos A título de exemplo, poderão ser celebrados com recurso à assinatura eletrónica qualificada, os seguintes contratos:
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Contratos de arrendamento; Mútuos bancários e civis inferiores a € 25.000,00; Promessas de cumprimento e reconhecimento de dívida
Já não será possível no caso dos seguintes tipos de contrato: • • • •
Compra e venda de imóveis; Contrato de promessa de compra e venda de imóveis e a generalidade dos contratos que tenham por objeto imóveis; Contratos de constituição de Sociedades e assinatura dos estatutos; Mútuos bancários e civis superiores a € 25.000,00
Se tiver dúvidas sobre estas ou outras matérias, podemos dar-lhe o nosso conselho profissional.
Sandra Gomes Pint0 www.sandragomespinto.com sgp@sandragomespinto.com https://www.facebook.com/SGP-Associates-1110635339005554 https://www.linkedin.com/company/65512059/admin/
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LIDERANÇA NO FEMININO | Fevereiro de 2021
MAGDA GONÇALVES, DIRETORA DO COLÉGIO DO VALE: A DIFÍCIL TAREFA DE EDUCAR EM TEMPOS DE PANDEMIA Com uma matriz pedagógica bem definida ao longo de décadas de história, o Colégio do Vale teve, em 2020, um ano desafiante, face à pandemia da covid-19. A passagem das aulas para a modalidade de ensino à distância exigiu muitos ajustes, de forma a tornar o processo mais eficaz.
No percurso de Magda Gonçalves, o papel desempenhado confunde-se com a evolução pessoal e profissional que foi traçado ao longo dos anos. A primeira experiência profissional que vivenciou aconteceu logo após terminar o ensino secundário: durante os anos que se seguiram, e enquanto estudante da licenciatura em Sociologia do Trabalho, trabalhou como assistente pessoal do seu antigo professor de História, apoiando nas pesquisas para trabalhos de investigação e ajudando na correção de testes e de trabalhos dos alunos. Aos 20 anos acabaria por integrar, de forma natural, o projeto Colégio do Vale. Primeiro como assistente da direção pedagógica, depois como coordenadora da área dos transportes e da vigilância, a partir de 2000 como diretora de recursos humanos e, finalmente, como diretora geral, desde 2017 – cargo que acumula com a direção de recursos humanos e de logística.
Diretoras e Coordenadoras Pedagógicas
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Numa equipa com “bases muito sólidas, muito dinâmica, inovadora, ambiciosa, e sempre com vontade de fazer cada vez melhor”, composta por 100 membros, imperam palavras como “rigor, exigência, competência e dedicação”
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Magda Gonçalves, Diretora do Colégio do Vale
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Não é, por isso, de estranhar, que Magda se refira ao Colégio do Vale, fundado em 1992, como o seu “projeto de vida”, ao qual se dedica “de corpo e alma” – a facilidade com que enumera as matrizes que orientam a atividade da instituição de ensino e as diferenciam das demais é a prova disso mesmo. Numa equipa com “bases muito sólidas, muito dinâmica, inovadora, ambiciosa, e sempre com vontade de fazer cada vez melhor”, composta por 100 membros, imperam palavras como “rigor, exigência, competência e dedicação” – tudo interligado com um verdadeiro espírito de equipa. No contacto com os alunos, o objetivo é “proporcionar a todos as mesmas oportunida-
Conscientes da importância da “fidelização emocional” das crianças e dos jovens, é promovido um “ambiente muito familiar” no qual se promovem a construção de relações humanas fortes entre todos os agentes educativos e, finalmente, com a comunidade.
Diretoras e Coordenadoras Pedagógicas
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des para serem diferentes”, promovendo junto dos mesmos um “sistema responsável de participação. Respeitando a autonomia individual, a solidariedade e o diálogo. Como tal, as famílias são parceiros importantes no processo de formar aquele que é o futuro. Conscientes da importância da “fidelização emocional” das crianças e dos jovens, é promovido um “ambiente muito familiar” no qual se promovem a construção de relações humanas fortes entre todos os agentes educativos e, finalmente, com a comunidade. No entanto, nem a mais oleada das estruturas poderia estar preparada para o terramoto que foi a pandemia da covid-19. Sem qualquer tipo de historial nesta área, todo o ensino por-
No entanto, nem a mais oleada das estruturas poderia estar preparada para o terramoto que foi a pandemia da covid-19. Sem qualquer tipo de historial nesta área, todo o ensino português – e mundial, diga-se – foi obrigado a transferir o habitual modelo presencial para as plataformas tecnológicas e à distância num curto espaço de tempo, enfrentando dificuldades de toda a espécie. tuguês – e mundial, diga-se – foi obrigado a transferir o habitual modelo presencial para as plataformas tecnológicas e à distância num curto espaço de tempo, enfrentando dificuldades de toda a espécie. No Colégio do Vale, o processo foi “desafiante”. Segundo Magda Gonçalves, “a questão imediata que se colocou não foi a da viabilidade da transição para o digital, pois essa situação era inevitável, mas sim de como tornar essa transição melhor e mais eficaz”. Tal foi possível através da “preocupação, envolvimento e entrega” de todos, num trabalho “diário” que evoluiu de forma gradual. Se do lado dos alunos foi a quebra de rotinas, a falta
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de autonomia e a falta de contacto físico com os colegas e docentes a dificultar a adaptação à nova realidade, por parte dos professores, os obstáculos consistiram na apropriação das diferentes plataformas digitais a serem utilizadas e, em alguns casos, a conciliação da vida profissional com a dinâmica familiar – uma “árdua tarefa”. Paralelamente e reconhecendo situações de “alunos emocionalmente instáveis ou com alguma dificuldade”, um acompanhamento próximo das necessidades das crianças e jovens foi feito por parte de educadores e professores. Como tal, foram “muitos os momentos de partilha” nos quais se procuraram estratégias e soluções, muitas vezes com recurso à psicóloga do Colégio, de modo a que “prevalecesse a tranquilidade”. Através de uma análise abrangente, é possível apontar alguns padrões comportamentais dos alunos: no caso dos mais jovens – com autonomia pouco desenvolvida – era mais recorrente a manifestação da vontade e necessidade de voltar à escola, enquanto que os mais velhos não sentem essa necessidade de forma tão premente – havendo mesmo aqueles que preferiam o ensino à distância. Cientes de que as condições familiares entre estudantes podem variar significativamente e, como consequência, influenciar a prestação académica dos mesmos, foram criados grupos de trabalho que acompanharam os alunos através de um método mais individualizado, indo ao encontro das suas necessidades e dificuldades. Seguindo a mesma linha de atuação, foram desenhados planos de trabalho adaptados, com atividades especificas, assim como, aulas indi-
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Cientes de que as condições familiares entre estudantes podem variar significativamente e, como consequência, influenciar a prestação académica dos mesmos, foram criados grupos de trabalho que acompanharam os alunos através de um método mais individualizado, indo ao encontro das suas necessidades e dificuldades. viduais. Aquando do regresso efetivo às aulas presenciais, o “ponto de partida” consistiu numa “aferição” feita pela equipa pedagógica do Colégio do Vale, na tentativa de perceber que áreas ou conteúdos não tinham sido trabalhados com tanta precisão, de forma a reforçar ou consolida-los. Ainda assim, foi no campo das atitudes, como as relações interpessoais, que mais trabalho foi feito. “Verificou-se uma maior dificuldade na gestão de conflitos, nas “brincadeiras” despropositadas e, por vezes, na relação com os pares. Foi importante trabalhar o
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aspeto das relações interpessoais, no fundo, da vida em sociedade”, relembra Magda. Na preparação do presente ano letivo – e sem sinais de que a situação pandémica dar tréguas – a possibilidade de um novo confinamento foi acutelado nas planificações das atividades, com o objetivo de dar continuidade às aprendizagens, independentemente do contexto. No que concerne aos alunos do 1º ciclo, foi promovido a utilização de ferramentas como o Office 365 ou o e-mail como meio de comunicação, enquanto que na lista de material necessário para os estudantes do 5º ao 9º ano foi incluído o computador portátil, ou dispositivo equivalente, para “facilitar assim o processo de transição entre os diferentes regimes”. Finalmente, um plano de ensino não presencial, no qual foi valorizada “a experiência adquirida ao longo do 3º período do último ano, bem como a avaliação dos encarregados de educação, alunos e professores, tendo sido feitos alguns ajustes, principalmente ao nível do aumento do número de aulas síncronas”. Em jeito de balanço, Magda Gonçalves não tem dúvidas de que a pandemia da covid-19 e as condicionantes por ela provocada representam um antes e um depois no ensino e pedagogia – o que não será necessariamente algo negativo. Por um lado, considera que teremos “docentes mais preparados para a integração das ferramentas digitais em sala de aula e na diversificação de atividades proporcionadas e de metodologias de ensino, assim como “alunos mais autónomos e organizados, mais conscientes da importância das suas aprendizagens e do quanto a escola é fundamental”. No en-
tanto, preocupa-a o campo das emoções e dos afetos, atos simples como “abraçar, tocar ou estar próximo”. “Há crianças pequenas que ainda só viveram desta forma, com distanciamento social. Desconhecem o calor das relações próximas com os outros, sem ser a própria família. É importante estarmos atentos e ajudá-los, educando com afeto.”
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??????????????????????? MOTTO: MENTORING DIRECIONADO A JOVENS ????????????????????????????? For a better view of your life é uma das promessas que a MOTTO, novo projeto de Mentoria focada em jovens. O mercado da Mentoria (ou Mentoring como é o termo mais conhecido) é aos dias de hoje, na sua maioria, fortemente direcionado a classes económicas mais favorecidas e executivas.
©Revista Ativa e Fotógrafo Paulo Martins
Sofia Tavares, fundadora da Motto e CEO da Be Present
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Adriana Coutinho, atualmente Diretora de Marketing da ManWinWin Software e também fundadora da Motto
A Motto pretende chegar mais longe, pretende chegar a todos, permitindo que qualquer jovem independentemente do seu extrato social, limitação emocional e/ou económica tenha a oportunidade de ser encaminhado e motivado para uma melhor qualidade de vida intelectual e/ou mercado de trabalho. Trata-se de um projeto direcionado a jovens dos 13 aos 29 anos – não sendo a idade um intervalo estanque – que necessitem de clarificar as opções de vida, trabalho e carreira que têm no futuro aliadas ao seu talento e mote de vida. As caras à frente deste projeto juntam uma amizade de vários anos que se consolidou também em ambiente de trabalho noutra empresa. Cada uma seguiu o seu caminho e anos
Trata-se de um projeto direcionado a jovens dos 13 aos 29 anos – não sendo a idade um intervalo estanque – que necessitem de clarificar as opções de vida, trabalho e carreira que têm no futuro aliadas ao seu talento e mote de vida.
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“Dar a todos os jovens uma melhor perspetiva do seu futuro, através de um acompanhamento exclusivo, adequado e inspirador que lhes permita conseguirem tomar melhores decisões e alargar as suas opções sobre as formas de estar na vida e na carreira”
depois a MOTTO foi o projeto que as juntou novamente. Falamos de Sofia Tavares, fundadora da Motto e CEO da Be Present e Adriana Coutinho, atualmente Diretora de Marketing da ManWinWin Software e também fundadora da Motto a convite de Sofia. “Dar a todos os jovens uma melhor perspetiva do seu futuro, através de um acompanhamento exclusivo, adequado e inspirador que lhes permita conseguirem tomar melhores decisões e alargar as suas opções sobre as formas de estar na vida e na carreira” foi o mote que inspirou Sofia Tavares a querer desenvolver um projeto deste cariz. Num mundo tão rápido e tão digital como o nosso, nunca os jovens se sentiram tão desacompanhados, de acordo com o estudo da Global WEB INDEX, apenas 15% dos jovens da geração Z se sente compreendido e refletido no mundo que o rodeia. A MOTTO dedica-se ao Mentoring e Consultoria de Carreira direcionada a jovens. Partilha vários métodos, entre eles, o método Learn By Example com pessoas que trazem os seus grandes exemplos de vida como a superação, a resiliência, a descoberta, o risco e profissionais de áreas ecléticas. Outras das escolas e metodologias aplicadas: 1.Mentoria 2.Ferramentas de Coaching - Consciencialização, Responsabilização e Ação 3.Power of You - Jogos de conexão e conversas transformadoras
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4.Ferramentas Happiness Business School 5.Mentoria by Example 6.Ferramentas PNL e Inteligência Emocional – baseado no GURU Daniel Goleman 7.Escuta Transformadora 8.Dinâmicas Formativas - Exercícios práticos, expositivos e demonstrativos) 9.Sessões com especialistas - Psicólogos, Psiquiatras, Yoga, Reiki, mindfullness A Motto conta com várias certificações adquiridas pelas suas mentoras (CCP certificado competências pedagógicas, Master em Coaching, Mentoring, Programação Neurolinguística, Happiness Manager, motivação e liderança,negociação, administração de empresas, publicidade e marketing e também são membros da EMCC Portugal ( European Mentoring & Coaching Council). Além do foco no segmento jovem, é também a vertente solidária que destaca este projeto, dado que o seu modelo de negócio permite que o Mentoring chegue a todos os jovens independentemente do seu extrato ou condição social. Esta valiosa ferramenta chega a todo o tipo de jovens porque a MOTTO conta com o suporte das mais diversas empresas que contribuem com um valor minimo anual a partir dos 295 € (+IVA) que se congrega numa espécie de “mealheiro solidário” que paga o Mentoring aos jovens que são indicados por associações solidárias também elas parceiras da MOTTO. Uma das associações já ativas nesta ação é a EPIS ( Empresários Pela Inclusão Social) que conta com a colaboração voluntária de Sofia Tavares e que rapidamente se tornou o primeiro parceiro solidário da empresa. Desde o ultimo semestre de 2020 que tanto Sofia Tavares como Adriana Coutinho, como fundadoras da MOTTO, colaboram voluntariamente com jovens dos mais diversos pontos do país. A Mentoria é exercida One-to-One ou em grupo tanto no formato presencial como online o que admite a participação de jovens que estejam longe ou com agenda de tempo mais reduzida. Adriana Coutinho justifica a razão de ter aceite o convite da sua amiga “… aceitei abraçar este projeto, porque a Motto é liderada por dois corações cheios de vocação e vontade. Sei que a Sofia se move por um mundo melhor, mais educado e mais feliz, e eu só poderia querer fazer parte dele.”
A Mentoria é exercida One-to-One ou em grupo tanto no formato presencial como online o que admite a participação de jovens que estejam longe ou com agenda de tempo mais reduzida.
Ambas exercem Mentoria há varios anos e alguns dos seus Mentees deixam-nos o seu grato testemunho como é o caso de Tiago Pombo, agora já com 26 anos “De forma muito natural, a Sofia tornou-se uma pessoa determinante no meu crescimento profissional, por passar-me sempre na altura certa aquelas que considero serem as bases principais que me guiam e orientam no meu exigente dia-a-dia: honestidade intelectual, humildade, capacidade de trabalho e perseverança”. De igual modo temos o testemunho de Simão Penha com 21 anos, menciona que “Tanto na vida como na carreira profissional seguimos caminhos com bifurcações. Bifurcações estas que nos levam a tomar decisões para as quais nem sempre possuímos o conhecimento necessário a alcançar o sucesso/felicidade. Para mim ter um Mentor que já atravessou as mesmas bifurcações, ajudou-me a entender não só que tipo de metas posso esperar no fim do caminho de cada uma, como
também me abriu novos caminhos, antes inexistentes nestas mesmas bifurcações. Em suma diria que a minha experiência com a Adriana não me levou a moldar ao caminho do sucesso, mas a moldar um caminho de acordo com os meus skills, e ai sim, encontrar sucesso.” Para saber mais sobre a MOTTO Mentoring, o site: www.mottomentoring.com Ou entre em contato com uma das mentoras através dos seus emails: stavares@mottomentoring.com acoutinho@mottomentoring.com
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A PAIXÃO PELAS PALAVRAS Uma história de sucesso e confiança na comunicação. Pautada por uma postura pioneira e inovadora em prol da língua portuguesa. A Revista Liderança no Feminino foi conhecer Sandra Duarte Tavares, fundadora e diretora-geral da Communica. É, desde 2008, colaboradora da RTP em programas televisivos e radiofónicos sobre Língua Portuguesa e também cronista na Revista VISÃO.É autora de vários livros “Comunicar com Sucesso” , “500 erros mais comuns da Língua Portuguesa” , “Falar Bem, Escrever Melhor” e “Fala sem Erros”. É também coautora de um manual escolar (Areal Editores), de uma gramática (Planeta) e de vários livros sobre Língua Portuguesa (Verbo, Planeta). Sandra Duarte Tavares
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A paixão pelas palavras levou-a aos 18 anos à Faculdade de Letras de Lisboa, onde ingressou na Licenciatura em Linguística Portuguesa, seguida do Mestrado na mesma área. Foi alargando, paulatinamente, as estacas da sua tenda e essa paixão estendeu-se à comunicação. Assim, com o propósito de adquirir mais conhecimentos nesse domínio, decidiu ingressar no Doutoramento em Ciências da Comunicação em 2020.
A paixão pelas palavras levou-a aos 18 anos à Faculdade de Letras de Lisboa, onde ingressou na Licenciatura em Linguística Portuguesa, seguida do Mestrado na mesma área.
De 2017 a 2019, tive uma breve passagem pelo ISCEM (Instituto Superior de Comunicação Empresarial), como professora de Técnicas de Comunicação e coordenadora dos Ctesps em Comunicação Empresarial.
O Ensino Jamais esquecerei o Outono de 2000, quando decidi abraçar a missão de formar futuros professores do Ensino Básico, no Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC Lisboa), onde lecionei durante 18 anos várias disciplinas na área da Língua Portuguesa. Foi neste primeiro projeto profissional que tomei verdadeira consciência da minha nobre missão: mostrar aos alunos que fazer um bom uso e um uso bom das palavras conduzi-los-ia no futuro a um porto seguro. Além da docência, assumi também cargos de gestão, como presidente do Conselho Pedagó-
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Do palco académico ao empresarial foi um pequeno (grande) passo, quando aceitei o desafio de ministrar formação a várias empresas e instituições, aplicando os meus conhecimentos linguísticos à comunicação empresarial. gico e vice-presidente do Conselho Científico. Na mobilidade ERASMUS - Teaching Assignments, tive oportunidade de lecionar em várias Universidades Europeias (Polónia, Croácia, Turquia, Estónia). Foram tempos muito felizes da minha vida. De 2017 a 2019, tive uma breve passagem pelo ISCEM (Instituto Superior de Comunicação Empresarial), como professora de Técnicas de Comunicação e coordenadora dos Ctesps em
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E foi isso que fiz nestes tempos de confinamento: limitada nos movimentos, mas sem limites na imaginação, fui, paulatinamente, tornando real um sonho antigo: criar a minha própria empresa de consultoria linguística e de comunicação.
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Comunicação Empresarial. E, atualmente, sou professora convidada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, na Formação Avançada em Técnicas de Alta Performance de Comunicação Oral. Consultoria Linguística Em 2008, a missão do ensino transpôs as paredes da sala de aula e passei a falar de palavras através de um microfone. A RTP acolheu-me amavelmente em sua casa, dando-me tempo de antena para partilhar a paixão que fruo pela língua portuguesa. Assim, são vários os programas de rádio e televisão em que participei e participo como consultora linguística: Pontapés na Gramática (Antena 3, de 2010 a 2016); Jogo da Língua (Antena 1, desde 2008); Páginas de de Português (Antena 2, desde 2015); RTP 1 (Rubrica Agora, o português, 2017-2019); RTP 1 (Voz do Cidadão, desde 2015).
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Em 2008, a missão do ensino transpôs as paredes da sala de aula e passei a falar de palavras através de um microfone. A RTP acolheu-me amavelmente em sua casa, dando-me tempo de antena para partilhar a paixão que fruo pela língua portuguesa.
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Do palco académico ao empresarial foi um pequeno (grande) passo, quando aceitei o desafio de ministrar formação a várias empresas e instituições, aplicando os meus conhecimentos linguísticos à comunicação empresarial.
“Fala sem Erros” (Porto Editora). Em coautoria, escrevi um manual escolar (Areal Editores), uma gramática (Planeta) e vários livros sobre Língua Portuguesa (Verbo, Planeta). Sou, desde 2017, cronista na Revista VISÃO (ed. digital), integrando a Bolsa de Especialistas. O meu nome é Sandra Duarte Tavares, sou uma mulher de fé sem limites, apaixonada por conhecer coisas novas e determinada em perseguir os meus sonhos, sempre com os pés assentes na terra e Jesus Cristo no centro da minha vida.
Formação empresarial Do palco académico ao empresarial foi um pequeno (grande) passo, quando aceitei o desafio de ministrar formação a várias empresas e instituições, aplicando os meus conhecimentos linguísticos à comunicação empresarial. Desde 2010 que dou formação em diversas empresas e instituições, nas áreas da comunicação escrita, comunicação empática, comunicação interpessoal e comunicação em público. A minha marca, o meu tesouro Há um ensinamento dos meus pais que tem sido luz indelével para o meu caminho: olhar para uma ameaça sempre como uma oportunidade. E foi isso que fiz nestes tempos de confinamento: limitada nos movimentos, mas sem limites na imaginação, fui, paulatinamente, tornando real um sonho antigo: criar a minha própria empresa de consultoria linguística e de comunicação. Assim nasceu a COMMUNICA, da mesma forma que todos os projetos nascem: de um sonho e de uma oportunidade. Com origem no latim communica (imperativo do verbo communicare), surge com a missão de ajudar as empresas a tornar a sua comunicação interna e externa mais eficaz. Os livros E como a escrita também me corre no sangue, escrevi a solo os livros “Comunicar com Sucesso” (Oficina do Livro), “500 erros mais comuns da Língua Portuguesa” (Esfera dos Livros), “Falar Bem, Escrever Melhor” (Esfera dos Livros) e
Há um ensinamento dos meus pais que tem sido luz indelével para o meu caminho: olhar para uma ameaça sempre como uma oportunidade. 39
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"CONSIDERO QUE OS MEUS VALORES E A MINHA MISSÃO ME DEFINEM" A atual Diretora Geral do Centro Paroquial de Bem-estar Social de Atouguia da Baleia (Peniche), Ângela Vicente é uma profissional experiente e com um currículo vasto na função pública, empresas e organizações sociais. Desempenha, ainda, funções como formadora e consultora de empresas, pelo que a conciliação do lado pessoal com os outros papéis e responsabilidades profissionais “é um desafio diário” – “exige planeamento constante através de uma organização pessoal”. Em entrevista à Liderança no Feminino, mostra-se grata pelas equipas com quem trabalhou e por aquilo que lhe acrescentaram.
Quando iniciou o seu percurso profissional, Ângela Vicente, estava a sair do curso de Engenharia do Ambiente, tinha dois objetivos para o seu trajeto: por um lado, trabalhar na direção de pessoas e, por outro, aventurar-se na investigação. Começou pelas “organizações sociais”, nas quais colaborou com profissionais de vários países; transitou, de seguida, para a função pública, onde trabalhou durante oito anos com equipas multidisciplinares e desenvolveu competências diversificadas nas áreas da educação, gestão cultural, turismo, gestão de projetos e eventos; e, posteriormente, aventurou-se no ramo empresarial, uma experiência em que fez uso dos conhecimentos transmitidos pelo pai – ele próprio empresário. O primeiro contacto com um cargo de liderança aconteceu na Suíça, “numa empresa de hotelaria e turismo, que tem vários pontos fortes, entre eles as vertentes, comercial e o marketing. “A experiência, apesar de curta, marcou muito o meu percurso profissional e deu-me uma visão muito mercantil e sensata”, relembra. Nos anos que se seguiram, foi trabalhando sempre com cargos de direção”, e desenvolvendo “competências profissionais muito variadas, entre as quais a gestão da qualidade, a gestão de projetos e a direção de recursos humanos”. Começou também
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a trabalhar “a introdução do coach na interação com os colaboradores”. “Através do empowerment estratégico dos recursos humanos, comecei a obter resultados muito interessantes.” Utilizando toda a experiência adquirida nos mais variados setores, Ângela transformou-a na sua principal mais-valia enquanto profissional. “Fiquei com um esquemático organizativo geral de todas e criei estratégias pessoais mais abrangentes.” Conjuga-os com os valores e a missão que a definem: a “prevalência da eficiência e eficácia, um elevado sentido de justiça, a preferência pelo trabalho de equipa, a valorização de diferentes opiniões, o otimismo e a perseverança”. Ao longo dos anos, teve a oportunidade de “encontrar pessoas extraordinárias e profissionais de excelência em todas as áreas, vertentes, setores e meios”, mas, sobretudo, teve a oportunidade de se conhecer a si própria através de colegas e daquilo que a identifica como profissional. “Caraterizam-me como multifacetada e que perante as adversidades surjo e ressurjo, sempre mais forte, isso deu-me confiança e traz-me motivação. Aprendi a ser pró-ativa e a não ter receio da mudança. Descobri o valor de ser dinâmica e criativa principalmente face às necessidades de inovação.” Na mesma linha e enquanto especialista na área dos recursos humanos, aponta como o “trabalho de equipa, a pró-atividade, a comu-
nicação assertiva e a aprendizagem contínua” como características mais importantes nos profissionais das equipas que lidera. A área dos recursos humanos é, de resto, outra das vertentes que tem “interessado e preocupado profissionalmente” a atual diretora do Centro Paroquial de Bem Estar Social de Atouguia da Baleia. “Gosto de desafios e tenho recebido alguns convites para artigos, onde tenho a honra de colaborar com excelentes profissionais.” Partindo do vasto conhecimento, Ângela traça um retrato atento e atual das consequências e desafios que a pandemia da COVID-19 originou nas equipas de profissionais e aponta soluções. “Existe a preocupação constante para mitigar os riscos psicossociais. Com as flutuações causadas pelo vírus, criou-se um ambiente de tremenda volatilidade que trouxe consigo riscos. É necessário um cuidado ainda mais extremoso com a gestão emocional e escutar ativamente. Quanto maior é o número de colaboradores, maior o desafio. Assim, de forma a
“trabalho de equipa, a pró-atividade, a comunicação assertiva e a aprendizagem contínua” como características mais importantes nos profissionais das equipas que lidera.
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O primeiro contacto com um cargo de liderança aconteceu na Suíça, “numa empresa de hotelaria e turismo, que tem vários pontos fortes, entre eles as vertentes, comercial e o marketing. “A experiência, apesar de curta, marcou muito o meu percurso profissional e deu-me uma visão muito mercantil e sensata”, relembra.
diminuir os riscos ao mínimo, é necessário fazer ajustes, pelo que as ferramentas de coaching e Programação Neurolinguística são fulcrais nessa gestão.” Da mesma forma, é necessário garantir a segurança das equipas – um desafio “complexo e dispendioso”. “Já havia muitas medidas implementadas previamente, o que facilitou, mas foi necessário fazer uma planificação estratégica mais significativa e um acréscimo considerável de medidas que criou mudanças na cultura da própria organização e que julgo que vieram para ficar”. O passo seguinte passa pela “sensibilização e preparação” das próprias equipas para uma ação integrada, “mais do que nunca em cooperação”. “Nem sempre é fácil que se faça compreender as mudanças necessárias e a aceitação das mesmas é sempre um fator muito complexo, mais do que nunca o trabalho em equipa e a gestão emocional é crucial.” Por outro lado, a “inovação” é outro fator “essencial para a adequação de todos os processos internos, estratégias e medidas ajustadas ao evoluir das situações e às necessidades que
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se fazem sentir”, defende Ângela. “Ter equipas com elementos criativos é chave para transformar um desafio, numa oportunidade.” De todos os projetos profissionais em que esteve envolvida, os de índole social são aqueles de que mais se orgulha de fazer parte. “Tenho profunda consciência que esta área permite salvar vidas. Porém, cada vez mais, vejo que há necessidade de reformular a própria imagem destas organizações.” Na opinião da dirigente, “é importante lembrar o trabalho meritório, que muitas vezes é feito com poucos recursos, ordenados baixos e pouco valorizado.” Ângela confessa-se crente na importância “da economia social e das redes solidárias, como forma de complementar à economia de mercado”, um equilíbrio que pode “trazer uma estabilidade e
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Professora Doutora Dina Chagas, colega, professora convidada no Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC) Ângela D. Vicente, Diretora Geral do Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Atouguia da Baleia
equidade muito interessante à sociedade em geral”. “Há muito para fazer nesta área, medidas profundas e urgentes a realizar, para dar lugar a uma mudança de paradigma e consciência social.” O contacto de proximidade com a comunidade aportou à Ângela conhecimentos e ensinamentos extremamente úteis a que não teria acesso de outra forma. Em 2014, por exemplo, lecionou uma palestra intitulada “A Literacia na Construção da Cidadania” na qual participaram 52 adultos entre os 18 e os 60 anos. No início da sessão distribuiu um questionário sobre a vontade dos presentes em continuar a sua formação académica e ficou surpreendida pelos resultados. “Apenas uma pessoa, não queria ter estudado mais e tirar uma licenciatura. Naquele
auditório estavam possíveis, advogados, professores, assistentes socias, educadores e até jornalistas, um grande desperdício de potencial.” A experiência deixou-a alerta para uma tendência que observa com “muita tristeza”: “cada vez mais jovens desmotivados da sua vida académica, devido ao desemprego”. “Este facto preocupa-me profundamente, pois a realização pessoal é complexa e depende dos valores e crenças de cada um de nós, mas é garantida através da superação de vários fatores sendo que apenas um deles é o dinheiro. Na minha perspetiva, a autorrealização implica sempre a valorização do crescimento pessoal e uma forma fantástica de o fazer é através dos estudos.” No caso específico de Ângela, a evolução pessoal equipara-se à evolução profissional na procura pela realização. “. Gosto de melhorar as minhas competências continuamente. Acho que um trabalho contínuo, é essencial a um bom profissional e que nos dias de hoje, parar de evoluir é definitivamente “morrer lentamente” como dizia Pablo Neruda.”
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AMOR DE QUARENTENA: RELAÇÕES ONLINE TORNAM-SE UMA REALIDADE
Até agora, esta ideia tem permanecido essencialmente na esfera da consciência social ou até mesmo da aceitabilidade. Aliás, mesmo na cultura popular, filmes como Her e Ex Machina seriam encontrados na categoria SciFi em plataformas de streaming. Mas será este um conceito assim tão bizarro de imaginar? Em 2018, a Forbes descreveu os robôs sexuais como a tecnologia disruptiva que não prevíamos, antecipando, ao mesmo tempo, que estes robôs se tornariam os companheiros mais familiares no futuro. Um ano mais tarde, o The Atlantic manifestou as suas preocupações relativamente à possível desumanização das relações humanas, como resultado desta onda. Avançando para 2020, entre quarentenas e isolamentos, estas tecnologias, bem como a sua razão de ser, evoluíram ainda mais. De facto, as relações baseadas em inteligência artificial (AI) transformaram-se na melhor – e por vezes, única – alternativa no contexto atual. À medida que tentamos manter as ligações humanas com me-
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nos interação humana, podemos estar à beira de um surto de relações virtuais, baseadas em AI e robôs. Uma análise de género na AI O aumento da inteligência artificial, satisfazendo a procura humana de relações digitais, é uma tendência que a Kaspersky tem vindo a monitorizar inadvertidamente, através de uma investigação ao longo dos últimos 18 meses. Inicialmente, com o relatório From science fiction to modern reality: Examining Gender in AI em outubro de 2019, a empresa procurou avaliar a ascensão da AI enquanto entidade humana. Em vez de apenas um instrumento de apoio para otimizar os processos e o desempenho humano nas indústrias e nas empresas, analisou também a forma como ela se manifesta nos diálogos, na comunicação e na interação dos sistemas. Assim, foram descobertos vários preconceitos de género, frequentemente resultantes das preferências ou estigmas dos próprios criadores.
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Os principais exemplos incluem vozes de navegação por satélite, aplicações de chatbot, altifalantes inteligentes ou assistentes de voz – todos constituídos por vozes femininas programadas para interagir com o utilizador, a seu pedido. A questão que se coloca é “porquê?”. Dentro deste tema em particular, existem duas perspetivas interessantes. Em primeiro lugar, embora o preconceito de género seja inequivocamente errado, a AI já plantou a semente de sensibilização para o facto dos sistemas, máquinas e robôs de AI poderem adotar um género. Ou seja, não são apenas blocos de hardware e algoritmos concebidos para apresentar soluções. Têm uma voz reconhecível e assemelham-se às relações humanas que estamos a perder atualmente. Em segundo, se o grupo de criadores for mais diversificado, é também provável que os sis-
Avançando para 2020, entre quarentenas e isolamentos, estas tecnologias, bem como a sua razão de ser, evoluíram ainda mais. De facto, as relações baseadas em inteligência artificial (AI) transformaram-se na melhor – e por vezes, única – alternativa no contexto atual. temas se tornem mais atrativos para mais e diferentes grupos de pessoas. Ou seja, estes são subconscientemente concebidos para os desejos dos criadores e, portanto, suscetíveis de apelar a outros grupos com os mesmos interesses. Amor e solidão 2020 trouxe a razão pela qual as pessoas poderiam procurar explorar este potencial de forma mais concertada. Tal como foi analisado na campanha Love and Loneliness da Kaspersky, 84% das pessoas em toda a Europa admitiram que se sentiram mais sós durante a pandemia do que antes, como resultado de não poderem ver a família, amigos e colegas. Este afastamento do contacto humano levou a que 64% dos jovens entre os 18 e os 24 anos, e 66% dos jovens entre os 25 e os 34 anos, passassem mais tempo a utilizar tecnologia. Plataformas de videochamada, encontros e jogos online, chatbots ou mesmo conversas com assistentes virtuais como a Alexa, tornaram-se atividades predominantes no combate à solidão. No entanto, estas faixas etárias não devem ser negligenciadas. Mais do que quaisquer outros, são os jovens da Geração Z e os Millennials
aqueles que mais dificuldades têm sentido, uma vez que as suas rotinas habituais e as frequentes reuniões e encontros sociais deixaram de existir. São também estes grupos etários os mais prováveis de se depararem e adaptarem a novas inovações e tecnologias. Em termos críticos, podem agora ser o catalisador de mudanças a longo prazo no domínio das relações amorosas. Assegurar uma nova dinâmica de relacionamento Já passou um ano desde que a COVID-19 entrou nas nossas vidas e, infelizmente, a situação continua a ser a mesma para muitos. Durante este período, as pessoas terão ficado mais familiarizadas, confiantes, dependentes e criativas no que toca à tecnologia. E, à medida que os sentimentos de solidão se intensificam, torna-se compreensível deduzir que a ideia de conforto, companhia ou proximidade artificial já não é tão bizarra como poderia parecer em 2019. Aproximando-nos agora daquele que será o Dia dos Namorados em confinamento, e para aqueles que lutam com sentimentos de desapego, é importante não estigmatizar soluções que se estão a tornar mais viáveis e eficazes. A utilização de AI e robôs para melhorar o sexo e as relações não será certamente para todos mas, para aqueles que exploram este território
Já passou um ano desde que a COVID-19 entrou nas nossas vidas e, infelizmente, a situação continua a ser a mesma para muitos. Durante este período, as pessoas terão ficado mais familiarizadas, confiantes, dependentes e criativas no que toca à tecnologia. em expansão, é igualmente importante não forçá-los a viver escondidos ou fora da discussão. Se o fizéssemos, estaríamos a criar um ambiente menos seguro para as soluções de mercado que estão a ser utilizadas. Da mesma forma que o ano passado exigiu uma maior e melhor educação sobre esquemas de phishing, malware, proteção de dados, VPN ou eficácia de palavras-passe, é o conhecimento que mantém as pessoas seguras. E o conhecimento só pode ser partilhado se tudo estiver disponível, suscetível de discussão e se iniciarmos esta nova relação homem-máquina com o pé direito. Sobre Kaspersky:www.kaspersky.pt
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COMO PROGREDIR NA CARREIRA? A maior especialista em liderança feminina (Sally Helgesen) identifica os principais hábitos que são inimigos da liderança feminina. Pela primeira vez em Portugal, Sally Helgesen pretende as líderes femininas a ter maior impacto na sociedade e nas suas carreiras.
Sally Helgesen, citada na Forbes como a principal especialista do mundo em liderança feminina e vencedora do prémio TOP 1 em Coaching Para Mulheres pela Thinkers 50, é uma autora de best-sellers, palestrante e coach de liderança há mais de trinta anos. Escritora best-seller mundial, Sally Helgesen é pesquisadora de comportamentos que atrapalham as mulheres a progredir nas suas carreiras. Após anos de estudo, concluiu que as mulheres têm talentos, ideias, atitudes e formas de trabalhar e liderar pessoas que, em muitos casos, são exatamente o que as organizações precisam para ir de encontro ao que a sociedade precisa. A sua missão é ajudar as mulheres a reconhecer, articular e agir com os seus maiores pontos fortes e inspirar as organizações a construir culturas mais inclusivas. De acordo com Sally Helgesen, e tendo por base anos de pesquisa juntos de líderes femininas, existem alguns hábitos recorrentes que impedem a liderança feminina de gerar maior impacto nas suas carreiras. Hábito 1 - Relutância em reconhecer as suas conquistas Facto: As mulheres afirmam ter dificuldade em reivindicar o crédito pelo trabalho que fazem ou assumir o seu valor. Algumas dizem ter medo de parecer convencidas ou presunçosas se o fizerem. Promover o seu trabalho e assumir o seu valor é uma parte importante de todas as carreiras. E a chave para levá-la ao próximo nível. Se se identifica com este comportamento: Comece por aceitar os elogios que lhe são dirigidos. Em vez de responder com desconsideração e apontar alguma falha, apenas agradeça o elogio. Hábito 2 - Esperar que sejam as outras pessoas a perceber e reconhecer as suas contribuições de forma espontânea. Este hábito está relacionado com o anterior. Facto: As mulheres normalmente ficam à espera que sejam os outros a reconhecer o seu valor ou a notar o seu trabalho porque acham que ele fala
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Escritora best-seller mundial, Sally Helgesen é pesquisadora de comportamentos que atrapalham as mulheres a progredir nas suas carreiras. Sally Helgesen, autora de best-sellers, palestrante e coach de liderança
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por si mesmo. E têm relutância a mostrar o que querem. Se se identifica com este comportamento: Converse com as pessoas de forma objetiva sobre o que pretende e onde quer chegar. Seja breve, clara e identifique porque se sente qualificada para atingir novos desafios. Hábito 3 - Supervalorizar o conhecimento Facto: Possuir todos os conhecimentos relacionados com a área em que trabalha é uma boa estratégia para manter o seu trabalho, mas isso pode não ser o mais importante para que chegue ao próximo nível da sua carreira. Geralmente, os cargos mais altos envolvem liderar pessoas e não tanto aprofundar-se demasiado em temas específicos. Se se identifica com este comportamento: Se seu objetivo é crescer, pense no trabalho como a ponte para o que vem depois. Este hábito é mais propenso em mulheres pelo fato de sentirem que têm sempre que provar que são capazes, e desta forma procuram adquirir todo o conhecimento que é possível. Procure pensar de forma mais estratégica sobre a sua carreira. Hábito 4 - Falha em conquistar aliados desde o primeiro dia (este hábito está relacionado com o anterior? Facto: Às vezes as mulheres sentem-se inseguras em criar novas relações de trabalho quando entram numa nova empresa ou num novo cargo. Se se identifica com este comportamento:
Reflita que ter bons resultados é tão importante quanto ter ou desenvolver novos relacionamentos. Para ter maior influência e atingir maiores resultados, irá precisar de aliados; Desta forma terá mais suporte, melhor posicionamento, maior visibilidade e menor isolamento, além de menos trabalho; Hábito 5 - Colocar o seu emprego acima da sua carreira Facto: Serena foi assistente de produção durante 11 anos. Sempre se dedicou muito e o seu produtor reconhecia o seu talento, porém, estava estagnada nesta posição. Ao reavaliar as suas ações, percebeu que precisava mudar a sua estratégia. Serena pediu ajuda ao seu produtor, explicitou a sua vontade, e em apenas alguns meses estava em Nova York produzindo documentários. Se se identifica com este comportamento: Ser apenas leal pode levá-la a negligenciar o seu futuro, sacrificar as suas ambições, e vender o seu talento e a sua potência, minimizando-os. Por isso, é necessário estar sempre atenta ao todo e aos seus objetivos de carreira a longo prazo. Estar no mesmo trabalho/cargo por muito tempo pode diminuir seu sentimento de contribuição e satisfação. Hábito 6 - A armadilha da perfeição Facto: Tentar alcançar a perfeição pode tê-la ajudado em algum momento da sua carreira, mas a perfeição pode tornar-se uma “pedra no seu ca-
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minho”, se estiver aspirando por cargos maiores. Se se identifica com este comportamento: Reflita que a perfeição pode trazer: s tress para si e para os que estão à sua volta; C oloca a concentração toda nos detalhes, esquecendo-se do todo; U m mindset negativo, já que se qualquer coisa que dá errado vai pesar demais. Perfeição não existe!; C orrer riscos requer estar aberto para falhas. Hábito 7 - Urgência em agradar Facto: As mulheres esforçam-se em serem pessoas maravilhosas em todos os momentos e com todas as pessoas, de ser sempre prestativas e agradáveis para que os outros se sintam bem ao seu redor. Este hábito pode afetar a sua habilidade de tomar decisões, de exercer autoridade, de imparcializar os seus julgamentos, deixá-la vulnerável para a manipulação de outras pessoas e ainda outras coisas. Se se identifica com este comportamento: Agradar geralmente só funciona até certo ponto. Quando se lidera pessoas é necessário estabelecer limites, expectativas e delegar tarefas. Hábito 8 - Minimizar-se Facto: Por vezes quando uma mulher está numa sala lotada e mais pessoas chegam, ela diminuiu o espaço onde está e aponta lugares livres para que todos se acomodem, mesmo que ela fique sem lugar. No entanto, este tipo de expressão corporal diminui como os outros vêm a sua habilidade de projetar poder e autoridade! Além disso, este comportamento envia mensagens para o seu cérebro de que você não deveria estar ocupando aquele espaço, física ou metaforicamente. Se se identifica com este comportamento: Esteja atenta à sua linguagem corporal. Seja direta, diga o que pensa e não peça desculpas a toda a hora, como forma de expressão! Hábito 9 - Ser demais Facto: A dualidade entre a impressão de que se é intenso demais e a falta de demonstração de qualquer sentimento são ambos problemáticos. Pode parecer que você não se encaixa no perfil da empresa ou que está a reprimir a sua naturalidade. O problema não são as emoções. Elas nos
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ajudam a identificar a circunstância e são matéria-prima de nossa energia e paixão. O erro é expressar-se no ápice das emoções, ficando cegas para alguns detalhes. Se se identifica com este comportamento: Responda e tome decisões após pensar, de maneira confiante, mensurada e autêntica. Explique seus sentimentos/intuição em termos lógicos e do senso comum. Por que você não confia em algo? Por que acha que outras soluções devem ser adotadas? Aprenda a sintetizar as suas ideias. Hábito 10 - Agarrar-se ao passado Facto: As Pessoas agarradas ao passado geralmente passam muito tempo a lamentar-se pelo que aconteceu de errado, em vez de seguir em frente. As Mulheres costumam culpar-se por eventualidades e até mesmo por coisas das quais não possuem controle; Este hábito costuma trazer sentimentos negativos, dificultando o caminho para a resolução do problema; Se se identifica com este comportamento: Siga em frente! O problema, na maior parte das vezes, não é sobre si! Homens raramente perdem tempo com a culpa.
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Hábito 11 – Deixar que o seu radar a distraia Facto: Pesquisas apontam que as mulheres geralmente processam informações sob mais óticas do que homens. No entanto, na maior parte do tempo, as empresas só querem "chegar ao ‘X’ da questão". Se se identifica com este comportamento: É importante treinar-se para ligar menos ao que acontece ao redor e focar no que você está a realizar. Se às vezes a sua imaginação sobre o que os outros estão pensando a atrapalha, lembre-se de que pessoas possuem seus problemas pessoais! Revisite a história que conta a si mesma! Passos para uma mudança transformadora 1.Um ponto de cada vez: comece por definir metas para eliminar um dos hábitos É difícil admitir que algo que já funcionou pode não funcionar mais, porém, esta costuma ser a realidade; P ense nos benefícios de deixar esses hábitos!; F azer mudanças sustentáveis e duradouras requer foco. Comece aos poucos, se adaptando; E sses hábitos poderiam ser separados em clusters por suas similaridades, pelas crenças de que partem. Escolha por essas similaridades onde começar!
2.Não faça sozinha Contar com alguém para a ajudar na mudança pode torná-la mais fácil. Às vezes você está no piloto automático e nem percebe as suas ações! Um coach é um ótimo profissional para te ajudar a realizar isso. Porém, se não for possível, tem outras opções. Um amigo no ambiente de trabalho, o seu próprio chefe ou alguém que você confie são boas pessoas para pedir ajudar. Antes, você deve pensar em qual problema quer começar por resolver. Então, peça para que a pessoa te observe no dia-a-dia e te dê feedbacks sobre o que ela encontrar. Especifique um limite de tempo para essa ajuda; N ão fique tentando se justificar! Apenas ouça o feedback e agradeça; P ense sobre ele, depois coloque em prática; P ergunte a quem te ajudou se a pessoa percebeu mudanças e fale sobre isso com seus colegas de trabalho! 3.Deixe os julgamentos de lado e lembre-se o que te trouxe aqui! Mudar é difícil, mas é possível. Sally deixa claro que criticar-se ou julgar-se demais, pode atrapalhar muito no processo. Não estamos nos limites, nada é 8 ou 80. Abrace a mudança enquanto deixa o julgamento de lado. T ente não julgar você mesma e nem os outros!; P ergunte para as pessoas o que elas fazem para mudar certos hábitos. Reuna ideias. A o invés de uma lista com as tarefas do dia, faça uma lista do que não fazer. Estes hábitos estão fundados em crenças que, em algum momento, podem ter sido positivas em sua vida. No entanto, acredite no seu potencial de sair da zona de conforto. Lembre-se do objetivo, ver cada vez mais mulheres em posições de liderança e poder!
Portugal precisa cada vez mais de mulheres líderes que reconheçam, articulem e ajam a partir da sua força feminina e inspirem as empresas e organizações a construir culturas mais inclusivas.
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ESPAÇOS PÚBLICOS LIVRES DE PESTICIDAS E REGENERAÇÃO DO TERRITÓRIO – DESAFIOS, OPORTUNIDADES E UM CONVITE À AÇÃO! O contexto de pandemia pela COVID 19 que estamos a viver a ideia de que o mundo está na “corda bamba” deixou de ser abstrata. De facto, os problemas que nos conduziram a esta pandemia não são novos … e vem por isso relembrar-nos que a nossa saúde e a saúde do planeta estão interligadas, há Uma Só Saúde (One Health) o que nos interpela a uma análise mais integrada e abrangente do que está realmente em causa: o problema não é um novo vírus (mais um) mas o que nos conduziu a ele!
Alexandra Azevedo , Vice-Presidente da Quercus
Temos de mudar... Mas como? Podemos mudar por dois motivos: por consciência ou por fatores que não controlamos. Esta pandemia está a forçar-nos para a segunda hipótese. Com mais ou menos medidas para conter a pandemia e para a recuperação pós-pandemia, teremos sempre pelo caminho fatores que não controlamos que nos irão moldando a trajetória. Uma lição que também devemos retirar da situação desta pandemia, é que toda a sofisticação tecnológica que carateriza a nossa sociedade não nos protegeu, bem pelo contrário, é precisa-
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mente a desflorestação e a consequente perturbação do delicado equilíbrio ecológico, que está na origem de muitas das novas doenças que têm surgido nas últimas décadas. O impacto na nossa saúde é maior quanto mais fatores humanos se conjugam, como a poluição atmosférica e a poluição eletromagnética (eletrosmog). Não será uma forma de nos obrigar a pensar no que realmente mais interessa na nossa vida e regressar à nossa essência? Concretamente, em Portugal, há muito que a nossa floresta primária … a nossa “Amazónia”… foi destruída, e com um território humanizado prati-
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camente a 100%. O que nos resta? O confinamento forçado por esta pandemia revelou que apesar da drástica redução nas emissões de gases com efeitos de estufa, e de uma melhoria na qualidade do ar, não houve uma diminuição da concentração de dióxido de carbono na atmosfera! Portanto, apenas com o sequestro de carbono será possível minimizar de forma segura, e mesmo reverter, os efeitos das alterações climáticas, e para isso não precisamos de inventar nenhuma tecnologia “milagrosa”… a natureza faz isso por nós! A importância de um ambiente saudável e de mais espaços verdes, e com uma conceção mais natural, ganham agora ainda maior pertinência, mas teremos de ultrapassar políticas públicas e práticas enraizadas que nos empurram na direção oposta à que pretendem enunciar e defender.
Concretamente, em Portugal, há muito que a nossa floresta primária … a nossa “Amazónia”… foi destruída, e com um território humanizado praticamente a 100%. O que nos resta? Relativamente ao uso de pesticidas em áreas urbanas e outros espaços públicos, como vias de comunicação, em particular dos herbicidas, com destaque para o glifosato, vulgarizou-se devido ao seu alegado “baixo” custo e “facilidade” na gestão, mas como o próprio nome indica são biocidas, ou seja, matam vida, pelo que os seus efeitos manifestam-se nos seres vivos em geral, desde os seres microscópicos a espécies bio-indicadoras, como os insetos e anfíbios, até nós, humanos. Mas, se estas substâncias estão autorizadas, então, é porque são seguras, verdade? A realidade demonstra-nos cada vez mais que não será assim e que na verdade os pesticidas mais seguros são… aqueles que não são utilizados! De facto, aumentam as referências científicas sobre os seus danos no ambiente e na saúde. O argumento do “baixo custo” revela-se ilusório. É precisamente uma perceção mais alargada dos reais custos dos pesticidas que muitos
autarcas começaram a assumir que "… a saúde das gerações futuras e um ambiente seguro não podem ser comparados com uma limpeza artificial dos espaços públicos." (Daniele Chiarioni, presidente da câmara municipal de Occhiobello – Itália). Assim, a proteção do ambiente, da saúde pública e da saúde dos funcionários dos serviços de higiene pública e espaços verdes tornam-se prioritários face a outras opções. Um pouco por todo o mundo, têm surgido iniciativas e dinâmicas em prol das alternativas a estes produtos tóxicos. Na agricultura, o modo biológico e outras práticas agroecológicas, como a biodinâmica, permacultura e agroflorestal, vão conquistando adeptos e mercados. Em áreas urbanas há uma mobilização para que se tornem livres de pesticidas. Esta tendência, por sua vez, insere-se numa perspetiva mais alargada de espaços públicos mais produtivos e multifuncionais, esbatendo-se a fronteira entre campo/ cidade ou meio urbano/meio rural, integrando políticas transversais, como a recuperação da biodiversidade, restauro ecológico de ecossistemas, respostas à crise climática, promoção da economia local, reinserção social e promoção da saúde pública e qualidade de vida. O testemunho da Campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas A Quercus tem recebido ao longo dos anos inúmeras queixas e denúncias da aplicação abusiva e inadequada dos pesticidas, em particular, de herbicidas em áreas urbanas, ou simplesmente pelo sentimento dos seus riscos para o ambiente e a saúde por parte de muitos cidadãos. De modo a alterar a situação, foi lançada uma campanha dirigida às autarquias locais, no dia 20 de março de 2014, aproveitando a "Semana sem Pesticidas", um evento internacional ao qual se associam muitas organizações, como a PAN (PesticideAction Network), da qual a Quercus é membro, desafiando-as a subscrever o Manifesto Autarquia sem Glifosato/Herbicidas. Com esta campanha há um «antes» e um «depois»! De uma aplicação generalizada de herbicidas pelas autarquias, passou-se ao questionamento desse modelo de gestão/manutenção dos espaços públicos e aquelas cujos autarcas têm maior sensibilidade e convicção têm sido as pioneiras no abandono total destes tóxicos. A cada ano aumenta o número de autarquias que assumem publicamente a sua opção pelo abandono do glifosato e outros herbicidas, sendo essa informação assinalada no mapa da cam-
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É chegado o momento de um reforço do trabalho em rede para uma regeneração efetiva. É chegado o momento de interiorizar as nossas escolhas para melhores decisões sobre onde investir a nossa energia vital! panha atualizado regularmente, e há um número indeterminado de autarquias que estarão em transição, uma vez que não há um registo público destes casos. Mas, há um longo caminho a percorrer e um duro revés a esse desígnio em Portugal. Com o ambiente de pânico instalado no país na sequência dos grandes incêndios de 2017, agravado pela comunicação inadequada do governo e interpretação abusiva da lei (Decreto-Lei n.º 10/2018), está marcha uma desmatação indiscriminada, abate de árvores em precedentes na história recente do nosso país, que vem em sentido oposto à abordagem sem herbicidas, além da contradição com uma real mitigação das alterações climáticas, aumentado na realidade a vulnerabilidade ao país a fenómenos climáticos extremos, e consequente aos fogos incontroláveis! Uso de pesticidas, a cultura arboricida e o fogo estão a conduzir-nos a um autêntico ecocídio! É indispensável por isso uma ação coerente e integrada para que o conceito One Health - Uma Só Saúde seja realmente interiorizado e aplicado. Qual a alternativa ao glifosato e outros herbicidas? E quais os seus custos? Quanto às alternativas, não se trata de substituir o glifosato, ou outro herbicida sintético, por
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métodos alternativos sob pena de sobrecarga por vezes excessiva do orçamento da autarquia. O que está em causa é um novo paradigma na gestão dos espaços, que pressupõe a aceitação de algumas ervas e a cooperação com a natureza pela plantação/sementeira de plantas, de preferência de espécies autóctones, para abafamento de plantas espontâneas com caraterísticas indesejadas, redimensionando as áreas pavimentadas e reservando os meios alternativos (manual, moto manual, mecânico e térmico) para o controlo que seja indispensável fazer. A primeira lição das autarquias europeias, algumas das quais já não utilizam herbicidas há décadas, é: comunicar antes de agir! Daí a importância na definição de uma estratégia de comunicação sistemática assim que é tomada a decisão política na nova abordagem na gestão dos espaços, através dos mais diversos meios. Em particular, através de sinalética e de cartazes para uma maior aceitação de algumas ervas espontâneas, os cidadãos compreenderem os motivos da mudança na paisagem urbana. Facilitar a adequada perceção do público, e envolver a população no processo, permite melhorar a sua aceitação evitando-se queixas e desvio de recursos em gerir permanentemente “estados de crise”! O abandono dos herbicidas pode aumentar os
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custos diretos das autarquias com a deservagem a curto prazo, mas a médio-longo prazo os custos poderão ser iguais, ou mesmo inferiores, aos do uso de glifosato à medida que se fazem ajustes na conceção dos espaços, sendo que há um benefício imediato para o ambiente e na saúde pública com o seu abandono. Formação e cooperação são elementos fundamentais nesse percurso. Estas lições a reter e testemunhos chegam-nos através da campanha europeia Localidades sem Pesticidas (Pesticide Free Towns), da PAN – Pesticide Action Network, precisamente com o objetivo de reunir e partilhar informação sobre abordagens e práticas livres de pesticidas em várias autarquias europeias. Desafios e oportunidades e um convite à AÇÃO! Apesar da abordagem sem herbicidas e mais natural colocar alguns desafios, as vantagens e oportunidades são inúmeras pelo que vale a pena todos os esforços para as alcançar. Um dos pedidos da campanha é a mobilização dos cidadãos, pois os responsáveis autárquicos serão mais sensíveis quanto maior for a consciência e pressão da população, e também para facilitar a discussão e a implementação de algumas soluções, uma vez que a cooperação com a população é importante para melhores resultados. Assim, têm-se gerado vários movimentos cívicos em torno desta causa que procuramos dar apoio, nomeadamente na preparação de propostas concretas às respetivas autarquias para a renaturalização e na partilha na gestão de alguns espaços públicos. Cada cm2 conta! E somos todos necessários neste processo. Por outro lado, a campanha disponibiliza um programa de formação às autarquias dirigido aos técnicos, operacionais, empresas concessionárias. Se não respeitarmos a natureza e não dermos a devida importância à infraestutura verde… a natureza não desiste de procurar novos equilíbrios para manter pelo menos a funções vitais, que são cobertura total do solo e fotossíntese! A tentativa de permanente controlo da natureza, que além de um desperdício está condenada ao fracasso! Pior que o erro é insistir no erro! No contexto da nova Estratégia Europeia para a Biodiversidade, com o lema muito oportuno que é “Tra-
zer a natureza de volta à nossa vida”, da Década do Restauro dos Ecossistemas 2021–2030 e de este ano de 2021, ser também ano de eleições autárquicas, impõe-se acima de tudo inverter o ciclo de mais perturbação e destruição da Natureza e refletir na ação local a prioridade às «Soluções Baseadas na Natureza», à criação de matas municipais que recriem o bosque natural há muito perdido! Apesar de algumas condicionantes, o poder local tem autonomia e capacidade de liderar processos de mudança, como o demonstram as autarquias pioneiras no abandono dos herbicidas. É chegado o momento de um reforço do trabalho em rede para uma regeneração efetiva. É chegado o momento de interiorizar as nossas escolhas para melhores decisões sobre onde investir a nossa energia vital! Só podia terminar com um convite à ação! Que localmente se criem mais dinâmicas, mas articuladas, e que se juntem todos os que possam contribuir para consolidar e expandir este programa de formação, alargar parcerias na construção de uma rede de formadores em sintonia conteúdos e na melhor forma de os transmitir. Todo o processo de mudança representa um desafio, mas a cooperação e trabalho em rede dos vários setores da sociedade facilitará uma transição benéfica. É com uma postura proactiva que a Quercus se mantem disponível para fazer parte desta mudança!
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Até agora, esta ideia tem permanecido essencialmente na esfera da consciência social ou até mesmo da aceitabilidade. Aliás, mesmo na cultura popular, filmes como Her e Ex Machina seriam encontrados na categoria SciFi em plataformas de streaming. Mas será este um conceito assim tão bizarro de imaginar? Em 2018, a Forbes descreveu os robôs sexuais como a tecnologia disruptiva que não prevíamos, antecipando, ao mesmo tempo, que estes robôs se tornariam os companheiros mais familiares no futuro. Um ano mais tarde, o The Atlantic manifestou as suas preocupações relativamente à possível desumanização das relações humanas, como resultado desta onda. Avançando para 2020, entre quarentenas e isolamentos, estas tecnologias, bem como a sua razão de ser, evoluíram ainda mais. De facto, as relações baseadas em inteligência artificial (AI) transformaram-se na melhor – e por vezes, única – alternativa no contexto atual. À medida que tentamos manter as ligações humanas com menos interação humana, podemos estar à beira de um surto de relações virtuais, baseadas em AI e robôs. Uma análise de género na AI O aumento da inteligência artificial, satisfazendo a procura humana de relações digitais, é uma tendência que a Kaspersky tem vindo a monitorizar inadvertidamente, através de uma investigação ao longo dos últimos 18 meses. Inicialmente, com o relatório From science fiction to modern reality: Examining Gender in AI em outubro de 2019, a empresa procurou avaliar a ascensão da AI enquanto entidade humana. Em vez de ape-
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nas um instrumento de apoio para otimizar os processos e o desempenho humano nas indústrias e nas empresas, analisou também a forma como ela se manifesta nos diálogos, na comunicação e na interação dos sistemas. Assim, foram descobertos vários preconceitos de género, frequentemente resultantes das preferências ou estigmas dos próprios criadores. Os principais exemplos incluem vozes de navegação por satélite, aplicações de chatbot, altifalantes inteligentes ou assistentes de voz – todos constituídos por vozes femininas programadas para interagir com o utilizador, a seu pedido. A questão que se coloca é “porquê?”. Dentro deste tema em particular, existem duas perspetivas interessantes. Em primeiro lugar, embora o preconceito de género seja inequivocamente errado, a AI já plantou a semente de sensibilização para o facto dos sistemas, máquinas e robôs de AI poderem adotar um género. Ou seja, não são apenas blocos de hardware e algoritmos concebidos para apresentar soluções. Têm uma voz reconhecível e assemelham-se às relações humanas que estamos a perder atualmente. Em segundo, se o grupo de criadores for mais diversificado, é também provável que os sistemas se tornem mais atrativos para mais e diferentes grupos de pessoas. Ou seja, estes são subconscientemente concebidos para os desejos dos criadores e, portanto, suscetíveis de apelar a outros grupos com os mesmos interesses. Amor e solidão 2020 trouxe a razão pela qual as pessoas poderiam procurar explorar este potencial de forma mais concertada. Tal como foi analisado na campanha Love and Loneliness da Kaspersky, 84% das pessoas em toda a Europa admitiram que se sentiram mais sós durante a pandemia do que antes, como resultado de não poderem ver a família, amigos e colegas. Este afastamento do contacto humano levou a que 64% dos jovens entre os 18 e os 24 anos, e 66% dos jovens entre os 25 e os 34 anos, passassem mais tempo a utilizar tecnologia. Plataformas de videochamada, encontros e jogos online, chatbots ou mesmo conversas com assistentes virtuais como a Alexa, tornaram-se atividades predominantes no combate à solidão. No entanto, estas faixas etárias não devem ser negligenciadas. Mais do que quaisquer outros, são os jovens da Geração Z e os Millennials aqueles que mais dificuldades têm sentido, uma vez que as suas rotinas habituais e as frequentes reuniões e encontros sociais deixaram de existir. São também estes grupos etários os mais prováveis de se depararem e adaptarem a novas inovações e tecnologias. Em termos críticos, podem agora ser o catalisador de mudanças a longo prazo no domínio das relações amorosas. Assegurar uma nova dinâmica