VBahia11_Março2010

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Revista Oficial de Turismo da Bahia Março - Abril 2010 - ano 3 /no 11 - Bahia Brasil

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Caldeirão musical Clássico e popular se misturam ao som que vem dos terreiros e das ruas da cidade

Bahia, preferência nacional Pesquisa do Ministério do Turismo revela o destino turístico preferido dos brasileiros

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Diversidade musical

Novos sons da Bahia Eduardo Pelosi

C

onhecida por ser um berço musical recheado de diversidade, a Bahia tem mostrado que continua sendo uma referência quando se fala em música de alta qualidade e mistura de ritmos. A efervescência do universo musical baiano, que já encantou o mundo com Dorival Caymmi, a Tropicália, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e Ivete Sangalo, mostra mais uma vez sua força, com novas criações que unem a matriz musical africana a novos ritmos, experiências e conceitos. Entre os principais novos expoentes, estão as orquestras de música contemporânea, como a Orkestra Rumpilezz, a Orquestra Neojiba e a Orquestra de Frevos e Dobrados, do maestro Fred Dantas, que acompanharam uma tendência antiga, iniciada pelo maestro Vivaldo Conceição e continuada pelo maestro Reginaldo de Xangô. A Orkestra Rumpilezz, comandada pelo maestro, compositor, arranjador e saxofonista Letieres Leite, dá uma roupagem harmônica moderna para os ritmos da música sacra afro-baiana. O grupo, formado em 2006, reúne vinte músicos que tocam instrumentos de sopro e percussão e executam as composições inspiradas na cultura rítmica do centro de Salvador, 16 | Viver Bahia

Foto: Vanes Casaes /Agecom

Além do axé, do samba e do forró a Bahia desenvolveu novas elaborações musicais e novas orquestras

Orkestra Rumpilezz mistura de ritmos clássicos com suingue africano

A orquestra Neojibá reúne crianças e adolescentes dos bairros populares

nos toques de orixás da música sacra afro-baiana, em grandes agremiações percussivas, como o Ilê Aiyê, Olodum e em Sambas do Recôncavo, misturadas com uma influência jazzística em formato de Big Band. Até o nome do grupo é inspirado nesse caldeirão de ritmos, representando os três atabaques do candomblé: o Rum, o Rumpi e o Lé, com o ZZ do Jazz. “O embrião da Rumpilezz surgiu quando eu era estudante de música, em Viena e resolvi me debruçar sobre o universo musical da Bahia. Naturalmente quem é baiano tem contato permanente com o tambor, pela quantidade de oferta de tribos rítmicas. Em 2006, reuni músicos para uma apresentação na Feira Instrumental de Salvador e, a partir desse grupo, formamos a orquestra”, explica o maestro Letieres Leite. No ano passado, o grupo gravou o seu álbum de estreia na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. A mixagem da gravação foi feita pelo engenheiro de som Joe Ferla, vencedor do Grammy, que já trabalhou com artistas como John Meyer, Natalie Cole, John Scofield e Brecker Brothers. O disco

inclui oito músicas da autoria de Letieres e uma música de Ed Motta - grande admirador da orquestra, que considera a Rumpilezz “o que há de mais interessante na música mundial”. As músicas do disco são as que costumam arrancar aplausos do público nos shows da Orkestra. São composições que impressionam pela força da combinação dos tambores com os instrumentos de sopro, em temas inspirados em cantigas do aguerê, ijexá, samba-reggae, samba afro, da kabila de Angola e a chula do Recôncavo Baiano. Além da orquestra, Letieres é arranjador musical de Ivete Sangalo e trabalha há 11 anos com grupos como Olodum, Daniela Mercury, Timbalada e Cheiro de Amor, produzindo trilhas e desenvolvendo um quarteto na mesma linha do grupo. Para o maestro, a Bahia está repleta de grupos que estão modificando o cenário musical do estado nos últimos anos. “Temos muitos grupos de matriz africana, no pagode, no axé, no forró, no rock e na música instrumental. Tudo o que vem sendo produzido na Bahia, dentro desse âmbito da percussão

afro-baiana modifica o cenário”. O maestro destaca que a música da Rumpilezz é uma tradução do universo percussivo baiano para uma formação de orquestra. “Esse trabalho é dedicado aos percussionistas da Bahia, que conseguiram preservar essa cultura milenar durante tanto tempo”, conclui. Essa preservação musical é parte do trabalho realizado pelo grupo, que além dos vinte integrantes que atuam no palco, reúne substitutos, que participam dos ensaios e integram a orquestra quando algum músico não pode se apresentar, e novos músicos, que são formados e substituídos aos poucos quando vão participar de outros projetos, como uma divisão de base dos times de futebol. Neojiba: Formação de novos músicos - Essa preocupação com a formação de novos músicos também é o combustível que move o trabalho do Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), lançado em 2007, pelo maestro Ricardo Castro, para formar crianças e jovens de todas as classes sociais em prática orquestral Viver Bahia | 17


Diversidade musical

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Fred Dantas e sua orquestra de Frevos e Dobrados

público aplaudiu de pé todas as músicas executadas durante o concerto. A Juvenil 2 de Julho realizou uma turnê pelas principais capitais do Nordeste e foi muito bem recebida nos palcos da região. “Temos aproveitado todas as brechas e férias escolares para mostrar nosso trabalho dentro e fora do Estado. Em janeiro, a Juvenil 2 de Julho participou como convidada do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), em Jaraguá do Sul. Nossos meninos ficaram durante todo o festival tomando aulas e participando de concertos”, comenta Castro. Fora do Brasil, a sinfônica juvenil já é conhecida. Em setembro, o grupo realizou um intercâmbio com a Fundación para el Sistema Nacional de las Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela (Fesnojiv), em Caracas. “Ficamos conhecidos através do intercâmbio realizado na Costa do Sauípe, em julho de 2008, com a Youth Orchestra of the Americas (YOA). Em 2009, dois músicos da Juvenil participaram na turnê da YOA nos EUA”, relata. Além da Juvenil 2 de Julho, o Neojiba já formou, também, a Orquestra Castro Alves (OCA),

composta de 50 crianças e jovens de 7 a 18 anos, que estão em constante atividade, orientados por monitores. Um terceiro conjunto, a Orquestra Pedagógica Experimental, é uma espécie de porta de entrada para novos integrantes. Os jovens são avaliados através de constantes audições. Para ampliar o número de alunos, que atualmente são 130, o Neojiba deve mudar a sua sede, que hoje é no Teatro Castro Alves. O grupo vai passar a trabalhar no histórico Teatro Iceia, onde já se apresentaram grandes nomes como Walter Gieseking e Arthur Rubinstein. O teatro passará por uma grande reforma, para acolher as centenas de crianças já préinscritas no projeto. Foto: Carlos Alcântara /Secult

e coral. O Neojiba é inspirado no aclamado El Sistema, que forma crianças e jovens carentes em música clássica na Venezuela. Castro conta que desde que conheceu o El Sistema, em 2005, viu que a Bahia tinha tudo para começar algo semelhante. “Eu já tinha iniciado o trabalho com crianças e jovens carentes na Bahia através de projetos como o Axé, em Salvador, e o Conquista Criança, em Vitória da Conquista. Quando comecei a trabalhar a ideia do Neojiba, fui convidado pelo Estado para implantar o sistema em paralelo à gestão da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba)”, relata o maestro que hoje também é o regente da Osba. As crianças e jovens que querem integrar o Neojiba precisam passar por uma seleção. “Avaliamos o conhecimento musical, mas também o talento, a força de vontade, a generosidade, a seriedade e o compromisso. As características humanas são as mais importantes, pois acreditamos que qualquer criança tem potencial para tocar em uma orquestra, se lhe forem oferecidas condições”, explica o maestro. Atualmente, o projeto forma musicalmente 130 crianças e jovens e já formou a sua primeira orquestra sinfônica, a Juvenil 2 de Julho. A orquestra foi formada a partir da primeira turma, em 2007, e é composta por 90 integrantes de 11 a 25 anos, que ensaiam diariamente das 14h às 18h. Os jovens da Juvenil 2 de Julho já se apresentaram em vários estados brasileiros e recebem constantemente a monitoria de regentes e solistas de renome. Em 2009, os músicos se apresentaram no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, onde o

Outra iniciativa para ampliar a capacidade da ação é incluir a música orquestral nos currículos escolares. “Queremos provar a importância dessa ação pelos resultados obtidos e contando com dois fatores importantes: a nova lei federal, que obriga a volta da música às escolas, e o entusiasmo de todos que, ao conhecer a Neojiba, querem adotar o projeto”, conta Castro. Além disso, o maestro torce para que o Neojiba seja implantado em outros estados. “Perguntamme sobre isso com frequência, talvez por receio de que, depois da axé music, a Bahia invada o Brasil com Beethoven. Mas nosso país é muito grande para que uma ação como essa possa ser coordenada de maneira centralizada”. Castro acredita mais no surgimento de outros projetos semelhantes, que poderão dialogar com o Neojiba. Frevos e dobrados - Um outro projeto de formação musical que, em mais de 25 anos, já espalhou novos músicos por toda a Bahia é a Sociedade Musical Oficina de Frevos e Dobrados, criada pelo maestro Fred Dantas. A oficina foi criada em 1982 e já teve como alunos músicos conhecidos do cenário baiano, como Ivan Huol, Guiga Scott e Rowney Scott. “Eu criei um grupo para

recepcionar o mestre de bandas João Sacramento Neto e a banda agregou jovens talentos da escola de música da Ufba, e alguns anos depois se transformou em uma filarmônica”, conta o maestro. Depois, a oficina iniciou e aperfeiçoou centenas de músicos, “praticamente, não há nenhuma banda de axé music que não tenha um nome ligado à oficina”, ressalta Dantas. Através da oficina, novas bandas e filarmônicas foram surgindo e os músicos formados iniciaram novas empreitadas musicais. A Oficina de Frevos e Dobrados foi origem, também, da Orquestra Fred Dantas, criada em 1990, e regida pelo maestro, que continua em atividade. Com músicos de alta qualidade, a orquestra realiza concertos com um repertório que traz arranjos de músicas populares, clássicos do forró, samba, bolero, jovem guarda e axé music na roupagem de filarmônica. Por conta do trabalho de formação, a influência da diversificação musical de Fred Dantas nos novos grupos e artistas baianos abrange todas as vertentes e ritmos da Bahia. Além da axé music, a formação de músicos de orquestra transformou a cara das orquestras baianas. “Antigamente, as filarmônicas eram tidas como bandas para músicos mais velhos. Fizemos um persistente trabalho de discutir esse tema e, através de algumas iniciativas, conseguimos mudar esse conceito”, explica o maestro, citando o Festival de Filarmônicas do Recôncavo como uma das iniciativas que mais incentivaram a renovação. “Hoje, aos cinquenta anos de idade, eu vejo a filarmônica Orquestra Xangô do Maestro Reginaldo continua o trabalho do maestro Vivaldo Conceição

ser aberta para jovens, as bandas voltaram a ser compostas por adolescentes e mulheres. Com relação às orquestras, vejo do mesmo modo. Quando montamos o nosso grupo, o nome “orquestra” parecia extinto do mapa, a nossa persistência ajudou a ressuscitar e manter alguns nomes de orquestras da capital e do interior e abriu o mercado para as filarmônicas”, relata Dantas. Para o maestro, a permanência de grandes projetos de formação, como a Hora da Criança – fundada por Adroaldo Costa e que trabalha com cultura e música para crianças há mais de 60 anos – e o Projeto de Iniciação Musical (PIM), em Fazenda Coutos, são trabalhos “essenciais” para o cenário musical da Bahia continuar em transformação. Renovação - E é essa transformação que é considerada essencial para a renovação musical baiana, por especialistas como o músico e produtor musical Alfredo Moura, que trabalhou bandas de axé music, rock e música clássica, foi diretor musical do Percpan e atualmente é mestrando e professor da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, e compõe peças para bandas filarmônicas, corais, orquestras e big bands. Moura, que assinou algumas faixas do último disco de Daniela Mercury, começou a trabalhar com axé music na década de 1980, quando produziu os discos Magia e Flor Cigana, de Luiz Caldas, discos de Sarajane e Chiclete com Banana. O músico explica que o sucesso dos primeiros discos da axé music era resultado de arranjos bem feitos, criados por profissionais que estudavam música e como ela funcionaria no meio da multidão, para quem pulava atrás do trio. Viver Bahia | 19


Rock faz parte do caldeirão musical

Na opinião do músico, a Bahia nunca foi só axé music. Para que a Bahia continue sendo vista como um berço de manifestações musicais diferentes, Moura acredita que é preciso uma mudança da postura da mídia e do empresariado, “para dar espaços dignos para os artistas mostrarem seus trabalhos”, comenta. Mesmo estando nos Estados Unidos, ele afirma acompanhar as novas criações musicais através da internet. Entre os novos grupos, o maestro destaca o Baiana System, Ministereo Público, Retrofoguetes, Nancy Viégas e Teclas Pretas. Moura cita ainda “os que sempre mudaram o cenário musical da Bahia, como Carlinhos Brown, Zeca Freitas, Luizinho Assis e Zito Moura. Temos também os percussionistas e sacerdotes do candomblé, como Luizinho do Jêje e Gabi Guedes”. “O que não se transforma e não evolui, fica repetitivo. Dentro do axé, por exemplo, tem gente que arrisca, inova, cria, faz música; e tem gente que fica repetindo aquele ‘tira o pé do chão e bote dinheiro no meu bolso’”, alfineta Moura, que vê com bons olhos a nova geração de bandas baianas, nos diversos ritmos musicais.

lém do grande leque de bandas e artistas de samba, axé, MPB, música clássica e ritmos influenciados pelo candomblé, a Bahia também tem se destacado pela mistura do rock com os tambores e batidas da música afro-brasileira. Trabalhos como dos grupos Cascadura e Retrofoguetes despertam a atenção para o rock feito na terra de Raul Seixas. Formada em 1992, a Cascadura já participou de grandes festivais, como o Abril pro Rock, Goiânia Noise, Porão do Rock e Festival de Verão. A banda soteropolitana tem referências do rock das décadas de 60 e 70, do rock contemporâneo, da tropicália, de Carlinhos Brown, do samba chula e das matrizes africanas do candomblé. Músicos influentes como Nando Reis, Pitty, Lobão e Letieres Leite costumam destacar o quarto e mais recente disco do grupo, Bogary (2006), como um dos melhores discos de rock da última década. O álbum alcançou a marca de 10 mil cópias vendidas, uma conquista louvável em tempos de pirataria e downloads de música pela internet. Toda essa repercussão fez a banda conquistar a crítica e o público em todo o Brasil.

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SAIBA MAIS SOBRE A NOVA MÚSICA DA BAHIA Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz - www.rumpilezz.com Orquestra Neojibá - www.neojiba.org Orquestra Fred Dantas - www.myspace.com/orquestrafreddantas Cascadura - www.bandacascadura.com Retrofoguetes - www.myspace.com/retrofoguetes Baiana System - www.myspace.com/baianasystem Ministereo Público - www.myspace.com/ministereopublico Nancy Viégas - www.myspace.com/nancyviegas Teclas Pretas - teclaspretas.blogspot.com Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - www.roneijorgeeosladroesdebicicleta.com Vivendo do Ócio - www.vivendodoocio.com Matiz - www.myspace.com/myspacematiz Starla - www.myspace.com/starlaweb 20 | Viver Bahia

O vocalista e guitarrista do grupo, Fábio Cascadura, comemora o crescimento do rock baiano, mas explica que nem sempre foi assim. “Na década de 90, quando começamos, a cidade estava completamente despreparada para a ação de artistas de outras expressões que não fossem da música feita para o Carnaval. Não havia casas de shows para quem tocava rock, a mídia era completamente cega e só se ouvia a repetição das danças do crocodilo, da galinha, do esquilo”, conta Fábio. Com o surgimento de bandas como Úteros em Fúria, Dead Billies, Dois Sapos e Meio e Inkoma, o rock baiano voltou a ganhar forma na década de 90 e deu fôlego para o surgimento de muitas bandas e de casas de shows voltadas para o segmento. Hoje, o trabalho feito por Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, Vivendo do Ócio, Pitty, Nancy Viégas, Matiz e Starla impulsionam uma nova geração de roqueiros baianos. Prova do sucesso que o rock baiano tem feito pelo Brasil é a receptividade que os músicos da terra do acarajé estão tendo em outros estados. De acordo com Fábio Cascadura, as bandas da Bahia sempre são muito bem acolhidas em todo o país. “Sempre ouvimos elogios ao que nós fazemos, assim como o trabalho de outros artistas, que se mostram com mais coragem e frequência lá fora”, relata Fábio. Em 2006, o recém lançado disco Bogary fez o Cascadura figurar como indicado ao tradicional Troféu Dia do Rock, em São Paulo, na categoria de melhor álbum. O disco disputou com grandes nomes do rock brasileiro, entre eles o Sepultura,

conhecido mundialmente, e o grupo Cachorro Grande. “O rock da Bahia faz boa figura lá fora e somos felizes por colaborar com isso”, comemora o vocalista do Cascadura. Assim como o Cascadura, o grupo Retrofoguetes tem chamado grande atenção da crítica e do público, em todos os palcos por onde passa. Com um som altamente influenciado pela guitarra baiana, o grupo bebe na fonte da literatura, do cinema e das histórias em quadrinhos para criar músicas instrumentais que misturam surf-music, rockabilly, polka, bolero e valsa. Fundado em 2002, o Retrofoguetes já lançou dois discos: Ativar Retrofoguetes! (2003) álbum indicado ao Prêmio Claro de Música, na categoria Melhor Disco, e que teve uma de suas músicas como trilha do anúncio vencedor do Leão de Bronze, no festival de Cannes - e Chachachá (2009), que conta com a música Maldito

Mambo!, vencedora na categoria Melhor Arranjo, do VI Festival de Música da Rádio Educadora FM. Carnaval - Nos últimos carnavais, Cascadura e Retrofoguetes também subiram em trios elétricos para agitar o folião pipoca ao som dos riffs eletrizantes das guitarras, nos circuitos Barra/Ondina e Campo Grande. Os grupos já integram parte das atrações alternativas esperadas pelo público no Carnaval. Em 2008, o guitarrista Morotó Slim, do Retrofoguetes, recebeu o prêmio de melhor instrumentista do ano pelo Troféu Dodô e Osmar, uma espécie de Oscar do Carnaval da Bahia. Este ano, o trio Retrofolia desfilou do Farol da Barra até Ondina, fazendo uma homenagem aos 60 anos do trio elétrico. O repertório foi recheado de marchinhas, sucessos do Carnaval da Bahia, frevos e músicas autorais, tudo ao som de três

guitarras baianas, tocadas por dois guitarristas convidados - Julio Moreno, argentino radicado na Bahia e Robertinho Barreto - e por Morotó Slim. O Retrofolia 2010 chamou atenção internacional, garantindo uma cobertura da versão online de uma das maiores publicações sobre música no mundo, a Spin Magazine. Com tantos holofotes voltados para o rock baiano, o ritmo já integra o leque da diversidade musical do estado. Assim como o som instrumental da Rumpilezz, Neojiba e Fred Dantas, o reggae de Adão Negro e Edson Gomes, o samba de Nelson Rufino, Juliana Ribeiro e Gal do Beco e o axé de Ivete Sangalo e Chiclete com Banana, as guitarras distorcidas ganharam seu espaço. É o que comemora Fábio Cascadura: “Somos uma espécie de reserva cultural que esta terra tem. A realidade da Bahia passa por nossas mãos e vozes, bicho!”

Foto: David Campbel

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Banda Cascadura e o novo rock baiano Viver Bahia | 21


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